Episódios contam histórias reais de jovens que morreram por tiros com armas das
por
Khauan Wood
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16/06/2025 - 12h

Idealizado, produzido, dirigido e apresentado por Khauan Wood, estudante do curso de jornalismo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), o podcast tem o intuito de contar histórias reais de jovens que morreram em decorrência da violência policial do Brasil.

Dados de um relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), divulgado em abril de 2025, mostram que a taxa de mortalidade de crianças e adolescentes pela PM cresceu 120% entre 2022 e 2024, apenas no estado de São Paulo.

Com uma imersão sonora, o áudio é pensado para ser rápido. Tudo no podcast é pensado para se assemelhar a um tiro. Além disso, conta com músicas que retratam justamente a violência policial no país.

Ficha técnica

  • Idealização, direção e apresentação: Khauan Wood

  • Duração: 5min22seg

  • Orientação: Prof.ª Dra. Anna Flavia Feldmann

 

A forma como as redes sociais manipulam cada vez mais o que é divulgado pelos veículos de comunicação
por
Beatriz Lima
Giovanna Brito
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09/06/2025 - 12h

Com o avanço das tecnologias e da comunicação, a população se adaptou a essa mudança em muitos aspectos de suas vidas, como por exemplo em relação ao consumo de informação. O impacto dessas transformações se manifesta, principalmente, na definição das pautas jornalísticas, que hoje são fortemente moldadas por algoritmos, dados de engajamento e comportamentos de usuários nas redes sociais. As chamadas ‘trends’ vem cada vez mais se popularizando entre a sociedade online atual, causando falhas de comunicação entre o que é importante e o supérfluo. Entenda de que forma a influência desses assuntos afetam o jornalismo na hora da publicação de notícias.

Comemorando o anivesário do grande cineasta em uma conversar com o crítico Filippo Pitanga
por
Clara Dell'Armelina
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06/06/2025 - 12h

Fora dos holofotes hollywoodianos, Akira Kurosawa fez história na sétima arte e rompeu as barreiras criadas para com o cinema oriental. Nascido em 23 de março de 1910, completaria  115 anos nesse ano de 2025, deixando um legado de 50 anos de carreira e 30 filmes que influenciam no modo de fazer cinema até os dias de hoje. Akira veio de uma família de muitos irmãos e, de um deles, Heigo, herdou sua paixão por filmes. Heigo que trabalhava como narrador de filmes, se suicidou aos 22 anos. 

Sua herança cinematográfica traz obras como “Os Sete Samurais” (1954), “Ran” (1985), “Trono Manchado de Sangue” (1957) e “Rashomon” (1950). Para falar um pouco melhor sobre esses filmes, conversamos com Filippo Pitanga, jornalista, pesquisador, curador e crítico de cinema, que nos contou sobre a história de vida e da longa carreira do eterno Akira Kurosawa. Confira! 

A virada cultural aposta na descentralização, diversidade e acesso gratuito à cultura
por
Marina Laurentino Mendonça
Michelle Batista Gonçalves
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28/05/2025 - 12h

 

A Virada Cultural 2025 ocorreu nos dias 24 e 25 de maio, reunindo mais de 4 milhões de pessoas nas ruas de São Paulo. Com 21 palcos distribuídos por diferentes regiões da cidade e mais de 1.200 atrações gratuitas, o evento levou música, teatro, dança, cinema e atividades culturais para espaços públicos, reforçando a proposta de descentralização e democratização do acesso à cultura.

 

Show da cantora B TREM no palco Grajaú, dia 24/05. Foto: Marina Laurentino.
Show da cantora B TREM no palco Grajaú, dia 24/05. Foto: Marina Laurentino.

 

