Alguns desconfortos são postos no mundo melhor pelo humor, outros, pela música. A banda paulistana Besouro Mulher brinca e mistura essas duas formas tão cotidianas de comunicarmos sentimentos no seu álbum de estreia Volto Amanhã (RKMB), sequência do EP Depois do Carnaval. O projeto estava nos rascunhos de Arthur Merlino (baixo), Bento Pestana (guitarra), Sophia Chablau (voz) e Vitor Park (bateria) e ganhou contorno no meio da pandemia, durante intensivões de criação de um lugar para além daquele do isolamento, algo que existisse apesar do que é possível tocar, mas que ainda acena para o mundo real. “O nome [do disco] traz uma coisa um pouco indecifrável do futuro e de um passado que não aconteceu, tem cara de algo que beira o mundo da imaginação e, ao mesmo tempo, chama pelo real e pela dureza do real” conta Bento.
Apesar de ser o debut da banda, a vocalista não é nem um pouco estranha à cena independente:girou pelas casas noturnas com sua outra banda, Sophia Chablau e Uma Incrível Perda de Tempo. O disco homônimo despontou com produção de Ana Frango Elétrico e arrastou a cena indie pela cidade. A sonoridade dos projetos se conversam na dinâmica dois-lados-da-mesma-moeda: se a Besouro Mulher é mais sentimental sobre amor, Incrível Perda de Tempo foca no ‘delícia, luxúria’ ; a primeira traz uma guitarra mais melódica, enquanto a segunda pesa em sintetizadores e distorções que formem uma parede de som que se arrasta, preenchendo os segundos; ambas carregam um tom descontraído que arranca uma risada do público, às vezes proposital, às vezes não.
‘Torresmo’, faixa emprestada que virou single, encapsula a essência do disco que viria pela frente: “Essa música fala muito sobre imaginação e até uma certa subversão do normal, daquilo que é a nossa sina”, comenta Sophia. A composição de Juliana Perdigão e Arnaldo Antunes íntegra sem ruído a coletânea; “eu sou um Super-Homem submisso” e “Queria estar a sós comigo mesmo/ e ter a eternidade toda em torno” são tão naturais à voz de Sophia que poderiam ser composição própria. “Foi um desafio trazer para uma sonoridade mais nossa, o Bento e eu pensamos pra ‘tirar o blues’ dela, porque tudo que a gente fazia ficava com cara de blues, por causa da harmonia e talvez alguma outra essência inominável que estava na música, mas acabamos conseguindo e ficamos muito felizes com o resultado. Além disso, acabamos ficando sabendo que a própria Juliana e o Arnaldo gostaram da versão, então a satisfação foi grande”, completa Arthur.
Volto Amanhã é um apanhado de como o cotidiano transborda de material para reflexão, uma “crônica que nunca consegue ser completamente captada pelas palavras. O som, assim como a capa e o nome trazem um pouco essa sensação de vertigem, de algo que não tem um começo e que se soma a um real imaginário e que termina voltando para o começo”, define Bento. “Carótida” é uma colagem de questionamentos sobre a essência das pessoas e como é possível o universo interior ser muito maior do que qualquer esqueleto pode ser, tudo em cima de uma guitarra que soa como um relógio, os pensamentos correndo mais rápido que o tempo. “Pão Francês” é mais calma, e salta entre o francês e o português para desenhar um relacionamento tão dessincronizado que chega a parecer que não falam a mesma língua. ‘Curto/Tempo’, um loop ambiente, é sobre “curtir passar o tempo curto com você” - simples assim. A faixa traz um pouco de Mac DeMarco, Homeshake e até Billie Eilish, segundo a banda.
