O estigma associado a pessoas em situação de vulnerabilidade social
por
Mayara Pereira
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23/06/2025 - 12h

Esse trabalho tem a função de ampliar a visibilidade da população em situação de rua por meio de informações, quebra de estigmas, leis e entrevistas com quem vive nessa situação de vulnerabilidade. 

https://medium.com/@mayaramay838

Um lugar onde a leitura também é um gesto de resistência
por
Nicole Domingos
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16/06/2025 - 12h

A literatura sempre foi um território de disputa simbólica, um espaço onde narrativas dominantes se impõem, mas também onde vozes dissidentes encontram brechas para existir. No caso da literatura LGBTQIAPN+, essas brechas são preciosas. O site palavras em trânsito, feito por Nicole Domingos, trata exatamente disso, desses pequenos espaços que já existiram e que existem hoje. É um lugar dedicado ao estudo, à crítica e à celebração da literatura LGBTQIAPN+.

Ao longo do site, vamos tratar especialmente sobre os corajosos que escrivam e gritavam dentro de deus próprios livros, ainda que estivessem dentro dos períodos de repressão, como a ditadura militar brasileira — esses autores utilizaram a palavra como forma de resistência.

A literatura não apenas narra experiências — ela reescreve a história a partir de corpos e afetos antes excluídos. Ela cura feridas simbólicas, questiona heranças opressoras e cria novos imaginários de existência. Ao nos colocar diante de personagens que amam, sofrem, resistem e sonham fora da norma, ela nos lembra de algo fundamental: toda existência merece ser narrada. E lida.

Para acessar esse mundo, basta clicar no link abaixo:

https://literatura-lgbt.my.canva.site/

 

 

Site Entrelinhas: em meio a arranha céus e vielas a natureza vai escorrendo
por
Vítor Nhoatto
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16/06/2025 - 12h

Apesar de viver-se um tempo de emergênciua climática e sentir seus efeitos na prática, nem todos são afetados da mesma forma. Para isso se dá o nome de racismo ambiental, tema central do novo site Entrelinhas. Idealizado e produzido pelo aluno de jornalismo, Vítor Nhoatto para a disciplina de Jornalismo Contra-Hegemônico, conta com a orientação da professora e doutora Anna Flávia Feldmann.

O projeto se desenvolve ao longo de uma série de quatro reportagens, que contam com entrevista de especialistas de norte a sul do Brasil e relatos de quem sente na pele o peso de viver em uma sociedade que precisa de mudança. É proposto um espaço de letramento racial e ambiebtal, baseado em dados e fatos, que muitas vezes são ofuscados pelos outdoors, ou ignoados por empresas e governos.

Com uma linguagem que se aproxima do dia a dia do leitor, o site ainda conta com reportagens especiais desenvolvidas pelo estudante, demonstrando como tudo está interligado. E para saber mais sobre as entranhas ambientais, é só acessar o Entrelinhas pelo link abaixo:

https://entrelinhasambiental.my.canva.site/

Com um compilado de quatro reportagens, textos trazem diferentes perspectivas sobre o tema
por
Nathalia de Moura
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16/06/2025 - 12h

O site Donas da Bola, idealizado por Nathalia de Moura para a disciplina de Jornalismo Contra-Hegemônico, lecionada pela Professora Doutora Anna Flávia Feldmann, visa, a partir de dados, imagens, entrevistas e diferentes perspectivas, mostrar a desvalorização do futebol feminino, além de impulsionar e dar voz à luta e às atletas.

Com um compilado de quatro reportagens, o primeiro texto contextualiza historicamente o futebol feminino, trazendo o olhar de Renata Beltrão, Mestre em Museologia e Coordenadora de Comunicação do Museu do Futebol. O segundo texto aborda a realidade das categorias de base feminina de clubes brasileiros. Com depoimentos das atletas Laryssa Lourenço e Giovanna Holanda, temos um panorama das equipes jovens e o sentimento das jogadoras perante a realidade enfrentada.

