A certidão de óbito da estilista Zuleika Angel Jones, conhecida como Zuzu Angel, foi oficialmente retificada nesta quinta-feira (28), em uma cerimônia em Minas Gerais. A atualização faz parte de um pacote de 21 certidões entregues pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania a familiares de pessoas mortas ou desaparecidas durante a ditadura militar e atende à Resolução nº 601/2024, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
O novo documento especifica que a morte de Zuzu ocorreu de forma não natural, violenta e causada pelo Estado brasileiro, no contexto de perseguição política que marcou o regime militar. A retificação também incluiu dados complementares, como idade, estado civil, além da data e local da morte. Na cerimônia ocorrida na Assembleia Legislativa mineira, além da certidão de Zuzu Angel, foram entregues documentos retificados de outras vítimas da ditadura.
Aos 54 anos, um acidente de carro na saída do túnel Dois Irmãos, em São Conrado matou Zuzu Angel. O túnel foi rebatizado anos mais tarde e hoje leva seu nome. Desde os anos 1980, familiares e ativistas afirmavam que o acidente foi provocado e que seu carro teria sido jogado para fora da pista por agentes do regime.
Zuzu Angel ganhou espaço no cenário da moda brasileira ao valorizar bordados artesanais, cores vibrantes e elementos da cultura popular, em contraste com as influências europeias dominantes. Seu trabalho chegou a vestir estrelas de Hollywood, projetando seu nome internacionalmente. Um dos momentos mais marcantes de sua carreira foi o desfile realizado em Nova York em 1971, que trouxe à passarela referências à repressão vivida no Brasil. A coleção incorporou símbolos de luto e resistência, transformando a moda em uma forma de denúncia política e visibilidade internacional para a causa de seu filho Stuart Angel Jones, militante do MR-8 torturado e morto no mesmo ano do desfile.
Atualmente, parte de seu acervo está preservada no Instituto Zuzu Angel, no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro. O espaço funciona como centro de memória da estilista, com peças catalogadas e, ocasionalmente, abertas a exposições sob gestão da filha, Hilde Angel.

A retificação da certidão de óbito de Zuzu Angel, inserindo oficialmente a causa violenta e a responsabilidade do Estado, representa um marco na busca por reparação e preservação da memória no país. O registro traz clareza formal sobre as circunstâncias de sua morte e reforça o legado de Zuzu como estilista que abriu caminhos na moda brasileira e transformou sua dor pessoal em denúncia por meio da arte.
A H&M inaugura sua primeira loja no Brasil neste sábado (23), no Shopping Iguatemi São Paulo. A unidade, com cerca de 1 mil m², será dedicada ao público feminino. No dia 4 de setembro, a rede abre a segunda loja no Shopping Anália Franco, também na capital paulista, com quase 2 mil m² e espaço para as linhas masculina e infantil. Além das lojas físicas, o e-commerce nacional começa a funcionar simultaneamente, ampliando a presença da marca no mercado digital. De acordo com a empresa, outras unidades estão previstas até o fim de 2025. As informações foram divulgadas pela Elle Brasil e confirmadas pela varejista.
Fundada em 1947, na cidade sueca de Västerås, a H&M é uma das maiores redes de fast fashion do mundo, com mais de 4.500 lojas, em 70 países. Sua estratégia combina preços competitivos, alta rotatividade de coleções e forte integração digital. A companhia chega ao Brasil em um momento de retração econômica global — no primeiro semestre fiscal de 2025, a economia mundial registrou queda de 1% nas vendas e recuo de 27,7% no lucro líquido, segundo o jornal espanhol “Cinco Días”. Ainda assim, a América Latina aparece como prioridade no plano de expansão da empresa.
No país, a operação contará com um centro de distribuição em Extrema (MG), localizado entre São Paulo e Rio de Janeiro, para agilizar a logística e o abastecimento das lojas. O mercado acompanha de perto o movimento, já que o setor de moda brasileiro movimenta cerca de R$230 bilhões ao ano, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit).
A chegada da H&M insere-se em um histórico de marcas globais que buscaram espaço no consumo nacional. A C&A, de origem holandesa, foi a primeira a se instalar, em 1976. Em 1999, a Zara inaugurou sua primeira loja no Shopping Morumbi, em São Paulo, e consolidou presença nos grandes centros urbanos. Já a Forever 21 desembarcou em 2014, mas encerrou suas operações em 2019, após dificuldades de adaptação.