Em “Alguma Coisa”, Sophia Chablau explora o desejo de expressar algo único e original para alguém especial, mas ao mesmo tempo reconhece a dificuldade de encontrar palavras verdadeiramente inéditas. Nesse sufoco, faz graça da sua própria situação no meio da canção, falando “ela não diz nada de original, coitada!” , que arranca um risinho de surpresa de quem ouve. Quanto a esse humor casual, Sophia diz que não é intencional, acaba sendo a forma que escreve músicas, mas é principalmente como o público as lê. “ É constante as pessoas acharem minhas músicas engraçadas. Outro dia estava tocando numa edição do Tranquilo SP e durante “Hello” o pessoal deu muita risada. Eu acho curioso legal, curioso porque não escrevo música pra “ser engraçada”, mas eu acho legal, rir é uma forma das pessoas reagirem. E não é que eu seja uma pessoa séria ou sem senso de humor, eu dou risada o dia todo. Acho rir e chorar duas sensações boas, e fico feliz de despertar alguma emoção. Não me “utilizo do humor” de forma pensada, acho que é uma coisa meio natural, muitas das vezes a minha música soa engraçada porque deve ser diferente ouvir “miojo” numa música séria em português”, Chablau fala enquanto tenta tirar sentido disso.
É fato, pouquíssimas músicas falam dos três minutinhos tão curtos mas tão rotineiros, mas a Besouro Mulher decidiu que até a mais banal das banalidades merece suas cinco notas na. E que bom.
A Besouro Mulher fará seu show de estreia na Casa Rockambole no sábado (12) , com abertura de Uiu Lopes. Volto Amanhã pode ser ouvido todos os grandes streamers e os ingressos podem ser adquiridos pela Sympla.
The Last Of Us, a nova série distópica da HBO Max, está quebrando números de audiência no streaming, ultrapassando inclusive House of the Dragon, e tornando-se a adaptação de jogo para série mais bem avaliada do IMDb (Internet Movie Database), com uma média de 9.4/10.
Baseada no jogo premiado da Naughty Dog com a Playstation, a produção de Neil Druckmann e Craig Mazin conta com 9 episódios que retratam a jornada de Joel (Pedro Pascal) e Ellie (Bella Ramsey) tentando sobreviver em um mundo pós-apocalíptico.
A trama se passa 20 anos após o colapso da humanidade devido à pandemia de uma variante do fungo Cordyceps. A mutação ataca o cérebro do hospedeiro humano, transformando-o em "Infectado" - um ser ainda vivo mas incapaz de controlar suas ações. Os níveis de infecção se desenvolvem ao longo do tempo após a mordida — ou no caso do jogo, a inalação de esporos.
Joel, o personagem masculino principal, é um contrabandista que se depara com o roubo de sua carga. Para recuperá-la, ele deveria levar Ellie, a jovem protagonista, para o quartel general dos Vagalumes (grupo paramilitar opositor ao governo). Mais tarde, ele descobre que Ellie é imune ao vírus, revelando o interesse dos Vagalumes por ela. Com esta missão, um homem sem esperanças e uma criança provocadora encaram barreiras que vinte anos de caos trouxeram.
O Jogo
O jogo – lançado em 2013 para o Playstation 3 e remasterizado em 2014 – começou sua produção em 2009, depois do último sucesso da empresa Naughty Dog com Uncharted 2, e desde então revolucionou a indústria de jogos. Com inovação na criação do enredo, grande desenvolvimento de trilha sonora e protagonismo feminino, o jogo ganhou 196 prêmios de mídia especializada, incluindo 3 BAFTAs (British Academy of Film and Television Arts).
A trilogia, que conta também com The Last Of Us: Parte II, lançada em 2020, segue sendo a mais premiada no universo dos games. O jogo abriu um caminho carregado de dramaturgia em um mundo antes populado somente por cenas de ação e personagens rasos. A utilização de cut scenes mais longas e a manipulação da jogabilidade dos personagens – junto de artifícios novos para a época, como finitude de recursos e exploração de histórias laterais – foi o que trouxe a beleza do cinema para o universo dos consoles.
Outro ponto importante do jogo é a trilha sonora original – criada pelo argentino Gustavo Santaolalla e que ganhou o prêmio BAFTA – contando com composições mais naturais nas cenas de ação, que conquistou os jogadores e os críticos especializados na área. Gustavo também foi o criador da trilha sonora da série.
A Série
O aspecto de ação é mais presente no começo, com as primeiras aparições dos Infectados, e vai diminuindo gradativamente no decorrer da história. Apesar disso, a série ilustra todos os tipos de infectados presentes no primeiro jogo: Corredores, Espreitadores, Estaladores e Baiacus.
