Temáticas são abordadas desde os anos 60 no Japão e continuam exploradas até hoje
por
LUCCA CANTARIM DOS SANTOS
|
16/06/2025 - 12h

“O sonífero”, projeto criado por Lucca Cantarim, estudante de jornalismo na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) , tem por objetivo combater a visão reacionária a respeito de temas de gênero no entretenimento.

Trazendo a história da presença de personagens de diversas sexualidades e gêneros nos mangás e animes dentro da mídia japonesa, o autor trás uma reflexão leve, descontraída, porém importante a respeito de uma representatividade tão importante.

Os sete artigos que compõem o projeto estão disponíveis para serem lidos no site “Medium”, no perfil autoral de Lucca. Os textos contém entrevistas com pesquisadores, fãs e até mesmo leitores de dentro da comunidade LGBT que se identificam e se abrem sobre a importância da representatividade para eles.

Disponível em: https://medium.com/@luccacantarim/list/o-sonifero-d19af775653e

 

Ex-vocalista da banda “The Smiths” fará show após dois cancelamentos
por
Lucca Andreoli
Henrique Baptista
|
16/06/2025 - 12h
Morrissey, ex-vocalista da banda The Smiths
Morrissey, ex-vocalista da banda The Smiths  
Instagram/@morrisseyofficial

Steven Patrick Morrissey, ex-vocalista do The Smiths, anunciou que virá ao Brasil em novembro deste ano para uma apresentação única no dia 12 no Espaço Unimed, em São Paulo. 

Em 2023 o cantor adiou suas apresentações no Brasil por ter sido infectado pelo vírus da dengue. O adiamento para o início do ano seguinte foi novamente cancelado por exaustão física de Steven.

Após dois cancelamentos, em 2025 o show está novamente previsto para acontecer, mas apenas em São Paulo — em 2023, as apresentações incluíam o Rio de Janeiro, e em 2024, Brasília.

Sua última vinda ao Brasil foi em 2018, quando realizou shows em São Paulo e no Rio de Janeiro. 

Como vocalista dos Smiths, compôs grandes sucessos da banda, como “This charming man”, “Heaven knows I'm miserable now” e “There is a light that never goes out”.
A banda teve apenas quatro álbuns de estúdio e marcou a cena do rock alternativo, vindo a inspirar grandes nomes do rock nacional como Legião Urbana e Capital Inicial. 

Em carreira solo, já foram 13 álbuns lançados por Morrissey, que continua compondo.

Tags:
Como a exposição de Andy Warhol fortalece o cenário artístico brasileiro
por
Laura Petroucic
|
11/06/2025 - 12h

Confira neste vídeo um panorama sobre a exposição Andy Warhol: Pop Art! em cartaz no Museu de Arte Brasileira da FAAP, em São Paulo. A professora de artes Luciana Helena dos Reis, em entrevista à AGEMT, fala da importância de Warhol como ícone do movimento pop art, além do porquê a vinda de amostras internacionais como esta são essenciais para fortalecer o papel do Brasil no circuito global das artes. Assista aqui 

Tags:
Ícone de transgressão e liberdade, Ney Matogrosso tem sua trajetória exposta em uma mostra que celebra sua luta LGBTQIA+ e o impacto de sua ousadia em gerações.
por
Isadora Cobra
|
10/04/2025 - 12h


“Sem discurso nem bandeira, Ney apenas caminhou. E o fato de seguir em pé, atravessando tempos que derrubaram muitos ao redor, tornou-se inspiração e resistência.” A frase de Julio Maria, autor da biografia de Ney, sintetiza a essência de um artista cuja trajetória virou marco da cultura brasileira. No Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo, uma exposição homenageia esse ícone, destacando sua importância como um dos maiores artistas do país, com foco em sua luta pela liberdade e a representação LGBTQIA+.

Aos 80 anos, Ney Matogrosso é mais do que cantor. É símbolo de coragem, transformação e luta. Sua ousadia vai além dos palcos, inspirando um Brasil envolto, há décadas, em debates sobre identidade, liberdade e repressão.

Em cartaz até 21 de abril, a mostra no MIS homenageia esse legado, convidando o público a revisitar a trajetória de um dos grandes nomes da música brasileira, cuja presença sempre provocadora atravessou gerações.

Ney não desafiou só os limites da música, mas também rompeu barreiras sociais. Em tempos de forte repressão política e moral no Brasil, sua postura irreverente e escolhas estéticas foram mais que expressão artística: foram atos de resistência e afirmação da liberdade individual.

