O São Paulo Fashion Week (SPFW) é uma das ocasiões do universo fashion mais importantes do Brasil e da América Latina. Criada em 1993 por Paulo Borges, empresário e produtor de eventos, a primeira semana de moda paulista só aconteceu em 1996.
A ideia de montar o evento surgiu da necessidade de dar visibilidade à moda brasileira em nível internacional e de fortalecer a indústria no Brasil. O fundador viu uma oportunidade de criar um espaço que reunisse estilistas, marcas e profissionais do setor em um ambiente de destaque, atraindo a atenção de compradores, jornalistas e celebridades de todo o mundo, além de se tornar um dos principais palcos para lançar tendências. A São Paulo Fashion Week acontece duas vezes por ano e nessa segunda edição de 2023 apresenta:
Quarta-feira (08/11):
Patricia Vieira: criada em 2006 pelo designer de nome homônimo da marca.
O estilo festivo dominou a coleção com peças prateadas, douradas, grafite e preto brilhante. Um dos destaques foi o vestido de 25.000 quadrados de couro e ponto de luz desfilado pela atriz Mônica Martelli.
A grife é uma das que preza pelo sistema de desperdício zero, portanto em suas produções, nenhuma matéria prima é descartada.

João Pimenta: lançada em 2003 pelo estilista de nome homônimo da marca, com foco em alfaiataria masculina. O tema do desfile foi ‘’sincretismo religioso no Brasil’’, no qual as peças variavam desde bordado com dourado - como um casaco de tweed feito artesanalmente de tapeçaria - até peças em preto e criações que mesclavam as duas cores. A silhueta minimalista foi incrementada com camisas de cetim que se sobrepunham. Os looks em branco também eram diferenciados, contendo laços exagerados e rendas em abundância, além do uso abundante de cetim que trouxe o estilo elegante à passarela.

DEPEDRO: criada em 2017, por Marcus e sua irmã, Larissa Figueiredo. Os criadores acreditam em uma moda que seja diversificada e que promova impacto social no sertão. O desfile aconteceu em parceria com a marca sustentável do ator Sérgio Marone, a Tukano - responsável por desenvolver um tecido de algodão feito por uma aldeia indígena do Rio Grande do Norte.
As peças em destaque foram as de crochê, em tons neutros e em verde e azul, looks com franjas e modelos sem camisa vestindo sungas, além de calçados confortáveis.
Também foi possível observar que, conforme os modelos tomavam conta da passarela, as artesãs faziam crochê simultaneamente.

Helô Rocha: marca que está no mercado desde 2005, porém com o nome de Têca, e que só uma década depois veio a ter o nome homônimo da estilista. É famosa por estar sempre reverenciando a moda nordestina e regional.
O desfile aconteceu no Teatro Oficina, cujo fundador, o ator Zé Celso, faleceu este ano após seu apartamento na capital paulista ter pegado fogo.
O foco esteve nos bordados, crochês, nos acessórios em látex - como luvas e meias - peças texturizadas, tons claros e nas peças fluídas, assim como nos adereços metalizados e nos véus.

A coleção foi marcada por visuais feitos manualmente pelas bordadeiras da Amazônia e com os próprios recursos do Norte do país.
Helô é de Porto Alegre (RS), mas cresceu em Natal (RN), portanto, fez questão de homenagear o nordeste. Suas modelos vestiram rendas e desfilaram em um cenário composto por caranguejos, flores e um sol, homenageando também o criador do Teatro Oficina.
Korshi 01: idealizada em 2018, pelo diretor criativo Pedro Korschi. É uma marca focada no desenvolvimento de peças modulares - isso significa que elas entregam muita versatilidade e um estilo de roupa inteligente - com partes destacáveis, nas quais a partir de uma base, podem ser montadas inúmeras outras formas e modelos diferentes.
O desfile intitulado ‘’Praia de Koncreto’’ apresentou looks em tons que remeteram, de fato, a uma praia, fazendo o uso do azul e do bege em grande parte de seus visuais.
Os clássicos preto e branco também tiveram seu momento de brilhar. Conforme os modelos iam desfilando, as trocas de roupas aconteciam ali, na frente do público, onde a mágica acontecia.
Roupas estilo oversized e com multi funcionalidades foram destaques na passarela, assim como as bolsas/mochilas em formato de tubarão, bonés e chapéus bucket com furos na parte de trás e chinelos de dedo e alpargatas. O show nos trouxe uma ideia de verão desconstruído e autêntico.

SAU: criada em 2020 por Yasmim, mais conhecida por Zazá, e Marina, por Bitu. É uma marca feminina de moda praia. O desfile foi marcado por muito minimalismo, sob uma forte inspiração nordestina, que incluiu modelos fluídos, esvoaçantes e geométricos, compostos por tons terrosos, preto e branco. O tema era ‘’Pulsação’’ e foi baseada na obra do escultor Sérvulo Esmeraldo, que morreu em 2017.

Martins: fundada em 2016 por Tom Martins, com a proposta de ser unissex e oversized. Apresentou roupas em jeans em parceria com a Levi’s, xadrez, cores vibrantes, mix de estampas, texturas, acessórios como colares e brincos de pompons estilizados e coloridos, assim como óculos escuros que continham pingentes de letras nas hastes e peças que giravam em torno da estética maximalista.

Artemisi: criada em 2019, pela estilista Mayari Jubini. É uma marca que produz suas peças sob medida, com coleções de designs exclusivos. O desfile focou em apresentar uma visão tecnológica e futurista.
Algumas das referências utilizadas pelas designers para criar esta coleção foram os filmes: “Pearl (2022)”, “Psicose (1960)” e “Frankenstein (1931)”.
As peças em destaque foram as jaquetas de couro estilizadas, sob um modelo que remetia o visual dos motociclistas do início do século XX, tops metalizados e calças em tecido vinílico e em couro. Os visuais que integraram a passarela eram compostos por top e saia de pérolas e vestidos de manga longa inspirados nas pinturas renascentistas. As peças em jeans também estiveram presentes no show, compondo conjuntos, jaquetas, corsets, calças, casacos e até mesmo luvas.

O anúncio foi feito por meio da conta no Instagram, com a legenda: ‘’conheça Khy’’. Na foto, ela veste um sobretudo preto de couro com vários zíperes. Segundo a empresária, os preços serão atrativos, não ultrapassando 200 dólares (cerca de R$ 1 mil na cotação atual). A proposta é oferecer peças de luxo acessíveis. A primeira coleção tem 12 itens, criados em parceria com a Namilia - marca alemã, famosa por criar peças inovadoras feitas em couro sintético.

A inspiração para a grife veio do próprio guarda-roupa e em como ela está se sentindo a cada dia, partindo do conceito de “quiet luxury’’ que está em alta no momento, já que é focado no minimalismo e na qualidade do tecido.
A integrante mais jovem do clã Kardashian-Jenner, aos 26 anos, já acumula mais de US$ 680 milhões de patrimônio líquido, de acordo com a revista Forbes. Ela, que já integra o mercado da beleza e de cuidados pessoais, é fundadora das marcas Kylie Cosmetics (2015), Kylie Skin (2019) e Kylie Baby (2021).
A nova marca oferecerá, também, uma grande variedade de tamanhos, indo do PPP ao GGG. O desenvolvimento vem acontecendo em colaboração com o casal Jens e Emma Grede - envolvidos com a SKIMS, de lingeries e roupas modeladoras de sua irmã, Kim Kardashian, e a Good American, de jeans e vestuário feminino, de sua irmã Khloe Kardashian. Ainda de acordo com informações da revista Puck, Kylie promete adotar uma abordagem mais sustentável, consequentemente, gerando menos lixo com as produções.
Quem se interessar e decidir acessar o site khy.com, irá se deparar com uma foto da fundadora de costas usando o traje carro-chefe da grife, e uma lacuna para preencher seu email a fim de garantir um acesso antecipado e exclusivo. O lançamento acontecerá na próxima quarta-feira (01).

A Semana de Moda de Milão (MFW) acontece anualmente desde 1958, nos meses de fevereiro e setembro. Antigamente, o evento era apresentado pela associação da Camera Sindacale della Moda Italiana, que mudou de nome para Camera Nazionale della Moda Italiana. Na época, o evento se resumia a exibir desfiles de moda e exposições que apresentavam a indústria da moda italiana, hoje em dia, tem como objetivo promover estilistas italianos tanto na Itália quanto internacionalmente.
Primeiro dia (20/09)
Destaques:
Fendi: fundada em 1925 por Adele e Edoardo Fendi. A marca começou como uma pequena boutique no coração de Roma, especializada em bolsas e peles. O designer britânico Kim Jones assumiu o cargo de diretor artístico da alta costura em 2020, ao lado das diretoras artísticas Silvia Venturini Fendi e Delfina Delettrez Fendi, respectivamente, a terceira e a quarta geração da família Fendi. A grife ficou conhecida por seu modelo icônico de bolsa baguette.
Na passarela, Kim apresentou uma coleção refinada para mulheres elegantes e modernas, misturando tons neutros aos pastéis e multicoloridos para criar seus visuais. Peças que carregavam o monograma da marca também estavam presentes, além do uso de tecidos leves, como a seda, e alfaiataria.
Os acessórios combinados foram desde bolsas - bolsas-cargo repletas de compartimentos, mini bolsas e as clássicas baguette com o logo aparente - até luvas de couro, usadas por todas as modelos.
Segundo o diretor artístico da marca, ‘’Há uma elegância na facilidade e no fato de não se importar com o que os outros pensam - esse é o verdadeiro luxo. Nessa coleção, eu queria refletir isso".

Roberto Cavalli: criada em 1970 pelo designer de nome homônimo da marca. Conhecido por suas peças com estampa animal em couros e em tecidos e o estilo prêt-à-porter (expressão francesa que significa “pronto para vestir”) , o conceito de Cavalli reflete nas roupas fabricadas em tamanhos padrão, acessórios - incluindo bolsas, óculos, relógios, sapatos, perfumes - e joias.
O desfile foi capaz de traduzir a essência do conceito de primavera na passarela. Muitas plumas, recortes e transparências, além do uso exacerbado de cores vívidas, que remetem à próxima estação.

Diesel: estabelecida em 1978 por Renzo Rosso. A escolha do nome da marca foi pela pronúncia, pois se mantém a mesma em todo o mundo. É especializada em jeans de alta qualidade, além de acessórios para mulheres, homens e crianças de todas as idades.
O desfile chamou a atenção quando a marca enviou câmeras analógicas como forma de convite.
O desfile aconteceu a céu aberto, debaixo de chuva, no qual os convidados precisaram usar guardas-chuva para assistir. As peças em jeans, tie dye (técnica de tingimento de tecidos), látex, couro e casacos puffer (modelo acolchoado) foram itens que tiveram destaque.

Segundo dia (21/09)
Destaques:
Prada: fundada em 1913 por Mario Prada e por seu irmão Martino. A grife, inicialmente era chamada “Fratelli Prada” (Prada Brothers), e vendia acessórios para viagem como baús, malas e produtos de couro.
Em 1978, a neta de um dos fundadores, Miuccia Prada, passou a comandar a marca ao lado de seu esposo, Patrizio Bertelli.
O desfile foi marcado por looks que transitaram entre o delicado e o ousado. As modelos usaram toucas justas o tempo todo, além de exibir peças bem construídas, como jaquetas com mangas largas, lenço de seda no pescoço formando uma espécie de capa, shorts de cintura alta, vestidos transparentes em cor pastel, saias douradas e prateadas com franjas, cintos de couro e camisas florais com franjas.

MM6 Maison Margiela: é uma segunda linha da marca, criada em 2012, na França, pelo designer Martin Margiela. Foi lançada por Maison Margiela, que anteriormente era chamada de Maison Martin Margiela (1988).
O fundador é considerado uma das personalidades mais misteriosas do mundo da moda, cuja principal característica é o anonimato, e até hoje, nunca se viu uma foto dele sequer.
O desfile foi marcado pela presença de looks que remetem aos anos 90, mantendo os trajes elegantes em destaque, com foco no estilo clássico por meio de tecidos brancos e cinza escuro listrados, além das camisas sem manga prateadas, combinadas com bodys e decote profundo, calças oversized, casaco sobretudo de couro, coletes e shorts modelo vintage.

MOSCHINO: criada em 1983 por Franco Moschino. Suas coleções são caracterizadas por serem extravagantes, ousadas e excêntricas, sempre fazendo o uso de muitas cores. Desde 2013, o designer norte-americano Jeremy Scott comandava a direção criativa, mas deixou o cargo em março deste ano.
O desfile celebrou os 40 anos da grife e convidou as estilistas Carlyne Cerf de Dudzeele, Gabriella Karefa-Johnson, Katie Grand, e Lucia Liu para montarem dez looks cada.
A inspiração para esta coleção foram as décadas de 80 e 90, marcadas por modelos com silhueta bem definida. As peças criadas por Carylne trouxeram a marca de volta às origens de seu criador (Franco Moschino), com ternos brancos de dois botões, junto a calças cinza plissadas e golas altas pretas. Os acessórios exibidos foram bolsas em formato de coração, brincos e colares.
Gabriella, por sua vez, estilizou os clássicos chapéus de cowboy, apresentou vestidos de crochê e joias marcantes, além de apresentar seus visuais ao som da música PURE/HONEY da cantora norte-americana Beyoncé.
Katie, tinha o intuito de montar suas peças em cima de slogans chamativos.
Alguns bodys que estampavam pontos de interrogação, outros que delineavam o corpo nas cores preto e branco, outras peças continham, em letras garrafais, a frase Loud Luxury ( que remete a ideia de fácil identificação da marca de luxo pelo público geral).
Por fim, Lucia, que adotou uma abordagem mais romântica e conceitual. E Liu, que usou muito ouro, ferragens em forma de coração e bordados florais em silhuetas delicadas.

Emporio Armani: é a segunda marca da família ‘’Armani’’, estabelecida em 1975 por Giorgio Armani e Sergio Galeotti.
Na passarela, foram apresentados conjuntos organizados por cor - permitindo uma fusão de nuances, estilos e tons. A coleção começou com tons neutros de prata, bege, preto e cinza antes de passar para tons de verde, azul, roxo e rosa. Além disso, foram exibidos conjuntos formados por duas peças, blazers, vestidos, saias fluidas, shorts, tops de soutiens e blusas transparentes. E tudo isso, claro, sem perder a elegância tradicional da grife.

Tom Ford: fundada em 2005 pelo designer de nome homônimo.
Em 1990, Tom foi contratado no cargo de designer prêt-à-porter feminino da grife italiana Gucci. Em 1994, tornou-se diretor criativo da marca. Sob seu comando, o grupo Gucci adquiriu a Yves Saint Laurent - grife francesa - fazendo com que ele também assumisse os papéis de diretor de criação e diretor de comunicação da nova marca adquirida, enquanto exercia sua função na Gucci.
Em 2004, pediu demissão e iniciou sua própria marca.
O desfile marcou a estreia de Peter Hawkings como diretor criativo da grife, que apresentou looks em tons neutros e vibrantes, que iam de ternos despojados a peças em couro, decotes exagerados, metalizados, vestidos transparentes, franjas e alfaiataria.

Terceiro dia (22/09)
Destaques:
Gucci: estabelecida em 1921 por Guccio Gucci. O fundador da marca veio de uma família simples, trabalhava como porteiro em um hotel em Londres e após muitos anos observando malas de viagem, decidiu criar seu próprio negócio para vender bolsas e malas.
Em um primeiro momento, o foco da marca era artigos feitos em couro de alta qualidade por artesãos. Depois de um tempo, a Gucci passou a ampliar sua fabricação, e começou a produzir luvas, bolsas, cintos e sapatos.
O desfile foi marcado pela estreia do novo diretor criativo, Sabato de Sarno, que entregou um show que não agradou os amantes da moda! Os espectadores disseram que a nova coleção não parecia uma grife, mas sim peças de fast fashion, como da Zara, por exemplo. Uma das reclamações foi a falta de criatividade e originalidade de Sabato para esta coleção, alegando que o trabalho feito pelo antigo diretor criativo Alessandro Michele (que durou sete anos) foi muito mais memorável e ousado.
Foi possível observar na passarela, muitas peças em alfaiataria, como: os micro shorts-saia e casacos compridos, aplicações de franjas, camisetas brancas e regatas, mocassins de plataforma, vestidos brancos de cetim e muitos visuais estampados com o monograma da grife, como coletes oversized e bolsas já conhecidas pelo público. Foram desfilados também blazers e terninhos com pele à mostra, jaquetas de couro rígidas, túnicas cintilantes, lapelas de cristal. Os acessórios que mais chamaram atenção foram as joias volumosas douradas e os óculos de sol.

Versace: fundada em 1978 por Gianni Versace. Suas peças sempre foram conhecidas por explorarem a sensualidade feminina por meio do uso do couro, com recortes e modelagem que marcaram a silhueta, além de cores vibrantes e estampas que não passavam despercebidas.
Em 1997, Gianni foi brutalmente assassinado em frente à sua mansão, em Miami. A partir de então, Donatella Versace, sua irmã, que já dividia tarefas com ele, assumiu o comando como diretora criativa e permanece no cargo até hoje.
O logotipo traz a imagem da Medusa - figura mítica grega que exala sensualidade, teatralidade e classe, conceitos que, de acordo com a grife, são essenciais para a representação que ela deseja transmitir.
Donatella trouxe os anos 60 para a passarela! Apresentou vestidos sem mangas curtos e botas até o joelho, que remetem à estética retrô e cores pastéis na maioria dos looks. As modelos usavam cabelos volumosos e rabos de cavalo altos, com faixas de cabelo. Além disso, foi possível observar vestidos evasê adornados com mangas bufantes, conjuntos comportados em alfaiataria fluida e peças floridas em crochê. Modelos em seda, couro, tweed, bem como tricô e tecido transparente compuseram a maior parte da coleção.

Boss: criada em 1924 por Hugo Ferdinand Boss, na Alemanha, após o fim da Primeira Guerra.
A marca, inicialmente, ficou conhecida por produzir fardas militares e uniformes para o partido nazista, no qual era associado.
Hugo faleceu em 1953 e foi substituído por seu genro, que mudou a imagem da marca. O foco continuou no estilo masculino, mas na produção de ternos que ficaram conhecidos como “ternos Hugo Boss”.
Em 1967, passou a ser comandada por seus netos que transformaram o conceito da marca para um estilo mais moderno e autêntico. Nas décadas de 70 e 80, a grife apostou no estilo esportivo e na elite, investindo na Fórmula 1, no golfe e no tênis. Em 1998, entrou para o universo feminino, com peças minimalistas e elegantes.
Marco Falcioni apresentou uma coleção clássica, seguindo os moldes tradicionais. Com saias lápis, casacos estruturados, blusas drapeadas e com decotes, cores neutras e maletas adornadas como acessórios.

Quarto dia (23/09)
Destaques:
Ferragamo: fundada em 1927 por Salvatore Ferragamo. Marca conhecida por criar modelos memoráveis de sapatos feitos à mão. Nos dias de hoje, também produz acessórios e perfumes. Algumas atrizes como Marilyn Monroe, Greta Garbo e Sophia Loren já usaram pelo menos um dos modelos de suas criações, nessa perspectiva, passou a ser conhecido como “sapateiro das estrelas”.
Nesta coleção, o diretor criativo britânico Maximilian Davis, tirou a cor vermelha do destaque e deu espaço para os tons neutros brilharem! A paleta girava em torno do preto, branco, um pouco de verde e sutis detalhes de vermelho.

Dolce & Gabbana: criada em 1985 por Stefano Gabbana e Domenico Dolce. A dupla de designers faz questão de exaltar seu país de origem (Itália) sempre que podem. A marca tem como característica o uso de símbolos religiosos na grande maioria de suas peças, além de abusar de estampas florais.
A grife já se envolveu em algumas polêmicas, como em 2013, quando Domenico (que se considera homossexual) se posicionou contra a adoção de crianças por casais homoafetivos, alegando que o modelo tradicional (mulher + homem) de família seria o correto.
Um tempo depois, a marca fez uma coleção que exaltava o culto à magreza extrema, exibindo tênis e bolsas com as seguintes palavras: “magra e maravilhosa”.
Em 2018, se envolveu em mais um escândalo. Antes de apresentar um desfile na China, a grife divulgou um vídeo no qual uma modelo chinesa, vestida com trajes típicos, tentava comer pizza usando hashis. O motivo do “humor" se concentrava na tentativa falha. O vídeo foi acusado de carregar xenofobia e sofreu boicote.
Nesta coleção, os tons neutros tiveram destaque! O desfile fez uso do preto e branco, que acabou dominando a passarela, chegando até a receber o nome de ‘’Woman’’ (Mulher). Vestidos assimétricos de chiffon preto com poás de renda e transparente, junto de laços amarrados no pescoço, smokings desconstruídos, micro shorts, babados e estampas florais foram algumas das peças desfiladas. Algumas roupas tinham colarinhos brancos ou detalhes em camisas sociais brancas. Além de uma seleção de ternos, jaquetas e vestidos completamente brancos. As modelos carregavam pequenas bolsas de mão e usavam saltos agulha ou botas pretas de cano alto.
Sem esquecer de mencionar a icônica estampa animal da marca em capas de chuva brilhantes.

The Attico: estabelecida em 2016 por Gilda Ambrosio e Giorgia Tordini. As inspirações da dupla para criar suas coleções se baseiam nos palácios e casas de Lago, abordando a proposta vintage que a marca deseja transmitir.
A The Attico fez sua estreia na Semana de Moda de Milão nesta edição e apresentou 42 looks, dentre eles tecidos transparentes (com vestidos) e lantejoulas espelhadas, calças cargo, jaquetas oversized, calças prateadas, sobretudos oversized, blazer com ombreiras, meias adornadas com penas, echarpes, sapatilhas cravejadas com cristais e bolsas brilhantes.

Bottega Veneta: fundada em 1966 por Michele Taddei e Renzo Zengiaro. Sua especialidade sempre foi criar peças refinadas de couro usando o método intrecciato - couro trançado que vem do trabalho artesanal. A marca vai na contramão da ideia de luxo ostentação e parte do princípio do ‘’Quiet Luxury’’ - termo adotado por pessoas da alta sociedade que desejam utilizar peças de grife de maneira discreta.
O conceito do desfile foi uma verdadeira ‘’floresta fashion’’ - na qual o diretor criativo da marca, Matthieu Blazy, transportou os convidados para o distrito de Bovisa, que foi todo colorido com mapas pintados à mão e convites em formato de relógios de bússola de couro. As peças iam de casacos de tweed a bolsas de mão brilhantes, malhas em patchwork, casacos de franja, camisas listradas e gravatas de couro, além de exibirem jornais como se fossem acessórios.

Quinto dia (24/09)
Destaques:
Giorgio Armani: criada em 1975 pelo estilista de nome homônimo e por Sergio Galeotti. A marca não está somente no mercado do vestuário, mas também nos perfumes, acessórios, itens de decoração, coleções esportivas e itens dedicados a crianças. A grife é famosa por produzir peças elegantes de alfaiataria, como blazers e ternos, em tons neutros, roupas com a silhueta feminina marcada e vestidos modelo ‘’sereia’’ e paetês, considerados o carro-chefe da grife.
Armani intitulou esta coleção como ‘’Vibes’’ e se inspirou em cores, texturas e movimentos que remetem à água, como por exemplo, o uso de tecidos fluídos em tons de azul e verde.

Karoline Vitto: fundada em 2019, em Londres, pela estilista brasileira de nome homônimo da marca. Para vir a Milão desfilar sua primeira coleção solo, teve o apoio da italiana Dolce & Gabbana. Sua intenção sempre foi divulgar os corpos reais e curvilíneos, deixando de lado os estereótipos de beleza convencionais.
Vitto costuma investir em peças que contém recortes e várias numerações. Na passarela, foi possível observar modelos mid-size e plus-size usando vestidos tubinhos, saias lápis, transparências, calça cintura baixa e muitos decotes, sendo a maioria das peças adornadas com aplicações de metais.

Por Bianca Athaíde (texto) e Helena Cardoso (audiovisual)
Não é a primeira vez que um caso como esse acontece, e infelizmente não será a última. No dia 10 de setembro de 2023, Maria Eugênya Pacioni, entrou em uma loja de departamento e encontrou peças um tanto quanto controversas: um conjunto formado por uma camisa e calça listradas, com a combinação de branco e azul acinzentado, que foi motivo de polêmica nas redes sociais.
Vendido pela Riachuelo, a roupa foi comparada com o uniforme usado nos campos de concentração nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. O episódio serviu para o renascimento de uma já conhecida história entre a indústria fashion e o nazifascismo. Se na atualidade as referências da estetica nazista ecoam na moda, na época do regime as relações eram estreitamente diretas e inquestionáveis.
A publicação feita pela especialista em Cultura Material, Consumo e Semiótica Psicanalítica pela Universidade de São Paulo (USP), com uma foto da peça, viralizou no X (antigo Twitter). No post, que hoje tem mais de 6 milhões de visualizações e 100 mil curtidas, Pacioni escreveu que está faltando conhecimento histórico e noção para os estilistas da rede.
Tá faltando aula de História - e noção, pros estilistas da Riachuelo. pic.twitter.com/bmqxlXuTus
— Maria Eugênya 🐆 (@myapacioni) September 10, 2023
A pesquisadora completou, em outra postagem, sobre o uso do estética do holocausto e da escravidão, como uma das formas de marketing, já que ao gerar a polêmica, você consegue ser visto. Mas também criticou a falta da construção de um pensamento crítico, da preservação da memória e reforçou o déficit em estudos da história. O argumento proposto por ela, é de que a criação ou uso estético de uma peça, é colocado acima da crítica, do respeito e da memória histórica; quando, na verdade, a moda deveria se lembrar da história da humanidade e de seus símbolos.

Utilizados durante a Segunda Guerra Mundial, os uniformes tinham como principal objetivo apagar a individualidade dos judeus que estavam dentro dessas peças e tornar a questão ainda mais impessoal – e como forma de humilhar ainda mais as vítimas. Além disso, as estampas tinham um baixo valor de produção e as listras eram fáceis.
A loja de departamento se pronunciou, em nota, sobre o caso e chamou de “infelicidade”. Além disso, todas as peças foram retiradas das lojas físicas e do e-commerce. Porém, essa não é a primeira vez que uma situação assim acontece no mundo da moda, mexendo com questões históricas e simbólicas, causando polêmica.
OUTROS CASOS: LANÇA PERFUME, CHANEL E HUGO BOSS
Em 2018, a marca Lança Perfume lançou uma coleção cápsula intitulada "Noite em Berlim", com peças que uniam cores e referências de inspiração militar. O militarismo rebelde era o tema mais quente no mundo da moda na época, com releituras para cultura jovem contemporânea de maneira que questionava ao mesmo tempo que remetia as históricas vestimentas militares. Mas a Lança Perfume foi em contrapartida - propositalmente ou não - a essa onda. Suas peças eram claramente guiadas pelo ambiente nazista, principalmente nos uniformes do Terceiro Reich (1933-1945).
Gabrielle Bonheur Chanel (Coco Chanel), um dos nomes mais importantes da história da costura francesa, que denomina a maison dona de um gigantesco renome até hoje, teve sua trajetória como espiã nazista exposta em sua biografia, lançada em 2011, nos Estados Unidos. A obra "'Sleeping with the Enemy: Coco Chanel’s Secret War" relata como a estilista realizou inúmeras missões em nome do serviço de inteligência nazista, principalmente em cidades como Madrid e Berlim.
Acompanhada - alguns dizem até influenciada - por seu amante, o oficial Hans Gunther Von Dincklage, Coco usou de sua posição de espiã para recebimento de favores, como apropriação dos bens de sócios judeus de sua marca.
A marca alemã Hugo Boss, também é outro exemplo do impacto da ideologia antissemita na moda. O laço entre seu fundador, Hugo Ferdinand Boss, foi desenterrado em 2011, quando uma auditoria financiada pela própria empresa expôs o passado da grife, que já chegou a ser chamada de "alfaiataria de Hitler", no livro "Uma Fábrica de Roupas entre a República de Weimar e o Terceiro Reich". A marca, hoje sinônimo de luxo e elegância, fabricava uniformes para diversas instituições nazistas, como a Juventude Hitlerista e a implacável e criminosa.
Aconteceu esta terça-feira, a 39ª edição do Video Music Awards (VMA) em New Jersey, EUA. A premiação da MTV tem como foco os videoclipes e músicas de maior sucesso dos últimos meses. Como de costume, várias estrelas da música e artistas renomados do ramo estiveram presentes.
Composta por visuais que saíram de “archive” das marcas e modelos diretamente da semana de moda de Nova York, as aparições marcaram a noite com ousadia e elegância. Veja alguns dos looks que passaram pelo Pink Carpet, o tapete vermelho da premiação:
Anitta
A cantora brasileira foi indicada na categoria “Melhor Videoclipe Latino” por seu trabalho "Funk Rave". Anitta apostou em um look exibido nas passarelas de Paris em julho deste ano. Com um recorte que lembra uma fechadura, o vestido da marca Schiaparelli foi acompanhado por maxibrincos de cores vibrantes e uma faixa de cabelo para incorporar o look. Segundo a cantora, o intuito da escolha polêmica foi para que ela representasse a chave do cadeado na composição.

Lil Nas X
O ícone do rap americano desfilou pelo tapete vermelho usando Palomo Spain, marca do designer de moda espanhol Alejandro Gómez Palomo, que veio diretamente da edição 24 da semana de moda de Nova York. Lil postou na tendência de rendas, plumas e transparência para acompanhá-lo na premiação.

Ayra Starr
A cantora nigeriana dona do hit “Rush”, lançado em 2021, participou da premiação usando um vestido curto de veludo preto. A peça do “archive”, do estilista Thierry Mugler, era composta por babados de seda retorcidos cor salmão, além de uma gargantilha de brilhantes e um scarpin nas cores da peça principal.

Megan Thee Stallion
A rapper que estourou no mundo da música com o hit “Savage”, usou um modelo exclusivo da marca Brandon Blackwood, o vestido com modelagem justa ao corpo esbanjava transparência. Megan também investiu em acessórios e maquiagem que realçaram os pontos de luz da combinação.

Olivia Rodrigo
A princesa do pop brilhou no tapete da premiação usando um vestido exclusivo da marca Ludovic De Saint Sernin, feito inteiro de cristais Swarovski prateados. Os únicos acessórios usados foram os anéis escrito “GUTS”, promovendo o novo álbum da artista.

Bebe Rexha
Indicada a categoria “Melhor Colaboração” e após se apresentar no segundo dia do festival “The Town”, em São Paulo, Bebe compareceu na premiação de forma deslumbrante, com um vestido de couro sexy da marca The Uncommonist. A peça era composta por recortes ousados na parte traseira e um aplique que simulava um rabo de cavalo.

Coco Jones
A atriz e cantora, arrasou no look que couro feito exclusivamente pela Moschino. Ela apostou na tendência da cintura baixa e da fivela como top.Coco usou jóias grandes na composição que se casaram perfeitamente com os metais maximizados do look, os brilhantes nos levam a uma futura tendência de jóias ousadas no mundo da moda.

Sabrina Carpenter
A cantora pop e ex-atriz da Disney, que abrirá a turnê “The eras tour”, da cantora Taylor Swift, na américa latina, andou pelo tapete vermelho usando um vestido exclusivo da grife Vera Wang. O look entregou muita transparência e brilho, deixando a artista com uma estética angelical.

Doja Cat
A rapper estreou no tapete vermelho sua nova fase de rock alternativo. Doja pôs fim a era do pop em sua carreira e marcou presença na premiação usando um vestido com recortes da marca Monse. A peça branca com transparências remete ao efeito de “teia de aranha”.

Selena Gomez
A cantora, atriz e empresária, que esteve afastada dos holofotes por um tempo, usou nessa edição do VMA um vestido vermelho vibrante, composto por recortes de folhas, flores, bordados e uma saia desconstruída da marca Oscar de La Renta, designer dominicano também conhecido como o mestre da Prêt-à-Porter (movimento “pronto para vestir”).

Nick Minaj
A rainha do rap também apostou na tendência da transparência e tecidos leves. Com um look pink composto de rendas, tule e alguns detalhes de seda, Nick fez uma referência ao seu próximo álbum intitulado “Pink Friday 2” com a peça custom-made Dolce&Gabanna.

Shakira
A homenageada da noite que recebeu o prêmio “Video Vanguard”, e diva dos hits do pop latino “Hips don't lie” e “TGQ”, foi a premiação usando um look metálico da Versace. O vestido ousado tinha recortes na laterais, um ultra decote na parte traseira, fenda e uma cauda curta.

Taylor Swift
A cantora que apresentará no brasil com a turnê “The eras tour” no mês de novembro e dona dos principais hits do pop atual, Taylor apostou em um look sexy e ousado para a cerimônia do VMA desse ano. O vestido da grife Versace era composto por recortes drapeados, assimetria e detalhes dourados, clássicos da marca.

Demi Lovato
Apostando na tendência do couro, a cantora usou um look gótico da marca Buerlangma esbanjando sua nova fase de mulher mais madura e, segundo a própria, “retornando às raízes”. Demi causou bastante impacto ao anunciar a transição pelos estilos musicais. Deixando o pop para investir na carreira do rock, a cantora mudou seu estilo e anunciou que gravaria novamente alguns de seus maiores sucessos versão rock.

Cardi B
Com o look mais autêntico da noite, a rapper usou um vestido metálico composto por mais de 1000 clipes de cabelo, da designer de moda turca-britânica Dilara Findikoglu. A marca de Dilara ganhou destaque no mundo da moda a partir de 2022, por inovar suas criações as compondo de objetos fora do tradicional.

Nelly Furtado
Ícone pop dos anos 2000 e dona dos hits “Maneater” e “Promiscuous”, a cantora marcou presença no tapete vermelho com um vestido sensual de textura lisa e decote na parte traseira, algo bem característico da marca Dundas, do designer norueguês Peter Dundas. A marca, que foi lançada em 2017, é conhecida por ser audaciosa e por valorizar as mulheres e seus próprios corpos.

Flo Milli
O recente sucesso do rap americano com o hit “Rodeo”, Flo Milli usou no tapete vermelho um look rosa extravagante, composto por um top e uma mini saia feitos de recortes assimétricos e franjas da marca AREA, fundada em 2014 pelas designers Piotrek Panszczyk e Beckett Fogg. A marca americana é especializada em designs feitos a mão, tornando a peça uma verdadeira obra de artesanato. AREA também é especialista em desenvolvimento têxtil, o que explica a utilização de materiais que vão além dos clichês, tornando a marca uma das principais referências em inovação no mundo da moda.
