O número de refugiados no Brasil vem crescendo a cada ano. Só no ano de 2018, segundo a Agência da ONU Para Refugiados (ACNUR) foram relatadas 80 mil solicitações de reconhecimento de condição de refugiado no Brasil. Os grupos de maior número entre as solicitações são os venezuelanos (61.681), que saíram do país devido à crise humanitária, e os haitianos (7.030), cujo fluxo de migração se intensificou após o terremoto que atingiu o país em 2010.
A lei brasileira considera refugiado todo indivíduo que está fora de seu país de origem devido a guerras, terremotos, miséria e questões relacionadas a conflitos de raça, religião, perseguição política, entre outros motivos que violam seus direitos humanos. Isso pode acontecer, por exemplo, quando a vida, liberdade ou integridade física da pessoa corria sério risco no seu país.
Para que o imigrante seja reconhecido como refugiado, é necessário enviar uma solicitação para o Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE). O processo de reconhecimento, que antes era mais burocrático e mais demorado, atualmente é feito no site do Ministério da Justiça, a partir do preenchimento do formulário que pode ser feito ainda no país de origem. Todas as etapas podem ser acompanhadas pela internet, mas para o processo começar a tramitar, o solicitante deverá comparecer pessoalmente a uma unidade da polícia federal.
Dentre a população refugiada reconhecida no Brasil, segundo o censo da ACNUR de 2018, a maioria se concentra nas faixas etárias de 30 a 59 anos (41,80%), seguido de pessoas com idade entre 18 a 29 anos (38,58%). Do total, 34% são mulheres e 66% são homens, ressaltando os sírios, os congoleses como nacionalidades em maior quantidade (respectivamente 55% e 21%).
Em janeiro de 2020, o Brasil tornou-se o país com maior número de refugiados venezuelanos reconhecidos na América Latina, cerca de 17 mil pessoas se beneficiaram da aplicação facilitada no processo de reconhecimento, segundo a Agência da ONU para Refugiados. As autoridades brasileiras estimam que cerca de 264 mil venezuelanos vivem atualmente no país. Uma média de 500 venezuelanos continua a atravessar a fronteira com o Brasil todos os dias, principalmente para o estado de Roraima.
Apesar de em grande quantidade, apenas 215 municípios têm algum tipo de serviço especializado de atenção a essa população. As maiores dificuldades encontradas por pessoas refugiadas são a adaptação com o mercado de trabalho, com o aprendizado do idioma, o preconceito e a xenofobia, educação (muitos possuem diplomas em seus países de origem que não são aceitos aqui no Brasil), moradia e saúde.
Covid-19 e o amparo aos refugiados
Diante de um quadro de crise em escala global, como o que acontece este ano com a pandemia da Covid-19, essa população de migrantes e refugiados, que já se encontram em extrema vulnerabilidade, conta com o apoio de poucas instituições voltadas especialmente para suas necessidades. Este é o caso da Missão Paz, uma instituição filantrópica de apoio e acolhimento a imigrantes e refugiados, com uma das sedes na cidade de São Paulo, como conta o padre Paolo Parise.
Nascido e criado na Itália, Parise atua desde 2010 na Missão Paz, atualmente como um dos diretores, e explica que esta instituição está ligada a uma congregação da Igreja Católica chamada Scalabrinianos, que atua com imigrantes e refugiados em 34 países do mundo. “Na região do Glicério - município do estado de São Paulo-, a obra se iniciou nos anos 30 e atualmente está presente em Manaus, Rio de Janeiro, Cuiabá, Brasília, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Foz do Iguaçu, Corumbá e outros lugares.”
Sua estrutura atual conta com a Casa do Migrante, um abrigo com capacidade de 110 indivíduos que são acolhidos com alimentação, material de higiene pessoal, roupas, aulas de português, acompanhamento de assistentes sociais e apoio psicológico; e o Centro Pastoral e de Mediação dos Migrantes (CPMM) que oferece atendimento e serviços voltados aos imigrantes, quanto aos seguintes temas: documentação e jurídico; trabalho, capacitação e cidadania; saúde; serviço social; família e comunidade. “Além disso, temos a área de pesquisa em parceria com a revista Travessia, que é o Centro de Estudos Migratórios (CEM), uma biblioteca especializada em migração e a WebRadio Migrantes”, completa Pe. Paolo.

