AfD é o primeiro partido de ultradireita a vencer eleições estaduais desde 1945
por
Ricardo Dias de Oliveira Filho
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05/09/2024 - 12h

 

A Alternativa para a Alemanha (AfD), partido de extrema-direita conhecido por sua postura anti-imigração e envolvimento em polêmicas relacionadas ao nazismo, venceu as eleições regionais no estado da Turíngia, no leste da Alemanha, no último domingo (01). 

Björn Höcke, líder da AfD na Turíngia Foto: Bodo Schackow/ Picture Alliance
Björn Höcke, líder da AfD na Turíngia Foto: Bodo Schackow/ Picture Alliance.

A AfD conquistou 32,8% dos votos, tornando-se o primeiro partido de extrema-direita a vencer uma eleição estadual no país desde a Segunda Guerra Mundial. O resultado reflete uma ascensão da ultradireita alemã, que agora desafia a estabilidade política da região.

Ao analisar o cenário político atual no país , Vinícius Bivar, doutorando em História da Europa Contemporânea, explicou que "é um cenário que conjuga o fortalecimento de movimentos anti-establishment com o enfraquecimento da coalizão governista no poder em Berlim". 

Bivar também destacou que tanto na Saxônia quanto na Turíngia observou-se o crescimento de partidos de viés radical, como a AfD e a Aliança Sahra Wagenknecht (BSW), que se beneficiaram do discurso anti-imigração e contrário ao envolvimento da Alemanha no conflito na Ucrânia, mesmo estando em polos opostos do espectro político.

Na Saxônia, estado vizinho, a AfD também obteve um desempenho expressivo, ficando em segundo lugar com 30,4% dos votos, apenas 1,1% atrás da União Democrata Cristã (CDU), partido de centro-direita que liderou a votação com 31,5%. 

Esses resultados reforçam o crescimento da AfD, que já havia surpreendido ao conquistar 15% dos votos nas eleições para o Parlamento Europeu e a vitória em uma eleição distrital na cidade de Sonneberg, na Turíngia, no ano passado.

Apesar da vitória histórica na Turíngia, a AfD enfrenta resistência significativa para formar um governo, já que os partidos tradicionais, incluindo a CDU, o Partido Social Democrata (SPD) e A Esquerda, rejeitam qualquer aliança com a extrema-direita. 

Os principais fatores que contribuíram para a vitória dos partidos ultradireitistas foram classificados pelo historiador em termos de longo, médio e curto prazo. Segundo ele, "os fatores de longo prazo, ou estruturais, estão relacionados à permanência de um nível desigual de desenvolvimento econômico entre os estados das antigas RFA (República Federal da Alemanha) e RDA (República Democrática Alemã )", aliado à persistência de culturas políticas distintas após a reunificação. 

Além disso, há uma certa nostalgia em relação à percebida estabilidade da vida na antiga RDA, o que contribui para que muitos alemães nesses estados se percebam como "cidadãos de segunda classe".

Em médio prazo, ele apontou os impactos da crise econômica de 2008 e a crise dos refugiados de 2015, que trouxe o tema da imigração para o centro do debate e coincidiram com a radicalização do discurso da AfD. Já os fatores de curto prazo incluem a Guerra da Ucrânia, a eficácia da AfD em mobilizar eleitores jovens através de plataformas como o TikTok, e o atentado terrorista em Solingen, que ocorreu às vésperas das eleições na Saxônia e na Turíngia.

O ataque cometido por um imigrante sírio em Solingen, que resultou na morte de três pessoas, foi amplamente explorado pela AfD para reforçar suas críticas à política migratória do governo. Alice Weidel, líder do partido, afirmou que "as regras de imigração precisam mudar imediatamente" e que a vitória na Turíngia é "um sucesso histórico" para o partido.

Björn Höcke, líder da AfD na Turíngia e condenado recentemente por utilizar slogans nazistas, declarou estar "pronto para assumir as responsabilidades de governar", mas a possibilidade de formar uma coalizão ainda é incerta.

A rejeição à AfD é ecoada pelo chanceler alemão Olaf Scholz, que descreveu os resultados eleitorais como "preocupantes" e pediu que os partidos tradicionais excluíssem os "extremistas de direita". 

Sobreas possíveis implicações da ascensão da ultradireita na Alemanha para a política externa do país e para a União Europeia, Bivar acredita que "no curto prazo, pouco deve mudar", uma vez que os partidos do campo democrático parecem comprometidos com o chamado "brandmauer" (firewall), recusando-se a formar governo com a AfD. 

