Discursos nacionalistas, conservadorismo extremo e ataques às instituições democráticas voltaram a ganhar força em diversos países
por
Lueny Gomes Batista
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13/05/2025 - 12h
Bolsonaro em manifestação de sua anistia Foto: / Reprodução: AFP
Bolsonaro em manifestação de sua anistia Foto: / Reprodução: AFP

Movimentos de direita radical têm ampliado sua presença em diferentes partes do mundo. Na Europa, Estados Unidos e Brasil, partidos e líderes políticos com pautas conservadoras, nacionalistas e críticas às instituições democráticas vêm crescendo em influência e eleitorado. Na Europa, por exemplo, partidos como a National Rally, de Marine Le Pen, na França, e o Fidesz de Viktor Órban, na Hungria, têm conquistado cada vez mais apoio. Segundo levantamento da consultoria europeia Europe Elects, partidos de direita populista estão entre os mais votados em países como Itália, Polônia, Suécia e Alemanha. Os discursos mais frequentes incluem críticas à imigração, defesa de valores tradicionais e oposição à União Europeia.

Nos Estados Unidos, o ex-presidente Donald Trump segue como principal figura da ala conservadora. Trump mantém apoio expressivo dentro do Partido Republicano desde a invasão ao Capitólio por apoiadores do ex-presidente evidenciando a polarização política no país. No Brasil, a eleição de Jair Bolsonaro, em 2018, representou o fortalecimento de uma direita mais radical. Seu governo foi marcado por embates com o judiciário, declarações polêmicas e forte presença nas redes sociais. Em 2022, Bolsonaro perdeu a reeleição, mas seu grupo político continua ativo, com destaque em bancadas no Congresso Nacional e grande engajamento digital.

Segundo o historiador Eliel Filho, professor e graduado em História, em entrevista à AGEMT, um dos fatores que explicam esse crescimento é a dificuldade de comunicação entre gerações. “A geração dos trinta anos — a última a vivenciar diretamente os reflexos das lutas anteriores — não conseguiu repassar de forma efetiva os aprendizados políticos às novas gerações”, afirma Eliel.

Para ele, isso contribuiu para o enfraquecimento da educação política e do engajamento social, onde a fragmentação da esquerda tem dificultado a resposta a esses movimentos. “Enquanto a direita tem conseguido se fortalecer por meio da coesão entre partidos de pensamento alinhado, a esquerda ainda encontra dificuldades nesse sentido. A unificação em torno de ideias comuns é urgente”, ressalta Eliel.

De acordo com o historiador, o uso estratégico do humor nas redes sociais (memetização) também tem sido uma ferramenta eficaz da extrema direita para ampliar sua presença entre os jovens. “A linguagem das redes foi dominada com mais eficiência por esses grupos, que usam memes e vídeos curtos para atrair e fidelizar públicos”, explica. Levantamentos de institutos como o Pew Research Center e a Fundação Bertelsmann mostram que, em diferentes países, cresce a desconfiança nas instituições políticas e nos meios de comunicação tradicionais. Em paralelo, indicadores econômicos apontam como aumento da desigualdade e do desemprego em períodos de crise, como durante e após a pandemia de Covid-19,  intensificam a polarização política, criam um ambiente mais propício à disseminação de discursos radicais.

 

A profissão de professor é uma das mais afetadas por transtornos mentais. Entenda o que tem impactado a vida dessas pessoas
por
Guilbert Inácio
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19/05/2025 - 12h

Segundo pesquisa Atuação Docente em Múltiplas Escolas no Brasil, divulgada em 2024 pela Fundação Carlos Chagas (FCC), aproximadamente 460 mil professores e professoras da educação básica trabalham em mais de uma escola no país. Os dados acendem um alerta para o cuidado da saúde mental dessas pessoas.

Ao fundo há um quadro com ilustrações de gráficos. No centro da imagem, há uma mulher de óculos segurando papeis com a mão esquerda e com a mão direita no queixo, demonstrando cansaço. Ela está com ambos os cotovelos encostados em uma mesa, que tem um xícara e um notebook em cima.
Falta de tempo é algo recorrente no magistério / Fonte: Freepik

De acordo com o estudo, que usou dados do Censo Escolar 2023, docentes que atuam em jornadas extensas têm maiores chances de se ausentarem do trabalho por causa da saúde, em especial por questões psicológicas e relativas à voz, além de não conseguirem administrar o tempo, gerando estresse e menor participação em atividades coletivas, o que vai impactar diretamente na educação dos e das estudantes. 

Segundo a Pesquisa Saúde Mental dos Educadores, realizada pela Nova Escola, em 2022, 21,5% de educadores e educadoras consideravam sua saúde mental ruim ou muito ruim. As consequências mais citadas foram sentimentos intensos e frequentes de ansiedade (60,1%), baixo rendimento e cansaço excessivo (48,1%) e problemas com sono (41,1%). Para lidar com a pressão, 40,4% relataram que fazer atividade física ou ao ar livre pode ajudar e 36,8% destacam o contato com amigos e familiares que ofereçam apoio emocional. 

Exercícios físicos e contatos sociais requerem uma certa disponibilidade, porém o cenário atual não contribui. Os dados obtidos pela FCC mostram que a creche é o segmento com menor proporção de profissionais em mais de uma escola: 12,7%. Mas o número aumenta nas próximas fases, até chegar em 36,4% no Ensino Médio. 

A hipótese é que nos anos iniciais de ensino, as professoras – em sua maioria – são polivalentes e passam todo o turno com uma turma. Nos anos finais, os e as docentes são especialistas, lecionando, de acordo com sua formação, um ou dois componentes curriculares, portanto não passam todo o turno com uma mesma turma. Para cumprir a carga horária necessária, esse grupo assume várias classes, o que aumenta as chances de uma atuação em mais de uma escola. 

De acordo com o exemplo da nota técnica da FCC, um docente em uma jornada de 40h semanais, com um terço do tempo para as atividades extraclasse, leciona, no máximo, por 26 horas e 40 minutos por semana. Se considerar redes de ensino com aulas de 50 minutos e que o componente curricular só tenha duas aulas por semana, esse profissional pode chegar a lecionar 32 aulas por semana para 16 turmas diferentes.  

Se usarmos uma média de 30 alunos por turma, docentes, na situação do exemplo, dão aulas para 480 estudantes, o que significa uma alta demanda para quem vai ter que explicar a mesma coisa várias vezes, tirar dúvidas, corrigir lições e trabalhos, além de se deslocar entre as turmas e escolas. 

A partir da pesquisa, a FCC traçou o perfil de profissionais nessa situação - docentes do sexo masculino que lecionam disciplinas com menor carga curricular, como biologia, física, filosofia, entre outras. A hipótese levantada pela FCC sobre isso, é que há concentração de docentes masculinos na etapa em que isso mais ocorre, enquanto as mulheres estão mais distribuídas nas etapas de ensino - Censo Escolar 2022: 90% de docentes das creches e da educação infantil são mulheres. Além de que os dados demonstrem menor disponibilidade de tempo por parte das mulheres para acumular mais escolas, em comparação com os homens, tendo em vista que, segundo o IBGE 2024, mulheres dedicam quase o dobro das horas do que os homens, em média, para afazeres domésticos e cuidados familiares.

A ilustração apresenta um fundo cinza com os dizeres a frente: 29,8% de professores atuam em mais de uma escola (143.940 de 482.984) 16,8% de professoras atuam em mais de uma escola (364.364 de 1.871.210)
Recorte por gênero / Fonte: Fundação Carlos Chagas (FCC) / Arte: Guilbert Inácio

Em entrevista à AGEMT, o Dr. Marcelo Afonso Ribeiro, professor do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do Serviço de Orientação Profissional (SOPI) e do Laboratório de Estudos do Trabalho e Orientação Profissional (LABOR) da USP, destacou que a saúde mental requer condições dignas de vida, respeito, reconhecimento e autonomia. “A falta de condições de trabalho com sobrecarga de tarefas, uma organização do trabalho centrada na produtividade e uma falta de reconhecimento social e econômico do professor tendem a levar ao adoecimento, não como condição individual, mas como resposta a este conjunto de condições insatisfatórias de trabalho.”, comenta o professor. 