De acordo com o diretor, o maior desafio enfrentado pela instituição, durante a pandemia, foi com a saúde dos refugiados, principalmente pela impossibilidade de viver a quarentena isoladamente, já que muitos vivem em ocupações ou em lugares com muitas pessoas concentradas. Ele ainda denunciou que, dentre tantas vítimas da Covid-19 em São Paulo, um dos grupos mais afetados foi o de imigrantes bolivianos, “muitos foram contaminados e muitos morreram”.
Diante de instabilidades políticas e econômicas, atualmente, sírios e venezuelanos são as principais nacionalidades afetadas que solicitam entrada no país. O que ratifica o Pe. Parise, “Falando pela Missão Paz, se você utiliza o termo ‘refugiados’, o maior grupo neste momento é de venezuelanos, sejam os que foram acolhidos pela missão paz, sejam os que estão entrando no Brasil. E depois encontramos outros grupos como da República Democrática do Congo. Mas se falamos de imigrantes, temos Colombianos, Bolivianos, Paraguaios, Peruanos, Angolanos e de outros países que estão recorrendo ao Brasil.”
Mesmo com mudanças críticas, no cenário jurídico e político brasileiro, para que esta população seja recebida no país e tenha seus direitos respeitados, ainda não se pode falar em auxílio do governo ou medidas diretas de apoio a refugiados e imigrantes.
Paolo relembra a criação de leis que têm beneficiado a população no Brasil. Uma delas é a lei municipal Nº 16.478 de 2016, onde o Prefeito do Município de São Paulo, Fernando Haddad, instituiu a Política Municipal para a População Imigrante que garantia a esses o acesso a direitos sociais e aos serviços públicos, o respeito à diversidade e à interculturalidade, impedia a violação de direitos e fomentava a participação social; e a outra é a lei federal Nº13.445 de 2017, ou a nova Lei de Migração, que substitui o Estatuto do Estrangeiro e define os direitos e deveres do migrante e do visitante, regula a sua entrada e estada no País e estabelece princípios e diretrizes para as políticas públicas para o emigrante.
A Missão Paz se mantém através de projetos e dinheiro injetado pela congregação da Igreja Católica. “Neste momento, a Missão Paz não recebe apoio financeiro nem do município, nem do estado e nem do Governo Federal”, relata Parise. Durante a pandemia receberam ajuda da sociedade civil, “[A Instituição] Conseguiu muitas doações de pessoas físicas, de instituições, de campanhas, fosse em dinheiro, em cestas básicas ou kits de higiene pessoal”, e com 200 cestas básicas, por mês, da Prefeitura de São Paulo. Também receberam ajuda com testes de COVID em nível municipal.
A instituição filantrópica ainda conta com a ajuda de vários parceiros, como explica seu diretor “na área de incidências políticas, por exemplo, nós atuamos com a ONG Conectas Direitos Humanos, temos na área de refugiados um projeto com a ACNUR, estamos preparando outro com a OIM (Organização Internacional para as Migrações) e temos algumas ações com a Cruz Vermelha”.
Desde o começo do ano, já atenderam por volta de 7 mil imigrantes e refugiados, e, hoje em dia, tem por volta de 40 pessoas na Casa, o que representa ⅓ da capacidade total. Além disso, entregam de 50 a 60 cestas básicas a refugiados, diariamente, e ao redor de 60 a 70 que vão, por dia, procurar os serviços do CPMM. “Outras ações incluíram a disponibilização de atendimentos online, de aulas de português a atendimentos jurídicos, psicológicos ou serviços sociais, além de ajudar a completar aluguel, água ou luz daqueles que precisam da ajuda da instituiçã”, fala Padre Paolo.
Todo esse esforço e dedicação da instituição foi feito, sempre, visando seguir as normas de segurança e as indicações da OMS (Organização Mundial da Saúde). Foram fornecidos a seus funcionários e a população migrante e de refugiados álcool para higienizar as mãos, máscaras e demais equipamentos e serviços de proteção e higiene.
Desde 2018 Guilherme Boulos( 38) esta em evidencia no lado esquerdo da politico brasileira, filiado ao PSOL desde 18 lançou a candidatura a presidência pelo partido e obteve aproximadamente 617 mil votos, apesar das inúmeras fake News ligadas a ele por conta do passado na militância pelo MTST( Movimento dos Trabalhadores sem Terra), o resultado foi considerado bom pelo partido. Agora se lança num novo desafio ao lado da histórica prefeita da cidade de São Paulo; Luiza Erundina (86) em busca do cargo mais alto do executivo da cidade.
