O racismo no trabalho é uma realidade em que profissionais negros são prejudicados em vagas, promoções e salários devido a preconceitos de raça ou cor. Essa prática é considerada crime pelo Art. 5º da Lei nº 7.716/89, e os atos podem ser punidos com reclusão de até 5 anos.
No ambiente de trabalho o racismo pode não ser tão explícito, a vítima muitas vezes nem percebe a descriminalização, segundo André Nascimento de Oliveira, estudante de direito na FAAP - Fundação Armando Alvares Penteado “Percebi depois de um tempo, no começo pensei que fosse pela orientação sexual, na qual impacta também no racismo. Em determinadas situações me constrangeu, desmoralizou e desconfiou”.
A injuria pode trazer consequências graves à saúde do trabalhador, atingindo seu bem-estar, “Queria me atirar do prédio, chorei. A partir disso as consequências foram agravando, comecei a ter algumas crises de ansiedade, baixa autoestima, insegurança ao me comunicar com ele e outros superiores, me autossabotando” completou André após um desentendimento com o seu superior.
Pessoas brancas recebem, em média, R$ 23,02 por hora, enquanto negros recebem R$ 13,73, uma diferença de 67,7%. 48,8% das pessoas negras ou pardas estavam em ocupações informais comparadas a 34,3% entre brancos, (dados do IBGE). Segundo o autor Achille Mbembe “O pensamento contemporâneo se esqueceu de que, para seu funcionamento, o capitalismo, desde suas origens, sempre precisou de subsídios raciais.”
Pela segunda vez negros superam brancos nas eleições municipais (prefeito/a e vereador/a) em 2024, 52,7% foram de pessoas negras, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com informações da Agência Brasil, ainda que esses dados sejam positivos, a representatividade de negros e mulheres é baixa, já que a cada cinco candidatos eleitos, quatro são brancos.
Apesar do progresso as dificuldades no mercado de trabalho no jornalismo, nas áreas de editoria, audiovisual, digital e social em geral. Visto que jornalismo negros/pardos representam um terço das redações.

Segundo a auditora-fiscal do Trabalho e coordenadora nacional do Projeto de Combate à Discriminação e Promoção da Igualdade de Oportunidades no Trabalho, “A discriminação é o reflexo das estruturas de poder na sociedade, dentre elas as decorrentes das relações de trabalho.” informou Marina Cunha Sampaio na Roda de Conversa da Comissão Interna de Saúde do Servidor Público - Cissp para a Fundacentro.
Empresas e instituições, pregam discursos motivacionais, mas na prática é o ódio que enxergamos, já que são coniventes em situações em que o racismo é claro. Recebendo denúncias, relatos e ouvidorias, porém nenhuma atitude é tomada, dando razão ao agressor.
Edição: Guilherme Romero e Guilherme D’Aloisio
Ônibus apedrejado, gestos imitando macacos e a impunidade como resposta. Esse foi o cenário que a delegação do Flamengo enfrentou em 25 de setembro, nas quartas de final da Libertadores contra o Estudiantes - Arg. O lateral Danilo, da equipe rubro-negra e da Seleção Brasileira, usou suas redes sociais para denunciar torcedores argentinos direcionando insultos racistas ao time, no Estádio Jorge Luis Hirschi, em La Plata. O caso, reportado à CONMEBOL, integra um histórico sinistro no continente de incidentes que raramente resultam em punições severas, reforçando a tese de que a impunidade é o combustível da reincidência.

Esse cenário de conivência se manifesta até no mais alto escalão. Em março, o presidente da CONMEBOL, Alejandro Domínguez, fez uma declaração com tom racista em meio à pressão de clubes brasileiros que cogitavam abandonar os torneios. A fala que gerou indignação veio quando Domínguez comparou as competições sem os clubes do Brasil a “Tarzan sem Chita”, referência à chimpanzé do filme, o que reforçou críticas sobre a postura da confederação diante do tema.
O ciclo de violência e complacência se repete em toda a América do Sul. Em 2025, a ineficácia das leis foi exposta no Paraguai, onde o atacante Luighi do Palmeiras Sub-20 foi alvo de ofensas racistas. O país só criou uma lei antirracista em 2022, que prevê apenas multas e protege exclusivamente descendentes de paraguaios. Da mesma forma, no Uruguai, em 2024, torcedores do Nacional foram filmados fazendo gestos racistas em partida contra o São Paulo, novamente só uma multa foi aplicada. O presidente do clube, Alejandro Balbi, chegou a declarar que considera multas "punições severas demais" e criticou a sugestão do São Paulo de incluir a perda de pontos para clubes reincidentes.