Adoecimento profissional

Segundo Marcelo, os principais dilemas contemporâneos da profissão estão em três campos:

  • Questões pessoais e profissionais: Há falta de limite entre vida pessoal e profissional, insatisfação versus realização e falta de sentido no que faz. 

  • Questões estruturais e organizacionais: Falta de condições dignas de trabalho, ampliação e sobrecarga do trabalho, defasagem entre trabalho prescrito e trabalho real, assédio moral, demanda ao lidar com tecnologia e mundo digital, além de autorresponsabilização por problemas estruturais. 

  • Questões sociais: Falta de reconhecimento, declínio no discurso de autoridade, falta de autonomia, conflito entre o discurso de formador e doutrinador, pressão das famílias dos e das discentes e dos ambientes públicos.

Dados obtidos pela TV Globo, por meio da Lei de Acesso à Informação, revelam que no primeiro semestre de 2023, 20.173 docentes da rede estadual de São Paulo foram afastados do trabalho por questões relacionadas à saúde mental, como depressão, ansiedade e crise do pânico. Os dados demostram um aumento de 15% em comparação ao mesmo período de 2022 e que, em média, 112 profissionais são afastados por dia. Este ano, o G1 obteve, por meio da mesma lei, dados da Secretaria de Estado da Educação (Seduc-SP) que revelam que Campinas (SP) teve 3.421 docentes afastados por transtornos mentais de 2022 para cá. 

Cruzando os dados acima com a pesquisa da FCC, 12,9% da rede municipal de Campinas e 23,5% de docentes da rede estadual de São Paulo trabalham em múltiplas escolas. Segundo o Dr. Odair Furtado, professor de psicologia e coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Trabalho e Ação Social (NTAS) da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), profissionais da educação básica recebem salários incompatíveis com a sua função social e por isso optam por uma dupla ou tripla jornada desumana para conseguirem sobreviver e isso é catastrófico. 

A questão salarial foi pauta do antigo Plano Nacional de Educação (PNE), 2014-2024, que tinha como meta equiparar, até 2024, a remuneração média de docentes com as demais profissões que requerem Ensino Superior. Contudo, o piso salarial atual (2025) para professores do ensino básico da rede pública é de R$ 4.867,77 para exercício de 40h mínimas; representando 68,6% de R$ 7.094,17; salário médio de uma pessoa com graduação, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

Devido à crise econômica, principalmente depois da pandemia, não só educadores, mas todas as profissões passaram por uma precarização. Dentre os fatores, Odair Furtado, aponta a crescente utilização da Inteligência Artificial (IA) nas atividades profissionais que aumentaram a produtividade, mas também a pressão em cima do trabalhador, que acumula estresse e, consequentemente, pode gerar ansiedade e depressão. “Trabalhadores sabem que se buscarem atendimento, são afastados do trabalho e isso leva, inexoravelmente, à demissão. Então, essas pessoas suportam até surtarem”, comenta o professor. 

O Brasil passa por uma epidemia de doenças relacionadas à saúde mental no ambiente profissional. De acordo com o Ministério da Previdência Social, em 2024, cerca de 470 mil trabalhadores foram afastados do emprego por causa de transtornos mentais. Os dados representam, em comparação com 2023, um aumento de 68% de licenças concedidas, além de ser o maior desde 2014. As duas doenças mais diagnosticadas foram ansiedade e depressão.

A ilustração demonstra um gráfico com os dados da Previdência Social sobre afastamentos do trabalho por causa de doenças mentais. O gráfico inicia em 2014 com 221.721 casos. Os dados caem em 2015 e sobem até 2018, quando voltam a cair até 2020. Após isso, os dados sobem muito rápido, chegando em 472.328, em 2024.
Dados do Ministério da Previdência Social / Arte: Guilbert Inácio 

Caminhos futuros 

No dia 26 de maio de 2025, riscos psicossociais serão incluídos na NR-1, norma que apresenta as diretrizes de saúde no ambiente do trabalho. Após a inclusão, o Ministério do Trabalho passa a fiscalizar os riscos psicossociais no processo de gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SST), o que pode acarretar penalizações às empresas, caso sejam identificadas questões como: 

  • Metas excessivas 

  • Jornadas extensas 

  • Ausência de suporte 

  • Assédio moral 

  • Conflitos interpessoais 

  • Falta de autonomia no trabalho 

  • Condições precárias de trabalho 

Quanto à valorização da carreira docente, em junho do ano passado, o novo PNE, 2024-2034, foi encaminhado ao Congresso Nacional. A pasta prevê 18 objetivos a serem cumpridos nos próximos dez anos. O Plano será prioridade da Bancada da Educação em 2025. 

Confira outras propostas defendidas pela Bancada ao longo do ano que dizem respeito à profissão:

Ilustração em formato de pergaminho na cor cinza. Há os dizeres: SNE - Sistema Nacional de Educação;  PEC 169/19- permite ao professor acumular cargos públicos,  PL 3628/2024 - visa garantir que as diretrizes já estabelecidas pela Lei nº 14.817 sejam implementadas em todo o país;  PL 2387/23 - inclui os professores de Educação Infantil como profissionais do magistério;  PL 3824/23 - estabelece a Política Nacional de Indução à Docência na Educação Básica
Projetos em tramitação / Arte: Guilbert Inácio ​​​​​​

Em janeiro de 2025, o Governo Federal lançou o programa Mais Professores, com o objetivo de incentivar estudantes a seguirem a carreira docente. Dentre as medidas está o Pé-de-Meia Licenciaturas que concedera uma bolsa mensal de R$1.050 por mês para quem tirar mais de 650 pontos no ENEM e ingressar na licenciatura via Sisu, Prouni ou Fies Social. 

A medida é um ponto importante para aumentar a atratividade da carreira, pois, em 2022, uma pesquisa do Instituto Semesp projetou que, em 2040, o Brasil enfrentará um “apagão” na educação básica - a projeção é de que faltarão 235 mil docentes nas escolas do país. 

Segundo Marcelo Afonso, para mudar o cenário de precarização da carreira docente, as políticas públicas precisam se centrar em: “valorizar mais o professor e a professora, oferecer melhores condições de trabalho, remunerar melhor, oferecer qualificação contínua e, acima de tudo, construir um ambiente de respeito para formação de seres humanos.”.

Parlamentares denunciam violação da soberania brasileira e apagamento institucional da identidade transgênero
por
Vitória Nascimento
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22/04/2025 - 12h

 

Na última quarta-feira (16), as deputadas Erika Hilton (PSOL-SP) e Duda Salabert (PDT-MG) revelaram em suas redes sociais que, ao renovarem seus vistos para os Estados Unidos, foram classificadas com o gênero masculino, mesmo sendo reconhecidas como mulheres pela legislação brasileira. A alteração na identificação das parlamentares é resultado das novas políticas implementadas pelo presidente americano, Donald Trump, desde sua posse em janeiro de 2025.

Hilton havia renovado o visto para participar da Brazil Conference, realizada em Harvard e no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, onde seria palestrante em um curso sobre diversidade e democracia. No entanto, cancelou sua viagem ao descobrir a alteração em sua documentação. Já Salabert foi convidada para um curso sobre políticas públicas da primeira infância, que será realizado em maio, também em Harvard.

