O diretor Luca Guadagnino leva ao público o longa-metragem Challengers (Rivais, na tradução brasileira), lançado no Brasil na última quinta-feira (25). Tendo dirigido outros sucessos como “Me Chame Pelo Seu Nome” e “Até os Ossos”, Guadagnino dessa vez aborda o triângulo amoroso dos três tenistas Tashi Duncan (Zendaya), Art Donaldson (Mike Faist) e Patrick Zweig (Josh O'Connor).
Na trama, a ex-prodígio Tashi Duncan era um dos nomes mais promissores do mundo do tênis, até sofrer uma lesão ainda em seu período de ascensão, que a impediria de voltar para as quadras. Ainda quando nova, ela conhece os aspirantes a tenistas Patrick Zweig e Art Donaldson, que futuramente torna-se marido de Duncan.
Em uma história em que o passado alcança o presente, Tashi torna-se treinadora de Art, tornando-o vencedor de um Grand Slam – maior premiação do tênis –, mas após uma sequência de derrotas, a única estratégia que o casal encontra é uma partida contra Zweig, ex-amigo de Art e ex-namorado de Tashi. Envolta em polêmicas e tensões de seu passado e presente, Tashi Duncan encontra-se em meio a antigas rivalidades e um trisal dentro desse romance esportivo.
O filme vem sendo um sucesso, tanto pela crítica quanto pelo público, já tendo arrecadado 2,6 milhões de dólares mundialmente até o dia 26 de abril. Contando com um elenco de peso, Challengers é protagonizado por Mike Faist (“Amor Sublime Amor”), Josh O'Connor (“The Crown”, “Peaky Blinders”) e Zendaya (“Euphoria”, “Duna”), que também leva o título de produtora do filme.
Com performances envolventes e surpreendentes, Challengers nos faz simpatizar com personagens que possuem algumas das atitudes mais questionáveis e até mesmo torcer pelo seu sucesso. Mostrando o passado e presente de um relacionamento turbulento entre as personagens principais, a trama aborda os percalços do mundo esportivo e expande o conceito de competitividade e estratégia para fora das quadras.
Em uma trilha sonora que conta com produções originais de Atticus Ross e Trent Reznor, além de músicas de outros artistas, como é o caso de “Pecado” de Caetano Veloso, o filme nos deixa ansiosos e na ponta da cadeira aguardando as mais inesperadas decisões dos personagens, deixando o público de queixo caído com cenas inesperadas e instigantes. Dentro de quadra, tudo passa a envolver todas as intimidades vividas fora do campo pelos tenistas.
Guadagnino faz o uso do tênis como ferramenta de expressão dos sentimentos e as dinâmicas dos relacionamentos dos personagens ilustram as obsessões e os desejos e, junto da instigante trilha sonora, leva o público a perceber os diferentes olhares, etapas e situações das vidas envolvidas na história. Tudo torna-se “um jogo” e toda raquetada na bola é reflexo das ações fora de quadra onde a partida se mescla com as conversas entre as personagens.
A partir de um final um tanto quanto inconclusivo, Challengers é uma obra que aborda originalmente toda essa competição – dentro e fora das quadras, as paixões – platônicas ou não – e traz toda uma nova euforia para aqueles que, até então, não se interessavam pelo mundo do tênis.
lA noite de sábado, 13 de abril, foi marcada por visuais que vislumbravam a ideia de futuro que a Forca Studio desejou transmitir, e já na abertura tivemos a atriz e modelo Vitória Strada com um drone ao seu lado. O desfile foi marcado por três blocos: Office - com foco em peças corporativas, de alfaiataria; Sport - uma colaboração com a marca esportiva italiana Kappa, com a presença de camisas de time, bonés e chuteiras, totalmente focada no streetwear; e Noite - com roupas festivas, de paetês e peças de couro. Cada uma dessas fases era acompanhada de um pequeno vídeo antes dos modelos entrarem na passarela.
A marca nasceu em 2022, oriunda da amizade da estilista Vivi Rivaben e do DJ Silvio de Marchi, conhecido por agitar as noites paulistanas. O nome surgiu dos próprios criadores como uma forma de retratar as minorias da sociedade. Para a revista L’Officiel, eles disseram ‘’sempre fomos mandados para a forca por ser quem somos. Decidimos tomar e virar essa forca para o outro lado.”