A exposição traz elementos dessa jornada de quebra de paradigmas. Imagens, vídeos, figurinos e objetos pessoais revelam a força de um artista que, desde os anos 70, desafia não apenas as normas musicais, mas as sociais. Ney é uma força propulsora de mudanças culturais, e a mostra evidencia isso.

De sua estreia com o grupo Secos & Molhados nos anos 1970 à carreira solo marcada por ousadia e inovação, a exposição é um convite a mergulhar em um universo de fantasia, erotismo e liberdade, marcas da identidade artística de Ney. Nela vamos conhecer a fundo essa personalidade marcada por uma história de superação, de quebras de tabus e de uma aura artística indomável, que se firmou como um dos artistas mais emblemáticos e provocadores da música brasileira.

A estudante de artes visuais e pesquisadora da música popular brasileira, Helena Bosco, descreve o impacto do artista: “O mais interessante é entender como Ney não quebrou só os padrões estéticos. Ele desafiou a visão tradicional sobre o corpo e a sexualidade. Sua arte está ligada ao processo de afirmação da identidade LGBTQIA+ no Brasil.”

Essa visão é reforçada por Julio Maria, autor da biografia: “Ney é exemplo de resistência. Ele não se importou em ser visto como transgressor, nem em ser ‘politicamente correto’. Ele foi autêntico, e isso é uma das maiores virtudes que um artista pode ter.”

A mostra também destaca o impacto internacional de Ney. Em um cenário global muitas vezes dominado por figuras convencionais, ele conquistou espaço com autenticidade e provocação. Para o historiador musical Roberto Carvalho, em entrevista exclusiva, “Ney é um artista que foi além do palco. Tornou-se agente de mudança. Sua música ecoa porque fala de liberdade.”

Nos anos 1970, o Brasil vivia sob ditadura militar, censura e moral conservadora. Ney, com sua figura excêntrica e letras provocativas, questionou padrões impostos pela sociedade e pela indústria musical. Foi um dos primeiros artistas a abordar temas como sexualidade e identidade de forma tão audaciosa, abrindo caminhos para novas gerações de artistas e militantes LGBTQIA+.

Sua arte contribuiu e ainda contribui para a construção de um Brasil mais plural, livre e respeitoso com todas as formas de amor e identidade.

Ao visitar a exposição, o público tem a chance de revisitar não só a história de um dos maiores artistas do Brasil, mas também refletir sobre o legado que ele deixa para as gerações atuais. Ney Matogrosso é um ponto de partida para debates sobre diversidade e liberdade.

Para Helena, “É uma síntese da cultura da música brasileira. Se não fosse por eles, não estaríamos onde estamos hoje.” Ney simboliza uma geração que abriu caminho. Gente que enfrentou preconceitos, que ousou se expressar quando tudo empurrava para o contrário. Com sua voz, sua imagem e sua coragem, ele ajudou a mudar o jeito como a música é feita e recebida no Brasil, e mais, ajudou a ampliar o espaço para quem queria ser diferente.

A exposição no MIS é mais do que uma homenagem. É uma celebração de sua contribuição à música brasileira e ao movimento LGBTQIA+. Ney encantou o público com sua arte e também foi uma voz corajosa que desafiou convenções, abrindo espaço para novas gerações de artistas e ativistas.

Sua trajetória continua sendo uma fonte de inspiração e resistência. A mostra oferece uma oportunidade única de entender a profundidade de sua contribuição à cultura brasileira. Visitar o MIS é não apenas revisitar a obra de um artista fundamental, mas refletir sobre o impacto que ele teve e ainda tem na construção de uma sociedade mais livre e plural.

 

Tags:
Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Riotur estima um público de aproximadamente 1,6 milhão de pessoas no evento
por
Renata Bittar
|
26/04/2025 - 12h

A menos de 1 semana para o espetáculo, saiba como estão os preparativos para a capital fluminense receber a cantora Lady Gaga em Copacabana. Intitulado como Todo Mundo no Rio: Lady Gaga, o palco para o show gratuito já começa a ser montado e o Rio de Janeiro se prepara para a esperada chegada da Rainha do Pop.  

