Por Stefany Santos (texto) e Marcela Rocha (audiovisual)
O Parque da Ciência e Tecnologia (CienTec) seria um local de fácil acesso igual aos outros próximos de sua localização na maior região de mata da cidade de São Paulo como o jardim botânico e o zoológico de São Paulo, seria se não fosse a falta de informação e de placas indicando a chegada até o local, quase ninguém sabe dá uma informação sobre o espaço, que só tem um simples totem em uma avenida indicando o parque.
Na entrada do CienTec há um portão verde com grades, fechadura com correntes que dão voltas para proteger o portão. Ao lado do portão tem um pequeno espaço de abrigo onde fica o segurança aguardando os visitantes do parque e que pede para quem chegar a assinar a lista de presença e seguir as linhas amarelas, linhas essas que já estão quase apagadas pela poeira do dia-a-dia, devido ao tempo. Ao seguir as linhas observa-se um hipnotizante local do espaço geofísico, com réplicas de planetas do sistema solar e um enorme edifício branco ao final do caminho, em que estavam 3 voluntários estudantes aguardando os visitantes para guiá-los. Vestindo coletes azuis, os voluntários se apresentam como Gabriel, Mariana e Maria, todos da Universidade de São Paulo (USP).
Anos atrás, o local que hoje se apresenta como Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade de São Paulo, em 1932 era o Instituto Astronômico e Geofísico da USP, anteriormente localizado na Av. Paulista, que por conta dos tremores e ondas emitidas pela movimentação de pedestres, dos bondinhos e carros, acabou sendo mudado para uma região mais afastada do centro da cidade. Antes disso, a área era utilizada para plantio de café como propriedade de diversos fazendeiros, inclusive com parte do território pertencendo à Fazenda do Estado. Hoje o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas está na Cidade Universitária da USP do Campus Butantã, o atual Parque CienTec teve seus prédios tombados como Patrimônio Arquitetônico e a área verde de conservação foi identificada como Parque Estadual das Fontes do Ipiranga (PEFI), comportando para além do CienTec, também o Zoológico e o Jardim Botânico de São Paulo.
De acordo com o professor e Doutor em física pela Universidade de São Paulo, Mikiya Muramatsu, também coordenador da exposição, em 2007 quando o projeto surgiu a ideia inicial era fazer exposições móveis que percorressem todos os parques da cidade, o que funcionou por longo período, passando pelo Parque da Juventude, Parque do Ibirapuera etc. Agora fixas, as exposições estão instaladas no Parque CienTec por tempo indeterminado.
Os artefatos das exposições são em sua maioria interativos. O público pode tocar e se envolver com os objetivos, com formas de trazer conhecimento científico a partir de atividades lúdicas. Em sua maioria, as mostras são seccionadas em óptica, física e paleontologia. Na seção de paleontologia, as réplicas de fósseis de crânio de dinossauros têm tamanho adequado para pessoas de diferentes idades poderem interagir. Os moldes são feitos em gesso e acompanham as especificidades de cada espécie, como as fossas ósseas cranianas e as diferenças no formato da mandíbula e dos dentes. De acordo com os especialistas paleontólogos, os dentes em formato pontiagudo, semelhante a uma faca, provavelmente pertenciam aos grupos de dinossauros carnívoros e ajudavam a cortar e triturar a carne, encontrados normalmente em crânios grandes.
Fósseis de dinossauros na seção de Paleontologia / Foto: Marcela Rocha
Os dentes retos e de crânio pequeno em relação ao restante do esqueleto corporal, que ao abocanhar tem-se a visualização de uma dentição semelhante a grades, pertenciam a dinossauros herbívoros, servindo para prender as plantas e folhas entre os dentes, facilitando a mastigação e a deglutição. Já os crânios com focinho alongado e dentes que contam com estruturas semelhantes a pequenas serras em cada um, pertenciam a dinossauros que se alimentavam sobretudo de peixes, sendo o focinho alongado adaptado para caçar em ambiente aquático (como fazem as atuais garças, pelicanos e flamingos, por exemplo). Todos os fósseis contam com folha explicativa de informações a respeito do contexto em que foram encontrados, datação, tamanho do indivíduo e informações sobre as espécies.