A obra segue uma linha narrativa mais dramática, focando nas frágeis relações dos personagens, tanto de Ellie e Joel, quanto deles com outros personagens. The Last of Us também explora histórias paralelas, como no episódio 3, onde é retratada a vida de Bill e Frank, meros coadjuvantes no jogo, que proporcionaram na obra da HBO uma nova perspectiva sobre o amor em um mundo apocalíptico.
Sobre os personagens principais, é possível entender as multifacetas que representam tanto Joel quanto Ellie. Ele perde sua filha, Sarah, no início do surto pandêmico — vinte anos antes da trama —, o que torna perceptível a barreira entre ele e Ellie desde o primeiro encontro dos dois. Porém, com o passar dos episódios, nota-se a aproximação entre eles e o desenvolvimento de uma relação afetuosa de “pai e filha” que Joel acreditava ter perdido. Este vínculo vai se intensificando a cada novo desafio apresentado e é assertivamente demonstrado pela atuação de Pedro Pascal e Bella Ramsey.
A adaptação também chamou uma atenção detalhista quanto à fidelidade ao jogo. Diversas cenas foram reproduzidas de forma idêntica, fazendo uso dos mesmos diálogos e até o mesmo enquadramento. Grande parte disso se deve ao fato da equipe produtora do jogo — especialmente Druckmann e Mazin — estarem envolvidos na produção da série.
Apesar disso, houveram críticas por parte dos fãs do jogo em relação a pouca exploração dos Infectados, como as frequentes "hordas de zumbis”. Porém, havia, por parte dos diretores, a preocupação em não ser repetitivo e a necessidade de adaptação para televisão.
Opinião
A ausência da já conhecida e cansativa “horda de zumbis” e de um Joel “à prova de balas” cria uma atmosfera muito mais crível e dramática na obra. Tudo isso é combinado ao talento de Bella Ramsey, que tira completamente a Ellie de um papel passivo e prepara o espectador para o que está por vir. A criação de uma atmosfera de suspense e um novo take no estilo zumbi são os pontos essenciais para a fórmula de sucesso da série.
Outro ponto importante de The Last of Us é o jeito como Druckmann explora as diversas facetas de um mesmo personagem. Nenhum daqueles que se opõem aos personagens principais é inerentemente mau, mas sim só um ser humano lutando por sua sobrevivência e pela vida daqueles que ama. Tanto a série como o jogo se aprofundam na característica mais humana de todas: a busca por um motivo para sobreviver. A inevitabilidade da missão é a beleza da dramaturgia de Druckmann – e da HBO.
Depois de três anos do seu último álbum, Sabrina Carpenter lançou em julho deste ano o ‘emails i can’t send’. Esse hiato da cantora não significa uma pausa em sua carreira, muito pelo contrário, neste período a estadunidense esteve envolvida em outros projetos, muitos deles como atriz. Conhecida como Maya, de ‘Garota Conhece o Mundo’(2014-2017), série da Disney, Carpenter compôs o elenco de produções como ‘Crush à Altura’ (2019), ‘Clouds’ (2020), ‘Dançarina Imperfeita’(2020) e 'Emergência' (2022).
Apesar do destaque advindo dessas produções, a artista ganhou repercussão na mídia e, principalmente, nas redes sociais após o seu envolvimento num possível triângulo amoroso entre Joshua Basset e Olivia Rodrigo, atores que fazem par romântico em ‘High School Musical: The Musical: The Serie’.
O caso ganhou mais repercussão, ao passo que tanto Olivia Rodrigo quanto Joshua Basset produziram músicas com mensagens subjetivas sobre. Na época, Sabrina sofreu diversas ofensas na internet, uma vez que foi colocada como ‘a outra'. Com exceção de sua canção ‘Skin’, a compositora pouco comentou sobre o episódio.
Devido a isso, muito se imaginou que ‘emails i can’t send’ fosse uma espécie de resposta de Carpenter a tudo que aconteceu. Entretanto, o álbum vai muito além disso, ele é, também, uma amostra da vulnerabilidade de Sabrina e seu processo de crescimento pessoal.
As composições dessa coletânea levam o ouvinte à uma montanha-russa emocional, não à toa a ordem das faixas está pautada em melodias ora vibrantes e dançantes, ora melancólicas e lentas.
