Recentemente, constatou-se que as atuais eleições de 2022 será a primeira na história do país em que pretos e pardos serão maioria nas disputas por cargos eleitorais. Para aqueles autodeclarados negros, a conquista foi considerada uma vitória. Contudo, novas apurações apontam que talvez a porcentagem de 49,57% esteja até certo ponto equivocada, o motivo? Contradição e incoerência por parte de alguns candidatos.
De acordo com um levantamento realizado pela agência JOTA, veículo de imprensa especializado no acompanhamento jurídico e institucional, quase 30% dos 241 deputados estaduais e distritais de 2018 - antes autodeclarados brancos - e que concorrem à reeleição, mudaram suas autodeclarações e atualmente se identificam como negros. Dos 26 estados analisados pelo veículo, em 21 deles foram identificados casos assim. Dos 101 candidatos à reeleição à Câmara dos Deputados, 41 deles, que na última eleição se denominavam como brancos, agora se intitulam como pardos. Atual presidente da Câmara, Arthur Lira, também se identifica agora como negro. Até o pleito de 2014, o deputado se declarava “branco”.

A mudança, em um período de apenas quatro anos, pode apontar vários desdobramentos que vem transformando a política brasileira. Uma delas é o debate crescente em relação à identidade racial no Brasil. Sendo mais pautada nos últimos anos e tendo um olhar mais atencioso da mídia para a questão, candidatos podem usar da condição da cor para conveniência política própria. Como a maioria do eleitorado brasileiro se identifica como negro, tal feito não seria nenhuma surpresa.

Em 2020, o Tribunal Superior Eleitoral teve a iniciativa de estabelecer que candidatos negros recebessem verbas proporcionais aos brancos para suas campanhas. Além disso, seus tempos em propaganda eleitoral gratuita nos meios de comunicação também deveria seguir a mesma linha da equiparação.
O grande dilema está na falta de critérios, além da autodeclaração, não criados pelo Tribunal Eleitoral para identificar quem pode ser considerado ou não negro. Traços fenotípicos poderia ser um dos métodos a ser recorrido. Frente às análises levantadas, se faz necessário que haja mecanismos de fiscalização sobre a questão racial no país. Logo, cabe à Justiça Eleitoral tomar iniciativas eficientes para combater possíveis fraudes.
Ao considerarmos o que seria ideal para o trabalho da imprensa, temos na liberdade de expressão e editorial como ponto chave para assegurar o trabalho de um jornalista ou de um jornal. Quando passamos a considerar a produção jornalística como produto comercializado seja diário, semanal, quinzenal ou mensalmente, entendemos que a liberdade da atividade jornalística é apenas um texto de prefácio de um livro, que quando contextualizado desmente suas primeiras considerações.
Um jornalista, por essência, é um ser curioso, perguntador, com um olhar diferente para os fatos cotidianos, há quem credite aos jornalistas o papel de "voz do povo", mas que povo e que voz ? Nesse sentido, não aponto que a imprensa que conhecemos não represente a população de massa, de mais baixa renda, mas quais são os enquadramentos dados as pautas que interessam a essas classes (C, D e E) ?
Quando observamos os veículos de imprensa é possível ver interesses e a defesa deles em algumas de suas produções. Há quem possa contraditar apontando serviços da chamada "grande imprensa" para a população, mas isso apenas se concretiza porque vivemos na mesma realidade, ou seja, a imprensa não pode inventar uma realidade paralela que melhor atenda seus desejos para noticiar ao público. Assim sendo, é preciso que, mesmo a contragosto, alguns temas sejam pautados e mostrados em maior ou menor escala, a depender do comprometimento do veículo.
Para que essa teoria se torne prática, relembro o caso Pandora Papers, milhões de documentos vazados em 2021 por um consórcio internacional de jornalistas investigativos, com participação de 91 meios de comunicação. Na América-Latina esse vazamento teve ruídos para os órgãos governamentais citados, no Brasil, a imprensa, por interesses, fez uma cobertura tímida em seus grandes jornais, seja no impresso, rádio, televisão ou internet. O resultado disso foi simples, enquanto agentes públicos prestavam contas em outros países, no Brasil, o chefe da Economia foi apenas convidados para explicar seus envolvimentos no escândalo em uma sessão pouco divulgada no Congresso.
