Controverso e acusado de crimes de guerra, político americano pautou a política internacional dos Estados Unidos no século XX.
por
Artur Maciel Rodrigues
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04/12/2023 - 12h

 

(Kissinger em 2023, foto: Janek Skarzysnki/AFP)

 

Morreu aos 100 anos o diplomata estadunidense Henry Kissinger. A informação foi divulgada na quarta-feira (29) através de um comunicado da Kissinger Associates Inc. Ainda segundo a nota, o diplomata morreu em sua casa em Connecticut, nos Estados Unidos. Dono de um Nobel da Paz. Uma das principais personalidades internacionais do século 20, Kissinger é apontado por muitos como criminoso de guerra, pelas suas ações na Indochina e pelo seu apoio a ditaduras no mundo, em especial na América Latina. 

 

Refugiado de família judaica, Kissinger nasceu na Alemanha, em 1923, e se naturalizou estadunidense aos 20 anos. Durante sua juventude, participou do Exército americano na 84° infantaria, onde participou na Batalha das Ardenas, a última ofensiva do exercito nazista. Se tornou parte da corporação de contrainteligência, responsável por rastrear membros da Gestapo, uma espécie de polícia secreta do governo nazista. Na volta da guerra, iniciou sua carreira acadêmica estudando em Harvard, onde se tornou doutor e, posteriormente, professor da universidade.

 

Desde da década de 1960, Kissinger foi um importante consultor internacional do governo Americano. Em 1969, foi parte importante dos bombardeios no Camboja, e nos anos seguintes organizou a campanha de invasão ao país e os ataques ao Khmer Vermelho, seguidores do partido comunista que governou o país de 1975 até 1979. Os bombardeios deixaram cerca de 500 mil mortes e resultaram no genocídio da população do Camboja onde mais de dois milhões de pessoas morreram.

 

Durante a gestão de Richard Nixon, na década de 1970, o diplomata foi secretário de Estado e teve destaque na política de abertura diplomática da China. Kissinger também foi responsável pela mediação das tensões entre Israel e os países árabes vizinhos na Guerra do Yom Kippur. 

 

A relevância de Kissinger não diminuiu mesmo com a renúncia de Nixon. Até no atual governo Biden, o diplomata continuou sendo uma força da agenda política internacional do país. Em 2023, por exemplo, foi a Pequim para um encontro surpresa com o presidente chinês Xi Jinping. 

 

O ex-secretário sempre será lembrado na América Latina pela Operação Condor, que bancou as ditaduras nas Américas. A postura de Kissinger é bastante criticada, principalmente seu apoio à ditadura no Chile. Comandada por Augusto Pinochet, a ditadura começou com um golpe de estado - apoiado pelo serviço secreto americano - no presidente eleito Salvador Allende. Pinochet permaneceu no poder de 1973 até 1990, e o resultado foi mais de três mil mortes, milhares de torturados e cerca de 200 mil chilenos exilados. 

 

Outra atuação questionada foi o apoio estadunidense a Margaret Thatcher, Primeira-Ministra do Reino Unido, na disputa das Ilhas Malvinas, arquipélago localizado a 500 quilômetros da costa Argentina. Em 1982, ingleses e argentinos travaram uma guerra de dois meses pelo território, que terminou se mantendo sob poder dos britânicos. 

 

Sobre a Guerra do Vietnã, Kissinger disse em entrevista à jornalista italiana, Oriana Fallaci, que se tratava de: “Uma guerra inútil”. Foi justamente pelo cessar fogo desta guerra que o diplomata recebeu um prêmio Nobel da Paz, em 1976. A premiação foi em conjunto com Le Duc Tho, diplomata do Vietnã do Norte. No entanto, Duc Tho recusou o prêmio, na que é considerada umas das premiações mais controversas da história do Nobel da Paz. 

 

Em 2023, ano do seu centenário, Henry Kissinger seguiu concedendo entrevistas a jornais renomados sobre conflitos internacionais como Rússia e Ucrânia. No dia 11 de outubro, falou sobre a ofensiva entre Hamas e Israel. “Foi um ato de agressão aberto. O único objetivo foi mobilizar o mundo árabe contra Israel e seu histórico de negociações pacíficas”, disse Kissinger para o jornal Die Welt, subsidiário alemão da revista Insider.

 

A morte de Kissinger foi repercutida por figuras públicas e nas redes sociais. Em nota, o ex-presidente americano George W. Bush, o chamou de “uma das vozes mais fiáveis e mais ouvidas na política externa”. Vladimir Putin, presidente da Rússia, descreveu o diplomata como “visionário”. “Morreu um diplomata muito notável, um estadista sábio e visionário”, disse Putin. 

 

Nas redes sociais a comoção foi oposta. Uma das publicações que viralizaram foi um trecho do livro “A Cook’s Tour: Global Adventures in Extreme Cuisines” de Anthony Bourdain, escritor e documentarista. “Uma vez que você for no Camboja, você nunca mais vai parar de querer espancar Henry Kissinger até a morte com as próprias mãos”, escreveu Bourdain.  

Uma conta intitulada “Is Henry kissinger dead yet?” ( “Henry Kissinger está morto? - em tradução para o português) repostou a morte do diplomata, rendendo ao post 22 milhões de visualizações e quase meio milhão de curtidas.

Composto por performances e discursos gravados, evento não é mais o que se espera de uma premiação
por
Victória da Silva
Vitor Nhoatto
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23/11/2023 - 12h

Estreando seu novo formato totalmente digital e acontecendo em nova data, o Billboard Music Awards 2023 consagrou neste domingo (19) artistas como Karol G, Drake e Taylor Swift. No entanto, formado por vídeos pré-gravados e sem  tapete vermelho ao vivo. A premiação foi marcada pela baixa repercussão midiática e desapontamento com o modelo adotado.

Tradicionalmente realizado nos Estados Unidos, desde 2011, anualmente em maio, o evento promovido pela revista Billboard este ano foi reagendado para substituir o American Music Awards (AMAs). A empresa Dick Clark Production, dona de ambas as premiações, realocou o AMAs para o ano de 2024, o que gerou certa estranheza dos espectadores desde o início.

Somado a isso e a configuração inédita de performances e discursos gravados, o público ainda foi surpreendido pela transmissão não televisionada do evento pela primeira vez, tendo ficado restrita ao site da Billboard. A lista de vencedores foi divulgada durante o evento. No entanto, os artistas já haviam sido informados semanas antes do programa, e já estavam com as estatuetas nos vídeos de agradecimento. 

Performances

Cantora americana Bebe Rexha durante uma performance da música I’m Good (Blue) com os braços abertos em um cenário escuro profundo com fumaça ao fundo e uma orquestra sinfônica. Ela está em frente a um microfone e veste um vestido preto com detalhes em prateado e luvas de renda preta e com um cabelo platinado liso.
Performance de Bebe Rexha da sua música "I'm Good (Blue)” feat. David Guetta. - Foto: Reprodução/Youtube

Abrind os trabalhos da noite de domingo, Karol G apresentou um medley das músicas ‘QLONA’, ‘Labios Mordidos’ e ‘OJOS FERRARI’. Gravada em Los Angeles, a performance da cantora colombiana contou com vários dançarinos e coreografia afiada em um palco coberto por água, sendo marcada por movimentos sensuais e belos efeitos no molhado cenário.

Mesmo com o ‘flop’ do evento, fãs de Mariah Carey conseguiram apreciar a performance da aclamada música natalina ‘All I Want For Christmas Is You’ que teve pela primeira vez uma apresentação em premiações. Além disso, a cantora foi homenageada pelo prêmio Billboard Chart Achievement, já que marcou a lista Hot 100 da Billboard em várias décadas diferentes, em especial com a canção de natal apresentada — que todo final de ano volta a aparecer na parada de sucesso norte-americana.

Com direito à orquestra sinfônica e efeitos cinematográficos, Bebe Rexha entregou uma performance impecável do seu estrondoso sucesso 'I'm Good (Blue)' em parceria com David Guetta. Em seguida, em um cenário diferente e com várias dançarinas, a cantora americana cantou o seu último lançamento em conjunto ao DJ, 'One In A Million', indicada ao Grammys 2024. 

Outro destaque foi a apresentação de Tate McRae com a música 'Greedy', que viralizou no TikTok recentemente e domina as paradas de sucesso do mundo todo. Gravada em um hotel em Los Angeles, a performance foi marcada pela intensa coreografia por parte de Tate e das dezenas de dançarinos.

Para a felicidade dos stays, o grupo sul-coreano Stray Kids apresentou as faixas “S-Class” e “LALALA” com uma performance coreografada, figurinos impactantes e vários dançarinos. Mesmo não sendo ao vivo, a apresentação foi um marco para os fãs do octeto e para o próprio grupo de K-pop, já que foi sua estreia no palco da Billboard Music Awards.

Sendo o maior vencedor da edição deste ano com 11 estatuetas no total, o cantor country Morgan Wallen também se apresentou. Envolvido em polêmicas com falas racistas em 2021, ele fechou a premiação cantando sua música em homenagem ao time de baseball Atlanta Braves intitulada '98 Braves'. 