Na sala de óptica, a baixa iluminação marca presença. O ambiente conta com artefatos luminosos fluorescentes e objetos com pintura em espiral que provocam a ilusão do movimento. Os objetos hipnotizam sobretudo as crianças, por suas cores e sons diferentes. O professor de física Mikiya Muramatsu explica que a imagem que vemos através de nossos olhos demora um décimo de segundo para chegar ao nosso cérebro. Sendo assim, o cérebro recebe a informação da imagem, e ao olharmos para outra imagem rapidamente, o cérebro pode ainda estar acostumado com a imagem de um décimo de segundo atrás. Dessa forma ocorrem as brincadeiras de ilusão de óptica e sensação de hipnose exploradas na exposição.
Criança brinca com artefatos interativos da mostra/Foto: Marcela Rocha
Os dinossauros refletem a nós uma lição, em mostrar que não podemos deixar a terra ser destruída novamente. Um voluntário do parque, Marcos Felipe, formado em artes plásticas na FAAP e atualmente estudante de licenciatura em geociência ambiental na USP conta que se continuarmos sem cuidar do meio ambiente, assim como os dinossauros foram destruídos nós também seremos, demonstrando a importância e necessidade de tratar de questões ecológicas.
Artefatos e itens interativo
Para ir ao parque não é necessário realizar inscrição prévia, basta comparecer de segunda-feira a sábado das 9h00min às 16h00min, com entrada gratuita.
As redes sociais mudaram profundamente a maneira como as pessoas se relacionam no mundo real e virtual. Com esse crescimento das mídias nos últimos 15 anos, surgiram diversos produtores de conteúdos que se tornaram verdadeiras personas, mostrando aos seus seguidores uma “vida perfeita”, quando na realidade o que se passa no dia a dia é totalmente diferente do que é mostrado no Instagram, por exemplo. Infelizmente, esse é um fenômeno que tem crescido muito nessa era digital e acabou se tornando algo mais comum do que o esperado.
Plataformas digitais como Twitter, TikTok e Instagram são grandes palcos virtuais onde as pessoas podem exibir suas vidas da maneira que quiserem para que outros vejam. Os influenciadores têm um papel decisivo para esse ideal utópico onde tudo é lindo e maravilhoso. Através de fotos e vídeos com filtro, legendas muito bem elaboradas e com toda uma equipe por trás pensando em cada detalhe do perfil, a internet se tornou um ambiente fora da realidade que vivemos.
Uma linha do tempo em relação à produção e venda de conteúdo pessoal na internet pode esclarecer um pouco como chegamos até aqui: no final da década de 2000 e início da década de 2010, o YouTube começava a se destacar como uma soberana plataforma digital de vídeos. Como tudo ainda era ‘pouco explorado’, não existia um manual de comportamento a ser seguido pelos youtubers. Dessa maneira, muitos começaram a ter destaque publicando as próprias vidas de maneira quase literal. Por meio de vídeos opinativos, vlogs diários de rotina, transmissões jogando videogames ou até mesmo gravações de turismo, os conteúdos eram autênticos e espontâneos. Nas mídias de texto e imagem, o Facebook e o Twitter eram encarregados desse papel; enquanto o primeiro era mais elaborado, com portais de debates, compartilhamento de ideias e notas bem escritas, o segundo assumia um formato mais leve, com tuites curtos e diretos e uma proposta mais cômica.
Em entrevista para a AGEMT, a psicóloga e neurologista Eliane Duek falou sobre esse panorama: “Na primeira era digital das redes sociais, cada pessoa foi ‘jogada’ em um universo até então quase desconhecido e o conceito era trazer a pessoa da esfera material para o ambiente virtual. Por isso, a esmagadora maioria tanto dos usuários quanto dos primeiros produtores de conteúdo enxergaram uma possibilidade de apresentar suas vidas das mais diversas maneiras para que os outros pudessem assistir e comentar. Ali era criado um ambiente que tentava emular a vida real da maneira mais realista possível”, diz Duek.
