O estigma associado a pessoas em situação de vulnerabilidade social
por
Mayara Pereira
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23/06/2025 - 12h

Esse trabalho tem a função de ampliar a visibilidade da população em situação de rua por meio de informações, quebra de estigmas, leis e entrevistas com quem vive nessa situação de vulnerabilidade. 

https://medium.com/@mayaramay838

Um lugar onde a leitura também é um gesto de resistência
por
Nicole Domingos
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16/06/2025 - 12h

A literatura sempre foi um território de disputa simbólica, um espaço onde narrativas dominantes se impõem, mas também onde vozes dissidentes encontram brechas para existir. No caso da literatura LGBTQIAPN+, essas brechas são preciosas. O site palavras em trânsito, feito por Nicole Domingos, trata exatamente disso, desses pequenos espaços que já existiram e que existem hoje. É um lugar dedicado ao estudo, à crítica e à celebração da literatura LGBTQIAPN+.

Ao longo do site, vamos tratar especialmente sobre os corajosos que escrivam e gritavam dentro de deus próprios livros, ainda que estivessem dentro dos períodos de repressão, como a ditadura militar brasileira — esses autores utilizaram a palavra como forma de resistência.

A literatura não apenas narra experiências — ela reescreve a história a partir de corpos e afetos antes excluídos. Ela cura feridas simbólicas, questiona heranças opressoras e cria novos imaginários de existência. Ao nos colocar diante de personagens que amam, sofrem, resistem e sonham fora da norma, ela nos lembra de algo fundamental: toda existência merece ser narrada. E lida.

Para acessar esse mundo, basta clicar no link abaixo:

https://literatura-lgbt.my.canva.site/

 

 

Site Entrelinhas: em meio a arranha céus e vielas a natureza vai escorrendo
por
Vítor Nhoatto
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16/06/2025 - 12h

Apesar de viver-se um tempo de emergênciua climática e sentir seus efeitos na prática, nem todos são afetados da mesma forma. Para isso se dá o nome de racismo ambiental, tema central do novo site Entrelinhas. Idealizado e produzido pelo aluno de jornalismo, Vítor Nhoatto para a disciplina de Jornalismo Contra-Hegemônico, conta com a orientação da professora e doutora Anna Flávia Feldmann.

O projeto se desenvolve ao longo de uma série de quatro reportagens, que contam com entrevista de especialistas de norte a sul do Brasil e relatos de quem sente na pele o peso de viver em uma sociedade que precisa de mudança. É proposto um espaço de letramento racial e ambiebtal, baseado em dados e fatos, que muitas vezes são ofuscados pelos outdoors, ou ignoados por empresas e governos.

Com uma linguagem que se aproxima do dia a dia do leitor, o site ainda conta com reportagens especiais desenvolvidas pelo estudante, demonstrando como tudo está interligado. E para saber mais sobre as entranhas ambientais, é só acessar o Entrelinhas pelo link abaixo:

https://entrelinhasambiental.my.canva.site/

Com um compilado de quatro reportagens, textos trazem diferentes perspectivas sobre o tema
por
Nathalia de Moura
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16/06/2025 - 12h

O site Donas da Bola, idealizado por Nathalia de Moura para a disciplina de Jornalismo Contra-Hegemônico, lecionada pela Professora Doutora Anna Flávia Feldmann, visa, a partir de dados, imagens, entrevistas e diferentes perspectivas, mostrar a desvalorização do futebol feminino, além de impulsionar e dar voz à luta e às atletas.

Com um compilado de quatro reportagens, o primeiro texto contextualiza historicamente o futebol feminino, trazendo o olhar de Renata Beltrão, Mestre em Museologia e Coordenadora de Comunicação do Museu do Futebol. O segundo texto aborda a realidade das categorias de base feminina de clubes brasileiros. Com depoimentos das atletas Laryssa Lourenço e Giovanna Holanda, temos um panorama das equipes jovens e o sentimento das jogadoras perante a realidade enfrentada.