O ator Pedro Novaes, filho dos atores Letícia Spiller e Marcello Novaes, fez sua estreia na passarela da SPFW, e contou para o portal Elas no Tapete Vermelho, que sempre teve vontade de modelar, mas tinha a sensação que nunca era o momento ideal, e que naquele dia, conseguia se sentir preparado para o novo ofício, não só fisicamente como também mentalmente. A atriz, modelo e ex-BBB, Yasmin Brunet, retornou após 12 anos fora desse universo, e disse que apesar de sua vasta experiência, ficou nervosa. Sua mãe, também modelo, Luiza Brunet, já lhe deu diversos conselhos, como beber água e descansar bastante, e ela revela que não segue-os à risca da maneira como deveria! Já, Vitória Strada, estava há oito anos fora, mas ainda sim, mantinha uma boa relação com a marca, então, quando surgiu o convite, não pensou duas vezes.
A principal proposta da grife foi evocar uma ideia de como eles imaginam que será o futuro. Além do drone, teve também a inclusão de um cão-robô que desfilou junto de um modelo. E pode parecer apenas uma excentricidade passageira, mas na verdade, foi uma simulação de um lembrete perturbador do que realmente está em jogo. Será que, no futuro, veremos os animais, de uma maneira geral, sendo substituídos por máquinas? Se sim, que tipo de mundo estamos construindo? Um onde a natureza é reduzida a uma mera conveniência tecnológica? E a realidade não está tão distante; temas que o evento não tratou neste ano.
E quanto aos seres humanos? Será que estamos caminhando para um cenário digno de "Metropolis" (filme de 1927, dirigido pelo cineasta alemão Fritz Lang), onde os seres humanos são subjugados ao papel de servos de uma tecnologia dominante? A moda está intrinsecamente ligada aos valores e as aspirações de uma sociedade, podendo, por vezes, acidentalmente, apresentar uma visão de um futuro distópico. No entanto, a realidade é que essa visão pode se concretizar em um amanhã que mora logo ali. E por fim, pode-se dizer que nem mesmo a mais eficiente das ciganas seria capaz de desvendar o curso dos acontecimentos da contemporaneidade.
É confortável escrever sobre o que já conhece. Mas o jornalismo não precisa ser confortável. Na verdade, não deve. A imprensa não sobreviveu a ferro nos anos de chumbo sendo confortável - ainda que também exista esse papel. É preciso renovar os votos de Gutemberg, lá do século XV, e levar a notícia às mãos de quem ainda não a tem nos ouvidos. Não tomem como exemplo a mecanização, justamente para não cair na esteira das máquinas. Você não é uma.
Nem eu. Por isso este texto. É cansativo enxergar tantos sonhadores desistindo de si ainda no começo da caminhada. Existe todo um sistema envolvido nessa mentalidade, de fato, mas não precisamos fugir. Não daqui. O jornalismo não é válvula de escape, é o motor do carro. É a imprensa que aciona o povo às pautas que não chegaram a ele. Então por que se prender ao que já aparece?
Claro que é justo cobrir o que já tem cobertura, até porque o ineditismo é privilégio de poucos. Mas não dá pra ignorar o que já é ignorado. Se não, a quem estaremos servindo a notícia? E o quê? Pense num restaurante que serve o mesmo menu todos os dias, e tudo que varia é o preço. É confortável, é conhecido, e se continua aberto é porque funciona, é verdade. Só não precisa ser o único restaurante aberto.
Ouça as vozes que não têm ouvidos, nem que seja para uma aspa de duas linhas ou uma. Busque a informação na fonte. Deixa o sofá esfriar. Abra os ouvidos, desacostume os olhos. Você vai enxergar tudo diferente. Às vezes, a pauta nasce com um rosto e envelhece com outro.
Permita-se surpreender, perguntar o que ainda não foi respondido porque ninguém perguntou. Tem muita história pra pouco contador. Não precisa colher todas de uma vez. E nem escrever tudo pra todos.
Um texto às vezes é para uma pessoa só. Não parece, mas é permitido. A regra é não deixar falhar a caneta. A tinta precisa aparecer por completo, sem deixar dúvida. Fato por fato, olho no olho, queixo erguido e nariz deitado. Nada é grande demais que não caiba na ponta de uma caneta.
Inclusive, nenhum sonho é grande demais. Pode ser que o resultado não alcance as proporções que se almejava, mas isso não cabe a um. A diferença se faz no coletivo, na pluralidade de um povo que não se homogeniza e faz acender a individualidade de cada célula que mantém o corpo vivo.
O mundo não precisa de mais profissionais quadrados, condicionados à fórmula do um mais um iguala em dois. A Terra vai continuar girando, com ou sem a gente. O que vale aqui é o que fizer o seu mundo girar. O que te acender os olhos. O que fizer a sua caneta dançar na mão. Escrever sem amarras, sem precisar seguir um padrão que não te cabe e não tem que fazer caber. Peça que não encaixa não completa quebra-cabeça.
E a nossa cabeça está em formação, faminta por oportunidades de crescer, de alcançar, de realizar, de ser o que tanto projetava com a cabeça sobre o travesseiro. Nosso teto é mais alto do que parece. A gente é mais do que um peão de notícias.
