A Nasa adiou o retorno de Butch Wilmore (61 anos) e Suni Williams (58 anos) em oito meses. A Starliner, aeronave da Boeing que levava os dois astronautas para a Estação Espacial Internacional (ISS), decolou no dia 5 de junho com previsão de retorno para o dia 13 do mesmo mês. Porém, problemas de vazamento de hélio e falha crítica nos propulsores - essenciais para manobras de acoplamento e reentrada na atmosfera terrestre - adiaram a volta para fevereiro de 2025.
Starliner (ou CST-100) é uma nave espacial em forma de cápsula proposto pela Boeing - empresa conhecida pelos aviões comerciais - em colaboração com a Bigelow Aerospace. A sua principal missão é a de transportar pessoas à Estação Espacial Internacional, e estações espaciais privadas, como a Estação Espacial Comercial. A CST-100 Starliner é projetada para ser capaz de permanecer em órbita por no máximo sete meses para ser reutilizada em até dez missões.
Esse foi o primeiro voo tripulado na espaçonave. O voo já havia passado por problemas com paraquedas antes mesmo da decolagem, que teve duas contagens regressivas descartadas. Além disso, o sistema de propulsão também já havia apresentado falhas.
O que acontecerá com Butch e Suni?
Wilmore e Williams são pilotos experientes e já acumularam 178 e 322 dias no espaço, respectivamente. Como acontece com todos os astronautas, isso os expõe à microgravidade e à radiação espacial, que afetarão a saúde de ambos.
O primeiro pode causar desmineralização óssea - com risco de osteoporose. Os astronautas perdem cerca de 1% a 1,5% de densidade óssea para cada mês passado no espaço.
Além disso, esse ambiente também pode causar alterações na visão. Estudos espaciais mostraram que o sangue venoso muda a direção em que circula e se desloca para a cabeça, exercendo pressão intracraniana, o que afeta principalmente os olhos. A pressão prolongada também pode levar à Síndrome Neuro-ocular Associada ao Voo Espacial (Sans), que altera a capacidade de foco, às vezes de forma permanente.
Já a radiação cósmica aumenta o risco de câncer para os astronautas, por meio do estresse oxidativo no corpo - quando compostos que não são úteis para a vida (radicais livres, água oxigenada, etc.) são produzidos em excesso. As consequências são alterações na funcionalidade das membranas das células, o que leva ao aparecimento de tumores cancerígenos.
Não haverá falta de suprimentos, já que missões de reabastecimento de alimentos, água, oxigênio e filtragem de carbono são enviadas regularmente à estação. A ISS também conta com seis dormitórios, dois banheiros e um ginásio para os astronautas a bordo.
O resgate de Butch e Suni será feito pela missão da Crew Dragon, da SpaceX em 2025. Dois tripulantes foram removidos da missão para liberar assentos para os astronautas presos em órbita. A incerteza e a falta de concordância de especialistas não atendem aos requisitos de segurança e desempenho da agência para voos espaciais humanos, levando assim a liderança da NASA a mover os astronautas para a missão Crew-9.
O que acontecerá com a nave?
A aeronave retornará vazia à Terra com o piloto automático ativado, de acordo com Bill Nelson, chefe da Nasa.
No sábado (1), o astronauta Butch relatou sons não identificados saindo do alto-falante da Starliner. Ele pediu aos controladores de voo em Houston para verificarem se podiam ouvir o som pulsante que saia de dentro da espaçonave.
Em nota, a Nasa explicou que o ruído ouvido pelo astronauta a bordo da Estação Espacial Internacional parou. Segundo a agência, o ruído do alto-falante foi resultado de uma configuração de áudio entre a estação espacial e a Starliner.
Criado em 2022 como um substituto aos órfãos do Salão do Automóvel de São Paulo, suspenso desde 2018, o Festival Interlagos aconteceu mais uma vez. Tomando as instalações do The Town, mobilizou cerca de 120 mil pessoas entre os dias 09 e 11 de agosto e as principais marcas do mercado. Tudo isso mexendo com as emoções dos apaixonados pelas quatro rodas na mítica pista de Interlagos, zona sul da capital paulista.
