Segundo levantamento do G1, dados do TSE apontam que o patrimônio declarado das mulheres candidatas para as eleições é, em média, metade do que foi declarado pelos candidatos homens. Pessoas pretas e pardas também apresentaram declaração patrimonial menor em relação aos brancos. As informações referentes ao patrimônio foram declaradas pelos próprios candidatos.
Com base no que foi registrado preliminarmente pelo TSE, a diferença média está em torno de 50% em candidaturas estaduais e 49% em candidaturas federais. Para a realização do cálculo, o G1 retirou os 405 candidatos que declararam patrimônio maior de R$5 milhões de reais.
Em um país onde o sistema político privilegia os mais ricos, um patrimônio menor pode interferir negativamente no desempenho daquele que se lança na corrida eleitoral para um cargo público, de acordo com especialistas. Vale ressaltar que, ao todo, são mais de 26 mil candidatos.
MÉDIA PATRIMONIAL POR GÊNERO E CARGO PÚBLICO DISPUTADO
Na esfera estadual, a média é de R$356.862 para homens e de R$177.923 para as mulheres. Neste âmbito, 48% das candidatas possuem o patrimônio acima de 1 milhão de reais, já o percentual de homens está em 64% dos candidatos. Nesse recorte, 15% das mulheres têm mais de R$500 mil, enquanto para homens, essa porcentagem sobe para 24%.
No âmbito federal, a média é de R$474.752 para os homens e de R$231.051 para as mulheres. Nesta esfera, 52% das candidatas declararam patrimônio superior a 1 milhão de reais, já o percentual masculino atingiu 67% dos candidatos. Com o patrimônio maior de R$500 mil, 17% são mulheres e 25% são homens.
PRETOS TÊM PATRIMÔNIO MÉDIO INFERIOR AOS BRANCOS
Os dados divulgados pelo TSE também mostram que candidatos pretos e pardos possuem menor patrimônio do que brancos competindo pelos mesmos cargos. Para se ter uma noção, a média patrimonial declarada por pessoas pretas equivale a um terço da média dos brancos, enquanto a dos pardos equivale a 59%.
Arthur Fisch, pesquisador do Centro de Estudos em Política e Economia do Setor Público (Cepesp) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) diz que não é uma surpresa o que os dados mostram, uma vez que a estrutura social brasileira privilegia os brancos. É válido lembrar que, após a libertação dos escravizados, o Brasil não adotou nenhuma medida social para a introdução dessas pessoas na sociedade enquanto cidadãos, colocadas à margem da sociedade e, por consequência, os seus descendentes também. São a herança de um Brasil Colônia que se estende pelo Brasil República.
Fisch acredita que essa desigualdade torna as candidaturas de minorias menos competitivas porque um candidato com poder econômico pode se autofinanciar, sem depender da verba partidária ou de financiamento externo e, o candidato que possui a sua própria verba não se preocupa tanto com gastos externos à eleição, como moradia, por exemplo. Outro fator contribuinte para essa diferença é a distribuição do tempo, já que uma campanha eleitoral exige tempo e nem todos que estão concorrendo podem se ausentar, mesmo que temporariamente, de seus empregos para realizarem suas campanhas eleitorais.
Segundo o professor Emerson Cervi, que leciona na Universidade Federal do Paraná (UFPR), o atual sistema de financiamento não permite arrecadação de verbas de empresas, tornando o autofinanciamento importantíssimo, pois a verba, pode sim, interferir no seu desempenho eleitoral.
Seguindo o mesmo raciocínio, Helcimara Telles, professora da Universidade Federal de Minas (UFMG), diz que candidatos com menos recursos têm mais dificuldades para serem eleitos e acredita que a proibição do financiamento de candidaturas por empresas diminui ainda mais as possibilidades de uma pessoa mais pobre ser eleita, pois "embora as pessoas imaginassem que o financiamento público pudesse reduzir a diferença entre os candidatos, só fez aumentar", disse em entrevista ao G1.
Com isso, entra a defesa pelas cotas eleitorais. "Acredito que a gente deveria ter uma reserva para essas minorias, não retirando as 513 vagas [atuais que existem na Câmara], mas aumentando as cadeiras para compartilhar somente com as minorias", completou a professora, também ao G1.
