Carnaval de São Paulo passa por uma dura crise provocada pela pandemia, entrevistei pessoas ligadas ao carnaval em diversas áreas para saber a melhor solução que estão encontrando para sobreviver
A pandemia do Coronavirus impactou diversas áreas da sociedade e da economia brasileira, mas nenhuma outra foi tão afetada como a cultural, uma área que já vem sofrendo diversos ataques pelo atual governo com diversos cortes de verbas. Mas uma em especifico vem sofrendo mais nessa pandemia é o carnaval nossa maior festa popular brasileira que no ultimo ano movimentou de acordo com dados da prefeitura de São Paulo cerca de 15 milhões de pessoas na cidade com um faturamento próximo da casa de 2,3 bilhão de reais. A grande atração principal é o desfile das escolas de samba que acontece todo ano no Sambódromo do Anhembi.
Apesar das dificuldades a LIGA que organiza os desfiles junto ao atual prefeito da cidade Bruno Covas preferiram invés de cancelar a festa preferiam adiar a festa para o meio de 2021 em coletiva dada no dia 22 de julho Estamos definindo ou final de maio ou começo de julho. "Estamos definindo tanto com os blocos quanto com as escolas e com as outras cidades a nova data que deve se dar a partir de maio do ano que vem. Muito dificilmente ocorrerá em junho porque coincide com os festivais de São João no Nordeste. Estamos definindo ou final de maio, ou começo de junho para realização do carnaval na cidade de São Paulo", afirmou Covas.Ele ainda ressaltou que essa previsão pode ser revista mais pra frente “É claro que essa data (maio ou julho) pode ser revista lá pra frente, da mesma forma que aconteceu com a Marcha para Jesus e a Parada LGBTQI+, que passaram os eventos para novembro e agora estão ou cancelando ou revendo o modelo do evento. Não há a menor dúvida que, de repente, lá na frente, seja preciso uma nova avaliação. Estamos tentando dar é a maior previsibilidade possível para as pessoas e, neste momento, não há como garantir nada em fevereiro, razão pela qual resolvemos adiar”
Covas ainda afirmou que esta conversando constantemente com prefeitos de outras cidades do estado e do pais sobre essa decisão “Estamos definindo isso em conversa com outras cidades, pra que a gente possa fazer esse movimento em conjunto. E também estamos conversando com as escolas de samba e com os blocos. Segurança ninguém pode dar com o que vai acontecer mês que vem e é exatamente pela falta de segurança que adiamos os preparativos para a realização em fevereiro. Adiar o carnaval e os preparativos para fevereiro do ano que vem é ter tranquilidade em relação a como estaríamos em algumas semanas, que é quando as escolas começariam seus ensaios, que reúnem 2, 3 mil pessoas em um espaço fechado”
O presidente da LIGA Sidnei Carriuolo disse que a medida precisou ser tomada para garantir tempo hábil para as escolas se preparem para os desfiles, porem garantiu um carnaval totalmente diferente do que estamos habituados “Carnaval nos mesmos moldes de costume é impossível, já pensamos em adaptações. O que toma muito tempo e suporte financeiro é o preparo de fantasia e alegoria", afirmou. Sidnei também afirmou que a LIGA seguira tudo que for determinado pelas autoridades sanitarias“Nós estamos defendendo muito o posicionamento da Prefeitura, estamos indo muito em cima daquilo que os órgãos governamentais colocam pra gente. Não vamos fazer nada fora daquilo que seja determinado pelas autoridades”
Alguns presidentes de Escolas como Luciana Silva da Tom Maior se mostraram favoráveis a decisão ressaltando a importância de pensar em quem trabalha no dia a dia da escola “Nós participamos dessa mudança de data e ela mudança se deu pela necessidade do momento, onde a prioridade é preservar vidas. Mas em paralelo a isso, não podemos ignorar que o profissional do carnaval precisa sobreviver. Com isso fomos trabalhando em conjunto com a prefeitura, para assim determinar uma nova data”, disse Luciana, em entrevista publicada no site da escola.
