"A rede metroviária da cidade de São Paulo é composta por 6 linhas, totalizando 104,4 km de extensão e 91 estações, por onde passam mais de 5 milhões de passageiros diariamente." - Mais do que os números, um único vagão de metrô carrega diferentes tipos de pessoas, com diferentes histórias e realidades que diariamente se cruzam em um mesmo espaço sem nem se darem conta da presença um do outro.
Por Matheus Santariano (texto) e Davi Garcia (audiovisual)
É cada vez mais difícil se manter como lojista no Brasil, e isso não é novidade para ninguém. A economia e o caos social suga motivações das pessoas que querem fazer seu ganha pão com aquilo que amam. Porém, aqueles que seguem seu sonhos de criança, passam por barreiras econômicas e lógicas. Como o caso de Leandro, de 53 anos, colecionador e vendedor de relíquias de automóveis em escala, sendo um hobby, de acordo com o mesmo. Leandro conheceu sua paixão pelos "carrinhos de brinquedos" aos 8 anos, quando sua mãe deu à ele alguns carros feitos de metal por completo. Nos anos 70, pouco era comercializado edições ou marcas específicas, era o que viesse e o que sua mãe batlhava para lhe dar. Mal imaginava aquela pequena criança que seria o início de uma das jornadas mais lindas que a vida poderia proporcionar.
Trabalhou desde cedo para conseguir comprar suas coisas, uma realidade muito próxima e presente no país. Suas primeiras compras? Carrinhos. E desde então não parou de ter mais e mais. Quando mais velho, cursou e se formou em Publicidade e Propaganda, mas não era aquilo que Leandro queria. Ser mandado para fazer uma função não estava no roteiro de sua vida. Porém, a decisão de abrir uma loja era uma dúvida para ele e sua família.
Em meio ao dinâmico cenário do comércio brasileiro, manter-se como lojista é uma batalha contra desafios econômicos e um ambiente social complexo. Para Leandro, um apaixonado por miniaturas de carros, essa jornada começou cedo, inspirada por um presente significativo de sua mãe aos 8 anos: carros de metal em miniatura. Esses simples presentes desencadearam uma paixão que se tornou sua profissão.
Leandro comenta sobre a delicadeza e importância desse universo, com pessoas indicando e comprando os produtos para crianças que sequer nasceram, mesmo não indicando isso. Sua loja não apenas oferece miniaturas, mas abraça diversas faixas etárias, embora seja mais procurada por aficionados mais velhos interessados em colecionar. No entanto, enfrenta obstáculos no atual panorama econômico devido à concorrência desleal de plataformas online como Mercado Livre e outros, um mercado restrito e importado que apresenta custos exorbitantes.
A loja de Leandro celebra 27 anos de existência, enraizada em uma paixão que começou na juventude, sempre carregando essa cultura de uma época em que um simples carrinho representava um sonho distante. A sua mãe não trabalhava, e sua mãe olhava em seus olhos trazendo esse triste fato, afinal, com 15 reais não se comprava um carro sequer. Apesar dos obstáculos, a loja mantém-se como um refúgio para os apaixonados por miniaturas. Oferece itens raros de várias faixas de preço, desde produtos acessíveis até modelos excepcionais que ultrapassam os milhares de reais. O diferencial está no atendimento detalhado e personalizado, especialmente direcionado àqueles que não têm muito conhecimento sobre o assunto.
Leandro, um empresário autodidata, aprendeu a lidar com responsabilidades desde cedo, desenvolvendo uma habilidade crucial com o dinheiro, resultado de uma infância permeada por limitações financeiras. Sua jornada é um testemunho do poder da paixão em transformar sonhos em realidade, um símbolo de resiliência em um universo onde cada pequena réplica conta uma história única. A loja de Leandro não é apenas um local de vendas, mas sim um espaço onde sonhos se realizam em dimensões reduzidas. Cada miniatura exposta conta uma história distinta, uma memória encapsulada em metal e plástico, testemunho de uma infância que moldou uma vida inteira. Seu legado de 27 anos é uma ode à resiliência, à dedicação incansável por algo que transcende a simples venda de produtos. É um testemunho vivo do poder transformador da paixão, onde os desafios do passado se convertem em conquistas presentes.
Hoje, Leandro não apenas vende miniaturas, mas compartilha sua paixão e conhecimento com uma comunidade de colecionadores. Sua loja é mais do que um ponto comercial; é um museu vivo, um espaço onde o tempo é suspenso para celebrar o amor por automóveis em escala. Ao percorrer os corredores repletos de carros, cada visitante é transportado para um universo paralelo, onde a magia da infância encontra a maturidade do colecionador. É nesse espaço singular que Leandro deixa sua marca, criando um legado que transcende gerações e inspira outros a perseguirem seus sonhos. Com sua tenacidade e devoção, Leandro prova que, mesmo em um mercado desafiador, a paixão pode transformar obstáculos em oportunidades e criar um caminho para o sucesso.
