Torcida recepciona delegação com grande festa e Rollheiser marca gol decisivo contra o Palmeiras
por
Jalile Elias
Lais Romagnoli
|
19/11/2025 - 12h

 

A vitória do Santos por 1 a 0 sobre o Palmeiras, no último sábado (15), em jogo atrasado da 13ª rodada do Campeonato Brasileiro, veio em uma Vila Belmiro pulsante desde muito antes do apito inicial. A torcida alvinegra tomou as ruas no entorno do estádio e fez uma grande festa já na chegada da delegação, com direito a corredor de fogo para recepcionar o ônibus da equipe. Dentro de campo, o argentino Benjamin Rollheiser decidiu o clássico com o gol que garantiu três pontos importantíssimos que tiraram o Peixe da zona de rebaixamento.

Entre sinalizadores e cantos fortes, a recepção da torcida santista incendiou a Vila Belmiro. Foto: Jalile Elias
Entre sinalizadores e cantos fortes, a recepção da torcida santista incendiou a Vila Belmiro. Foto: Jalile Elias
Santistas prepararam um corredor de fogo para recepcionar o ônibus do time. Foto: Jalile Elias
Santistas prepararam um corredor de fogo para recepcionar o ônibus do time. Foto: Jalile Elias
A Vila estava “em chamas” para receber o clássico entre Santos e Palmeiras. Foto: Lais Romagnoli
A Vila estava “em chamas” para receber o clássico entre Santos e Palmeiras. Foto: Lais Romagnoli
 A torcida do Santos bateu recorde de público no ano na Vila Belmiro: 14.651 torcedores. Foto: Lais Romagnoli
A torcida do Santos bateu recorde de público no ano na Vila Belmiro: 14.651 torcedores. Foto: Lais Romagnoli
Faixas e adereços são comuns nas arquibancadas, ainda mais pelo clima de decisão. Foto: Lais Romagnoli
Faixas e adereços são comuns nas arquibancadas, ainda mais pelo clima de decisão. Foto: Lais Romagnoli
Até essa partida, o Santos tem uma média de 17.438 torcedores como mandante. Foto: Lais Romagnoli
Até essa partida, o Santos tem uma média de 17.438 torcedores como mandante. Foto: Lais Romagnoli
“Pra cima deles”: a força dos torcedores no Alçapão empurrou o Peixe. Foto: Lais Romagnoli
“Pra cima deles”: a força dos torcedores no Alçapão empurrou o Peixe. Foto: Lais Romagnoli
A arquibancada pulsava enquanto os sinalizadores iluminavam a noite santista. Foto: Jalile Elias
A arquibancada pulsava enquanto os sinalizadores iluminavam a noite santista. Foto: Jalile Elias
Em meio às provocações de um clássico, torcedor santista estampa a placa de “Sem Mundial”, provocando o Palmeiras devido ao título da Copa Rio de 1951, vencida pelos palmeirenses e considerado por eles um título mundial. Foto: Jalile Elias
Em meio às provocações de um clássico, torcedor santista estampa a placa de “Sem Mundial”, provocando o Palmeiras devido ao título da Copa Rio de 1951, vencida pelos palmeirenses e considerado por eles um título mundial. Foto: Jalile Elias

 

O cenário onde cada canto carrega uma história
por
Jalile Elias
Lais Romagnoli
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17/11/2025 - 12h

 

 

Um passeio pelos cartões-postais de Salvador, onde história, fé, música e mar se encontram a cada esquina. Dos monumentos às paisagens, cada ponto turístico carrega a força cultural que faz da cidade um dos destinos mais vibrantes do Brasil.

Bonfim: fé, tradição e esperança. Foto: Jalile Elias
Bonfim: fé, tradição e esperança. Foto: Jalile Elias
As fitinhas que guardam votos e promessas. Foto: Jalile Elias
As fitinhas que guardam votos e promessas. Foto: Jalile Elias
A igreja mais simbólica da devoção baiana. Foto: Jalile Elias
A igreja mais simbólica da devoção baiana. Foto: Jalile Elias
A Igreja da Gamboa entre o mar e a devoção. Foto: Jalile Elias
A Igreja da Gamboa entre o mar e a devoção. Foto: Jalile Elias
Gamboa: fé abraçada pela praia. Foto: Jalile Elias
Gamboa: fé abraçada pela praia. Foto: Jalile Elias
 ⁠O encontro entre arte, história e horizonte. Foto: Jalile Elias
O encontro entre arte, história e horizonte. Foto: Jalile Elias
Castro Alves, onde Salvador respira cultura. Foto: Lais Romagnoli
Castro Alves, onde Salvador respira cultura. Foto: Lais Romagnoli
A Praça Castro Alves e sua vista aberta para a Baía. Foto: Lais Romagnoli
A Praça Castro Alves e sua vista aberta para a Baía. Foto: Lais Romagnoli
Pelourinho: charme colonial em cada esquina.  Foto: Lais Romagnoli
Pelourinho: charme colonial em cada esquina.  Foto: Lais Romagnoli
 