O carnavalesco da escola Tom Maior, Flavio Campello também se pronunciou como a crise vem afetando a rotina da escola e do carnaval “Enquanto isso, seguimos no desenvolvimento do projeto. Vamos pensar num cronograma onde possamos pelo menos deixarmos pilotos das fantasias prontos, projeto de alegorias engatilhados”, explicou o artista. “Assim que tivermos o start quanto a data do desfile e informações sobre o aporte que cada escola terá, darmos sequência ao trabalho de barracão e reprodução dessas fantasias”
A presidente da escola Mocidade Alegre Solange Bichara também se posicionou sobre o adiamento “A gente tem que entender que a construção do desfile é uma coisa, o desfile é outra. Para construir, para trabalhar no barracão e dar andamento aos processos, nós não necessitamos de aglomeração. Podemos todos trabalhar com máscaras, luvas, utilizar o álcool em gel e respeitar as normas. E a gente consegue empregar as pessoas que são profissionais do Carnaval, que necessitam desse trabalho para sobreviver”, explicou Solange.

Mesmo com o carnaval garantido as escolas de samba tem toda um ciclo que funciona o ano todo gerando receitas, empregos e eventos culturais para colocar a festa na rua todo ano em fevereiro, como eventos em suas quadras que deixaram de acontecer, eram importantes fontes de renda extra. Agora as escolas tem sua rotina comprometida e todo esse sistema comprometido. Para Saber mais o que se passa entrevistei três pessoas ligadas ao dia a dia das escolas de São Paulo
Juliana Eyko Yamamoto tem 22 anos é porta- bandeira e já trabalhou na Unidos de Vila Maria atualmente trabalha como reporter e produtora do site especializado em carnaval o Carnavalize; Dean Fábio Gomes tem 30 anos é pesquisador acadêmico e ligado a escola Vai-Vai; Carlos Costa tem 28 anos é harmonia de mestre sala e porta bandeira pela Unidos do Vale Encantado além de produtor do programa Carnaval Show. Nessas entrevistas eles mostram diversas perspectivas do que esta acontecendo no âmbito do carnaval e das escolas de samba nesse período, confira:
Como a crise do Coronavírus atrapalhou o seu trabalho no carnaval? Qual foi a solução que foi encontrada para enfrentar essa dificuldade ?
Juliana: Por ser porta-bandeira, esse ano estava me organizando para fazer cursos e aulas particulares. Porém, com a pandemia os cursos presenciais foram adiados e meus planos também. Para não ficar parada, comecei a treinar em casa e também iniciei um curso de mestre-sala e porta-bandeira totalmente online. Mesmo sendo à distância, é uma forma de adquirir conhecimento e não ficar parada durante esses tempos difíceis.
Dean : Alterou toda a rotina da Escola, problemas que ela já passavam se intensificaram. As medidas foram o contato com a comunidade por meio de lives é uma aproximação maior via digital com os setores da Escola buscando unir esforços para a crise da pandemia
Carlos: A crise atrapalhou meu desenvolvimento como harmonia e coordenador de Mestre Sala e Porta Bandeira. A solução foi investir em vídeos online e na produção do Carnaval Show.
Você conhece alguém que perdeu seu trabalho no carnaval por conta da Pandemia? por qual motivo?
Juliana: Não conheço, mas sei que muitas pessoas que trabalham em barracões e ateliês de fantasias vem sofrendo muito com a pandemia. Perderam seus empregos ou tiveram seus salários diminuídos drasticamente. Grande parte desses vivem do carnaval, é sua principal fonte de renda e não tem outra opção.
Dean: Vários. Costureiras principalmente. Prestadores de serviço em geral
Carlos: Ainda não conheci nenhum profissional prejudicado, mas sei que principalmente o pessoal dos ateliês encarregados por fantasias e do barracão responsáveis pelas alegorias estão sofrendo com a crise.