A terceira reportagem foca na cobertura jornalística na modalidade feminina, os desafios enfrentados e o que pode ser feito para melhorar, tudo isso com a ajuda da Jornalista do jornal Lance!, Juliana Yamaoka. Na quarta e última reportagem, uma entrevista com a goleira do Corinthians, Kemelli Trugilho, mostra um panorama do futebol profissional feminino e a situação dos clubes da elite brasileira, além das medidas que podem ser tomadas para alavancar e valorizar o esporte.

Para acessar as reportagens, basta clicar no link a seguir: https://donasdabola.my.canva.site/

A Republica Democrática do Congo - herança colonial em meio a sangue e cobalto.
por
Pedro Bairon
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16/06/2025 - 12h

 

“Da borracha à maçã” é um documentário que traça a longa linha de continuidade entre a violência colonial imposta ao Congo e os horrores da guerra civil que ainda hoje assombram o país. A partir da exploração genocida promovida pela Bélgica no século XIX, o filme revela como as feridas abertas pelo colonialismo jamais cicatrizaram — apenas se transformaram em novas formas de conflito, exclusão e disputa por poder.

O documentário mergulha nas causas históricas e étnicas da guerra civil congolesa, dando atenção especial à tensão entre tutsis e hutus, grupos marcados por rivalidades que ultrapassam fronteiras e carregam os traumas do genocídio em Ruanda. A entrada de milícias hutus no leste do Congo após 1994, e a resposta armada dos tutsis, reacenderam conflitos internos, arrastando a população civil para o centro de uma guerra prolongada, brutal e muitas vezes esquecida pelo olhar internacional.

“Da borracha à maçã” não é apenas um registro de tragédias; é uma crítica à forma como a história se repete quando as raízes da violência são ignoradas. Mostra que o mesmo sistema que arrancou borracha das florestas a golpes de chicote, e que hoje arranca cobalto das minas congolesas, deixou um legado de instabilidade, impunidade e sofrimento. Um chamado à memória e à justiça, diante de um conflito que não começou nos anos 1990 — mas sim nos porões do colonialismo europeu

 

Duração: 26:10 

Autor: Pedro Bairon 

Para visualizar o documentário acesse o link:  

.https://youtu.be/kqtTs-vZCwo

Sem mencionar os pedidos de impeachment de Bolsonaro, Arthur Lira tece críticas ao presidente, mas apresenta tom apaziguador
por
Letícia Coimbra
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08/09/2021 - 12h

       Em sua primeira manifestação após os atos com ameaças golpistas, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, preferiu não mencionar o nome de Jair Bolsonaro  ao criticar sem muita vontade os ataques nos discursos do 7 de setembro. Lira disse não haver mais espaço para “radicalismos”, não podendo admitir “questionamentos sobre decisões tomadas [pelo legislativo] e superadas, como a do voto impresso. Uma vez definida, vira-se a página”,  disse. O deputado também argumentou que “é hora de dar um basta à essa escalada, em um infinito looping negativo. Bravatas em redes sociais, vídeos e um eterno palanque deixaram de ser um elemento virtual e passaram a impactar o dia a dia do Brasil de verdade”. 
      Foi o máximo de que o presidente da Câmara dos Deputados indicado por Bolsonaro foi capaz. A partir dali, manteve tom apaziguador, alegando que a Câmara está “aberta a conversas e negociações”, apresentando-a como “motor de pacificação”, e reiterou:  “na discórdia todos perdem”.
      Por fim, sem menção aos pedidos de  impeachment do presidente Bolsonaro, Lira declarou: “O único compromisso inadiável e inquestionável que temos em nosso calendário está marcado para 03 de outubro de 2022 com as urnas eletrônicas, é nas cabines eleitorais, com sigilo e segurança, que o povo expressa sua soberania.”
       Mais de cento e trinta pedidos de impeachment contra Jair Bolsonaro já foram protocolados na Câmara. Ao presidente da casa cabe a função constitucional de decidir se dá início ao processo ou não. Agora, a pressão para acolher um desses pedidos deve aumentar, com a adesão de partidos de centro-direita que se reúnem hoje e nos próximos dias com a missão de decidir de que lado da histórica ficarão.
 