Cores, música e movimento no Pelô.  Foto: Lais Romagnoli
Cores, música e movimento no Pelô.  Foto: Lais Romagnoli
Vista clássica do Elevador Lacerda ligando cidade alta e baixa.  Foto: Lais Romagnoli
Vista clássica do Elevador Lacerda ligando cidade alta e baixa.  Foto: Lais Romagnoli

 

O thriller político estrelado por Wagner Moura chega aos cinemas no dia 6 de novembro
por
Isabelle Rodrigues
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19/09/2025 - 12h

O filme "O Agente Secreto", de Kleber Mendonça Filho, foi escolhido nesta segunda-feira (15) pela Academia Brasileira de Cinema para representar o Brasil na disputa pelo Oscar 2026 na categoria de Melhor filme internacional. Após a vitória do longa "Ainda estou aqui", de Walter Salles, o país voltou a brilhar aos olhos da mídia estrangeira, já que além das discussões em torno do prêmio, o público brasileiro movimentou a premiação como nunca antes. 

O longa do diretor pernambucano, situado em 1977, narra a história de Marcelo (Wagner Moura) que se refugia em Recife, após acontecimentos violentos em seu passado. Após buscar abrigo com outros grupos marginalizados, Marcelo acaba se envolvendo nos conflitos políticos e étnicos escondidos pela cidade.

Entre o elenco, estão nomes como Maria Fernanda Cândido, Gabriel Leone e Alice Carvalho

Elenco de agente secreto reunido para a exibição e premiação do filme no festival Cannes. Foto: reprodução / IMDB
Elenco de agente secreto reunido para a exibição e premiação do filme no festival Cannes. Foto: reprodução / IMDB

A indicação, porém, não significa que o filme já esteja entre os finalistas. A escolha dos longas a participarem da cerimônia acontece por meio de pré-seleções. Todos os países têm direito a enviar um candidato para a apuração, sendo necessário que o filme tenha sido feito fora dos Estados Unidos e com mais de 50% dos diálogos em qualquer língua, menos o inglês. Depois, o filme é selecionado de acordo com a crítica e o voto interno, determinando assim os cinco concorrentes finais. Por conta dessas etapas, vários filmes brasileiros já caíram na pré-seleção.

Antes de "Ainda estou aqui", o último filme nacional classificado foi "O ano que meus pais saíram de férias", do diretor Cao Hamburger em 2008, que chegou até a pré-indicação. Quase dez anos depois da primeira indicação, em 1999, de "Central do Brasil" de Walter Salles, que chegou a ser um dos finalistas.

O longa já conquistou oito prêmios, entre eles o de Melhor ator, para Wagner Moura e de Melhor diretor para Kleber Mendonça Filho, ambos no Festival de Cannes.

O Agente Secreto conta com exibições especiais por todo o país e estará disponível nos cinemas brasileiros a partir de 6 de Novembro.

Segue abaixo, o trailer da produção

Após 12 anos de sucesso, Invocação do Mal 4: Last Rites chega para dar fim a uma das mais aclamadas franquias de terror
por
Isabelle Rodrigues
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16/09/2025 - 12h

No dia 4 de setembro, chegou aos cinemas mundiais “Invocação do Mal 4: Last Rites”, o último capítulo da saga, que toma a atmosfera do polêmico caso da família Smurl, supostamente assombrada entre 1974 e 1989. 

Em seu primeiro final de semana em cartaz, o filme já arrecadou R$ 42 milhões, além de ter levado mais 2 milhões de pessoas aos cinemas, segundo dados divulgados pela Warner Bros. Foi confirmada uma continuação em desenvolvimento do universo, em forma de série pela HBO Max.