Quais foram a saídas que o carnaval encontrou para manter empregos e o planejamento com a crise?
Juliana: Infelizmente eu vejo que as escolas de samba não estão procurando formas para manter os empregos dos seus funcionários e muito menos como lidar com a crise. Já vem de anos que as agremiações precisam se reinventar e buscar novas formas de adquirir recursos para driblar possíveis crises como essa e não ficarem a mercê apenas do governo. No Rio de Janeiro, as escolas dependem muito da subvenção para colocar seus desfiles na rua. E várias já cortaram metade dos quadros de funcionários e não parecem se mexer à procura de soluções para criar um “caixa” e manter os salários dos atuais empregados. Já em São Paulo, a escola que vejo que está se mexendo para conseguir novas formas de arrecadar recursos é a Dragões da Real com sua lojinha online e os seus ensaios drive-in. Pode ser pouco, mas é a escola mais “ativa” da cidade e conseguindo gerar renda mesmo em época de pandemia. As agremiações precisam se reinventar em tempos de crises, são patrimônios culturais do país e faz parte da nossa identidade; é preciso procurar novas formas de se sustentar.
Dean: Penso que optar pelo essencial para manter a comunidade vinculado com a Escola seja por lives encontro virtual , para evitar assim uma debandada dos membros sobretudo dos mais jovens .
Carlos: Acho que a forma foi ajudar e incentivar a comunidade através dos trabalhos sociais que ficaram ainda mais importantes nesses tempos de crise, é uma forma também de aproximar a escola com seu povo já que temos no momento uma rotina de eventos e ensaios praticamente inexistente.
Você acredita que deveríamos ter o carnaval com uma vacina mesmo que seja fora de época ano que vem? Qual o modelo ideal para realizar os desfiles dado as dificuldades financeiras encontradas pela pandemia?
Juliana: Deveríamos ter carnaval ano que vem sim caso surja a vacina, mesmo fora de época. Antes de mais nada, o carnaval é resistência. O carnaval é uma festa popular brasileira, faz parte da nossa cultura e da nossa identidade, não podemos deixar passar em branco. Além disso, muitas pessoas trabalham com o carnaval e vivem dessa festa que gera milhões de empregos diretos e indiretos. Ter um carnaval mesmo que fora de época e menor porte, é gerar empregos para essas pessoas, é fazer a economia girar. Ao meu ver, os desfiles só devem acontecer depois da vacina. Com isso, acredito que os desfiles serão com uma quantidade menor de carros e um número também menor de componentes. O importante é a festa acontecer, mesmo que os foliões desfilem apenas de blusa e calça. Carnaval é representatividade, é patrimônio e não podemos deixar passar.
Dean: Sem Vacina sem Carnaval! Penso que se não houver vacina as Escolas devem buscar algum evento alternativo com o intuito de apenas celebrar mesmo que seja a distância para manter a tradição viva ! Em relação aos recursos se tivermos vacina e ele for realizado penso Maio uma boa data , que seja um desfile menor por conta dos recursos .
Carlos: Não, pois atrapalharia todo o projeto para 2022. O que deveria ser feito são desfiles simbólicos, reforçando que quando tudo voltar ao normal, a festa vai crescer ainda mais.
Em meio à pandemia, festivais de cinema do Brasil contabilizam seus maiores números de público entre todas as edições. A marca se deve à adequação ao formato online com o intuito de respeitar o isolamento social.
Daniel Diaz (27), coordenador geral do Festival Ecrã, que presencialmente acontecia no Rio de Janeiro, relata que, se a edição física de 2019 teve um público de cerca de 2 mil pessoas, a digital deste ano atingiu um número que superou a marca de 20 mil usuários e 49 países. ‘‘Tínhamos uma expectativa de multiplicar o público do ano passado, talvez um pouco mais por ser online, mas foi muito além do que a gente imaginava’’.