A terceira reportagem foca na cobertura jornalística na modalidade feminina, os desafios enfrentados e o que pode ser feito para melhorar, tudo isso com a ajuda da Jornalista do jornal Lance!, Juliana Yamaoka. Na quarta e última reportagem, uma entrevista com a goleira do Corinthians, Kemelli Trugilho, mostra um panorama do futebol profissional feminino e a situação dos clubes da elite brasileira, além das medidas que podem ser tomadas para alavancar e valorizar o esporte.

Para acessar as reportagens, basta clicar no link a seguir: https://donasdabola.my.canva.site/

A Republica Democrática do Congo - herança colonial em meio a sangue e cobalto.
por
Pedro Bairon
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16/06/2025 - 12h

 

“Da borracha à maçã” é um documentário que traça a longa linha de continuidade entre a violência colonial imposta ao Congo e os horrores da guerra civil que ainda hoje assombram o país. A partir da exploração genocida promovida pela Bélgica no século XIX, o filme revela como as feridas abertas pelo colonialismo jamais cicatrizaram — apenas se transformaram em novas formas de conflito, exclusão e disputa por poder.

O documentário mergulha nas causas históricas e étnicas da guerra civil congolesa, dando atenção especial à tensão entre tutsis e hutus, grupos marcados por rivalidades que ultrapassam fronteiras e carregam os traumas do genocídio em Ruanda. A entrada de milícias hutus no leste do Congo após 1994, e a resposta armada dos tutsis, reacenderam conflitos internos, arrastando a população civil para o centro de uma guerra prolongada, brutal e muitas vezes esquecida pelo olhar internacional.

“Da borracha à maçã” não é apenas um registro de tragédias; é uma crítica à forma como a história se repete quando as raízes da violência são ignoradas. Mostra que o mesmo sistema que arrancou borracha das florestas a golpes de chicote, e que hoje arranca cobalto das minas congolesas, deixou um legado de instabilidade, impunidade e sofrimento. Um chamado à memória e à justiça, diante de um conflito que não começou nos anos 1990 — mas sim nos porões do colonialismo europeu

 

Duração: 26:10 

Autor: Pedro Bairon 

Para visualizar o documentário acesse o link:  

.https://youtu.be/kqtTs-vZCwo

A estabilidade na disputa eleitoral é positiva para Lula, que segue com esperança de vencer no primeiro turno, e péssima para Bolsonaro, que não cresce; Ciro Gomes e Simone Tebet tem 7% e 5%, respectivamente
por
Henrique Alexandre
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20/09/2022 - 12h

A nova rodada da pesquisa IPEC divulgada nesta segunda-feira (20), mostra um cenário de estabilidade para a disputa eleitoral pelo Palácio do Planalto. O ex-presidente Lula (PT) segue na liderança isolada com 47%, subindo um ponto em comparação com a última pesquisa do dia 12 de setembro. Já o atual presidente Jair Bolsonaro, manteve o mesmo patamar da semana passada e tem 31%, segundo o instituto.


A nova pesquisa indica um cenário favorável para o ex-presidente Lula. Há 12 dias das eleições, o petista segue com uma quantidade alta de intenções de votos e tem a possibilidade de capturar votos uteis para confirmar a vitória no primeiro turno.

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Lula vislumbra vencer as eleições já no primeiro turno - Imagem


Já para Bolsonaro, o resultado na nova rodada péssimo, pois a cada dia que passa, menos tempo o presidente tem para diminuir a sua rejeição. Já gastou bilhões de reais com benefícios sociais para tentar aumentar seu percentual de votos com a população de classes mais baixas, entretanto, não colheu frutos suficientes para crescer. Situação preocupante para o presidente, que mantém o seu nível de desaprovação alto - 59% do eleitorado desaprova o governo Bolsonaro.

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Bolsonaro a espera de um milagre eleitoral, cada dia mais difícil



• Lula (PT): 47% (46% na pesquisa anterior, em 12 de setembro)

• Jair Bolsonaro (PL): 31% (31% na pesquisa anterior)

• Ciro Gomes (PDT): 7% (7% na pesquisa anterior)

• Simone Tebet (MDB): 5% (4% na pesquisa anterior)

VOTOS VÁLIDOS



No cenário apresentado pelo IPEC, subiu a possibilidade de Lula vencer o pleito no primeiro turno, mas está dentro da margem de erro. Segundo o Instituto, o petista tem 52% dos votos válidos, excluindo brancos e nulos. Na pesquisa anterior, a chance de vencer a disputa já no dia 02 de outubro tinha voltado timidamente, mas nesta a possibilidade voltou com mais força.