Judy e Lorraine compartilham da mesma habilidade, o que se torna um dos motores da narrativa  Reprodução/ Warner Bros
Judy e Lorraine compartilham da mesma habilidade, o que se torna um dos motores da narrativa  Reprodução / Warner Bros

O longa tem novamente a direção de Michael Chaves, que tomou da frente da saga desde o terceiro filme, The Devil Made Me Do It e The Nun 2, em 2021 e 2023. O filme   finaliza a saga dos Warren -  Lorraine (Vera Farmiga) e Ed (Patrick Wilson), com a adição de Judy, filha do casal (Mia Tomlinson) agora adulta e seu noivo Tony (Ben Hardy). Como um encerramento e tributo aos fãs de longa data, outros rostos conhecidos do universo  tomam a cena, como Drew(Shannon Kook), ajudante do casal no primeiro filme, Padre Gordon (Steve Coulter) e o Policial Brad (John Brotherton) também do primeiro.

O filme conta com diversas liberdades criativas sobre o real caso, já que os Warrens apenas se envolveram dez anos depois da assombração ser notificada. O que não é estranho para a franquia, mas se torna especialmente notável como parte desse encerramento, já que na realidade o caso nunca foi resolvido pelo casal, fortalecendo as críticas da época que acusavam o casal de charlatanismo.

Ed e Lorraine Warren foram personalidades extremamente midiáticas durante seus casos. Reprodução / Carolyn Bauman
Ed e Lorraine Warren foram personalidades extremamente midiáticas durante seus casos. Reprodução / Carolyn Bauman

Lançada em 2013, a franquia Invocação do Mal (The Conjuring), dirigida por James Wan,  se tornou a série de filmes “baseado em fatos reais”, subgênero do terror, mais famosa. Ao longo dos doze anos a franquia se expandiu muito além dos diários e relatos dos Warren, criando um universo de terror único que se sustenta em continuações até hoje.

Atualmente, o universo conta com nove filmes, sendo eles quatro títulos principais, Invocação do mal 1, 2, 3 e 4, e seus spin-offs que expandiram o terror apresentado pela figuras de Annabelle, com três filmes, A freira, com dois e a Maldição da Chorona.

O casal Warren, ficou mundialmente conhecido após o lançamento dos filmes, porém essa fama trouxe ainda mais notoriedade aos questionamentos sobre a pseudociência, demonológica, defendida por eles. O casal, conhecidos como os maiores demonologistas, ou caça-fantasmas do mundo, eles fundaram a New England Society for Psychic Research (N.E.S.P.R.) -  Sociedade de Pesquisa Psíquica da Nova Inglaterra - em 1952, atuando durante cinco décadas, em supostamente mais de dez mil investigações, se mantendo ativos na mídia, com palestras e declarações sobre seus casos. Porém seu feito mais conhecido é o museu Oculto no porão de sua casa, que guarda itens referentes a todos os casos investigados pelo casal. Desde de 3 de Agosto, o museu é de propriedade do comediante americano Matt Riff.

O filme Invocação do Mal 4: O Último Ritual está em cartaz por cinemas em todo o país desde 4 de setembro.

Veja abaixo o trailer da produção: 

Título original: The Conjuring 4: The Last Ritual

Direção: Michael Chaves

Roteiro: Ian Goldberg, Richard Naing, David Leslie Johnson-McGoldrick

Elenco principal: Vera Farmiga, Patrick Wilson, Mia Tomlinson, Ben Hardy,

Rebecca Calder, Elliot Cowan

Evento promoveu diálogos sobre arte e saúde em experiências imersivas
por
Khadijah Calil
Lais Romagnoli
Yasmin Solon
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10/09/2025 - 12h

Com idealização e curadoria da artista visual e arquiteta Marcella Benita Maksoud, o evento Casa‑Corpo transformou a experiência da endometriose em arte, informação e debate. Em cartaz de 14 de agosto a 6 de setembro de 2025, na Rua Pedroso Alvarenga, 678, no Itaim Bibi, em São Paulo, a mostra reuniu especialistas da saúde, artistas e público em vivências interativas que discutiram os impactos físicos, emocionais e sociais da doença.