Contudo, ele alertou que "um crescimento ainda mais expressivo da AfD, sobretudo a nível nacional, pode comprometer a governabilidade do país", podendo no futuro "resultar em uma política externa de viés illiberal (intolerante) que busque, por exemplo, comprometer a relevância da União Europeia em favor de uma aproximação com regimes como a Rússia de Putin".

Scholz argumentou que a AfD está "prejudicando a Alemanha" ao dividir a sociedade e enfraquecer a economia do país. A coalizão de centro-esquerda liderada por Scholz, por sua vez, obteve um desempenho fraco no pleito, aumentando a tensão política no governo um ano antes das próximas eleições gerais na Alemanha.

Com as eleições em Brandenburg se aproximando, onde a AfD também lidera nas pesquisas, o cenário político na Alemanha pode estar à beira de uma transformação significativa. A possibilidade de mais vitórias da extrema-direita levanta preocupações sobre o futuro da democracia alemã e o impacto de um partido que relativiza o nazismo e promove políticas de exclusão em um dos países mais influentes da Europa.

Multidão foi às ruas de Tel-Aviv e Jerusalém no domingo (01) e segunda (02) a favor do fim da guerra Israel-Hamas. Primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu negou o acordo em julho.
por
Oliver de Souza Santiago
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05/09/2024 - 12h

O Estado de Israel está em momento de tensão e crise política desde o início da guerra contra o grupo palestino Hamas no dia 07 de outubro de 2023. As forças armadas israelenses anunciaram no domingo (01), a descoberta de seis corpos num túnel subterrâneo de Rafah. O acontecido causou uma crescente de manifestações no país. Na manhã seguinte (02), uma greve geral foi convocada para criticar o método das negociações do resgate de reféns e pedindo um acordo com o Hamas.

A descoberta de corpos dos reféns do Hamas gera a ira da população israelense nas ruas de Jerusalém. Foto: Florion Goga/REUTERS
A descoberta de corpos dos reféns do Hamas gera a ira da população israelense nas ruas de Jerusalém. Foto: Florion Goga/REUTERS

 

O confronto atual é marcado pela morte de 40 mil palestinos por Israel e 35 mil israelenses pelo Hamas, segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza. Israel segue criticada pela comunidade internacional, sendo citada em declaração do presidente do Brasil, Lula, que chamou o conflito de genocídio e comparou as ações tomadas por Israel com o Holocausto, no dia 23 de fevereiro, quatro meses após o início da guerra.

As seis vítimas

Os seis reféns (da esquerda para a direita): Hersh Goldberg-Polin, Carmel Gat, , Eden Yerushalmi, Almog Sarusi, Alex Lobanov, sargento-mor Ori Danino. Foto: The Hostages Families Forum/AP
Os seis reféns (da esquerda para a direita): Hersh Goldberg-Polin, Carmel Gat, , Eden Yerushalmi, Almog Sarusi, Alex Lobanov, sargento-mor Ori Danino. Foto: The Hostages Families Forum/AP

 

Segundo os militares, os prisioneiros foram mortos pelo Hamas, antes da chegada das forças israelenses. Milhares de manifestantes foram às ruas contra o primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu, durante a tarde do dia 01⁰, pedindo cessar-fogo do conflito entre Israel e Hamas.

Durante as manifestações, bloqueios de estradas foram feitos em Jerusalém. Na principal rodovia de Tel-Aviv, os manifestantes seguravam bandeiras com fotos dos reféns mortos. A greve geral planejada para o dia 02, foi mobilizada pelo maior sindicato de Israel, o Histadrut. O apelo principal feito pelo chefe do sindicato, Arnon Bar-David, foi para que todos os trabalhadores civis se juntem pressionando o governo israelense.

Protesto em Tel Aviv pela liberação dos reféns mantidos na Faixa de Gaza pelo grupo Hamas. Foto: Ariel Schalit/AP
Protesto em Tel Aviv pela liberação dos reféns mantidos na Faixa de Gaza pelo grupo Hamas. Foto: Ariel Schalit/AP

 

A autópsia realizada pelo Ministério da Saúde israelense, confirmou as mortes ocasionadas por tiros de curta distância. A estimativa do período do óbito é cerca de 48 a 72 horas antes da checagem feita no domingo (01) pela manhã. É possível que os reféns tenham sido mortos entre quinta e sexta-feira, de acordo com o porta-voz do ministério. 