Com mais de 28 mil candidatos, a eleição de 2022 surpreende o eleitorado e contradiz uma tendência histórica de baixa participação de candidatos negros e pardos, neste pleito 49,49% dos pré-candidatos são negros. Autodeclarados, eles agora são maioria nas atuais eleições. A porcentagem supera os 48,86% de brancos também candidatos. Fato, até então, atípico no sistema eleitoral brasileiro, estabelece o ano de 2022 como a primeira eleição do país com números expressivos.
De acordo com os dados divulgados pelo Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), registraram-se nas eleições deste ano ,14.015 negros e 13.814 brancos. O levantamento se diferencia de eleições passadas como a de 2018, em que negros somavam 46% dos candidatos e apenas três deles concorriam à presidência, Marina Silva (Rede), Cabo Daciolo (Patriota) e a candidata Vera Lúcia (PSTU). Somente três autodeclarados negros de um total de 13 políticos competiam pelo cargo.
Em comparação a 2014, a participação de pessoas negras foi ainda menor no quesito percentual. De cada quatro eleitos, três eram brancos. Apenas 3% dos eleitos se autodeclararam negros no ano do pleito de 2014 Dados como estes comprovam a baixa diversidade social nas eleições do país.
Além da questão racial, que avança lentamente, também houve uma melhora na quota de participação de mulheres concorrendo a cargos de poder. Juntas, elas representam um terço do total das candidaturas, sendo mais de 9 mil concorrentes às eleições de outubro. Dentre elas, 175 são candidatas indígenas. Nas últimas eleições, foram apenas 134. Já as mulheres negras somam um total de 4.890.

Em termos de visibilidade negra, atualmente disputam ao cargo dois candidatos pretos, Leonardo Péricles, pré-candidato a presidência pelo partido Unidade Popular (UP) e Vera Lúcia pelo Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU). Esta será a primeira vez que Péricles concorre ao cargo, já Vera Lúcia é veterana, a pernambucana concorreu ao cargo também em 2018.
Contudo, mesmo que atualmente candidatos negros sejam a maioria, eles estão longe de estarem livres da discriminação que candidatos brancos estão imunes. Recentemente, o pré-candidato a presidência pelo partido Unidade Popular, Leonardo Péricles, vem sofrendo ataques racistas por parte do eleitorado branco. O mineiro que iniciou sua trajetória política no movimento estudantil, tem sido alvo de mensagens com teor racista nas redes sociais direcionadas a sua pessoa e a sua campanha. O candidato, autodeclarado preto, recebeu sérias ofensas que também insultam a comunidade negra como um todo.
“(...) tua raça tem em média 55-80 de QI e também possui uma altíssima propensão para a violência. A raça preta deveria ser expulsa das cidades e empurrada de volta para a selva, um lugar de onde nunca deveriam ter saído”, escreveu um dos internautas. Outros perfis também cometeram injúrias parecidas.

Os ataques sofridos por Leonardo Péricles reafirmam como a sociedade brasileira não está familiarizada a cenários em que pessoas negras ocupem cargos de poder. Apesar das dificuldades que também enfrentam no meio político, a conquista histórica de 2022 não deixa de ser uma vitória para futuros candidatos negros. Embora o manto da “democracia racial” ainda não tenha sido destruído, 49,49% pode se ser considerado um feito e tanto.
Com o início do período de campanhas eleitorais, o candidato a governador do estado de São Paulo, Fernando Haddad (PT) enviou seu plano de governo para o TSE, o documento é focado na geração de empregos, educação e garantia de direitos para a população e no enfrentamento da crise resultado da pandemia do covid e má administração de governos anteriores. Segue abaixo as principais propostas do candidato.
Economia
O governo Haddad vai priorizar o combate à fome, que atualmente atinge 2,5 milhões de cidadãos do estado de São Paulo, com incentivo à agricultura familiar, que é responsável pela maior parte dos produtos alimentícios consumidos no país, criação do programa São Paulo sem fome, que distribui cestas de alimentos para as populações mais vulneráveis, principalmente pessoas em situação de rua, idosos e crianças, e foca na geração de empregos, de maneira emergencial o governo estadual precisa criar empregos para os mais de 3 milhões de desempregados do estado, Haddad pretende resolver isso por meio de investimentos públicos e parcerias com empresas privadas. Programas de auxílio estaduais serão renovados e outros serão criados, como o Oportunidade já cujo objetivo é de Retomar obras paralisadas em todo o estado para gerar empregos de forma emergencial e ativar a economia paulista, o programa salário mínimo paulista, que pretende elevar o salário mínimo paulista para R$ 1.580, aumentando o poder de compra do trabalhador, em um dos estados com o maior custo de vida.