No entanto, tudo começou a mudar com a ascensão do Instagram por volta de 2015, quando a rede de fotos começou a chamar à atenção do mundo. As legendas com hashtags compartilhadas já começavam a demonstrar um certo padrão (quem não se lembra do ‘Partiu!’) e as fotos já buscavam algum tipo de reconhecimento estético. “A grande questão do Instagram é que o fato do conteúdo ser transmitido principalmente em fotos ao invés de vídeos falados ou palavras escritas já tira um pouco da naturalidade e da espontaneidade do momento. Desde que os primeiros instrumentos de fotografia foram inventados, as imagens são pensadas e produzidas de certa maneira; a pessoa pensa no conteúdo que vai ser produzido antes de criá-lo. Além disso, com um maior número de cadastros, cada usuário começa a se sentir mais vigiado e, consequentemente, vulnerável, muitas vezes relutante em postar algo pessoal ou informal devido ao grande número de visualizações por amigos e familiares”, explica a psicóloga.
Mais recentemente, o Instagram criou os Stories, que consistem em vídeos ou fotos de pequena duração que ficam expostos por 24 horas a fim de que os usuários apresentem mais das suas próprias vivências ao invés de postar apenas o que é produzido. Mesmo assim, muitos famosos enxergaram nessa nova ferramenta um espaço para anúncios, propagandas, e mais interação com assinantes através da interpretação de um ‘personagem’. Para incrementar ainda mais a era volátil, nasceu o chinês TikTok.
Com o início da pandemia de Covid-19, o TikTok se tornou a rede social mais utilizada no planeta, trazendo vídeos curtos sobre os temas mais variados para diversos grupos de usuários. Esse aplicativo viralizou com produções que de fato vinham para apresentar o cotidiano da pandemia, as dificuldades (algo frequentemente escondido nessa era de padrões) e os reflexos do isolamento social. Porém, as famosas trends, correntes de repetição de algum vídeo popular ao redor da plataforma por milhões de usuários, surgiram e cresceram exponencialmente como um reflexo desse novo período no qual os produtores se adaptam às modas mais consumidas pelos fãs para viralizarem na plataforma.
“A internet está atravessando um momento que podemos definir como ‘era do algoritmo’. O reconhecimento e o sucesso nas redes sociais pode ser conseguido se o produtor de conteúdo consegue fazer uso das chaves de cada algoritmo; alguns conteúdos são mais divulgados do que outros, até mesmo por vontade do público consumidor. Aqueles que entendem a maneira de agir, o comportamento nos vídeos, as fotos postadas ou o conteúdo apresentado que rendem mais visualizações e likes conseguem se destacar e alavancar a própria carreira rapidamente”, afirma Duek.
Ela completa: “Um ponto negativo em relação a isso é que os grandes produtores estão deixando de ser reconhecidos por trabalhos autorais, pelas próprias ideias e até mesmo pela própria vida. Muitos youtubers que vendiam o seu dia-a-dia em geral para os fãs, hoje se rendem a trends, roteiros prontos e personagens que em nada lembram as características da própria pessoa”.
Esse comportamento acaba gerando uma dualidade ‘pessoa-personagem’ que acaba transportando essa metodologia até mesmo para outros espaços. Um exemplo é o youtuber Felipe Neto; relatos de fãs e até mesmo amigos afirmam que nos últimos anos, o influenciador age e se comporta de maneira diferente durante o seu cotidiano e até mesmo nos espaços sociais particulares devido a um processo de adaptação que sofreu em suas redes sociais desde 2017. As figuras públicas pensam em tudo antes de fazer um post ou um story, e escolhem cuidadosamente os momentos que devem ou não ser mostrados para a grande massa. Isso cria uma imagem de que todos os momentos vividos vão ser extraordinários, mas infelizmente a vida não é assim. Esse exagero é terrível para quem o acompanha nas redes, porque causa uma pressão desnecessária por uma perfeição que nunca vai ser atingida.