Um pouco de história
Idealizado inicialmente como Festival Duas Rodas em 2021 pela revista de mesmo nome e pela Fullpower, que como o nome sugere era dedicado ao universo das duas rodas, foi com o tempo se expandindo. No ano seguinte, mudou para Festival Interlagos Motos, já com um público considerável, e anunciou também um irmão mais novo e maior, a edição Carros.
As expectativas eram altas, já completavam quatro anos de ausência de qualquer evento dedicado ao mundo dos automóveis no Brasil. Em um país com uma relação forte com os veículos, terra de Ayrton Senna e com relevância internacional no setor, algo estava faltando. Não era por baixa adesão popular tal buraco, mas como no mundo todo, pós-pandemia e gradativamente mais volátil, reclamações e reivindicações assombravam os tradicionais salões.
Por parte das empresas, o principal descontentamento era com o formato em si. Estático, grandioso e caro, cada vez mais um negócio impraticável. E por parte dos espectadores, batia um cansaço do título de “agente unicamente passivo”.
Com o Festival Interlagos as coisas seriam diferentes. Saía o termo antiquado e entrava em cena um evento de experiência automotor. Nele, os visitantes passariam a poder experimentar na pista os modelos antes restritos a exposição, enquanto as empresas poderiam comercializar seus produtos. E assim foi.
A primeira edição teve recepção morna, participação de dez marcas e um pouco mais de 20 mil pessoas. Em 2023, o público dobrou e apesar de ter mantido a quantidade de marcas, foi o palco de lançamentos no mercado brasileiro como o Ora 03 da GWM e o GR Corolla da Toyota. Já em 2024, o crescimento foi de fato expressivo: 19 fabricantes de veículos e 118,7 mil visitantes, segundo a organização do evento.
Como era o evento?
Sua estrutura manteve-se, com estandes localizados na área dos boxes da pista e também no piso superior, chamado de paddock mall. No entanto, para comportar o número bem maior de expositores, a pista se transformou em uma mostra a céu aberto. Com direito a terra nos calçados e caminhada na grama, mas sem o lamaçal visto no Lollapalooza, era visível a expansão do evento.
Em alguns momentos, era possível ter a sensação de algo de grande porte e com relevância minimamente nacional. Se ouviam alguns sotaques diferentes, principalmente sulistas, e havia fila nas principais ativações do festival, seguramente a sala de briefing - etapa anterior ao test-drive - e nas brincadeiras interativas nos estandes, com destaque para o divertido e aconchegante espaço da Renault.
O contato com as aparentes intermináveis obras do local prejudicava a imersão completa em alguns momentos na área externa, e os tapumes não tornavam a experiência visual tão agradável. Longe do charme e glamour dos salões com certeza. Mesmo assim, o entretenimento era diverso e cativante. Para as crianças, área kids com atividades de pintura e brinquedos infláveis, aos gamers, uma arena com simuladores, e aos passeadores de shopping, lojas de acessórios com atividades interativas e brindes, além de um quiosque da perfumaria Natura.
A praça de alimentação era modesta, com mais opções comparado às outras edições, mas ainda sem tantas variedades vegetarianas e veganas, além de preços não tão chamativos. Falando em valores, os ingressos custavam entre R$98 e R$2.960. A sinalização foi outro ponto a ser melhorado. Não havia muitas indicações de onde ficavam a área de credenciamento, de test drive, a tirolesa (herdada do The Town) ou mesmo a localização das escadas.
Outro destaque foram as atrações. Houveram apresentações de pilotos na pista de drift e shows de Fernando e Sorocaba e Filipe Ret. Aqui a organização foi vitoriosa, pois nenhum incidente ocorreu e as apresentações cativaram a plateia. Para curtir a dupla sertaneja, era necessário comparecer no sábado e ter o ingresso Show Pass, que custava R$250 e permitia o acesso a um churrasco, à vontade, por cinco horas. Para ver o rapper, na sexta-feira, o ingresso básico já era suficiente.