Guilherme Boulos e Luiza Erundina( Foto: Folha de São Paulo)
Para a surpresa de muitos, a chapa já começou muito bem nas intenções de voto em são Paulo antes mesmo de começar a campanha, cerca de 8 pontos percentuais. De acordo com a ultima pesquisa Datafolha(5\11) Boulos se encontra consolidado com 14 pontos e com a margem de erro está tecnicamente empatado com Celso Russomano e Márcio França na briga por uma vaga no segundo turno.
Desde o começo a campanha sempre teve pouca verba e tempo de tv para trabalhar, nesse aspecto decidiu focar em ações que se comunicassem com diversos públicos e camadas sociais da cidade, uma constante na campanha é a produção de vídeos que desmentem as diversas fake News atribuídas a chapa; existe uma aba só para isso no site da campanha.
Aba de espaço ao combate das Fake News que a campanha de Boulos faz em seu site
Ações como o se vira no 50 e o na lata; viralizaram nas redes sociais o objetivo foi traçado para suprir a falta de tempo e ausências de debates que acabaram acontecendo por conta da questão da pandemia que assola a cidade de São Paulo; outro destaque da campanha é o envolvimento de diversos movimentos de rua e estudantis além que qualquer um pode contribuir para a campanha a partir de dez reais.
Para entender um pouco mais como a campanha se reinventou e as estratégias usadas para combater as desinformações e como fazer uma campanha tão ativa numa situação pandêmica conversei com Thales Migilari, 25 anos que é coordenador da campanha pela juventude e faz parte da campanha de Guilherme Boulos e Luiza Erundina
Desde o começo vocês tiveram muita pouca verba, o como vocês decidiram onde iam focar? E como foi montada essa estratégia principalmente nas redes sociais?
As redes sociais do Guilherme Boulos já estavam entre as maiores dos representantes da esquerda em todo o Brasil. Com muita criatividade e uma linguagem acessível, direcionada a diferentes públicos de interesse, conseguimos crescer ainda mais. Tendo em vista a pouca verba, a comunicação foi um dos principais focos, tanto pela vigência da pandemia, quanto pela centralidade que ela adquiriu nas últimas eleições.
Vocês estão produzindo diversos vídeos para suas redes sociais, qual foi o critério usado para as escolhas dos temas dos vídeos? desmentir as diversas fake News atribuídas ao Boulos é uma das prioridades da campanha?
A produção de conteúdo para as redes sociais é definida de acordo com as estratégias da campanha e atualizada semanalmente, para responder aos novos fatos políticos. O eixo norteador da campanha é a inversão de prioridades na cidade de São Paulo para colocar a periferia no centro e defender os interesses do povo. Com certeza a resposta às fake news são parte das prioridades por dois motivos: porque foi amplamente difundida pela extrema-direita, principalmente desde a eleição de 2018, e porque somos uma campanha anti-sistêmica, que enfrenta os privilégios da elite paulistana.
Como surgiram algumas ideias da campanha como a música sobre o celta do Boulos? Alguma personalidade que está contribuindo para a campanha deu alguma sugestão para a campanha?
O carro celta do Boulos viralizou na campanha por ser o único patrimônio em seu nome declarado na campanha. Boulos tem origem na classe média, mas vive há muitos anos uma vida modesta na periferia da capital paulista, atuando ao lado do movimento de moradia. Nunca foi de seu interesse entrar na política para fazer carreira ou enriquecer, mas sim para transformar a vida das pessoas. A ideia da música vem daí. Existem muitas personalidades apoiando e contribuindo com a campanha. Caetano Veloso, inclusive, fará uma live em breve para arrecadar recursos nessa reta final.
Como se deu a estratégia para chegar em pessoas fora da bolha que vocês estão acostumados?
Nossa campanha é conhecida e tem a simpatia de todos aqueles identificados com a esquerda. É uma necessidade furar a bolha para chegar ao segundo turno. Começamos a campanha como uma das candidaturas menos conhecidas pelo eleitorado paulistano. A saída, além das redes sociais, foi intensificar a campanha nas ruas.
A falta de debates intensificou as ações de rua como o se vira no 50 e o na lata?
Com certeza. A falta de debates favorece os candidatos mais conhecidos, os que tem maior tempo de televisão e que controlam a máquina do estado. As ações de rua e o "na lata" foram saída para furar esse isolamento.