“Com o visto vencido, minha assessoria iniciou o processo de renovação junto ao consulado americano. Para minha surpresa — e revolta —, fui informada de que meu novo visto viria com a marcação de gênero como MASCULINO, com a ‘justificativa’ de que é de conhecimento público no Brasil que sou uma pessoa trans. Ou seja, minha identidade de gênero, reconhecida legalmente pelo Estado brasileiro, seria simplesmente ignorada”, relatou Duda Salabert na rede social “Instagram”.

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No dia seguinte (17), Duda agradeceu as mensagens de apoio que recebeu e reforçou que acredita que o ato foi um ataque diplomático não apenas contra ela, mas contra os documentos emitidos pelo estado brasileiro. Foto: Reprodução/Instagram/@duda_salabert

Ambas as deputadas afirmaram ter acionado o Itamaraty. Hilton declarou ainda que pretende denunciar o caso à Organização das Nações Unidas (ONU) e à Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Em seu relato publicado nas redes sociais, a deputada paulista expressou preocupação com o fato de um país ignorar documentos oficiais, uma vez que é legalmente identificada como mulher em sua certidão de nascimento e em seu passaporte diplomático — documentos apresentados à embaixada americana para obtenção do visto.

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Nas redes sociais, deputados como Guilherme Boulos (PSOL-SP), Maria do Rosário (PT-RS) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ) demonstraram apoio a Hilton e declararam que a ação foi um ato de transfobia. Foto: Reprodução/Instagram/@hilton_erika

“Ou seja, estão ignorando documentos oficiais de outras nações soberanas, até mesmo de uma representante diplomática, para ir atrás de descobrir se a pessoa, em algum momento, teve um registro diferente”, escreveu a parlamentar em suas redes sociais, referindo-se ao visto que tirou em 2023, no qual foi classificada de acordo com sua documentação oficial.

Na última sexta-feira (18), dois dias depois das deputadas terem se manifestado em suas redes sociais, o chanceler Mauro Vieira em uma entrevista à CNN confirmou que irá se encontrar com Hilton para conversarem sobre a questão, mas ressaltou que a decisão final cabe aos Estados Unidos: “Isso [a mudança] é uma decisão soberana dos Estados Unidos e é a aplicação da lei americana, mas vamos conversar”, declarou.

Em nota, a embaixada americana em Brasília afirmou que os registros de visto são confidenciais e que não comentam casos individuais, mas reforçou que a Ordem Executiva 14168 reconhece apenas dois gêneros — masculino e feminino — considerados imutáveis desde o nascimento. A ordem, emitida por Trump em 20 de janeiro, determina que os órgãos federais adotem uma definição binária e imutável de gênero e veta o reconhecimento da auto identificação de gênero em documentos oficiais, como passaportes.

Em seu pronunciamento nas redes sociais, Hilton declarou que a embaixada deveria adotar os canais apropriados para se manifestar: “E, se a embaixada dos EUA tem algo a falar sobre mim, que falem baixo, dentro do prédio deles. Cercado, de todos os lados, pelo nosso Estado Democrático de Direito.”

Durante o primeiro mandato de Trump, em 2017, a definição de gênero já havia sido estabelecida como binária e imutável, acompanhada de outras medidas que excluíam ou desconsideravam pessoas transgênero. Joe Biden, porém, revogou a maioria dessas políticas no início de seu mandato em 2021. Agora, com o retorno do republicano ao poder, a comunidade trans voltou a perder direitos recém-conquistados, diante da retomada dessas diretrizes.

“A partir de hoje, será a política oficial do governo dos Estados Unidos que haverá apenas dois gêneros: masculino e feminino”, afirmou Trump em seu discurso de posse no dia 20 de janeiro. Nos dias seguintes, ele encerrou programas federais de diversidade, proibiu o recrutamento de pessoas trans no Exército e ordenou a expulsão daquelas já alistadas, além de transferir mulheres trans para presídios masculinos. Outras medidas incluem cortes nos recursos destinados a programas de assistência médica para procedimentos de reafirmação de gênero — agora restritos a maiores de 19 anos — e a proibição da participação de mulheres trans em esportes femininos.

As ações de Trump cumprem promessas de campanha, nas quais a comunidade transgênero foi alvo frequente de ataques. Desde o início do novo mandato, os Departamentos de Saúde e Serviços Humanos passaram a seguir a cartilha presidencial. No site dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), ainda há definições de gênero mais inclusivas, mantidas por decisão judicial. Ao acessar temas relacionados a pessoas trans, o site exibe um aviso destacando que a página não reflete a posição da atual administração e do departamento: “Qualquer informação nesta página que promova a ideologia de gênero é extremamente imprecisa”, diz a nota.

As deputadas Erika Hilton e Duda Salabert foram diretamente impactadas pelas políticas discriminatórias adotadas pelo presidente republicano. Ainda assim, Hilton destacou em seu pronunciamento que possui sua identidade reconhecida legalmente no Brasil: “Mas, no fim do dia, sou uma cidadã brasileira, e tenho meus direitos garantidos e minha existência respeitada pela nossa própria constituição, legislação e jurisprudência.”, afirmou a parlamentar.

Entenda como funciona a manipulação da extrema-direita que reacende sinal de alerta para 2026
por
Oliver de Souza Santiago
Rafael Pessoa
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15/04/2025 - 12h

O cenário político brasileiro tem apresentado um rumo preocupante nestes últimos anos. O aumento dos lobbies de outsiders como Elon Musk e Luciano Hang, somados com a polarização e diversas linhas ideológicas dos partidos nas redes sociais, tem alertado o Legislativo, Judiciário e o Executivo. O discurso de mudanças e urgências, baseado em instigar emoções como ódio, medo e esperança, tem fortalecido o crescimento de políticas extremistas.

No dia 6 de março, o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros políticos de sua base, como Tarcísio de Freitas (Republicanos/SP), Eduardo Bolsonaro (PL/SP) e entre outros,  reuniram-se em Copacabana,  para manifestar o apoio à anistia para os crimes cometidos no atentado do dia 8 de janeiro de 2023. O evento teve a participação de 18,3 mil apoiadores, e apesar da derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022, a presença do poder de controle e manipulação do bolsonarismo se mantém presente. Afirmações sobre uma suposta manipulação do pleito eleitoral de 2022 e apoio à anistia para Bolsonaro, que está sendo investigado por envolvimento na trama golpista, foi um dos temas mais comentados.

A imagem acima retrata uma charge do ex-presidente Jair Bolsonaro no ato pró-Anistia, realizado em Copacabana
Charge sobre o protesto sobre o ato pró-Anistia para presos do 8 de janeiro em Copacabana. Foto/Reprodução: Rafael Pessoa (Agemt)

O que começou com o Movimento Passe Livre em 2013, para o atentado de 08 de janeiro de 2023, evidencia o uso de mecanismos de manipulação das massas na mídia ocidental. Veículos de comunicação como Jovem Pan, Brasil Paralelo e Revista Oeste, destacam-se por sua linguagem fácil para todos os públicos, alcance midiático e por propagação de fake news. Além do surgimento de figuras como o ex-presidente, Jair Bolsonaro, a ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro, o deputado federal, Nikolas Ferreira, o vereador Lucas Pavanato e a vereadora Zoe Martinez, com todos sendo do mesmo partido: o Partido Liberal (PL). Os parlamentares são conhecidos nas redes sociais por sua comunicação intensiva com seus apoiadores e grande parte do eleitorado brasileiro.

Da esquerda para a direita: a vereadora, Zoe Martinez, o ex-presidente, Jair Bolsonaro, a ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro e o vereador, Lucas Pavanato (Foto/Reprodução: instagram @zoebmartinez, instagram @lucaspavanato)
Da esquerda para a direita: a vereadora, Zoe Martinez, o ex-presidente, Jair Bolsonaro, a ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro e o vereador, Lucas Pavanato (Foto/Reprodução: instagram @zoebmartinez, instagram @lucaspavanato)

Em entrevista exclusiva para a AGEMT, o influencer político Henrique Lopes, 25 anos, mestrando em Ciências Sociais na USP, explicou quais são os métodos utilizados em maioria pela extrema-direita. “[..] Dentro do universo das redes sociais hoje, principalmente quando você trabalha com política, é praticamente impossível fugir da questão emocional. Toda influência que você tem, e faz conteúdo, para poder influenciar alguma pessoa, tratando-se aqui no Brasil, somos um povo em que a emoção é mais aflorada. Há uma necessidade muito grande de comover alguém a ter algum sentimento. A extrema-direita consegue convencer facilmente com sentimentos negativos.”