      Leia a íntegra: 
      “Diante dos acontecimentos de ontem, quando abrimos as comemorações de 200 anos como nação livre e independente, não vejo como possamos ter ainda mais espaço para radicalismo e excesso. Esperei até agora para me pronunciar, porque não queria ser contaminado pelo calor de um ambiente já por de mais aquecido. Não me esqueço um minuto que presido o poder mais transparente  e democrático.
      Nossa casa tem compromisso com o Brasil Real,, que vem sofrendo com a pandemia, com o desemprego e a falta de oportunidades. Na Câmara dos Deputados aprovamos o auxílio emergencial e votamos leis que facilitaram o acesso a vacinação. Avançamos na legislação que permite a  criação de mais emprego e mais renda. A Casa do Povo seguiu adiante com as pautas do Brasil, especialmente as reformas. Nunca faltamos para com os brasileiros. A Câmara não parou diante de crises que só fazem o Brasil perder tempo, perder vidas e perder oportunidades de progredir, de ser mais justo e construir uma nação melhor para todos.
      Os poderes têm delimitações, o tal quadrado deve circunscrever seu raio de atuação. Isso define respeito e harmonia. Não posso admitir questionamentos sobre decisões tomadas e superadas, como a do voto impresso. Uma vez definida, vira-se a página, assim como também vou seguindo o direito dos parlamentares à livre expressão – e a nossa prerrogativa de puni-los internamente, se a casa, com sua soberania e independência, entender que cruzaram a primeira linha. Conversarei com todos, e com todos os poderes. É hora de dar um basta à essa escalada, em um infinito looping negativo.
      Bravatas em redes sociais, vídeos e um eterno palanque deixaram de ser um elemento virtual e passaram a impactar o dia a dia do Brasil de verdade. O Brasil que vê a gasolina chegar a sete reais, o dólar valorizado em excesso e a redução de expectativas.  Uma crise que, infelizmente, é super dimensionada nas redes sociais, que apesar de amplificar a democracia, estimula excitações e excessos.
      Em tempo, quero aqui enaltecer a todos os brasileiros que foram às ruas de modo pacífico, uma democracia vibrante se faz assim, com participação popular e liberdade, respeito à opinião do outro. Foi isso que inspirou Niemeyer e Lúcio Costa  quando imaginaram a Praça dos Três Poderes, colocaram o Executivo, Judiciário e o Legislativo  no meio, equidistantes, mas vizinhos e próximos o  suficiente, para que hoje possa se  apresentar como uma ponte de pacificação entre o Judiciário e o Executivo. E é este papel que queremos desempenhar agora, A Câmara dos Deputados está aberta a conversas e negociações para que possamos serenarmos, para que todos possamos nos voltar ao Brasil Real, que sofre com o preço do gás, por exemplo.
       A Câmara dos Deputados apresenta-se hoje como motor de pacificação. Na discórdia todos perdem, mas o Brasil, a nossa história, tem ainda mais o que perder. Nosso país foi construído com união e solidariedade, e não há receita pra superar a grave crise socioeconômica sem esses elementos.
      Esta Casa tem prerrogativas que seguem vivas e quer seguir votando e aprovando o que é de interesse público e estende a mão para que se voltem para o trabalho, encerrando desentendimentos.
      Por fim, vale lembrar que temos a nossa Constituição, que jamais será rasgada. O único compromisso inadiável é inquestionável que temos em nosso calendário está marcado para 03 de outubro de 2022 com as urnas eletrônicas, são as cabines de eleitorais, com sigilo e segurança que o povo expressa sua soberania.
      Que até lá tenhamos todos serenidade e respeito às leis, à ordem, e principalmente à terra que todos amamos. Muito obrigado.”
 