Além da popularidade, Diaz conta que as plataformas digitais ‘‘abriram portas e possibilidades que, na verdade, eram muito óbvias’’. Identificado como um festival que extrapola o cinema e possui experimentações mais livres que envolvem o audiovisual, o Ecrã aproveitou a oportunidade para explorar meios de exibições mais criativos. Dois exemplos são os filmes ‘‘Nelson’’, de Matheus Strelow, obra de 13 minutos filmada com uma webcam que foi expandida para uma instalação de 24 horas em uma plataforma digital, e ‘‘E Eu Vivi Minhas Fantasias’’, de Naama Freedman, que foi exibido na ferramenta de transmissão ao vivo da rede social Instagram.
‘‘O que nós não imaginávamos era sair da esfera de São Paulo e entrar para a esfera do Brasil.’’, diz Ricardo Albuquerque (22), social media do Kinoforum, associação responsável por realizar o Festival Internacional de Curtas-Metragens de SP. Confirmado no formato digital em Junho, o festival aconteceu no mês de Agosto e, segundo Albuquerque, conseguiu extrapolar seu nicho e alcançar um público maior.
Albuquerque também conta que a interação entre os espectadores, realizadores e pessoas do meio do audiovisual, um dos principais atrativos de um festival de cinema, aconteceu na edição não presencial deste ano. Além do elevado engajamento pelas redes sociais, a instituição realizava happy hours via plataforma digital Zoom após as sessões, juntando entusiastas e cineastas para um bate-papo mais descontraído. Os já tradicionais bate-papos e mesas redondas com diretores e elenco, antes e depois da exibição de seus filmes, também foram adaptados para o formato à distância. ‘‘Alguns realizadores me falaram que até preferem que esses debates continuem via online’’, conta Diaz.
Questionado sobre a possibilidade de uma edição online em um mundo pós-pandemia, Albuquerque responde que ‘‘essa é a pergunta que todos os festivais de cinema estão fazendo agora...precisaríamos de um desenho de produção totalmente novo, mas é uma questão’’. A resposta positiva à edição deste ano não levantou a questão apenas para o Kinoforum, na medida em que Diaz relata que pretende utilizar novamente as possibilidades de um evento à distância para futuras edições do Ecrã: ‘’Nós não pensamos mais a edição online deste ano como uma coisa pontual.’’. Diaz também conta que a equipe do festival está realizando uma coleta de dados para talvez idealizar uma edição mista entre o presencial e o online no futuro.
Financeiramente, os festivais cortaram os custos de equipamentos e locomoção de seus realizadores. Preservando, como sempre, a entrada gratuita, e se mantendo com o pagamento das inscrições e a ajuda de parceiros, as instituições não sofreram grandes prejuízos.
Apesar de acontecerem online, ambos os festivais realizaram projetos que ocuparam espaços físicos. O Festival de Curtas contou com um cinema drive-in e o projeto ‘‘A Cidade é Uma Tela’’, caracterizado pela exibição de curtas-metragens na parede de um prédio situado na Vila Buarque. O Festival Ecrã também projetou filmes em paredes e prédios para o público de algumas regiões do Rio de Janeiro. Diaz conta que fez a curadoria destas obras e que buscou exibir filmes que se adequassem ao formato, priorizando curtas sem áudio.
No Brasil, os cinemas já foram reabertos em algumas cidades selecionadas. O Festival De Volta Para o Cinema teve início no começo de Setembro e conta com a exibição de blockbusters americanos consagrados, como ‘‘Vingadores’’, ‘‘Star Wars’’ e ‘‘Harry Potter’’. Perguntado se a realização presencial deste festival tão próximo da edição deste ano do Ecrã tenha resultado em algum desconforto, Diaz respondeu que ‘‘nem estava sabendo da existência (do festival)...particularmente, não acho que é o momento, mas talvez eles tenham uma estrutura para cumprir com as recomendações de higiene.’’. Albuquerque também nega qualquer tipo de repercussão no Kinoforum e acredita que são eventos para públicos diferentes.
