Na última sexta-feira (08), o intérprete carioca desembarcou em São Paulo, mais especificamente, no Tucarena, após uma temporada de sucesso no Rio de Janeiro, no Teatro Poeira, para apresentar o espetáculo “Todas as Coisas Maravilhosas”, sob direção de Fernando Philbert.
A trama se concentra em um garoto de sete anos que, ao notar que sua mãe está lutando contra a depressão, cria uma lista e enumera tudo o que, aos seus olhos, é maravilhoso. Seu objetivo é ajudá-la a reencontrar a alegria de viver. Conforme ele cresce, acaba sendo confrontado com os impactos que o estado mental de sua mãe teve sobre ele, refletindo sobre como isso o afetou.
A interação entre ator e espectador se mostra bastante evidente, e é justamente através dessa conexão que a performance evolui. Embora possa parecer um monólogo, a presença de Kiko somada à disposição da plateia em engajar-se na experiência, compõem e complementam as cenas, fazendo com que o ator improvise em diversos momentos.
O espetáculo aborda temáticas desafiadoras e complexas, com muita delicadeza e de forma sutil, ao mesmo tempo que incorpora nuances de humor, às vezes em um sentido até autodepreciativo, e que enriquecem a narrativa ao longo de seus setenta minutos.
É necessário enaltecer o trabalho magistral de Kiko, que, apesar de sua estatura não muito alta, expande sua presença quando pisa no teatro de arena. Sua habilidade extraordinária em retratar todos os gestos e maneirismos de uma criança é impressionante, mesmo estando encapsulado num corpo de homem adulto.
Por um lado, entrega uma performance que emociona, e por outro, arranca gargalhadas do público, e isso acontece quase que simultaneamente.
“Todas as Coisas Maravilhosas” merece ser vista e revista. Dificilmente você entra na sessão e sai do mesmo jeito. A sensação é quase como estar em uma sessão de terapia - daquelas que te balançam e te arrebatam.
Como a divulgação ‘’boca a boca’’ é sempre a mais eficaz, prestigiem este espetáculo e o divulguem. Mais pessoas merecem vivenciar essa experiência transformadora.
Para se programar: de quinta a sábado, às 21h, aos domingos, às 18h. Os ingressos estão disponíveis para vendas online e presenciais, tanto no aplicativo do Sympla como na bilheteria do teatro. Alunos da PUC-SP, inclusive, têm direito a um preço exclusivo, basta se identificar com os dados solicitados.
Na correria rotineira presente na vida de mais de 12 milhões de paulistanos, muitos passam pelas ruas sem se darem conta do que está a sua volta. Dentre estas pessoas, comerciantes, moradores de rua e funcionários diversos só recebem a devida atenção quando são úteis para as vidas dos habitantes da cidade, caso contrário, passam despercebidos e invisíveis. Esse, senhoras e senhores, é o lado oculto do mundo:
"Existe a expressão ‘pária’, que no mundo dos homens é utilizada para se referir a pessoas derrotadas, miseráveis ou perversas. Mas sinto como se eu fosse um pária desde o momento em que nasci."
É assim que Dazai, ou seu alter ego Yozo, descreve a si próprio. Nascido em 1909, no interior do Japão, Shūji Tsushima – mais conhecido por seu pseudônimo Osamu Dazai – é reconhecido por ser um dos maiores escritores da literatura japonesa no século XX. Tendo uma vida curta, o escritor acabou não finalizando sua última obra, “Guddo bai”, ou “Adeus” em português. Sua obra mais conhecida, escrita nos últimos anos de vida, “Declínio de um homem”, aborda sua obsessão com o suicídio, além de suas complicadas relações com mulheres – em virtude dos abusos que sofreu quando criança.
Durante as 148 páginas, Dazai sangra suas tripas entre as linhas de um estudante de artes em Tóquio, Yozo. Ele relata, por meio do alter ego, os problemas que enfrenta com a bebida e, mais tarde, morfina, além do que ele chama de "uma tristeza doente". E na efemeridade da tristeza é onde mora o bucólico brutal e descritivo de Dazai – seu poder de descrever algo que, naquela época, não se entendia: a depressão. Ele vê seu mundo cair por diversas vezes, fruto dos próprios atos (ou o que julga que sejam) e revolve-se em um redemoinho de solidão sem fim e sem escapatória.