Nos últimos dias, uma foto viralizou mostrando um comício do Boulos cheio e muitas pessoas sem máscara. Como vocês estão lidando para controlar essas situações durante a pandemia? E o que acha que pode melhorar?
A pandemia atingiu em cheio o país e a capital paulista. Bolsonaro não queria sequer implementar uma política de renda solidária suficiente para aliviar os impactos na maioria da população. Covas priorizou a construção de hospitais de campanha na região central da cidade e não abriu qualquer debate sobre políticas de transferência de renda para os mais pobres. A capital paulista é uma das cidades com o maior número de vítimas em todo o mundo. A responsabilidade pela retomada da "normalidade" em meio à uma pandemia sem controle é principalmente daqueles que hoje estão nos governos. As pessoas que foram à atividade no Largo da Batata são aquelas que já retomaram seus trabalhos presenciais ou estão nas ruas fazendo campanha. Toda atividade de rua que realizamos busca respeitar as orientações sanitárias. Todas as pessoas usam máscara, estão com álcool gel e buscamos organizar o espaço para evitar problemas.
A pandemia dificultou alguma ação de vocês como o panfletaço?
Somos a campanha com o maior volume de panfletagens. E isso acontece porque somos uma campanha-movimento, construída por pessoas que acreditam no projeto que estamos construindo. É completamente diferente das campanhas tradicionais que utilizam cabos eleitorais pagos sem qualquer afinidade ideológica ou política com as campanhas que os contratam. Infelizmente a pandemia ainda impede que muitas pessoas saiam de suas casas. Não temos dúvidas que em uma situação normal teríamos uma multiplicação das nossas iniciativas.
Qual a maior dificuldade da campanha com a pouca verba que vocês têm?
A maior dificuldade é a ofensiva por parte das candidaturas tradicionais de direita, que se valem de muitas fake news contra uma campanha popular como a nossa. Não tivemos debates, temos apenas 17 segundos na televisão e pouquíssimos recursos.
Além de desmentir as fake News sobre o Guilherme Boulos vocês estão usando para desmentir sobre o MTST, vocês sentem que conseguiram mudar a opinião de alguém?
A nossa campanha é construída principalmente nas ruas, "olho no olho". Temos mudado muitas opiniões e preconceitos que são amplamente difundidos pelos nossos adversários. A iniciativa do "na lata" é um exemplo, mas isso tem acontecido em inúmeras panfletagens, visitas aos bairros, entre outras iniciativas. O MTST é também um dos principais alvos das fake news. A direita e a elite utilizam aqueles que legitimamente lutam por um teto e condições dignas de existência para espalhar mentiras e medo. Fato é que o MTST nunca tomou a casa de ninguém O movimento atua em cima de propriedades que devem mais imposto do que o seu valor real e servem exclusivamente aos interesses da especulação imobiliária. A função social da propriedade está garantida pela Constituição Federal e deve ser utilizada para garantir melhores condições de vida a todos os paulistanos e brasileiros
O candidato do PSOL foi ao segundo turno contra Bruno Covas, do PSDB, que saiu vencedor e reassume no dia 1o. de janeiro de 2021.
Crédito: instituto alfa e beto
Em outubro o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, autorizou o retorno das aulas presencias para os alunos do ensino infantil, fundamental e médio. As aulas começaram nessa última terça-feira (3) com algumas restrições a serem seguidas, nas salas de aulas é preciso ter um distanciamento de 1,5 metro entre os estudantes. A decisão de liberar ou não as aulas nas cidades do estado ficam ao critério das prefeituras.
"Seguindo a recomendação da área da Saúde, a Prefeitura de São Paulo vai manter apenas as atividades extracurriculares para o ensino infantil e para o ensino fundamental e vai autorizar o retorno às aulas para o Ensino Médio a partir do dia 3 de novembro aqui na cidade. Lembrando que essa autorização para o retorno é para as três redes: a rede municipal, a rede estadual e a rede privada. Ela é voluntária para os pais, de acordo com a decisão já do Conselho Nacional de Educação, e ela deve seguir os protocolos sanitários já estabelecidos", afirmou o prefeito Bruno Covas (PSDB).