Segundo o Ministério da Saúde, a endometriose é uma doença inflamatória crônica que afeta cerca de uma em cada dez mulheres em idade reprodutiva e caracteriza-se pelo crescimento de tecido semelhante ao endométrio fora do útero, podendo causar dor intensa, infertilidade e impactos na qualidade de vida.

Apesar de comum, a condição ainda é cercada por desinformação e negligência, o que torna ações como o Casa‑Corpo essenciais para ampliar o debate e o reconhecimento da endometriose como questão urgente de saúde pública.

“Só não se perca ao entrar” de Fernanda Corsini. Foto: Khadijah Calil.
“Só não se perca ao entrar” de Fernanda Corsini. Foto: Khadijah Calil.
 “É preciso dar vazão” de Marcella Benita. Foto: Khadijah Calil.
 “É preciso dar vazão” de Marcella Benita. Foto: Khadijah Calil.
  “Procurar as fronteiras e com as pontas dos dedos alcançar mais fundo” de Alix Spell. Foto: Khadijah Calil.
  “Procurar as fronteiras e com as pontas dos dedos alcançar mais fundo” de Alix Spell. Foto: Khadijah Calil.
Sem título, Alix Spell. Foto: Khadijah Calil.
Sem título, Alix Spell. Foto: Yasmin Solon.
"Ambivalências", Marcella Benita. Foto: Yasmin Solon.
"Ambivalências", Marcella Benita. Foto: Yasmin Solon.
Sem título, Camila Alcântra. Foto: Yasmin Solon.
Sem título, Camila Alcântra. Foto: Yasmin Solon.
“Sedução” de Marcella Benita. Foto: Yasmin Solon.
“Sedução” de Marcella Benita. Foto: Lais Romagnoli.
Um universo não compreendido. Foto: Lais Romagnoli.
"Sentido", Marcella Benita. Foto: Lais Romagnoli.
  “Fraturas e próteses” de Alix Spell.  Foto: Lais Romagnoli.
  “Fraturas e próteses” de Alix Spell.  Foto: Lais Romagnoli.

 

Mostrar um pouco da cultura japonesa na cidade de São Paulo, no parque do Ibirapuera, e como surgiu este espaço.
por
Octávio Alves
Fabrizio Delle Serre
Caio Batelli
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21/11/2023 - 12h
Ausência de medidas governamentais levam ao aumento de casos de preconceito no país
por
Gabrielly Mendes
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13/11/2023 - 12h

Com a ascensão da extrema direita em Portugal imigrantes brasileiros têm percebido o aumento dos casos de xenofobia no país, estimulados por discursos nacionalistas de partidos de extrema-direita. Aluguéis caros e salários baixos também são dificuldades enfrentadas por quem busca se estabelecer em terras lusas. 

Atualmente, o Chega! é o partido de extrema-direita que mais conquista espaço na política portuguesa. A sigla fundada em 2019 possui pautas conservadoras e nacionalistas que são difundidas, principalmente, por André Ventura, atual presidente da legenda. Através de discursos xenófobos e anti-imigratórios, o deputado da Assembleia da República adota a mesma estratégia populista que elegeu à presidência Donald Trump, nos EUA, e Jair Bolsonaro, no Brasil. 

Em entrevista à Rádio Renascença, em maio de 2019, André Ventura disse que a Europa deve ser solidária, mas ao mesmo tempo manter o controle de suas fronteiras para que não se torne um espaço completamente aberto. “Para vir viver dos nossos impostos já temos cá muitos, não precisamos de mais”, opina. 

As declarações do líder do Chega! influenciam parte da população portuguesa. Dados de um levantamento realizado pelo Instituto Intercampus, que foram divulgados pelo jornal Correio Braziliense, mostram impressionante crescimento do partido -– que já é a terceira força da Assembleia da República, com uma bancada de 12 deputados.

O estudo aponta que as intenções de votos no partido de ultradireita saltou de 7,2%, há um ano, para 13,5%, ou seja, quase dobrou. Esse aumento confirma que o discurso inflamado do deputado André Ventura, presidente do Chega, está ecoando entre os portugueses, o que pode refletir no aumento da xenofobia contra imigrantes. 

Henrique de Barros (33), formado em cinema, decidiu sair do Brasil há um ano em busca de emprego. Ele conta que ao chegar em Portugal sofreu com violências verbais e generalizações depreciativas por ser brasieliro. "Já lidei com micro agressões como olhares feios e falas ríspidas; pessoas me chamando de pobre, oportunista e sem cultura. Além disso, pressupunham que eu era burro ou vivia em condições muito ruins no Brasil", conta. 