Gaga, que não vem ao Brasil há mais de 8 anos, irá se apresentar em frente ao Hotel Copacabana Palace e seu palco contará com 10 telões de LED. Em publicação na rede social Instagram, a cantora afirma “É uma grande honra ser convidada para cantar para o Rio — durante toda a minha carreira, os fãs no Brasil têm sido parte da força vital dos pequenos monstros. Eu estava morrendo de vontade de ir me apresentar para vocês há anos e fiquei de coração partido quando tive que cancelar anos atrás porque estava hospitalizada”. O aumento de ofertas aéreas e o reforço da segurança pela prefeitura do Rio de Janeiro podem garantir ao evento mais credibilidade e audiência 

Em entrevista exclusiva cedida pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (SMDE) o e Riotur (Empresa Municipal de Turismo do Rio), o órgão afirma que o evento deve gerar um impacto econômico de aproximadamente R$ 600 milhões para a cidade. O Secretário da Cultura, Lucas Padilha, ainda afirma que o espetáculo é “uma ação coordenada que reforça não só o papel do Rio como capital cultural, mas também seu protagonismo como motor do turismo e da economia criativa” 

Ainda em contato com a SMDE, a autoridade pública afirma que o setor de turismo também será beneficiado com o evento, já que as companhias aéreas LATAM e Azul aumentarão a quantidade de frotas.  Entre os dias 1º e 4 de maio, o aeroporto RIOgaleão contará com 24 voos extras operados pela LATAM. A companhia aérea Azul prevê 230 operações no RIOgaleão e outras 252 no Santos Dumont. 

Além disso, de acordo com levantamentos da Hotéis Rio, a taxa média de ocupação hoteleira na cidade para o período do evento havia atingido a marca de 71,4%, superando os níveis habituais de maio. 

Em depoimento do Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico, Osmar Lima destaca que incluir no calendário do Rio um show internacional por ano foi uma ideia super acertada pelo prefeito Eduardo Paes.  “Do ponto de vista econômico, é mais importante ainda, porque movimenta a cidade em um mês antes considerado de baixa temporada: com hotéis cheios e aumento de gastos em bares e restaurantes e no comércio, gerando emprego e renda para a população”, afirma Osmar. 

Em 2024, a cantora Madonna estreou a praia de Copacabana e também se apresentou gratuitamente. Com aproximadamente o mesmo público estimado para o show de Gaga, o evento superou a expectativa inicial de uma audiência de 1 milhão de pessoas e um lucro de R$ 300 milhões e acabou alcançando público de 1,6 milhão de pessoas e movimentação econômica de cerca de R$ 469,4 milhões, segundo dados da SMDE. Por isso, espera-se que essa estimativa para o futuro show esteja equivocada e baixa. 

Com essa alta demanda de turistas e fãs, setores como segurança pública, transportes e estrutura também estão se preparando para sustentar o evento. A SMDE e Riotur ainda declaram que serão instalados 2 contêineres do Corpo de Bombeiros na orla e uma Central de Órgãos Públicos, que abrigará o Centro de Monitoramento e a Secretária da Mulher. 

Stefani Germanotta, mais conhecida como Lady Gaga, é uma cantora norte-americana que iniciou sua carreira musical em 2007. Com hits de sucesso como Bad Romance e Born This Way, a também vencedora do prêmio Grammy irá apresentar seu recém lançado álbum Mayhem. O show, planejado para começar as 21:15 do dia 3 de maio, ocorrerá em frente ao hotel Copacabana Palace, na praia de Copacabana. 

Tags:
Os festivais musicais mostram a realidade da arte no Brasil
por
Guilherme Zago
|
10/06/2025 - 12h

O término do grande evento de música colocou em destaque o problema da falta de enaltecimento sobre o artista e a cultura brasileira. Em comparação, os músicos estrangeiros possuem mais atenção do público, dos investidores e dos patrocinadores, que por muitas vezes, não são nacionais. Por consequência, o engajamento de festivais depende dos artistas internacionais que são chamados.

 

Imensidão de pessoas acompanham um show no Lollapalooza 2025- Instagram/Lollapalooza

Imensidão de pessoas acompanham um show no Lollapalooza 2025- Instagram/Lollapalooza

Artista headliner é a atração principal de um evento. No Lollapalooza foram protagonizados com o cargo mais importante do festival, os seguintes artistas: Olívia Rodrigo, Shawn Mendes, Rüfüs do Sol, Alanis Morissete, Justin Timberleke e Tool. Segundo a organização do espetáculo, cerca de 240 mil pessoas foram ao evento prestigiar os astros do espetáculo.

Em entrevista ao Jornal AGEMT, Carolina Zaterka, estudante de jornalismo da PUC-SP, afirmou sobre o motivo de se interessar em comprar os ingressos do evento: “O principal motivo foi a Olivia Rodrigo, que eu sou fã a muito tempo, e como foi a primeira vez que ela veio ao Brasil, aproveitei a oportunidade”. A aluna, não foi a única que, como a maioria dos outros jovens, viram no Lollapalooza a chance de ver pela primeira vez seu ídolo internacional. Política adotada pelos investidores desses grandes festivais, os quais visam dar destaques ao “estrangeirismo”.