Show da cantor Kyan no palco Grajaú, dia 24/05. Foto: Marina Laurentino.
Show da cantor Kyan no palco Grajaú, dia 24/05. Foto: Marina Laurentino.
Show da cantor Kyan no palco Grajaú, dia 24/05. Foto: Marina Laurentino.
Show da cantor Kyan no palco Grajaú, dia 24/05. Foto: Marina Laurentino.
Show da cantor Don L no palco Grajaú, dia 24/05. Foto: Michelle Batista.
Show da cantor Don L no palco Grajaú, dia 24/05. Foto: Michelle Batista.
Show da cantor Don L no palco Grajaú, dia 24/05. Foto: Michelle Batista.
Show da cantor Don L no palco Grajaú, dia 24/05. Foto: Michelle Batista.
Show da cantor Don L no palco Grajaú, dia 24/05. Foto: Marina Laurentino.
Show da cantor Don L no palco Grajaú, dia 24/05. Foto: Marina Laurentino.
Show da cantor Don L no palco Grajaú, dia 24/05. Foto: Marina Laurentino.
Show da cantor Don L no palco Grajaú, dia 24/05. Foto: Marina Laurentino.
Show da cantor Don L no palco Grajaú, dia 24/05. Foto: Michelle Batista.
Show da cantor Don L no palco Grajaú, dia 24/05. Foto: Michelle Batista.
Show da cantora Liniker no palco Anhangabaú, dia 25/05. Foto: Marina Laurentino.
Show da cantora Liniker no palco Anhangabaú, dia 25/05. Foto: Marina Laurentino.
Show da cantora Liniker no palco Anhangabaú, dia 25/05. Foto: Marina Laurentino.
Show da cantora Liniker no palco Anhangabaú, dia 25/05. Foto: Marina Laurentino.
Show da cantor BK no palco Brasilândia, dia 25/05. Foto: Michelle Batista.
Show da cantor BK no palco Brasilândia, dia 25/05. Foto: Michelle Batista.
Show da cantor BK no palco Brasilândia, dia 25/05. Foto: Michelle Batista.
Show da cantor BK no palco Brasilândia, dia 25/05. Foto: Michelle Batista.

 

Entidades do audiovisual brasileiro lutam para a reformulação da Lei da regularização dos Streamings no Brasil. Legislação existe desde 2021 na França.
por
Wanessa Celina Campos
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19/05/2025 - 12h

A vitória de Ainda Estou Aqui (Walter Salles, 2025) no Oscar trouxe um alerta ao setor audiovisual brasileiro sobre a  necessidade da regularização do VOD (video on demand, em inglês). Em fevereiro deste ano, a Kantar Ibope Media declarou que 35% dos domicílios brasileiros consomem plataformas digitais de streaming. Em 2021, uma pesquisa Streaming Global do Finder já trazia o Brasil como o segundo maior consumidor de streaming do mundo. Ainda assim, diferente de países como a França e a Espanha, o Brasil não regularizou a atuação de plataformas estrangeiras, como a Netflix e a Prime Videos.

“No Brasil, a gente tem medo dessa palavra regulação, até em função da ditadura, de algumas agências reguladoras que historicamente já tivemos. Mas em qualquer país do mundo existe a regularização de qualquer profissão.”, contextualiza o jornalista e documentarista Piero Sbragia, em entrevista para a AGEMT. Na França, a regularização do  VOD obriga as plataformas estrangeiras a investirem 25% do seus faturamentos em conteúdos nacionais, enquanto que, no Brasil, o PL nº 2.331/2022, aprovado pelo Senado, atribui apenas 3% de contribuição das empresas estrangeiras. 

Além da mudança de 3% de contribuição para 12%, a Frente Ampla pelo Audiovisual Brasileiro, reitera a necessidade de uma cota com, no mínimo, 20% de conteúdos brasileiros nas plataformas e canais de exibição. Thais Oliver, roteirista e vice-presidente da Associação Brasileira de Autores Roteiristas (ABRA) diz que o maior problema no cinema brasileiro hoje é a falta de um lugar para “escoar” toda produção nacional, que anualmente lança mais de 200 filmes. “São poucos os streamings que chegam a 20% de produção nacional. Nem a Globoplay consegue ter um catálogo só de produção nacional. Então, a cota é fundamental para que a gente consiga escoar essa produção.”

França: um caso que deve servir de inspiração

“O critério para a divisão de filmes nos cinemas franceses é a cota”, relata Piero ao relembrar um acontecimento durante a sua estadia em Paris, em 2022. Segundo ele, quando esteve por lá, quatro das cinco salas de cinemas eram reservadas apenas para filmes franceses, independente dos números de vendas, enquanto filmes hollywoodianos só tinham uma sala reservada. “A questão não é lucro, não é dinheiro, a questão é a soberania.”, completa Piero, observando que os filmes estadunidenses possuem um posição desigual em relação aos filmes nacionais, o que torna necessária a  proteção das obras nacionais. De acordo com Thais, é necessário que “a gente assuma essa negociação com um ponto de vista mais nacionalista, protegendo a nossa indústria.”