Barros trabalha como editor de vídeo, um emprego que se adequa à sua área de formação. Entretanto, ressalta que seu caso é uma exceção entre os imigrantes e os próprios portugueses, já que o país luso oferece poucas oportunidades para pessoas especializadas. “Quanto mais formação se tem, menos vale a pena porque a compensação não sobe igual.”. Ou seja, mesmo com um diploma o salário das pessoas continua limitado, o que as impede de arcar com o alto custo de vida no país. 

A disparada nos preços dos aluguéis ampliou as dificuldades dos imigrantes. Nos últimos anos, vários empresários compraram casas em cidades portuguesas para as transformarem em hospedagens e Airbnbs, o que tem feito os valores da especulação imobiliária dispararem. Segundo dados do EuroStat, os preços das casas aumentaram 46,9% nos países da União Europeia de 2010 até o 4° trimestre de 2022. A inflação acumulada ficou em 29,6% no mesmo período.  

Em um cenário de alta procura, os locatários portugueses não escondem sua xenofobia ao alugarem quartos ou apartamentos para imigrantes. “Já vi muitos depoimentos em grupos dizendo que não alugam boas casas para brasileiros ou, quando percebem que são imigrantes, dizem que as residências não estão mais disponíveis.”, relata Henrique de Barros.

Lis Barreto, que viveu dois anos e meio em Portugal, confirma a denúncia de Henrique. A pesquisadora de 32 anos, que foi ao país com o intuito de fazer uma extensão universitária, encontrou algumas dificuldades. Ela conta que devido aos altos preços de locação precisou compartilhar um apartamento com mais duas pessoas, a fim de dividir custos. Ela ainda destaca que o lugar onde morou era alugado informalmente, pois o proprietário era uma das poucas pessoas que alugava para brasileiros. 

Além de problemas relacionados à moradia, Lis Barreto relata episódios de xenofobia e machismo que sofreu no país. Apesar de não ter enfrentado agressões explícitas, as notava em algumas atitudes, como na diferença da abordagem reservada às mulheres brasileiras e às portuguesas durante uma paquera. “O machismo do português se manifesta de um jeito diferente do que o machismo do brasileiro. Fica na sutileza às vezes, mas você consegue perceber a diferença se comparar o tratamento que eles vão dar para outras mulheres. Não vão chegar da mesma forma.”. 

A pesquisadora também se recorda de sofrer generalizações, a exemplo das vezes em que se surpreenderam quando ela disse que estava fazendo doutorado no país; ou quando pressupunham que estava em Portugal com o intuito de encontrar um marido para ganhar cidadania. 

Henrique de Barros percebe a omissão do governo português diante dos casos de xenofobia, e diz que é raro ver algo sendo feito para evitar essas situações. "Sempre caminha para algo genérico no sentido de 'Vamos todos se respeitar', mas tem poucas ações públicas que eu vejo para integração positiva das culturas.", desabafa.

Infográfico de xenofobia contra estrangeiros em Portugal. Fonte: Poder 360

Além dos casos implícitos e presentes no cotidiano de diversos imigrantes, a ausência de ações concretas resulta em casos extremos. O engenheiro civil Saulo Jucá (51) foi agredido com socos e chutes dentro de uma cafeteria na cidade de Braga, Portugal, no dia 10 de junho deste ano. A data é considerada feriado nacional em que se comemora o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Embriagado, o agressor perguntou a nacionalidade do engenheiro, que foi agredido quando confirmou ser brasileiro. Nenhuma autoridade ou instituição oficial portuguesa comentou o assunto. 

 

O atual governo brasileiro já manifestou preocupação com o tema. Anielle Franco, ministra da Promoção da Igualdade Racial, anunciou que o Poder Executivo pretende reforçar a rede de enfrentamento ao racismo e à xenofobia cometidos contra brasileiros que vivem em Portugal em abril deste ano. Essa rede terá o apoio do consulado brasileiro naquele país. 

Um mês antes, Portugal havia anunciado a criação do Observatório do Racismo e Xenofobia. O projeto une o governo e universidades e tem o objetivo de fornecer conhecimento sobre o tema para auxiliar ações governamentais e entidades  no combate à crescente intolerância. 