O personagem se envolve com diversas mulheres, que parecem intensificar seu modo de vida moribundo cada vez mais. Dentre prostitutas e bebidas, o que degringola o livro – e que pode ser considerado um clímax dentro de si mesmo – é a tentativa de suicídio duplo do personagem com uma garçonete de restaurante que ele conhece ao longo da trama, da qual apenas ele acaba sobrevivendo. Após ser indiciado pela cumplicidade ao suicídio, Yozo se vê preso mais uma vez na própria vida, vítima de um sentimento de inutilidade e de atrapalho que o circunda de todas as maneiras.
Existe, na literatura do autor, um certo aconchego na tristeza, que nos motiva como leitores a entrar na mente do personagem e compreendê-lo. Dazai vê na tristeza algo como um conforto sórdido; talvez até mesmo uma maneira de lidar com as adversidades que enfrenta e com os traumas pelos quais passa. É meio como a picada da anestesia, um amortecedor para a única certeza inevitável: a morte.
“A ideia de morrer não me incomodava, mas tinha horror da possibilidade de me ferir, perder sangue, tornar-me aleijado ou coisas do gênero”.
A leveza com que o autor declara seu desprezo pela vida – na linha tênue da aceitação da própria morte e do desgosto – nos leva a questionar, por muito, as relações sociais que cultivamos e a individualidade no modo de se enxergar a vida. É como um sapo que ferve lentamente em uma panela d’água e que só repara que vai morrer quando já é tarde demais. E nessa tristeza doentia e congênita que o autor se conforta, a alergia pela felicidade – como uma língua estrangeira, uma incapacidade de absorver qualquer emoção positiva.
“É que os covardes temem até mesmo a felicidade”.
O que faz a literatura de Dazai atemporal – mesmo 75 anos após a publicação do livro – é justamente o exercício de descrever o mais profundo e primitivo dos sentimentos. Mudam-se as palavras; trocam-se os olhos, a língua, as mãos; remodelam-se os trens, ônibus, carros; as vestes, os sapatos; transmuta-se tudo: ainda nos sobra a inerente e inata tristeza de carregar o fardo de ser humano.
Tendo tido seu auge no fim dos anos 90 e início dos anos 2000, quando foi líder de audiência, o programa “Linha Direta” voltou a ser exibido no dia 4 de maio pela TV Globo. Apresentado originalmente pelo jornalista Domingos Meirelles, o programa abordava casos criminais e sobrenaturais com um tom sombrio que permanece até hoje no imaginário dos telespectadores.
Inspirado em atrações americanas, como “Yesterday” e “The Unsolved Mysteries”, Linha Direta se tornou um sucesso ao misturar a realidade com a encenação de fatos. Por mais de uma década, prendeu a atenção do público com uma linguagem clara e elementos de suspense.
Comandada pelo jornalista Pedro Bial, a nova versão propõe exibir ocorrências policiais que repercutiram nacionalmente, retratando os acontecimentos com simulações e entrevistas. Além de abordar o desfecho judicial dos casos, no fim de cada episódio, imagens de foragidos pela justiça serão divulgadas.
No dia em que Eloá completaria 30 anos, o programa de estreia exibiu a tragédia que resultou na morte da jovem. O sequestro, que durou aproximadamente 100 horas, é um dos exemplos mais conhecidos de sensacionalismo midiático, um dos principais pontos abordados por Bial.
Além da reconstituição, reportagens da época e entrevistas com especialistas são fundamentais para o entendimento do impacto da imprensa sobre o caso. Ligações de apresentadores para o sequestrador, atuando como negociadores sem o mínimo preparo, e a transmissão do cárcere em tempo real são apresentados como fatores contribuintes para o trágico desfecho de um dos casos de feminicídio mais famosos do país.
Em entrevista à revista CartaCapital, a cineasta e pesquisadora Lívia Perez, diretora do documentário “Quem matou Eloá” (2015), opinou sobre a cobertura jornalística do caso: “Houve uma postura muito machista por parte da imprensa, que enalteceu a personalidade do criminoso e romantizou o tipo de crime”. A diretora afirmou que esse comportamento midiático colabora nos altos índices de casos de violência contra a mulher.
O segundo episódio de “Linha Direta” exibiu um caso que chocou a Paraíba, a invasão a uma festa de aniversário que resultou no estupro coletivo de cinco mulheres e no assassinato de duas delas. Após as investigações, concluiu-se que tudo havia sido planejado pelo aniversariante e seu irmão, com o intuito de abusar sexualmente das convidadas da festa.