"A busca pela excelência tem consequências significativas para a saúde mental de quem quer atingir esse nível imaginário. A constante comparação entre o fã e o famoso que vemos online pode levar à ansiedade, depressão e baixa autoestima. Muitas pessoas se sentem inadequadas diante das imagens de felicidade constante e sucesso que inundam suas redes. A pressão social para manter essa imagem perfeita online pode ser avassaladora. Além disso, ela pode resultar em uma busca incessante por aprovação e validação em forma de curtidas e comentários, em vez de construir conexões significativas com outros", ressalta Duek.
Outro aspecto crítico é o papel do cyberbullying e da intimidação nas redes sociais, que pode ter repercussões devastadoras na saúde mental das vítimas. O anonimato proporcionado pela internet, frequentemente causa gatilhos e comportamentos prejudiciais, resultando em danos psicológicos graves e, em alguns casos, desfechos trágicos. "É importante ressaltar que a vida perfeita do Instagram é frequentemente uma ilusão; por trás das imagens brilhantes e estilizadas, há uma vida real, repleta de desafios e com muitos altos e baixos em diversas ocasiões", diz Duek.
As redes sociais mostram o que as pessoas escolhem compartilhar, mas raramente revelam os momentos difíceis e as imperfeições. Quando a tempestade chega, com notícias e fatos ruins acontecendo, o público não vê porque os “personagens” não ganham nada mostrando esse tipo de conteúdo. As pessoas que se tornaram "personagens" nas redes sociais são um reflexo da era digital em que vivemos. Elas exploram as possibilidades de se expressar, conectar-se com outros, apenas no intuito de alcançar seus objetivos pessoais e profissionais. No fim, o mais importante é entender que o conceito de ‘vida’ apresentado pelos produtores de conteúdo digital já deixou de ser algo realista e natural há muitos anos, e hoje em dia não há mais motivos para se espelhar no ‘ídolo do YouTube’ ou ‘naquele tiktoker que viaja o mundo inteiro’ para qualquer tipo de projeto pessoal. Compreender isso é um passo que torna a relação do usuário com as redes sociais em uma aproximação muito mais saudável.
A partir do século 21, o algoritmo passou a ser utilizado para definir uma sequência de ações que devem ser executadas para conseguir resolver um problema. O termo ganhou maior relevância com o desenvolvimento da tecnologia e das máquinas. Ele está por trás de todos os processos executados pela máquina e tem a capacidade de resolver problemas complexos em frações de segundos. Porém, para um computador seguir um algoritmo, alguém precisa programá-lo, isto é, “dizer” a ele as instruções a serem seguidas. No início da computação, pelos idos de 1965, a programação era manual e envolvia trocar os cabos de lugares a cada operação que o computador tinha que executar.
Hoje, os algoritmos são escritos em códigos, ou seja, a sequência de instruções para chegar a um resultado concreto é escrita em uma linguagem de programação. Além de ordenar, organizar e processar grandes quantidades de dados, os algoritmos também podem dar aos computadores a habilidade de aprender com eles, fazer previsões e tomar decisões. Isso é o que chamamos de “Machine Learning” ou “aprendizado de máquinas”.
Machine Learning (ML) é um subcampo da inteligência artificial que visa resolver problemas mais complexos, dos quais os programadores ainda não têm um conhecimento tão amplo. A cada interação do usuário com a máquina, ela passa a aprender sobre o que recomendar ao usuário ou não, testando uma possibilidade enorme de cenários, até escolher o que se ajusta melhor ao gosto do humano. Com essa informação, ela tenta prever o que você pode querer ver no futuro. Após isso, ela aguarda a sua resposta para saber se acertou ou não (um click em um vídeo recomendado, por exemplo) e aprender mais uma vez. Quanto mais dados recebe e processa, mais sofisticado fica o algoritmo, mais preciso ele consegue se tornar. Esse mecanismo não se resume à facilitação do dia a dia das pessoas. A tecnologia ML é considerada a solução ideal para a redução de custos, a melhoria dos processos corporativos e o aumento da qualidade de entregas.