Dos boxes aos holofotes
Partimos para o foco do evento, os carros, área em que as coisas prometiam ser melhores e realmente emocionantes. Chegando ao autódromo, o barulho dos motores na pista chamava a atenção no longo percurso até o local de fato do evento. Transfers gratuitos estavam disponíveis no estacionamento para quem não fosse fã da caminhada, tanto ida como volta.
Caso houvesse vontade de sentir com as próprias mãos, e pneus, o circuito, era necessário desembolsar R$495 para correr com três veículos. Havia também o Range Rover Pass por R$1.295 com direito a experimentar modelos como Evoque e Velar. Por último no topo, salgados R$2.960 permitiam andar de Lamborghini, Ferrari ou Porsche.
Dentro do prédio estava a maioria dos estandes. Na parte de cima, estavam empresas diversas do setor, com carros “vestindo” seus uniformes, inclusive alguns modelos exclusivos, como um Rolls Royce Cullinan e alguns Porsche 911. Embaixo, na área dos boxes propriamente, finalmente as marcas de automóveis.
Estiveram presentes Mitsubishi, Honda, Renault, Toyota, Lexus e Abarth, sem grandes novidades. Além destas, a Volvo marcou presença com todos os carros de sua linha atual, incluindo o recém-lançado no Brasil, EX30, SUV compacto elétrico mais barato da marca. Aliás, o modelo teve uma das maiores demandas de test drive da mostra.
No entanto, as estrelas do evento foram, mais uma vez, as marcas chinesas. Por todos os lugares do evento, víamos estandes de empresas de acessórios, estacionamento, pista e arena com alguns Ora 03. Falando de GWM, um dirigível com a logo da marca pairava pelo céu durante os dias do festival. Além disso, mais uma vez ela apresentou modelos inéditos, ainda em homologação. Dessa vez foram dois SUVs, um de luxo com seis lugares, Wey 07, e outro off road, Tank 300, ambos híbridos.
Do lado, encontrava-se outra protagonista oriental, a BYD. Na frente de suas compatriotas em números de vendas, a nona maior do Brasil também usou a festa para atiçar os consumidores. A minivan híbrida D9, da submarca premium Denza, chamava a atenção de imediato pela sua presença, apesar de ser um produto de nicho. O modelo que realmente irá mexer com o mercado e que estava no estande, trancado e com uma espécie de máscara, era o Yuan Pro.
Com dimensões próximas a de um Hyundai Creta, o SUV elétrico será lançado ainda esse ano no Brasil. A empresa promete preços competitivos tal qual o hatch subcompacto Dolphin Mini, presente lá também em sua nova versão de cinco lugares.
Interlagos como palco
Em constantes reformas desde 2014, a complexa propriedade da Prefeitura de São Paulo possibilitou uma nova área na edição 2024 do Festival Interlagos Carros. No meio do circuito, mesmo local onde os palcos do The Town são montados, mais marcas estavam presentes como dito no início desta reportagem.
O acesso se dava pelas escadas externas, que possibilitavam uma boa visão da pista e atraiam os mais afetuosos por fotos. Mas, de novo, a distância poderia incomodar alguns. Era uma descida considerável, mas se optasse pelo elevador, que era um pouco demorado, o incômodo poderia ser menor. Já na grama, a emoção voltava e aumentava quando comparado à área interna.
De cara, o pomposo estande branco de uma marca totalmente desconhecida chamava os olhares. Seja pelo nome não "aportuguesado" e, portanto, curioso aos brasileiros, ou pela estreia da empresa em território nacional. Essa em questão é a Neta, chinesa com pretensões de fabricação no Brasil de seus carros, totalmente elétricos.