 

Atos em São Paulo tem menor adesão do que a esperada por organizadores
por
Letícia Coimbra
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07/09/2021 - 12h

Por volta das 15h30, Bolsonaro foi recepcionado com fogos de artifício e gritos de “o capitão chegou”. Ele fez ataques ao Tribunal Superior Eleitora e Luís Roberto Barroso, presidente do TSE, colocando em cheque a credibilidade das urnas eletrônicas. “A alma da democracia é o voto. Não podemos admitir um sistema eleitoral que não oferece qualquer segurança por ocasião das eleições”, gritou. E acrescentou: “não é uma pessoa do Tribunal Superior Eleitoral que vai nos dizer que esse processo é seguro e confiável”.

idosa segunda um cartaz escrito “o povo apoia Bolsonaro, voto auditável”
Foto: Isabela Gama/AGEMT 

O presidente também fez ataques diretos ao ministro Alexandre de Moraes, alegando que não irá mais obedecer ou respeitar ordens vindas dele, dizendo que “qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes, esse presidente não mais cumprirá”. Além disso, Bolsonaro repetiu o discurso adotado no sábado, 28 de agosto, reforçando que há apenas três opçoes de futuro: prisão, morte ou vitória. No entanto, ele descarta a possibilidade de ser preso. “Quero dizer aos canalhas que nunca serei preso’, afirmou.

Com cartazes em inglês, bolsonaristas pediam que os ministros do STF sejam destituídos de seus cargos. De acordo com os manifestantes, as frases estão em inglês para que o mundo veja que o presidente do Brasil é popularmente apoiado.

 

Na Avenida Paulista, manifestantes exibem faixa em inglês: “Presidente Bolsonaro e Forças Armadas, restaurem a ordem no Brasil! A população brasileira exige que os ministros do STF e políticos corruptos sejam substituídos e punidos” – Foto: Isabela Gama
Na Avenida Paulista, manifestantes exibem faixa em inglês: “Presidente Bolsonaro e Forças Armadas, restaurem a ordem no Brasil! A população brasileira exige que os ministros do STF e políticos corruptos sejam substituídos e punidos” - Foto: Isabela Gama/AGEMT

Com início marcado para as 14h00, o ato no Vale do Anhangabaú contra o Governo Bolsonaro teve a participação de lideranças sindicais, movimentos sociais e partidos da esquerda em defesa da democracia, da Constituição e das instituições brasileiras. Lideranças que participaram da organização do evento fizeram discurso, entre elas Guilherme Boulos(PSOL) e Fernando Haddad(PT), além de líderes de movimentos sociais e centrais sindicais. Os discursos pediam o impeachment de Jair Bolsonaro, a defesa da democracia, vacina, moradia, comida e emprego. 

Tradicionalmente, desde 1995, o Grito dos Excluídos e Excluídas ocorre no dia 7 de setembro e cobra medidas que diminuam as desigualdades sociais. Neste ano, a 27ª edição do movimento começou na Praça da Sé e se juntou ao protesto em favor da democracia e contra o presidente Bolsonaro no Anhangabau.

Manifestantes estenderam uma bandeira verde e amarela de 100 metros de comprimento e 9 de largura no pavimento. Annebelle Rene, membro da Juventude Pátria Livre e produtora da faixa, o objetivo era retomar as cores da  bandeira do Brasil, das quais os bolsonaristas se apropriaram. Na faixa, com tinta preta, estava escrito “Fora Bolsonaro Impeachment JÁ”. Apesar de uma maior aderência das cores da bandeira do Brasil, o vermelho ainda predominou.

faixa verde e amarela estendida
Isabela Mendes/ AGEMT

Tanto na manifestação presente na Avenida Paulista quanto no Vale do Anhangabaú, não houver incidentes graves. Duas pessoas foram presas por furto e algumas foram detidas por portarem objetos considerados perigosos. Segundo estimativa da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, a manifestação a favor do presidente Jair Bolsonaro reuniu cerca de 125 mil pessoa, já no ato da oposição, a estimativa é que 15 mil pessoas compareceram.

