No último sábado, 30, em convenção no Expo Center Norte na cidade de São Paulo, o Republicanos oficializou a candidatura de Tarcísio de Freitas para o governo do estado de São Paulo. Felício Ramuth, ex-prefeito de São José dos Campos, será o vice da chapa.
O evento ocorreu pela manhã e contou com presenças de Jair Bolsonaro e sua esposa, Michelle. O Republicanos oficializou o apoio à reeleição do atual presidente. Também compareceram ao evento o candidato ao senado Marcos Pontes, Eduardo Cunha, que está se candidatando ao cargo de deputado federal pelo PTB, além de nomes como Carla Zambelli (PL) e Daniel Silveira (PL).
FOTO: Ana Carolina Coelho
Apoiador de Bolsonaro justificando seu voto no atual presidente
O público notavelmente conservador e em grande parte idoso, se mostrou favorável aos discursos utilizados no palanque:
“Eu como sou patriota vou votar nele, e não tenho dúvida que o Bolsonaro será reeleito. Tem que ser direita mesmo, há cinco anos eu percebi que todos os países onde a bandeira é vermelha, não foi pra frente”, declarou Cilo apoiador que estava presente no evento.
No evento, o discurso bolsonarista e consevador se mostrou presente em todas as pessoas que chegaram a discursar, falas contra partidos de esquerda, o comunismo e pautas como o aborto. Michelle Bolsonaro discursou e em seguida, Jair e Tarcísio.
Seguindo a linha de falar em quase todos os eventos públicos do presidente, e também para surgir como um expoente feminino para alavancar Jair Bolsonaro entre as mulheres, Michele discursou e falou sobre os ditos desafios em ser uma primeira-dama em tom religioso.
Em seguida, Bolsonaro fez um longo discurso onde defendeu o voto em Tarcísio por conta da sua atuação como Ministro da Infraestrutura do seu governo, além de enaltecer a própria eleição em 2018.
“Hoje, a pessoa mais importante nesse momento aqui é a figura do Capitão Tarcísio, meu colega de Academia Militar das Agulhas Negras, formado no IME, concursado na câmara e que aceitou o convite nosso para ser o ministro da Infraestrutura. Lembro até hoje, quando ele me apresentou o seu currículo e eu disse que ele seria o ministro, e ele topou. E mesmo com um dos orçamentos mais curtos, que eu sou o primeiro presidente com teto de gastos, ele começou a trabalhar dando provas da sua competência. De imediato, convocou o Exército e seus batalhões de Engenharia para começar a colaborar em obras por rodovias por todo o Brasil, sendo um sucesso.”
SITUAÇÃO NAS PESQUISAS
Hoje, Tarcísio é o principal adversário de Rodrigo Garcia, do PSDB, na corrida por uma vaga no segundo turno, junto de Haddad, que lidera as pesquisas. Segundo a EXAME/IDEIA (SP-08096/2022), que entrevistou 1200 pessoas entre 3 e 8 de junho, com margem de erro percentual de três pontos Tarcísio aparece com 17% e Rodrigo com 14%, em pesquisa de cenário sem Márcio França, enquanto isso o petista lidera com 31% das intenções de voto.
Retirar o PSDB do governo foi um dos maiores pontos abordados, já que os tucanos governam o estado de São Paulo desde a eleição de Mário Covas em 1994.
CANDIDATO A DESBANCAR O “IMPÉRIO” DO PSDB
FOTO: Ana Carolina Coelho
Tarcísio de Freitas discursa em Convenção Partidária do Republicanos
O candidato ao governo de São Paulo pelo Republicanos, Tarcísio de Freitas, citou em seu discurso os 28 anos do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), no comando do governo de São Paulo, enfatizando que o partido havia perdido a “humanidade”, e que o estado paulista, necessita “respirar novos ares”. Além disso, citou de forma negativa como o estado de São Paulo lidou com a pandemia, tendo como governador na época, João Dória (PSDB), ao enfatizar o fechamento dos comércios e o cancelamento das aulas escolares durante.
Antes de mirar nos tucanos, o ex-ministro iniciou sua fala com elogios a Bolsonaro e impulsionados os apoiadores presentes para a reeleição do atual presidente.