Além da cultura estrangeira, a música brasileira também apareceu no evento, com intérpretes como: Jão, Marina Lima e Sepultura, os quais apresentaram shows de destaque. Durante os três dias de festival, 33 artistas nacionais se apresentaram nos palcos do Lollapalooza. Mas com tratamentos diferentes em relação aos convidados internacionais. Os músicos brasileiros tocaram em horários em que o público total ainda não chegou, e apresentaram-se em palcos distantes do principal, resultando na falta de espectadores em seus espetáculos.

A estudante também alegou que sentiu a baixa representatividade dos artistas brasileiros no festival. Segundo ela, “Mesmo com mais nomes nacionais na programação, a estrutura do festival continua hierarquizada...Nenhum artista brasileiro ocupou o posto de headliner, e muitos se apresentaram em palcos secundários ou em horários de menor visibilidade. Parece que colocaram artistas brasileiros só para dizer que teve, mas sem dar o destaque que eles realmente merecem.”

A desvalorização da cultura brasileira é um processo recente. No século passado, artistas nacionais eram reverenciados e devidamente respeitados pelos festivais. O Rock in Rio, um dos maiores festivais realizados no Brasil, nos anos de 1980 até 2000, possuiu em seus palcos músicos marcantes da cultura brasileira, como: Ney Matogrosso, Cássia Eller, Barão Vermelho, e muito mais.

Icônico show de Cássia Eller no Rock in Rio em 2001- Créditos Rádio Rock

Icônico show de Cássia Eller no Rock in Rio em 2001- Créditos Rádio Rock 

No entanto, ainda havia artistas estrangeiros apresentando nos palcos do Rio de Janeiro. Com isso, tanto os músicos estrangeiros, como os nacionais possuíam espaço para realizar seus espetáculos. Mas houve uma queda na representatividade. No ano de estreia do Rock in Rio em 1985 entre as 28 atrações, metade eram brasileiras. Já no primeiro ano do Lollapalooza 12 representantes nacionais estavam presentes em meio a 36 artistas.

A queda gera preferência para que o estrangeiro seja chamado e se apresente nos maiores palcos dos festivais. Essa atitude é resultado de um pensamento negativo da própria população brasileira acerca de sua cultura. A tese é sustentada por duras críticas aos atuais músicos nacionais, baseado em uma perspectiva saudosista. Mas será que a culpa dessa baixa representatividade está somente nas mãos dos artistas? Ou será que nós, e principalmente os organizadores, somos responsáveis sobre a desvalorização da cultura brasileira nos grandes festivais de música.

Tags:
A revolução da inteligência artificial é um marco do avanço tecnológico interminável de nossa sociedade, porém com esse avanço surge um debate, não novo, mas reformulado: poderiam inteligências artificias fazerem arte?
por
Eduardo Bettini
|
10/06/2025 - 12h

Estamos em uma era de avanços que vêm mudando o mundo em que vivemos, e o principal deles é a inteligência artificial, o que um dia foi um sonho distante de filmes futuristas como o icônico HAL 9000 de “2001 uma odisseia no espaço” agora vem se tornando realidade, e de forma irônica um dos campos qual mais afeta é o da arte, uma das principais formas sendo o cinema. 

Como ferramenta a IA vem ganhando um enorme espaço no cinema, desde rejuvenescer o Harisson Ford em “Indiana Jones e o Chamado do Destino” até melhorar o sotaque húngaro de Adrien Brody em “O Brutalista”, e de fato a IA é uma ferramenta extremamente útil e prática, porém seu uso levanta a polêmica do porquê não foram usados profissionais formados para tal? Em uma entrevista o diretor de cinema Aarón Fernandez comentou “A IA é uma ferramenta que vai mudar bastante o jogo sendo para o bem ou para o mal”, e de fato, tanto é que em 2023 Hollywood parou devido a isso, atores e roteiristas fizeram uma greve de grandes proporções com objetivo de se blindar contra os avanços da IA, que ainda em seu início era vista como uma ameaça a seus trabalhos. Mas pelo jeito as opiniões mudaram, visto que Adrien Brody levou para casa o Oscar de melhor ator, mesmo tendo utilizado de IA para melhorar sua atuação, trazendo à tona essa discussão. Também deve ser dito que os programas usados nas produções de filmes já vêm com funções que utilizam alguma forma de inteligência artificial "tudo que é usado para produzir um filme já tem IA, então mesmo não querendo usar você está sendo de certa forma obrigado a usar" concluiu Aarón. 