No segundo discurso do dia, na Av. Paulista, o presidente Jair Bolsonaro fez ataques diretos ao Ministro Alexandre de Moraes, voltou a atacar o processo eleitoral e afirmou que “só Deus” o tira de Brasília
por
Luan Leão
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07/09/2021 - 12h

 

Por cerca de 20 minutos o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) discursou na Avenida Paulista em São Paulo, naquele que seria o discurso “mais robusto", nas palavras do presidente. Durante a fala, Bolsonaro fez ataques diretos ao Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e chegou a afirmar que não respeitará “qualquer decisão” vinda do magistrado.

“Dizer a vocês que qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes esse presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou”- Jair Bolsonaro

Discursando para cerca de 125 mil pessoas, segundo a polícia, o presidente xingou o ministro de “canalha” e pediu sua saída.

Ato Pró-Bolsonaro na Avenida Paulista. Imagem: Entre Nuvens/UOL

“Ou esse ministro se enquadra, ou ele pede para sair. Alexandre de Moraes, deixa de ser canalha!”- Jair Bolsonaro

Além de Moraes, Bolsonaro também criticou o processo eleitoral, afirmando que “não é confiável”, e voltou a pedir o “voto auditável” com “contagem pública de votos”. Quando falou de eleições, Bolsonaro mentiu sobre a decisão do corregedor-eleitoral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luis Felipe Salomão, que ordenou a suspensão da monetização de canais que disseminam informações falsas sobre as eleições no Brasil. A decisão mirou perfis que produzem conteúdo falso, e Bolsonaro tratou os alvos da medida apenas como críticos do sistema de votação. 

O presidente voltou a afirmar que só sai da presidência “preso, morto ou com a vitória”, e foi enfático ao dizer que “só Deus” o tira de lá. 

A fala terminou por volta das 16h. Em seguida, ele desceu do carro de som e foi cumprimentar  apoiadores, cercado pelo aparato de segurança e sem o uso de máscaras. Só depois, seguiu para o hotel de onde seguiria para Brasília. Após o presidente deixar o local, os manifestantes se dispersaram.

A expectativa é que o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luiz Fux, se reúna com os demais membros para preparar uma resposta aos ataques feitos à Côrte e a seus ministros. Vale lembrar que mais cedo, ainda em Brasília, em seu primeiro discurso, Bolsonaro atacou o STF e alfinetou o ministro Luiz Fux.

“Ou o chefe desse poder enquadra o seu [ministro], ou esse poder pode sofrer aquilo que nós não queremos.”- Jair Bolsonaro

As falas do presidente ao longo do dia foram recebidas com alertas por políticos. O presidente do PSDB, Bruno Araújo, afirmou  à CNN Brasil que o país chegou ao “limite da dignidade política”, e o partido convocou para amanhã (8) uma reunião extraordinária para debater o impeachment do presidente Jair Bolsonaro. 

Em discurso aos seus apoiadores em Brasília, Bolsonaro faz menção golpista ao STF e ao ministro Luiz Fux
por
Letícia Coimbra
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07/09/2021 - 12h

No dia 7 de setembro, aniversário de 199 anos da independência do Brasil, manifestações incitadas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a fim de mostrar que ainda consegue mobilizar as ruas, tomam o país. Caravanas de várias regiões tem seu destino em Brasília e São Paulo, palco das manifestações com maior relevância. 