Nessa mesma linha de interesses colocados acima da informação, nós temos um caso muito específico no Brasil: a Jovem Pan. Tradicional canal de rádio de São Paulo, a Jovem Pan nos últimos anos tem atuado quase como um partido político, por vezes, abrigando políticos filiados a partidos e atuantes como comentaristas de seus noticiosos. Em um fatídico caso, uma parlamentar paulista alinhada ao governo Jair Bolsonaro, com mandato em exercício, foi vista segurando o microfone e pedindo para fazer pergunta ao presidente em uma visita do presidente ao interior paulista. Curiosamente, este mesmo canal, é voz ativa na defesa de uma liberdade de expressão quase que irrestrita e sem responsabilização pelas informações dadas, tendo difundido notícias mentirosas ou descontextualizadas durante quase toda a Pandemia.
Em um terceiro ponto, podemos observar jornais mais independentes, alinhados com a esquerda, atuando quase como cabos eleitorais de partidos desse segmento. A independência soa quase como um salvo-conduto para ignorar fatos que possam atrapalhar interesses desses potenciais aliados.
Apesar de desejosos e propagadores de tal discurso, a imprensa livre, na prática, é quase apenas um prefácio de um livro muito maior, cercado por conflitos de interesses, conversas a portas fechadas, jogos de cena e hipocrisia.
A imprensa é sim fundamental e vital para o funcionamento da democracia, mas por vezes, a imprensa também é ou toma partido.
A pandemia do Covid-19 acelerou uma tendência que já vinha acontecendo: a popularização do aplicativo TikTok e dos vídeos curtos. Mas afinal, esse processo foi positivo ou negativo para os microempreendedores?
Com a quarentena, a mudança nos formatos de criação de conteúdo foi repentina. Sai na frente quem estuda e procura entender mais as mudanças dos algoritmos e o alcance dos vídeos vira uma disputa que, muitas vezes, pode se tornar maçante. Como estão os donos de pequenos negócios com esse cenário? Será que eles estão sobrecarregados? Conversamos com Viviane Oliveira sobre o assunto, dona das contas do Instagram @medonza.vinhos e @vivianemakeup.
A morte inesperada nos mostra a fragilidade humana. Não que seja desconhecida, pelo contrário, todos sabem o quanto o ser humano é frágil e efêmero. Talvez a única certeza da vida seja a morte, e apesar de saber disso, não temos preparo para vivenciar esse processo.
Um artista não morre, porque sua obra não o deixa morrer. Artistas são eternos na memória cultural. Marília Mendonça nos deixou nesta sexta-feira (05), mas a sua arte não a deixará morrer. Marília foi um fenômeno da música brasileira, uma artista completa. Instrumentista, cantora, compositora, é quase impossível que alguém nunca a tenha escutado no Brasil. Às vezes escutou sem querer, pelo som alto do carro que passou na rua tocando: “apaixonadinha, você me deixou, apaixonadinha, você me deixou”. O Brasil se rendeu ao talento de Marília, estava encantado. Encantado não, apaixonadinho.
A goiana de 26 anos de idade era presença certa na trilha sonora das festas de muitas famílias. Rainha da sofrência, Marília nos fazia sofrer como ninguém. Aliás, sofrer pela voz de Marília não era sofrer. Até quem não tem motivo para sofrer, coloca a mão no peito e balança de um lado para o outro cantarolando: “Tá espalhando por aí que eu esfriei, que eu 'tô' mal, que eu 'tô' sem sal, realmente eu 'tô', sem saudade de você, eu já fiz foi te esquecer”. Obviamente, alguém que canta isso nas condições já ditas, não esqueceu, e sente muita saudade. Mas sofrer com Marília não é sofrer, virou quase um hobby.
Um dos principais nomes do cenário sertanejo atual, Marília empoderou mulheres, fazia da dor de um coração partido poesia, e com isso um afago nos sofredores.
Quando nos deparamos com uma situação assim, constatamos o que já é do conhecimento de todos: somos breves! Todos sentem, porque se foi uma mãe, uma filha, uma neta, um alguém que faz parte da memória afetiva do país. Esses fatores aproximam ainda mais todos da dor da perda, do sentimento de que precisamos cada vez mais valorizar o agora. A perda súbita deixa as lacunas do que não aconteceu, do que não vai acontecer, afinal, já foi.
Não existe manual de como lidar com o luto, cada um o vive à sua maneira. Idas repentinas nos deixam mais frágeis, porque passamos a refletir sobre como estamos vivendo. É doloroso quando vemos alguém deixar os seus sem ao menos se despedir, sem um último abraço, um último “eu te amo”. E dói porque estamos tão suscetíveis quanto. A incerteza amedronta, e tudo é incerto.