Não apenas a cota é fundamental, a proeminência, os destaques às obras nacionais nos aplicativos e site dos streamings, são essenciais. Usar o algoritmo para que os brasileiros achem obras nacionais com mais facilidade, que elas estejam já na primeira página, também faz parte da demanda da Frente Ampla. Mesmo assim, como lembra Piero, não tem como haver uma boa regularização do VOD sem que haja a fiscalização correta. Fiscalizar se as leis estão sendo cumpridas e, assim, proteger as obras nacionais, assim como aos atores, roteiristas e diretores brasileiros para não serem submissos às formas desfavoráveis nos seus trabalhos é também uma obrigação que o Senado e a Câmara devem ter em mente, na hora da formulação da Lei do Audiovisual.

 

Filme traz elucidação importante sobre a finitude e o Alzheimer
por
Giovanna Montanhan
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05/04/2024 - 12h

A história gira em torno do casal Margot (Marieta Severo), e Antônio (Zécarlos Machado), uma das maiores atrizes do Brasil e um escritor premiado portador de Alzheimer no estágio avançado. No decorrer da história, Margot recebe o diagnóstico com a mesma doença e se vê paralisada pela incerteza de seu próprio futuro. Enquanto lida com a condição, a personagem enfrenta a dura realidade onde sua memória, grande aliada de sua carreira e vida pessoal, está se deteriorando. Ao mesmo tempo, a relação com seus filhos, antes distante devido às exigências de sua carreira e o foco em seu marido, começa a se transformar. O longa Domingo À Noite estreou nesta quinta-feira (04) nos cinemas brasileiros.

Zé Carlos, apesar das poucas falas durante o filme, mostra que é capaz de usar seu instrumento principal, o corpo, com muita habilidade, ao entregar uma performance visceral e emocionante. Sua parceira de cena, Marieta, se comunica através das emoções e transita entre elas com bastante facilidade, sem se perder em um limbo caricato.

A obra apresenta boas performances, mas peca na trilha sonora: a presença limitada de um único som de piano, que toca esporadicamente ao longo da narrativa, deixa um vazio que poderia ser preenchido por outras músicas instrumentais. Uma diversidade nesse aspecto traria um ritmo mais harmonioso à história. 

A fotografia exibe as belas paisagens litorâneas da cidade do Rio de Janeiro, e traça um paralelo com a natureza verdejante ao redor. O diretor parece brincar com diversos tipos de enquadramentos da câmera, transitando entre tomadas em grande angular e planos mais fechados, capturando detalhadamente cada expressão e movimento dos protagonistas com precisão.

A família é disfuncional, assim como grande parte das brasileiras e das ao redor do mundo, e não força uma imagem unilateral da união e do amor incondicional. Os filhos, Francine (Natália Lage), também é atriz, e Guto (Johnnas Oliva), é um empresário no ramo do mercado financeiro. 

A devoção de Margot ao cuidar diariamente do marido que se encontra em degradação por causa do Alzheimer reflete como o amor pode se manifestar na terceira idade, servindo como uma espécie de declaração sincera sobre a essência do compromisso conjugal. Trata da responsabilidade de cuidar não como um fardo, mas com leveza, mesmo diante das adversidades e dos momentos desafiadores que a vida lhe impôs. Quando descobre que está tendo lapsos de memória,  Margot luta contra o tempo para conseguir terminar seu último projeto no cinema e resolver as questões pendentes com seus filhos, para então brilhar em um novo palco, em que a luz eterna reserva o seu ato final. 

O cinema brasileiro necessita urgentemente de tramas mais envolventes e profundas, que criem uma conexão real com o espectador, que sejam capazes de desafiar o predomínio de comédias ‘pastelão’ que, embora populares, raramente se aprofundam em questões atuais relevantes. Essas produções, com maior objetivo de atingir números, muitas vezes negligenciam a importância de refletir e discutir as complexidades das questões acerca da sociedade contemporânea. Nesse contexto, "Domingo À Noite" se destaca como uma obra de grande impacto, mergulha na essência da velhice sem embelezamentos e posiciona idosos como os personagens centrais do enredo. Ao fazer isso, o filme não só desafia o etarismo prevalente, que tende a marginalizar as gerações mais velhas em favor de histórias voltadas para o público jovem. A presença desses protagonistas vivendo a maturidade nas telas é um lembrete valioso da diversidade de experiências humanas. Portanto, visto que o longa já estreou, é uma oportunidade imperdível de apoiar e divulgar um cinema nacional que se aventura além do trivial, merecendo ser visto, revisto e celebrado por todos os amantes da sétima arte. 

 

Um mergulho profundo na música fizeram deste festival um evento inesquecível
por
Gabriela Jacometto
Helena Maluf
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26/03/2024 - 12h

A 11° edição do Lollapalooza  Brasil que aconteceu de 28 a 30 de março, em São Paulo, contou com a presença de vários nomes renomados da música internacional e nacional. Nesse vídeo contamos os principais destaques dessa edição do festival, e também conversamos com uma fã que esteve presente nos três dias de shows. Veja a cobertura!