“[Jair Bolsonaro] é uma pessoa que mudou a minha vida, que abriu portas que eu não imaginava que seriam abertas”, afirmou o ex-ministro.
Com um discurso parecido com o de seu principal adversário e participante de outro pólo político, Fernando Haddad, candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), Tarcísio citou políticas de sustentabilidade, incentivo fiscal aos pequenos e médios empreendedores, criação de moradia popular, combate à fome, distribuição de renda e valorização dos professores.
“Hoje é um dia histórico, que é um dia que marca o fim de um ciclo. Um ciclo de um partido que está há 28 anos no poder, um partido que criou raízes profundas e essas raízes hoje impedem o estado de andar. Um partido que no final das contas perdeu a sensibilidade e deixou de olhar as pessoas e ver o que os cidadãos precisam. Esse grupo no momento em que o Brasil passou por sua maior crise recente, o que ele fez? Aumentou impostos, afastou crianças das escolas, fechou comércios, maltratou servidores públicos e aposentados e ficou indiferente aos sentimentos das pessoas”, discursou.
TRAJETÓRIA
O carioca Tarcísio de Freitas (47), se formou em ciências militares pela Academia Militar de Agulhas Negras (AMAN) em 1996 e passou a atuar como oficial do Exército. Em 2008, deixou a carreira militar, com patente de capitão, e entrou para o funcionalismo público federal.
Tarcísio de Freitas dirigiu o Ministério da Infraestrutura entre 2019 e março de 2022, quando deixou o cargo para disputar a corrida eleitoral em São Paulo, como candidato ao Palácio dos Bandeirantes.
Durante sua estadia como Ministro em Brasília, Tarcísio era considerado como favorito do atual presidente da república, Jair Bolsonaro, ganhando o apelido de “Tarcisão do asfalto” e “entregador de obras”.
Antes de declarar sua intenção ao governo de São Paulo, o ex-ministro chegou a ser cotado para compor como vice a chapa de Jair Bolsonaro à reeleição. Na época em que a possibilidade era discutida, aliados diziam que Tarcísio de Freitas tinha a confiança e a discrição que o atual titular do Palácio do Planalto desejava, sobretudo após os recorrentes desentendimentos com seu atual vice, Hamilton Mourão (Republicanos).
PROBLEMAS COM DOMICÍLIO ELEITORAL
A Polícia Federal apura supostas irregularidades na declaração de domicílio eleitoral do candidato ao governo paulista, após uma denúncia realizada pelo jornal “Folha de São Paulo”, indicando que Tarcísio não reside no imóvel indicado à Justiça Eleitoral em São José dos Campos.
Em junho, a assessoria do candidato disse que a denúncia foi recebida como “mais um sinal de incômodo com o fortalecimento e contínuo crescimento da pré-candidatura de Tarcísio de Freitas”.
A Promotoria Eleitoral informou que “seguirá acompanhando o trâmite do inquérito e se manifestará tão logo ocorra o encerramento das apurações”.
De acordo com a assessoria, Tarcísio de Freitas possui contrato de aluguel referente ao imóvel em São José dos Campos e a mudança de seu domicílio eleitoral se deu de forma legal.
A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) tem 94 deputados estaduais, representa o Poder Legislativo do Estado, seu atual presidente é o deputado Carlão Pignatari (PSDB) e é composta por deputados estaduais eleitos a cada 4 anos.
Tem um formato unicameral, ou seja, funciona sob um sistema no qual a criação de leis é realizada por apenas uma câmara, fazendo desse processo algo menos custoso e mais efetivo - contraditoriamente para um país como o Brasil, o formato unicameral é comumente usado em países cuja a população tem característica homogênea.
Suas competências condizem com uma atuação referente ao Estado de São Paulo, e, com a sanção do governador, e entre outras atuações, pode instituir impostos, criar e extinguir Secretarias de Estado e proteger patrimônios públicos. Os papéis de competência exclusiva da Alesp são, entre outros, elaborar seu regimento interno, dar posse ao Governador e Vice Governador, decidir sobre intervenção estadual no município e fiscalizar os atos do Poder Executivo.
O Poder Legislativo (representado em São Paulo pela Alesp, e, em âmbito nacional, pelo Congresso Nacional), tem como competências básicas a legislação e a fiscalização dos atos do Poder Executivo. Entre os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, há uma limitação de competências para que um não se sobreponha ao outro, e que, assim, haja a garantia de funcionamento da democracia.