A população israelense protestou para que Netanyahu fizesse novos esforços no resgate de reféns, que estão sob posse do Hamas em Gaza. O primeiro-ministro tem apoio significativo em sua tática de não fazer concessões ao Hamas, mesmo que isso afete no resgate dos 66 cativos israelenses e estrangeiros restantes em Gaza, segundo o jornal Haaretz.

A greve geral

O Fórum das Famílias dos Reféns e o Histardrut, convocou a paralisação total na segunda-feira (02). A greve afetou empresas de vários setores da economia e o maior aeroporto do país suspendeu pousos e decolagens.

Salas de embarque quase vazias no aeroporto internacional Ben Gourion, em Tel Aviv Foto: AFP - GIL COHEN-MAGEN
Salas de embarque quase vazias no aeroporto internacional Ben Gourion, em Tel-Aviv Foto: AFP - GIL COHEN-MAGEN

Os manifestantes tornaram a bloquear estradas novamente e passeatas foram organizadas para pressionar Netanyahu. O Tribunal Trabalhista, depois de ser acionado pelo Estado, condenou a greve, alegando ser ilegal e definiu um prazo de suspensão da paralisação até 14h30 do horário local.

Um acordo foi feito entre o Tribunal e os sindicalistas, encerrando a paralisação. Os familiares das vítimas e de reféns do grupo terrorista Hamas, incentivam a continuação dos protestos nas ruas de Tel-Aviv, Jerusalém e outras regiões do Estado.

O primeiro ministro descartou o acordo de cessar-fogo em julho deste ano, segundo o tablóide Yedioth Ahronoth. O jornal teve acesso ao relatório que continham as exigências apresentadas por Netanyahu. A suspeita apontada pela reportagem, seria a do premiê ter este posicionamento para prolongar a guerra e sabotar uma trégua em prol de benefício político para si mesmo.

Em meio a crise política, o presidente da França indicou Michel Barnier como novo primeiro ministro do país
por
Vicklin Moraes
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05/09/2024 - 12h

 

Após dois meses de impasse, o presidente da França, Emmanuel Macron anunciou nesta quinta-feira(05), Michel Barnier como novo primeiro-ministro do país. A nação vive uma crise com a ascensão da extrema-direita e meses de paralisação política, depois da derrota de Macron nas eleições do Parlamento Europeu. 

 

Em junho, o presidente dissolveu o parlamento francês, e convocou novas eleições, depois da derrota de seu partido (REM) para o partido (RN) de Marine Le Pen, política populista de extrema direita.

 

Com a nomeação de Michel Barnier, Macron dribla a extrema direita e a esquerda para evitar que o país entre em coabitação. Na coabitação, o presidente mantém o papel como representante em política externa, mas perde a autoridade de definir a política doméstica da nação e , apesar de ser um político de centro-direita, Barnier é aliado do presidente francês 

 

Depois do anúncio, Jean-Luc Mélenchon, líder do bloco esquerdista, convocou protestos. A esquerda lidera o parlamento europeu, após ganhar  as eleições legislativas do país em julho.  Apesar da vitória, como não conquistou a maioria absoluta dos assentos, não tem força para nomear de forma independente um novo primeiro-ministro.

 

Quem é Michel Barnier? 

O atual primeiro-ministro é um político tradicional conservador. Ganhou destaque por comandar as negociações do Brexit, processo que resultou na saída do Reino Unido da União Europeia, em 2020.

Michel Burnier durante a conferência do Brexit. Foto: Anadolu Agency


Michel Burnier durante a conferência do Brexit. Foto: Anadolu Agency

Michel Barnier ocupou uma série de cargos no governo do país, dentre eles o de Ministro do Meio Ambiente (1993-1995) e Ministro de Estado para Assuntos Europeus (1995-1997) no governo de Jacques Chirac. 

 

O  premiê foi o chanceler da França no início dos anos 2000. Em 2021, anunciou sua pré candidatura à presidência do país, mas desistiu por falta de apoio do partido. Aos 73 anos, ele assume a posição anteriormente ocupada por Gabriel Attal, o mais novo da história no mesmo cargo. 