Buscando por culpados, familiares das duas vítimas fatais seguiram a crença popular e colocaram uma moeda debaixo da língua dos cadáveres para que os corpos sangrassem se o assassino estivesse por perto. assim feito, com a presença dos próprios no velório, os corpos de Izabella e Michele sangraram. O momento, retratado no “Linha Direta”, repercutiu nas redes sociais.
Uma das entrevistadas foi a irmã de Izabella, Ismênia Monteiro, que mesmo receosa decidiu se manifestar. "Eu não queria estar aqui, fazendo isso. Eu sei que de alguma forma expõe demais. Expõe a minha imagem. Me deixa de certa forma insegura. Mas neste momento eu não posso silenciar pelo meu sangue que foi derramado.”
O terceiro episódio contou a história de luta de um pai por justiça: o caso Henry, que impactou o país pela frieza da mãe e do padrasto do menino de apenas 4 anos. Ao ser entrevistado por Bial, o pai de Henry, Leniel, narrou detalhadamente o fim de semana fatídico e contou como tem sido sua vida após a tragédia. Lenielfundou a Associação Henry Borel, instituição com foco na proteção de crianças e adolescentes no Rio de Janeiro.
Simulando situações de violência à criança, o programa expôs a omissão da mãe, Monique, e a violência do padrasto, Jairinho. Além da troca de mensagens entre Monique e a babá de Henry, vídeos antigos mostraram lesões supostamente causadas pelo padrasto, em episódios anteriores à tragédia.
Com o processo ainda em curso, a Justiça do Rio censurou o episódio, preocupada com a exibição em canal aberto e a reação do júri popular. Entretanto, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), derrubou a medida e o “Linha Direta” exibiu a reconstituição daquela noite. Ainda enfatizou a luta do pai do menino, responsável pela aprovação da Lei Henry Borel, que tornou o homicídio de menores de 14 anos um crime hediondo.
"Maré de Cheiro" o segundo disco de estúdio da carioca Amanda Magalhães, conta com 8 faixas e foi lançado na última quarta (10), nas plataformas digitais. O disco transborda as expectativas criadas pelos visuais de divulgação. É escrito e produzido por Amanda e o engenheiro de som Tuto Ferraz. Conta com colaborações de Vico, Assucena, Lurdez da Luz, As Filhas de Baracho e da Banda Black Rio, fundada pelo avô da artista. O projeto é lançado com o selo "Boia Fria Produções" e conta com apoio da 5ª edição do programa de fomento à música do município de São Paulo.
Amanda, 31 anos, ganhou destaque como atriz na série "3%", produção brasileira da Netflix. Formada pela Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo (EAD-USP), começou sua carreira musical em 2018 com o single “Fazer Valer” com Rincon Sapiência e mais tarde em 2020, lançou “Fragma” seu primeiro disco autoral.
O projeto “Brasil em Brasa” do qual a gravação faz parte, foi contemplado pela 5ª edição do programa de fomento à música do município de São Paulo. Esse programa fomenta a criação de obras musicais, que serão apresentadas em centros culturais, por essa razão, a musicista fez apresentações gratuitas na Casa de Cultura do Campo Limpo e no Teatro Sérgio Cardoso.
Composto por 8 faixas, o álbum é construído por uma produção intimista, com a proposta de apresentar o amadurecimento musical da artista. A gravação busca referências brasileiras de norte a sul, mescladas por elementos de música eletrônica. O repertório tropical tem instrumentação potente e vocais bem trabalhados, cheios de camadas e texturas, descrito por Amanda como "minha mais doce pira de verão" em publicação no seu Instagram.
A faixa “Doce Encanto”, na qual Amanda evoca afetividade, amor e a guia Oxum, rainha das águas doces, inicia o álbum. O lead-single é a faixa principal do projeto e já conta com videoclipe.
Amanda constrói um repertório novo, que fala sobre amor, ancestralidade e religiosidade de forma expressiva, bem construída e fiel a seus próprios sentimentos. A versatilidade encontrada nas canções é surpreendente, a diversidade identitária é construída faixa a faixa, como em “Queria te Ter”, onde os vocais da artista são mais inerentes, ou em “Com Ela Eu Vou”, colaboração com a Banda Black Rio, que encerra o disco em alto-astral.