“Gerando ódio nas pessoas, deixando elas assustadas, e trabalhando narrativas que se montam em cima desses sentimentos, é fácil conseguir que aquele que está te assistindo tenha a reação que o criador de conteúdo queira passar para o consumidor.”

 

Henrique relembrou sobre o caso da suposta taxação do pix, divulgada amplamente pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL), e apresentou quais argumentos são mais utilizados na propagação destes conteúdos: “Não é sobre defender a família, é colocar um temor na população de caso o outro lado ganhe, ele é inimigo. você precisa ter medo dele, porque senão a sua família vai ser destruída. Que a sua família vai acabar, não ter mais dinheiro para se manter, que todos vão passar fome e o Brasil virar uma Venezuela.”

“A questão do Pix, era o medo de ser vigiado e o governo pegar as suas informações e forçar o povo a pagar mais imposto. De onde ele (Nikolas) tirou essas informações? Ele inventou. O vídeo foi convincente o suficiente para ter 300 milhões de visualizações e muita gente acreditou. Então, são pautas delicadas. As pessoas têm um certo amor por aquilo. Amam a família delas, querem ter condições de comprar o que quiserem, morar no Brasil, e ter a liberdade de expressão. E aí, se eu ataco tudo isso de que o ‘outro lado’ irá destruir tudo o que você gosta, é bem substancial!”

Henrique também respondeu sobre os principais objetivos dos outsiders brasileiros e internacionais: priorizar o lucro próprio ou apoiar a ideologia que estão investindo. Seja por interesse próprio, ou às vezes, de alguém que está financiando aquilo.

Um desses que está super em alta agora, não é brasileiro, mas é um nome forte, é o Elon Musk. Ele faz toda aquela articulação em cima das políticas que acredita, porque ele tem interesses secundários. Um dos ataques ao Brasil que o bilionário fez, por exemplo, é porque uma mina de lítio, que ele tinha interesse, foi leiloada para a China.

Gesto de Elon Musk para apoiadores de Trump durante o desfile inaugural dentro da Capitol One Arena, em Washington, DC - ANGELA WEISS / AFP
Gesto de Elon Musk para apoiadores de Trump durante o desfile inaugural dentro da Capitol One Arena, em Washington, DC - ANGELA WEISS / AFP

Henrique também citou sobre o lobby político do agro, onde o representante desta indústria recebe o dinheiro, e beneficia este mercado no Legislativo, além de manter uma relação mútua onde ambos podem “sair felizes”.

Sobre os possíveis resultados desta manipulação, Henrique ressalta: “Hoje em dia, de um jeito bem grosso, parece que a esquerda eram ‘os caras legais’. Os anti-sistemas. O discurso foi tomado pela direita e extrema-direita, que hoje domina majoritariamente a internet.”

Relatório mostra a fatalidade das intervenções beirando o cotidiano dos jovens
por
Leticia Falaschi
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11/04/2025 - 12h

Na última quinta-feira (3) foi publicada a segunda edição do relatório As câmeras corporais na Polícia Militar no estado de São Paulo: Mudanças na política e impacto nas mortes de adolescentes, realizado pela Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). O que se destacou no documento foi o aumento no número de vítimas fatais das intervenções policiais entre crianças e adolescentes: de 2022 para 2024 houve um salto de 120%. O estudo buscou explorar a origem desse salto e analisar sua relação com atual gestão do estado.  

O que mudou nos últimos dois anos, nos órgãos de segurança, foi o aumento de ataques aos programas de contenção de risco. Essas ofensivas tiveram força e apoio pois foram oriundas de representantes de altos cargos, como o atual governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Guilherme Derrite, secretário de Segurança Pública. A primeira edição do relatório, realizada em 2022, conseguiu acompanhar os números antes e depois da implementação das câmeras corporais nos policiais militares do estado. Os resultados foram esclarecedores: comparando dados de 2017 e 2022, houve uma queda de 66,3% nas mortes na faixa etária de 10 a 19 anos por autoria da polícia militar. Na publicação, a queda foi atribuída ao Programa Olho Vivo adotado pela PMESP e pela Secretaria de Segurança Pública no segundo semestre de 2020. 

gráfico de mortes causadas por intervenção policial em São Paulo de 2001 a 2024
Fonte: Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo; Fórum Brasileiro de Segurança Pública. 

As crianças e adolescentes vítimas da ação truculenta da PM, registradas no ano passado, superaram o dobro do que foi contabilizado em 2022: saindo de 35 mortes para 77, entre elas, as negras são 3,7 vezes mais atingidas em intervenções letais. Segundo o relatório, a maioria das alterações no modo operante da PM diz respeito ao controle de força e punição dos responsáveis. Apesar do número de câmeras a disposição não ter diminuído, o uso não está sendo cumprido, e a quantidade de arquivos a serem consultados estão mais escassos. Além disso, a acessibilidade desses arquivos foi burocratizada: “Um levantamento da Defensoria Pública do Estado de São Paulo, baseado em 457 solicitações de ocorrências entre julho e novembro de 2024, mostrou que a PMESP não forneceu resposta para 48,3% dos casos. No caso das ocorrências respondidas, em apenas 100 casos foi possível realizar a análise.” diz um trecho do estudo. 

O afrouxamento da Corregedoria da PMESP também foi fortemente sinalizado no relatório. Isso, somado às declarações de representantes do governo questionando a efetividade das câmeras parece ter encorajado os oficiais a abandonarem o uso. A Corregedoria também teve sua autonomia reduzida: agora, para realizar o afastamento de um oficial, a decisão será submetida à solicitação do um subcomandante geral. 

O governo assinou, em setembro de 2024, um contrato com a empresa Motorola para a compra de 12 mil novas câmeras, que substituirão as atuais. Porém, esse novo modelo apresenta alterações sensíveis: além das gravações não serem ininterruptas, o seu acionamento depende da decisão do policial que a usa. As inflexões do programa Olho Vivo são protagonistas nos resultados que assombram a juventude paulista. Apesar de representar apenas 0,6% do orçamento da Secretaria de Segurança, ao longo de 2023 o programa sofreu 37% de cortes do valor inicial de investimento. 

Tabela de princiais mudanças na gestão da Polícia Militar de SP - 2024 para 2025
Fonte: Unicef

No panorama geral, o relatório é alarmante para as crianças paulistas. As reformas questionáveis que insistem em ser realizadas pelos gestores, mesmo diante a eficiência das câmeras se traduzem em letalidade para os jovens do estado. “É importante destacar que 30,1% das mortes de crianças e adolescentes nos últimos oito anos foram provocadas por policiais militares durante a folga desses agentes, o que soma mais 316 vítimas. Em 2024, 1 em cada 4 mortes de adolescentes pela PMESP foi causada pela ação de policiais militares de folga, em ocorrências que não foram classificadas como homicídio doloso.”, expõe a investigação. 

No último sábado (30), Tarcísio de Freitas oficializou candidatura ao governo de São Paulo em Convenção do Republicanos.
por
Ana Carolina Coelho
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03/08/2022 - 12h

No último sábado, 30, em convenção no Expo Center Norte na cidade de São Paulo, o Republicanos oficializou a candidatura de Tarcísio de Freitas para o governo do estado de São Paulo. Felício Ramuth, ex-prefeito de São José dos Campos, será o vice da chapa.