Não é obrigatório os alunos retornarem as aulas presenciais nesse momento, fica ao critério dos responsáveis o retorno. Guilherme Galdino de Souza, aluno do ensino médio, conta que “Inicialmente tive muito medo, por mais que as medidas de segurança necessárias foram adotas (diminuição do número de alunos por sala, uso de máscara e álcool em gel, etc.), ainda continuei a depender do transporte público, onde era praticamente impossível manter o distanciamento social ideal para estar seguro para o não contágio. Atualmente o medo persiste, talvez ainda mais, pois as pessoas passaram a voltar ao seu ritmo normal e com isso os transportes se mostram cada vez mais lotados, significando uma maior exposição ao vírus.”
Os ensinos infantil e fundamental retornam apenas com as atividades extracurriculares, o ensino regular ainda contínua de modo remoto. Os alunos do ensino médio retornaram no dia 3 desse mês com as suas aulas presenciais, uma prova será aplicada para avaliar o que esses alunos realmente aprenderam no período da pandemia. A partir disso serão definidas estratégias de reforço pedagógico.
Em um balanço feito Apeosp, o Sindicato dos Professores das Escolas Públicas Estaduais, menos de 5% dos alunos compareceram nesse primeiro dia de aula. A insegurança ainda é grande entre a população, ainda mais agora que alguns lugares da Europa estão enfrentando a segunda onda do vírus. No Brasil em alguns estados os números de casos estão começando a diminuir, encontra partir em algumas partes o vírus ainda não diminui sua contaminação.
Os professores autorizados a conceder as aulas são aquelas que já foram infectados pela covid-19, a partir de exames sorológicos será possível identificar quem já entrou em contado com o vírus, o que não significa que a pessoa esteja imune.
"Queria anunciar também que no dia 19 de novembro, com base na segunda fase do censo sorológico e com a evolução da pandemia na cidade de São Paulo, nós teremos uma nova coletiva para anunciar o que acontece e o que fica autorizado na cidade de São Paulo em relação a área da educação a partir do dia 1º de dezembro", relatou o prefeito Bruno Covas.
Em 9 meses de pandemia no país, o Brasil registra até o momento mais de 5,5 milhões de casos, 161 mil óbitos e 5 milhões de caos recuperados da covid-19.

Projeto elaborado em 2007, e que só seria recuperado na gestão do ex-prefeito Fernando Haddad, a reforma do Vale do Anhangabaú chega perto de ser finalizada no segundo semestre de 2020. Com investimento inicial de R$80 milhões, e sendo a maior obra do atual prefeito de São Paulo Bruno Covas, o plano é de entregar um terreno totalmente remodelado para a iniciativa privada, a fim de atrair novo público ao local.
Pedido há 13 anos pelo ITDP, o rascunho inicial da obra teve o arquiteto dinamarquês Jan Gehl como responsável. Mas, logo ficaria de lado, sendo doado a prefeitura em 2013, fazendo parte do Plano de Metas do então prefeito Fernando Haddad (PT).
As obras iniciadas por Bruno Covas (PSDB) em junho de 2019, orçadas atualmente em R$ 94 mi, tinham previsão para serem entregues um ano após seu início, custando R$14 milhões a menos. Já sem muito apreço popular, a obra atualmente está atrasada em três meses. Dentro dos planos da gestão atual a concessão para sua privatização já era pra ter ocorrido: tal feito já foi adiado duas vezes.

Segundo Guido Otero, arquiteto e representante da IABsp (Instituto de Arquitetos do Brasil) na Comissão Executiva da Operação urbana centro, o poder público busca historicamente uma “reativação” do centro da cidade, sempre fazendo projetos culturais para área. “Existe uma vontade declarada da prefeitura de trazer um novo público para a região. O centro tem esse caráter popular que é interessante. Existe essa vontade por trás desses projetos de ter uma transformação no perfil social das pessoas que moram lá.”
Para uma parcela daqueles que acompanham o desenrolar das obras, o olhar é receoso, uma vez que parece ser inexplicável o alto valor gasto na reestruturação completa do vale. Pode-se perceber que todos param para contemplar o Vale. Fernando Júnior, o qual transitava todo dia pelo Viaduto do Chá, conta que para ele é uma obra inútil e a cidade precisa de outras prioridades.
O vereador Gilberto Natalini (sem partido), afirma que era possível ter usado pelo menos um terço do custo total: “Se fosse feito um projeto de revitalização efetiva - não de fazer um Anhangabaú novo, como foi feito - você poderia ter gasto um terço do dinheiro.”