 

Augusto Santos Silva, Presidente da Assembleia da República e candidato à reeleição busca apoio da colônia portuguesa no país
por
Luiza Fernandes
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04/03/2024 - 12h
Presidente da república portuguesa visita o Brasil em campanha (Foto: Luiza Fernandes)
Augusto Santos Silva iniciou sua visita ao Brasil almoçando com a comunidade portuguesa na Casa de Portugal de São Paulo (Foto: Luiza Fernandes)

 

Presidente da república portuguesa visita o Brasil em campanha (Foto: Luiza Fernandes)
Presidente visita a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Foto: Luiza Fernandes)
 
Presidente da república portuguesa visita o Brasil em campanha (Foto: Luiza Fernandes)
Cerimonialista apresenta o painel da Alesp ao visitante (Foto: Luiza Fernandes)

 

Presidente da república portuguesa visita o Brasil em campanha (Foto: Luiza Fernandes)
Durante sua passagem, Santos Silva escutou demandas da Comunidade Portuguesa no Brasil (Foto: Luiza Fernandes)

 

Presidente da república portuguesa visita o Brasil em campanha (Foto: Luiza Fernandes)
Na Casa de Portugal, Silva deu entrevista à RTP - Rádio e Televisão de Portugal (Foto: Luiza Fernandes)

 

Presidente da república portuguesa visita o Brasil em campanha (Foto: Luiza Fernandes)
Presidente foi questionado sobre a importância da comunidade portuguesa que vive no Brasil (Foto: Luiza Fernandes)
 

 

Presidente da república portuguesa visita o Brasil em campanha (Foto: Luiza Fernandes)
Bastidores da entrevista à RTP(Foto: Luiza Fernandes)
 
Entrevista ao Portal R7
Santos Silva em entrevista ao Portal R7 (Foto: Luiza Fernandes)
Mostrar um pouco da cultura japonesa na cidade de São Paulo, no parque do Ibirapuera, e como surgiu este espaço.
por
Octávio Alves
Fabrizio Delle Serre
Caio Batelli
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21/11/2023 - 12h
Ausência de medidas governamentais levam ao aumento de casos de preconceito no país
por
Gabrielly Mendes
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13/11/2023 - 12h

Com a ascensão da extrema direita em Portugal imigrantes brasileiros têm percebido o aumento dos casos de xenofobia no país, estimulados por discursos nacionalistas de partidos de extrema-direita. Aluguéis caros e salários baixos também são dificuldades enfrentadas por quem busca se estabelecer em terras lusas. 

Atualmente, o Chega! é o partido de extrema-direita que mais conquista espaço na política portuguesa. A sigla fundada em 2019 possui pautas conservadoras e nacionalistas que são difundidas, principalmente, por André Ventura, atual presidente da legenda. Através de discursos xenófobos e anti-imigratórios, o deputado da Assembleia da República adota a mesma estratégia populista que elegeu à presidência Donald Trump, nos EUA, e Jair Bolsonaro, no Brasil. 

Em entrevista à Rádio Renascença, em maio de 2019, André Ventura disse que a Europa deve ser solidária, mas ao mesmo tempo manter o controle de suas fronteiras para que não se torne um espaço completamente aberto. “Para vir viver dos nossos impostos já temos cá muitos, não precisamos de mais”, opina. 

As declarações do líder do Chega! influenciam parte da população portuguesa. Dados de um levantamento realizado pelo Instituto Intercampus, que foram divulgados pelo jornal Correio Braziliense, mostram impressionante crescimento do partido -– que já é a terceira força da Assembleia da República, com uma bancada de 12 deputados.

O estudo aponta que as intenções de votos no partido de ultradireita saltou de 7,2%, há um ano, para 13,5%, ou seja, quase dobrou. Esse aumento confirma que o discurso inflamado do deputado André Ventura, presidente do Chega, está ecoando entre os portugueses, o que pode refletir no aumento da xenofobia contra imigrantes. 

Henrique de Barros (33), formado em cinema, decidiu sair do Brasil há um ano em busca de emprego. Ele conta que ao chegar em Portugal sofreu com violências verbais e generalizações depreciativas por ser brasieliro. "Já lidei com micro agressões como olhares feios e falas ríspidas; pessoas me chamando de pobre, oportunista e sem cultura. Além disso, pressupunham que eu era burro ou vivia em condições muito ruins no Brasil", conta. 