Premiações

Cantora norte-americana Karol G em um vestido de látex quase transparente bem colado ao corpo com cabelo loiro molhado segurando um troféu do Billboard Music Awards na mão esquerda com o braço para baixo, e com um microfone na mão direita para cima ao comemorar a recepção do prêmio em um estúdio de gravação totalmente branco com luzes dando um efeito degradê levemente alaranjado
Karol G durante vídeo de agradecimento ao receber prêmios no BBMAs 2023. -  Foto: Gilbert Flores 

Mesmo com a informação de que os ganhadores da BBMAs haviam sido notificados com antecedência sobre seus prêmios e não com os gritos e reação do público, ainda houve a curiosidade de quais foram os principais vencedores. De várias partes do mundo, os ganhadores enviaram vídeos já com os troféus em mãos, muitos nos cenários de suas performances e com o mesmo look do tapete vermelho.

Nessa noite de domingo, Taylor Swift levou para casa 10 das 20 estatuetas que estava concorrendo, se igualando ao rapper Drake como artista com mais BBMAs, cada um com 39 no total. Ela faturou categorias como Melhor Artista e Melhor Música em Vendas com 'Anti-Hero'. Enquanto isso, o rapper norte-americano ganhou 5 das 14 indicações que teve, dentre elas Melhor Artista de Rap e Melhor Artista Masculino de Rap. 

Tendo sido o grande vencedor da noite, o cantor Morgan Wallen ganhou 11 categorias das 17 indicações que teve, incluindo: Melhor Artista Masculino, Melhor Álbum da Billboard 200 com ‘One Thing at a Time’ e ainda, Melhor Música Hot 100 e Melhor Música em Streaming com a canção “Last Night”.

Zach Bryan se destacou ganhando 4 prêmios, dentre eles Melhor Artista Novo e Melhor Álbum de Rock com “American Heartbreak”. Além disso, Karol G marcou presença além da performance ao faturar dois prêmios, sendo eles Melhor Artista Feminina Latina e Melhor Artista Latino de Turnê, enquanto Bebe Rexha junto a David Guetta levou em Melhor Música Dance/Eletrônica por I'm Good (Blue).

SZA ganhou 4 das 17 categorias em que havia sido indicada, incluindo Melhor Artista de R&B, Melhor Artista Feminina de R&B, Melhor Álbum de R&B com ‘SOS’ e Melhor Música de R&B com a faixa “Kill Bill”. The Weeknd também brilhou na edição deste ano, recebendo a estatueta de Melhor Artista Masculino de R&B.

No gospel, pela terceira vez consecutiva, Kanye West ganhou a categoria de Melhor Artista Gospel, causando um certo alvoroço nas redes sociais. O rapper competiu pela estatueta devido às suas composições de Hip-Hop Cristão presentes no álbum “Jesus is King” de 2019 e “Donda” de 2021. Como em todas as categorias da premiação, somente o desempenho em vendas e streams nas plataformas musicais é levado em consideração, não havendo votação aberta. 

Ganhando como Melhor Trilha Sonora, “Barbie: The Album” recebeu prestígio depois de todo o sucesso cinematográfico do filme de Greta Gerwig. Contando com artistas como Sam Smith, Dua Lipa, Tame Impala e Nicki Minaj, o trabalho também está indicado ao Grammys 2024.

Uma polêmica que repercutiu entre os kpoppers foi a nova categoria de Melhor Música de K-pop, que teve como ganhador o single “Seven” do cantor Jungkook em parceria com a rapper norte-americana Latto. No momento em que o prêmio foi anunciado, somente a imagem da cantora aparece, causando revolta nas armys que tanto admiram o compositor sul-coreano.

Abaixo a lista completa de vencedores das 71 categorias:

MELHOR ARTISTA
Drake
Luke Combs
Morgan Wallen
SZA
Taylor Swift (VENCEDORA)

ARTISTA REVELAÇÃO
Bailey Zimmerman
Ice Spice
Jelly Roll
Peso Pluma
Zach Bryan (VENCEDOR)

MELHOR ARTISTA MASCULINO
Drake
Luke Combs
Morgan Wallen (VENCEDOR)
The Weeknd
Zach Bryan

MELHOR ARTISTA FEMININA
Beyoncé
Miley Cyrus
Olivia Rodrigo
SZA
Taylor Swift (VENCEDORA)

MELHOR DUO/GRUPO
Eslabon Armado
Fifty Fifty
Fuerza Regida (VENCEDOR)
Grupo Frontera
Metallica

MELHOR ARTISTA BILLBOARD 200
Drake
Luke Combs
Morgan Wallen
SZA
Taylor Swift (VENCEDORA)

MELHOR COMPOSITOR HOT 100 [NOVA CATEGORIA]
Ashley Gorley
Jack Antonoff
SZA
Taylor Swift (VENCEDORA)
Zach Bryan

MELHOR PRODUTOR HOT 100 [NOVA CATEGORIA]
Jack Antonoff
Joey Moi (VENCEDOR)
Metro Boomin
Taylor Swift
Zach Bryan

MELHOR ARTISTA HOT 100
Drake
Luke Combs
Morgan Wallen (VENCEDOR)
SZA
Taylor Swift

MELHOR ARTISTA – STREAMING
Drake
Morgan Wallen (VENCEDOR)
SZA
Taylor Swift
Zach Bryan

MELHOR ARTISTA – VENDAS
Jason Aldean
Miley Cyrus
Morgan Wallen
Oliver Anthony Music
Taylor Swift (VENCEDORA)

MELHOR ARTISTA – RÁDIO
Miley Cyrus
Morgan Wallen
SZA
Taylor Swift (VENCEDORA)
The Weeknd

ARTISTA GLOBAL 200
Bad Bunny
Morgan Wallen
SZA
Taylor Swift (VENCEDORA)
The Weeknd

ARTISTA GLOBAL (EXCLUSIVO NOS EUA)
Bad Bunny
Ed Sheeran
NewJeans
Taylor Swift (VENCEDORA)
The Weeknd

MELHOR ARTISTA R&B
Beyoncé
Chris Brown
Rihanna
SZA (VENCEDORA)
The Weeknd

MELHOR ARTISTA R&B MASCULINO
Chris Brown
Miguel
The Weeknd (VENCEDOR)

MELHOR ARTISTA R&B FEMININA
Beyoncé
Rihanna
SZA (VENCEDORA)

MELHOR TURNÊ R&B
Beyoncé (VENCEDORA)

Bruno Mars
The Weeknd

MELHOR ARTISTA RAP
21 Savage
Drake (VENCEDOR)
Lil Baby
Metro Boomin
Travis Scott

MELHOR ARTISTA RAP MASCULINO
21 Savage
Drake (VENCEDOR)
Travis Scott

MELHOR ARTISTA RAP FEMININA
Doja Cat
Ice Spice
Nicki Minaj (VENCEDORA)

MELHOR TURNÊ RAP
50 Cent
Drake (VENCEDOR)
Snoop Dogg & Wiz Khalifa

MELHOR ARTISTA COUNTRY
Bailey Zimmerman
Luke Combs
Morgan Wallen (VENCEDOR)
Taylor Swift
Zach Bryan

MELHOR ARTISTA COUNTRY MASCULINO
Luke Combs
Morgan Wallen (VENCEDOR)
Zach Bryan

MELHOR ARTISTA COUNTRY FEMININA
Lainey Wilson
Megan Moroney
Taylor Swift (VENCEDORA)

MELHOR DUO/GRUPO COUNTRY
Old Dominion
Parmalee
Zac Brown Band (VENCEDOR)

MELHOR TURNÊ COUNTRY
George Strait
Luke Combs
Morgan Wallen (VENCEDOR)

MELHOR ARTISTA ROCK
Jelly Roll
Noah Kahan
Stephen Sanchez
Steve Lacy
Zach Bryan (VENCEDOR)

MELHOR DUO/GRUPO ROCK [NOVA CATEGORIA]
Arctic Monkeys (VENCEDOR)

Foo Fighters
Metallica

MELHOR TURNÊ ROCK
Coldplay (VENCEDOR)

Depeche Mode
Elton John

MELHOR ARTISTA LATINO
Bad Bunny (VENCEDOR)

Eslabon Armado
Fuerza Regida
Karol G
Peso Pluma

MELHOR ARTISTA LATINO MASCULINO
Bad Bunny (VENCEDOR)

Peso Pluma
Rauw Alejandro

MELHOR ARTISTA LATINA FEMININA
Karol G (VENCEDORA)

ROSALÍA
Shakira

MELHOR DUO/GRUPO LATINO
Eslabon Armado
Fuerza Regida (VENCEDOR)
Grupo Frontera

MELHOR TURNÊ LATINA
Daddy Yankee
Karol G (VENCEDORA)
RBD

MELHOR ARTISTA GLOBAL K-POP [NOVA CATEGORIA]
Jimin
NewJeans (VENCEDOR)
Stray Kids
TOMORROW X TOGETHER
TWICE

MELHOR TURNÊ K-POP [NOVA CATEGORIA]
BLACKPINK (VENCEDOR)

SUGA
TWICE

MELHOR ARTISTA AFROBEATS [NOVA CATEGORIA]
Burna Boy (VENCEDOR)

Libianca
Rema
Tems
Wizkid

MELHOR ARTISTA DANCE/ELETRÔNICA
Beyoncé (VENCEDORA)

Calvin Harris
David Guetta
Drake
Tiësto

MELHOR ARTISTA CRISTÃO
Brandon Lake
Elevation Worship
for KING & COUNTRY
Lauren Daigle (VENCEDORA)
Phil Wickham

MELHOR ARTISTA GOSPEL
CeCe Winans
Elevation Worship
Kanye West (VENCEDOR)
Kirk Franklin
Maverick City Music