 

Depois do anúncio, o presidente Emmanuel Macron agradeceu em seu Instagram, Gabriel Attal, primeiro-ministro que renunciou ao cargo em julho. “Com o Governo, você levou o país adiante e contribuiu para o seu brilho num momento importante. Ao serviço dos nossos concidadãos, a França no coração”, afirmou Macron na publicação. 

 

Macron agradece Gabriel Attal no Instagram


Macron agradece Gabriel Attal, antigo primeiro-ministro. Reprodução: Instagram 

 

 

 

 

 

 

Secretário de Estado americano, Antony Blinken, está em Tel Aviv para pressionar andamento de negociações de trégua
por
Pietra Nelli Nóbrega Monteagudo Laravia
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20/08/2024 - 12h

Desde o início do conflito na Faixa de Gaza, diversas tentativas de cessar-fogo foram realizadas, refletindo a complexidade das negociações e a persistência das partes envolvidas. Anteriormente, os esforços para interromper as hostilidades foram marcados por intensos diálogos entre os mediadores e um contínuo desgaste das condições em campo. No entanto, essas tentativas ainda não conseguiram estabelecer uma trégua duradoura.

Na última segunda-feira (19), o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, anunciou um novo desenvolvimento significativo: o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, aceitou uma proposta de cessar-fogo formulada pelos mediadores dos EUA, Catar e Egito. Esta proposta foi apresentada durante a rodada mais recente de negociações realizada em Doha, no Catar.

Blinken, que está em Tel Aviv desde domingo (18), informou que se reuniu com Netanyahu para discutir o novo plano. De acordo com a declaração de Blinken, a proposta dos EUA visa "resolver as lacunas restantes" nas negociações e permitir uma "rápida implementação" se for aceita por todas as partes envolvidas. Embora os detalhes da proposta ainda não tenham sido divulgados, o clima entre os negociadores é de otimismo após as conversas da semana passada.

Até o momento, o Hamas ainda não se pronunciou oficialmente sobre a nova proposta. As negociações deverão continuar ao longo desta semana, e Blinken expressou a expectativa de que o Hamas se comprometa com a proposta para avançar nas discussões. O secretário de estado dos EUA também alertou que esta pode ser uma oportunidade crucial para a devolução dos reféns mantidos pelo Hamas e para alcançar um desfecho mais amplo do conflito.

 O governo israelense informou que o Hamas ainda detém 111 pessoas sequestradas desde o ataque de 7 de outubro de 2023, que iniciou a guerra na Faixa de Gaza. A proposta de cessar-fogo enfrenta desafios significativos, incluindo a exigência de Israel pela destruição total do Hamas e a demanda do grupo terrorista por um cessar-fogo permanente, em vez de uma trégua temporária. Divergências também permanecem em relação à presença militar de Israel em Gaza, à movimentação dos palestinos e à identidade e quantidade de prisioneiros a serem libertados em uma possível troca.

 Em resposta a essas complexas questões, Netanyahu afirmou que busca a libertação do "máximo de reféns vivos" durante a primeira fase do novo plano de três etapas proposto pelos EUA. Após sua reunião com Netanyahu, Blinken confirmou que o primeiro-ministro se comprometeu a enviar uma delegação para as novas negociações, previstas para esta semana em Doha ou no Egito. Blinken também estará presente nas discussões. Paralelamente, os confrontos continuam em Gaza, com uma nova operação israelense em Khan Yunes e um atentado reivindicado pelo Hamas em Tel Aviv no domingo, evidenciando a fragilidade e a intensidade do conflito em curso.

 

Comandantes das Forças Armadas foram destituídos; Em rede social, presidente Luis Arce pediu respeito à democracia do país
por
Artur Maciel
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26/06/2024 - 12h

(Soldados frente ao Palácio presidencial em La Paz. foto: Juan Karita AP) 

Na tarde desta quarta-feira (26), militares do Exército da Bolívia invadiram o palácio presidencial - antiga sede do governo -, colocaram tanques nas ruas e ocuparam a Praça Murillo, que fica em frente ao palácio presidencial, na capital La Paz. 

Em uma rede social, no início da tentativa de golpe, o presidente Luis Arce denunciou “movimentações irregulares” de unidades do exército boliviano. “A democracia deve respeito”, escreveu Arce. 