Porém o uso de inteligências artificiais para alguns está passando dos limites, devido ao aumento expressivo em seu uso recentemente, com a amazon prime chegando a dublar filmes inteiros usando vozes criadas por IA, o que deixou diversos dubladores e telespectadores frustrados, devido à baixa qualidade, mas para os dubladores isso representa muito mais, pois muitos conseguem imaginar um futuro que seu trabalho se torne obsoleto, afinal os “dons” das maquinas acabam saindo muito mais barato para produtoras do que profissionais da área. 

Esse “boom” da inteligência artificial não veio do nada, as IAs são desenvolvidas desde no mínimo 1958, quando Jonh McCarthy publicou o documento “Programs With Common Sense” onde o termo foi utilizado pela primeira vez. Empresas como a IBM progrediram muito com suas IAs, como em 1961 com o IBM 7094, qual foi a primeira máquina a cantar, ou também o Deep Blue que derrotou o campeão mundial de xadrez Garry Kasparov em 1997, assim demonstrando a inteligência e potencial das máquinas. Porém esse avanço nos leva a uma pergunta, com essa capacidade toda, seriam IAs capacitadas de fazer arte por si mesmas?  

O debate em questão tem diversas camadas e foi abordado por inúmeros filmes e livros ao longo dos anos, mas hoje em dia ele ganhou ênfase em consideração dos avanços da nossa sociedade, pois agora com a nova atualização das IAs, elas conseguem gerar imagens através de um banco de dados gigante, o que por si só já é uma grande polêmica, sendo base de um processo envolvendo o fotografo Robert Kneschke, na qual o alemão processou a desenvolvedora LAION, devido ao uso de fotos dele na base de dados para treinar a Inteligência artificial da empresa, com a corte alemã julgando a favor da empresa. A base da argumentação de quem é contra softwares inteligentes no cinema está aí, as IAs não criam nada do zero, elas precisam de diversas inspirações para fazer sua “arte”. 

O campo de animações é um dos que serão mais afetados por essas artes artificiais, pois ela consegue criar animações, por enquanto ainda de baixa qualidade, porém com a evolução constante isso provavelmente irá mudar. Mas para muitos artistas, sejam eles do cinema ou outros meios, as IAs não conseguirão fazer arte por si só, como disse Aarón "a arte é uma coisa especificamente humana, que corresponde a uma vontade humana, e as máquinas não têm vontade".  

Tags:
São João, uma festa cultural, conhecida por todo o País, mas não com a mesma relevância
por
Liliane Aparecida Barbosa Gomes
|
10/06/2025 - 12h

O investimento feito pelas Quadrilhas Juninas no Nordeste é grande, podendo chegar até 10mil R$ por brincante (nome dado a pessoa que dança pela quadrilha), em São Paulo as Quadrilhas Juninas também têm um gasto exuberante. 

Ambas têm as mesmas ideias de arrecadação para adquirir esse valor, promovendo eventos com uma prévia da apresentação, rifas, jantares temáticos, entre outros. Toda a arrecadação é destinada 100% a quadrilha, serve para pagar figurinos, transporte e até alimentação em alguns casos. O valor que a quadrilha adquire durante o ano, é remetido para o ano seguinte. 

Se tem algo em comum entre as Quadrilhas Juninas de São Paulo e do Nordeste é o amor para espalhar essa arte cultural por todos os lugares. Mas a grande diferença entre eles é que no Nordeste, eles encontram apoio, pois para eles essa arte é importante, coisa que não ver em São Paulo.  

No Nordeste o apoio do governo é um diferencial importante comparado a São Paulo, chegando a um investimento de 24,6 milhões, de acordo com dados publicados no diário de Pernambuco, já que lá o São João é mais tradicional, sendo algo de geração em geração. 

Ainda que essa festa tenha um impacto na vida das pessoas, principalmente os nordestinos que vivem em São Paulo, fazendo com que eles se recordem da terra natal. São Paulo não vê essa festividade com uma grande relevância, deve-se do fato de ser uma metrópole maior, com culturas diferentes, e de ser algo que não tem um retorno financeiro tão considerável, comparado a outras festividades como o Carnaval.        