A punição branda da CONMEBOL tornou-se padrão, replicando-se de país a país. No Chile, após o jogo entre Colo-Colo e Fortaleza em 2023, torcedores foram flagrados imitando macacos. O clube chileno foi punido com uma multa simbólica, apesar de já ter reincidido no ano anterior contra o Fluminense. O problema é estrutural: o Chile só aprovou sua Lei Antidiscriminação em 2012, após o assassinato de Daniel Zamudio expor a fragilidade legislativa do país. Na Venezuela, a delegação do Atlético-MG foi recebida em Caracas aos gritos de “macacos hijos de puta” em 2023. A CBF pediu punições severas, mas a CONMEBOL respondeu, mais uma vez, com apenas uma multa ao clube local. E no Peru, o goleiro do Alianza Lima, Ángelo Campos, denunciou ofensas raciais em 2024, mas a investigação da federação local não teve desfecho, reflexo de um desafio nacional mais profundo no combate à discriminação contra povos indígenas e afro-peruanos.
O racismo na América do Sul é um fenômeno enraizado, especialmente na Argentina, onde a incidência é maior e a impunidade se torna mais visível. A visão de superioridade é antiga e atinge o mais alto escalão político: em 2021, o então presidente Alberto Fernández afirmou que: “Os mexicanos vieram dos indígenas, os brasileiros da selva, e nós chegamos em barcos vindos da Europa”.
Essa mentalidade tem histórico no futebol desde 1920, quando jornais argentinos se referiram aos brasileiros como “monos en Buenos Aires”. Décadas depois, em 1996, o jornal Olé estampou a manchete “Que vengan los macacos” em sua capa, prevendo um confronto contra o Brasil ou a Nigéria, após ganhar de Portugal nas Olimpíadas.


Mais do que incidentes isolados, o racismo no futebol do continente reflete uma herança social profunda, marcada por desigualdade, negação e conivência institucional. Em entrevista a torcedora Rafaela Silva disse: “A quantidade de vezes em que viajei para ver algum jogo, não só do meu time, e me deparei com cenas de preconceito claro é algo bizarro”. Isso não demonstra que o preconceito é extremamente enraizado e não ocorre somente em momentos que o agressor está no seu país, ela afirma “No estádio do meu time, onde frequentei durante minha vida toda, quando eu vi os torcedores adversários pela primeira vez fazerem gestos racistas eu tive um choque de realidade”.
Esses episódios demonstram que o racismo no futebol sul-americano não é um problema pontual, mas uma estrutura sustentada pela ausência de punições exemplares. A CONMEBOL, mesmo diante de provas concretas, segue preferindo decisões administrativas brandas, temendo desgastes políticos e econômicos com seus filiados.
Editado por: Liliane Gomes
Os números da violência de gênero no Brasil seguem alarmantes. Mesmo com leis consideradas exemplares, como a Lei Maria da Penha e a tipificação do feminicídio, o país ainda falha em transformar a legislação em proteção real. A demora nas medidas protetivas, a falta de monitoramento e a escassez de abrigos revelam um cenário de vulnerabilidade que se repete diariamente.
Segundo a 5ª edição da pesquisa Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil, realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) em parceria com o Datafolha, 37,5% das mulheres brasileiras relataram ter sofrido algum tipo de violência nos últimos 12 meses — o equivalente a cerca de 21,4 milhões de mulheres. Já o Atlas da Violência 2024, elaborado pelo Ipea e pelo próprio FBSP, mostra que, em 2021, 67,4% das mulheres assassinadas no país eram negras, o que confirma o impacto desproporcional da violência letal sobre esse grupo.
A desigualdade regional agrava o problema. Enquanto grandes capitais concentram centros de referência e delegacias especializadas, muitos municípios de médio e pequeno porte não contam sequer com atendimento psicológico ou jurídico voltado às mulheres. A ausência de equipes multidisciplinares e de plantões noturnos faz com que a resposta do Estado dependa do local onde a vítima mora — uma diferença que, na prática, pode custar vidas.