Barros trabalha como editor de vídeo, um emprego que se adequa à sua área de formação. Entretanto, ressalta que seu caso é uma exceção entre os imigrantes e os próprios portugueses, já que o país luso oferece poucas oportunidades para pessoas especializadas. “Quanto mais formação se tem, menos vale a pena porque a compensação não sobe igual.”. Ou seja, mesmo com um diploma o salário das pessoas continua limitado, o que as impede de arcar com o alto custo de vida no país. 

A disparada nos preços dos aluguéis ampliou as dificuldades dos imigrantes. Nos últimos anos, vários empresários compraram casas em cidades portuguesas para as transformarem em hospedagens e Airbnbs, o que tem feito os valores da especulação imobiliária dispararem. Segundo dados do EuroStat, os preços das casas aumentaram 46,9% nos países da União Europeia de 2010 até o 4° trimestre de 2022. A inflação acumulada ficou em 29,6% no mesmo período.  

Em um cenário de alta procura, os locatários portugueses não escondem sua xenofobia ao alugarem quartos ou apartamentos para imigrantes. “Já vi muitos depoimentos em grupos dizendo que não alugam boas casas para brasileiros ou, quando percebem que são imigrantes, dizem que as residências não estão mais disponíveis.”, relata Henrique de Barros.

Lis Barreto, que viveu dois anos e meio em Portugal, confirma a denúncia de Henrique. A pesquisadora de 32 anos, que foi ao país com o intuito de fazer uma extensão universitária, encontrou algumas dificuldades. Ela conta que devido aos altos preços de locação precisou compartilhar um apartamento com mais duas pessoas, a fim de dividir custos. Ela ainda destaca que o lugar onde morou era alugado informalmente, pois o proprietário era uma das poucas pessoas que alugava para brasileiros. 

Além de problemas relacionados à moradia, Lis Barreto relata episódios de xenofobia e machismo que sofreu no país. Apesar de não ter enfrentado agressões explícitas, as notava em algumas atitudes, como na diferença da abordagem reservada às mulheres brasileiras e às portuguesas durante uma paquera. “O machismo do português se manifesta de um jeito diferente do que o machismo do brasileiro. Fica na sutileza às vezes, mas você consegue perceber a diferença se comparar o tratamento que eles vão dar para outras mulheres. Não vão chegar da mesma forma.”. 

A pesquisadora também se recorda de sofrer generalizações, a exemplo das vezes em que se surpreenderam quando ela disse que estava fazendo doutorado no país; ou quando pressupunham que estava em Portugal com o intuito de encontrar um marido para ganhar cidadania. 

Henrique de Barros percebe a omissão do governo português diante dos casos de xenofobia, e diz que é raro ver algo sendo feito para evitar essas situações. "Sempre caminha para algo genérico no sentido de 'Vamos todos se respeitar', mas tem poucas ações públicas que eu vejo para integração positiva das culturas.", desabafa.

Infográfico de xenofobia contra estrangeiros em Portugal. Fonte: Poder 360

Além dos casos implícitos e presentes no cotidiano de diversos imigrantes, a ausência de ações concretas resulta em casos extremos. O engenheiro civil Saulo Jucá (51) foi agredido com socos e chutes dentro de uma cafeteria na cidade de Braga, Portugal, no dia 10 de junho deste ano. A data é considerada feriado nacional em que se comemora o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Embriagado, o agressor perguntou a nacionalidade do engenheiro, que foi agredido quando confirmou ser brasileiro. Nenhuma autoridade ou instituição oficial portuguesa comentou o assunto. 

 

O atual governo brasileiro já manifestou preocupação com o tema. Anielle Franco, ministra da Promoção da Igualdade Racial, anunciou que o Poder Executivo pretende reforçar a rede de enfrentamento ao racismo e à xenofobia cometidos contra brasileiros que vivem em Portugal em abril deste ano. Essa rede terá o apoio do consulado brasileiro naquele país. 

Um mês antes, Portugal havia anunciado a criação do Observatório do Racismo e Xenofobia. O projeto une o governo e universidades e tem o objetivo de fornecer conhecimento sobre o tema para auxiliar ações governamentais e entidades  no combate à crescente intolerância. 

Henrique Barros considera o período atual péssimo para brasileiros se mudarem para Portugal, mas entende que é importante conversar com outros imigrantes antes da decisão final. "Meu conselho é entender bem suas prioridades e falar com pessoas que amaram e odiaram a experiência para entender os porquês”, finaliza.