O São João, pode sim ser algo maior, disse Paulo Ricardo, vice-presidente da quadrilha asa branca e comprador de uma empresa de telecomunicação “Eu acredito que nós temos que levar o São João não da sua forma de espetáculo, mas na forma de construção como cadeia cultural. O São João ele tira pessoas de extrema vulnerabilidade, a gente consegue profissionalizar pessoas com inúmeros talentos e pouco se fala. Vai muito além daquela apresentação que dura por volta de 30 minutos, que por trás disso tem 6 a 8 meses de preparação com muito dinheiro e dedicação das pessoas. Acho que devemos levar para conhecimento do grande público, até do poder público, o que é uma quadrilha junina, que nem dentro do nosso próprio grupo temos a dimensão do conseguimos atingir. Eu com meus 15 anos de São João, ainda me surpreendo com história de pessoas que relatam que saiu da depressão, largou drogas, resgatou o casamento, tudo por causa do São João, são muitas histórias envolvidas, pessoas impactadas. Acredito que precisamos documentar primeiro isso e depois levar para conhecimento do grande público, sendo ou não relacionado a São João, daí pode ser um paralelo de ser rentável também, que é uma das minhas missões de mostrar que o São João pode ser muito bonito e bem vendido, atraindo um grande público e internamente pode ajudar a vida de pessoas e famílias.” 

                                       Quadrilha Asa Branca 

Imagem 3, Imagem                                                                                                                                                        

                                                                             Arquivo: foto do Instagram 

 

 

A arte cultural remetida pelo São João, vai muito além de dançar, é a forma de resgatar a cultura, espalhar amor. Ver os sorrisos nos rostos e até mesmo lágrimas nos olhos de ver esse espetáculo, é o que faz o quadrilheiro continuar, a cultura tem de espalhada a todos os cantos. 

Tags:
Em entrevista exclusiva Aquino fala sobre o circuito comercial da música, artistas da nova geração e como transformar a música em um espaço livre, afetuoso e de resistência, criado a partir do cotidiano o que se pode imaginar da MPB no século XXI
por
Manoella Macedo Marinho
|
10/06/2025 - 12h

Em uma sociedade lugaro algoritmo dita o que será bom, viral; existem grupos de jovens como a banda carioca AQUINO que estão em uma contramão do imediatismo digital, construindo uma rota diversa e pessoal na música brasileira. Com um som que permeia entre indie, o pop e a herança da MPB, a banda se moderniza e apresenta um espelho da geração Z em um trabalho independente.

“A gente é indie pelo contexto e pop pela intenção, mas tem uma coisa de MPB também”, disseram, com uma sinceridade e relembrando que estão amadurecendo ideias, crescendo e mudando conforme o crescimento da banda, em um momento em que tudo é mutável. A dificuldade em definir o próprio estilo acaba refletindo uma geração que prefere atravessar fronteiras e se desafiar ao se fixar em rótulos. Em entrevista exclusiva afirmam, a sigla MPB acabou se tornando um “guarda-chuva de nada”, não por ser irrelevante, mas por ser muito vasto e abrangente, que contém uma variedade de vozes e estéticas que podem compor o panorama atual.

 

Arte política e o mainstream

A banda surgiu em meio a pandemia, em um cenário de incertezas e isolamento, tendo seu primeiro contato com os ouvintes na internet. “Era a única coisa que a gente tinha”, comentam. Entre mostrar ao público suas músicas, tentativas e esforços criativos de adaptação de uma carreira musical às plataformas digitais, a Aquino com o tempo se desfaz desse desejo de ser viral, conciliando a arte e sobrevivência. “Hoje é muito mais difícil”, admitem, ao falar sobre o desafio de se manter online e com criações artísticas, além do tempo que é diferente da época de início da banda, navegando pelas exigências do marketing digital. Afirmam que “A criação de conteúdo é algo que fica na cabeça de todo mundo que tem banda, mas não nasceu pra ser blogueiro”, como se fosse algo indiretamente imposto na atualidade.

Apesar de tudo, refletem sobre a lógica de viralização: “Nem sempre o que viraliza é bom”, pois em vivências chegam em um lugar que muitas vezes fazem um conteúdo elaborado e pensado,e não viralizam mas ao serem filmados na rua conseguem milhares de views. “Buscamos encontrar um meio termo, de fazer o que a gente ama de forma acessível, de maneira que seja popular, mas que tenha também nossa verdade artística”. Para eles, fazer música é quase como um ato religioso: onde se tem dedicação, foco em algo que é incerto, onde o pagamento real vem da sensação, do momento do show, da composição e da partilha, onde o lucro é apenas um fruto.

https://vm.tiktok.com/ZMBEdwvTw/

 

Diálogo com a juventude: De geração z para geração z

A relação descrita pela banda, do público da geração atual é “sempre muito quente!”. Aquino reconhece que cresceu com a maioria dessas pessoas, “Pessoas que eram novas agora tão com a nossa idade”, observam, reforçando a ideia desse vínculo geracional. Um grupo que não está na busca de apenas entretenimento, mas de algo que fale diretamente com suas experiências, mesmo que de maneira indireta.