Quanto às eleições, os votos que elegem os Deputados Estaduais (assim como todos os representantes do Legislativo, menos os senadores) são proporcionais e não absolutos; ou seja, não é a simples maioria dos votos que garante a eleição de um candidato, mas sua proporção com o número de vagas preenchidas pelo partido dentro da casa, compondo o que se chama de quociente eleitoral.
A Agemt visitou a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e teve acesso ao plenário, aos gabinetes dos Deputados (em período de férias durante a visita) e às salas nas quais são realizados jantares e reuniões entre os atuantes para entender melhor como funciona. Todas as sessões são públicas e, portanto, o público pode assisti-las das cadeiras ao fundo, apenas sendo necessários o registro e uma revista policial na entrada.
Dentro da Assembleia há uma disparidade na proporção de deputados de diferentes partidos. Atualmente, os partidos com mais representatividade dentro da casa são o PL, PSDB, PT e UNIÃO: das 94 cadeiras, 19 pertencem ao PL (partido do atual Presidente da República), 13 ao PSDB, 10 ao PT e 8 ao UNIÃO. É significante, portanto, a força que partidos de direita reacionária têm dentro da Assembleia.
Carlão Pignatari (PSDB), atual presidente da Alesp, forma uma extensão do Poder Executivo do Estado de São Paulo dentro do Legislativo. Com essa aliança, Pignatari posterga muitos projetos dentro da casa que preside - por não ter poder de veto, consegue priorizar alguns sobre outros - e parte do papel do Legislativo deixa de ser efetivado: afinal, deveria fiscalizar o Poder Executivo.
(Foto: Ricardo Stuckert/PT)
“Primeiro quero viver muito. Não sei por que, mas acho que vou viver 120 anos, então quem vai viver muito precisa ter muita força porque senão a vida fica chata. E eu sei por que estou aqui.” Lula, 25 de julho de 2022 para o jornal argentino Página 12.
Carreira Política
Lula começa sua trajetória no movimento sindical em 1966. Por influência do irmão, José Ferreira da Silva, mais conhecido como Frei Chico, militante do PCB (Partido Comunista Brasileiro), se candidatou em 68 a diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema e foi eleito. Em 72, virou o primeiro secretário, cessando suas atividades de operário, e, em 75, foi eleito o presidente do sindicato
Em fevereiro de 1980, participou da fundação do PT (Partido dos Trabalhadores), no qual foi o primeiro presidente. Em 19 de abril do mesmo ano, foi preso por 31 dias devido à atuação na liderança de movimentos grevistas no ABC Paulista que marcaram o ressurgimento dos movimentos trabalhistas no contexto de abertura política da ditadura militar.
Em 1982, acrescentou Lula em seu nome por não poder usar o apelido enquanto candidato, no mesmo ano, candidatou-se ao governo de São Paulo pelo PT, ficando em quarto lugar. Com seu espírito militante já desenvolvido, participou da campanha Diretas Já em 1984, que clamava pela volta das eleições presidenciais diretas no Brasil.
Foi eleito, em 1986, deputado constituinte por São Paulo, sendo o mais votado do Brasil. Três anos depois, em 1989, disputou a presidência com Fernando Collor de Mello (PRN) perdendo no segundo turno.
Apesar da derrota, Lula se manteve sólido quanto a liderança do PT. Teve reconhecimento internacional com a organização do Foro de São Paulo, que promovido pelo partido, reunia periodicamente lideranças partidárias a fim de reorganizar as esquerdas latino-americanas que estavam dispersas com o domínio neoliberal após a queda do muro de Berlim. Mais tarde, se tornou um dos fundadores do Grupo de Puebla, sucessor do Foro, criado no México em 12 de julho de 2019.
Candidatou-se a presidência novamente, em 1994 e 1998, mas perdeu ainda no primeiro turno, nos dois anos, para Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Em 2002 ganhou sua primeira eleição a Presidente da República após disputar o segundo turno contra José Serra (PSDB) e manteve seu governo em 2006 vencendo Geraldo Alckmin (PSDB na época) também no segundo turno.