O evento ocorreu pela manhã e contou com presenças de Jair Bolsonaro e sua esposa, Michelle. O Republicanos oficializou o apoio à reeleição do atual presidente. Também compareceram ao evento o candidato ao senado Marcos Pontes, Eduardo Cunha, que está se candidatando ao cargo de deputado federal pelo PTB, além de nomes como Carla Zambelli (PL) e Daniel Silveira (PL).

 

FOTO: Ana Carolina Coelho

Apoiador de Bolsonaro justificando seu voto no atual presidente

 

O público notavelmente conservador e em grande parte idoso, se mostrou favorável aos discursos utilizados no palanque:

“Eu como sou patriota vou votar nele, e não tenho dúvida que o Bolsonaro será reeleito. Tem que ser direita mesmo, há cinco anos eu percebi que todos os países onde a bandeira é vermelha, não foi pra frente”, declarou Cilo apoiador que estava presente no evento.

No evento, o discurso bolsonarista e consevador se mostrou presente em todas as pessoas que chegaram a discursar, falas contra partidos de esquerda, o comunismo e pautas como o aborto. Michelle Bolsonaro discursou e em seguida, Jair e Tarcísio.

Seguindo a linha de falar em quase todos os eventos públicos do presidente, e também para surgir como um expoente feminino para alavancar Jair Bolsonaro entre as mulheres, Michele discursou e falou sobre os ditos desafios em ser uma primeira-dama em tom religioso.

Em seguida, Bolsonaro fez um longo discurso onde defendeu o voto em Tarcísio por conta da sua atuação como Ministro da Infraestrutura do seu governo, além de enaltecer a própria eleição em 2018. 

“Hoje, a pessoa mais importante nesse momento aqui é a figura do Capitão Tarcísio, meu colega de Academia Militar das Agulhas Negras, formado no IME, concursado na câmara e que aceitou o convite nosso para ser o ministro da Infraestrutura. Lembro até hoje, quando ele me apresentou o seu currículo e eu disse que ele seria o ministro, e ele topou. E mesmo com um dos orçamentos mais curtos, que eu sou o primeiro presidente com teto de gastos, ele começou a trabalhar dando provas da sua competência. De imediato, convocou o Exército e seus batalhões de Engenharia para começar a colaborar em obras por rodovias por todo o Brasil, sendo um sucesso.”

 

SITUAÇÃO NAS PESQUISAS 

Hoje, Tarcísio é o principal adversário de Rodrigo Garcia, do PSDB, na corrida por uma vaga no segundo turno, junto de Haddad, que lidera as pesquisas. Segundo a EXAME/IDEIA (SP-08096/2022), que entrevistou 1200 pessoas entre 3 e 8 de junho, com margem de erro percentual de três pontos Tarcísio aparece com 17% e Rodrigo com 14%, em pesquisa de cenário sem Márcio França, enquanto isso o petista lidera com 31% das intenções de voto. 

Retirar o PSDB do governo foi um dos maiores pontos abordados, já que os tucanos governam o estado de São Paulo desde a eleição de Mário Covas em 1994.  


 

CANDIDATO A DESBANCAR O  “IMPÉRIO” DO PSDB

 

FOTO: Ana Carolina Coelho

Tarcísio de Freitas discursa em Convenção Partidária do Republicanos

 

O candidato ao governo de São Paulo pelo Republicanos, Tarcísio de Freitas, citou em seu discurso os 28 anos do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), no comando do governo de São Paulo, enfatizando que o partido havia perdido a “humanidade”, e que o estado paulista, necessita “respirar novos ares”. Além disso, citou de forma negativa como o estado de São Paulo lidou com a pandemia, tendo como governador na época, João Dória (PSDB), ao enfatizar o fechamento dos comércios e o cancelamento das aulas escolares durante. 

Antes de mirar nos tucanos, o ex-ministro iniciou sua fala com elogios a Bolsonaro e impulsionados os apoiadores presentes para a reeleição do atual presidente. 

“[Jair Bolsonaro] é uma pessoa que mudou a minha vida, que abriu portas que eu não imaginava que seriam abertas”, afirmou o ex-ministro.

Com um discurso parecido com o de seu principal adversário e participante de outro pólo político, Fernando Haddad, candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), Tarcísio citou políticas de sustentabilidade, incentivo fiscal aos pequenos e médios empreendedores, criação de moradia popular, combate à fome, distribuição de renda e valorização dos professores. 

“Hoje é um dia histórico, que é um dia que marca o fim de um ciclo. Um ciclo de um partido que está há 28 anos no poder, um partido que criou raízes profundas e essas raízes hoje impedem o estado de andar. Um partido que no final das contas perdeu a sensibilidade e deixou de olhar as pessoas e ver o que os cidadãos precisam. Esse grupo no momento em que o Brasil passou por sua maior crise recente, o que ele fez? Aumentou impostos, afastou crianças das escolas, fechou comércios, maltratou servidores públicos e aposentados e ficou indiferente aos sentimentos das pessoas”, discursou.

 

TRAJETÓRIA

O carioca Tarcísio de Freitas (47), se formou em ciências militares pela Academia Militar de Agulhas Negras (AMAN) em 1996 e passou a atuar como oficial do Exército. Em 2008, deixou a carreira militar, com patente de capitão, e entrou para o funcionalismo público federal.

Tarcísio de Freitas dirigiu o Ministério da Infraestrutura entre 2019 e março de 2022, quando deixou o cargo para disputar a corrida eleitoral em São Paulo, como candidato ao Palácio dos Bandeirantes. 

Durante sua estadia como Ministro em Brasília, Tarcísio era considerado como favorito do atual presidente da república, Jair Bolsonaro, ganhando o apelido de “Tarcisão do asfalto” e “entregador de obras”.

Antes de declarar sua intenção ao governo de São Paulo, o ex-ministro chegou a ser cotado para compor como vice a chapa de Jair Bolsonaro à reeleição. Na época em que a possibilidade era discutida, aliados diziam que Tarcísio de Freitas tinha a confiança e a discrição que o atual titular do Palácio do Planalto desejava, sobretudo após os recorrentes desentendimentos com seu atual vice, Hamilton Mourão (Republicanos).  

 

PROBLEMAS COM DOMICÍLIO ELEITORAL 

A Polícia Federal  apura supostas irregularidades na declaração de domicílio eleitoral do candidato ao governo paulista, após uma denúncia realizada pelo jornal “Folha de São Paulo”, indicando que Tarcísio  não reside no imóvel indicado à Justiça Eleitoral em São José dos Campos. 

Em junho, a assessoria do candidato disse que a denúncia foi recebida como “mais um sinal de incômodo com o fortalecimento e contínuo crescimento da pré-candidatura de Tarcísio de Freitas”. 

A Promotoria Eleitoral informou  que “seguirá acompanhando o trâmite do inquérito e se manifestará tão logo ocorra o encerramento das apurações”.

De acordo com a assessoria, Tarcísio de Freitas possui contrato de aluguel referente ao imóvel em São José dos Campos e a mudança de seu domicílio eleitoral se deu de forma legal. 

 

Alesp representa o poder legislativo do Estado de São Paulo e garante a vigilância do do Poder Executivo
por
Artur dos Santos
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02/08/2022 - 12h

A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) tem 94 deputados estaduais,  representa o Poder Legislativo do Estado, seu atual presidente é o deputado Carlão Pignatari (PSDB) e é composta por deputados estaduais eleitos a cada 4 anos. 

Tem um formato unicameral, ou seja, funciona sob um sistema no qual a criação de leis é realizada por apenas uma câmara, fazendo desse processo algo menos custoso e mais efetivo - contraditoriamente para um país como o Brasil, o formato unicameral é comumente usado em países cuja a população tem característica homogênea.