O sucesso do Machine Learning se dá principalmente pela melhoria da identificação do cliente (ser humano) com a máquina. Dessa forma, é possível garantir uma melhor experiência tanto de compra quanto de interação. E é exatamente por isso que ter conhecimento aprofundado nessa tecnologia permite ao profissional estar em uma posição privilegiada no mercado. Os benefícios dessa solução se estendem também a outras esferas do cotidiano. Quem nunca se sentiu “vigiado” pelo seu próprio aparelho celular ou notebook? Desde um pedido de delivery de comida até uma sugestão de série por parte de uma plataforma de streaming, as máquinas conseguem armazenar dados visando uma experiência mais personalizada do consumidor através de suas preferências com base no seu próprio histórico. Isso pode ser observado também nas redes sociais, especialmente em uma das que mais estão em alta nos últimos anos: o Tik Tok. Muitos usuários relatam constantemente que a página “For you” ou “Para você” seleciona justamente vídeos baseados em outros conteúdos que foram consumidos com frequência anteriormente. Não só isso, mas também as interações, como curtidas, comentários e compartilhamentos, também são “supervisionados” pela plataforma, que busca identificar padrões estratégicos para assim oferecer a “experiência perfeita” ao usuário - o que consequentemente aumenta a lucratividade de empresas, já que os processos são mais ágeis e otimizados. O aprendizado das máquinas é uma parte essencial da inteligência artificial, que é fazer com que máquinas ou sistemas possam imitar comportamentos humanos ou aprender a resolver problemas. No entanto, também possui um lado problemático, os algoritmos se alimentam dos nossos dados e nos mostram só o que eles consideram que queremos, pode criar uma bolha que distorce ou nos dá uma visão parcial da realidade, reforçando a nossa visão de mundo. Um outro ponto que deve ser levado em consideração, é que assim como nós, os algoritmos podem ser enviesados de acordo com a sua educação.
Para o engenheiro de dados Gilberto Almeida, e entrevista à AGEMT, "o ML traz muitos benefícios. Com certeza todos os algoritmos de Machine Learning nos trazem benefícios a longo e a curto prazo, eu acredito que o Machine Learning ainda vai evoluir muito, e isso vai ajudar o mundo a ter excelentes resultados”, diz Almeida, que não acredita que a técnica pode evoluir tanto a ponto de substituir os humanos, porém trabalhar em conjunto para alcançar um melhor resultado.
“Isso é um tipo de pensamento que as pessoas têm atualmente, porém eu discordo totalmente. A interação com o ser humano sempre vai existir. Os algoritmos de ML somente vão nos ajudar a ter uma análise preditiva, uma visão mais detalhada sobre as análises dos dados e principalmente sobre a tomada de decisão. Imagine só, um médico pronto para fazer uma cirurgia , um tratamento extremamente arriscado, onde ele pode obter a ajuda de um algoritmo de ML para tomar a melhor decisão na hora do procedimento. Ou seja, sempre precisaremos ter um médico para efetuar o procedimento, e o ML te ajudará a tomar a melhor decisão naquele momento, ou seja, isso não significa substituição, e sim uma grande ajuda”.
Em 2014, a empresa estadunidense Nike criou uma campanha como marketing para a Copa do Mundo (torneio mais importante de futebol, que ocorreria naquele ano) com o slogan “Arrisque tudo”. O intuito da marca, além de promover seus produtos através de comerciais bem produzidos, era de passar uma mensagem inspiradora ao público de que, mesmo nas adversidades, lidando sob pressão e em momentos difíceis, quem ousar e arriscar mais tende a se sair melhor diante de tais problemas e consegue conquistar o mundo.