“Todo posicionamento é político”, diz um dos integrantes ao entrar no tópico de arte política e o ato de se manifestar politicamente através das músicas. Refletindo sobre o papel social da arte, eles defendem que o acolhimento, a maneira de se comunicar e o tipo de espaço que constroem com o público já são formas de ativismo. “Além de toda arte ser uma expressão política, acho que só do espaço ser um lugar que as pessoas se sintam confortáveis de estar, já estamos fazendo política”.

Banda Aquino em show

Fotos: Manoella Marinho em @ephemeral.jpg

 

Reinventar a Música Popular Brasileira no séc. XXI

O que seria verdadeiramente produzir MPB na contemporaneidade? Para Aquino, é preciso abrir mão de certos padrões já estabelecidos, até porque vem muito dessa história de revolução artística. “Acho que daqui pra frente é deixar o velho de lado- num sentido não generalista da coisa”, brincam, sugerindo uma ruptura saudável com o cânone, falando do que cabe ou não dentro da atualidade; o que se pode usufruir do passado e o que deve se renovar, para encaixar no atual, para haver uma identificação e impacto tão grande quanto o da ‘velha guarda’. A nova MPB não ignora o passado, mas também não se limita a ele. “No início a gente só ouvia Caetano e Los Hermanos, sonhávamos em ser O Terno, mas começamos a entender que não era isso, então mudamos”.

Testando coisas diferentes e sempre tentando inovar o som brasileiro, as influências continuam vastas e misturadas com a individualidade da banda - de Marcos Valle e Hyldon até Bjorl- , mas dessa vez mais filtradas por uma vivência própria. Há também, a valorização das amizades: “Nossos amigos, muitos deles, são nossas referências. Não só musicais, mas de vida, até mesmo estética e composição”.

 

Sentimentos de época: crise existencial e atemporalidade da arte

A banda carrega um forte sentimento de época. “Não temos noção de quanto o tempo passa rápido”, dizem. Ainda assim, se preocupam com a atemporalidade e o marco musical. “Está tudo certo não ser. Até porque depois o tempo volta, é cíclico”. Nessa visão, chegam a conclusão que talvez Aquino possa fazer mais sentido daqui a 30 anos do que faz agora.

Essa noção do ser cíclico e do tempo, também se traduz em uma crítica a efemeridade do digital. “Um dia, com a internet, as coisas não são nossas. Eu só aluguei um espaço lá. Tudo vai sumir. Nada é físico”, um dos membros afirma. Uma reflexão um tanto quanto realista, sobre o modo como se consome cultura nos dias atuais, onde nada mais é concreto, físico, em um mundo que não se sabe onde tudo vai estar em alguns anos, se será possível ter acesso a o que já foi criado.

 

O legado artístico

Há sempre um questionamento do artista em questão a atemporalidade de sua arte, e com eles não foi diferente: “Se as pessoas sentirem vontade de fazer música ouvindo a banda daqui alguns anos ou até mesmo agora, eu já estou feliz” diz um dos membros. Para Aquino, e sua geração artística, arte boa é arte socializada, que faz sentido em rede, na troca.

 

Num mundo e em um país de tantas urgências, a banda não oferece respostas diretas e fáceis- e talvez nem seja necessário. Convidando a uma reflexão do ser, eles lembram que fazer música ainda pode ser um gesto de resistência, de afeto e de reinvenções mesmo que de forma indireta. Em suas composições, há espaço para o lirismo e vai até ‘pássaros mecânicos no céu de salvador’; para a crítica e transformação, de algo que se espelha no velho com o foco no novo, na diferença e no impacto que, mesmo diferente, tenha o mesmo significado de mudança. O que insiste em permanecer mesmo que transformado.

A MPB ainda está presente e com força no século XXI, com um novo rosto, pautas novas, sendo jovem, independente e plural. E Aquino segue com expressões cada vez mais diferenciadas, diversas e potentes.

Tags:
O país ainda engatinha em sua produção cinematográfica sobre a ditadura, políticas de memória, incentivo cultural e o peso da anistia explicam essa lacuna
por
Carolina Zaterka
|
10/06/2025 - 12h

   Nas últimas décadas, regimes militares latino-americanos foram tema de centenas de filmes. No entanto, a cinematografia brasileira sobre sua ditadura (1964–1985) é bem menor do que a de países vizinhos: a Argentina produziu 608 obras sobre o tema, o Chile 225, enquanto o Brasil soma apenas 189.  