Seus primeiros lançamentos serão um hatch, um SUV e curiosamente um esportivo. O primeiro, o AYA, era o único não disponível para test drive e concorrerá com Dolphin e Ora 03, apesar de menor, tamanho semelhante a um Chevrolet Onix. Custando a partir de R$124.900 na versão de entrada sem assistentes de condução, tem potencial. O design é questionável, mix de monovolume e crossover, e a autonomia é menor que seus concorrentes, 263 km segundo o Inmetro. Mesmo assim o preço é atrativo.
Na casa dos R$200 mil eis o X, SUV médio com pegada esportiva e moderna. Diferente do hatch, a presença do modelo de 4,68 metros é boa e atrai. Custará entre R$194.900 e R$214,900, com variações nos assistentes, mais uma vez, e no tamanho da bateria. A versão de entrada, 400, tem autonomia de 258 km, enquanto as outras duas, 500, segundo Inmetro, podem rodar até 317 km.
Por último e em um movimento até então inédito, um esportivo de duas portas, o Neta GT. Imponente e harmonioso, o veículo também era figura constante na pista de Interlagos. A disponibilidade para test drive do modelo havia se esgotado rapidamente no site antes do evento. Ainda sem preço definido, é o único do trio em homologação. AYA e X têm previsão de comercialização em setembro e o GT até o fim do ano.
Diversidade e exclusividade
Seguindo pelo espaço, era possível se deparar com alguns robôs, carregadores (de celular e de veículos), food trucks, mais estandes e arenas. Destaque na área de apresentações foi a pista de drift, atrás dos estandes mais ao final da área externa do evento.
Após as fortes emoções a caminhada continuava. Perto da nova pista de habilidades, uma espécie de circuito formado por cones, estavam mais duas estreantes, e chinesas. Pertencentes a Chery, mas lançadas como marcas independentes, tal qual em mercados europeus, Omoda e Jaecoo.
A primeira, de apelo mais jovem e dinâmico, trouxe o híbrido leve 5 e sua versão elétrica E5. O porte é parecido ao rival Jeep Compass, mas com uma caída de teto acentuada e estilo que puxa para um SUV coupe. Já a segunda, com uma pegada mais cúbica e um toque maior de refinamento, apresentou o 7, híbrido plug-in. A qualidade percebida da tríade é boa, nível de equipamento completo e promessa de preços competitivos quando comercializados no início de 2025. A expectativa antes do evento era de início ainda este ano.
Os três modelos estavam disponíveis para teste, porém, foram ofuscados pela outra novata e demais chinesas. Até o último dia haviam horários disponíveis. Mesmo assim, as empresas têm altas expectativas. Investimento de R$200 milhões, rede com 50 concessionárias até o ano que vem, 30 mil vendas anuais, quatro modelos inéditos e intenção de produção nacional.
De frente a pequena plataforma das chinesas, algo cercado de expectativas e história, o estande Museu Automóvel. De longe, a silhueta de dois clássicos já atraia os olhares, e lá dentro, até os menos entendidos sabiam que estavam diante de lendas do mundo dos automóveis.
A iniciativa foi outra novidade da edição 2024, e trouxe raridades do século passado, como o Plymouth Superbird, além do trio de superesportivos Porsche 918, McLaren P1 e Ferrari LaFerrari. No espaço que também contava com um estúdio de tatuagem, fotos e comentários com onomatopeias de espanto eram constantes, seja de crianças ou adultos.
Mais ao fundo, estrategicamente próximos da pista off-road, que era inclusa em todos os ingressos, mas sujeito a disponibilidade no local, estavam estandes de Jeep, Ram, Ford e BYD novamente. A estadunidense Ford levou suas picapes Ranger Raptor e F-150 para o ar livre, com a segunda apresentada inclusive em sua variante elétrica Lightning, futuro lançamento. Enquanto isso, a BYD dedicou seu segundo estande a seu mais novo modelo, a picape híbrida plug-in Shark, primeira com tal motorização no segmento.