A revitalização de Natalini consiste em, basicamente, uma reforma na estrutura já existente do local, preservando o antigo projeto de 1981 dos renomados urbanistas Jorge Wilheim, Jamil Kfouri e Rosa Grena Kliass. Sendo assim, não apagaria o anterior com uma reformulação complexa. “[...]Sou contra o esbanjamento de dinheiro que foi feito ali, o desrespeito aos arquitetos que fizeram a obra anterior, e a falta de transparência e participação popular no processo [de reforma]”.
Símbolo histórico
Localizado no coração da cidade de São Paulo como um ponto turístico e de manifestações das mais diversas vertentes, o Vale do Anhangabaú passa pela sua terceira grande reforma, mais uma vez com a justificativa de revitalização da área.
Após um período de descaso no século XIX, o rio Anhangabaú foi canalizado em 1910, transformando a região em uma avenida que liga Zona Norte à Zona Sul, o centro novo ao centro velho, à época. Porém, após concurso público em 1981, o Vale voltou às suas funções de origem: uma grande praça na qual pessoas poderiam caminhar livremente. Foi construída uma espécie de laje abaixo do Viaduto do Chá, que hoje está totalmente asfaltada, dando um aspecto árido para a região.
Local de cunho social, que sempre apelou pelo caráter coletivo, fora palco de uma das maiores manifestações já registradas em São Paulo, a das Diretas Já. Ademais, além de ser conhecido pelos protestos, costuma ser também área utilizada para grandes eventos culturais nos últimos anos, como a Virada Cultural e os aniversários da cidade de São Paulo.
Comoção popular
Parte das maiores críticas ao processo todo é devido a falta de verde no local, a pouca transparência e a quantidade de dinheiro investido em um projeto que não possuía tanta urgência. Luis Guerretta, Coordenador do Setor de Arquitetura e Urbanismo do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), afirma que existem dois problemas: “O primeiro se refere à falta de prioridade nos gastos públicos e o segundo se refere a política higienista adotada pela gestão Doria/Covas”.
Guerretta afirma que a região central da cidade tem inúmeros problemas sociais historicamente ignorados pelo poder público. “Revitalização significa dar nova vida a algo. Ao se referir a obra como um processo de revitalização, as gestões deixam implícito que a população que ali vive não tem valor algum e deve ser substituída por algo ‘novo’.[...] É uma intervenção a serviço da especulação imobiliária.”, completa.
Em nota oficial, a prefeitura explica que: “As obras do Vale do Anhangabaú vão fortalecer o local como cartão-postal da cidade, qualificando suas conexões com o transporte público, espaços culturais e edifícios próximos, e transformando-o em um espaço mais convidativo e de permanência à população, com segurança, acessibilidade, lazer e zeladoria.”
A prefeitura também declara que foram plantadas mais árvores comparado ao projeto anterior: “Em sua forma final, o Anhangabaú contará com 532 árvores [...] E para qualificar ainda mais o microclima da região, a água tem papel fundamental no projeto, uma vez que 850 jatos d’água umidificam o ambiente.”, como uma maneira de homenagear o rio Anhangabaú, no qual foi canalizado.
Sobre a gestão do espaço, ele será concedido a título oneroso à iniciativa privada por dez anos com obrigações em contrato para a sua manutenção, preservação e ativação sociocultural. Em certos dias, porém, poderá usar o local para eventos privados, gerando controvérsias.
A concessão aconteceria logo após o término das obras, previsto para setembro. Foi adiada, porém, pelo menos duas vezes, sendo 13 de outubro a última data marcada para a abertura dos envelopes.

O Ensino a Distância (EAD) se tornou um meio para os estudantes continuarem tendo aula durante a pandemia do covid-19, que começou em março no Brasil. Muitos acreditam que essa tenha sido a solução mais viável, porém, com muitos problemas, ainda mais se for comparar entre as escolas públicas e privadas brasileiras, onde há tantas discrepâncias entre esses dois sistemas educacionais, como ressalta a professora Sandra Cantinelli, que ministra as aulas de artes e “projeto de vida” na Escola Estadual Paul Hugon, “Se antes (da pandemia) já não se tinha uma limpeza correta e uma boa infraestrutura, como vamos voltar às atividades, agora que precisamos aderir a tantas medidas de precaução, em uma escola que, se chove, temos que botar balde debaixo das goteiras? Não temos nem lixeiras suficientes.”