Faixa por faixa
A abertura do disco é extremamente íntima e auto-reflexiva, nela há o relato de uma filha que se decepciona ao descobrir o caso extraconjugal do pai e o impacto disso em sua própria perspectiva sobre o amor. Com a voz doce acompanhada de piano, a faixa-título tem menos de dois minutos e já consegue emocionar quem escuta.
Já ‘Vicious’, a segunda faixa, expõe um sentimento e uma história completamente diferentes e o arranjo sonoro segue na mesma linha. Com vocais mais fortes e um estilo pop-rock, a composição relata um relacionamento com alguém sem responsabilidade afetiva. “Me ama e finge que não amou | Quebrou o meu coração e destruiu minha imagem | Por que você tem que ser tão cruel?”.
Apesar de um início tranquilo, ‘Read your Mind’ é agitada, dançante e engraçada. De maneira irônica e debochada, Sabrina fala sobre alguém confuso que não sabe se quer estar sozinho ou num relacionamento e ela, por sua vez, não consegue ler sua mente e entender o que está acontecendo com essa pessoa. Aqui o ouvinte já consegue acompanhar o storytelling do disco.
A quarta música retorna ao estilo mais tranquilo das demais músicas, mesmo assim não deixa de lado referências e arranjos do pop-dance. ‘Tornado Warnings’ representa uma fase de negação, em que é ignorado os alertas de que essa relação não daria certo e, na tentativa de convencer a si mesma que não sente mais nada, ela mente ao seu terapeuta sobre o ter visto e beijado esse ex (ou não) companheiro.
Em ‘because i liked a boy’ a referência ao episódio envolvendo Joshua Basset e Olivia Rodrigo é mais evidente por conta de frases como “Eu sou a fura-olho que veio logo depois | Roubando os mais novos” , "Namorar garotos com ex | Não, eu não recomendo” e “Não foi uma ilusão para internet”. Essa é uma das três músicas que receberam videoclipe, nele Sabrina está num ambiente circense como quem diz que tudo isso foi um verdadeiro “circo” só porque ela gostou de um garoto.
‘Already over’ é leve e conta com uma pegada mais country. Ela retorna ao assunto do caos emocional, em que há incertezas e confusões, resultando em recaídas de ambos, mesmo que o relacionamento já tenha acabado. Logo em seguida o disco apresenta ‘how many things’, essa música diverge entre as apresentadas até aqui. Ela é mais longa e a mais carregada de lirismo, além de um instrumental mínimo apenas para acompanhar o suave vocal. Essa faixa representa o fim de um relacionamento, em que tudo é recente e faz com que haja recordações recorrentes, mesmo com a ideia de que o outro lado não está na mesma situação.
‘Bet u wanna, ‘nonsense’ e ‘fast times’ lembram as músicas ‘sue me’ e ‘looking at me’, lançamentos antigos de Carpenter, elas apresentam um tom sexy, provocativo, debochado e cheio de autoestima, aqui é possível dizer que é a fase de superação.
A décima primeira faixa é ‘skinny dipping’, que além de videoclipe recebeu uma versão acústica. Ela contém um clima leve e nostálgico ao falar de situações que poderiam acontecer ao encontrar alguém com quem conviva.
Bad for business’ é a penúltima faixa e traz a ideia de um amor tranquilo, mas ainda sim marcado por uma insegurança de que possa ser ruim à sua imagem, aos seus negócios. Por fim, há ‘decode’, em que novamente é mostrado um aspecto de vulnerabilidade, nela Sabrina diz pensar e repensar sobre o que aconteceu e, assim, chegar a conclusão de que não há mais o que fazer, não há mais o que decodificar.
Os 13 emails enviados por Sabrina Carpenter demonstram sua capacidade de contar uma história a partir de seu lirismo e honestidade. É fácil se conectar com as emoções expostas em ‘email i can’t send’, ora explosivas, ora tranquilas, ora confusas.
A banda italiana Måneskin, está em turnê internacional, a Loud Kids Get Louder Tour 22, e nesta semana eles fizeram dois shows em terras brasileiras, um no “Festival Rock In Rio” e outro no Espaço Unimed, em São Paulo.