ÁLBUM BILLBOARD 200
Drake & 21 Savage, Her Loss
Metro Boomin, HEROES & VILLAINS
Morgan Wallen, One Thing at a Time (VENCEDOR)
SZA, SOS
Taylor Swift, Midnights

MELHOR TRILHA SONORA
Barbie: The Album (VENCEDORA)

Pantera Negra: Wakanda para Sempre
ELVIS
Homem-Aranha Através do Aranhaverso
Top Gun: Maverick

MELHOR ÁLBUM R&B
Beyoncé, RENAISSANCE
Brent Faiyaz, WASTELAND
Drake, Honestly, Nevermind
Steve Lacy, Gemini Rights
SZA, SOS (VENCEDOR)

MELHOR ÁLBUM RAP
Drake & 21 Savage, Her Loss (VENCEDOR)

Future, I Never Liked You
Lil Baby, It’s Only Me
Metro Boomin, HEROES & VILLAINS
Travis Scott, UTOPIA

MELHOR ÁLBUM COUNTRY
Luke Combs, Gettin’ Old
Luke Combs, Growin’ Up
Morgan Wallen, One Thing at a Time (VENCEDOR)
Taylor Swift, Speak Now (Taylor’s Version)
Zach Bryan, American Heartbreak

MELHOR ÁLBUM ROCK
HARDY, the mockingbird & THE CROW
Jelly Roll, Whitsitt Chapel
Noah Kahan, Stick Season
Steve Lacy, Gemini Rights
Zach Bryan, American Heartbreak (VENCEDOR)

MELHOR ÁLBUM LATINO
Bad Bunny, Un Verano Sin Ti (VENCEDOR)

Eslabon Armado, DESVELADO
Ivan Cornejo, Dañado
Karol G, MAÑANA SERÁ BONITO
Peso Pluma, GÉNESIS

MELHOR ÁLBUM K-POP [NOVA CATEGORIA]
Jimin, FACE
NewJeans, 2nd EP ‘Get Up’
Stray Kids, 5-STAR (VENCEDOR)
TOMORROW X TOGETHER, The Name Chapter: TEMPTATION
TWICE, READY TO BE: 12th Mini Album

MELHOR ÁLBUM DANCE/ELETRÔNICO
Beyoncé, RENAISSANCE (VENCEDOR)

Drake, Honestly, Nevermind
ILLENIUM, ILLENIUM
Kim Petras, Feed the Beast
Tiësto, DRIVE

MELHOR ÁLBUM CRISTÃO
Anne Wilson, My Jesus (VENCEDOR)

Brandon Lake, House of Miracles
CAIN, Rise Up
Elevation Worship, LION
Lauren Daigle, Lauren Daigle

MELHOR ÁLBUM GOSPEL
Jonathan McReynolds, My Truth
Maverick City Music x Kirk Franklin, Kingdom Book One (VENCEDOR)
Tye Tribbett, All Things New
Whitney Houston, I Go to the Rock: The Gospel Music of Whitney Houston
Zacardi Cortez, Imprint (Live in Memphis)

MÚSICA HOT 100
Metro Boomin, The Weeknd & 21 Savage, “Creepin’”
Miley Cyrus, “Flowers”
Morgan Wallen, “Last Night” (VENCEDORA)
SZA, “Kill Bill”
Taylor Swift, “Anti-Hero”

MELHOR MÚSICA – STREAMING
Miley Cyrus, “Flowers”
Morgan Wallen, “Last Night” (VENCEDORA)
SZA, “Kill Bill”
Taylor Swift, “Anti-Hero”
Zach Bryan, “Something in the Orange”

MÚSICA MAIS VENDIDA
Jason Aldean, “Try That in a Small Town”
Jimin, ‘Like Crazy”
Miley Cyrus,“Flowers”
Oliver Anthony Music, “Rich Men North of Richmond”
Taylor Swift, “Anti-Hero” (VENCEDORA)

MELHOR MÚSICA – RÁDIO
Metro Boomin, The Weeknd & 21 Savage, “Creepin’”
Miley Cyrus, “Flowers” (VENCEDORA)
Rema & Selena Gomez, “Calm Down”
Taylor Swift, “Anti-Hero”
The Weeknd & Ariana Grande “Die for You”

MELHOR COLABORAÇÃO
David Guetta & Bebe Rexha, “I’m Good (Blue)”
Metro Boomin, The Weeknd & 21 Savage, “Creepin’” (VENCEDORA)
Rema & Selena Gomez, “Calm Down”
Sam Smith & Kim Petras, “Unholy”
The Weeknd & Ariana Grande, “Die for You”

MÚSICA GLOBAL 200
Miley Cyrus, “Flowers” (VENCEDORA)

Rema & Selena Gomez, “Calm Down”
SZA, “Kill Bill”
Taylor Swift, “Anti-Hero”
The Weeknd & Ariana Grande, “Die for You”

MÚSICA GLOBAL (EXCLUSIVO NOS EUA)
David Guetta & Bebe Rexha, “I’m Good (Blue)”
Harry Styles, “As It Was”
Miley Cyrus, “Flowers” (VENCEDORA)
Rema & Selena Gomez, “Calm Down”
The Weeknd & Ariana Grande, “Die for You”

MELHOR MÚSICA R&B
Metro Boomin, The Weeknd & 21 Savage, “Creepin’”
Miguel, “Sure Thing”
The Weeknd & Ariana Grande, “Die for You”
SZA, “Kill Bill” (VENCEDORA)
SZA, “Snooze”

MELHOR MÚSICA RAP
Coi Leray, “Players”
Drake & 21 Savage, “Rich Flex” (VENCEDORA)
Gunna, “fukumean”
Lil Durk ft. J. Cole, “All My Life”
Toosii, “Favorite Song”

MELHOR MÚSICA COUNTRY
Bailey Zimmerman, “Rock and a Hard Place”
Luke Combs, “Fast Car”
Morgan Wallen, “Last Night” (VENCEDORA)
Morgan Wallen, “You Proof”
Zach Bryan, “Something in the Orange”

MELHOR MÚSICA ROCK
Jelly Roll, “Need A Favor”
Stephen Sanchez, “Until I Found You”
Steve Lacy, “Bad Habit”
Zach Bryan ft. Kacey Musgraves, “I Remember Everything”
Zach Bryan, “Something in the Orange” (VENCEDORA)

MELHOR MÚSICA LATINA
Eslabon Armado x Peso Pluma, “Ella Baila Sola” (VENCEDORA)

Fuerza Regida x Grupo Frontera, “Bebe Dame”
Grupo Frontera x Bad Bunny, “un x100to”
Karol G & Shakira, “TQG”
Yng Lvcas x Peso Pluma, “La Bebe”

MELHOR MÚSICA K-POP [NOVA CATEGORIA]
Fifty Fifty, “Cupid”
Jimin, “Like Crazy”
Jungkook ft. Latto, “Seven” (VENCEDORA)
NewJeans, “Ditto”
NewJeans, “OMG”

MELHOR MÚSICA AFROBEATS [NOVA CATEGORIA]
Ayra Starr, “Rush”
Libianca, “People”
Oxlade, “KU LO SA”
Rema & Selena Gomez, “Calm Down” (VENCEDORA) 
Victony, Rema, & Tempoe ft. Don Toliver, “Soweto”

MELHOR MÚSICA DANCE/ELETRÔNICA
Bizarrap & Shakira, “Shakira: Bzrp Music Sessions, Vol. 53”
David Guetta, Anne-Marie & Coi Leray, “Baby Don’t Hurt Me”
David Guetta & Bebe Rexha, “I’m Good (Blue)” (VENCEDORA)
Elton John & Britney Spears, “Hold Me Closer”
Tiësto ft. Tate McRae, “10:35”

MELHOR MÚSICA CRISTÃ
Brandon Lake, “Gratitude” (VENCEDORA)
Chris Tomlin, “Holy Forever”
for KING & COUNTRY with Jordin Sparks, “Love Me Like I Am”
Lauren Daigle, “Thank God I Do”
Phil Wickham, “This Is Our God”

MELHOR MÚSICA GOSPEL
CeCe Winans, “Goodness of God” (VENCEDORA)

Crowder & Dante Bowe ft. Maverick City Music, “God Really Loves Us”
Elevation Worship ft. Chandler Moore & Tiffany Hudson, “More Than Able”
Maverick City Music & Kirk Franklin ft. Brandon Lake & Chandler Moore, “Fear is Not My Future”
Zacardi Cortez, “Lord Do It for Me (Live in Memphis)”

Após madrugada de intensas negociações, representantes de Israel e do Hamas concordaram em estabelecer pausa de quatro dias
por
Manuela Troccoli
|
23/11/2023 - 12h

Depois de vários dias de impasses, ataques e troca de acusações após ofensiva do Hamas contra Israel no dia 7 de outubro de 2023, Israel e Hamas concordaram em uma trégua de quatro dias, que foi mediada pelo Catar. O anúncio foi feito na quarta-feira (22). 

A pausa permite a libertação de 50 reféns mantidos em Gaza - sendo mulheres e crianças - em troca de 150 palestinos - também mulheres e crianças - que estão detidos em Israel. Além da troca, o cessar-fogo interrompe os bombardeios israelenses em Gaza e viabiliza a entrada de ajuda humanitária. Segundo a Qahera, TV estatal do Egito, a trégua começa às 10h, no horário local (4h, horário de Brasília). Além disso, ainda nesta quarta-feira (22), foi destacado que Israel permitiu a entrada de combustível e ajuda humanitária em Gaza.