Foi condenando a nove anos e seis meses de prisão, em julho de 2017, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá. Em abril de 2018, a prisão foi decretada pelo então juiz Sérgio Moro fazendo o petista se entregar a Polícia Federal. Teve sua candidatura no mesmo ano indeferida pela Justiça Eleitoral por estar preso, sendo esta disputada por Fernando Haddad, que seria vice. Haddad perde no segundo turno para Jair Bolsonaro (PL).
Luiz é liberto da prisão em Curitiba apenas em novembro de 2019, após um ano e sete meses preso. Foi solto por benefício da decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), reconhecendo o direito de os réus condenados responderem em liberdade até o julgamento de último recurso.
Edson Fachin, ministro do Supremo, decide, em 2021, que a 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelos casos da Lava Jato relacionados à Petrobras, não era adequada para julgar Lula, visto que a vara havia sido parcial em suas sentenças. Em abril, a confirmação do Supremo foi enviada para Justiça Eleitoral do Distrito Federal.
Lula se candidata novamente à Presidência, em 2022, por meio de uma federação partidária, a Brasil da Esperança, que reúne PT (Partido dos Trabalhadores), PCdoB (Partido Comunista do Brasil) e PV (Partido Verde) em uma aliança governamental.
“[...] acho que eles têm medo de me deixar ir, porque sabem que quando me deixarem ir, vou para a rua.” Lula, 25 de julho de 2022 para o jornal argentino Página 12.
Feitos governamentais
2003 – Criou o Programa Fome Zero, que objetivava enfrentar a fome e miséria no país, além de garantir a segurança alimentar dos brasileiros e brasileiras que, na época, batiam 48 milhões de pessoas segundo a FGV (Fundação Getúlio Vargas) do Rio de Janeiro.
2003 – Instituiu o Programa Bolsa Família, que promovia transferência de renda do Governo Federal às famílias que viviam em extrema pobreza, com o objetivo de manter as crianças na escola e as grávidas com acompanhamento de saúde digno.
2004 – Transforma o Enem (Exame Nacional de Ensino Médio) em processo seletivo, que, a partir do desempenho dos estudantes na prova, estes poderiam concorrer a vagas e bolsas de estudo em instituições de ensino superior públicas e privadas, usando a nota obtida no exame. Anteriormente, a prova era apenas uma avaliação da qualidade do ensino médio no Brasil.
2005 – Fundou o Prouni (Programa Universidade para Todos) que concede bolsas de estudos, integrais ou parciais, em instituições privadas de ensino superior para pessoas de baixa renda. A entrada no Prouni é pela nota obtida no Enem (Exame Nacional de Ensino Médio).
2007 – Desenvolveu o PAC (Programa de Aceleração de Crescimento), que englobava um conjunto de políticas para acelerar o desenvolvimento econômico do Brasil, planejadas para os quatro anos seguintes. O programa priorizava o investimento em saneamento, transporte, habitação recursos hídricos, energia e outros, sendo o objetivo reduzir as desigualdades sociais para promover tal crescimento.
2009 – Ergueu o programa de habitação, Minha Casa, Minha Vida, que subsidia a aquisição de casas ou apartamentos próprios para famílias de baixa renda e facilita as condições de acesso a imóveis para as famílias com renda até 9mil reais.
2010 – Criou o Sisu (Sistema de Seleção Unificada), uma plataforma digital do Ministério da Educação que admite, pela nota do Enem, estudantes em universidades públicas brasileiras.
Economia nacional
Os valores da economia nacional eram satisfatórios, no primeiro e segundo mandato de Lula, a taxa média de crescimento do PIB subiu 3,51% e 4,64% respectivamente, além de ter transformado a dívida externa em reserva internacional. Em 2002 era de 15,7% do PIB, em 2010 caiu para -10%.
Ainda na era Lula, segundo o IBGE, de 2003 até setembro de 2010 foram criados 14.725.039 empregos, enquanto a soma dos empregos gerados nos últimos 15 anos é de 10,4 milhões. A taxa de desemprego chegou a 5,7% em novembro de 2010.
Além disso, o número de famílias assentadas pela reforma agrária, segundo dados do INCRA de 2019, cresceu de 252,7 mil do governo FHC (Fernando Henrique Cardoso) para 381,4 mil no governo Lula.