Suas competências condizem com uma atuação referente ao Estado de São Paulo, e, com a sanção do governador, e entre outras atuações, pode instituir impostos, criar e extinguir Secretarias de Estado e proteger patrimônios públicos. Os papéis de competência exclusiva da Alesp são, entre outros, elaborar seu regimento interno, dar posse ao Governador e Vice Governador, decidir sobre intervenção estadual no município e fiscalizar os atos do Poder Executivo.

O Poder Legislativo (representado em São Paulo pela Alesp, e, em âmbito nacional, pelo Congresso Nacional), tem como competências básicas a legislação e a fiscalização dos atos do Poder Executivo. Entre os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, há uma limitação de competências para que um não se sobreponha ao outro, e que, assim, haja a garantia de funcionamento da democracia.

Quanto às eleições, os votos que elegem os Deputados Estaduais (assim como todos os representantes do Legislativo, menos os senadores) são proporcionais e não absolutos; ou seja, não é a simples maioria dos votos que garante a eleição de um candidato, mas sua proporção com o número de vagas preenchidas pelo partido dentro da casa, compondo o que se chama de quociente eleitoral.

A Agemt visitou a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e teve acesso ao plenário, aos gabinetes dos Deputados (em período de férias durante a visita) e às salas nas quais são realizados jantares e reuniões entre os atuantes para entender melhor como funciona. Todas as sessões são públicas e, portanto, o público pode assisti-las das cadeiras ao fundo, apenas sendo necessários o registro e uma revista policial na entrada.

Dentro da Assembleia há uma disparidade na proporção de deputados de diferentes partidos. Atualmente, os partidos com mais representatividade dentro da casa são o PL, PSDB, PT e UNIÃO: das 94 cadeiras, 19 pertencem ao PL (partido do atual Presidente da República), 13 ao PSDB, 10 ao PT e 8 ao UNIÃO. É significante, portanto, a força que partidos de direita reacionária têm dentro da Assembleia. 

Carlão Pignatari (PSDB), atual presidente da Alesp, forma uma extensão do Poder Executivo do Estado de São Paulo dentro do Legislativo. Com essa aliança, Pignatari posterga muitos projetos dentro da casa que preside - por não ter poder de veto, consegue priorizar alguns sobre outros - e parte do papel do Legislativo deixa de ser efetivado: afinal, deveria fiscalizar o Poder Executivo. 

 

Lula se candidata novamente à Presidência após doze anos longe do cargo
por
Gabriela Figueiredo Rios
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29/07/2022 - 12h

(Foto: Ricardo Stuckert/PT)

“Primeiro quero viver muito. Não sei por que, mas acho que vou viver 120 anos, então quem vai viver muito precisa ter muita força porque senão a vida fica chata. E eu sei por que estou aqui.” Lula, 25 de julho de 2022 para o jornal argentino Página 12.

Nascido em Garanhuns (PE), filho de Aristides Inácio da Silva e Eurídice Ferreira de Melo, lavradores e iletrados, Luiz Inácio Lula da Silva foi o Presidente do Brasil entre 2003 e 2010, sendo o primeiro operário a ocupar o cargo em toda a história do país. Além disso, foi ex-ambulante, engraxate, ajudante de tintura e torneiro mecânico. Migrantes pernambucanos, mudaram para São Paulo ao pau-de-arara, com Lula ainda criança, na tentativa de reconciliar a família, anteriormente, separada por Aristides que já tinha migrado para capital e iniciado uma nova vida.

Carreira Política

 Lula começa sua trajetória no movimento sindical em 1966. Por influência do irmão, José Ferreira da Silva, mais conhecido como Frei Chico, militante do PCB (Partido Comunista Brasileiro), se candidatou em 68 a diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema e foi eleito. Em 72, virou o primeiro secretário, cessando suas atividades de operário, e, em 75, foi eleito o presidente do sindicato

Em fevereiro de 1980, participou da fundação do PT (Partido dos Trabalhadores), no qual foi o primeiro presidente. Em 19 de abril do mesmo ano, foi preso por 31 dias devido à atuação na liderança de movimentos grevistas no ABC Paulista que marcaram o ressurgimento dos movimentos trabalhistas no contexto de abertura política da ditadura militar.

Em 1982, acrescentou Lula em seu nome por não poder usar o apelido enquanto candidato, no mesmo ano, candidatou-se ao governo de São Paulo pelo PT, ficando em quarto lugar. Com seu espírito militante já desenvolvido, participou da campanha Diretas Já em 1984, que clamava pela volta das eleições presidenciais diretas no Brasil.

Foi eleito, em 1986, deputado constituinte por São Paulo, sendo o mais votado do Brasil. Três anos depois, em 1989, disputou a presidência com Fernando Collor de Mello (PRN) perdendo no segundo turno.

Apesar da derrota, Lula se manteve sólido quanto a liderança do PT. Teve reconhecimento internacional com a organização do Foro de São Paulo, que promovido pelo partido, reunia periodicamente lideranças partidárias a fim de reorganizar as esquerdas latino-americanas que estavam dispersas com o domínio neoliberal após a queda do muro de Berlim. Mais tarde, se tornou um dos fundadores do Grupo de Puebla, sucessor do Foro, criado no México em 12 de julho de 2019.

Candidatou-se a presidência novamente, em 1994 e 1998, mas perdeu ainda no primeiro turno, nos dois anos, para Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Em 2002 ganhou sua primeira eleição a Presidente da República após disputar o segundo turno contra José Serra (PSDB) e manteve seu governo em 2006 vencendo Geraldo Alckmin (PSDB na época) também no segundo turno.

Foi condenando a nove anos e seis meses de prisão, em julho de 2017, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá. Em abril de 2018, a prisão foi decretada pelo então juiz Sérgio Moro fazendo o petista se entregar a Polícia Federal. Teve sua candidatura no mesmo ano indeferida pela Justiça Eleitoral por estar preso, sendo esta disputada por Fernando Haddad, que seria vice. Haddad perde no segundo turno para Jair Bolsonaro (PL).

Luiz é liberto da prisão em Curitiba apenas em novembro de 2019, após um ano e sete meses preso. Foi solto por benefício da decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), reconhecendo o direito de os réus condenados responderem em liberdade até o julgamento de último recurso.

Edson Fachin, ministro do Supremo, decide, em 2021, que a 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelos casos da Lava Jato relacionados à Petrobras, não era adequada para julgar Lula, visto que a vara havia sido parcial em suas sentenças. Em abril, a confirmação do Supremo foi enviada para Justiça Eleitoral do Distrito Federal.

Lula se candidata novamente à Presidência, em 2022, por meio de uma federação partidária, a Brasil da Esperança, que reúne PT (Partido dos Trabalhadores), PCdoB (Partido Comunista do Brasil) e PV (Partido Verde) em uma aliança governamental.

“[...] acho que eles têm medo de me deixar ir, porque sabem que quando me deixarem ir, vou para a rua.” Lula, 25 de julho de 2022 para o jornal argentino Página 12.

Feitos governamentais

2003 – Criou o Programa Fome Zero, que objetivava enfrentar a fome e miséria no país, além de garantir a segurança alimentar dos brasileiros e brasileiras que, na época, batiam 48 milhões de pessoas segundo a FGV (Fundação Getúlio Vargas) do Rio de Janeiro.

2003 – Instituiu o Programa Bolsa Família, que promovia transferência de renda do Governo Federal às famílias que viviam em extrema pobreza, com o objetivo de manter as crianças na escola e as grávidas com acompanhamento de saúde digno.

2004 – Transforma o Enem (Exame Nacional de Ensino Médio) em processo seletivo, que, a partir do desempenho dos estudantes na prova, estes poderiam concorrer a vagas e bolsas de estudo em instituições de ensino superior públicas e privadas, usando a nota obtida no exame. Anteriormente, a prova era apenas uma avaliação da qualidade do ensino médio no Brasil.