• Lula (PT): 52% (51% na pesquisa anterior, de 12 de setembro)

• Bolsonaro (PL): 34% (35% na pesquisa anterior)

• Ciro (PDT): 7% (8% na pesquisa anterior)

• Tebet (MDB): 5% (4% na pesquisa anterior)

 

TERCEIRA VIA: RISCO DE ESVAZIAMENTO



Figurinha carimbada na terceira colocação, Ciro Gomes (PDT) manteve o mesmo patamar da última pesquisa, com 7%. A estabilidade do ex-ministro pode ser presságio de um esvaziamento de suas intenções de votos. Isso porque o ex-presidente Lula vai tentar com força total a busca dos votos úteis nos dias que antecedem a eleição para conquistar a vitória no primeiro turno.

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A busca por votos úteis pode esvaziar a candidatura do ex-ministro


Simone Tebet (MDB) subiu um ponto e agora tem 5%. A candidata segue correndo atrás para passar de Ciro Gomes. Se acontecer isso, vai ser uma vitória para o MDB, pois o partido nunca chegou em 3° colocado em uma disputa para presidente.

 

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A candidata do MDB tem a esperança de ser a terceira colocada no pleito de 2022 - Imagem: SERGIO LIMA/AFP/Getty Images



2º TURNO
 

Em um cenário de 2° turno, Luiz Inácio Lula da Silva segue na dianteira com 54% das intenções de votos contra 35% de Jair Bolsonaro. Em relação à pesquisa anterior, Lula oscilou um ponto para cima, enquanto Jair Bolsonaro diminuiu um ponto.

• Lula (PT): 54% (53% na pesquisa anterior, de 12 de setembro)

• Bolsonaro (PL): 35% (36% na pesquisa anterior)

 
A pesquisa ouviu 3.008 pessoas entre os dias 17 e 18 de setembro em 181 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, considerando um nível de confiança de 95%. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo BR-00073/2022.

A violência política de gênero praticada contra mulheres é histórica, porém nos últimos anos essa prática vem ganhando contornos específicos e resultando em um agravamento da reação às mulheres na política.
por
Manuela Almeida Dias
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12/09/2022 - 12h

 

Ao longo da história brasileira, a luta das mulheres pelo direito político foi uma trajetória marcada por uma grande resistência. As mulheres foram privadas dos seus principais direitos políticos, como o de votar ou se candidatar a cargos políticos, fator que mudou a partir de 24 de fevereiro 1932, no governo Getúlio Vargas, por meio do decreto 21.076, quando o voto feminino no Brasil foi assegurado. Entretanto, mesmo com o direito garantido às mulheres, o Brasil permanece entre os governos com menor participação feminina na política.

O homem sempre foi considerado o elemento que dirige as relações culturais, sociais e políticas. Já a mulher, colocada em segundo plano, é aquela que sofre a influência do homem, geralmente acatando as suas decisões. Sofrendo a condição de ser submissa, além de ser a responsável pelo lar, de criar os filhos e cuidar do seu companheiro.

Nas últimas décadas o Brasil vem passando por uma grande transformação, com as mulheres conquistando seu espaço e buscando a igualdade de direitos entre os gêneros, tanto na vida profissional como política. A promulgação da Constituição Federal de 1988 acarretou a consideração de que todas as pessoas são iguais perante a ela, levando a compreender que a mulher possui os mesmos direitos do homem. A participação feminina na sociedade busca ultrapassar o que um dia lhes foi negado, principalmente quando se refere ao legislativo.

As primeiras mulheres a participarem ativamente no legislativo e executivo foram: Alzira Soriano, Eunice Michiles, Esther de Figueiredo Ferraz, Maria Pio de Abreu e Dilma Rousseff, a primeira mulher a ocupar o cargo de Presidente do Brasil, um marco da democracia e da luta das mulheres por igualdade social.