Pela manhã, Bolsonaro participou da cerimônia de hasteamento da bandeira, no Distrito Federal, acompanhado do ex-presidente Fernando Collor de Mello e alguns ministros, entre eles Onyx Lorenzoni (ministro do Trabalho), Paulo Guedes (ministro da Economia) e Braga Netto (ministro da Defesa). Em seguida, ele fez um discurso para os apoiadores na Esplanada dos Ministérios e depois segue para São Paulo, onde é esperado às 15:30.

 O presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, no entanto,  não compareceu à cerimônia com Bolsonaro. Arthur Lira, presidente da Câmara e Luiz Fux, presidente do STF, também não compareceram.

 Em sua conta no Twitter, Pacheco, que mantém um discurso ambíguo em relação ao presidente da república” escreveu, “Ao tempo em que se celebra o Dia da Independência, expressão forte da liberdade na cional, não deixemos de compreender nossa mais evidente dependência de algo que deve unir o Brasil: a absoluta defesa do Estado Democrático de Direito”.

Manifestação bolsonarista do dia 7 de setembro, em Brasília - Foto: Pedro Ladeira/ Folhapress
Manifestação Bolsonarista do dia 7 de setembro, em Brasília - Foto: Pedro Ladeira/ Folhapress

Já discursando na Esplanada, o Presidente da República alfinetou o STF e Fux: “Nós não mais aceitaremos que qualquer autoridade, usando a força do poder, passe por cima da nossa Consituição. Não mais aceitaremos qualquer medida, qualquer ação ou qualquer certeza que venha de fora das quatro linhas da Constituição. Também não podemos continuar aceitando que uma pessoa específica da região dos Três Poderes, continue barbarizando a nossa nação. Não podemos mais aceitar prisões políticas no nosso Brasil. Ou o chefe desse poder enquadra o seu [ministro], ou esse poder pode sofrer aquilo que nós não queremos. Porque nós valorizamos, reconhecemos o valor de cada poder da republica. Aqui na praça dos três poderes, juramos respeitar a Constituição. Quem age for a dela, se enquadra ou pede pra sair.”

Em outro momento,  Bolsonaro diz: “Indo para o encerramento, peço que me ouçam hoje por volta das das dezesseis horas lá na Paulista. Como chefe do executivo, seria mais fácil ficar em casa, mas como sempre disse ao longo de toda a minha vida de político, sempre estarei onde o povo estiver”, sendo intensamente ovacionado, e continua, “vou à São Paulo e retorno. Amanhã estarei com o Conselho da República, juntamente com os ministros. Para nós, juntamente com o presidente da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal. Com essa fotografia de vocês, mostrar pra onde nós todos devemos ir.” 

Segundo apuração de Vinícius Sassine, repórter da Folha de São Paulo, Bolsonaristas agrediram jovens que consideraram “infiltrados” e foram chamados de “petistas”. 

Copos com fotos de Bolsonaro à venda em Brasília - Foto: Marcelo Rocha/ Folhapress
Copos com fotos de Bolsonaro à venda em Brasília - Foto: Marcelo Rocha/ Folhapress

Manifestantes bolsonaristas reunidos em Brasília pedem golpe, fazendo ataques ao Congresso e Supremo Tribunal Federal. No local, comerciantes também aproveitam para vender camisetas, bonés, bandeiras e copos com fotos de Bolsonaro.

O ato no Distrito Federal começou a se esvaziar gradualmente por volta de 12h20.

 

A história de irmãos baianos que abriram mão de sua liberdade por algo maior, a verdadeira democracia
por
Maria Luiza Costa
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07/07/2021 - 12h

Pensamentos de direita, pessoas intolerantes, milhares de vidas perdidas por conta de um governo negligente e radical, tudo isso soa muito comum aos nossos ouvidos. Vivemos isso todos os dias, e vivemos isso por um bom tempo. Nada é uma novidade, milhares de pessoas já tinham passado por isso décadas atrás, no que ficou conhecido como Ditadura Militar de 1964. 