Imagem 

Gráfico que mostra o lançamento de filmes sobre a ditadura militar por ano no Brasil, Argentina e Chile. Reprodução: Folha de São Paulo 

 

   A Argentina consolidou sua memória no cinema já nos anos 1980. “A História Oficial”, vencedor do Oscar em 1986, foi um marco ao denunciar o roubo de bebês durante o regime. Mais tarde, “O Segredo dos Seus Olhos” (2010) e “Argentina, 1985” (2023) reforçaram esse compromisso com o passado. No Chile, o filme “No” (2012), indicado ao Oscar, dramatizou a campanha contra Pinochet no plebiscito de 1988. Mais recentemente, “El Conde” (2023) satirizou o ditador como um vampiro, inaugurando uma nova linguagem para falar sobre a repressão. 

   No Brasil, apesar de exceções como “O Que É Isso, Companheiro?” (1997), indicado ao Oscar, a produção tem sido menos frequente. O recente “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, sobre o desaparecimento do deputado Rubens Paiva, trouxe novo fôlego ao tema e conquistou o Oscar de melhor filme internacional em 2025. Ainda assim, trata-se de um caso isolado. Mesmo com a criação da Comissão Nacional da Verdade em 2012, a quantidade de produções permanece modesta. 

Imagem 

Apresentação do relatório final da Comissão Nacional da Verdade. Reprodução: Politize em Agência Brasil 

 

   A diferença entre os países não é apenas estética ou cultural: é política. A Argentina promoveu o julgamento das Juntas Militares logo após a redemocratização, anulou anistias e instituiu centros de memória como o “Espacio Memoria y Derechos Humano’’ (ESMA), incentivando a arte engajada. O Chile, além de criar o Museu da Memória e fomentar cineastas exilados, estabeleceu políticas públicas de apoio ao audiovisual focadas em direitos humanos. Nesses países, a memória virou política de Estado e gerou reflexos concretos no cinema. 

   No Brasil, o processo foi mais lento e contido. A Lei da Anistia de 1979 impediu a responsabilização de torturadores, e o Estado demorou a assumir uma política ativa de memória. A dissolução da Embrafilme em 1990 deixou um vácuo no financiamento do cinema, só parcialmente preenchido anos depois com a Lei Rouanet (Lei Federal de Incentivo à Cultura, Lei nº 8.313/1991) e a Lei do Audiovisual (Lei Federal nº 8.685/1993). Mas tais mecanismos não priorizam temas históricos nem promovem uma política de enfrentamento do passado. Com isso, o cinema brasileiro sobre a ditadura seguiu com apoio pontual e, muitas vezes, iniciativas isoladas e privadas. 

   A escassez de produções é reflexo de um país que ainda não elaborou plenamente seu passado autoritário. Segundo o historiador Eduardo Morettin, “a forma como lidamos com a ditadura interfere diretamente na quantidade e no tipo de obras culturais que surgem”. No Brasil, prevaleceu por décadas uma narrativa conciliadora, centrada na transição pacífica e na reconciliação, que inibiu iniciativas culturais mais contundentes. 

   Contudo, esse cenário pode estar se transformando. O impacto de “Ainda Estou Aqui” foi tão expressivo que falas presentes do filme foram utilizadas por ministros do STF durante o julgamento da lei de anistia. Nessa perspectiva, o STF vai determinar se crimes como o de desaparecimento forçado podem ser julgados com força retroativa, mesmo que a anistia esteja em vigor. Se houver aceitação, pelo menos 18 situações processuais paralisadas, até esse momento, vão a julgamento. A arte, mais uma vez, reacende um debate adormecido. 

   A experiência de Argentina e Chile mostra que o cinema pode ser uma ferramenta poderosa de construção da memória coletiva. A arte faz, com toda certeza, com que as pessoas olhem o mundo com outros olhos, criem empatia e ajudem a sociedade a entender e confrontar traumas históricos. Ao contrário, o silêncio e a omissão cultural podem alimentar o esquecimento, ou até mesmo o “revisionismo”. 

   Hoje, o Brasil vive um momento decisivo. O sucesso internacional de um filme que mergulha na dor de uma família destruída pela repressão sugere que o público está pronto para olhar o passado nos olhos. Resta saber se o país, como Estado e como sociedade, está disposto a seguir esse caminho, com mais história nas telas, e mais memória no presente. 

 

 

Tags: