A complicada dinâmica do comércio de veículos impressos nos dias de hoje
por
Enrico Peres
Matheus Carrilho
Matheus Ayres
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12/05/2025 - 12h

Confira como está o funcionamento de uma banca de jornal tradicional de São Paulo nos dias de hoje. Quais são os produtos mais vendidos? Como anda a saída de veículos impressos? O que os consumidores procuram? 

Entenda o motivo da mudança de ingredientes na indústria do chocolate
por
Liz Ortiz Fratucci
Julia Naspolini
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06/05/2025 - 12h

Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, as vendas da páscoa de 2025,  somaram mais de 3 bilhões de reais. Hoje em dia, existe uma ampla variedade de sabores, marcas e preços. Recentemente, viralizou nas redes sociais postagens sobre a mudança de ingredientes do Choco Biscuit da Bauducco. A nova receita promovida pela empresa substitui a barra de chocolate que tinha em cima do biscoito por uma barra de gordura hidrogenada sabor chocolate. Essa polêmica, junto com a passagem da Páscoa, fez muitos internautas questionarem: qual a qualidade do chocolate que comemos? E como isso influencia na nossa saúde? 

Biscoito e Barra de Chocolate ao Leite Bauducco Choco Biscuit Pacote 36g
Biscoito Bauducco "Choco Biscuit" 
 

Apesar da Bauducco e empresas que tiveram processos similares não terem se pronunciado, existem alguns possíveis motivos para as novas receitas. Diante do grande aumento no preço do cacau nos últimos dois anos -- resultado da escassez do cacau em áreas produtoras por mudanças climáticas, muitas empresas reduziram o percentual do fruto em seus produtos. Além disso, as flexíveis leis do Brasil dificultam a manter um padrão maior de qualidade. Por lei, é exigido apenas 25% de cacau em um produto para que possa chamá-lo  de chocolate. Já na União Europeia, por exemplo, a porcentagem mínima é de 30% para o sabor ao leite. 

A engenheira de alimentos Larissa Albino, em entrevista à AGEMT, diz que a mudança pode ter diversos motivos. Um deles seria a questão da estabilidade, já que o chocolate tem uma propriedade sensível a temperatura e umidade, pode ser que o pacote tenha ocasionado o derretimento do produto, gerando reclamação de consumidores. Outro motivo pode ter sido a falta de disponibilidade de matéria prima de cacau no mercado.

Por questões climáticas, no ano passado, ocorreu uma crise na produção de cacau no país. Com isso, as empresas passaram a ver a necessidade de priorizar alguns produtos em detrimento de outros. Provavelmente, para não serem obrigados a descontinuar a linha “Choco Biscuit”, eles adotaram a estratégia de aderir ao chocolate saborizado, uma matéria prima menos nobre. Albino esclarece que o chocolate hidrogenado não deixa de utilizar o cacau, ele apenas é utilizado em menor quantidade. Para completar a ausência do volume do cacau na formulação, é utilizada a gordura hidrogenada, já que ela possui melhor estabilidade, levando-a a suportar maiores temperaturas, como as do Brasil, durante a comercialização.

“A manteiga de cacau, substituindo a gordura hidrogenada, teoricamente seria mais saudável. Mas hoje em dia há tecnologia para a produção de gordura hidrogenada, que já está bem mais avançada do que antigamente. Então hoje você pode até observar que, na tabela nutricional do produto, você não vê um impacto tão grande em relação à quantidade total de gorduras saturadas", afirma Albino. 

A engenheira também explica que o avanço na tecnologia de produção e de matéria-prima faz com que hoje o produto seja nutricionalmente mais equilibrado do que no passado. Não tendo uma tabela nutricional muito mais gordurosa do que teria utilizando a manteiga de cacau. Escute a matéria completa no SoundCloud
 

A utilização da nova tecnologia vem gerando debates nas redes sobre a desumanização do trabalho
por
Juliana Bertini
Maria Eduarda Cepeda
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06/05/2025 - 12h

Até onde vão os limites da criação? Conversamos com Norton Trevisan Roman, professor Livre-Docente e Pesquisador da EACH/USP, na área de Inteligência Artificial (com ênfase em Linguística Computacional), para entendermos o que é a Inteligência Artificial e seus limites na criação de arte. Confira! 

A nova cinebiografia de Bob Dylan simplifica o início de carreira do astro e dilui suas fúrias com o mundo
por
Clara Dell'Armelina
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10/03/2025 - 12h
(Timothée Chalamet e Elle Fanning em cena do filme "Um Completo Desconhecido"/Foto de Macall Polay)
(Timothée Chalamet e Elle Fanning em cena do filme "Um Completo Desconhecido"/Foto de Macall Polay)

         Indicado a oito estatuetas no Oscar de 2025, mas não tendo vencido nenhuma, “Um Completo Desconhecido” (2024) é um filme que faz jus ao nome: o telespectador senta na poltrona de cinema e encara o protagonista do início ao fim como um completo desconhecido – por mais que, pelo menos em teoria, o filme seja uma biografia. Com uma história cansativa e hollywoodiana, cheia de personagens caricatos e estereotipados, as duas horas e vinte do novo longa de James Mangold resumem-se a uma playlist da discografia de Bob Dylan com músicas tocadas a cada dez minutos e a história de sua traição em função de um egocentrismo e de sua personalidade excessivamente presunçosa, traços que me parecem quase obrigatórios em narrativas que Hollywood tenta fazer de grandes artistas.

         No início do filme, o que vemos na tela é um homem sem dinheiro e sem teto chegando a Nova York no ano de 1961. Por uma falta de profundidade no enredo, não sabemos e nem saberemos de onde veio e o que busca. Ele apenas carrega consigo o romantizado sonho de tocar para seu ídolo debilitado no hospital, Woody Guthrie. Durante a visita ao doente, Dylan conhece um amigo próximo de Guthrie, o músico Pete Seeger, que lhe oferece um lugar para passar a noite. As poucas linhas dramáticas no encabeçamento da história - Quem eram as pessoas no carro de Pete? Quem Bob conhece na cidade? Onde ele vai morar? Como ele começa sua carreira musical? - fazem parecer como se as estrelas estivessem alinhadas desde o início para Bob Dylan, dando um caráter inverossímil.

         Seeger tem papel fundamental na introdução de Bob Dylan ao mundo da música, mas o jovem astro parece sempre ter uma postura ingrata para com ele, em função de seu desprezo a se reduzir a gêneros musicais e ao que a indústria musical exige, o que o faz enfrentar seu primeiro conflito profissional: a gravadora, Columbia, rejeita suas músicas originais e só o deixa fazer covers de clássicos folk.

         Fato é que, após o episódio de encontro entre Dylan e o músico Pete Seeger, o filme parece contar uma história atropelada. Com o protagonista, logo em sua primeira noite de um show sem compromisso, tendo a presença de profissionais da indústria musical que imediatamente oferecem-se para representá-lo. E de uma mulher, Joan Baez (Monica Barbaro) também do ramo musical, que parece já admirá-lo reciprocamente. Assim, logo nos primeiros minutos de filme, o protagonista é cercado do sonho americano estereotipado: uma mulher e oportunidade na carreira musical.

         Em uma apresentação, Dylan conhece quem viria a ser sua futura namorada, Sylvie Russo (Elle Fanning), e clichês no momento de traçar as personagens é o que menos falta. Sylvie, por exemplo, é a clássica namorada politizada e pintora, mas que incorpora uma personalidade correta demais para as expectativas de Bob Dylan. Assim, ele encara sua amante e companheira de carreira, Joan Baez, traçada como uma mulher mais solta e tranquila, como uma válvula de escape para o cansaço que seu namoro lhe traz.

(Timothée Chalamet e Monica Barbaro cantando em cena do filme "Um Completo Desconhecido"/Foto de  Divulgação/20th Century) Divulgação/20th Century
(Timothée Chalamet e Monica Barbaro cantando em cena do filme "Um Completo Desconhecido"/Foto de Divulgação/20th Century)

         Mas estes perfis de personagens clichês florescem ainda mais nos empresários responsáveis pela carreira dos músicos: homens brancos, espalhafatosos, com charuto na mão e que reprimem o artista de sair dos padrões – até o momento em que são desobedecidos e o artista alcança seu sucesso supremo.

         O filme apenas retrata seu lado público, aquele que o mundo já conhece. Foca excessivamente em suas relações românticas em detrimento de suas singularidades como pessoa. Não conhecemos o eu de Bob além de sua arrogância, deixando de fora até os Beatles, cuja popularidade deu um exemplo que o atingiu como um raio. Além disso, em certo ponto do filme, James Mangold parece entender que, para contar a história de um astro da música, o essencial é empurrar uma chuva incessante de músicas de sua discografia, contando pouca história e tocando muita música.

         O roteiro parece vincular a mudança estilística de Bob meramente ao seu entusiasmo por Little Richard e Buddy Holly, e ao seu prazer em ouvir o amigo Bob Neuwirth (Will Harrison) tocar guitarra elétrica. No final, o personagem de Bob não expressa nenhum motivo mais básico do que o desejo de não envelhecer cantando “Blowin' in the Wind”, culminando em sua apresentação de rock elétrico no Festival Newport Folk (1965) que gerou opiniões das mais controversas.

         Se a ideia da cinebiografia de um artista é alcançar plateias maiores, além dos próprios fãs, é necessário um certo didatismo para explicar quem é seu protagonista e porque ele mereceu virar tema de um filme. Mas nem isso “Um Completo Desconhecido” (2025) faz. A história superficialmente contada faz com que não conheçamos bem a história de vida do próprio protagonista. Os espectadores que não sabiam da biografia de Bob Dylan, após o filme, passam a saber apenas que lhe desagradava ser encaixado em padrões de gêneros musicais, como o folk, e que era alguém complicado no quesito de relacionamentos, mas em que estas duas informações o fazem merecedor do protagonismo do filme?

 

Um Completo Desconhecido (A Complete Unknown) — EUA, 2024

Direção: James Mangold

Roteiro: James Mangold, Jay Cocks, Elijah Wald

Elenco: Timothée Chalamet, Joe Tippett, Edward Norton, Eriko Hatsune, Peter Gray Lewis, Peter Gerety, Lenny Grossman, David Wenzel, Scoot McNairy, Riley Hashimoto, Eloise Peyrot, Maya Feldman, Monica Barbaro, Dan Fogler, Reza Salazar, David Alan Basche, James Austin Johnson, Joshua Henry, Boyd Holbrook, Elle Fanning

Duração: 141 min

Contrariando expectativas do público, o longa foi o grande vencedor da noite, sendo consagrado em cinco categorias
por
Thaís de Matos
Giovanna Hagger
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10/03/2025 - 12h

“Anora” ganhou o principal prêmio da noite no Oscar 2025 no último domingo (02) em Los Angeles. Além de melhor filme, o longa levou mais outras quatro estatuetas.

A atriz, Mikey Madison, carregando sua estatueta do Oscar ao lado do diretor, Sean Baker, também carregando sua estatueta.
Mikey Madison ao lado de Sean Baker, diretor da película. FOTO: Carlos Barria/Reuters

 

A obra conta a história de Ani (Mikey Madison), dançarina e profissional do sexo, que vê uma oportunidade de sair dessa vida ao se casar com um oligarca russo, Vanya (Mark Eidelstein). A protagonista vê sua felicidade ser interrompida quando a poderosa família do rapaz chega aos Estados Unidos com a intenção de acabar com o casamento.

Na mesma noite, o filme também foi consagrado com os prêmios de Melhor Direção, Melhor Atriz (Mikey Madison), Melhor Roteiro Original e Melhor Edição. Das seis indicações, a produção não conquistou somente a categoria de Melhor Ator Coadjuvante com Yura Borisov, Kieran Culkin em “A Verdadeira Dor” levou a estatueta.

Após o anúncio de “Anora” como Melhor Filme, os produtores Alex Coco, Samantha Quan e o diretor Sean Baker receberam suas estatuetas e destacaram a importância do cinema independente em seus discursos. “À todos os sonhadores e jovens cineastas por aí: contem as histórias que vocês querem contar, contem as histórias que te movem. Eu prometo que vocês nunca vão se arrepender”, disse Quan.

Coco comentou o valor da produção (6 milhões de dólares) e ressaltou que foi toda feita em Nova York com uma equipe de 40 funcionários. “Nós fizemos esse filme de forma independente; se você está tentando fazer filmes independentes, por favor continue fazendo, nós precisamos de mais, essa é a prova.” Por fim, após os agradecimentos a Academia e a equipe, Baker exclamou um pedido de “vida longa ao filme independente”.

Da esquerda para a direita, os produtores Samantha Quan, Sean Baker e Alex Coco.
Da esquerda para a direita, os produtores Samantha Quan, Sean Baker e Alex Coco. FOTO: Monica Schipper/Getty Images

 

"Anora" ter ganho seis estatuetas dividiu a opinião dos críticos cinematográficos e do público. Alguns portais, como o Omelete, acharam muito justo os prêmios recebidos pelo filme por representar as trabalhadoras do sexo no cinema. Entretanto, outros, como o jornal Metrópole, avaliam que a obra reforça alguns estereótipos e que, por sua visão, o público pode acabar subjugando a realidade dessas mulheres.

Além do Oscar, “Anora” também venceu premiações como a Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2024, Melhor Filme no Critics Choice Awards e Melhor Comédia ou Musical no Globo de Ouro, fora outros triunfos. 

"Anora" estreou nos cinemas brasileiros em 23 de janeiro de 2025 e atualmente continua em cartaz, sem uma data prévia para entrar nos streamings.

Confira o trailer do filme abaixo:

Filme traz elucidação importante sobre a finitude e o Alzheimer
por
Giovanna Montanhan
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05/04/2024 - 12h

A história gira em torno do casal Margot (Marieta Severo), e Antônio (Zécarlos Machado), uma das maiores atrizes do Brasil e um escritor premiado portador de Alzheimer no estágio avançado. No decorrer da história, Margot recebe o diagnóstico com a mesma doença e se vê paralisada pela incerteza de seu próprio futuro. Enquanto lida com a condição, a personagem enfrenta a dura realidade onde sua memória, grande aliada de sua carreira e vida pessoal, está se deteriorando. Ao mesmo tempo, a relação com seus filhos, antes distante devido às exigências de sua carreira e o foco em seu marido, começa a se transformar. O longa Domingo À Noite estreou nesta quinta-feira (04) nos cinemas brasileiros.

Zé Carlos, apesar das poucas falas durante o filme, mostra que é capaz de usar seu instrumento principal, o corpo, com muita habilidade, ao entregar uma performance visceral e emocionante. Sua parceira de cena, Marieta, se comunica através das emoções e transita entre elas com bastante facilidade, sem se perder em um limbo caricato.

A obra apresenta boas performances, mas peca na trilha sonora: a presença limitada de um único som de piano, que toca esporadicamente ao longo da narrativa, deixa um vazio que poderia ser preenchido por outras músicas instrumentais. Uma diversidade nesse aspecto traria um ritmo mais harmonioso à história. 

A fotografia exibe as belas paisagens litorâneas da cidade do Rio de Janeiro, e traça um paralelo com a natureza verdejante ao redor. O diretor parece brincar com diversos tipos de enquadramentos da câmera, transitando entre tomadas em grande angular e planos mais fechados, capturando detalhadamente cada expressão e movimento dos protagonistas com precisão.

A família é disfuncional, assim como grande parte das brasileiras e das ao redor do mundo, e não força uma imagem unilateral da união e do amor incondicional. Os filhos, Francine (Natália Lage), também é atriz, e Guto (Johnnas Oliva), é um empresário no ramo do mercado financeiro. 

A devoção de Margot ao cuidar diariamente do marido que se encontra em degradação por causa do Alzheimer reflete como o amor pode se manifestar na terceira idade, servindo como uma espécie de declaração sincera sobre a essência do compromisso conjugal. Trata da responsabilidade de cuidar não como um fardo, mas com leveza, mesmo diante das adversidades e dos momentos desafiadores que a vida lhe impôs. Quando descobre que está tendo lapsos de memória,  Margot luta contra o tempo para conseguir terminar seu último projeto no cinema e resolver as questões pendentes com seus filhos, para então brilhar em um novo palco, em que a luz eterna reserva o seu ato final. 

O cinema brasileiro necessita urgentemente de tramas mais envolventes e profundas, que criem uma conexão real com o espectador, que sejam capazes de desafiar o predomínio de comédias ‘pastelão’ que, embora populares, raramente se aprofundam em questões atuais relevantes. Essas produções, com maior objetivo de atingir números, muitas vezes negligenciam a importância de refletir e discutir as complexidades das questões acerca da sociedade contemporânea. Nesse contexto, "Domingo À Noite" se destaca como uma obra de grande impacto, mergulha na essência da velhice sem embelezamentos e posiciona idosos como os personagens centrais do enredo. Ao fazer isso, o filme não só desafia o etarismo prevalente, que tende a marginalizar as gerações mais velhas em favor de histórias voltadas para o público jovem. A presença desses protagonistas vivendo a maturidade nas telas é um lembrete valioso da diversidade de experiências humanas. Portanto, visto que o longa já estreou, é uma oportunidade imperdível de apoiar e divulgar um cinema nacional que se aventura além do trivial, merecendo ser visto, revisto e celebrado por todos os amantes da sétima arte. 

 

Um mergulho profundo na música fizeram deste festival um evento inesquecível
por
Gabriela Jacometto
Helena Maluf
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26/03/2024 - 12h

A 11° edição do Lollapalooza  Brasil que aconteceu de 28 a 30 de março, em São Paulo, contou com a presença de vários nomes renomados da música internacional e nacional. Nesse vídeo contamos os principais destaques dessa edição do festival, e também conversamos com uma fã que esteve presente nos três dias de shows. Veja a cobertura!

 

Augusto Santos Silva, Presidente da Assembleia da República e candidato à reeleição busca apoio da colônia portuguesa no país
por
Luiza Fernandes
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04/03/2024 - 12h
Presidente da república portuguesa visita o Brasil em campanha (Foto: Luiza Fernandes)
Augusto Santos Silva iniciou sua visita ao Brasil almoçando com a comunidade portuguesa na Casa de Portugal de São Paulo (Foto: Luiza Fernandes)

 

Presidente da república portuguesa visita o Brasil em campanha (Foto: Luiza Fernandes)
Presidente visita a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Foto: Luiza Fernandes)
 
Presidente da república portuguesa visita o Brasil em campanha (Foto: Luiza Fernandes)
Cerimonialista apresenta o painel da Alesp ao visitante (Foto: Luiza Fernandes)

 

Presidente da república portuguesa visita o Brasil em campanha (Foto: Luiza Fernandes)
Durante sua passagem, Santos Silva escutou demandas da Comunidade Portuguesa no Brasil (Foto: Luiza Fernandes)

 

Presidente da república portuguesa visita o Brasil em campanha (Foto: Luiza Fernandes)
Na Casa de Portugal, Silva deu entrevista à RTP - Rádio e Televisão de Portugal (Foto: Luiza Fernandes)

 

Presidente da república portuguesa visita o Brasil em campanha (Foto: Luiza Fernandes)
Presidente foi questionado sobre a importância da comunidade portuguesa que vive no Brasil (Foto: Luiza Fernandes)
 

 

Presidente da república portuguesa visita o Brasil em campanha (Foto: Luiza Fernandes)
Bastidores da entrevista à RTP(Foto: Luiza Fernandes)
 
Entrevista ao Portal R7
Santos Silva em entrevista ao Portal R7 (Foto: Luiza Fernandes)
Mostrar um pouco da cultura japonesa na cidade de São Paulo, no parque do Ibirapuera, e como surgiu este espaço.
por
Octávio Alves
Fabrizio Delle Serre
Caio Batelli
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21/11/2023 - 12h
Ausência de medidas governamentais levam ao aumento de casos de preconceito no país
por
Gabrielly Mendes
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13/11/2023 - 12h

Com a ascensão da extrema direita em Portugal imigrantes brasileiros têm percebido o aumento dos casos de xenofobia no país, estimulados por discursos nacionalistas de partidos de extrema-direita. Aluguéis caros e salários baixos também são dificuldades enfrentadas por quem busca se estabelecer em terras lusas. 

Atualmente, o Chega! é o partido de extrema-direita que mais conquista espaço na política portuguesa. A sigla fundada em 2019 possui pautas conservadoras e nacionalistas que são difundidas, principalmente, por André Ventura, atual presidente da legenda. Através de discursos xenófobos e anti-imigratórios, o deputado da Assembleia da República adota a mesma estratégia populista que elegeu à presidência Donald Trump, nos EUA, e Jair Bolsonaro, no Brasil. 

Em entrevista à Rádio Renascença, em maio de 2019, André Ventura disse que a Europa deve ser solidária, mas ao mesmo tempo manter o controle de suas fronteiras para que não se torne um espaço completamente aberto. “Para vir viver dos nossos impostos já temos cá muitos, não precisamos de mais”, opina. 

As declarações do líder do Chega! influenciam parte da população portuguesa. Dados de um levantamento realizado pelo Instituto Intercampus, que foram divulgados pelo jornal Correio Braziliense, mostram impressionante crescimento do partido -– que já é a terceira força da Assembleia da República, com uma bancada de 12 deputados.

O estudo aponta que as intenções de votos no partido de ultradireita saltou de 7,2%, há um ano, para 13,5%, ou seja, quase dobrou. Esse aumento confirma que o discurso inflamado do deputado André Ventura, presidente do Chega, está ecoando entre os portugueses, o que pode refletir no aumento da xenofobia contra imigrantes. 

Henrique de Barros (33), formado em cinema, decidiu sair do Brasil há um ano em busca de emprego. Ele conta que ao chegar em Portugal sofreu com violências verbais e generalizações depreciativas por ser brasieliro. "Já lidei com micro agressões como olhares feios e falas ríspidas; pessoas me chamando de pobre, oportunista e sem cultura. Além disso, pressupunham que eu era burro ou vivia em condições muito ruins no Brasil", conta. 

Barros trabalha como editor de vídeo, um emprego que se adequa à sua área de formação. Entretanto, ressalta que seu caso é uma exceção entre os imigrantes e os próprios portugueses, já que o país luso oferece poucas oportunidades para pessoas especializadas. “Quanto mais formação se tem, menos vale a pena porque a compensação não sobe igual.”. Ou seja, mesmo com um diploma o salário das pessoas continua limitado, o que as impede de arcar com o alto custo de vida no país. 

A disparada nos preços dos aluguéis ampliou as dificuldades dos imigrantes. Nos últimos anos, vários empresários compraram casas em cidades portuguesas para as transformarem em hospedagens e Airbnbs, o que tem feito os valores da especulação imobiliária dispararem. Segundo dados do EuroStat, os preços das casas aumentaram 46,9% nos países da União Europeia de 2010 até o 4° trimestre de 2022. A inflação acumulada ficou em 29,6% no mesmo período.  

Em um cenário de alta procura, os locatários portugueses não escondem sua xenofobia ao alugarem quartos ou apartamentos para imigrantes. “Já vi muitos depoimentos em grupos dizendo que não alugam boas casas para brasileiros ou, quando percebem que são imigrantes, dizem que as residências não estão mais disponíveis.”, relata Henrique de Barros.

Lis Barreto, que viveu dois anos e meio em Portugal, confirma a denúncia de Henrique. A pesquisadora de 32 anos, que foi ao país com o intuito de fazer uma extensão universitária, encontrou algumas dificuldades. Ela conta que devido aos altos preços de locação precisou compartilhar um apartamento com mais duas pessoas, a fim de dividir custos. Ela ainda destaca que o lugar onde morou era alugado informalmente, pois o proprietário era uma das poucas pessoas que alugava para brasileiros. 

Além de problemas relacionados à moradia, Lis Barreto relata episódios de xenofobia e machismo que sofreu no país. Apesar de não ter enfrentado agressões explícitas, as notava em algumas atitudes, como na diferença da abordagem reservada às mulheres brasileiras e às portuguesas durante uma paquera. “O machismo do português se manifesta de um jeito diferente do que o machismo do brasileiro. Fica na sutileza às vezes, mas você consegue perceber a diferença se comparar o tratamento que eles vão dar para outras mulheres. Não vão chegar da mesma forma.”. 

A pesquisadora também se recorda de sofrer generalizações, a exemplo das vezes em que se surpreenderam quando ela disse que estava fazendo doutorado no país; ou quando pressupunham que estava em Portugal com o intuito de encontrar um marido para ganhar cidadania. 

Henrique de Barros percebe a omissão do governo português diante dos casos de xenofobia, e diz que é raro ver algo sendo feito para evitar essas situações. "Sempre caminha para algo genérico no sentido de 'Vamos todos se respeitar', mas tem poucas ações públicas que eu vejo para integração positiva das culturas.", desabafa.

Infográfico de xenofobia contra estrangeiros em Portugal. Fonte: Poder 360

Além dos casos implícitos e presentes no cotidiano de diversos imigrantes, a ausência de ações concretas resulta em casos extremos. O engenheiro civil Saulo Jucá (51) foi agredido com socos e chutes dentro de uma cafeteria na cidade de Braga, Portugal, no dia 10 de junho deste ano. A data é considerada feriado nacional em que se comemora o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Embriagado, o agressor perguntou a nacionalidade do engenheiro, que foi agredido quando confirmou ser brasileiro. Nenhuma autoridade ou instituição oficial portuguesa comentou o assunto. 

 

O atual governo brasileiro já manifestou preocupação com o tema. Anielle Franco, ministra da Promoção da Igualdade Racial, anunciou que o Poder Executivo pretende reforçar a rede de enfrentamento ao racismo e à xenofobia cometidos contra brasileiros que vivem em Portugal em abril deste ano. Essa rede terá o apoio do consulado brasileiro naquele país. 

Um mês antes, Portugal havia anunciado a criação do Observatório do Racismo e Xenofobia. O projeto une o governo e universidades e tem o objetivo de fornecer conhecimento sobre o tema para auxiliar ações governamentais e entidades  no combate à crescente intolerância. 

Henrique Barros considera o período atual péssimo para brasileiros se mudarem para Portugal, mas entende que é importante conversar com outros imigrantes antes da decisão final. "Meu conselho é entender bem suas prioridades e falar com pessoas que amaram e odiaram a experiência para entender os porquês”, finaliza.