Segundo o IBGE, 51.8% da população brasileira é constituída por mulheres, e por isso a porcentagem de mulheres eleitas para cargos eletivos deveriam seguir essa mesma proporção. Entretanto, de acordo com o levantamento realizado pela Organização Terra de Direitos, as mulheres representam um pouco mais de 15% dos cargos. Essa baixa representatividade e participação feminina na política nacional é o reflexo das desigualdades entre os gêneros presente em tantas esferas da sociedade brasileira, entre elas está a violência política de gênero.

A violência política de gênero pode ser definida, segundo o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, como “qualquer tipo de agressão física, psicológica, econômica, simbólica ou sexual contra a mulher, com o objetivo de excluir, impedir o seu acesso ou induzi-la a tomar decisões contrárias à sua vontade. A violência pode ocorrer por meio virtual, nas ruas, em seus próprios partidos e até mesmo dentro de casa”. O assassinato da vereadora carioca Marielle Franco, é um dos inúmeros casos resultados da violência política específica contra as mulheres.

De modo a tentar sanar o problema da baixa representatividade, a lei de cotas foi criada. Previstas na lei 9.504/97, conforme artigo 10, parágrafo 3º, as cotas foram criadas com o objetivo de impedir que os partidos políticos lancem todos seus candidatos de um mesmo sexo.

“O projeto de cotas incentiva a participação feminina, não apenas para cumprir uma certa tabela, mas sim para uma participação efetiva. Os partidos terão que incluir cada vez mais mulheres nos espaços de decisão não apenas de forma cartorial, mas com qualidade, pois esses espaços de representação vão além dos 30% para completar as candidaturas, eles são, de fato, espaços de representação nos poderes.” Comenta, Pollyanna Dutra, deputada estadual, médica veterinária e   ex-prefeita do município de Pombal, Sertão da Paraíba, posição na qual recebeu destaque e inúmeras premiações.

Em 2022, debates acerca da violência política de gênero se tornam ainda mais importantes, já que as eleições estão se aproximando e com ela novas oportunidades para as mulheres na política.

“É extremamente importante que esse debate seja colocado em destaque nas eleições deste ano. A violência de gênero contra a mulher é uma realidade cruel e, na política, não é diferente. Sofremos assédio, preconceito e violências que são normalizadas no dia a dia, muitas vezes por nós mesmas, mulheres, quando não encontramos uma rede de apoio que nos revele as inúmeras violências que sofremos por uma herança cultural patriarcal que ainda precisa ser desconstruída. 2022 é ano eleitoral. Pode ser sua chance de contribuir para a redução da violência política de gênero,” diz Dutra.

 

A visão feminista em relação aos candidatos.
por
Fernanda Querne
Bianca Novais
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10/09/2022 - 12h

“Tragédia” - classificação da Isa Penna, candidata a deputada federal pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e ex-estudante da PUC-SP, para o Estado atual. O país retrocedeu com o governo do candidato do Partido Liberal (PL) - Jair Bolsonaro. Como demonstra o Índice de Desenvolvimento Humano da Organização das Nações Unidas (ONU), que avalia a escolaridade, renda e expectativa de vida.

Aos comandos do “capitão do povo”, o Brasil caiu três posições no ranking. Logo, agora é o 87º na lista de 191 países. Como se não fosse o bastante, a nação voltou ao Mapa da Fome da ONU, problema que havia sido extinto pelo governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - atual candidato pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Porém, nos debates das eleições, o atual líder do Executivo nega que o seu povo esteja faminto. Os brasileiros estão roendo até os ossos - literalmente.   

Os estrategistas de Bolsonaro focam no eleitorado feminino, entretanto a “simpatia” do presidente as afasta. Como foi o ataque contra a jornalista Vera Magalhães no debate da Band, o constrangimento de ser “imbroxável” no discurso do 7 de Setembro em Brasília e o assédio moral contra a deputada Maria do Rosário no corredor da Câmara dos Deputados no Rio de Janeiro em 2003.