Por fim, mas não menos relevante, a Chevrolet esteve no evento. Além de alguns modelos Stock Car espalhados pelo Festival e da nova edição do carro de competição no estande em si, havia outra novidade. Tendo sido anunciada apenas algumas semanas antes, se tratava da Blazer EV, verdadeira estrela do espaço.
Após alguns atrasos por questões no desenvolvimento do software do modelo que marca a chegada de uma nova geração de elétricos na GM, enfim é hora. Haviam três no estande e alguns rodando na pista. De apelo esportivo - conhecido como o SUV do Camaro nos Estados Unidos - cativa pelo design, tanto exterior como interior. O acabamento é ótimo, mas ainda aquém dos rivais na mira da marca no Brasil, BMW iX3 e a nova Porsche Macan. Além disso, fica devendo piloto automático adaptativo e centralização na faixa de rodagem.
De olho no futuro
Em sua terceira edição, o Festival Interlagos Carros mostrou-se mais maduro, e a participação do público e das empresas comprovou a sua consolidação no calendário das quatro rodas. Obviamente, o glamour e as emoções proporcionadas pelo sucessivamente adiado Salão do Automóvel de São Paulo não são as mesmas. Mas isso não é de todo mal.
O local mexe com o imaginário popular e as demandas do público por participação efetiva se cumpriram, apesar de ainda limitada e cara para a maioria. Além disso, as marcas podem, finalmente, vender seus produtos e os custos operacionais são consideravelmente menores, segundo as participantes em suas coletivas de imprensa. Enfim, de alguma forma, ambos os lados são agradados.
O caminho traçado até aqui foi exitoso, apesar de problemas organizacionais e estruturais. Além disso, o futuro parece promissor e a prefeitura de São Paulo, inclusive, confirmou as datas para 2025. Edição Motos acontecerá entre 28 de maio a 1 de junho e Carros de 11 a 15 de junho. Já o Salão, estipulado até então para novembro de 2025, segue em negociações.
Desde o início de maio, explosões solares foram observadas por laboratórios astronômicos de todo o planeta, causando auroras boreais pela Europa. Cientistas afirmam que o ano de 2024 será de atividades solares extremas.
“É o momento que os astrônomos piram”, diz Marcelo Rubinho, um dos astrônomos residentes do planetário de São Paulo. Ele explicou o fenômeno em entrevista à AGEMT.
O que são?
As explosões solares são uma súbita liberação de energia com segundos de duração que acontecem nas manchas solares, regiões ativas um pouco mais frias.
“Por ser fluido, os campos magnéticos do Sol ficam embaraçados e quanto mais embaraçados, mais atividade solares ocorrem. Isso ocorre normalmente a cada 11 anos, mas neste está anormal”, explica o astrônomo.
As linhas destes campos funcionam como tubos para o plasma, composto por partículas, principalmente elétrons. As linhas formam caminho para o material passar de uma região para outra. Assim, o local onde a energia é expelida se torna mais frio e se formam as manchas solares. O Sol se mantém nesse estado até trocar a polaridade a cada 11 anos.
Nestas regiões existe uma concentração de plasma armazenado. Quando há alguma instabilidade nessa região, ocorre a explosão, originando radiação eletromagnética que pode ejetar partículas para o sistema solar.
Como podem afetar a vida na terra?
Nessas explosões, pode ou não acontecer uma ejeção solar. Caso essa liberação de partículas esteja exatamente alinhada à Terra, pode atingir satélites artificiais, causando dano nos painéis solares, interrupção de transmissão de dados, e, na litosfera, alterações no fornecimento de energia, provocando apagões e afetando sistemas de navegação.
“A chance da terra ser atingida é muito pequena pois a ejeção tem que sair na direção da Terra e a Terra tem que esta na linha direta da ejeção”, conta Rubinho.
Porém, as explosões não causam riscos diretos para os seres na Terra devido ao campo magnético, que impede que as partículas extremamente energéticas atinjam os seres vivos. Mas um astronauta que está fora desse campo, por exemplo, e que por algum motivo estaria fora da proteção de sua nave, poderia ter câncer de pele, catarata ou morrer.