 

Presidente da Bolívia se manifesta após tentativa de golpe no país. Foto: Reprodução/X @LuchoXBolivia
Presidente da Bolívia se manifesta após tentativa de golpe no país. Foto: Reprodução/X @LuchoXBolivia

 

A invasão foi liderada pelo general Juan José Zuñiga, ex-comandante do exército. Entre os momentos de tensão, nas quase quatro horas de ação, o presidente Arce chegou a ficar cara a cara com Zuñiga na porta do palácio. Em transmissão de uma emissora local, Zuñiga disse que “o país não pode continuar assim” e pediu pela formação de um novo gabinete de ministros. 

No início da semana, o general havia sido destituído do cargo de comandante do exército após ameaçar prender o ex-presidente boliviano Evo Morales - que vai concorrer nas eleições - caso ele volte ao poder. Através das redes sociais, Morales convocou a população a defender a democracia de “alguns grupos militares que atuam contra a democracia e o povo”. 

O movimento golpista foi desmobilizado após ordens de Arce e do novo comandante do exército, José Wilson Sánchez, nomeado na terça-feira (25). Os militares que participaram da ação, deixaram o palácio escoltado por soldados que não aderiram aos planos de uma ruptura institucional. 

Em pronunciamento ao povo boliviano, o presidente do país anunciou a destituição dos comandantes das Marinha e Aeronáutica, e anunciou novos chefes para as duas Forças. A Procuradoria-Geral da Bolívia abriu investigação contra os envolvidos na tentativa de golpe, incluindo o general Zuñiga. A Suprema Corte boliviana condenou os atos e pediu apoio da comunidade internacional à democracia no país. 

As ações golpistas foram rechaçadas até por opositores do governo Arce, como a ex-presidente do país, Jeanine Áñez. “Repúdio total à mobilização de militares na Praça Murillo, pretendendo destruir a ordem constitucional. Nós bolivianos defendemos a democracia”, afirmou Áñez.

Líderes da América Latina se posicionaram contra o golpe. Por meio das redes sociais, o presidente Luís Inácio Lula da Silva condenou a tentativa e reafirmou o “compromisso com o povo e a democracia no país irmão".  

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil também emitiu nota. “O Governo brasileiro condena nos mais firmes termos a tentativa de golpe de Estado em curso na Bolívia, que envolve mobilização irregular de tropas do Exército, em clara ameaça ao Estado democrático de Direito no país”, disse. “O Governo brasileiro manifesta seu apoio e solidariedade ao Presidente Luis Arce e ao Governo e povo bolivianos”, diz o Itamaraty.

Pedro Sanches (presidente da Espanha), Santiago Pena (presidente do Paraguai) Andre Manuel (presidente mexicano) e Alberto Fernandes (ex-presidente da Argentina) também repudiaram o ataque. 

Presidente francês anunciou decisão após resultado das eleições europeias
por
Khauan Wood
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18/06/2024 - 12h

O presidente da França Emmanuel Macron anunciou no domingo (09) a dissolução da Assembleia Nacional, casa legislativa francesa, e a convocação de novas eleições parlamentares para o fim do mês de junho.

O anúncio foi feito logo após o resultado da eleição do Parlamento Europeu, que deu ao Reagrupamento Nacional (RN), partido de Marine Le Pen, principal opositora de Macron, 31,5% dos votos contra 15,2% do Renascimento (RE), sigla que abriga o presidente.

Após a divulgação dos resultados, Jordan Bardella, presidente nacional do RN e forte nome da extrema-direita para assumir o cargo de Primeiro-Ministro no país caso o grupo vença as eleições, fez um discurso onde comemorava o resultado do pleito europeu e desafiava Macron a convocar novas eleições para o Parlamento local.

No ato, Bardella disparou: “o presidente não pode ficar surdo à mensagem enviada pelos franceses [...] pedimos que organize novas eleições legislativas”, o político disse ainda que “um vento de esperança sopra sobre a França e está apenas começando”.

Horas depois, veio o comunicado de Macron que anunciava a dissolução do Parlamento e marcava novas eleições para os dias 30 de junho (1º turno). Caso um segundo turno seja necessário, ele ocorrerá em 07 de julho.

As eleições da câmara baixa do Parlamento francês estavam inicialmente previstas para ocorrer somente após a disputa presidencial, em junho de 2027. O presidente definiu sua decisão como “um ato de confiança” na população francesa.

 

Caso o partido de Macron saia derrotado, a França teria que lidar com um cenário governamental difícil, a chamada “coabitação”, ou seja, teria o presidente e primeiro-ministro em posições políticas opostas. 