Cássio Starling Carlos, crítico cinematográfico do jornal ‘Folha de São Paulo’, acredita que o cinema independente pode ganhar uma maior audiência por meio da ascensão das plataformas de streaming – também chamadas de VoD. “Festivais menores vão incluir um novo público que antes [da pandemia da Covid-19] limitava-se ao acesso presencial”, diz Starling Carlos.
Filmes que se restringiam a um circuito comercial de baixa visibilidade, ganharam um novo destaque com a sua migração ao VoD. Com isso, os limites geográficos que determinavam o acesso de tais obras já não existem, fazendo com que elas alcancem um público muito maior. “Festivais secundários podem tirar mais proveito, tive a possibilidade de assistir a um pequeno festival italiano que há anos tinha interesse”.
Antes da pandemia, o blockbuster chegava a ocupar tamanho espaço na grade horária que os filmes independes acabavam sendo limitados. Já sobre o atual momento, o crítico afirmou “todos agora estão, de certo modo, no mesmo nível”. Portanto, com a migração ao streaming – ainda que os filmes de apelo popular tenham o maior destaque – a película menos comercial tem mais chance de ser notada.
Carol Moreira, youtuber e apresentadora, ressaltou a possibilidade de descobertas quanto ao cinema estrangeiro por meio do VoD, filmes considerados de um nicho muito específico. “Existem ótimos exemplos de séries de outros países que, em outro contexto, nunca veríamos no Brasil e isso serve também para que vários filmes, que chegam ao alcance do público com muito mais facilidade”, disse Moreira.
Além disso, a apresentadora ainda ressaltou a possibilidade do streaming receber uma maior aceitação após a pandemia por parte de um público mais tradicional e pouco familiarizado com as tecnologias. “Até o Oscar teve que ceder, liberando filmes que estrearam nada mais nas plataformas”, referiu Moreira ao comentar a mudança feita pela Academia, que antes só aceitava filmes com um tempo mínimo de exibição nas salas de cinema.
Quanto ao futuro da indústria cinematográfica, tanto Starling Carlos quanto Moreira dizem que irá se confirmar algo já esperado, a consolidação do streaming e o surgimento de novas plataformas.

Já o professor de multimeios da PUC-SP, Mauro Peron, conta detalhes sobre suas descobertas na pandemia. “A pouco tempo atrás o festival de documentários ‘É Tudo Verdade’, abriu sua plataforma. Ele dificilmente chegaria ao grande público sem o auxílio da internet”, disse o professor, referindo-se, também, questão de filmes de nicho ganharem mais destaque.
Ademais, Peron aborda a questão sobre o fechamento das salas de cinema, ele explica que esse cenário pode se manter por muito tempo. Tais locais acabaram se tornando um ambiente propício à propagação do vírus e mesmo quando a pandemia termine, ele acredita que demorará muito para a ocupação das salas com a mesma frequência de antes.
Ainda assim, os três cinéfilos entrevistados compartilham da visão de que a experiência de ir ao cinema físico é incomparável, ressaltando o fato de que a imersão ao ver um filme em casa é diferente das telonas. “Há uma mística no imaginário daqueles que frequentam o cinema físico. A experiência na tela grande é algo que não se reproduz no ambiente doméstico”, disse Peron.

Saindo do ambiente acadêmico e conhecendo a opinião do público apreciador de cinema, Pedro Ghiotto, estudante de direito, disse concordar com a ideia de Peron. “Quando você está na sala de cinema a experiência é algo totalmente diferente, o ambiente é mais imersivo. Já em casa temos muitas distrações”. Além disso, o futuro advogado acrescentou “é diferente assistir algo pela tela do celular, você capta muito menos os detalhes”.