Na Terra, essas explosões se tornam perceptíveis com a ocorrência de auroras boreais incomuns no Hemisfério Norte e raras auroras austrais no Hemisfério Sul, como a que aconteceu na Argentina, observada em Ushuaia, no sul do país. No Chile, o fenômeno foi visto na região de Los Lagos e na Patagônia.
Na Europa, há relatos nas redes sociais de aurora boreal na Hungria, na Suíça, no Reino Unido e no norte de Portugal. Já nos Estados Unidos, a aurora boreal foi vista nos estados de Massachusetts, Wisconsin e Flórida.
Atividades extremas
Na primeira quinzena de maio deste ano foram registradas as explosões mais intensas desde 2003.
Uma grande mancha escura na superfície do sol, nomeada AR3664, cresceu e se tornou uma das maiores e mais ativas manchas solares vistas neste ciclo solar.
O fenômeno atraiu atenção dos astrônomos após o Centro de Previsão do Tempo Espacial da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) emitir um aviso de aumento do risco de erupções solares.
Essas atividades são categorizadas por tamanho com letras, sendo a classe X a mais poderosa. Em seguida, existem as erupções da classe M, que são 10 vezes menos poderosas do que as da classe X, seguidas pelas erupções da classe C, que são 10 vezes mais fracas do que as da classe M, e assim por diante.
Acompanhado da letra, há uma escala numérica que vai até 9, para registrar a força da erupção.
Em 15 de maio, a Nasa, agência espacial estadunidense, registrou a explosão mais potente nos últimos 20 anos. Ela foi classificada como X8.7. Apesar de intensa, a atividade aconteceu no lado oeste do Sol, que se encontra em rotação na direção contrária da Terra. Por isso, não é esperado que o fenômeno provoque efeitos no planeta.
Outros fenômenos
Além das tempestades solares, dois meteoros chamaram a atenção dos cientistas recentemente: um que atravessou Portugal e Espanha e outro no Brasil.
Em 19 de maio, uma enorme bola de fogo gerada pela súbita destruição de uma rocha procedente de um cometa sobrevoou a região espanhola de Extremadura e vários distritos do noroeste de Portugal, até se desintegrar sobre o Oceano Atlântico.
Essa rocha atravessou a atmosfera terrestre a uma velocidade de 161 mil km/h. A sua cor esverdeada e azulada indica que a bola de fogo é composta por magnésio.
Outro evento parecido ocorreu na madrugada da última sexta-feira (31). O observatório espacial Heller & Jung, localizado em Taquara, Porto Alegre, registrou a queda vertical de um meteoro sobre o Rio Grande do Sul.
"Este meteoro ingressou na atmosfera a uma altitude de 101,4 quilômetros e se extinguiu sobre o centro do estado na área de Santa Maria a uma altitude de 32 quilômetros", explica o professor Carlos Fernando Jung, responsável pelo observatório, em entrevista ao G1.
Outras atividades espaciais são esperadas ainda para esse ano, como eclipses lunares, chuva de meteoros e lançamentos de missões espaciais.
Na quarta-feira (13), a Agência Pública celebrou seus 13 anos de jornalismo investigativo no Tucarena, em Perdizes, em parceria com o curso de Jornalismo e a Faculdade de Filosofia, Comunicação, Letras e Artes da PUC São Paulo. O evento "Pública 13 anos: O jornalismo na linha de frente da democracia", contou com três mesas de debate ao longo do dia, reunindo nomes ilustres do jornalismo, da antropologia e do clima. A comemoração discutiu temas como a desinformação, a crise climática e a defesa da democracia.
A primeira mesa, com o tema “Desinformação e Populismo Digital”, foi mediada por Natalia Viana, co-fundadora e diretora executiva da Pública, ela também se graduou em Jornalismo na PUC e mencionou a escolha da universidade para sediar o evento. Segundo ela, “a democracia é a cara da PUC”. Como convidadas, juntaram-se à mesa a antropóloga Leticia Cesarino e a pesquisadora Nina Santos para discutir as ondas de desinformação, a regulamentação da inteligência artificial e o poder das big techs e algoritmos nos sistemas de informação.