E por meio de uma animação em 3D chamada “O Último Jogo”, lançada mundialmente no dia 9 de Junho daquele ano - três dias antes para o início da Copa - a Nike pegou alguns dos principais jogadores do mundo que representavam a marca, que no caso foram: Cristiano Ronaldo (CR7), Neymar Jr, Zlatan Ibrahimovic, Wayne Rooney, Andrés Iniesta, David Luiz, Franck Ribéry, Tim Howard e uma participação especial do ex-jogador Ronaldo “Fenômeno”. Todos esses atletas tinham o objetivo de ganhar uma partida de futebol contra seus próprios clones perfeitos, todos criados por um gênio cientista, na crença que o uso da racionalidade dos seus robôs trazem mais resultados do que a criatividade dos jogadores humanos.
Nesta realidade, o futebol virou um esporte de estatísticas e de movimentos práticos e objetivos. Sem dribles e jogadas arriscadas que são a essência do esporte mais famoso do mundo, o transformando em algo chato de ser assistido. Os jogadores ao enfrentarem essa nova realidade, foram forçados a se aposentarem ou buscarem outro estilo de vida, e de forma humorada, a animação retratou como seria a vida das principais estrelas fora do mundo da bola. Neymar e David Luiz viraram cabeleireiros, Ibrahimovic um vendedor não tão bem sucedido de livros e Cr7 optou por trabalhar como manequim de lojas de roupas. Uma maneira descontraída de apontar o desemprego causado pelas máquinas.
Até que o personagem de Ronaldo entra em cena para salvar o futuro do esporte e as carreiras dos principais atletas em uma partida decisiva, na qual um único gol resolveria se os clones continuariam, ou não, no futebol. E por meio de improvisos, uso da técnica e habilidade nos pés, a imaginação humana se sobressaiu diante das máquinas, tornando os atletas vencedores. Acesse o link abaixo, para assistir o comercial
Tecnologia no futebol
Puxando para o mundo real, a ciência mudou o cenário futebolístico e o desempenho dos atletas. Hoje em dia, grande parte das instituições investem alto em tecnologias como, mapas de calor, aparelhos altamente tecnológicos que apontam o desempenho do jogador durante uma partida ou treino, além de máquinas que progridem na performance pessoal.
Em entrevista a AGEMT, o ex-jogador da base do Boa Esperança, Guilherme Gomes, 18 anos, foi perguntado se a tecnologia veio para ajudar o esporte ou para atrapalhar. “Ela veio pra ajudar, porém por a gente ter ficado muito tempo e ter se acostumado com o futebol sem ela, a gente acaba estranhando, porém podemos dizer que ela deixa o futebol mais regrado. Nunca vai agradar a todos, mas eu acho que ela tem ajudado muito’’, diz Gomes.
Podemos resumir os objetivos das soluções tecnológicas como expandir as capacidades humanas e trazer melhorias concretas às nossas vidas. A tecnologia pode superar nossas limitações em todos os campos. É assim que a inovação entra nas mais diversas áreas e âmbitos da vida humana. O objetivo é fornecer um atalho, uma maneira mais curta e eficiente de resolver problemas clássicos.
Nos esportes, é necessário alto desempenho. O foco é treinar o corpo humano para obter melhores respostas em termos de flexibilidade, precisão, força, energia, velocidade, etc., o que propiciou a vitória em competições de alto nível. Portanto, cada bit conta. O ser humano ainda está limitado ao que seus olhos podem ver, analisando em um ritmo natural e lento. Em alguns casos, simplesmente não é possível garantir a atenção a todos os aspectos.
A tecnologia desportiva pode realçar a essência de quem somos como seres humanos. Por outro lado, podemos pensar no desporto como um jogo com regras fixas e claras, acordadas por todas as partes. Estas regras definem o que é justiça neste contexto. Nesse sentido, a tecnologia também visa ajudar no cumprimento das regras e garantir a harmonia no ambiente de jogo. Isso facilita o surgimento de questões disciplinares envolvendo a equipe e o jogo em si.