Em comunicado oficial enviado a Doha, o governo de Israel afirmou que a trégua humanitária pode durar mais tempo. “A soltura de cada dez novos reféns resultará em um dia adicional de pausa”, disse o comunicado. Nas redes sociais, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que “não queria, honestamente”, ao responder o comunicado oficial sobre o cessar-fogo. 

“O governo de Israel está empenhado em devolver todos os reféns para casa. Hoje à noite, ele aprovou o acordo proposto como um primeiro estágio para atingir esse objetivo”, diz o documento, divulgado após horas de deliberação.

O representante da ala política do Hamas, Musa Abou Marzouk, celebrou o acordo de trégua humanitária, que garante a troca de prisioneiros. "As disposições deste acordo foram formuladas em conformidade com a visão da resistência e da determinação que buscam servir o nosso povo e reforçar sua tenacidade diante da agressão", e acrescentou: "confirmamos que nossos dedos vão continuar nos gatilhos e que nossos batalhões triunfantes vão permanecer de prontidão", disse Marzouk.

Apesar da trégua, no início da reunião do governo, Netanyahu manteve o status de guerra no país. “Estamos em guerra e continuaremos a guerra até atingirmos todos os nossos objetivos. Destruir o Hamas, devolver todos os nossos reféns e garantir que nenhuma entidade em Gaza possa ameaçar Israel”, afirmou o premiê israelense.

Sob olhares do mundo

A mediação por parte do primeiro-ministro do Catar, Mohammed Ben Abdel Rahmane Al-Thani, teve início no domingo (19), em colaboração com o Egito e os Estados Unidos. Os países desempenharam um papel fundamental neste acordo, para garantir uma pausa momentânea no conflito, e a mediação de Al-Thani foi aprovada por Israel, Hamas e Estados Unidos.


Antes da aprovação do acordo, o presidente dos EUA, Joe Biden, manifestou otimismo sobre a proposta de libertação dos reféns. “Tenho conversado com as pessoas envolvidas todos os dias. Eu acredito que isso vai acontecer. Mas não quero entrar em detalhes”, disse Biden a repórteres na Casa Branca.

Sem citar lados, durante a cúpula do G20, na quarta-feira (22), o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, fez questão de saudar publicamente o acordo. “Espero que esse acordo possa pavimentar o caminho para uma saída política e duradoura para este conflito e para a retomada do processo de paz entre Israel e Palestina”, comentou Lula.

Além de ter criticado a atuação dos organismos internacionais, incluindo o Conselho de Segurança das Nações Unidas, no G20, o chefe do executivo brasileiro também fez questão de apontar a demora da trégua humanitária, que aconteceu após 40 dias de guerra.

"Nós estamos vendo o que está acontecendo em Israel. Nós estamos vendo o que está acontecendo na Faixa de Gaza. Vocês viram que foi feito um acordo ontem (21) depois de 14 mil mortos, depois de quase 6 mil desaparecidos, depois de quase 6 mil crianças mortas. Depois de centenas de mulheres fazerem cesariana para tirar o filho antes de morrer", discursou Lula em evento no Palácio do Planalto.

A lista

O Ministério da Justiça de Israel publicou uma lista de 300 palestinos que podem ser libertados. A lista é composta, em sua maioria, por adolescentes presos no ano passado por delitos menos graves, incluindo membros do Hamas, Fatah, a Jihad Islâmica e a Frente Popular para a Liberação de Palestina.

Com 55% dos votos, ultralibertário ganhou a corrida presidencial contra Sérgio Massa e toma posse no dia 10 de dezembro.
por
Manuela Troccoli
|
21/11/2023 - 12h

Neste domingo (19), o candidato Javier Milei, da coalizão La Libertad Avanza, foi eleito o novo presidente da Argentina. Milei venceu Sérgio Massa, atual Ministro da Economia do país, candidato da coligação peronista União pela Pátria, que pleiteava uma vitória progressista nas eleições gerais de 2023.

Às 20h do domingo (19), com 98,93% das urnas apuradas, o deputado Javier Milei foi considerado eleito após receber 55,72% dos votos válidos contra 44,27% dos votos válidos recebidos por Massa. A diferença de quase 12% foi a maior vantagem de um candidato eleito a presidente nas eleições da Argentina.

No 1º discurso como vencedor, o presidente eleito agradeceu a Patrícia Bullrich - candidata que foi terceira colocada no 1° turno e declarou apoio a Milei no 2° turno - e Maurício Macei, ex-presidente do país. “Hoje começa a reconstrução da Argentina”, disse Milei, ao afirmar que começou “o fim da decadência”. 

Antes mesmo da divulgação dos resultados oficiais, Sérgio Massa reconheceu a vitória de Milei. Através de um discurso aos apoiadores, Massa agradeceu os votos recebidos e parabenizou seu adversário. “O mais importante que temos que deixar esta noite é a mensagem de que a convivência, o diálogo e o respeito pela paz é o melhor caminho que podemos percorrer”, afirmou o ministro da economia. “Hoje terminou uma etapa em minha vida política e seguramente a vida me prepara outras possibilidades, mas sempre poderão contar comigo defendendo os valores do trabalho, a educação pública, a indústria nacional [e] o federalismo como valores centrais da Argentina", concluiu Massa.

 

Milei celebrando vitória
Cr: Divulgação

Repercussão do resultado

A vitória de Javier Milei nas eleições presidenciais da Argentina gerou repercussão internacional e incertezas sobre o futuro do país.

Nos Estados Unidos, o The New York Times descreveu Milei como um "economista e ex-personalidade televisiva praticamente sem experiência política". O jornal americano classificou o presidente eleito com "um estilo ousado, uma adoção de teorias da conspiração e uma série de propostas extremas que ele diz serem necessárias para derrubar uma economia e um governo falidos".
O ex-presidente americano Donald Trump parabenizou Milei pelo resultado e afirmou que estava “orgulhoso”.

No Brasil, sem citar Javier Milei, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva exaltou a democracia, as instituições argentinas e desejou boa sorte ao novo governo. Vale lembrar que em declarações recentes, ainda durante a campanha, Milei chamou Lula de “comunista nervoso”. Abertamente, Lula apoiou o candidato Sérgio Massa, e manteve uma estreita relação com o atual presidente argentino, Alberto Fernández.

O ex-presidente Jair Bolsonaro - apoiador de Milei durante toda campanha - o parabenizou pela vitória. "Parabéns ao povo argentino pela vitória com Javier Milei. A esperança volta a brilhar na América do Sul. Que esses bons ventos alcancem os Estados Unidos e o Brasil, para que a honestidade, o progresso e a liberdade voltem para todos nós", publicou o ex-presidente em uma rede social. 

O novo presidente argentino também recebeu saudações do presidente chileno, Gabriel Boric, e do presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou.

Dentro da Argentina, os jornais apresentam pontos de vista de ambos os lados. Enquanto o jornal Info Bae define a vitória como “mérito sujo”, o Clarín afirma que sua eleição representa “uma vitória para o movimento global de extrema direita”.

Quem é Javier Milei?

Economista, libertário e representante do partido La Libertad Avanza, Javier Milei atualmente constitui a câmara dos deputados. Apesar de ter vencido as eleições e demonstrar força nas urnas, Milei se destacou graças a seu desempenho fora da política, na música e no futebol. O agora presidente argentino classifica seu discurso como “liberal libertário”, e foi através de suas aparições neste sentido que conquistou espaço na política Argentina.

O deputado surpreendeu ao lançar sua candidatura à presidência ainda em 2020, três anos antes da eleição. O anúncio foi crucial para a carreira política, visto que marcou a consolidação da coligação “La Libertad Avanza”. Milei surgiu como nova força política e suas propostas atraíram pessoas que estão descontentes com a situação atual e desejam um fator novo na política.

A Argentina enfrenta um momento econômico delicado, com inflação de 138%, desvalorização do peso argentino e cerca de 40% da população na pobreza. Foi justamente este cenário que enfraqueceu a campanha de Massa - atual Ministro da Economia - e deu fôlego a Milei. O novo presidente terá de apresentar medidas efetivas e de rápido efeito, para mudar o quadro econômico nacional.

Entretanto, sua postura combativa também assusta algumas pessoas, e muitas vezes é tida como “descontrolada”.Chamam atenção também as polêmicas nas quais Javier Milei já se envolveu. Entre elas estão os discurso acerca da portabilidade de armas, criminalização do aborto, criação de um mercado de órgãos e a eliminação de ministérios.

Sobre a portabilidade de armas, o economista defende a desregulamentação do porte de armas de fogo e argumenta, com ênfase, que um Estado com livre porte de armas tem menos delitos. No âmbito da saúde, Milei se demonstrou a favor da proibição do aborto no país e sugeriu a criação de um mercado de órgãos, tendo em vista aumentar o fluxo de compra e venda na Argentina.

Ponto central na campanha, Milei defende uma redução no número de ministérios, que passariam de 18 para apenas 8. Com o enxugamento, os ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação, Cultura, Obras Públicas e Mulheres, Gênero e Diversidade, seriam alguns dos dissolvidos. 

Os rumos da Argentina de Milei

A vitória de Milei simboliza uma sociedade que optou por se distanciar da política tradicional, elegendo um homem que nunca fez parte da estrutura que governou o país. O presidente eleito tem ideias econômicas que expressam uma variante extrema do neoliberalismo e com valores que, em muitos sentidos, contrastam com tudo o que parece irreversível na Argentina.

Durante a campanha, o candidato do partido Libertad Avanza falou sobre a “dolarização” da economia Argentina, dissolução de alguns Ministérios, 'dinamitar' o Banco Central, flexibilização Trabalhista, saída do Mercosul e afastamento da China e Brasil e a privatização de empresas e obras estatais. 

Segundo Milei, a “dolarização” será feita em dois anos e meio, é uma das propostas que mais recebeu holofotes. O ultralibertário afirmou que a medida irá retirar a Argentina da inflação, junto a flexibilização do mercado e com isso promover mais trabalhadores no país. 

Dolarizar um país significa adotar o dólar americano como moeda oficial, substituindo a moeda nacional, nesse caso o peso argentino. Isso implica em usar o dólar para transações cotidianas, preços, salários e demais atividades econômicas dentro do país, a fim de conter problemas econômicos e buscar uma moeda estável. Países como El Salvador e Equador já adotaram essa prática.

Entretanto, dolarizar um país é uma mudança complexa e envolve vários desafios, sobretudo constitucionais, e pode resultar na perda de controle sobre a política monetária nacional.

Seguindo a ideologia libertária, o novo presidente também falou sobre 'dinamitar' o Banco Central. Na prática, o que Milei defende é eliminar ou reduzir significativamente o papel e a influência do agente emissor de Pesos Argentinos - chamados por ele de "excremento" - na economia. O ultralibertário argumenta que o Banco Central interfere excessivamente no mercado financeiro e monetário, e que uma abordagem descentralizada será mais benéfica para a economia do país. 

Na política externa, o novo morador da Casa Rosada revelou a pretensão de se afastar de países de ideologias que classificou como “comunistas”, citando países como Brasil e China. "Não tenho parceiros socialistas" e “Eu não promoveria a relação nem com China, nem com Cuba, nem com Venezuela, nem com Nicarágua e nem com a Coreia do Norte”, foram algumas falas durante a campanha.

O novo presidente também falou sobre a retirada da Argentina do Mercosul, bloco econômico constituído por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Milei também se mostrou contra o ingresso dos argentinos no BRICS - grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

"A todos que estão nos olhando de fora da Argentina, quero dizer que a Argentina vai voltar a ocupar no mundo o lugar que nunca devia ter perdido", afirmou Milei em seu primeiro discurso após a eleição.

Dentre as falas voltadas à educação, se destaca a proposta da criação de “vouchers” para tirar dos jovens a obrigatoriedade de estudar, implementando uma lógica de "cheques educativos", presente no Chile. Os "vouchers de educação" referem-se a um sistema em que o governo subsidia a educação pública e privada, dando às famílias um vale para ser usado nas instituições de ensino. Este vale pode se dar de maneira monetária e mistura setores público e privado na oferta de educação, ou seja, pode ser usado para pagar a mensalidade em escolas particulares credenciadas ou em algumas escolas públicas que aderiram ao sistema.

O sistema de vouchers pode ser visto de maneira controversa: de um lado, tem aqueles que argumentam que o modelo leva a disparidades no acesso à educação de qualidade, enquanto outros veem benefícios na liberdade de escolha e na competição entre as instituições.

Em saúde, Milei falou durante toda a campanha sobre o desejo de eliminar o sistema de saúde pública. No entanto, em seu último discurso, três dias antes das eleições, recuou. “Não vamos privatizar a saúde. Não vamos privatizar a educação. Não vamos reformar o Incucai (Sistema argentino de transplante de órgão). Não vamos privatizar o futebol. Não vamos permitir o porte irrestrito de armas”, afirmou o presidente eleito.

Primeiro turno

As eleições argentinas possuem peculiaridades. Assim como no Brasil, são realizadas a cada 4 anos, no entanto, para ser eleito presidente no 1º turno, é necessário conquistar ao menos 45% dos votos válidos ou 40% dos votos com uma diferença de 10 pontos percentuais em relação ao segundo colocado. Como isso não aconteceu após a votação do dia 22 de outubro, quando Massa obteve 36,64% dos votos válidos contra 30,01% de Milei, os candidatos partiram para a disputa do 2º turno, que colocou Milei no posto de Presidente da República após receber maior quantidade bruta de votos.

Próximos passos

A transição de governo já começou, e o primeiro encontro de Alberto Fernández e Javier Milei aconteceu na manhã de terça-feira (21). No país, esta etapa segue um protocolo específico que prevê vários encontros e coordenação entre o governo em exercício e a equipe do presidente eleito, para garantir uma transferência eficiente de responsabilidades que visa assegurar uma transição suave e estável entre as administrações.

O presidente eleito assume a Casa Rosada a partir do dia 10 de dezembro de 2023. Como primeira movimentação, os cidadãos aguardam ansiosamente a formação do gabinete de ministros, o que dará uma fotografia interessante do que esperar nos próximos quatro anos. Até o momento já foram anunciados o advogado Mariano Cúeno Liberona, que assumirá o cargo de ministro da Justiça, e a ex-candidata ao governo de Buenos Aires, Carolina Píparo, que comandará a Administração Nacional da Segurança Social (Anses). 

Além disso, é importante reforçar que Javier Milei não possui maioria no Legislativo argentino. Na Câmara dos Deputados, o partido de Milei tem apenas 37 das 257 cadeiras, enquanto no Senado, a sigla tem apenas oito das 72 vagas. O partido de Sérgio Massa, derrotado no pleito, segue com maioria na Câmara (107 deputados) e no Senado (34 senadores). A segunda maior bancada nas duas casas é a do partido Juntos pela Mudança, do ex-presidente Maurício Macri, com 93 deputados e 24 senadores. A composição do legislativo indica uma fragilidade de Milei, que terá desafios para emplacar suas pautas.

Com divisões e alianças políticas, eleições no país se complicam cada vez mais
por
Artur Maciel Rodrigues
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18/11/2023 - 12h

 

(debate presidencial do dia 12 de novembro, foto: AFP)

O segundo turno das eleições na Argentina acontecerá neste domingo, 19. A disputa presidencial acontece entre Javier Miliar e Sergio Massa, após um primeiro turno concorrido e, para alguns, surpreendente. O ministro da Fazenda ganhou 36% dos votos no país, Milei teve 30% e Patricia Bullrich, da coligação "juntos por el cambio", ficou com 26% do total.

 

O contexto eleitoral passa por uma mudança grande após membros de partidos se dividem entre si, em especial, “Juntos por el Cambio”, como explica o professor De Relações Internacionais da PUC-SP, Tomaz Oliverio Paoliello “Ele ficou muito mais marcado como um partido contra o kirchnerista do que como um partido ideológico em qualquer sentido. E o candidato anti-kirchnerista nessas eleições, é Milei.” 

 

Sergio Massa, da coligação peronista, teve sua candidatura diretamente influenciada pela situação da Argentina, que passa uma de suas maiores crises econômicas e uma forte seca, além de uma crise energética. “Todo o contexto dessa eleição é um contexto de crise econômica. É até surpreendente que Massa, sendo um pouco a representação dessa crise econômica tenha conseguido terminar essa primeira etapa em primeiro lugar”, acrescenta Paoliello. 

 

Além de atual ministro da Economia, Massa também atuou no governo de Cristina Fernández de Kirchner como chefe do gabinete dos ministros em 2009 e tornou-se presidente da Câmara dos Deputados, durante a presidência de Alberto Fernández. 

 

Javier Milei, passou os últimos meses entrando em contato com personagens importantes da política Argentina, como o ex-presidente Macri, denominado pelo candidato, em outros momentos, como "Socialista Nojento". Apesar disso, Milei afirma que suas ideias e do ex-presidente concordam em 90%. 

 

Sobre a aliança dos partidos mais centrais à Javier, Paoliello acredita que seja somente pela “conveniência eleitoral”. “Vários partidos dessa centro-direita acreditam que um futuro governo Milei vai ser fraco, e vai ser mesmo, não vai ter uma grande base congresso, não vai ter apoio popular de variados setores, a sociedade Argentina já está muito dividida” complementa.

 

O professor acrescenta que as divergências entre os dois candidatos aparecem muito na televisão, com Milei tendo mais atenção midiática, por alimentar a ideia de um personagem louco, por mais que tenha se “moderado” nos últimos meses. 

 

“Ele tem um tipo de posição política que funciona bem melhor quando não tem debate, quando ele tá falando por conta própria, esse estilo livre. Quando tem contraponto ele se dá muito pior” analisa o internacionalista.

 

Em contrapartida Massa é bem mais tradicional, em entrevista para o EL país o peronista, comenta sua história com a política, sua crença com os outros partidos e fala que no fim é “Milei sim ou Milei não”. 

 

Apesar da vantagem no primeiro turno, Paoliello chama atenção para uma possível queda no favoritismo de Massa. “|Como é típico em qualquer processo eleitoral, ele apareceu como candidato com mais votos, portanto é o candidato que mais pode perder votos”. 

Mesmo sem tapete vermelho ou apresentações, evento consagrou artistas, incluindo Anitta e Matuê
por
Victória da Silva
Vitor Nhoatto
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16/11/2023 - 12h

 

Criado em 1994 pela MTV, se opondo aos prêmios estadunidenses, o European Music Awards (EMA) é uma importante premiação musical internacional. Este ano, apesar do cancelamento da entrega de troféus pela primeira vez em sua história devido às tensões mundiais, os vencedores foram divulgados neste domingo (5).