Em diversos lugares do Brasil, muitas pessoas lutaram pelo país, dentre eles os irmãos Hildete e Sinval Galeão. Residentes de Feira de Santana, na Bahia, os dois sofreram com o governo militar, mas, mesmo assim continuaram fiéis aos seus pensamentos e ideais. Os dois sempre viveram juntos, Hildete sendo a mais velha, sempre cuidou do irmão e sempre foi muito presente em sua vida, tanto que ele a chamava de mãe.

No dia 31 de marco de 1964, o Brasil sofreu um golpe militar, que fez com que diversos pensamentos de direita fossem espalhados pelo país. No período entre 1964 e 1969, um total de dezessete atos institucionais foram emitidos, sendo essa uma das principais formas de dar mais poder para o Executivo, de justificar as ações dos militares e de dar um aparato judicial para legitimar à ditadura. Esses atos deram diversos poderes ao Estado, como por exemplo fazer diversas alterações na constituição e em diversas leis que existiam antes do golpe já não serviam de nada (AI-1), partidos políticos foram extintos (AI-2), e diversas outras coisas. 

Podemos dizer que o ato institucional que mais afetou a vida dos irmãos Galeão e de milhares de pessoas, foi o mais conhecido e autoritário de todos, o AI-5, no qual os meios de perseguição e repressão foram ampliados.  O militante Sinval sofreu de maneira absurda, foi torturado e os militares conseguiram sumir com ele, como relata sua irmã Hildete “Com os colegas, conseguimos localizar no CPOR o meu irmão, que se encontrava sumido. Foi terrível!!! Ele queimava de febre. Corpo todo de hematomas e feridas expostas. Sua mão direita com alguns dedos sem movimentos e de nada adiantou as cirurgias ao longo do tempo”. 

O militante teve que ir para a Europa, uma vez que mesmo depois de solto, continuou a ser perseguido por esse governo assassino. Foi para a antiga União Soviética, onde seu pensamento continuou se alinhar com pensamentos comunistas, e voltando para o Brasil, ajudou a fundar o Partido Comunista Brasileiro (PSB) de Feira de Santana. Sua irmã, afirma que sua volta foi muito difícil “Sinval foi para a Europa pois sabíamos que era um dos que estava destinado a ‘sumir’, como muitos descobertos agora através da Comissão da Verdade. Sua volta foi triste, mas jogou-se com o passar dos anos a estudar e dias e noites mergulhado em livros de história, política e economia, passou a morar comigo em 1974, foi e sempre será meu irmão-filho!”. 

O mesmo, após sua volta, também presidiu o PSDB, que cresceu com sua dedicação e competência, após a extinção do PCB na Bahia, candidatou-se a vereador, se formou em economia, sendo orador da turma, na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), dentre outras conquistas, e uma das principais, pode-se dizer que foi ser o coordenador da Comissão da Verdade, de Feira de Santana, no ano de 2013. Sendo seu último trabalho político. 

Esse foi, com certeza, um momento de desespero para toda a família, principalmente por ele não ter sido o único a sofrer da mão dos militares, Hildete Galeão também foi uma vítima, tanto de torturas quanto no seu ambiente de trabalho, que foi fechado pelo governo “[...] Além de pertencer ao grupo de Rádio Amadores prefixada como PY-6-ID, com essa bagagem além de eles sumirem com meu irmão, fecharam nossa estação de rádio e me botaram grávida de 2 meses, da minha segunda filha num camburão e me levaram para o Quartel General”.

Hildete Galeão (22), 1961, na sua formatura de Mecanografia.
Hildete Galeão (22), 1961, na sua formatura de Mecanografia.

O ano já é 2021, e muita coisa mudou, mas o que é notável, é que diversos ideais de extrema direita estão cada vez mais presentes em discursões. Muitas pessoas, principalmente, as que se encontram em posições de privilégio, continuam apoiando movimentos que só trouxeram preocupação e angústia nos outros, essas pessoas disseminam pensamentos que fortalecem ações negativas, como por exemplo apoiar uma nova ditadura militar aqui no Brasil, ou apoiar ideais extremistas, como o neonazismo e neofascismo. 