A nova rodada da pesquisa Datafolha, divulgada nesta quinta-feira (28), mostra o ex-presidente Lula (PT) na liderança isolada para a disputado pelo Palácio do Planalto. O petista aparece com 47% das intenções de voto, ante 29% do atual presidente Jair Bolsonaro (PL). Uma diferença de 18%

A nova pesquisa indica uma manutenção do quadro político, mostrando que existe a possibilidade de Lula vencer o pleito ainda no primeiro turno.

Do lado da campanha de Jair Bolsonaro, a nova pesquisa foi um ducha de água fria. Isso porque a expectativa dos interlocutores do presidente era de que Bolsonaro tivesse melhor desempenho na nova rodada, pois foi aprovada nas últimas semanas medidas para tentar atrair votos da população mais pobre, como a PEC Eleitoral (que aumenta o valor do Auxílio Brasil para R$ 600,00) e o Auxílio Caminhoneiro. Entretanto, o que se viu foi uma estagnação eleitoral, notícia ruim para o presidente.

Depois dos dois dianteiros aparece Ciro Gomes (PDT) com 8% e Simone Tebet (MDB) com 2% das intenções de votos. O quadro para ambos os candidatos segue estagnado em comparação com o último Datafolha nos dias 22 e 23 de junho.
O cenário de polarização se mantém entre Lula e Bolsonaro, o que é péssima notícia para os candidatos do PDT e do MBD. Embora a pesquisa seja um recorte de momento, são baixas as possibilidades de Ciro e Tebet subirem seus índices até as eleições.
O Datafolha ouviu 2566 eleitores de 183 cidades. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o número BR-01192/2022
A margem de erro da pesquisa Datafolha é de 2 pontos para mais ou para menos.
No último domingo (24), o atual presidente da república, Jair Bolsonaro anunciou a sua reeleição à cadeira da presidência - no Maracanãzinho, zona norte da cidade do Rio de Janeiro. Em seu discurso, não só alimentou o anticomunismo, como também enfatizou o repúdio ao candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) , Luiz Inácio Lula da Silva. Além disso, os seguidores vaiaram o Supremo Tribunal Federal, repetindo o comportamento do morador do palácio do planalto.
Reforçando seu discurso com teor misógino, Bolsonaro reduziu a mulher a um ser maternal e cristão. Fazendo uma menção memorial às últimas eleições, o comício misturou o "bolsomito" de 2018 com o capitão do povo de número vinte e dois.
OS SEGUIDORES
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Marta com a blusa antipetista
Seguidora bolsonarista, Marta exaltava a sua felicidade por estar no estádio. antipetista assumida, nomeou Lula como “O enganador do Brasil”. Envergonhada pela possível reeleição do petista, afirmou que ele só está solto porque a sua máfia o ajudou.
Em 27 de abril de 2022, o Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que o ex-juiz e ex-ministro da defesa Sergio Moro foi parcial ao julgar Lula. Após a decisão do STF de anular todas as condenações da Lava Jato contra o ex-presidente do Partido dos Trabalhadores.
Além de fiel ao presidente, cristã fervorosa, aclamou como o atual líder do Poder Executivo - Bolsonaro, não seria nada sem Deus. “O Brasil agora é de Deus” - pontuou Marta.
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Pablo Brito pintado de verde e amarelo
Com o corpo pintado de verde e amarelo, Pablo Brito relembrava o Viking Republicano - popular pelo ataque ao Capitólio, que ocorreu no início de 2021, após o anúncio da vitória de Joe Biden para presidente dos Estados Unidos.
Ironicamente, dizia que “infelizmente” Bolsonaro ganhará as eleições de 2022. Brito defendeu como Jair não faz política para seus filhos, e sim pelo Brasil. Acrescentou também, que o atual presidente pensa no povo e na imprensa.
Segundo uma pesquisa da Federação Nacional dos Jornalistas, o ano de 2021 foi o mais letal perante a violência contra a imprensa desde dos anos noventa, registrando quatrocentos e trinta casos de violência contra profissionais da imprensa.
O ferrenho apoiador, destacou que o candidato do PL não regularizou as mídias e redes sociais, para acentuar seu respeito às suas instituições de imprensa. “Ele quer liberar tudo, direito de expressão” - afirmou Brito.