Pedidos de medidas protetivas demoram a ser analisados, ordens de afastamento nem sempre são fiscalizadas e o atendimento emergencial é limitado. Muitas mulheres, mesmo após registrar a ocorrência, retornam para casa sem abrigo, sem escolta policial e sem acompanhamento psicológico. Casos de violência psicológica e moral continuam sendo subnotificados, o que impede que a prevenção aconteça antes da agressão física.
Em entrevista exclusiva para a AGEMT, a advogada Aline Ribeiro, especialista em direito da mulher, reforça que o problema não está na lei, mas na execução. “A legislação brasileira é uma das mais completas do mundo, mas falta celeridade nas medidas protetivas e uma rede de acolhimento que funcione 24 horas por dia”, afirma. Para ela, “muitas vezes, a mulher tem coragem de pedir ajuda, mas o Estado não responde a tempo. Essa demora abre espaço para tragédias”.
Aline acredita que a prevenção é o ponto-chave: “a violência não começa com o tapa, começa com o abuso psicológico, com o controle, com a humilhação. Por isso, é essencial investir em educação de gênero desde cedo e em campanhas permanentes de conscientização”, defende. Ela também propõe o fortalecimento de delegacias e juizados especializados com equipes multidisciplinares, além de processos mais rápidos para afastar o agressor. “A Justiça precisa ser mais rigorosa. Quando o agressor entende que o descumprimento da medida tem consequência, ele pensa duas vezes.”
Além das falhas do Estado, a advogada chama a atenção para a cultura da naturalização da violência. “A gente ainda escuta que ‘em briga de marido e mulher não se mete a colher’, mas isso é um erro grave. Denunciar é um ato de amor à vida. A violência contra a mulher não é um problema individual, é um problema de todos nós”. Ainda segundo ela, oferecer apoio emocional, sem julgamentos, ajuda na reconstrução da autoestima das vítimas. “Acreditar nelas salva vidas.”
Pesquisas apontam que os impactos da violência vão muito além das marcas físicas. O trauma pode gerar ansiedade, depressão e sentimento de culpa, dificultando o retorno ao trabalho e à convivência social. “O dano psicológico é profundo. Muitas mulheres perdem a autoconfiança e passam anos tentando reconstruir a vida. Por isso, acolher é tão importante quanto punir”, destaca Aline.
Entre os direitos imediatos das vítimas, ela ressalta o afastamento do agressor, a proibição de contato e o acompanhamento policial, além de atendimento psicológico e jurídico gratuito. “A mulher precisa saber que não está sozinha. Há profissionais e instituições prontas para ampará-la. Meu trabalho é justamente orientar e segurar essa mão estendida no momento em que ela mais precisa”, conta, emocionada.
A atuação de coletivos feministas e organizações civis também tem sido essencial para preencher lacunas deixadas pelo poder público. Iniciativas como o Mapa do Acolhimento, que conecta vítimas a psicólogas e a advogadas voluntárias, mostram que a rede de solidariedade pode ser um caminho efetivo para a recuperação. “A sociedade civil tem feito o que o Estado ainda não faz de forma suficiente: escutar e amparar”, afirma Aline.
A advogada também fala sobre sua motivação pessoal: “Eu mesma fui vítima de violência doméstica. Por isso, luto para que nenhuma mulher precise passar pelo que eu passei. Cada vida importa.”
Converter leis em proteção real ainda é um desafio. O enfrentamento à violência contra a mulher exige agilidade, integração entre os órgãos públicos e políticas de prevenção contínuas. Até que isso aconteça, cada caso que ganha as manchetes segue lembrando que o país ainda falha em garantir segurança e dignidade para suas mulheres.
Na manhã da última terça-feira (28), a Polícia Militar do Rio de Janeiro, juntamente com a Polícia Civil, realizou uma megaoperação nos Complexos da Penha e do Alemão. Sob a justificativa de conter a expansão do Comando Vermelho (CV), a ação foi nomeada pelas autoridades de “Operação Contenção” e deixou mais de 100 mortos.