2005 – Fundou o Prouni (Programa Universidade para Todos) que concede bolsas de estudos, integrais ou parciais, em instituições privadas de ensino superior para pessoas de baixa renda. A entrada no Prouni é pela nota obtida no Enem (Exame Nacional de Ensino Médio).

2007 – Desenvolveu o PAC (Programa de Aceleração de Crescimento), que englobava um conjunto de políticas para acelerar o desenvolvimento econômico do Brasil, planejadas para os quatro anos seguintes. O programa priorizava o investimento em saneamento, transporte, habitação recursos hídricos, energia e outros, sendo o objetivo reduzir as desigualdades sociais para promover tal crescimento.

2009 – Ergueu o programa de habitação, Minha Casa, Minha Vida, que subsidia a aquisição de casas ou apartamentos próprios para famílias de baixa renda e facilita as condições de acesso a imóveis para as famílias com renda até 9mil reais.

2010 – Criou o Sisu (Sistema de Seleção Unificada), uma plataforma digital do Ministério da Educação que admite, pela nota do Enem, estudantes em universidades públicas brasileiras.

Economia nacional

Os valores da economia nacional eram satisfatórios, no primeiro e segundo mandato de Lula, a taxa média de crescimento do PIB subiu 3,51% e 4,64% respectivamente, além de ter transformado a dívida externa em reserva internacional. Em 2002 era de 15,7% do PIB, em 2010 caiu para -10%.

Ainda na era Lula, segundo o IBGE, de 2003 até setembro de 2010 foram criados 14.725.039 empregos, enquanto a soma dos empregos gerados nos últimos 15 anos é de 10,4 milhões. A taxa de desemprego chegou a 5,7% em novembro de 2010.

 Além disso, o número de famílias assentadas pela reforma agrária, segundo dados do INCRA de 2019, cresceu de 252,7 mil do governo FHC (Fernando Henrique Cardoso) para 381,4 mil no governo Lula.

 

 

A nova pesquisa para presidente da República mostra Lula na dianteira da disputa; para Bolsonaro, uma ducha de água fria e um sinal de alerta; Ciro Gomes tem 8% e Simone Tebet 2%
por
Henrique Alexandre
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28/07/2022 - 12h

A nova rodada da pesquisa Datafolha, divulgada nesta quinta-feira (28), mostra o ex-presidente Lula (PT) na liderança isolada para a disputado pelo Palácio do Planalto. O petista aparece com 47% das intenções de voto, ante 29% do atual presidente Jair Bolsonaro (PL). Uma diferença de 18%

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Fonte: Datafolha



A nova pesquisa indica uma manutenção do quadro político, mostrando que existe a possibilidade de Lula vencer o pleito ainda no primeiro turno.

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O ex-presidente Lula tem a possibilidade de vencer no primeiro turno


Do lado da campanha de Jair Bolsonaro, a nova pesquisa foi um ducha de água fria. Isso porque a expectativa dos interlocutores do presidente era de que Bolsonaro tivesse melhor desempenho na nova rodada, pois foi aprovada nas últimas semanas medidas para tentar atrair votos da população mais pobre, como a PEC Eleitoral (que aumenta o valor do Auxílio Brasil para R$ 600,00) e o Auxílio Caminhoneiro. Entretanto, o que se viu foi uma estagnação eleitoral, notícia ruim para o presidente.

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Presidente Jair Bolsonaro segue estagnado na disputa eleitoral



Depois dos dois dianteiros aparece Ciro Gomes (PDT) com 8% e Simone Tebet (MDB) com 2% das intenções de votos. O quadro para ambos os candidatos segue estagnado em comparação com o último Datafolha nos dias 22 e 23 de junho.

O cenário de polarização se mantém entre Lula e Bolsonaro, o que é péssima notícia para os candidatos do PDT e do MBD. Embora a pesquisa seja um recorte de momento, são baixas as possibilidades de Ciro e Tebet subirem seus índices até as eleições.

O Datafolha ouviu 2566 eleitores de 183 cidades. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o número BR-01192/2022

A margem de erro da pesquisa Datafolha é de 2 pontos para mais ou para menos.  

O Partido Liberal (PL) oficializou a candidatura de Jair Bolsonaro no último domingo (24), na cidade do Rio de Janeiro.
por
Fernanda Querne
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28/07/2022 - 12h

No último domingo (24), o atual presidente da república, Jair Bolsonaro anunciou a sua reeleição à cadeira da presidência - no Maracanãzinho, zona norte da cidade do Rio de Janeiro. Em seu discurso, não só alimentou o anticomunismo, como também enfatizou o repúdio ao candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) , Luiz Inácio Lula da Silva. Além disso, os seguidores vaiaram o Supremo Tribunal Federal, repetindo o comportamento do morador do palácio do planalto.   

Reforçando seu discurso com teor misógino, Bolsonaro reduziu a mulher a um ser maternal e cristão. Fazendo uma menção memorial às últimas eleições, o  comício misturou o "bolsomito" de 2018 com o capitão do povo de número vinte e dois. 
 

OS SEGUIDORES


FOTO: Fernanda Querne 
Marta com a blusa antipetista 

 

Seguidora bolsonarista, Marta exaltava a sua felicidade por estar no estádio. antipetista assumida, nomeou Lula como “O enganador do Brasil”. Envergonhada pela possível reeleição do petista, afirmou que ele só está solto porque a sua máfia o ajudou.

Em 27 de abril de 2022, o Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que o ex-juiz e ex-ministro da defesa Sergio Moro foi parcial ao julgar Lula. Após a decisão do STF de anular todas as condenações da Lava Jato contra o ex-presidente do Partido dos Trabalhadores.   

 Além de fiel ao presidente, cristã fervorosa, aclamou como o atual líder do Poder Executivo - Bolsonaro, não seria nada sem Deus. “O Brasil agora é de Deus” - pontuou Marta. 

 


FOTO: Fernanda Querne 
Pablo Brito pintado de verde e amarelo


Com o corpo pintado de verde e amarelo, Pablo Brito relembrava o Viking Republicano - popular pelo ataque ao Capitólio, que ocorreu no início de 2021, após o anúncio da vitória de Joe Biden para presidente dos Estados Unidos. 

Ironicamente, dizia que “infelizmente” Bolsonaro ganhará as eleições de 2022. Brito defendeu como Jair não faz política para seus filhos, e sim pelo Brasil. Acrescentou também, que o atual presidente pensa no povo e na imprensa. 

Segundo uma pesquisa da Federação Nacional dos Jornalistas, o ano de 2021 foi o mais letal perante a violência contra a imprensa desde dos anos noventa, registrando quatrocentos e trinta casos de violência contra profissionais da imprensa. 

O ferrenho apoiador, destacou que o candidato do PL não regularizou as mídias e redes sociais, para acentuar seu respeito às suas instituições de imprensa. “Ele quer liberar tudo, direito de expressão” - afirmou Brito. 

 


FOTO: Fernanda Querne 
Freitas após a entrevista para AGEMT

 

Luís Antônio de Freitas Silva (65) - bolsonarista desde 2018 em entrevista à Agência Maurício Tragtenberg, enalteceu o atual presidente, declarando que sabia quem era o  Bolsonaro de verdade. 

De acordo com Luís, o presidente mostra ao mundo quatro anos sem corrupção, discurso da grande maioria da base de apoio de Bolsonaro. No entanto, durante seu mandato,  ocorreram algumas denúncias contra esquemas de “rachadinhas” no gabinete de Flávio Bolsonaro, filho mais velho do atual presidente.

 Além disso, sua passagem pelo palácio do planalto, foi marcada pela prisão de Queiroz, a conta da primeira-dama com suspeitos oitenta e nove mil reais e o esquema de corrupção no MEC aos pastores, denunciado recentemente.