A gente é um coletivo de vozes. Então façam-se ouvir. Doa a quem doer. Demore o que demorar. Escrevam sobre o que quiserem, e porque querem. Aproveitem. Não existem tantos lugares com esta oportunidade. A gente só é a gente porque você compõe este plural.
Por isso, faz um favor? Não esquece do que está na sua frente. Se for a sua vontade cobrir o que já tem cobertura, faça isso, mas faça do seu jeito. Dê motivo para o seu nome estampar a matéria. Torne-a sua, reclame-a ao seu gosto. Mas faça. Produza. Não deixe pra outra pessoa escrever.
Se não a gente, quem?
Weider Silveiro, estilista piauiense, que fundou sua marca homônima em 2002, apresentou nesta edição da SPFW, uma coleção que exaltava a beleza africana sem deixar de lado as técnicas artesanais,que contavam com a presença de bordados e crochês. O estilista que participou durante quinze anos da ‘Casa de Criadores’, e é um dos idealizadores da Célula Preta - um coletivo organizado por estilistas negros da Casa de Criadores, com o propósito de fornecer equidade de oportunidades a esse grupo em relação aos branco - embalou seu desfile ao som de batuques.
As modelos desfilaram na passarela vestindo tons terrosos, com toques de amarelo e verde-água. Apostando em cinturas bem marcadas, a coleção também carregava tecidos fluidos, sem deixar o streetwear de lado (sua marca registrada!). Vestidos com franjas, conjuntos de alfaiataria com bolas penduradas, estampas da Vênus Grega em algumas peças, e até chegou a resgatar uma técnica chamada ‘panejamento’, que significa dar volume a partir de novas sobreposições e amarrações nas roupas.
Rafael Caetano
Homenageou o escritor modernista Mário de Andrade em uma coleção chamada ‘Intransitivo’, que a partir do instrumental da canção de Tom Jobim, ‘Carinhoso’, tocado para embalar o desfile, os modelos transitaram na passarela usando lurex, peças em cetim que continham estampa de pássaros, calças e camisas listradas. Essa é uma das primeiras vezes que o estilista paulista, especializado em moda masculina, se debruça sobre uma personalidade concreta para inspiração de suas criações. Sem deixar de lado sua marca registrada de pele à mostra, essa coleção de Caetano abaixou um pouco o tom de suas anteriores. As referências a obra de Mário de Andrade se dava através da transposição com símbolos marcantes da capital paulista.
Catarina Mina, marca cearense criada por Celina Hissa há catorze anos, tem como foco desde o começo de sua história a produção handmade de crochês. E a coleção ‘ Guardiãs da Memória’, apresentada na noite desta sexta-feira não poderia ser diferente, reverenciando as artesãs do Ceará, que estavam presentes no evento e, ao final, receberam aplausos da plateia.
A protagonista do dia, foi a renda labirinto - uma técnica que se encontra quase que em extinção, e só é praticada pelas costureiras mais antigas, pois é algo considerado muito difícil de executar. Além disso, usou palha de uma árvore chamada carnaúba e do croá - extraída de palmeiras. Usou e abusou do crochê, do bordado, da marchetaria, da alfaiataria feita de seda e de linho.
Thear, marca inaugurada pelo goiano Theo Alexandre especializada em fibras naturais, como algodão e linho, impactou com a coleção denominada Elementos". Nela foi exaltado a beleza natural do cerrado. A silhueta marcada em forma de corset ou simplesmente pela modelagem e os os diferentes tipos de corpos foram destaque, assim como as peças que visavam o conforto. As cores transitavam do neutro para simbolizar as paisagens da região do Centro-Oeste, e o vermelho que ilustrava as flamas do calor exacerbado que vêm dilacerando o segundo maior bioma do país.
Walério Araújo, etiqueta vanguardista que habita o cenário da moda nacional há 30 anos.
Consagrou-se pelos acessórios de cabeça, e era o queridinho da cantora Rita Lee. Trabalha com frequência criando adereços para a compositora Gaby Amarantos, Marisa Monte, Cléo, Pabllo Vittar, entre outras. E, já desenhou roupas para a apresentadora Sabrina Sato, a cantora Ivete Sangalo, a jornalista Glória Maria, etc.
É famoso pelo seu estilo excêntrico e pela sua mente brilhantemente criativa. Suas últimas coleções tiveram como inspiração a personalidade famosa, Ehlke Maravilha, e a Astrologia, onde cada modelo representava um signo do zodíaco.
Nesta edição, transformou a passarela do shopping em um tributo às suas raízes nordestinas e a matriarca da família, sua mãe. O compasso do desfile foi marcado pela canção ‘As Andorinhas’ da banda sertaneja Trio Parada Dura, ritmo musical que sua mãe aprecia.
Coincidência ou não, a data do desfile calhou de ser no mesmo dia em que completou 54 anos de vida. As modelos vestiam trajes de gala no melhor estilo que Walério sabe oferecer, com balões estampados nos vestidos pretos de gala, estampas de porcos que remetiam a um período de sua infância, peças verdes que faziam alusão a samambaias e espadas-de-são-jorge, ambas plantas que sua mãe vendia e ele ajudava.
O cuscuz e o ovo frito, comidas que com forte apelo nostálgico para o estilista, foram retratadas de uma maneira ousada, usando tule e vinil. Uma parcela das peças continham retratos de família com porta-retratos acoplados nas roupas. Os cabelos de algumas modelos eram estilizados igual ao que sua mãe costuma usar, com muito laquê adornado com lenço que seguia a mesma estampa do vestido.
Para finalizar a noite, Walério apagou as velinhas em uma festa privada para amigos e clientes em um dos endereços mais badalados do centro histórico de São Paulo.
Martins, criada por Tom Martins, com foco em peças oversized, trouxe uma coleção dividida em dois momentos. A atriz Agatha Moreira abriu o desfile e fez seu retorno à passarela após dez anos fora. Em contrapartida, o ator Rodrigo Simas fazia sua estreia.
O primeiro ato, se baseou no estilo marinheiro, com listras azul e branco, lenço amarrado na cabeça dos modelos como se fossem piratas, os colares eram conchas em formatos diversos, e os brincos continham pérolas.
No segundo, o punk rock dominou. A maquiagem das modelos era marcada por olhos pretos com aplicações de piercings fake. Os acessórios iam de meias arrastão com tênis all star preto e coturnos a cintos de oncinha e colares prateados de correntes. As roupas mesclavam camisetas de banda do estilo como Sex Pistols, Misfits, The Runaways com saias de tule com babados na ponta, cintos coloridos e grandes de ilhós e uma padronagem que visava totalmente o maximalismo. Uma das novidades da marca neste ano, foi que algumas estampas foram feitas por meio de uma IA (Inteligência Artificial).
Durante a primeira semana de abril (3 a 7), o SP-Arte, uma das mais renomadas feiras de arte da América Latina, abriu suas portas para colecionadores, entusiastas e curiosos do mundo da arte.
Realizada anualmente na cidade de São Paulo, Brasil, a feira comemorou nesta edição 20 anos de trajetória no Pavilhão da Bienal e reuniu, mais de 190 expositores, como galeristas, colecionadores, entusiastas da arte e artistas consagrados e emergentes, proporcionando um panorama abrangente e diversificado do cenário artístico contemporâneo.
Com uma curadoria extensa e variada de obras que exploravam diferentes técnicas, estilos e temáticas, incluindo pinturas, esculturas, mobiliários, fotografias e instalações, a SP-Arte contribui significativamente para o fortalecimento do cenário artístico nacional e internacional.
A feira conta com exposições de doze países: Argentina, Brasil, Bolívia, Colômbia, Estados Unidos, Espanha, França, Inglaterra, Itália, México, Noruega e Uruguai.
O artista carioca Gabriel Wickbold — que participa da SP-Arte pela sétima vez este ano — revelou para a AGEMT o processo de criação de sua exposição: "Esse ano eu estou apresentando uma série inédita, chamada Maze, que é o labirinto. São fotografias antigas, distorcidas e impressas sob mangueiras de incêndio. Depois eu desmancho e tranço elas pra esconder certas partes e mostrar certas partes".
"Essa série fala sobre a nossa hereditariedade, o que a gente carrega de carga genética, e como a gente traz luz para esses espaços, para poder quebrar os ciclos de repetição da nossa vida", disse ele, sobre sua conexão com o tema.
Gabriel explicou que a série é inédita, e completou: "Está sendo muito legal, porque é bem diferente de tudo que eu já fiz. Um outro suporte, um outro tipo de imagem. E as pessoas estão, assim, impressionadas por eu ter me re-colocado de uma forma tão diferente"
Além das obras exibidas, o evento ofereceu uma programação diversa de palestras, debates e programas educacionais, promovendo o diálogo e a troca de ideias no campo da arte. Esse ambiente de troca de conhecimento enriquece ainda mais a experiência dos visitantes e contribui para a construção de um diálogo crítico e enriquecedor.
Este ano, o foco recaiu sob a expressão artística como forma de reflexão e diálogo com questões sociais, políticas e ambientais, refletindo a diversidade e a complexidade do mundo atual.
Na vigésima edição da SP- Arte, fica evidente que a arte contemporânea continua a desafiar fronteiras e inspirar novas formas de expressão, consolidando São Paulo como um centro vital para o diálogo artístico global.