É incerto que viveremos o que planejamos. É incerto que teremos tempo de deixar para depois aquela conversa, aquele beijo, aquele abraço. É incerto. O escritor José Saramago escreveu que quando pudermos olhar, temos que ver. Quando pudermos ver, temos que reparar. Ao reparar, humanizamos o próximo, deixamos de ver de forma insensível o que acontece à nossa volta.
Somos breves demais para deixar para depois. O “depois” é um tempo que não temos controle, e nem sabemos se chegará. Breves demais para não aproveitar o agora.
Marília deixa filho, familiares, amigos e uma multidão de fãs e admiradores da sua música, do ser humano Marília Dias Mendonça.
É Marília, vai doer demais escutar o seu “bye, bye”.
Habitualmente fazendo uso de trechos bíblicos em seus discursos e com seu lema “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, o presidente da república Jair Messias Bolsonaro viu sua popularidade crescer, especialmente entre os cristãos. Seu lema é parecido com o de Adolf Hitler na Alemanha Nazista, que era “Deutschaland über alles” (em português: “Alemanha acima de todos”).
Mas, são todos os cristãos que apoiam este governo? O Reverendo Marcelo Gomes, pastor auxiliar da Igreja Presbiteriana de Vila Mariana, explica quem são os evangélicos que defendem o presidente: “Temos dois grupos de cristãos aqui. Aqueles que apoiaram somente no início e os que continuam apoiando até os dias atuais. Ambos os grupos foram motivados pelo resultado de governos anteriores, com agenda baseada por vezes em ideologias distantes do cristianismo, somado aos escândalos históricos de corrupção. Ao identificar os mesmos velhos problemas no governo atual, especialmente o rompimento com as promessas de manutenção do combate à corrupção somado às provas de incompetência administrativa, um grande grupo deixou de apoiar, no qual me incluo”.
Marcelo critica a atitude de Bolsonaro ao utilizar a Bíblia frequentemente em suas falas: “Nos dias atuais qualquer sujeito, mesmo sem muita competência, é capaz de pesquisar e pinçar citações, ainda que sem contexto, em qualquer área de conhecimento. É o caso do presidente. Fala do que não conhece, com objetivos populistas. Quem o elegeu espera este tipo de coisa. Então, ele apenas os alimenta”.

No início de 2019, primeiro ano do mandato de Bolsonaro, seus eleitores esperavam um governo sem corrupção, como prometido por ele em campanha eleitoral, quando ainda era filiado ao Partido Social Liberal (PSL). Durante o governo, diversos casos de corrupção vieram à tona, como o da vacina Covaxin, descoberto pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da pandemia e o das rachadinhas, que inclui a família do presidente. Bolsonaro é alvo de quatro inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) com investigações que apuram vazamento de dados de inquérito sigiloso da Polícia Federal (PF), suposta prevaricação sobre irregularidades na negociação da vacina Covaxin e eventual interferência na PF. Além das investigações no STF, o presidente também é investigado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por ataques, sem provas, ao sistema de votação eletrônico.
O site Jusbrasil revela 305 processos de Bolsonaro nos Diários Oficiais. O grande histórico do presidente se completa com 138 pedidos de impeachment feitos ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas). Além de receber desaprovação de 53% da população em pesquisa realizada pelo IPEC, é responsável pela gestão caótica que prejudica o Brasil nas relações exteriores.
A imagem de Deus e da igreja é prejudicada pelo presidente com seus discursos e atitudes. Apesar de tirar fotos com pastores, estar presente em eventos cristãos, citar a Bíblia e ter até se batizado no Rio Jordão, local de batismo de Jesus Cristo, é conhecido por ser negacionista e corresponsável pela morte de grande parte das mais de 600 mil vítimas do coronavírus durante a pandemia no Brasil. O reverendo Alexandre Brandão, pastor auxiliar na Igreja Batista Nova Jerusalém, mostra o mal que Bolsonaro faz a imagem dos evangélicos: “A imagem dos cristãos associada ao presidente fica manchada conforme ele é associado a milícias, preconceitos, armamentismo, discursos de ódio e intolerância”.

Apoiadores do presidente costumam utilizar a frase “estou fechado com Bolsonaro”. A partir dela, caberia uma pergunta a ser feita a essas pessoas: “você está fechado com Bolsonaro, mas o Bolsonaro está fechado com você?” No governo dele, 101 e-mails da Pfizer oferecendo vacinas contra COVID-19 para o Brasil, foram ignorados pelo Ministério da Saúde, o que gerou grande atraso no início da vacinação no país. Somada ao atraso na compra de vacinas, está a disseminação de fake news. Uma das maiores inverdades pregadas pelo presidente e seu governo é alegação infundada de eficácia dos medicamentos que compõem o “kit covid”, o qual apresenta riscos à saúde de quem contraiu o coronavírus.