A Casa Legislativa do Estado de São Paulo também não é um lugar seguro para mulheres. O Deputado Estadual Fernando Cury (UNIÃO) se tornou réu por importunação sexual após ter sido flagrado por uma câmera da ALESP apalpando indevidamente sua par, a então deputada estadual Isa Penna, durante a sessão de voto para o orçamento de 2021 do Estado. Em decisão inédita e unânime, Cury teve seu mandato e gabinete suspensos por seis meses.

Portanto, Jair Bolsonaro legitima a violência contra mulher. Pratica o assédio moral publicamente. De acordo com o livro “Sempre foi sobre nós: relatos da violência política de gênero no Brasil”, a ex-estudante de direito da PUC-SP escreveu sobre como o assédio é sobre o poder e a necessidade de um feminismo para todas/todos/todes contra o conservadorismo: “O feminismo luta pelo direito à individualidade e à liberdade da mulher. Eles tentam nos amarrar, mas não vamos ficar paradas".

Já Simone Nascimento, candidata a CoDeputada Estadual da bancada feminista do Partido Socialismo e Liberdade e ex-estudante de jornalismo da PUC-SP, alega a importância de construir um Estado sem necropolítica - conduta estatal de extermínio: “Em São Paulo, [devemos] eliminar essas décadas de Tucanistão, que tem feito um índice absurdo de morte da juventude negra, que tem lotado as cadeias de pessoas que poderiam estar com oportunidade na sociedade”. Segundo o Sistema Integrado de Informação Penitenciária (InfoPen), com vinte anos do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), São Paulo teve a maior taxa de prisões entre jovens negros no governo de Geraldo Alckimin - candidato à vice presidente de Lula. Nascimento destaca como o atual governo do tucano, Rodrigo Garcia, impede que São Paulo seja um “polo de resistência”. 

Ambas de partidos diferentes, mas com o mesmo princípio: derrotar Bolsonaro e eleger Lula. Penna admitiu a complexidade dessas candidaturas ao combater o conservadorismo político. “Eu espero que vão ser eleições muito difíceis, vão ser as eleições mais importantes, seu dúvidas, da nova república [após a redemocratização], mas eu espero o fortalecimento da esquerda”. Ao contrário das eleições de 2018, grande parte dos partidos esquerdistas decidiram emplacar com uma candidatura ao invés de se fortalecerem.

A candidata a deputada federal sugeriu como o governo Haddad poderá construir uma nova São Paulo: “Escutando e estando ao lado dos movimentos sociais, convidando-os não só para a estrutura, mas para a elaboração da política“. Como a luta antirracista, antimanicomial, contra o marco temporal e  feminista contra o liberalsimo conservador do atual presidente. 

Ainda que os holofotes estejam voltados para a disputa entre Lula (PT) e Bolsonaro (PL), são mulheres como Nascimento que batalham em prol dos projetos políticos onde tudo começa: na base.

"A Bancada Feminista do PSOL", nos conta Nascimento, "tem cumprido a seguinte tarefa: passar pelas cidades do Estado falando sobre a importância de derrotar Bolsonaro, o Tucanistão paulista", se referindo aos 27 anos de governo PSDBista em São Paulo, "e de eleger nossa bancada para a Assembleia Legislativa do Estado. Quando a gente conversa olho no olho com as pessoas, nós estamos espalhando essa luta." - concluiu Simone. 

O método não é novidade no universo digital, entretanto vem sendo utilizado como forma de distorção de dados para a disseminação de fake news durante a campanha eleitoral
por
Victoria de Almeida Leal
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10/09/2022 - 12h

Um vídeo que circula pelas redes sociais mostra a apresentadora do Jornal Nacional, Renata Vasconcelos, anunciando o resultado de uma Pesquisa de Intenção de Votos divulgada na quarta-feira, 17 de agosto de 2022.  Com duração de cerca de 40 segundos, a voz da apresentadora afirma que o candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro lidera com 44%, seguido de Luiz Inácio Lula da Silva e Ciro Gomes, com 32% e 6%, respectivamente.

O fragmento inaugura a era da chamada “Deepfake” como ferramenta de manipulação nas eleições para presidência de 2022, tendo em vista que o material foi alterado, invertendo a posição dos dois primeiros candidatos.