Por fim, Ghiotto confirmou aquilo que se espera dos cinéfilos. “Eu vou continuar indo ao cinema mesmo depois da pandemia, mesmo que demore um pouco”, declarou o estudante ao valorizar o ato tradicional de se assistir a um filme.
Quanto as plataformas que Ghiotto consome, ele relata ser é cliente da Netflix e Amazon Prime. Também comenta ter tido grande proveito no seu consumo cultural durante sua quarentena, uma vez que se tornou um consumidor mais assíduo por estar sempre em casa. “Assisti muitos filmes e séries, isso ajuda não só a passar o tempo, mas também a ampliar meu conhecimento de mundo”.

No dia 9 de maio integrantes da torcida organizada Gaviões da Fiel foram à Avenida Paulista defender a democracia. Torcedores do Corinthians impediram uma outra manifestação que ocorreria no mesmo local em apoio ao governo do Presidente Jair Bolsonaro.
De acordo com o site Meu Timão, a concentração foi por volta de 13h30 tendo como maioria moradores da zona norte de São Paulo, assim como membros da organizada Gaviões da Fiel. Já os apoiadores do presidente não apareceram, concretizando o objetivo dos manifestantes.
"Estávamos lá, como torcedores brasileiros, que avaliam o momento e têm a história da Democracia Corinthiana como diretriz. É o mesmo grupo que tem se reunido para entregar marmitex e cestas básicas”, disse Danilo Pássaro, um dos líderes da manifestação ao site Meu Timão.
Já no dia 31 de maio o grupo voltou a se encontrar, porém desta vez com a participantes de outras torcidas da cidade, para nova manifestação contra o fascismo, ocorreu também na mesma data e local ato em prol do presidente.
Estiveram presentes grupos como: Coletivo Democracia Corintiana, Gaviões da Fiel e as palmeirenses Porcomunas e Palestra Antifascista . “O futebol é o que une as pessoas nesse país, não poderia ser diferente em um momento como esse”, disse Wagner de Souza, torcedor do palmeiras e integrante da torcida Palestra Antifascista, à reportagem do jornal Folha de S.Paulo.
Por volta das 14:00 na Avenida Paulista, altura da Br. Luiz Antônio, houve concentração de bolsonaristas vestidos com camisetas da Seleção Brasileira de Futebol, já em frente ao MASP os antifascistas se agrupavam de maneira pacífica, quando uma manifestante bolsonarista portando um taco de beisebol, provocou os rivais, causando conforto entre os grupos. A Polícia Militar interveio com violência contra os que se manifestavam a favor a democracia, não agindo da mesma maneira com o outro grupo.
Os torcedores do alvinegro paulista marcaram presença também na manifestação domingo (7), em ato antifascista que aconteceu no Largo da Batata zona sul de São Paulo que foi o principal evento entre os três citados.
Segundo Lucas Toth Neves Bezerra, 28 anos, membro da torcida Gaviões da Fiel e estudante de jornalismo da PUC-SP, os torcedores estavam se sentido incomodados com atitudes que boslonaristas vinham tendo em seguidas manifestações como agredir e intimidar enfermeiras e profissionais da saúde
“ A Gaviões de fora acham que é todo mundo comunista, anarquista... Mas não é nada disso, enfim houve um consenso do que estava acontecendo era errado os bolsonaristas tentando agredir enfermeira, intimidando enfermeira, intimidando profissionais da saúde, a partir daquele momento muitos ali pensaram: “Não, tá errado, esses caras indo pra rua, estamos quietos aqui e precisamos fazer uma demonstração de força.”
O aluno de jornalismo participou de uma das reuniões que foram responsáveis por organizar os atos a favor da democracia.