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Freitas após a entrevista para AGEMT
Luís Antônio de Freitas Silva (65) - bolsonarista desde 2018 em entrevista à Agência Maurício Tragtenberg, enalteceu o atual presidente, declarando que sabia quem era o Bolsonaro de verdade.
De acordo com Luís, o presidente mostra ao mundo quatro anos sem corrupção, discurso da grande maioria da base de apoio de Bolsonaro. No entanto, durante seu mandato, ocorreram algumas denúncias contra esquemas de “rachadinhas” no gabinete de Flávio Bolsonaro, filho mais velho do atual presidente.
Além disso, sua passagem pelo palácio do planalto, foi marcada pela prisão de Queiroz, a conta da primeira-dama com suspeitos oitenta e nove mil reais e o esquema de corrupção no MEC aos pastores, denunciado recentemente.
O seguidor de Bolsonaro afirmou que a COVID-19 afetou o governo e disse o quanto a pandemia foi uma lástima. Referente ao período pandêmico, que se iniciou no começo de 2020, Luís explicou como a política do “fiquem em casa”, foi uma das piores medidas tomadas pelas organizações de saúde e governos.
Entretanto, em 28 de março de 2020, o virologista Atila Iamarino afirmou que ficar em casa era crucial para conter a disseminação viral: “Sair do Isolamento agora é querer voltar a um mundo que não existe mais”.
Acrescentou também, como a economia do Brasil não quebrou e isso só acontecerá, caso o governo “comunista” ganhe as eleições deste ano. Para reiterar seu discurso contra o comunismo, usou países como: Argentina, Cuba e Venezuela.
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Slogan da campanha de 2018 do Jair Bolsonaro
“Isso está sendo inédito no nosso país, prestigiar um homem digno como o Bolsonaro" - relatou a Selma. A apoiadora alegou que inventaram inúmeras mentiras em relação ao presidente, como a de que ele não ajuda as mulheres. “Se não houver a vitória de Bolsonaro, vai ter uma grande fraude no Brasil”, ressaltou a evangélica. Insistiu que o seu candidato ganhará, de qualquer jeito, no primeiro turno.
No “briefing” com os embaixadores na semana passada, o atual presidente insistiu no ataque às urnas. Entretanto, a Embaixada dos Estados Unidos elogiou o sistema eleitoral brasileiro: “Modelo para o mundo”.
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Primeira-Dama, Michelle Bolsonaro
A PRIMEIRA-DAMA
Em tom religioso, Michelle Bolsonaro palestrou primeiro. Estrategicamente, para dar “voz” às mulheres cristãs e de classe mais baixa - novo público eleitoral. Logo, a primeira-dama afirmou como os tempos estão difíceis - desesperançosos. Até soou que o fundo do poço já estivesse chegado. Porém, aclamou para a força do criador. “Deus é bom, essa nação é abençoada, só foi mal administrada" - retomou a narrativa interminável contra o inimigo petista.
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Michelle discursando entre Flávio Bolsonaro e Arthur Lira
Michelle insinuou os “supostos” rótulos de seu marido, por parte da oposição. Por exemplo, como Bolsonaro demonstra ser misógino e sexista. Sem hesitar, citou como ele sancionou setenta leis em relação ao público feminino. Mas, esse é o mesmo homem que disse para a deputada Maria do Rosário em 2003: “Não te estupro porque você não merece”.
A esposa do candidato do PL abordou o como o governo de seu marido investiu em projetos que levassem água para o nordeste - região com o seu foco eleitoral. Entretanto, de acordo com o Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União, o governo dos integrantes do Partido dos Trabalhadores foi o que mais investiu no projeto de integração do Rio São Francisco - 88% dos pagamentos foram feitos na época do Lula e da Dilma.
“Não queremos nos promover, mas entregar” - fala da Michelle logo após exibir o que “supostamente” fizeram. Concluindo o “culto”, a primeira dama explicou que a luta é contra o mal, não se trata de uma batalha entre mulheres e homens.
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Seguidores ouvindo o hino nacional
CAPITÃO DO POVO
Jair Messias Bolsonaro (PL) iniciou seu discurso amedrontando o povo com a ameaça comunista. “A nossa bandeira nunca será vermelha!” - berrou o público. Relembrou como era um deputado do baixo clero, apoiando o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT). Citou o atentado que sofreu nas eleições de 2018 - a facada.
