Tênis antigos, brinquedos de infância, filmes que voltam com nova roupagem. A nostalgia virou um dos motores mais fortes da cultura pop e do consumo. Mas por que buscamos tanto o que já passou? Neste vídeo, investigamos como a memória virou mercadoria, para isso tive uma conversa com quem vive disso: um jovem artesão que transforma saudade em bonecos. Assista:
Com o avanço da tecnologia e a popularização dos smartphones, o uso de celulares dentro das escolas se tornou uma questão mais discutida por educadores, pais e autoridades. De um lado, o aparelho pode ser uma ferramenta de apoio ao aprendizado, de outro, representa uma grande fonte de distração. Diante desse cenário, foi sancionada em janeiro de 2025 Lei que regulamenta o uso dos celulares nas instituições de ensino, estabelecendo critérios claros para garantir que a tecnologia seja utilizada de forma responsável e educativa, sem comprometer o rendimento escolar nem a convivência dentro do ambiente acadêmico.
Para discutir sobre essa questão e como ela funciona na prática, trouxemos duas convidadas para o nosso POD Conta Aí. A professora da rede particular, especializada em orientação de alunos, Adriana de Moraes, e Lara Miyazaki, aluna da rede pública, que apresenta sua perspectiva sobre o uso dos celulares em sala de aula. Para acompanhar esse bate papo, acesse abaixo o Spotify:
Durante os anos 1990 e até 2010, os blogs eram uma febre na internet. Começaram como uma espécie de diário virtual e alguns, ao conquistarem leitores, viraram sites profissionais autossustentáveis. Com a ascensão das redes sociais, como o Twitter (agora X), Instagram e Youtube, os famosos blogs foram deixados de lado e as blogueiras e blogueiros migraram para as redes. A popularidade dos blogs diminuiu, mas sua utilização não. Muitas das suas funções foram trocadas, como os vlogs no YouTube, que passaram a cumprir o papel de um ‘diário de viagem’.
Apesar disso, plataformas como Wordpress (2003), Medium (2012) e Substack (2017), voltados para publicação de textos, nunca deixaram de ser usados. Em 2023, por exemplo, o Wordpress contava com mais de 28 milhões de sites. De acordo com a TeamWorks, 70% dos leitores costumam confiar mais em artigos do que em anúncios, o que explica a sobrevivência dos blogs empresariais, um dos segmentos que não sofreu abalo.
A volta dos diários virtuais.
Agora, com as tendências dos anos 2000 voltando, uma onda de novos blogs surgiu. A divulgação? As redes sociais. O aplicativo de vídeos TikTok, vem sendo usado pelos escritores como um meio de alcançar novos leitores. Jovens escritoras usam as plataformas para escreverem sobre o universo feminino e suas experiências como mulher.
Fatime Ghandour, jovem jornalista, começou uma newsletter no Substack em 2024. “Meu substack funciona muito como um “diário”. Escrevo o que vem à mente, mas de uma forma mais caprichada.” Para a blogueira, a interação entre as redes pode ser um grande aliado: “O TikTok foi um grande amigo no momento de divulgar meus textos e meu blog. Muita gente veio através de um vídeo que fiz lá, falando sobre a plataforma.”

Fatime usa essa espécie de diário virtual para se aproximar de outras mulheres e oferecer um espaço de acolhida: “Busco fazer da minha página um lugar acolhedor para as leitoras. Quero que se sintam vistas, ouvidas e bem-vindas, afinal, nenhum evento é único e nós, como mulheres, temos mil e uma experiências que nos moldam em comum. Então, por que não conversar sobre?”. Quem entra na plataforma do substack pode ter acesso a outros tantos temas e trocas.
Para a jornalista Márcia Siqueira, os blogs dão total controle - e ao mesmo tempo liberdade - sobre o que você posta, já que é uma criação individual, o que difere das redes sociais, onde existem regras, filtros e algoritmos. “Os blogs propõe uma troca intelectual maior, uma troca de ideias mais aprofundada”, analisa Márcia. Ela explica que, devido à volatilidade das redes, quem escreve e quem lê busca cada vez mais autenticidade e isso explica o crescimento desse tipo de meio de comunicação: “vejo muitos blogs ressurgindo justamente para tentar fugir das redes sociais, que nos seduziram no momento que surgiram. Blogs trazem mais conteúdo e são menos nocivos”, conclui.
A recente polêmica entre as jovens influenciadoras Antonela Braga, Liz Macedo, Julia Pimentel e Duda Guerra tomou conta das redes no início do mês e exemplificou como o cancelamento digital é praticado. Entre os defensores da responsabilização pública e os que a enxergam como linchamento virtual disfarçado de justiça, o episódio reacendeu discussões sobre a linha tênue em que críticas em massa deixam de ser ferramenta de mudança e passam a reproduzir violências que pretendiam combater.
O conflito mencionado ocorreu durante uma viagem a Gramado (RS), após Antonela relatar ter sido excluída pelas outras três influenciadoras. Estas justificaram a atitude. Em publicações nas redes sociais, disseram ter ficado incomodadas com certos comportamentos de Antonela. Rapidamente, o que era um embate entre colegas tomou conta do TikTok e Instagram, gerando milhares de vídeos e hashtags em apoio à suposta vítima e massivas críticas às outras criadoras envolvidas. A reação pública evidenciou um comportamento comum no ambiente digital: a cultura do cancelamento.