Em entrevista à AGEMT, a gerente de estilo Camila de Paula Souza afirmou que a movimentação da H&M exigirá atenção das concorrentes locais. “A H&M traz uma operação global com muita força, o que exige que as varejistas se reposicionem. O desafio é manter proximidade com o público, reforçando a identidade nacional e ampliando a integração entre loja física e on-line”, disse. Segundo ela, o setor aposta em coleções cápsula assinadas por designers brasileiros, em parcerias com influenciadores digitais e em investimento tecnológico. “O consumidor busca preço, mas também diversidade, representatividade e conveniência. Esse é o caminho para manter a relevância diante da chegada da H&M”, completou.
Expansão de mercado e o desafio da sustentabilidade
Além da disputa por espaço no mercado, a chegada da H&M reacende o debate sobre sustentabilidade. Globalmente, 89% dos insumos da marca já são de origem considerada sustentável, sendo 29,5% reciclados, com meta de atingir 100% até 2030, segundo dados divulgados pela própria empresa. A linha “Conscious”, desenvolvida com tecidos reciclados, estará disponível no Brasil e será apresentada como diferencial diante das críticas ao modelo fast fashion, frequentemente acusado de estimular o descarte em massa e de ter grandes impactos ambientais.
O setor, no entanto, segue competitivo. Em 2024, a Renner registrou lucro de R$1,1 bilhão, a C&A obteve R$452 milhões e outras empresas alcançaram resultados relevantes, de acordo com balanços publicados pelas companhias. Paralelamente, plataformas digitais como a Shein, que entrou no Brasil em 2022, já atingiram mais de 50 milhões de consumidores no país, representando de 10% a 15% de seu faturamento global.
Com inaugurações previstas para os próximos meses e expectativa de arrecadar até R$2,88 bilhões no país, segundo o portal “Mercado & Consumo”, a H&M deve gerar milhares de empregos diretos e indiretos com a instalação das primeiras unidades e do centro de distribuição. O histórico mostra que a adaptação cultural é determinante para o sucesso das marcas estrangeiras: enquanto a Zara conseguiu consolidar presença, a Forever 21 não resistiu. Agora, em um cenário de consumidor mais conectado e exigente, a chegada da H&M promete inaugurar uma nova fase para o varejo de moda no Brasil.
Nas ruas e universidades, a moda afirma-se como linguagem política: um código visual capaz de expressar ideologias, indignações e identidades coletivas. Em um Brasil marcado por tensões sociais, reações conservadoras e a articulação de movimentos progressistas, o corpo torna-se campo de disputa simbólica.
Esse uso da estética como resistência não é novo. Nos anos 1960 e 1970, movimentos como o feminismo, o black power e o punk já faziam do vestuário uma ferramenta de contestação. Hoje, esse gesto se atualiza: a camiseta da seleção brasileira, antes símbolo nacional, virou objeto de disputa ideológica, enquanto outras peças se consolidam como marcas visuais de protesto, como os keffiyehs em atos pró-Palestina ou camisetas com frases como “Estado laico já”.
Em entrevista à AGEMT, a estilista Isadora Barbozza afirma que “o vestuário é essencial para transmitir mensagens sociais, culturais, ideológicas e políticas”. Para ela, é possível reconhecer, à primeira vista, a filiação a uma causa, crença ou identidade coletiva. “Você consegue, num olhar, identificar uma roupa de matriz africana. É muito expressivo”, destaca. Ela lembra que religiões, culturas e instituições sempre usaram a roupa como marcador simbólico — mostrando que o corpo vestido participa da construção de sentidos sociais.
Na universidade, esse fenômeno se intensifica. Na PUC-SP, onde o movimento estudantil voltou a se articular em 2025, com assembleias e protestos pela democratização interna e contra retrocessos nos direitos humanos, o vestir passou a compor o ato político. Camisetas com símbolos de partidos e movimentos sociais — como o PT, o MST e coletivos feministas — tomaram os corredores, transformando o corpo dos estudantes em suporte de convicções. A escolha da roupa deixa de ser neutra e se torna apoio ao debate.
A relação entre vestuário e engajamento também aparece na fala de Martim Tarifa, estudante de Jornalismo da PUC-SP. Em entrevista à AGEMT, ele conta que escolheu sua roupa com intenção ao participar da assembleia da ocupação estudantil. “Não fazia sentido ir com qualquer roupa. Vesti minha camiseta antifascista porque, da minha casa até lá, queria deixar claro meu apoio à mobilização”, explica. Para ele, mesmo quando não há uma intenção explícita, o modo de se vestir carrega significados. “Só de olhar para o estilo de uma pessoa, já dá pra perceber uma possível posição política. É uma forma de se posicionar e também de se identificar”, acrescenta.