Macron continuaria em seu papel de Chefe de Governo e seguiria com o poder de decisão de políticas externas, porém perderia o controle das políticas nacionais, justamente por não ter o controle do Parlamento, fenômeno que dificultaria ainda mais a aprovação de projetos de interesse de sua equipe.

O fenômeno da coabitação ocorreu pela última vez entre os anos de 1997 e 2002, quando o então presidente de centro-direita Jacques Chirac (1932-2019) fez um movimento semelhante ao de Macron, dissolvendo o Parlamento por questões políticas e com a esperança de sair vitorioso, porém viu seu adversário Lionel Jospin, do Partido Socialista, ser eleito como primeiro-ministro e dificultando cinco de seus doze anos de mandato.

Candidata da esquerda vence as eleições e se torna a primeira mulher a comandar o país
por
Beatriz Alencar
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05/06/2024 - 12h

A candidata do Movimento Regeneração Nacional (Morena), de 61 anos, venceu as eleições presidenciais do México no último domingo (2), se tornando a primeira mulher no cargo da presidência do país.

 

Claudia Sheinbaum
Claudia Sheinbaum celebra vitória eleitoral no México (03/06/2024) |  Foto:Reuters/Alexandre Meneghini

Sua vitória veio após a contagem preliminar oficial dos votos. Sheinbaum conquistou entre 58,3% e 60,7% dos votos, a maior porcentagem contabilizada na história da região.

Já a opositora da candidata, Xóchitl Gálvez (PAN), obteve entre 26,6% e 28,6% dos votos.

A sucessora do atual presidente, Andrés Manuel López Obrador (conhecido como AMLO), assumirá o papel de nova líder do país a partir de 1 de outubro.

Claudia Sheinbaum terá que enfrentar as dificuldades recentes na Cidade do México, como a seca e a violência com cartéis ligados ao fornecimento de drogas para os Estados Unidos.

Em declaração, a nova presidente agradeceu a cada voto e relembrou o momento histórico dessa eleição "pela primeira vez em 200 anos de República, haverá uma mulher presidente e ela será transformadora. Obrigada a cada voto mexicano. Hoje demonstramos com o nosso voto que somos um povo democrático", afirmou.

A primeira mulher eleita também acrescentou que a luta para chegar até o cargo não foi feita sozinha, mas sim "com nossas heroínas que nos deram essa pátria, com nossos ancestrais, nossas mães, nossas filhas e nossas netas", declarou.

Entre suas promessas de campanha, a sucessora afirma querer mais pluralidade, diversidade e democracia no país. Ela compartilha apoio a políticas de valorização de renda e concessão de bolsas para pessoas em situação de vulnerabilidade.

Porém, apesar desse apoio, Claudia Sheinbaum seguirá o projeto de política de segurança, criado por AMLO, que defende a militarização da segurança pública no México. Tal decisão evidencia disparidades entre suas propostas de transformação e o que será, de fato, realizado.

Vida e carreira

Além de ser ex-prefeita e secretária de Meio-Ambiente da Cidade do México, Claudia Sheinbaum possui formação em física pela Universidade Nacional Autônoma do México.

É filha de descendentes de imigrantes judeus lituanos e búlgaros que fugiram da perseguição na Europa no início do século 20. Tem no currículo um Prêmio Nobel da Paz, de quando participou do Painel Internacional sobre Mudanças Climáticas (IPCC) das Nações Unidas, em 2007. 

Mandatário era um dos passageiros da aeronave que caiu em região montanhosa ao norte da capital
por
Ana Julia Mira
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28/05/2024 - 12h

Na última segunda-feira (20) foi confirmado o falecimento do Presidente iraniano, Ebrahim Raisi, de 63 anos. A aeronave, que levava 8 passageiros, caiu na fronteira com o Azerbaijão, a 500km da capital iraniana, Teerã. Não houve sobreviventes.

Televisão estatal mostra Ebrahim Raisi em helicóptero pouco antes da queda.
Ebrahim Raisin pouco antes do acidente. Foto: TV Estatal do Irã

Entre os passageiros estava o Ministro das Relações Exteriores, Hossen Amirabdollahiab, o Governador da província iraniana do Azerbaijão Oriental, Malek Rhamati, e o líder religioso Hojjatoleslam Al Hashem. 