Saúde
A saúde da população paulista sofre com sequelas do covid, a fome e a superlotação de postos de saúde, o governo pretende recuperar os investimentos em saúde no estado para fortalecer e reorganizar o SUS, e a coordenação estadual do sistema de saúde, a universalização do SAMU-192 e das unidades de pronto atendimento (UPA) em todas as regiões do estado. A área da saúde deve estar a todo o tempo preparada para o risco cada vez mais frequente de novas epidemias através de investimentos em tecnologias e pesquisas da área, para que não ocorra os mesmos erros do enfrentamento da COVID 19. O acesso a saúde deve ser democratizado e universal, por isso, em seu governo o candidato irá promover políticas de atenção integral à saúde das mulheres, em todas as fases do seu ciclo vital, focar no combate às desigualdades de raça, e fortalecer estratégias ligadas à saúde integral da população LGBTQIA+, principalmente transexuais e travestis que sofrem com o acesso a esse direito, e também reforçar, junto com as prefeituras, a Atenção Integral à Saúde do Idoso.
Educação
O candidato Fernando Haddad é acadêmico, professor universitário e ex ministro da educação, com um histórico de investimentos na democratização da educação, com isso, é de se esperar em seu governo um foco nessa pauta, uma prioridade do governo Haddad será a alfabetização na idade certa, buscar implementar as metas do Plano Estadual de Educação (PEE), garantindo integração e apoio entre todas as escolas do estado. Maior investimentos nas redes de educação, principalmente FATECS e ETECS, a permanência dos estudantes nas universidades também será uma prioridade, com programas como o bom prato estudantil que garantem a alimentação dos estudantes de baixa renda.
Moradia
O partido dos trabalhadores tem um histórico de lutas por moradia digna, as propostas do candidato Fernando Haddad vão de acordo com esses pensamentos, no plano de governo é citado a garantia ao direito à moradia digna e de qualidade, o investimento público do Estado em habitação vai ser ampliado e as parcerias com o governo federal fortalecidas.
A declaração composta por 21 páginas, contém, em sua introdução, o compromisso social com a população brasileira, prometendo resgatar “as forças, o otimismo, a criatividade e a esperança do povo”.
Em seu plano, o petista afirma que há urgência em restaurar a dignidade das famílias brasileiras, de forma que haja uma melhora nas condições de vida dessas pessoas que mais sofrem com a crise atual, a fome e o aumento do desemprego, reforçando que o governo mantenha o "compromisso com a justiça social, a inclusão com direitos, trabalho, emprego, renda e segurança alimentar”.
O documento ainda aponta um olhar para o desenvolvimento sustentável, o enfrentamento das mudanças climáticas e a preservação ambiental.
“Isso requer cuidar de nossas riquezas naturais, produzir e consumir de forma sustentável e mudar o padrão de produção e consumo de energia no país, participando do esforço mundial para combater a crise climática. Somaremos esforços na construção de sistemas alimentares saudáveis e sustentáveis e no avanço da transição ecológica e energética para garantir o futuro do planeta, apoiando o surgimento de uma economia verde inclusiva, baseada na conservação, na restauração e no uso sustentável da biodiversidade de todos os biomas brasileiros”.
DESENVOLVIMENTO SOCIAL E GARANTIA DE DIREITOS
De acordo com o candidato, o governo irá propor uma nova legislação trabalhista e a manutenção do salário mínimo, visando a proteção de todas as formas de ocupações de cargos e a recuperação do poder de compra de trabalhadores, tendo um olhar especial aos autônomos e revogando o processo degenerativo dos direitos dessas pessoas. O governo apresentou também, o incentivo às iniciativas de reestruturação sindical, havendo então, a democratização das relações de trabalho, tanto na rede privada quanto na pública.