Henrique Barros considera o período atual péssimo para brasileiros se mudarem para Portugal, mas entende que é importante conversar com outros imigrantes antes da decisão final. "Meu conselho é entender bem suas prioridades e falar com pessoas que amaram e odiaram a experiência para entender os porquês”, finaliza.

Conheça o que o documentário traz além do álbum
por
LUANA GALENO
VICTORIA LEAL
GABRIELA FIGUEIREDO
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13/11/2023 - 12h

 

Exalando maturidade musical de um artista que cresceu no rap e não se limitou ao seu ritmo de origem, “AmarElo” do Emicida, se tornou mais do que um álbum musical, que não só reúne as principais facetas da cultura preta brasileira, mas abriu uma porta para ocupar lugares históricos e criar autoestima em qualquer um que tenha sido marginalizado. “AmarElo”, virou “AmarElo - É Tudo pra Ontem”, filme que descreve o processo criativo do álbum musical e apresenta os motivos da estreia deste no Theatro Municipal de São Paulo, com plateia majoritariamente preta e periférica. Ele é produzido por uma equipe de artistas, incluindo Leandro Roque de Oliveira, o Emicida, e direção estreante de Fred Ouro Preto.

Dividido em três atos (plantar, regar e colher), o documentário intercala a inspiração/criação das músicas, com as obras prontas, apresentadas no Theatro Municipal. A obra conta ainda como o artista paulistano desenvolveu as ideias que arquitetam o seu terceiro álbum de estúdio pelos percalços e desafios de toda sua concepção. Misturando ritmos musicais negros, com a história do povo preto brasileiro e crítica às mazelas sociais, em AmarElo, Emicida constrói uma narrativa baseada em amor, união, coragem e esperança, trazendo a dor e a alegria da vivência, para um campo sensível e intímo do ouvinte, se desvencilhando um pouco da acidez e firmeza que dominam outras obras suas. 

A trama do filme é construída em diferentes tipos de imagens. Enquanto os fatos históricos são apresentados com animações e ilustrações, o íntimo do artista é trazido por imagens de arquivo. Entre o backstage e o show no Municipal, assistimos todo processo de nascimento de um álbum e de um documentário que marcaria seu nome em premiações internacionais como o Grammy e o Emmy.

A trilha sonora é composta inteiramente pelos onze títulos que compõem a junção musical e guiam a narrativa, abrindo e fechando os arcos. Esse é o principal diferencial do audiovisual: ele tem história! Não apenas a de Emicida, mas a dos criadores e a de todos que um dia viriam a se identificar com alguma daquelas canções.

 

POR DENTRO DE “AMARELO”

Repleto de referências que vão muito além do espectro musical, o documentário aborda alguns dos principais pilares da cultura brasileira que contribuíram para a formação da sociedade que temos hoje. Muito além disso, AmarElo traz significâncias e significados para resgatar na memória do Brasil toda a pluralidade preta para a sua formação, que foi sucateada e apagada no processo de branqueamento da história. 

Em um movimento precursor de amostragem do passado, a narrativa explora em cada arco personalidades como Lélia Gonzalez, Aleijadinho, Wilson Neves e muito mais, referenciando também movimentos como a Semana de Arte Moderna de 1922 como ferramenta de marco representativo e divisor de ideias, que até então estavam consolidadas entre o aceito e o invisível. 

Explora também a ocupação de um espaço físico como marco, marco de uma luta viva e presente na vida de milhões de brasileiros. Estar no Municipal e ressignificá-lo como um ambiente condizente com o florescer de um grupo que foi reprimido por séculos leva a público discussões além da luta racial no Brasil, pois mostra como o racismo e ideais de embranquecimento trabalharam para o apagamento daqueles que foram, são e sempre vão ser a alma de todo um país.

AmarElo se faz necessário não somente por ser uma obra que ganhou relevância nos streamings, mas por sintetizar de forma visual a história preta intrínseca na construção de um país, facilitando a compreensão de um movimento individual que, após as dimensões conquistadas, ganha um caráter coletivo. 