O seguidor de Bolsonaro afirmou que a COVID-19 afetou o governo e disse o quanto a pandemia foi uma lástima. Referente ao período pandêmico, que se iniciou no começo de 2020, Luís explicou como a política do “fiquem em casa”, foi uma das piores medidas tomadas pelas organizações de saúde e governos. 

Entretanto, em 28 de março de 2020, o virologista Atila Iamarino afirmou que ficar em casa era crucial para conter a disseminação viral: “Sair do Isolamento agora é querer voltar a um mundo que não existe mais”. 

 Acrescentou também, como a economia do Brasil não quebrou e isso só acontecerá, caso o governo “comunista” ganhe as eleições deste ano. Para reiterar seu discurso contra o comunismo, usou países como: Argentina, Cuba e Venezuela. 

 


FOTO: Fernanda Querne 
Slogan da campanha de 2018 do Jair Bolsonaro


“Isso está sendo inédito no nosso país, prestigiar um homem digno como o Bolsonaro" - relatou a Selma. A apoiadora alegou que inventaram inúmeras mentiras em relação ao presidente, como a de que ele não ajuda as mulheres. “Se não houver a vitória de Bolsonaro, vai ter uma grande fraude no Brasil”, ressaltou a evangélica. Insistiu que o seu candidato ganhará, de qualquer jeito, no primeiro turno. 

No “briefing” com os embaixadores na semana passada, o atual presidente insistiu no ataque às urnas. Entretanto, a Embaixada dos Estados Unidos elogiou o sistema eleitoral brasileiro: “Modelo para o mundo”. 

 

FOTO: Fernanda Querne
Primeira-Dama, Michelle Bolsonaro

 

 A PRIMEIRA-DAMA

Em tom religioso, Michelle Bolsonaro palestrou primeiro. Estrategicamente, para dar “voz” às mulheres cristãs e de classe mais baixa - novo público eleitoral. Logo, a primeira-dama afirmou como os tempos estão difíceis - desesperançosos. Até soou que o fundo do poço já estivesse chegado. Porém, aclamou para a força do criador. “Deus é bom, essa nação é abençoada, só foi mal administrada" - retomou a narrativa interminável contra o inimigo petista. 

 


FOTO: Fernanda Querne
Michelle discursando entre Flávio Bolsonaro e Arthur Lira

 

Michelle insinuou os “supostos” rótulos de seu marido, por parte da oposição. Por exemplo, como Bolsonaro demonstra ser misógino e sexista. Sem hesitar, citou como ele sancionou setenta leis em relação ao público feminino. Mas, esse é o mesmo homem que disse para a deputada Maria do Rosário em 2003: “Não te estupro porque você não merece”.  

A esposa do candidato do PL abordou o como o governo de seu marido investiu em projetos que levassem água para o nordeste - região com o seu foco eleitoral. Entretanto, de acordo com o Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União, o governo dos integrantes do Partido dos Trabalhadores foi o que mais investiu no projeto de integração do Rio São Francisco - 88% dos pagamentos foram feitos na época do Lula e da Dilma.

“Não queremos nos promover, mas entregar” - fala da Michelle logo após exibir o que “supostamente” fizeram. Concluindo o “culto”, a primeira dama explicou que a luta é contra o mal, não se trata de uma batalha entre mulheres e homens.  

 


FOTO: Fernanda Querne 
Seguidores ouvindo o hino nacional 

 

CAPITÃO DO POVO 

Jair Messias Bolsonaro (PL)  iniciou seu discurso amedrontando o povo com a ameaça comunista. “A nossa bandeira nunca será vermelha!” - berrou o público. Relembrou como era um deputado do baixo clero, apoiando o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT). Citou o atentado que sofreu nas eleições de 2018 - a facada.

Mencionou a meritocracia brasileira: “Esse é o país que todos têm oportunidade” - retomando um dos seus discursos mais frequentes. Entretanto, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE), menos de 3% de mulheres e homens negros alcançam cargos de gerência ou diretoria no Brasil. Relatou como não diferencia negros ou brancos, apesar das constantes falas do atual presidente.

No dia 11 de maio deste ano, o candidato do Partido Liberal ofendeu a comunidade preta ao perguntar quantos arrobas - unidade de medida para pesar gado - tinha o seu apoiador em frente ao Palácio da Alvorada. “A nossa missão é não atrapalhar a vida de vocês” - citou o candidato desresponsabilizando a função estatal. 

 


FOTO: Fernanda Querne 
Panfleto com o novo número eleitoral do Bolsonaro, 22


NOVO BOLSA FAMÍLIA

“Descobrimos que tínhamos aqueles informais, os que vendiam biscoito globo na praia. Esses foram obrigados a ficar em casa para morrer de fome. O que o governo fez? Criou o auxílio emergencial” - disse o candidato. 

Entretanto, esse “novo” programa nada mais é que o bolsa família renomeado. “Como assim esse governo não pensa nos pobres?” - indagou o Bolsonaro. Porém, a PEC Kamikaze - benefícios sociais em ano de eleição - só foi liberada pela declaração de estado de emergência. 

Ao final, justificou a criação desta Emenda Constitucional. O candidato do PL afirmou que foi o primeiro presidente a lidar com teto de gastos - um limite de despesas para a União. Porém, o governo de Michel Temer criou a PEC 241, em 2016. Visando só controlar a dívida do governo em relação à inflação.


MAIS DE 600 MIL MORTES  

Bolsonaro disse que o seu governo foi difícil. Citando a guerra entre Rússia e Ucrânia, uma grande seca e o cenário pandêmico. “O mundo inteiro sofrendo as consequências daquela política que eu fui contra - política do “fiquem em casa”. Mas, segundo a Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid-19, o candidato do PL conduziu erroneamente a pandemia. 

O relatório da CPI o acusou de nove crimes pela sua conduta: epidemia com resultado de morte, infração a medidas sanitárias e preventivas , emprego irregular de verba pública, incitação ao crime, falsificação de documentos, charlatanismo, prevaricação, crimes de responsabilidade e crimes contra a humanidade. 

 


FOTO: Fernanda Querne 
Camisas à venda fora do estádio

 

AMIGOS VERSUS INIMIGOS

“Com o apoio do Parlamento, está aqui o nosso presidente, Arthur Lira. Um enorme aliado nosso, tem colaborado muito com o governo. Graças a ele, conseguimos aprovar a lei que baixou o preço dos combustíveis” - afirmou Bolsonaro apresentando o amigo de longa data. 

Mesmo com pouco apoio dos parlamentares, a presença do Presidente da Câmara dos Deputados foi primordial para demonstrar alianças. Como Marcos Feliciano também se juntou ao culto no Maracanãzinho. Ou até mesmo o próprio Daniel Silveira - político preso por ameaçar o STF. 

“Vocês sabem o que é…Supremo Tribunal Federal” - instigou Bolsonaro. Vaias ensurdecedoras eclodiram o Maracanãzinho. Os seus apoiadores repetiram inúmeras vezes “Supremo é o povo”. Pois, o presidente já sofreu acusações vindas do STF. 

Como o inquérito 4781 - fake news. Em 2019, o ministro Dias Toffoli abriu o processo para apurar atos caluniosos e difamatórios contra a Corte Brasileira. Consequentemente, entraram com ações contra o candidato do PL.  

 


FOTO: Fernanda Querne
Criança no lançamento da candidatura do Bolsonaro

 

7 DE SETEMBRO

Com todos os seus parceiros juntos, concluiu ao mencionar o 7 de setembro: “Convoco todos vocês para as ruas pela última vez”. No dia da independência de 2021, Bolsonaro discursou em Brasília. Ameaçou o STF e o Congresso, com pautas antidemocráticas. 

“Há risco real de autogolpe no Brasil”, afirmou Steven Levitsky - autor do best-seller “Como as democracias morrem”. O professor de Harvard explicou como Jair Bolsonaro parece se inspirar na invasão do Capitólio.