“Promoveremos a reconstrução da seguridade e da previdência social para ampla inclusão dos trabalhadores e trabalhadoras, por meio da superação das medidas regressivas e do desmonte promovido pelo atual governo. Buscaremos um modelo previdenciário que concilie o aumento da cobertura com o financiamento sustentável. A proteção previdenciária voltará a ser um direito de todos e de todas.” — Afirma o documento.
O plano propõe “a implementação de um amplo conjunto de políticas públicas de promoção da igualdade racial e de combate ao racismo estrutural”, apresenta também propostas em relação ao asseguramento de direitos à população LGBTQIA+, indígenas, quilombolas, mulheres e grupos considerados mais vulneráveis no geral.
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SUSTENTABILIDADE SOCIOAMBIENTAL E CLIMÁTICA
Em relação ao desenvolvimento econômico, o plano governamental apresenta propostas de sustentabilidade de forma estratégica para um avanço “justo, solidário e sustentável”. Além disso, há uma preocupação com o aproveitamento dos recursos naturais de forma responsável, evitando um maior impacto ecológico.
“Para isso, será necessário recuperar as capacidades estatais, o planejamento e a participação social fortalecendo o Sistema Nacional de Meio Ambiente e a Funai. Reafirmamos o nosso compromisso com as instituições federais, que foram desrespeitadas e sucateadas por práticas recorrentes de assédio moral e institucional”.
DEFESA DA DEMOCRACIA E RECONSTRUÇÃO DO ESTADO E DA SOBERANIA
O petista afirma que “a nossa democracia vem sendo constantemente atacada pela política irresponsável e criminosa do atual governo” e defende que isso deve ser destituído.
“Defendemos os direitos civis, garantias e liberdades individuais, entre os quais o respeito à liberdade religiosa e de culto e o combate à intolerância religiosa, que se tornaram ainda mais urgentes para a democracia brasileira. Vamos enfrentar e vencer a ameaça totalitária, o ódio, a violência, a discriminação e a exclusão que pesam sobre o nosso país, em um amplo movimento em defesa da nossa democracia”.
Ainda no campo da reconstrução do estado e da democracia, há a proposta de valorização da legislação e da imprensa, o plano afirma que está “comprometido com o respeito e o fortalecimento de um novo federalismo” e acrescenta que “é impossível garantir direitos e políticas públicas desconsiderando Estados e os 5.570 municípios”.
Assim, finaliza reforçando a importância de um estado democrático no ano em que o Brasil comemora o segundo centenário de sua independência.
“Golpes e ditaduras nunca mais, democracia sempre”.
A nova rodada da pesquisa Datafolha, contratada pela Folha e TV Globo, divulgada nesta quinta-feira (28), mostra o ex-presidente Lula (PT) na liderança isolada para a disputa do Palácio do Planalto. O petista aparece com 47% das intenções de voto, ante 32% do atual presidente Jair Bolsonaro (PL). Uma diferença de 15%.
Em relação a pesquisa feita em julho, houve uma queda na vantagem de Lula em relação Bolsonaro - 47% e 29%, respectivamente. Nesse cenário, ainda há a possibilidade de Lula vencer o pleito no primeiro turno, embora diminuía a cada pesquisa. Segundo o DataFolha, Lula tem 51% dos votos válidos, excluindo brancos e nulos.

Do lado da campanha de Jair Bolsonaro, a nova pesquisa foi uma sobrevida, mas nao tão acentuada. Ainda colhendo os frutos das PECs que beneficiam a parcela menos favorecida da sociedade, a campanha de Bolsonaro esperava um aumento maior do atual presidente. Mas o que se viu foi uma crescente dentro da margem de erro.

Depois dos dois dianteiros aparece Ciro Gomes (PDT) com 7% das intenções de votos. O quadro para o ex-ministro segue difícil. Em comparação ao último Datafolha, Ciro caiu um ponto. A expectativa é de que com o passar do tempo, a candidatura de Gomes se enfraqueça e o cenário de polarização entre Lula e Bolsonaro prevaleça.
O Datafolha ouviu 5.744 eleitores de 281 cidades, de terça-feira (16) a quinta-feira (18). A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o número BR-09404/2022.
A margem de erro da pesquisa Datafolha é de 2 pontos para mais ou para menos.