Em entrevista à Agemt, Mariana Marinello, de 14 anos, que acompanhou com detalhes a situação nas redes, descreve as críticas realizadas pelos usuários como extremamente agressivas. “A Antonela não merecia aquilo, mas estão pegando pesado com as outras meninas. Quando ofende e deixa o outro desconfortável, vira ataque, não crítica”, comenta.
Caracterizada pela cobrança pública de atitudes consideradas inadequadas, a cultura do cancelamento muitas vezes ignora contextos e desproporciona reações. Entre adolescentes, os impactos são ainda mais nocivos. Segundo a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2023, 93% dos jovens entre 9 e 17 anos usam redes sociais e estão expostos a julgamentos intensos. Além disso, para a psicóloga Ana Paula Orsini, o cancelamento entre jovens vai além da discussão moral nas redes. “Ele pode desencadear ansiedade, insegurança e cyberbullying”, explica. E, logo acrescenta: “A exposição repentina pode gerar sensação de rejeição extrema e quem participa ativamente do cancelamento, pode depois lidar com consequências como culpa, estresse e normalização da agressividade”.
A minissérie "Adolescência", produzida pela Netflix (2025), retrata de maneira impactante o quão prejudiciais as redes sociais podem ser para os jovens e adolescentes e a importância do acompanhamento parental. Com mais de 114 milhões de espectadores no mundo todo, a série levantou o debate acerca dos impactos do mundo digital na formação da identidade e na saúde mental da geração que nasceu envolta nesse cenário.

Para a psicóloga clínica Elis Calado, em entrevista à AGEMT, "o uso excessivo de telas pode aumentar sintomas de ansiedade, depressão e baixa autoestima, especialmente pelas comparações nas redes sociais". Além disso, a profissional cita como a superexposição às telas podem afetar a saúde física e social das crianças - que passam a ter problemas com insônia e isolamento social.
Um dos aspectos destacados pela série é a crescente imersão dos jovens no universo digital, sendo expostos diariamente ao cyberbullying, padrões irreais e discursos de ódio. As redes são marcadas pelo surgimento de novos termos e gírias que, muitas vezes, soam como um idioma próprio para quem está fora desse contexto. Expressões como "incel", "redpill" e "blackpill" exemplificam essa nova linguagem. Esses termos ilustram não apenas uma mudança de vocabulário, mas também a formação de novas culturas dentro do ambiente virtual. Essas terminologias revelam ideologias que podem moldar negativamente a visão de mundo dos adolescentes.
Infelizmente, o que se vê na série não se limita à ficção. No dia 1° de abril deste ano, em Caxias do Sul (RS), três alunos esfaquearam uma professora após receberem advertências disciplinares no dia anterior. A saúde emocional prejudicada dos adolescentes, faz com que eles ajam sem pensar nas consequências ou não se importando com elas. São moldados a um cenário em que tudo o que desejam está à disposição.
Comparado às gerações anteriores, hoje os mais novos vivem uma realidade muito distinta. No passado, as interações eram limitadas a encontros presenciais, telefonemas e bilhetes. Atualmente, com um smartphone em mãos, a geração alpha — nascidos de 2010 em diante — tem acesso irrestrito a conteúdos de todo o mundo, a qualquer hora. Segundo Elis: “na internet os jovens “perdem a noção do tempo”, experimentam “liberdade total” e se transportam para esse “mundo virtual”, que é muito importante para eles, porque funciona como uma fuga para suas angústias existenciais e promete sentido e pertencimento”.
O problema é a dificuldade de desassociar esses “dois mundos” quando vivem o dia a dia. O que acontece nas redes sociais transpassa esse ambiente e toma forma na vida material. Como o protagonista, Jamie (Owen Cooper), que assassina sua colega de turma em razão de comentários na internet, muitos adolescentes têm sido levados a tomar atitudes terríveis por serem frágeis emocionalmente e muito afetados por outros.
Por outro lado, muitas vezes o mundo virtual é como uma terra sem lei, onde todos dizem o que querem e como querem. A liberdade dada para todos por meio das redes sociais trouxe muitos benefícios ao longo dos anos, mas, cada vez mais, vemos as ações prejudiciais desses meios nas relações e na mente humana. Se antes o que era dito passava por certo filtro nas conversas cara a cara e na lentidão das cartas, hoje o distanciamento que as redes geram e a rapidez com que pode-se fazer um comentário, torna esse filtro praticamente inexistente.
Em um mundo onde os jovens estão cada vez mais conectados, é fundamental estar atento aos efeitos dessas redes sociais. Como retratado na série "Adolescência", muitas das situações que os personagens enfrentam são desafios reais da juventude moderna. As redes sociais podem ser uma ferramenta poderosa, mas também podem se tornar um terreno fértil para inseguranças e problemas emocionais, se não forem usadas com cautela.
A psicóloga ressaltou a importância do acompanhamento familiar: “O mundo moderno é muito acelerado e exigente, mas precisam desacelerar e estabelecer prioridade claras olhando com mais atenção para a relação com os filhos e entre a família, devem buscar fortalecer os laços afetivos com mais convivência e mais diálogo”.