Na sexta-feira (11), o último dia da 59ª edição da São Paulo Fashion Week foi marcado por três desfiles de estilos distintos. A capital paulista recebeu as novas coleções da Handred, Patricia Vieira e PIET que encerraram o evento.
Handred
Abrindo o dia, Handred apresentou uma coleção cheia de referências artísticas brasileiras e inspiradas na tapeçaria. Ponto Brasileiro – nome da coleção assinada pelo estilista André Namitala- traduziu a homenagem desejada pelo artista: “Uma ode ao legado dos grandes mestres tapeceiros”.
O desfile ocorreu na galeria Passado Composto, no bairro do Jardins. Enquanto os modelos passavam apresentando a coleção, André narrava o desfile comentando os looks, suas técnicas e seus pensamentos, uma ambientação única e intimista. A Handred trouxe excelência na necessidade atual de experiências imersivas para a passarela.
A coleção acentua os trabalhos manuais do ateliê e comemora brasilidade – as cores vibrantes, peças inspiradas em obras de Jacques Douchez e na ilustração “Jardim Brasileiro” do artista Filipe Jardim. As técnicas refinadas com ajuda do Apara Studio relembram Genaro de Carvalho, tapeceiro brasileiro que incorporava cores e a cultura brasileira em suas obras.
Uma coleção com bordados, organza, lã, veludo e seda, tudo conversa com as obras. Outro ponto alto foi a beleza assinada por Carla Biriba, a maquiagem dos modelos conversava diretamente com as peças e passavam do corpo para o rosto. A linha transcende a moda e mostra como caminhar junto da arte brasileira.

Patricia Viera
Marca consolidada na SPFW e conhecida pelo trabalho com couro, Patricia Viera apresentou sua nova coleção na Casa Higienópolis, em parceria com o artista Jardel Moura, responsável pelo desenvolvimento do corte tipo richelieu - caracterizado por desenhos vazados, muitas vezes com flores, folhagens ou padrões geométricos .
Sempre buscando inovação com sustentabilidade, Viera traz uma coleção que reforça seus atributos ao usar tecnologia a laser na construção do couro. Inspirada no Art Déco, a estilista aposta em tons sóbrios, como bordô, marinho e até metálicos, aliados à geometria. Os mosaicos, criados por meio do programa Zero Waste, reutilizam sobras de couro do ateliê, promovendo uma produção mais consciente.
Com uma ambientação clássica, a coleção revisita o passado sem deixar de valorizar o presente, trazendo elementos como um vestido de noiva e o uso de animal print. O trabalho artesanal das peças é único e reafirma o luxo característico da marca. Pela primeira vez, a marca apresentou uma coleção própria de sapatos, expandindo seu portfólio de produtos.

PIET
Com trilha sonora de Marcelo D2 e Nave Beats, Pedro Andrade criou um cenário único no estádio do Pacaembu para apresentar o desfile da PIET. O futebol foi o protagonista da coleção. O estilista explicou à CAPRICHO que a apresentação funciona como uma linha do tempo que começa nas memórias de infância, que ajudam a formar o imaginário coletivo da população sobre o esporte. “O futebol está no nosso DNA”, declarou.
Ele explora diversos personagens nas roupas: do torcedor ao técnico, passando pelo jogador e até mesmo pelo soldado na reserva, que passa a maior parte do tempo jogando bola. Por meio de uma combinação de modelagens justas e oversized, meiões, releituras de camisas de time e estampas camufladas, o estilista traduz essas personas em suas peças.

A maquiagem também teve destaque na passarela. Helder Rodrigues foi o responsável pela beleza dos modelos, que apareceram desde apenas com blush, até rostos completamente pintados, que evocaram a paixão dos fanáticos pelo esporte.
Desde 2022, a São Paulo Fashion Week passou a vender ingressos, mas o evento da marca de streetwear foi em contrapartida ao disponibilizar 4 mil entradas gratuitas para o público e reuniu uma comunidade fiel à marca. A escolha foi certeira, já que os torcedores formam parte essencial desse “jogo da moda”.
gente o desfile da piet no fechamento da spfw foi muito foda estou encantada as a fashion girlie to feliz em estar em lugares q n imaginei q estaria <3 @SPFW pic.twitter.com/xHWYrc2WgZ
— nape (@davegrou) April 12, 2025
Estreante na SPFW em 2018, a PIET conquistou reconhecimento internacional ao firmar parcerias com marcas como Oakley, Puma e Levi’s. Com o encerramento da semana de moda, ela trouxe uma atmosfera de final de Copa do Mundo e reafirmou a democratização dos espaços da moda com a coleção “Farmers League”.