A torcida fervorosa do São Paulo demonstrou seu amor pelo clube de maneira extraordinária durante os jogos da Copa do Brasil. Emocionados e apaixonados, os torcedores lotaram o estádio em cada partida, transformando as arquibancadas em um mar de entusiasmo e apoio incondicional. Com cânticos vibrantes e bandeiras tremulando, eles criaram uma atmosfera eletrizante, impulsionando o time a dar o melhor de si em campo. Esse apoio não apenas elevou o moral dos jogadores, mas também solidificou a conexão especial entre o São Paulo e sua incrível torcida, tornando cada jogo uma experiência inesquecível para todos os envolvidos e trazendo esse título inédito depois de 23 anos sem chegar em uma final.
As cores vermelho, branco e preto ganham vida no Morumbi durante os jogos do São Paulo de uma maneira verdadeiramente espetacular. O vermelho, representando a paixão e a determinação dos jogadores, é vibrante e ardente, refletindo a intensidade dos momentos vividos em campo. O branco, símbolo de pureza e garra, é visível nas camisas dos jogadores e nas bandeiras agitadas pela torcida, iluminando o estádio com uma energia contagiante. Por fim, o preto, denotando força e poder, transmite uma sensação de imponência e resiliência, inspirando tanto os atletas quanto os torcedores a superarem desafios juntos. Essas cores não apenas adornam o Morumbi, mas também unem a comunidade são-paulina em uma paleta de emoções que tornam cada partida uma experiência visualmente marcante e profundamente significativa para todos os presentes.
Por Luana Galeno (texto) e Bruna Quirino (audiovisual)
A risada é incontrolável, a frase seria de desabafo da minha amiga não parece nem séria nem verdadeira, é apenas hilária. Não tem razão pra eles estarem falando tanta besteira assim de uma vez. É quase confuso como minha bochecha está doendo de tanto dar risada já que eu puxei uma, duas… no máximo umas quatro vezes. E eu penso Julia, para de dar risada assim.
Quando cheguei na casa do Matheus nem estava pensando na possibilidade de fumar maconha. Acho que nunca havia nem cogitado, mas ele me ofereceu e resolvi aceitar. A risada deve mesmo ser um efeito das tragadas que eu compartilhei com minha meia dúzia de amigos, porque é a primeira vez desde que eu me lembre que minha mente está pensando em um ritmo decente. Também dou risada ao observar que consigo raciocinar sobre o que vou resolver quando a pessoa já terminou de falar. Viver sem ansiedade deve ser isso, estar no controle da sua própria cabeça. E imaginei que poderia ser esse motivo de todo mundo na faculdade usar isso o tempo todo.
Aliás, a aula é às sete, amanhã.
Foi antes mesmo, às 6h00min, quando pegou seu celular para desligar o alarme, que descobriu que não é por acaso que todo mundo que usa estuda dentro de uma das melhores faculdades de São Paulo, que é todo mundo branco e playboy. O Marcus, um amigo, tinha sido detido com 10g no bolso e qualificado como tráfico de drogas. No Brasil, não tem uma lei concreta que defina o que é porte de drogas para consumo pessoal ou para tráfico. Os critérios que diferenciam as duas situações variam entre tipo de droga, a quantidade atrelada à outros fatores, local da apreensão, entre outras questões. Isso eu descobri rapidamente em uma pesquisa no Google.
Pelo o que a Laura falou ele estava chegando na casa dele, no Capão Redondo, quando foi enquadrado depois de descer do ônibus e seguir andando para sua casa e pensou sobre como é possível que a decisão sobre isso seja feita por um policial. A revolta talvez seja menor com quem se habituou com o racismo. Com quem se satisfaz com a imprudência das leis brandas ou duras demais, que prendem sempre os mesmos que não são meus colegas de classe. Deixar a decisão da vida de alguém na opinião ou nas circunstâncias não é legítimo como a lei deve ser. E se preocupa sobre o que irá acontecer com o Marcus.
Rafael Galati que trabalha na Defensoria Pública quando soube da situação quis ajudar. Ele chegou até ligar para Julia para contar quando ele foi na delegacia conversar com Marcus. O primeiro passo foi analisar a situação do flagrante. Depois de ouvir a versão do Marcus, ele conversou com o delegado para tentar entender mais sobre a prisão. A seriedade de um advogado fez com que eu pensasse se para conseguir agir dessa forma ou com aquela calma eu teria que comprar e bolar pra mim.
Enquanto lia o jornal de domingo, vi uma matéria que mostrava uma pesquisa realizada pelo IPEA (Instituto de Pesquisa e Economia Aplicada), indicando que a maioria dos processos por tráfico de drogas acontece após apreensões de quantidades pequenas das substâncias. Em 58,7% dos casos por tráfico de maconha, por exemplo, foram apreendidas menos de 150 gramas, o que é preocupante.
Algum tempo depois marcaram a audiência de custódia, no final, ele disse que entrou com Habeas Corpus pra que o Marcus pudesse responder em liberdade e relatou, com pesar em sua voz, que a justiça brasileira não tem prazo, só os advogados. Não tem o que fazer, agora é só esperar as audiências e o julgamento. Podem ser semanas, podem ser meses, com sorte não serão anos. Pro Marcus, esse tempo vai passar bem mais devagar do que qualquer tempo que tome. Viver em um paradoxo, sem liberdade, por uma decisão pessoal, é um labirinto infinito. E é assim que o sistema funciona. O Marcus contou que a guerra às drogas só é travada da ponte pra cá.