Mencionou a meritocracia brasileira: “Esse é o país que todos têm oportunidade” - retomando um dos seus discursos mais frequentes. Entretanto, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE), menos de 3% de mulheres e homens negros alcançam cargos de gerência ou diretoria no Brasil. Relatou como não diferencia negros ou brancos, apesar das constantes falas do atual presidente.
No dia 11 de maio deste ano, o candidato do Partido Liberal ofendeu a comunidade preta ao perguntar quantos arrobas - unidade de medida para pesar gado - tinha o seu apoiador em frente ao Palácio da Alvorada. “A nossa missão é não atrapalhar a vida de vocês” - citou o candidato desresponsabilizando a função estatal.
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Panfleto com o novo número eleitoral do Bolsonaro, 22
NOVO BOLSA FAMÍLIA
“Descobrimos que tínhamos aqueles informais, os que vendiam biscoito globo na praia. Esses foram obrigados a ficar em casa para morrer de fome. O que o governo fez? Criou o auxílio emergencial” - disse o candidato.
Entretanto, esse “novo” programa nada mais é que o bolsa família renomeado. “Como assim esse governo não pensa nos pobres?” - indagou o Bolsonaro. Porém, a PEC Kamikaze - benefícios sociais em ano de eleição - só foi liberada pela declaração de estado de emergência.
Ao final, justificou a criação desta Emenda Constitucional. O candidato do PL afirmou que foi o primeiro presidente a lidar com teto de gastos - um limite de despesas para a União. Porém, o governo de Michel Temer criou a PEC 241, em 2016. Visando só controlar a dívida do governo em relação à inflação.
MAIS DE 600 MIL MORTES
Bolsonaro disse que o seu governo foi difícil. Citando a guerra entre Rússia e Ucrânia, uma grande seca e o cenário pandêmico. “O mundo inteiro sofrendo as consequências daquela política que eu fui contra - política do “fiquem em casa”. Mas, segundo a Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid-19, o candidato do PL conduziu erroneamente a pandemia.
O relatório da CPI o acusou de nove crimes pela sua conduta: epidemia com resultado de morte, infração a medidas sanitárias e preventivas , emprego irregular de verba pública, incitação ao crime, falsificação de documentos, charlatanismo, prevaricação, crimes de responsabilidade e crimes contra a humanidade.
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Camisas à venda fora do estádio
AMIGOS VERSUS INIMIGOS
“Com o apoio do Parlamento, está aqui o nosso presidente, Arthur Lira. Um enorme aliado nosso, tem colaborado muito com o governo. Graças a ele, conseguimos aprovar a lei que baixou o preço dos combustíveis” - afirmou Bolsonaro apresentando o amigo de longa data.
Mesmo com pouco apoio dos parlamentares, a presença do Presidente da Câmara dos Deputados foi primordial para demonstrar alianças. Como Marcos Feliciano também se juntou ao culto no Maracanãzinho. Ou até mesmo o próprio Daniel Silveira - político preso por ameaçar o STF.
“Vocês sabem o que é…Supremo Tribunal Federal” - instigou Bolsonaro. Vaias ensurdecedoras eclodiram o Maracanãzinho. Os seus apoiadores repetiram inúmeras vezes “Supremo é o povo”. Pois, o presidente já sofreu acusações vindas do STF.
Como o inquérito 4781 - fake news. Em 2019, o ministro Dias Toffoli abriu o processo para apurar atos caluniosos e difamatórios contra a Corte Brasileira. Consequentemente, entraram com ações contra o candidato do PL.
FOTO: Fernanda Querne
Criança no lançamento da candidatura do Bolsonaro
7 DE SETEMBRO
Com todos os seus parceiros juntos, concluiu ao mencionar o 7 de setembro: “Convoco todos vocês para as ruas pela última vez”. No dia da independência de 2021, Bolsonaro discursou em Brasília. Ameaçou o STF e o Congresso, com pautas antidemocráticas.
“Há risco real de autogolpe no Brasil”, afirmou Steven Levitsky - autor do best-seller “Como as democracias morrem”. O professor de Harvard explicou como Jair Bolsonaro parece se inspirar na invasão do Capitólio.