No começo do mês de abril, o jornal americano Women's Wear Daily (WWD) divulgou em suas redes sociais um vídeo que mostrava os bastidores da fabricação da bolsa 11.12, um dos modelos mais populares da histórica francesa Chanel. Intitulado “Inside the Factory That Makes $10,000 CHANEL Handbags” (“Dentro da Fábrica que Produz Bolsas Chanel de US$10.000”), o material buscava justificar o alto valor do acessório, mas acabou provocando controvérsia ao exibir etapas mecanizadas do processo, incluindo a costura.

Embora o vídeo também destacasse momentos artesanais, como o trabalho manual de artesãs, a revelação de uma linha de produção mais automatizada do que o esperado causou estranhamento entre o público nas redes sociais. A repercussão negativa levou à exclusão do conteúdo poucas horas após a publicação, mas o vídeo continua circulando por meio de republicações.
Além do material audiovisual, a WWD publicou uma reportagem detalhada sobre o processo de confecção das bolsas. Foi a primeira vez que a maison fundada por Coco Chanel, em 1910, abriu as portas de uma de suas fábricas de artigos em couro. A iniciativa está alinhada ao Regulamento de Ecodesign para Produtos Sustentáveis, que visa ampliar a transparência ao oferecer informações claras sobre a origem dos produtos, os materiais utilizados, seus impactos ambientais e orientações de descarte através de um passaporte digital dos produtos.
Em entrevista à publicação, Bruno Pavlovsky, presidente de moda da Chanel, afirmou: “Se não mostrarmos por que é caro, as pessoas não saberão”. Ao contrário do vídeo, as imagens incluídas na matéria priorizam o trabalho manual dos artesãos, reforçando a narrativa de exclusividade e cuidado artesanal.
Para a jornalista de moda Giulia Azanha, a polêmica evidencia um atrito entre a imagem construída pela marca e a realidade do processo produtivo. “Acaba criando um rompimento entre a qualidade percebida pelo cliente e o que de fato é entregue”, afirma. Segundo ela, a reação negativa afeta principalmente os consumidores em potencial, ainda seduzidos pelo imaginário construído pela grife, enquanto os compradores habituais já estão acostumados com o funcionamento e polêmicas do mercado de luxo.
Atualmente, a Chanel administra uma série de ateliês especializados em ofícios artesanais por meio de sua subsidiária Paraffection S.A., reunidos no projeto Métiers d’Art, voltado à preservação de técnicas manuais tradicionais. A marca divulga sua produção feita à mão como um de seus pilares. No entanto, ao longo dos anos, parte da fabricação tornou-se mais automatizada — sem que isso tenha sido refletido nos preços finais.
Em 2019, a bolsa 11.12 no tamanho médio custava US$ 5.800. Hoje, o mesmo modelo é vendido por US$ 10.800 — um aumento de 86%. Para Giulia, não é o produto em si que mantém o caráter exclusivo, mas sim a história da marca, a curadoria estética e seu acesso extremamente restrito: “No final, essas marcas não vendem bolsas, roupas, sapatos, mas sim a sensação de pertencimento, de sofisticação e inacessibilidade, mesmo que seja simbólico”.
A jornalista de moda acredita que grande parte das outras grifes também adota um modelo híbrido de produção, que combina processos artesanais e mecanizados. Isso se justifica pela alta demanda de modelos como as bolsas 11.12 e 2.55, os mais vendidos da Chanel, o que exige uma produção em escala. No entanto, Giulia ressalta que a narrativa em torno do produto é tão relevante quanto sua fabricação: “O conceito de artesanal e industrial no setor da moda é uma linha muito mais simbólica do que técnica”, afirma.
Na mesma reportagem da WWD, Pavlovsky afirmou que a Chanel pretende ampliar a divulgação de informações sobre o processo de fabricação de seus produtos. A iniciativa acompanha a futura implementação do passaporte digital, que será exigido em produtos comercializados na União Europeia. A proposta é detalhar como os itens são produzidos, incluindo dados voltados ao marketing e à valorização dos diferenciais que tornam as peças da marca únicas. A matéria da WWD foi uma primeira tentativa nesse sentido, mas acabou não gerando a repercussão esperada.