Eleitos pelo público, artistas como Nicki Minaj, Maneskin, Taylor Swift, JungKook e Anitta foram os destaques deste ano nas categorias principais. Já em relação às premiações locais, Matuê ganhou como melhor artista brasileiro.

Apreensão Europeia

Multidão de pessoas brancas em manifestação em uma rua de Londres com um semáforo ao fundo, segurando bandeiras da Palestina com uma mulher em foco de jaqueta vermelha e bandana branca e vermelha com os braços para o alto segurando um cartaz escrito: um genocídio não justifica o outro, em inglês.
Imagem: Manifestação pró Palestina em Londres - Foto: Henry Nicholls / AFP

A cerimônia, que já havia sido divulgada e seria realizada em Paris, foi cancelada uma semana antes de sua concretização. Em comunicado, a MTV alegou não ser um momento de celebração da música mediante à crise entre Gaza e Israel, mas de luto pelas milhares de mortes e devastação.

A emissora também destacou a mobilização de pessoas necessária para a realização da festa: “Dada a volatilidade dos eventos mundiais, decidimos não avançar com os MTV EMAs de 2023 por precaução com os milhares de funcionários, membros da equipe, artistas, fãs e parceiros que viajam de todos os cantos do mundo para trazer o show para a premiação.''

A tensão no oriente médio, que mistura razões geopolíticas, históricas e religiosas há mais de 70 anos, reverbera não só no evento, mas também em várias manifestações que vêm acontecendo em países europeus — como Reino Unido, Alemanha e França. Alguns artistas se pronunciaram sobre a grave crise humanitária como Dua Lipa, Zayn e Selena Gomez.

Vitórias e surpresas 

Cantora brasileira Anitta à esquerda, escorada em uma trave branca vestindo um top e um short preto com detalhes brancos nas bordas, além de estar com um óculos escuros no cabelo, o qual está amarrado e por fim, está usando brincos de argolas prateadas. À direita, está o cantor coreano JungKook em pé em um cenário de fundo claro e chão escuro, vestindo um terno oversized preto, o qual está desabotoado, calça social oversized cinza clara e um sapato social tratorado preto.
Foto Anitta: Gabriela Schmidt - Foto Jungkook: Reprodução/Bighit Music

Representando o Brasil em uma das categorias principais, Anitta desbancou grandes nomes como Shakira, Bad Bunny e Rosália, levando a estatueta de melhor artista latino. A ganhadora de dois VMAs também estava indicada em Maiores Fãs ao lado de Billie Eilish, Olivia Rodrigo e BLACKPINK. No entanto, tal qual Melhor Grupo, a categoria não teve vencedores, visto que a votação aconteceria durante a cerimônia.

Além da nossa garota do Rio, o dono de sucessos como “Máquina do tempo”, “Quer Voar” e  “Anos Luz”, Matuê, fez história ao vencer em Melhor Artista Brasileiro. Concorrendo com Anavitória, Kevin O Chris, Luisa Sonza e Manu Gavassi, ele alegrou os apreciadores de trap.

Conhecida pelo grande número de vitórias, Taylor Swift fez jus à fama, e das 7 categorias em que havia sido indicada, faturou 3. Ainda colhendo os frutos do seu último projeto inédito, Midnights, ganhou em Melhor Vídeo com o clipe de  “Anti-Hero”, Melhor Artista ao Vivo e Artista do Ano.

Apesar de toda a expectativa com relação à loira, a categoria de Melhor Artista Americano ficou com Nicki Minaj, primeira mulher negra a levar o prêmio. A rapper ainda faturou Melhor Artista de Hip-Hop, superando Travis Scott e Cardi B.

Outro destaque foi a vitória da banda Måneskin em Melhor Artista de Rock e Melhor Artista Italiano. A banda, que viralizou em 2021 com o remake de “Beggin’”, canção do grupo The Four Seasons liderado por Frankie Valli, está cada vez mais conquistando os adeptos do Rock e se realçando no cenário musical. 

A consagração do projeto solo de JungKook, integrante da boy band sul-coreana BTS, fez com que o artista de 26 anos ganhasse em Melhor Artista de K-pop e na categoria de  Melhor Música com o smash hit 'Seven' em parceria com a rapper americana Latto. Reforçando a ideia global da premiação e o foco em diversidade, Peso Pluma ganhou em Melhor Artista Novo e a categoria de Melhor Colaboração ficou com o sucesso 'TQG' de Karol G e Shakira. Na recém criada categoria Afrobeats, o nigeriano Rema levou o prêmio.

Billie Eilish ganhou em Melhor Artista Pop, David Guetta em Melhor Artista Eletrônico, Lana del Rey como Melhor Artista Alternativo e,  superando a cantora SZA, Chris Brown acabou levando Melhor Artista de R&B. Por fim, o grupo de K-pop TOMORROW X TOGETHER faturou o prêmio de Melhor Artista Push.

Com alto custo e rejeição, alemães questionam a construção não finalizada do monumento da reunificação do país.
por
Natália Perez
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03/11/2023 - 12h

Em 3 de outubro de 2019 a Alemanha completou 30 anos da reunificação. Para comemorar a data, um monumento à liberdade e unidade de Berlim foi anunciado. Agora, quatro anos depois, a obra ainda não foi concluída e os custos para a construção só aumentam. Afinal, quem quer esse monumento? Não há consenso, para a maioria dos alemães a homenagem não faz sentido.

A ideia é uma balança que simbolize a união e a liberdade alemã. Nomeada como “Cidadãos em Movimento”, a gangorra deve inclinar-se conforme as pessoas se moverem em volta dela exibindo em sua curvatura o slogan de 1989: “Nós somos o povo. Somos um só povo".

A gangorra sozinha medirá 50 por 18 metros, que é somente 7 metros de largura a menos do que uma piscina olímpica. Segundo o escritório de design responsável, Milla & Partner, a previsão de custo era de 15 milhões de euros, mas ao início das obras o valor subiu para 17 milhões. Entretanto, desde o anúncio da construção, Monika Grütter, ministra de estadual da cultura, não confirmou mais os valores.

 

previsões monumento
Previsão do monumento “Cidadãos em Movimento” (Divulgação Milla & Partner)

 

“Todos os envolvidos estão a tentar garantir que o monumento seja concluído rapidamente”, disse um porta-voz do Ministro de Estado da Cultura, promotor do projeto, ao jornal alemão DW. Entretanto, ainda não há uma data para inauguração, e a única certeza é de que não será feita em 2023. Para Olaf Zimmermann, diretor do Conselho Cultural Alemão, o simbolismo da balança é desatualizado e a justificativa para o adiamento da obra é porque "ninguém quer isso”, principalmente dada as crescentes tensões entre os dois lados. 

O monumento nunca terminado, localizado em frente ao Fórum de Humboldt, gera confusão para os alemães que não entendem o motivo de sua construção. Além do alto custo, há uma grande rejeição ao conceito de uma balança, já que nenhum dos lados considera que o processo de reunificação foi justo ou balanceado. 

Em 2020, a fundação Bertelsmann Stiftung realizou uma pesquisa com maiores de 55 anos e descobriu que os alemães ocidentais querem mais reconhecimento pelo papel financeiro e econômico que desempenharam. Enquanto que os alemães ocidentais a acreditam que deveriam ter mais reconhecimento pela pacificidade do processo. Além disso, para 84% dos entrevistados as coisas que funcionavam bem no sistema soviético foram descartados injustamente. 

"Os entrevistados no leste muitas vezes sentem que nenhuma nova sociedade comum foi criada naquela época. Em vez disso, com a unidade, o sistema da Alemanha Ocidental apenas lhes foi imposto, ao qual tiveram de se adaptar", comentou a fundação Jana Faus, do Instituto de Pesquisa de Berlim, sobre os resultados da pesquisa. O estudo concluiu que mesmo após os 30 anos da reunificação, a ideia de unidade alemã não está completa.

 

Canteiro de obra do monumento em maio de 2023. Foto: Sven Darmer
Canteiro de obra do monumento em maio de 2023, ainda sem sinal da construção da "gangorra". Foto: Sven Darmer

 

A reunificação alemã teve um significativo impacto na política mundial para além dos anos 90, e sua influência pode ser usada para refletir sobre o atual estado de polarização mundial. “Eram dois extremos e ninguém acreditava que isso ia dar certo. Para mim foi rápido demais, faltou planejamento”, comenta Gabriele Gorg, professora de alemão nascida em Siegen (lado capitalista), em entrevista à AGEMT. Gorg participou de um grupo de professores organizado pelas universidades de Munique e Berlim que visitava as escolas da Alemanha Ocidental pensando em como diminuir a desigualdade entre as vivências. “O muro tinha acabado de cair, ainda nem tinha essa data 3 de outubro”, diz. 

mapa
Demonstração da divisão Alemanha Ocidental/Oriental. Imagem: BBC Brasil em "30 anos após a queda do muro de Berlim, 'barreira invisível' ainda divide a Alemanha em duas"

A maneira como foram encarados os desafios econômicos e sociais de integrar as duas economias em uma, deixou os alemães de ambos os lados insatisfeitos, com um sentimento de injustiça e de ter sido prejudicado em função do outro lado. “Kohl e Gorbachev estavam tão eufóricos em acabar com a divisão que fizeram de uma vez, sem pensar em todas as consequências. O choque foi muito grande. Até hoje, 30 anos depois, os salários ainda não são iguais”, explica a professora. 

A polarização atual envolve o ressurgimento do nacionalismo exacerbado em várias partes do mundo. Um exemplo disso no Brasil, é a monopolização de símbolos nacionais – como a bandeira – por militantes e políticos da extrema direita. Na Alemanha, a ascensão do partido político de extrema-direita AfD (Alternative für Deutschland – Alternativa para a Alemanha) causa preocupação nos partidos tradicionais, que se recusam oficialmente a cooperar por conta das visões radicais da sigla.

Em junho de 2023, pela primeira vez desde a fundação, o partido conseguiu eleger o líder distrital. Com 52,8% dos votos, Robert Sesselman foi eleito para governar o distrito de Sonneberg, no estado da Turíngia. A fragilidade da coligação que governo o país, formada pelos social-democratas, Verdes e os liberais (FDP), liderada pelo primeiro-ministro Olaf Scholz, é apontada como fator importante para o crescimento recente do AfD. Ainda sim, a aproximação do partido com o passado nazista impacta a imagem diante da população. 

Passadas décadas da reunificação, suas implicações continuam a afetar o país, interna e externamente. O desafio alemão, para além da obra do monumento, é a criação de uma identidade concreta, que possa levar a Alemanha a um papel importante no debate global sobre a polarização que afeta questões econômicas, políticas, sociais e ambientais.

 

De acordo com as autoridades locais, já são mais de mil mortos e milhares de feridos entre palestinos e israelenses desde o último sábado (07).
por
Artur Maciel Rodrigues
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09/10/2023 - 12h

 

(Predios destruidos em Gaza após ataque israelita, foto:reuters)

No sábado (07), o grupo Palestino Hamas fez um ataque surpresa a 22 cidades em Israel. A invasão iniciou com dois mil mísseis que passaram pela proteção antiaérea da faixa de Gaza, na região sul do país. Logo após a ofensiva, o Primeiro-Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou guerra ao grupo militante. “O que aconteceu hoje nunca vimos antes na história de Israel[...] Estamos em guerra. Nós venceremos, mas o preço será alto”, afirmou o chanceler.

 

A ação do Hamas, intitulada como "Operação Dilúvio Al-Aqsa", se expandiu com a presença de militantes nas diversas cidades do país, com relatos de pessoas se trancando em casa por causa do ataque. Segundo a imprensa local, cerca de 100 israelenses, entre cidadãos e soldados, foram feitos de reféns e levados para a faixa de Gaza. O porta-voz militar de Israel, Jonathan Conricus define que: “alguns estão vivos e outros já são considerados mortos” 

 

O governo Israelense retaliou o ataque e organizou bombardeios ainda no sábado (07), que terminou com a morte de 230 palestinos e mais de seis mil feridos. Em entrevista para o canal Al Jazeera, o vice-chefe do grupo Hamas, Saleh al Arouri afirmou que o objetivo do grupo é "matar e capturar muitos soldados israelenses". "Quanto mais os combates continuam, maior será o número de capturados”, falou al Arouri.

 

Em 24 horas o número de vítimas já passou de mil. Na manhã de domingo (08), o IDF (sigla em inglês para Força de defesa de Israel) disse que atacou com drones pontos de foco do Hamas. Mais tarde, no mesmo dia, uma rave - evento de música - foi atacada pelo Hamas, com cerca de 260 mortos, segundo o governo de Israel.

 

O primeiro-ministro israelense declarou que as forças militares do país iriam agir. "Digo ao povo de Gaza: saiam daí agora, porque estamos prestes a agir em todos os lugares com toda a nossa força", disse Netanyahu.

A ofensiva militar do grupo Hamas veio logo após o aniversário de 50 anos do início da guerra de Yom Kappur, em 06 de outubro de 1973, quando Israel combateu a Síria e o Egito, resultando em uma das mais violentas guerra do estado judeu. Esse foi o último conflito árabe-israelense até a guerra atual.

 

O Hamas, sigla para Harakat al-Muqawama al-Islamiya, que significa Movimento pela Resistência Islâmica, é um grupo palestino islâmico formado em 1987. O grupo é um forte partido político palestino, e venceu as eleições de 2006, derrubando o rival Fatah. O poder militar do grupo detém a indústria armamentista de Gaza, que está sob seu controle desde 2007. 

O governo israelense é contrário ao reconhecimento do Estado Palestino. No início do ano, em Jenin, 12 palestinos foram mortos, onde houve uma ação militar por causa de um projeto de planificação do solo, que danificou 80% das casas. Também houve aumento nas restrições de adoração na mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém. 

 

De acordo com o monitor do Oriente Médio estão na prisão mais de cinco mil palestinos, contando com o político Marwan Barghouti. Pelas ações e o regime de segregação, a Organização das Nações Unidas classificou a situação entre palestinos e israelenses como regime de Apartheid em 2022.

 

No cenário mundial, os Estados Unidos, Reino Unido Japão e alguns aliados classificam o grupo Hamas como terrorista. Os britânicos justificam a classificação pelos "ataques indiscriminados contra Israel".


No entanto, a classificação não é unânime. Países como Brasil, China, Rússia, Turquia e Noruega, adotam posicionamento neutro sobre o grupo islâmico. Na maioria dos casos, a denominação de um grupo como terrorista vem da ONU, contudo, a organização não assumiu um posicionamento, ficando dependente dos critérios de cada país. 

A Noruega já tentou mediar processo de paz entre israelenses e palestinos. O Brasil e a China, apoiam que para paz é necessário a criação de dois Estados independentes: o da Palestina e o de Israel.

Com a escalada militar na região, diversos chefes de Estados repudiaram a ofensiva contra Israel. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, condenou o ataque e falou em "todos os meios apropriados de apoio" para o Governo de Israel. Maria Zakharova, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, afirmou que o país espera um acordo de cessar-fogo. "Apelamos aos lados palestinos e israelense para que implementem um cessar-fogo imediato, renunciando à violência", disse a porta-voz.

 

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, condenou as ações e prestou solidariedade às vítimas. "Ao expressar minhas condolências aos familiares das vítimas, reafirmo meu repúdio ao terrorismo em qualquer de suas formas”, publicou em uma rede social. O presidente ainda afirmou que o Brasil não irá poupar avanços para evitar a escalada do conflito.

 

No domingo (08), o Brasil - país que preside o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) - convocou uma reunião de emergência com todos os membros para tratar do tema. O encontro aconteceu a portas fechadas em Nova York, nos Estados Unidos, e terminou sem um comunicado oficial sobre a situação. O Conselho pode voltar a se reunir a pedido de um dos membros.

A eleição do novo chefe de estado acontece em outubro, mas os pré-candidatos já foram definidos e serão votados pelos argentinos na primeira quinzena de agosto.
por
Artur Maciel Rodrigues
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01/08/2023 - 12h

 

 

A votação prévia das eleições na Argentina acontecerá em 11 de agosto, depois, os candidatos eleitos pelas coligações disputarão o pleito em 22 de outubro e, caso seja necessário, haverá um segundo turno em 19 de novembro. Assim como no Brasil, a votação no país vizinho é obrigatória. 

 

No país as coligações são obrigadas a fazer uma votação primária, antes do primeiro turno. Essa votação é conhecida como Pisa (Primárias Abertas, Simultâneas e Obrigatórias) nela os eleitores escolhem a coligação em que irão votar, por isso é considerado um grande termômetro para a corrida presidencial. 

 

Os argentinos irão escolher membros do Congresso Nacional, governadores das províncias e o seu novo presidente neste ano. O embate presidencial deve se concentrar, novamente, entre o peronismo de esquerda (populismo baseado na figura de Juan Perón) e a centro-direita.

 

Sérgio Massa, ministro da Economia e candidato à presidência. Foto: Reprodução
Sérgio Massa, ministro da Economia e candidato à presidência. Foto: Reprodução

Sérgio Massa, é o candidato governista e concorrerá pela coalizão “União pela Pátria”, Agustín Rossi foi escolhido como seu vice. Sérgio é o atual ministro da Economia e lida com a grande dívida externa da Argentina, que é um dos principais temas nesta eleição. O último empréstimo feito ao Fundo Monetário Internacional (FMI), pelo país, foi de 56 bilhões de dólares e após uma recente renegociação a dívida passou a ser de 45 bilhões.

 

Horácio Larreta, prefeito de Buenos Aires, e Patricia Bullrich, ex-ministra da Segurança, disputam pela mesma coligação, o “Juntos pela Mudança”. Foto: Reprodução.
Horácio Larreta, prefeito de Buenos Aires, e Patricia Bullrich, ex-ministra da Segurança, disputam pela mesma coligação, o “Juntos pela Mudança”. Foto: Reprodução.

 

Horácio Larreta, prefeito de Buenos Aires e Patricia Bullrich, ex-ministra da Segurança, estão a frente dos “Juntos pela Mudança”, que nasceu da coligação entre um partido de direita tradicional, a União Cívica Radical, e o partido criado pelo ex-presidente Mauricio Macri, o Proposta Republicana (PRO). 

 

 

Representante da extrema direita argentina, Javier Milei, é candidato pelo “A Liberdade Avança”. Foto: Reprodução
Representante da extrema direita argentina, Javier Milei, é candidato pelo “A Liberdade Avança”. Foto: Reprodução


 

A direita ultra-liberal também concorrerá a uma vaga no pleito, seu representante será Javier Milei, candidato do “A Liberdade Avança”. Milei foi eleito deputado federal em 2022, tem 52 anos e é dono de uma retórica exaltada.