As aulas remotas evidenciaram as diferenças entre os ensinos. De um lado se tem toda uma estrutura de plataformas online e de professores preparados, do outro, existem alunos que não estão tendo aulas de matemática desde o início da quarentena. É o que conta a estudante do ensino médio Isabella Cantinelli de Castro Correia (16, E.E Paul Hugon): “Não tive aula de verdade, os professores mandam algumas atividades, às vezes eles fazem um plantão de dúvidas. Mas têm matérias que não estou tendo nada, como matemática.” Diferente do ensino particular, que houve uma organização da maioria das escolas para essa nova forma de ensino virtual, é o que afirma o professor de história do colégio e cursinho Objetivo, Artur Favaro Lucchesi (32).

Com aulas gravadas previamente pelos professores e depositadas numa plataforma virtual para os alunos, ou então com a grade horária mantida e aulas realizadas por meio de plataformas como o Microsoft Teams, as escolas particulares tiveram uma resposta pronta para a demanda de seus consumidores. Para uma demográfica que, em geral, possui acesso a computadores, celulares e internet em casa, o modelo virtual de ensino tem se mostrado eficaz diante dessa nova realidade. Contudo, tem exigido uma “autodisciplina e tem sido um novo método muito difícil para a maioria das pessoas. Requer um foco e uma concentração muito grande, tanto para alunos quanto professores, que tiveram que se reinventar", como relata o estudante Thiago Furtado Bravo (16, Colégio Objetivo).
Muito se tem discutido a respeito do impacto das aulas em EAD na vida dos jovens: prejuízos na convivência social, na aprendizagem, danos graves à saúde mental e nutricional dos alunos. Para Claudia Bernasconi, mãe de Caio (15) e André (13), tem sido uma constante luta mantê-los na rotina de estudos no conforto de casa, “Para que eles tenham disciplina para estudar eles tem que ir pra escola, estudar de casa não é a mesma coisa. Eles ficam muito dispersivos, precisam de alguém por perto para prender a atenção deles”. Atitudes como assistir às aulas de pijamas ou deitados na cama tem sido a realidade de muitos jovens do ensino fundamental e médio, seja por conforto ou por falta de um local apropriado para estudar.
Apesar das falhas que existem na nova forma de aprender, a adesão a volta às aulas presenciais são baixas, e com diversas críticas de alunos e professores. O Governo de São Paulo autorizou o retorno das atividades para um reforço presencial no dia 08 de setembro, porém somente 3,53% das escolas estaduais paulistas aderiram a essa medida. Para Favaro “não é seguro, não é correto (...), é um imediatismo da educação brasileira. Você estará expondo a criança e o professor a uma doença.” Correia diz que a escola onde estuda não está preparada para qualquer retorno: “(...) não me sentiria segura. A escola nem tem papel higiênico direito, não tinha sabonete, eles não conseguiriam lidar.”
Contudo, a adesão dos alunos, à essas aulas de reforço, também foi baixa. De acordo com Bebel Noronha, presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), isso é apenas o reflexo da “insegurança da população no que diz respeito à volta às aulas”. Tanto com os alunos e seus pais, quanto com os professores, o sentimento é o mesmo, “medo” descreve não só o que sentem por si e pela saúde dos que amam, mas também pelo que sentem por seus colegas e mestres. Na escola dos filhos de Claudia, foi feito uma enquete para saber se os pais voltariam com seus filhos para a escola, antes de uma vacina ser aprovada, “Apesar deles (a escola) terem feito um trabalho bacana para receber os alunos, contratando infectologista do Einstein e se preparando com todas as medidas de precaução, nossos filhos não voltarão. Não que eu não confie nas medidas tomadas, é só que eu não acho justo os funcionários terem que se submeter aos riscos de irem à escola só para concluir o ano letivo.”
Mesmo assim, o governo de São Paulo anunciou, dia 18 de setembro, o retorno das aulas presenciais do ensino fundamental da rede estadual a partir de 3 de novembro, ensino médio e EJA seguem liberadas a partir do dia 7 de outubro. As escolas que quiserem aderir tanto em outubro quanto em novembro — e tiverem autorização das respectivas prefeituras — devem apresentar um plano de adaptação à Secretaria da Educação e às Diretorias Regionais de Ensino, com limite máximo de alunos e respeito a protocolos sanitários.
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