“O não saber causa um efeito psicológico e atiça o desejo por consumo, muito mais rápido do que a transparência”, observa Giulia, destacando o papel do mistério no universo do luxo. Para ela, as marcas enfrentam o dilema de até que ponto devem revelar seus processos sem comprometer a aura de exclusividade. Embora iniciativas como a da Chanel pareçam valorizar aspectos como a responsabilidade ambiental e o trabalho manual — atributos bem recebidos na era das redes sociais, a jornalista acredita que a intenção vai além da educação do consumidor: “A ideia é parecer engajado e preocupado com a produção e seus clientes, mas a intenção por trás está muito mais ligada a humanizar a grife do que, de fato, educar o público”.
Até onde as práticas de fabricação importam?
Também no início de abril, diversos perfis chineses foram criados no aplicativo TikTok. Inicialmente, vídeos aparentemente inocentes mostrando a fabricação de bolsas e outros acessórios de luxo foram postados. Porém, com o aumento das taxas de importação causada pelo presidente americano, Donald Trump, estes mesmos perfis começaram a postar vídeos comprovando que produtos de diversas grifes de luxo são fabricados na China.
Estes vídeos se tornaram virais, arrecadando mais de 1 milhão de visualizações em poucos dias no ar. Um dos perfis que ganharam mais atenção foi @sen.bags_ - agora banido da plataforma -, usado para expor a fabricação de bolsas de luxo. Em um dos vídeos postados no perfil, um homem mostra diversas “Birkin Bags” - bolsas de luxo fabricadas pela grife francesa Hermés, um dos itens mais exclusivos do mercado, chegando a custar entre US$200 mil e US$450 mil - que foram produzidas em sua fábrica.
As bolsas Birkin foram criadas em 1981 em homenagem à atriz Jane Birkin por Jean-Louis Dumas, chefe executivo da Hermés na época. O design da bolsa oferece conforto, elegância e praticidade, ganhando rapidamente destaque no mundo da moda.

A Hermés se orgulha em dizer que as Birkin são produtos exclusivos, principalmente devido ao lento processo de produção. De acordo com a marca, todo o processo de criação de uma Birkin é artesanal e o produto é fabricado com couros e outros materiais de difícil acesso. Porém, com a revelação do perfil @sen.bags_, o público começou a perceber que talvez a bolsa não seja tão exclusiva assim.
No mesmo vídeo mencionado anteriormente, o homem diz que tudo é fabricado na China, com os mesmos materiais e técnica, mas as bolsas são enviadas à Europa para adicionarem o selo de autenticidade da marca. Essa fala abriu um debate on-line, durante todo esse tempo, as pessoas só vêm pagando por uma etiqueta e não pelo produto em si?
Para Giulia, polêmicas desse nível não afetam de forma realmente impactante as grandes grifes de luxo, já que “A elite não para de consumir esses produtos, porque como já possuem um vínculo grande [com as marcas] não se trata de uma polêmica que afete sua visão de produto, afinal além de venderem um simples produto, as grifes vendem um estilo de vida compatível com seu público.
A veracidade destes vídeos não foi comprovada, mas a imagem das grifes está manchada no imaginário geral. Mesmo que a elite, público alvo destas marcas, não deixe de consumi-las, o resto dos consumidores com certeza se deixou afetar pelo burburinho.
Nas redes sociais, diversos internautas brincam dizendo que agora irão perder o medo de comprar itens nos famosos camelôs, alguns até pedem o nome dos fornecedores, buscando os prometidos preços baixos.
Financeiramente, a Chanel e outras marcas expostas, podem ter um pequeno baque, mas por conta de suas décadas acumulando capital, conseguiram se reequilibrar rapidamente. “Elas podem sentir um impacto imediato, mas que em poucos anos são contidos e substituídos por novos temas, como a troca repentina de um diretor criativo ou um lançamento de uma nova coleção icônica.”, acrescentou Giulia.
Outras grandes grifes já enfrentaram escandâlos, até muito maiores do que esse como menciona Giulia “A Chanel, inclusive passou por polêmicas diretamente ligadas a sua fundadora, até muito mais graves do que seu processo produtivo”, se referindo ao envolvimento de Coco Chanel com membros do partido nazista durante a Segunda Guerra. Porém, como apontado anteriormente, essas marcas conseguiram se reerguer divergindo a atenção do público a outro assunto impactante.
Esse caso foi apenas um de muitos similares na história da indústria da moda, mas, como apontado por Giulia: “A maior parte das grifes em questão tem ao menos 100 anos de história e já se reinventaram diversas vezes em meio a crises, logo a transformação será necessária.”