Finalmente, a descriminalização da maconha é uma pauta no Supremo Tribunal Federal. O artigo 28 da Lei de Drogas, que proíbe o porte de drogas para uso pessoal, está sendo discutido e revisto. O porte pessoal e a quantidade apreendida são questões que estão sendo levadas em consideração para decidir os parâmetros para a descriminalização. Porém, o resultado esperado é de que a legalização da maconha ou de qualquer outra droga não vai acontecer. Ou seja, não vai gerar uma legislação que permita o uso ou o comércio dos entorpecentes e o porte, ainda que para "uso pessoal", continuará submetido a punições como advertência e serviços comunitários.
Atualmente, o julgamento foi paralisado após um pedido de vista feito pelo ministro André Mendonça, ou seja, uma extensão de prazo para deliberar e votar. Quanto aos votos, ao todo, seis ministros já votaram. Cinco deles — Gilmar Mendes, Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes e Rosa Weber — votaram a favor da descriminalização do porte de maconha para consumo pessoal. Apenas Cristiano Zanin votou contra. O placar para a descriminalização está em cinco a um.
Na prática, o STF já tem maioria para definir que pessoas flagradas com pequenas porções de maconha não devem ser tratadas como traficantes. Falta, ainda, decidir qual será essa quantidade-limite. Mesmo com a maioria configurada, as mudanças só serão aplicadas quando o julgamento for concluído e a decisão for publicada no Diário Oficial.
“Eu não tenho um gênero. Como os cactos e algumas espécies de peixe”, foi o que respondeu Siri, a assistente virtual da Apple, quando questionada a respeito de seu sexo. No entanto, a voz com a qual responde é feminina. Essa realidade não se restringe ao projeto do Steve Jobs. Até o momento, várias personagens femininas dão vida aos softwares de inteligência artificial (IA). Além da Siri, existem a Bia, do Bradesco, a Alexa, da Amazon, a Cris, da Crefisa, a Lu, da Magazine Luiza e a Nat, da Natura. Essas assistentes virtuais têm voz e cara de mulher.
Por mais que muitas vezes se pense na inteligência artificial como uma coisa recente e altamente inovadora, há mais de 20 décadas ela está presente no cotidiano do ser humano. O primeiro projeto de IA da história foi apresentado em 1956, uma iniciativa do matemático Alan Turing, como tentativa de decodificar as mensagens alemãs durante a Segunda Guerra Mundial.
Surgiram, então, diversas ferramentas, o que conhecemos hoje, foram desenvolvidas a partir de uma simples pergunta: máquinas podem pensar? E na verdade não. Máquinas não têm a capacidade de pensar. Não são racionais nem humanas e não se desenvolvem sozinhas. A inteligência artificial é puramente baseada em dados e respostas geradas por eles. Ou seja, para se manter “viva”, ela depende do envio e recepção de informações. Caso o contrário, simplesmente para de funcionar.
No entanto, há uma movimentação crescente de humanização da tecnologia e dos sistemas digitais, as funções da IA passam a ser desenvolvidas para além do básico. Agora, a ideia é aproximar ainda mais os usuários, fazendo com que seus eletrônicos sejam mais que objetos dispensáveis. Para isso, grandes marcas como Magalu, Natura e Vivo apostam em criar assistentes virtuais para interagir com o seu público e ajudá-lo. Elas são as novas “amigas” do consumidor; resolvem seus problemas e facilitam suas compras. Porém, quando adotam a digitalização de seu atendimento, a maior parte das empresas escolhe por figuras femininas para representá-las. É uma escolha que chama a atenção e levanta a seguinte questão: porque sempre mulheres?
Em 1950, o escritor de ficção científica Isaac Asimov, em seu livro "Eu, Robô", cunhou três leis básicas da robótica, também conhecidas como leis de Asimov. As leis são: nenhum robô pode ferir um ser humano, nem permitir que ele sofra algum mal; todo robô deve seguir as ordens do ser humano, a menos que elas desrespeitem a primeira lei; o robô deve sempre se proteger, menos quando isso vai contra as duas primeiras leis. Mesmo tendo sido criadas para um livro ficcional, as leis de Asimov são levadas em consideração na robótica até hoje. Dessa forma, essas três leis determinam a submissão das máquinas aos homens, e, consequentemente, que vozes femininas estejam sob o controle dos usuários das assistentes virtuais.
Estudos da Psicologia Social podem explicar o desejo comum de ser ajudado e servido por uma mulher. Segundo a graduanda em Psicologia pela Universidade de São Paulo, Anna Sophie Neves Colle, o cenário descrito anteriormente demonstra como as mulheres são frequentemente associadas à posições de cuidadoras, ideia que perpassa até mesmo seus empregos - profissões como enfermagem e pedagogia, majoritariamente femininas, demonstram essa tendência com clareza. Neves completa que, até mesmo os bebês muitas vezes sentem mais medo dos homens do que das mulheres, por enxergá-los como agressivos.