Assassinos da Lua das Flores já arrecadou mais de US$ 130 milhões nas bilheterias mundiais
por
Lucas G. Azevedo
Matheus Marcolino
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13/11/2023 - 12h

Assassinos da Lua das Flores, mais recente longa do aclamado diretor Martin Scorcese, estreou nos cinemas no dia 19 de outubro, e o sucesso foi imediato. O filme ultrapassou a marca de US$ 130 milhões nas bilheterias globais até o último domingo, dia 13 de novembro, sendo US$44 milhões somente no fim de semana de estreia - a segunda estreia mais rentável da carreira do diretor. 

O mais recente filme de Scorcese já acumula US$ 137,1 milhões no total de bilheteria - US$ 59,9 milhões vindos do mercado americano e US$ 77,2 milhões do resto do mundo. O único longa do diretor a conseguir arrecadar mais que Assassinos da Lua das Flores em seu primeiro fim de semana foi o sucesso Ilha do Medo (2010), que arrecadou mais de US$ 40 milhões somente nos EUA. Os principais mercados do filme até o momento, além dos Estados Unidos, incluem o Reino Unido (US$ 9,6 milhões), a Alemanha (US$ 5,5 milhões), a Itália (US$ 4,8 milhões), a Espanha (US$ 4,2 milhões) e a França (US$ 3,5 milhões). No Brasil, o longa arrecadou US$ 710,7 mil. 

Apesar dos bons números iniciais de bilheteria, o filme ainda não alcançou os 200 milhões de dólares gastos para sua produção. Isso, porém, não deve ser um problema, já que o filme foi fruto de uma parceria exclusiva com a Apple TV+ e será lançado no streaming da marca em breve. No momento, ainda não há uma data para a disponibilização da obra na plataforma. Com a possibilidade de prêmios e o sucesso de arrecadação nos cinemas, isso ainda pode demorar um pouco.

Estrelado por Leonardo DiCaprio, Robert De Niro e Lily Gladstone, o filme é baseado no romance best-seller homônimo, escrito por David Grann e baseado numa história real sobre misteriosos assassinatos que acontecem na tribo indígena Osage após a descoberta de petróleo sob o solo da sua reserva, na década de 1920. O longa teve recepção extraordinária e acumula 93% de aprovação da crítica especializada no site Rotten Tomatoes. Os três atores do núcleo principal já despontam como favoritos da próxima temporada de premiações.

Autor de grandes obras como Taxi Driver (1976), Os Bons Companheiros (1990), O Lobo de Wall Street (2013) e O Irlandês (2019),  Martin Scorcese é considerado por muitos como um dos maiores cineastas de todos os tempos. Ele já admitiu inspirar-se em outros diretores aclamados, como Stanley Kubrick e o brasileiro Glauber Rocha.

Como as grandes emissoras tem mais poder do que o público imagina
por
Giulia Cicirelli
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07/11/2023 - 12h

Não é novidade afirmar que a mídia pode manipular as pessoas com seus discursos, seja no rádio, na televisão ou nas redes sociais. Recentemente esse domínio que elas exercem na população ficou muito mais presente pelas redes sociais e pela maior participação da política nesses meios. As ondas de fake news e desinformação que tomaram conta da internet nos últimos tempos diminuíram a capacidade cética que os leitores e usuários tinham, o que reduziu a checagem dos fatos transmitidos. Nas grandes emissoras televisivas do Brasil, a desinformação não ocorre com muita frequência, pois o jornalismo tem o papel de levar as notícias de maneira verdadeira e objetiva, mas o que normalmente acontece é a forma como as notícias são anguladas e preparadas para, muitas vezes, manipular e influenciar seus telespectadores.

Perseu Abramo, sociólogo e jornalista brasileiro, escreveu "Padrões de manipulação na grande imprensa”, livro que reúne diversos exemplos de como não ser manipulador no jornalismo. Nele, Perseu cita a televisão como uma grande difusora de informações que manipulam os telespectadores: “É claro que pode haver variações, ampliação ou redução de momentos,  maior  ou  menor  amplitude  de  fatos,  versões e opiniões diferenciadas, mas a maior parte do noticiário de TV segue esse padrão global. E, frequentemente, a própria emissora, por seu apresentador ou comentarista, reforça o papel resolutório, tranquilizador e alienante da autoridade; ou a substitui ou a contesta quando a mensagem da autoridade não é suficientemente controladora da opinião pública”. Imaginem Perseu vivo, vendo as fake news correndo soltas no TikTok e outras redes? 