Em Sampa, modo carinhoso que o vocalista Damiano David chamou a cidade diversas vezes, o show começou por volta das 22:15, com a música ZITTI E BUONI, que rendeu a banda o Eurovision 21. A banda formada por Damiano David, Ethan Torcio, Victoria de Angelis e Thomas Raggi, mostrou que possuem presença de palco e habilidade técnica para fazerem shows espetaculares.
Måneskin possui diversas músicas em italiano, fato que não impediu o público de cantar todas as músicas, o que surpreendeu David, que falou em uma parte do show “ Pu** que pariu, vocês são a multidão mais alta de todos os tempos. Não consigo me ouvir no retorno, mas isso não importa porque ouço vocês”. Além disso o vocalista em sua passagem por aqui aprendeu as palavras “vamo”, “po***”, “cara***”, “obrigado”, além de ter se manifestado contra o presidente Jair Bolsonaro, após protestos da plateia.
A apresentação contou com músicas dos seus três trabalhos de estúdio, Chosen (2017), Il ballo della vita (2018) e Teatro d’ira: Vol. I (2021) além dos singles “MAMMAMIA” e “Supermodel”. Os destaques com certeza são para a abertura “ZITTI E BUONI”, “I WANNA BE YOUR SLAVE”, “CORALINE” e obviamente “Beggin”.
Os pontos altos do show foram, a interação da banda com o público, que subiu, segurou e abraçou a banda, o caos organizado necessário para um bom show de rock e por fim o grande bis no final do show, onde apenas Raggi voltou em um ótimo solo de guitarra, até David voltar e cantar “CORALINE” novamente e encerra, de verdade dessa vez com “I WANNA BE YOUR SLAVE”. Veja abaixo a tracklist do show:
"ZITTI E BUONI"
"IN NOME DEL PADRE"
"MAMMAMIA"
"LA PAURA DEL BUIO"
"Beggin'"
"CORALINE"
"Close to the Top"
"SUPERMODEL"
"FOR YOUR LOVE"
"Touch Me"
"I WANNA BE YOUR SLAVE"
"Gasoline"
"I Wanna Be Your Dog"
"LIVIDI SUI GOMITI"
"Le parole lontane"
"I WANNA BE YOUR SLAVE"
Segundo a revista Rolling Stone, o show de Måneskin em São Paulo contou com “muito rock e pouca roupa”, além de mostrarem que o rock está vivo e muito bem representado por esses jovens nomes do cenário.
Nascido e criado na capital paulista, José Pedro Monteiro dos Santos (18), hoje estudante de jornalismo da PUC-SP, foi precoce ao ser operado por laparoscopia para a remoção de três pedras no rim, aos dois anos de idade.
A operação foi realizada no Hospital Samaritano pelo doutor Anuar Ibrahim Mitre, famoso cirurgião urologista brasileiro, que em 2014 foi baleado por um paciente dentro de seu próprio consultório. Na época, a família do garoto não tinha condições financeiras para pagar o tratamento, sabendo disso, o doutor Anuar aceitou fazer o procedimento cirúrgico por um preço mais acessível, porém exigiu que toda a operação fosse gravada para uma futura aula, já que nesse tempo ele lecionava na USP. Além de se tornar uma das primeiras crianças brasileiras a realizar a cirurgia de laparoscopia, José Pedro teve sua operação gravada e assistida por vários alunos de medicina dentro da universidade.
Após concluir duas cirurgias com sucesso, José Pedro afirma que desde então vem tomando muito cuidado com sua saúde, tanto em sua alimentação quanto no consumo de água, toda essa cautela serve para que nunca mais ele precise reviver esse drama, visto que hoje em dia algumas marcas ainda permanecem, além de algumas cicatrizes, José Pedro carrega o fato de que seu rim esquerdo é muito menor que o direito e funciona apenas 29% do que o normal.
Mesmo com essas marcas irreversíveis, o garoto exalta conseguir viver sua vida normalmente e sem preocupação alguma, entretanto ele ainda tem a obrigação de visitar o médico anualmente para realizar exames e checar como anda o funcionamento dos rins, todo esse cuidado é necessário para evitar futuros problemas de saúde.