Ao final da discussão, também foram abertas perguntas ao público. Geovana Bosak, estudante de jornalismo perguntou: "Como você vê o futuro do jornalismo em um ambiente que está cada vez mais dominado pela manipulação dos algoritmos e pela desinformação?"
Nina Santos:
"O jornalismo está passando por um momento de transformação, porque de fato a economia da atenção, que é o rege o funcionamento das plataformas digitais, acaba mudando muito até a forma de acesso das pessoas ao jornalismo. O que a gente vê nas últimas pesquisas é que as pessoas acessam cada vez mais o conteúdo jornalístico através das plataformas. Ao invés de entrar diretamente nos veículos, elas entram nas plataformas digitais, que são espaços de informação e também de entretenimento, e através dessas plataformas que elas acabam se informando sobre o que tá acontecendo, o que é importante, e sobre o quê que elas precisam agir".
A Agência Maurício Tragtenberg esteve presente na primeira mesa de discussão "Desinformação e Populismo Digital", e gravou um vídeo de cobertura. Para conferir, acesse:
https://www.instagram.com/reel/C4icdfIOyQo/utm_source=ig_web_copy_link&igsh=MzRlODBiNWFlZA==
Por Gabriela Figueiredo e Victoria Leal
"Estão criando uma polêmica em algo que a gente já construiu, um sistema que muitas cidades já desenvolvem, que no metrô tem, em vários locais tem, é como se fosse algo muito inovador e na verdade estamos atrasados. São Paulo está correndo atrás de um prejuízo". Ricardo Nunes, prefeito da cidade de São Paulo, sobre o sistema de videomonitoramento Smart Sampa.
O Smart Sampa é o novo sistema de videomonitoramento da cidade de São Paulo, que iniciou, na segunda-feira (7) de agosto de 2023, a instalação de 20 mil câmeras inteligentes de segurança, que integram a tecnologia de biometria facial, com serviços públicos da cidade, para monitoração em tempo real da população.
O sistema funciona unindo informações captadas dos rostos dos cidadãos pelas câmeras de segurança distribuídas pela cidade, com o banco de dados do sistema de segurança pública da região, para identificar, principalmente, pessoas que cometem infrações, mas segundo prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes, a monitoração será utilizada em união com outros órgãos, para identificar possíveis acidentes e chamados voltados para políticas públicas.
O prefeito explicou ainda que “tem que ter mais de 90% de similaridade na biometria facial [para iniciar uma operação de busca] e não teremos a transmissão automática às forças policiais quando for detectado alguém que seja, por exemplo, um procurado da Justiça. Ele vai passar ainda por um comitê integrado à Controladoria Geral do Município para a análise antes do envio”.
A decisão do consórcio que cuidará do sistema passou por um pregão eletrônico, que contou com a participação de 12 empresas, em que o contratado foi o Consórcio Smart City SP, formado pelas empresas CLD – Construtora, Laços Detentores e Eletrônica LTDA, Flama Serviços LTDA, Camerite Sistemas S.A. e PK9 Tecnologia e Serviços LTDA, com previsão de instalação das câmeras em 18 meses, por um custo mensal de R$ 9,8 milhões.
HISTÓRICO
O sistema de videomonitoramento já tem seu histórico no Brasil, com instalações no Rio de Janeiro e Bahia. Em uma pesquisa publicada em novembro deste ano, pela Rede de Observatórios da Segurança - grupo criado em maio para coletar indicadores que não são divulgados oficialmente - de março a outubro, foram detidas 151 pessoas com o uso de tecnologias de reconhecimento facial, sendo 52% dos casos na Bahia, 37% no Rio de Janeiro e 7% em Santa Catarina.