“Na reunião que eu participei, pra segunda manifestação, que foi a que teve o episódio do taco de baseball, a reunião foi na quarta-feira (27) antes do ato, estávamos em umas 15 pessoas e ficou decidido que teríamos dois objetivos. O primeiro era incentivar e motivar os movimentos democráticos a voltar às ruas e um segundo objetivo era constranger e mostrar aos bolsonaristas e aqueles que estão pedindo a volta dos militares e o fim do STF por exemplo uma intimidação.”

Artistas recorrem à experimentação para se adaptar à pandemia. As políticas de distanciamento social inviabilizaram shows e espetáculos, interrompendo a principal fonte de renda destes profissionais.
“A gente trabalha com aglomerações”, comenta Marietta, que teve o lançamento do seu novo álbum “Analógica” adiado. “O retorno estava totalmente apoiado nas ações voltadas pros shows, que ainda são a maior fonte de renda da música”
A cantora trabalhava no projeto há três anos e chegou a lançar o primeiro single “Analógica” em janeiro. Mãe solteira, revelou que a rotina tem sido difícil: “Eu tenho uma filha pequena e, sem a creche, meu trabalho tá muito grande”
Marietta está produzindo uma série de vídeos caseiros intitulada “Videobilhetes” para o seu canal no IGTV e planeja lançar mais um single ainda na quarentena: “Este momento está forçando tanto artistas quanto outros profissionais a pensar alternativas”, conclui.
A cantora revelou que planeja fazer uma live, mas lembra: “A live não substitui o show. A qualidade técnica ainda não chegou num patamar que possa garantir a integridade do trabalho”
“Já era difícil antes”, declara ao falar sobre a situação da cultura no país, “A princípio houve uma grande morte do setor”. No entanto, a cantora é otimista quanto à comunidade artística: “Acredito que a gente vai conseguir se organizar e trazer medidas práticas que possam reduzir os danos”

A comédia “A Banheira”, na qual ator e diretor de teatro André Grecco atua há dois anos foi suspensa, assim como o seu monologo “A Dama da Noite”, que entraria em cartaz na Biblioteca Mário de Andrade.
Sem as bilheterias, Grecco, que também é professor, ministra aulas remotas para se manter. “Estamos entre artistas que tinham uma reserva financeira e estão vivendo com ela, artistas que, como eu, dão aula e estão dando aulas de maneira remota, e artistas que estão dependendo de fundos levantados por colegas ou de ações do governo para poder sobreviver”
Grecco pretende aderir às plataformas virtuais e planeja realizar uma montagem que será apresentada remotamente, tendo parte de sua casa como cenário. “Eu acho que esses novos formatos podem ser muito interessantes, pode ser um momento de muitas descobertas na relação entre arte e tecnologia”, comenta o ator. No entanto, não acredita que o teatro físico possa ser substituído: “Acho que teatro é o ‘pessoalmente’ não só o ‘ao vivo’”
O ator também critica a falta de preocupação do Governo Federal com a cultura: “A cultura sempre esteve em último lugar, eles querem que ela sirva à religião deles e à ideologia deles”
Para Grecco, a cultura desempenha papel importante na Saúde Pública: “Se não tivesse nenhum tipo de arte agora, cinema, séries, as lives, a saúde psicológica do povo não estaria pior?”
O ator revela que artistas e técnicos das artes cênicas estão se mobilizando para pressionar os órgãos públicos: “Estamos lutando para que, através do Fundo Nacional da Cultura, façam alguma coisa por nós, para que os teatros que não estão tendo como se sustentar possam sobreviver a essa crise”
“A Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, na figura Hugo Possolo está lutando, e agora conseguiram apressar os editais para que recebamos pelo menos uma parte do dinheiro e consigamos produzir ainda esse ano”, comenta Grecco.

Foi aprovada no dia 4 de junho, a lei de auxilio emergencial à Cultura, por unanimidade no Senado. O projeto visa direcionar R$ 3 bilhões à classe artística. Para ser aplicada, a lei ainda deve passar pela sanção presidencial; caberá ao Presidente da República, Jair Bolsonaro, a sua aprovação ou veto.