Por meio da CPI da pandemia, o Brasil conheceu o escândalo da Prevent Sênior, um plano de saúde focado no público da terceira idade, que colocava um prazo limite para pacientes com COVID ficarem internados nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs). Além disso, adiantava o uso de cuidados paliativos e obrigava médicos do plano a receitar os componentes do “kit covid”. Senadores da CPI suspeitam de ligação da Prevent Sênior com o “gabinete paralelo”, conjunto de médicos que aconselham o presidente Bolsonaro na gestão da pandemia.O plano de saúde nega as acusações.
Considerando que o presidente defende perante o povo o uso de medicamentos sem eficácia comprovada e que contribuiu para o atraso na compra das vacinas, as quais salvam vidas, é possível dizer que Jair Bolsonaro não pratica o “amor ao próximo”, como prega a Bíblia, tão utilizada em seus discursos. O livro bíblico de Tiago, no capítulo 17, versículo 4, diz: “aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz, nisso está pecando”. O pastor Marcelo faz relação deste trecho com a situação do Brasil: “O Brasil teve em suas mãos a oportunidade de ser um exemplo ao mundo. Isso iria nos impactar em todas as áreas: familiar, com menos mortes; econômica, com boas projeções futuras; e de imagem internacional. Seria um importante passo em direção ao enorme salto e crescimento que todos sabemos que podemos chegar. A aplicação do verso citado é possível e tem seu papel neste ponto específico, assim como os versos anteriores que apontam para a arrogância e presunção humana. Estas são marcas deste governo”.
A representatividade, na igreja evangélica, dos favoráveis ao presidente é grande, porém não atinge a totalidade do público frequentador. Alexandre, que além de pastor é historiador, traz um ponto de vista especial: “Assim como houve muitos cristãos segregacionistas nos Estados Unidos, também houve pastores como Martin Luther King e muitos outros cristãos que levantaram a verdadeira bandeira do evangelho que transforma a sociedade em um lugar solidário. É preciso enxergar a mensagem de Jesus acima do que os cristãos dizem. É no evangelho que deve estar nosso parâmetro para medir o tipo de cristianismo que nos é apresentado. Sempre haverá essas diferenças e extremos, mas é um erro terrível reduzir o cristianismo em uma única expressão. Houve igrejas que apoiaram o Nazismo, mas também houve pastores que se fizeram oposição como Karl Bart e outros que experimentaram o martírio, como Dietrich Bonhoeffer”. Marcelo fala sobre o sentimento de ser mal representado e alerta que Bolsonaro está longe de praticar o evangelho: “Ser mal representado por alguém com tanto destaque é o pior dos mundos para qualquer religião, ideologia ou filosofia. Para os que se deixaram envolver por estes discursos e os associam ao Evangelho, escrevo em letras garrafais: ISSO NÃO TEM NADA A VER COM EVANGELHO. Peço que prestem atenção e percebam que o presidente dá sinais claros de uma pessoa desequilibrada, daquela que é capaz de tudo para se manter no poder ou defender os de sua casa. Nesse afã, ele usa o cristianismo como ferramenta para seus escusos interesses pessoais. Gostaria que isso fosse evidente mesmo para quem não conhece o Evangelho. Mas sei que a realidade é diferente para quem nunca se debruçou sobre o que é o cristianismo de fato. Um dia o presidente será julgado por agir assim. E não me refiro à justiça humana. Convido todos a abrirem a oportunidade para conhecer de fato o Evangelho. Não estou falando em se converter, mas estudar com quem de fato conhece e vive o Evangelho. Se não para uma transformação pessoal, o que normalmente acontece, pelo menos para averiguar o quanto este sujeito que ocupa o cargo de presidente do Brasil é desqualificado em tudo que fala e faz. A verdade que te libertará não está no Palácio do Planalto, está em Cristo, conforme registrado e explicado nas Escrituras”.
Diante de todos esses apontamentos, o Cristianismo não é nada disso que Jair Bolsonaro fala e faz. O propósito de um cristão é amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, o que claramente não se pode relacionar com a postura do presidente da República. Além de estar manchando a imagem da religião, Jair Bolsonaro é um ótimo exemplo de “lobo em pele de cordeiro” e de um “falso profeta”.