A organização não oficial levantou os dados usando reportagens de veículos de imprensa, páginas das polícias e de outras organizações e órgãos nas redes sociais. Ainda, segundo a pesquisa, o perfil das pessoas presas segue a tendência da população carcerária, sendo 90% das pessoas negras, 88% homens, com idade média de 35 anos e com abordagens por tráfico de drogas e roubo.
E é aqui que o histórico passa a ter seu contrapeso na implementação da tecnologia. Em um primeiro teste executado durante os quatro dias de Micareta, em Feira de Santana, Carnaval fora de época que acontece no município próximo a Salvador, mais de 1,3 milhão de pessoas tiveram seus rostos captados e 903 chamados foram gerados, mas apenas 33 mandados de prisão foram cumpridos.
No Rio de Janeiro, uma mulher e um homem foram detidos por engano em Copacabana, em julho, com acusação de homicídio, em que, no processo de investigação do caso, foi descoberto que a procurada já estava na prisão havia 4 anos.
A professora do Programa de Tecnologias Inteligentes e Design Digital (TIDD) PUC SP, Dora Kaufman, explica que "o reconhecimento facial é uma das aplicações da técnica de aprendizado de máquina, subcampo da inteligência artificial", a aplicação serve para diversas atividades, desde reconhecimento de imagens em pesquisas no Google até biometria facial, em que o algoritmo aprende com base exemplos extraído de dados.
No caso da biometria facial, um dos obstáculos é processo de reconhecimento do rosto, que não chega à precisão completa. O cálculo acontece a partir da distância entre alguns pontos do rosto e comparação com o banco de dados. Quando um certo grau de semelhança é emitido, o alerta é direcionado.
A professora ainda aponta que “existem estudos de ONGs indicando que mais de 20 secretarias de segurança de cidades brasileiras estão usando esses sistemas, com falhas significativas. O problema é alguém ser reconhecido equivocadamente, ou seja, ser preso sem ter incorrido em nenhum crime simplesmente porque o sistema falhou”.
O CICLO SE REPETE
Com 90% de identificação da população preta em alvo do sistema e uma das maiores porcentagens da instalação de câmeras na zona mais rica da cidade - 3.300 câmeras na região central, 6 mil na Zona Leste, 3.500 na Oeste, 2.700 na Norte e 4.500 na Sul -
Amailton Azevedo, professor do Programa de Estudos Pós-graduados em História e do Departamento de História da Faculdade de Ciências Sociais da PUC-SP, aponta que "trata-se de outros mecanismos para renovar e sofisticar o racismo made in Brazil. Se há a tese de que considera o racismo brasileiro se manifesta de modo silencioso e velado, de outro, pode-se defender que políticas de segurança como essas tornam explícitas as soluções brancas para problemas negros e mestiços".
O prefeito Ricardo Nunes afirmou ainda que “quem tem que estar preocupado é quem fez alguma coisa contra a lei, mas quem não tem nada contra a lei, fique despreocupado. Alguém que fez algo contra a lei, alguém que traz transtorno para a sociedade, acho que essas pessoas têm que estar preocupadas”.
Em uma alusão com o mundo real, o anime japonês “Psycho-Pass” mostra, ainda no primeiro episódio, como o sistema de monitoramento por inteligência artificial pode ser falho a ponto de pôr em risco a vida da população que “não tem nada contra a lei”. O episódio apresenta um medidor de “potencial de criminalidade”, monitorado pelo Estado, que após atingir certos estágios, pode levar a prisão ou execução.
Após sofrer um trauma por tentativa de abuso, a personagem vítima tem seu psycho-pass elevado a nível de execução, mesmo sem nunca ter apresentado qualquer sinal natural do “potencial de criminalidade”.
Sendo 90% de potencial de identificação do sistema de monitoramento ou 90% dos alvos sendo pessoas pretas, a falta de precisão do Smart Sampa e de qualquer outro sistema vira mais um agravante para um problema estrutural da sociedade.
IMAGEM DE CAPA: Reprodução Portal Outras Palavras