É exatamente assim que as emissoras conseguem influenciar seu público. A televisão já tem esse papel há muito tempo, ser um instrumento prazeroso e que exige pouco de quem assiste, mas o modo como a notícia é passada mantém os telespectadores atentos e de forma que se sintam íntimos daquele meio. A TV é um dos instrumentos mais importantes para se obter conhecimento sobre o que acontece no país, mas ela não é totalmente confiável sabendo que emissoras como SBT, Rede Globo, Record etc. são comandadas por famílias que possuem suas próprias ideologias e tem o poder de propagá-las a outras pessoas sem que ao menos elas percebam que estão sendo influenciadas.

Recentemente, essas emissoras têm adotado novas maneiras de interação dentro dos jornais, com apresentadores em pé, telões e cores que mantém o público relaxado. Planejado para segurar o telespectador ali por mais tempo, elas transmitem a informação em massa para as pessoas, que da mesma forma, recebem e as aplicam de acordo com a bolha social em que vivem. Ao longo dos anos alguns casos marcaram essa manipulação: por exemplo,  envolvendo a Rede Globo, emissora com maior poder e audiência do Brasil. Durante a época da ditadura a empresa e o diretor, Roberto Marinho, manipularam as massas para benefício do regime, censurando informações importantes. Durante as “Diretas Já”, movimento político que teve como objetivo a retomada das eleições diretas ao cargo de presidente da república, a TV Globo omitiu a manifestação exibindo-a no Jornal Nacional como se fosse uma comemoração ao aniversário da cidade de São Paulo, privando informações a cidadãos e tirando a importância do evento ocorrido. 

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Imagem/ reprodução: TM Broadcast/ TV foco

Esses casos também são bem comuns na política, durante as eleições para governador do Rio de Janeiro após demonstrar interesse no candidato Wellington Moreira Franco, Roberto Irineu Marinho foi suspeito de planejar um esquema de substituição de votos a favor de seu candidato. Enquanto na Record, emissora de alta visibilidade no país controlada pela igreja Universal do Reino de Deus, pelo Bispo Edir Macedo, não negou seu apoio ao candidato à presidência Jair Bolsonaro, censurando a exibição de entrevistas com Lula e disponibilizando um espaço desproporcional ao de outros candidatos para Bolsonaro, colocando em sua programação entrevistas com o presidente que chegaram a durar mais de 25 minutos, durante período eleitoral de 2018. 

Não só o público como também trabalhadores de emissoras, possuem suas opiniões bem divididas em questão da manipulação, onde muitos não tendem a colocar a culpa nas emissoras, mas sim nos próprios telespectadores que muitas vezes, já possuem opiniões internalizadas e acabam procurando canais televisivos que produzem conteúdos considerados tendenciosos pelo telespectador que escolheu aquele canal específico, que já atinge um certo público-alvo. Já dentro das emissoras, também podem ocorrer certas manipulações externas, como por exemplo de partidos políticos que propõem acordos ou certas trocas de favores, com o intuito de que a empresa pregue uma certa opinião ao público.

Para essa reportagem, entrevistamos alguns funcionários e ex-funcionários de uma grande emissora nacional, que optaram por não terem seus nomes revelados, onde eles expuseram suas opiniões sobre o assunto. Uma das entrevistadas, uma jornalista que trabalhou por mais de 22 anos em uma certa emissora, diz: ”Os veículos de comunicação em massa podem manipular a informação simplesmente deixando de mostrar os dois lados da uma história, ou contando de uma maneira que omitir certos fatos ou dados. Na edição de uma matéria ou entrevista também é possível manipular, de certa forma, o que foi dito ou publicado. Seguramente todos os veículos ou formadores de opinião tem em sua gestão uma linha editorial a seguir, sendo assim o posicionamento político é determinante na hora de pautar ou editar qualquer informação”, explica a jornalista. 

Outro entrevistado, um radialista, funcionário há 19 anos da mesma emissora relata sua opinião sobre as supostas trocas de favores e acordos feitos entre os partidos, dizendo que “acredita sim que existe alinhamento político entre emissoras e partidos políticos, no momento atual é nítida a simpatia de uma, ou algumas, emissoras em relação ao apoio ao governo e outras que são contra. Isso reflete na distribuição de verba governamental, propaganda que o governo paga para exibir suas campanhas direcionado a maior verba para emissoras alinhadas com o governo, ou alguém acha que o governo vai dar dinheiro pra quem te critica?”