O que é “DEEPFAKE”?

A Deepfake nada mais é que a junção de informações do audiovisual, como a imagem e o som, para distorcer um fato. Isso é feito através de recursos de Inteligência Artificial (AI), como softwares que produzem uma arquitetura específica para aquele conteúdo, de maneira que se tenha um material “palpável” que de credibilidade para as falas de determinado indivíduo, além de fomentar meios para consolidar as suas ideologias.

A nova ramificação da fake news é capaz de unir um rosto a um corpo, para que assim se tenham as feições da pessoa junto aos gestos. O conjunto de imagens, combinado a voz alterada do indivíduo em questão, cria narrativas que nunca existiram, mas que distorce a realidade e pode servir como argumentos ficcionais em ambientes de disputa, como é o caso das eleições.

O jornalista Bruno Sartori, também conhecido como “Bruxo dos vídeos”, tem em seu Instagram desde 2018 uma série de vídeos que utilizam da técnica de distorção para mostrar para as pessoas que isso é mais acessível do que se imagina. Em tom de brincadeira, Bruno usa dos recursos para criar materiais com figuras políticas em situações inusitadas, o que leva o público a refletir desde a singularidade da situação até a indignação sobre a veracidade do vídeo apresentado.

Como isso impacta nas eleições?

Em entrevista, a Professora do Programa de Tecnologia da Inteligência e Design Digital (TIDD) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da PUC-SP Dora Kaufman afirma que as Deepfakes não tem um segmento específico do eleitorado, uma vez que as estratégias de criação e disseminação dependem dos objetivos da campanha, seja propagar fake news para engajar sua militância ou sensibilizar uma parte do eleitorado, já que os propósitos não são fixos durante o período eleitoral.

Dora explica que as redes sociais são os canais prioritários de disseminação dessas informações falsas, mas que a velocidade e o alcance da distribuição dependem de vários fatores: “Posts de ódio, por exemplo, tem maior propensão a provocar reação e a serem repassados, pois é função da natureza humana”. Isso implica diretamente na propagação de Deepfakes já que elas são um instrumento de ataques diretos ao outro.

A desinformação passa a se estabelecer de forma massificada, uma vez que servindo como “argumento concreto”, os vídeos agregam ao conteúdo falso a imagem e voz da personalidade  manipulada , ampliando a percepção de autenticidade, logo as pessoas não sentem necessidade de averiguar os fatos. Culturalmente os usuários tendem a repassar informações sem investigar as fontes, o que torna a disseminação uma prática facilitada nas redes.

 

Como evitar as fake news?

Durante participação na palestra Fake news e Desinformação nas Eleições de 2020, de 2 de setembro de 2022, a professora Pollyana Ferrari, escritora e pesquisadora em Comunicação Digital e coordenadora da Rede PUC CHECK da PUC-SP esclarece que, devido ao barateamento dos custos de produção das Deepfakes, no período mais sensível das eleições haverá um grande volume de desinformação sendo propagada, principalmente em veículos de informação não-oficiais e as redes sociais.

 “Cerca de 70% do conteúdo do TikTok não é verificado, isso potencializa a forma dos grupos de instrumentalizar e acelerar ainda mais o click dentro dessas plataformas”

A desinformação chega até a população de forma extremamente fácil, diferentemente da verdade e dos dados concretos, a alternativa dentro do mundo conectado é buscar fontes confiáveis para checar as informações e só repassar aquilo que se sabe que é verídico. Invenção é sinônimo de Mito.

Disparidade política e a crise econômica impulsionam atentado à vice-presidente da Argentina
por
Cristiane Santos Gabriel
Vitor Coelho Palhares
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09/09/2022 - 12h

No último dia 1°, a ex-presidente e atual vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, sofreu uma tentativa de homicídio em Buenos Aires. O atentado aconteceu em frente à casa da estadista, que contava com inúmeros apoiadores fazendo vigília onde ela reside, após o Ministério Público da Argentina pedir a prisão
de Cristina. A promotoria a acusa de desvio de dinheiro público enquanto era presidente da Argentina.