Podemos dizer que essas mesmas pessoas encontram outras em posição de poder, que só reforçam esses posicionamentos. Como por exemplo no nosso país, que no ano de 2018, uma grande parcela da sociedade viu no Presidente Bolsonaro, um reflexo de suas próprias convicções e princípios, assim botando para fora tudo o que sempre acreditaram.

Desde que foi eleito, o presidente da república disseminou palavras de ódio, teve diversas atitudes racistas e homofóbicas, e ainda tem o descaso e desrespeito de não esconder seu saudosismo ao golpe de 1964 e às atitudes absurdas dos militares. Como em 2016, que durante a votação pelo impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), prestou homenagem ao Coronel Ustra, dizendo "Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff”. Após esse terrível episódio, Bolsonaro ironizou torturas e ainda duvidou do que realmente aconteceu, e nos trouxe ao terror que o povo brasileiro está vivendo atualmente com a pandemia do COVID-19, fazendo com que o país atingisse a marca de 500.000 mortos no dia 19 de junho, por uma doença que já tem vacina. Um genocida no poder e milhões de apoiadores, nunca traria um resultado diferente do que vemos. 

Sinval Galeão, faleceu em 2017, mas com tudo que construiu em sua vida ainda é referência para diversas pessoas que o conheceram, sendo uma pessoa admirada por todos, ele não deixou seus ideais de lado, não esquecendo de quem ele era e tudo que passou. Seu querido amigo Riva Costa, que é professor de história, se inspira muito no militante. 

“Falar sobre Sinval, é fácil e apesar de ele ter sido sempre uma pessoa muito reservada, ele sempre conversava comigo, e o que sempre me admirou em nele foi essa simplicidade dele de fazer política, de ver no outro uma pessoa que precisa, ver no outro uma demanda, e esse legado que ele deixa, pelo menos para mim. Lembrando que ele foi perseguido, foi para a União Soviética, ele foi imprensado, literalmente falando, numa prensa de fumo e não deixou de lado os sues ideais e manteve a defesa do que ele achava que era certo”, diz ele. 

Carteira da União Nacional dos Estudantes de Sinval Galeão (40), logo após sua legalização.
Carteira da União Nacional dos Estudantes de Sinval Galeão (40), logo após sua legalização.

O militante recebeu diversas homenagens ainda em vida, no entanto a que mais o marcou ocorreu no dia 8 de maio de 2008, quando foi homenageado pela Câmara Municipal de Feira de Santana, com a comenda Cidadão Benemérito da Liberdade e da Justiça Social Deputado Francisco Pinto. Em seu discurso, continuou mostrando tudo que acreditava e toda sua trajetória política, desde criança. “Agradeço a essa casa e a todos que aqui estão pela prova de apoio e reconhecimento de meu trabalho. Mas, gostaria de registrar aqui e agora, que essa homenagem não foi só a mim, e sim a um ideal, a uma ideologia. Por isso quero estendê-la a todos companheiros com quem convivi e que não estão mais entre nós”, disse ele.

Nesse dia, ainda disse que sabe que não envergou a si mesmo, e que não envergonhou sua família. Tio, gostaria que soubesse o quanto nos dá orgulho, e digo isso no presente, porque o senhor pode não estar aqui fisicamente, mas seu legado e seus ensinamentos estarão eternamente conosco, o senhor é nossa maior inspiração em diversas pautas, então obrigada por ter sido esse ser iluminado que fez tudo que podia pelo povo brasileiro. Como seu querido amigo, Domingos Leonelli, publicou “Ele [Sinval] vai encontrar Hozannah e Chico Pinto e se transformar em mais uma estrela vermelha a iluminar o caminho da revolução na escuridão da noite”. 

Obrigada por tudo.