 

Algumas das suas propostas geraram grande polêmicas, como a extinção do Banco Central Argentino e o fim do ensino público obrigatório. Crítico ferrenho de políticos tradicionais, economistas convencionais e à mídia em geral conquistou a imagem de candidato anti semita. Apesar disso, Mieli vem ganhando espaço nas mídias de direita, como no canal consevador  La Nación. 

 

Tomaz Paoliello, professor de Relações Internacionais da PUC-SP, considera importante observar o cenário recente de eleições de candidatos conservadores a presidência e que é preciso “levar a sério” a candidatura do ultra-liberal: “Milei vem crescendo nas pesquisas recentes, tendo vivido a eleição de Trump e de Bolsonaro, é preciso levar a sério sua candidatura, então estou entre os que acreditam na possibilidade da vitória dele, embora seja cedo para afirmar favoritismo de qualquer lado."



 

Após 9 anos de uma fracassada e longa intervenção francesa, países do Sahel buscam novos parceiros na luta contra o terrorismo.
por
Francisco Barreto Dalla Vecchia
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12/06/2023 - 12h

No dia 20 de abril 136 civis foram mortos no vilarejo de Karma no Burkina-Faso, testemunhas relataram que o crime foi cometido por soldados do governo. As autoridades condenaram o massacre e prometeram investigações. A ONU e a União Africana exigem que o governo da capital, Uagadugu, garanta investigações independentes e confiáveis.

Burkina Faso enfrenta uma espiral de golpes de estado: o último ocorreu em setembro de 2022, instituindo o jovem Capitão Ibrahima Traoré de 35 anos como Presidente de transição. Em seu discurso de posse, Traoré reiterou seu objetivo: "Pelo meu país lutarei até ao meu último suspiro", prometendo recuperar os 40% do território dominado por grupos terroristas.

O Massacre de Karma

Moradores de Karma relataram que às 7:30 da manhã do dia 20 de abril comboios de supostos soldados do exército Nacional alcançaram a vila. Após cercarem o vilarejo, os homens seguiram de casa em casa, saqueando-as e violentamente reunindo os aldeões em grupos, para então fuzilá-los. Os assassinos foram embora às 14:00, deixando 83 homens, 28 mulheres e 45 crianças mortas.

“No meu grupo éramos mais de 30. De repente, começaram a atirar. Eu estava deitado de barriga para baixo após o primeiro tiro. Eu estava molhado com o sangue dos corpos dos outros. Fiquei imóvel, apavorado, até que os soldados foram embora. Dois deles voltaram para acabar com aqueles que estavam se movendo e ainda vivos. ” Declarou um dos sobreviventes à Human Rights Watch.

O povoamento se encontra em uma área de atuação da Al-Qaeda e do Estado Islâmico no Grande Saara. No dia 15 de abril jihadistas mataram seis soldados burquinenses e 34 combatentes de milícias pró-governo na aldeia de Aeroma, localizada a poucos quilômetros de Karma. Os moradores de Karma relataram que os ataques do dia 20 foram uma retaliação por parte do exército nacional que acreditava que os aldeões estariam dando suporte a combatentes extremistas. 

“Vi uma pilha de cadáveres de mulheres e crianças. Os recém-nascidos ainda estavam nas costas de suas mães. Havia tantas crianças. Foi uma cena horrível. ” Explica um residente.

Ao todo 12 celeiros,17 currais e 40 casas foram incendiados. Um descreve a destruição para os agentes da Human Rights Watch: “Vi pelo menos 25 casas queimadas, tudo dentro era apenas cinzas. Também observei que os currais dos animais foram incendiados, com os animais também queimados. ”

As guerras invisíveis do Sahel

mapa do Sahel.
O Sahel separa o deserto do Saara das savanas ao sul: sendo uma região transitória que divide o continente africano. fonte: infoescola.

Grupos extremistas florescem em regiões instáveis. O declínio do terrorismo no Oriente Médio entre os anos de 2016 e 2019, obrigou estás organizações a transferirem suas atuações para áreas mais voláteis e com menos visibilidade internacional.

A instabilidade político-social endêmica no Sahel, somada às suas fronteiras porosas e desprotegidas, atraíram a atenção de grupos jihadistas. A região presenciou mais de 800 ataques apenas em 2021. O relatório do Índice Global de Terrorismo de 2023 apontou que o território é o atual epicentro do terrorismo internacional. Boris Cheshirkov, o porta-voz do Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), informou que cerca 2,1 milhões de pessoas foram deslocadas de suas casas entre os anos de 2013 e 2021 no Sahel. A crise migratória é consequência da atuação de grupos paramilitares na África subsaariana.

O Mali foi o primeiro país da região a enfrentar a insurgência de grupos rebeldes. A porção norte do país, conhecida como Azauade, é o lar da etnia Tuaregue, que desde a década de 1970 busca sua independência. 

 O ex-líder líbio Muammar Gaddafi contratou mercenários Tuaregues durante a invasão americana da Líbia em 2011. Após a derrota do regime líbio em 2012, os combatentes se apossaram das armas fornecidas e regressaram ao Mali decididos a garantir a independência do Azauade, fundando assim, o Movimento Nacional de Libertação do Azauade (MNLA). Células terroristas locais como a Al-Qaeda do Magrebe Islâmico (AQMI) e o Estado Islâmico no Grande Saara (ISGS) se aliaram ao MNLA. No início a colaboração era benéfica para ambas as partes, mas com o passar do tempo os separatistas Tuaregues perderam força e espaço para os terroristas. 

A guerra civil do Mali combinada com a abundância de armas traficadas da Líbia trouxe insegurança para todo o Sahel. A instabilidade foi favorável para que a atuação fundamentalista avançasse rumo às nações vizinhas. Em 2015 o conflito cruzou a fronteira rumo ao Burkina-Faso. Os militares que desfrutam de grande influência política tentam controlar a instabilidade por meio de golpes: somente no ano passado dois foram executados, mas a situação não melhorou.

Conforme o último relatório do Institute for Economics and Peace (IEP), Burkina-Faso é o segundo país que mais sofre com o terrorismo no mundo com trezentos e dez incidentes terroristas ocorridos em 2022, atrás apenas do Afeganistão. Desde que a instabilidade começou mais de 8.564 pessoas já morreram.

Revezamento de metrópoles

A operação Serval, liderada pela França e com o apoio logístico de outros países ocidentais, foi uma intervenção militar no Mali iniciada em janeiro de 2013. Segundo François Hollande – presidente francês da época – a ação foi uma resposta ao apelo do presidente malinês, Dioncounda Traoré, diante do avanço terrorista no norte do país. Em agosto de 2014 o governo francês encerrou a operação Serval e deu início a operação Barkhane, que expandia a atuação para Burkina-Faso, Chade, Níger e Mauritânia.


O número de atentados progressivamente subiu durante a intervenção estrangeira, enquanto grupos terroristas passaram a recrutar cada vez mais combatentes. O relatório anual de 2020 do Projeto de Dados de Localização e Eventos de Conflitos Armados (ACLED) indicou que somente naquele ano, as forças de segurança intervencionistas mataram mais civis em Mali e Burkina Faso do que os grupos insurgentes. 


A população não entendia como uma superpotência poderia demorar tanto para derrotar milícias regionais. A ocupação militar francesa foi desaprovada por muitos cidadãos, que temiam que a antiga metrópole colonial estivesse interessada na exploração das riquezas naturais malianas. O posicionamento adotado pela antiga metrópole de não realizar negociação com jihadistas era impopular entre muitos malineses cansados da violência. 

Em janeiro de 2020 um ataque aéreo francês ceifou a vida de 22 civis que celebravam um casamento na Vila de Bount, no Mali. Durante os nove anos de operação diversos incidentes parecidos ocorreram, agravando ainda mais a impopularidade da participação francesa. 

Manifestantes com bandeiras da Rússia e do Burkina Faso.
Manifestantes exibem bandeiras da Rússia e do Burkina-Faso. Fonte: Foreign Policy

Em agosto de 2020, uma junta militar antiocidental e pró-Rússia realizou um golpe de estado no Mali, nomeando o líder do complô, Bah N'Daw, como presidente. O novo governo militar  procurou diversificar o apoio estrangeiro na guerra contra o terror, se aproximando cada vez mais da Rússia. Em dezembro de 2021 as primeiras tropas do grupo Wagner desembarcaram no país. A força paramilitar de origem russa foi fundada em 2014, mas ganhou fama somente no início da invasão da Ucrânia de 2022.  


A nova política adotada pelas autoridades do Mali desagradou os franceses: "não seremos capazes de coabitar com mercenários" – reiterou Florence Parly, ex-ministra das forças armadas – indicando o inevitável fim da colaboração. No dia 8 de agosto de 2022, o último contingente da operação Barkhane deixou o Mali. Em 24 de janeiro de 2023, às autoridades do Burkina-faso também solicitaram a retirada das tropas francesas de seu território. Moscou já detém grande influência na África Central, procurando agora ocupar o "vácuo" de poder deixado após o fracasso francês na pacificação do Sahel. 

A Assembleia Geral das Nações Unidas de março de 2022 foi realizada no calor da invasão à Ucrânia. Na ocasião foi discutida uma resolução que exigia a retirada imediata, incondicional e total das tropas russas do território ucraniano, 141 dos 193 países membros votaram a favor. Os votos dos países africanos explicitaram o poder que a Rússia possui no continente. Entre os países que se abstiveram, 17 são africanos, sendo que a Eritreia votou contrariamente à proposta.