Em meio às acusações e mais de dez processos contra a atual vice-presidente, voltou-se a acender a chama do Kirchnerismo - legião de seguidores e opositores conquistados por ela e seu marido, o também ex-presidente Néstor Kirchner, pelo modelo político que criaram. Por isso, ao chegar em sua casa
em Buenos Aires, Cristina passa com seus seguranças pela multidão. No dia 1° de setembro, ela é abordada e atende seus apoiadores. Outros presentes filmam a chegada da governante quando uma arma de fogo chega a quase encostar seu rosto e apesar do gatilho ter sido acionado, não há nenhum disparo.

Cristina Kirchner e sua carreira pública: o que pode ter causado a ira de um extremista

Após a ditadura na Argentina, Cristina Kirchner e seu marido Néstor Kirchner ingressaram na carreira política. Néstor foi prefeito e depois, governador. Cristina foideputada e senadora. Com um plano bem delineado, os dois chegam à presidência da Argentina, ela como primeira-dama e ele, como presidente. Em 2007, ela substituiu o marido na presidência e Néstor faleceu 3 anos depois. Cristina continuou na presidência até 2015.

Enquanto presidente, seu governo foi marcado por políticas protecionistas e programas de assistência social, com vários subsídios que exacerbaram os gastos públicos. Além disso, ela enfrentou setores  poderosos como proprietários rurais, conglomerados de mídias e instituições financeiras internacionais. Estreitou laços com líderes de esquerda que governavam Brasil, Bolívia, Equador e Venezuela, referia-se com carinho à Fidel Castro, líder político revolucionário e comunista e à Hugo Chávez. Também durante o seu mandato, o casamento homoafetivo e a lei de identidade de gênero foram aprovadas, tornando a Argentina um país pioneiro neste campo na América Latina. Entretanto, ela impediu maiores debates sobre a  legalização do aborto durante seu mandato, mas em 2018, votou de forma favorável à pauta enquanto senadora.

Segundo o cientista político e professor de relações internacionais, Pedro Costa Junior, Cristina era criticada pelo seu autoritarismo e pela falta de diálogo de sua administração: “Cristina radicalizou muito o discurso. Ela era muito ruim de diálogo, e isso fica muito evidente depois que o Néstor morreu” e acrescenta: “Ela
foi colecionando inimigos, enfrentou o principal grupo de comunicação da Argentina, o Clarín e aprovou a Lei de Meios - que limita e controla as licenças e a abrangência dos meios de comunicação do país. Seu estilo é combativo e agressivo, não é aquela política agregadora”, afirma.

Como o atentado à vice-presidente fomenta a crise política argentina

A tentativa de assassinato à atual vice-presidente da Argentina instigou ainda mais a crise política vivida no país. O ataque ocorreu justamente enquanto os cidadãos acompanhavam as críticas públicas feitas por Cristina contra os rumos do governo liderado pelo presidente Alberto Fernandez, e dez dias após o pedido do Ministério Público de 12 anos de prisão para a ex-presidente por supostas irregularidades nos tempos em que governou o país.

Em um discurso em cadeia nacional de rádio e televisão, o presidente Alberto Fernández atribuiu a setores políticos, à Justiça e à imprensa o momento delicado vivido no país: “Estamos obrigados a recuperar a convivência democrática que se quebrou com o discurso de ódio espalhado por parte de diferentes setores políticos, judiciais e midiáticos da sociedade argentina”, disse ele.

Analistas políticos, entretanto, não concordam com a afirmação e distribuição de culpa pelo atentado aos veículos de mídia e Justiça do país. A Argentina vive uma situação instável em que a inflação é a maior preocupação dos argentinos, que deve bater recorde ao chegar aos 90% este ano. Além disso, a troca de farpas e acusações em transmissão nacional entre políticos é constante. Esta, então, parece ser a motivação perfeita para um extremista: um país enfrentando uma das maiores crises econômicas e políticas de sua história, juntamente a líderes políticos que incitam a polarização e não instigam o diálogo democrático.

 

Ataque a Kirchner foi planejado, diz Justiça argentina