Segundo a imprensa oficial iraniana, o acidente aconteceu por uma “falha técnica”. A frota aérea do país é antiga e sofre com a falta de manutenção devido às diversas sanções impostas pelos Estados Unidos, sendo a mais recente em razão do programa de armas nucleares desenvolvido no Irã. 

A imprensa ainda afirma que não há indícios de atentado no local do acidente e que as más condições climáticas também contribuíram para a queda da aeronave.

Novas Eleições 

O vice-presidente, Mohammad Mokhber, foi nomeado presidente interino pela liderança suprema iraniana, o aiatolá Ali Khamenei. Mokhber governará até que sejam realizadas novas eleições, marcadas para  28 de junho.  

Por sua proximidade com Khamenei, o Raisi possuía preferência na sucessão para o cargo de Chefe de Estado do Irã, o aiatolá. Após seu falecimento, espera-se o início de uma luta intensa de outros candidatos a essa posição que é detentora de decisões centrais no país.

Eleito em 2021, foi escolhido para presidência com 62% dos votos. Jamal Orf, presidente da Comissão Nacional Eleitoral, afirmou na época que com 28,6 milhões de votos apurados, Raisi obteve mais de 17.800.000. Entretanto, menos da metade da população iraniana votou e muitos candidatos reformistas e moderados foram impedidos de participar das eleições. 

O que acontece agora

Segundo Monique Sochaczewski, professora no Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa e pesquisadora especializada em História do Oriente Médio, a principal questão levantada após a morte de Raisi, é a geração de uma janela de instabilidade no regime iraniano, com novas manifestações por parte da população.

Sochaczewski acredita que o movimento será parecido com o que houve durante os protestos em razão da morte de Mahsa Amini, jovem que morreu em 2022 após ser detida pela polícia da moralidade por não usar o hijab corretamente - véu de uso obrigatório às mulheres iranianas.

O funeral do ex-presidente iniciou no dia 21, contando com milhares de pessoas que acompanharam seu trajeto até o caminhão que o levou ao local islâmico mais sagrado do Irã, a cidade Mashhad. 

A multidão lançava flores e prestava homenagem ao seu caixão enquanto passava em uma carreata pela cidade de Birjand. 

Raisi foi enterrado no santuário Imam Reza. O país decretou cinco dias de luto devido ao falecimento do líder.

Vista do caixão de Ebrahim Raisi visto de cima, está coberto por uma bandeira do Irã. Uma multidão cerca o caixão.
Funeral de Ebrahim Raisi. Foto: Majid Asgaripour/WANA (West Asia News Agency) via REUTERS

 

Entenda como funcionam as eleições na Índia, país com maior período eleitoral do globo
por
Matheus Almeida
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29/04/2024 - 12h

As eleições na Índia começaram, no último dia (19), e, sendo o país mais populoso do mundo, é também o que possui maior eleitorado. Nessas eleições, 469 milhões de pessoas irão às urnas, a maior quantidade de votantes da história da nação. 

 O processo dura 44 dias, vai até dia primeiro de junho e é dividido em sete fases. Cada região da Índia participa de uma delas. 

Mas, como funciona a disputa eleitoral? 

Urna de votação indiana
Urna eletrônica no país é “mais portátil” que a brasileira por conta do transporte durante as eleições. Foto: Nasir Kachroo/Shutterstock

No sistema político indiano, o primeiro-ministro é eleito indiretamente, escolhido pelo partido que mais conquistar cadeiras no Lok Sabha, como é chamado o Congresso Nacional.  

São 543 cadeiras em disputa e, para conseguir a maioria, um partido precisa de pelo menos 272 assentos. Assim como no Brasil, a votação acontece por meio de urnas eletrônicas. Porém, na Índia, essas urnas são “mais portáteis”, devido ao fato de serem transportadas por todo território, dentro do período designado a cada região. 

Além disso, o Comitê Eleitoral Indiano (CEI) determina que deve existir uma cabine de votação a até 2km de cada eleitor registrado.

Partidos e Canditados

Narendra Modi
Atual Primeiro Ministro, Narendra Modi, é favorito nas eleições deste ano – Foto por Evelyn Hockstein/Reuters

Segundo pesquisa da revista India Today,  o favorito para ganhar a disputa é o atual primeiro-ministro Narendra Modi, do partido Bharatiya Janata (BJP). 

A oposição é  formada pelo segundo maior partido,  o Congresso Nacional Indiano (INC) e outros partidos menores contrários a Modi, que formam a coligação Aliança Inclusiva para o Desenvolvimento Nacional Indiano (INDIA). O principal representante da Aliança é Rahul Gandhi. 

Gandhi vem de uma família tradicional na política indiana e é filho do ex-Primeiro Ministro, Rajiv Gandhi. 

Rahul Gandhi
Rahul Gandhi – Foto por Arun Sankar/AFP

Segundo o internacionalista e mestrando da PROLAM-USP Carlos Magno, a popularidade de Modi vem de um nacionalismo hindu, religião da maioria dos indianos, também motivado por uma desavença histórica entre hinduístas e muçulmanos. 

“Do segundo mandato, iniciado em 2019, para os dias atuais, o governo tem se radicalizado cada vez mais nesta política nacionalista e tem encontrado adesão por grande parte da população” conta Magno.  

O internacionalista acrescenta que o favoritismo do premiê é reforçado pela perca de força da coligação INDIA, formado por mais de 20 partidos. A coalizão que prometia uma frente ampla forte, não aparece bem colocada nas pesquisas de opinião. 

“Conforme as eleições avançam, o que vemos é uma estagnação da campanha eleitoral que vem sendo construída, longe de ter grande adesão por parte da população”.  

Magno afirma que a base de apoio do BJP está muito bem consolidada no país.  “Dificilmente vamos ver uma mudança de rumo na política indiana no curto prazo”, finaliza.

Empresa chinesa, proprietária do aplicativo, têm até janeiro para vendê-lo a compradores americanos
por
Ana Julia Mira
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27/04/2024 - 12h

O presidente dos EUA, Joe Biden, sancionou, na última quarta-feira (24), projeto de lei que pode proibir o funcionamento do Tik Tok no país, sob justificativa de risco de vazamento de dados dos usuários americanos para a China.

Ao lado esquerdo, a imagem retrata Joe Biden, Presidente dos Estados Unidos, falando com dois microfones à sua frente. Ao lado direito, há uma mão segurando um celular voltado para cima e a logo do TikTok em evidência na tela.
Governo americano requer que empresa chinesa venda o aplicativo em 270 dias. Foto: AFP

A lei obriga a empresa chinesa ByteDance, proprietária da rede social, a encontrar um comprador americano para o aplicativo em até 9 meses, podendo se estender por mais 90 dias caso Biden note avanços em direção à venda.

O não cumprimento do prazo, poderá acarretar na retirada do TikTok das lojas de aplicativo e o seu banimento completo no país, impedindo a interação com seu conteúdo e a realização de novos downloads. 

A decisão não é repentina, o debate quanto à segurança dos dados obtidos pelo TikTok acontece desde o governo Trump. O projeto de lei foi aprovado depois que os congressistas incluíram a proposta junto ao pacote de ajuda externa para Israel, Taiwan e Ucrânia. 

Uma versão anterior do PL estava paralisada desde março no Senado. A proposta foi adicionada junto ao pacote de assistência internacional porque projetos de financiamento, geralmente, são aprovados mais rapidamente nas Casas, além de serem uma prioridade do presidente estadunidense. 

A empresa, no entanto, se posicionou no X (antigo Twitter), horas após a aprovação do projeto, dizendo que não tem planos de vender o aplicativo para nenhum proprietário americano e que irá recorrer da decisão. 

“O fato é que investimos milhões de dólares para manter os dados dos EUA seguros e a nossa plataforma livre de influências e manipulações externas”, afirma o Tik Tok em comunicado.

Imagem retrata print de publicação de pronunciamento da página de políticas do TikTok no X.
Empresa acredita que decisão é inconstitucional  e diz que irá recorrer. Foto: Tik Tok 

Bruno Molina Meles, advogado especialista em Direito Digital, explica que segundo a Constituição dos EUA, o Congresso não pode criar lei que proíba o livre exercício da liberdade de expressão, mas acrescenta: “esse direito não pode ser entendido como absoluto, pois essa liberdade precisa conviver com os demais direitos, dentro de um sopesamento (equilíbrio)”.

Meles acredita que o desenrolar após decisão do Governo estadunidense ainda é incerta, mas que as consequências podem ser avassaladoras, visto a notoriedade do aplicativo no país. Os Estados Unidos possuem cerca de 170 milhões de usuários ativos na rede social e 7 milhões de empresas que usam seus recursos.