Segundo dados fornecidos pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, a ação mobilizou mais de 2,5 mil policiais civis e militares. O balanço oficial é o de que 121 pessoas morreram. Entre eles, 58 foram encontrados no dia da operação, enquanto 61 foram localizados posteriormente em áreas de mata. Ao todo, quatro policiais morreram. Além dos mortos, a polícia prendeu 113 pessoas, sendo 10 menores. A polícia alega que encontraram 118 armas, incluindo 26 pistolas, 1 revólver e 91 fuzis. Em coletiva de imprensa, o Coronel Marcelo de Menezes disse que a operação durou 12 horas no total.
À AGEMT, um morador de um dos dois complexos relatou como foi o ocorrido. Luan Batista, barbeiro do Complexo da Penha, perdeu o salão no meio da ofensiva policial. “Foi uma sensação de medo e terror. Para mim, o maior impacto foi saber que agora eu não vou poder levar alimento para a minha família. Eu não consigo e não tenho forças”, afirmou. Ele diz que, ao longo da operação, a barbearia pegou fogo. “Durante a operação, os fios começaram a pegar fogo, destruindo tudo. Pegou fogo na armadeira e agora só me resta fé.”, disse. Luan agora faz uma vaquinha online para tentar reconstruir o que perdeu.

Antes dessa operação, a ação policial considerada a mais letal era o chamado “Massacre do Carandiru”, em 2 de outubro de 1992. O caso ocorreu após uma rebelião no antigo presídio da capital paulista, que teve início a partir de uma briga em um jogo de futebol entre os internos. A polícia invadiu a penitenciária e matou dezenas de presos, totalizando 111 mortes, segundo a conta oficial. O Massacre é apontado por autoridades como a principal causa para o nascimento do PCC (Primeiro Comando da Capital). Os números divulgados do massacre realizado no Rio de Janeiro ultrapassaram os do Carandiru. Além dos agentes, a ação contou com suporte tecnológico que envolveu 12 veículos de destruição, drones, 2 helicópteros e 32 blindados.
O Ministro Alexandre de Morais, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu um prazo para que Cláudio Castro, governador do Rio de Janeiro, explique o ocorrido. O governador reforçou as intenções iniciais e falou que o Governo Federal deixa o Estado do Rio "sozinho" contra o Crime Organizado, o que foi negado pelo Ministro da Justiça Ricardo Lewandowski, que afirmou não ter recebido nenhuma solicitação de apoio do governo fluminense.
Oficialmente em licença do cargo de deputado federal, Guilherme Boulos tomou posse no Palácio do Planalto, nesta quarta-feira (29), como novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, pasta responsável pela relação do governo federal com os movimentos sociais.
Convidado pelo presidente Lula para assumir o cargo, Boulos irá substituir Márcio Macêdo, que deixou a função para concorrer a uma vaga de deputado federal após permanecer no posto por 2 anos e 9 meses.
Diante do interesse de Macêdo em sair para tentar uma cadeira no Congresso, Lula viu em Boulos a oportunidade de se aproximar das associações sociais pela sua trajetória como membro da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), organização que reivindica o direito à moradia.
Após o anúncio da substituição da chefia da pasta na última segunda-feira (20), Guilherme Boulos publicou nas redes sociais o agradecimento ao presidente Lula pelo convite, informando que sua principal missão será “ajudar a colocar o governo na rua, levando as realizações e ouvindo as demandas populares em todos os estados do Brasil”.

Reconhecido pela luta ao lado dos sem-teto, Boulos é alvo de ataques de concorrentes políticos, fato que ficou ainda mais evidente na última eleição municipal de 2024. Em debate promovido pela TV Gazeta, o então candidato – e atual prefeito de São Paulo – Ricardo Nunes, utilizou este rótulo com grande ênfase, chamando Boulos de “bandidinho, invasor e sem-vergonha”.
Durante discurso na cerimônia de posse, Lula pediu a Boulos para que “rode” o Brasil e fortaleça junto a organizações e movimentos sociais, temas como o fim da escala 6x1, a participação popular nas questões orçamentárias e direitos dos trabalhadores informais.
“Aqui a missão que eu vou ter é dialogar com todo mundo. (...) A gente sabe que as políticas que mudam pessoas não nascem só nos palácios e nos gabinetes. Elas nascem do povo, dos territórios populares. Elas nascem das ruas” afirmou Boulos em concordância ao pedido de Lula para popularizar as pautas.







