O parlamentar ficará à frente da Secretaria-Geral da Presidência da República
por
Marcelo Barbosa P.
Marcela Rocha
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31/10/2025 - 12h

Oficialmente em licença do cargo de deputado federal, Guilherme Boulos tomou posse no Palácio do Planalto, nesta quarta-feira (29), como novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, pasta responsável pela relação do governo federal com os movimentos sociais.

Convidado pelo presidente Lula para assumir o cargo, Boulos irá substituir Márcio Macêdo, que deixou a função para concorrer a uma vaga de deputado federal após permanecer no posto por 2 anos e 9 meses.

Diante do interesse de Macêdo em sair para tentar uma cadeira no Congresso, Lula viu em Boulos a oportunidade de se aproximar das associações sociais pela sua trajetória como membro da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), organização que reivindica o direito à moradia.

Após o anúncio da substituição da chefia da pasta na última segunda-feira (20), Guilherme Boulos publicou nas redes sociais o agradecimento ao presidente Lula pelo convite, informando que sua principal missão será “ajudar a colocar o governo na rua, levando as realizações e ouvindo as demandas populares em todos os estados do Brasil”.

 

Reprodução: Valter Campanato/Agência Brasil | Boulos e Lula na posse do novo ministro
Boulos e Lula na posse. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Reconhecido pela luta ao lado dos sem-teto, Boulos é alvo de ataques de concorrentes políticos, fato que ficou ainda mais evidente na última eleição municipal de 2024. Em debate promovido pela TV Gazeta, o então candidato – e atual prefeito de São Paulo – Ricardo Nunes, utilizou este rótulo com grande ênfase, chamando Boulos de “bandidinho, invasor e sem-vergonha”.

Durante discurso na cerimônia de posse, Lula pediu a Boulos para que “rode” o Brasil e fortaleça junto a organizações e movimentos sociais, temas como o fim da escala 6x1, a participação popular nas questões orçamentárias e direitos dos trabalhadores informais.

“Aqui a missão que eu vou ter é dialogar com todo mundo. (...) A gente sabe que as políticas que mudam pessoas não nascem só nos palácios e nos gabinetes. Elas nascem do povo, dos territórios populares. Elas nascem das ruas” afirmou Boulos em concordância ao pedido de Lula para popularizar as pautas.

 

por
Rafael Pessoa
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31/10/2025 - 12h
Charge de um policial varrendo balas para de baixo da calçada

 

por
Rafael Pessoa
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29/10/2025 - 12h
Charge dO presidente Donald Trump desejando feliz aniversario a Lula enquanto dois balões, representando Eduardo Bolsonaro e Jair Bolsonaro reagem a cena

 

Coletivos estudantis, sindicatos e civis se organizam para impedir que o projeto de lei avance
por
Iasmim Silva
Maria Luiza Reining
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23/10/2025 - 12h

No dia 21 de setembro, as principais capitais do país amanheceram tomadas por cartazes, faixas e gritos de protesto. Em São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e outras cidades, milhares de pessoas se reúnem contra a chamada PEC da Blindagem, proposta de emenda constitucional que restringe investigações e punições a parlamentares, exigindo autorização prévia das Casas Legislativas para o avanço de ações penais. A medida, vista como um retrocesso por juristas e movimentos civis, é o estopim de uma mobilização que, embora diversa, encontra na defesa da transparência um ponto em comum.

Na Avenida Paulista, o asfalto volta a se transformar em um grande espaço de convergência política. Bastam alguns minutos observando a saída da estação Trianon-Masp para visualizar que ali estavam diversos grupos reunidos, como estudantes, professores, aposentados, artistas, advogados, sindicalistas e civis misturados entre bandeiras coloridas e faixas com dizeres diretos: “Quem é inocente pede justiça, não anistia” e “A justiça é igual para todos, PEC da Blindagem não”. Entre os rostos pintados e cartazes improvisados, a foto do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, estampa o rótulo de “inimigo do povo”.

O clima é de cansaço e indignação, não apenas com o texto da PEC, mas com a percepção de que a proposta amplia privilégios e dificulta a responsabilização de agentes públicos. Luiz Biella Jr., advogado de 63 anos, e Andrea Amaral Biella, educadora museal de 53, participam do ato e afirmam que vieram por indignação com o projeto. “Outras pautas horrorosas até vinham passando, mas essa é o limite. É preciso dar um grito para ver se sensibiliza os deputados. Na próxima eleição, é fundamental lembrar disso. Esse retrocesso é horroroso”, dizem.

Homem de vermelho
Manifestante em frente ao MASP. Foto: Iasmim Silva/AGEMT.

Grupos de jovens ligados a coletivos estudantis distribuem panfletos que explicam os impactos da proposta. Se aprovada, a PEC impediria que investigações contra deputados e senadores avançarem sem autorização das próprias Casas Legislativas, o que, segundo especialistas, criaria uma barreira de proteção política e dificulta o combate à corrupção.

O protesto começou de forma pacífica por volta das 14 horas e ganhou corpo ao longo da tarde. Ao som de tambores e palavras de ordem, a manifestação ocupava a Avenida Paulista em direção ao MASP. Organizações civis estimam cerca de 80 mil participantes, número contestado pela Secretaria de Segurança Pública, que aponta 35 mil. Em Brasília, a concentração foi na Esplanada dos Ministérios, com presença de sindicatos e entidades de classe.

Entre os manifestantes, o designer gráfico Érico Prado Martins, de 49 anos, diz que o protesto representa uma resposta da população. “É uma forma de se revoltar contra um sistema que engana o povo. Colocam PECs e projetos de anistia enquanto ignoram o que realmente importa. Se a gente não protesta, eles passam tudo por cima da gente”, afirmou.

Nas redes sociais, hashtags como #PECdaVergonha e #TransparênciaJá alcançaram o topo dos assuntos mais comentados no X (antigo Twitter). O Monitor de Debate Político, grupo de pesquisa da USP, registrou picos de interação durante a manhã e o início da tarde, indicando grande engajamento digital em torno da pauta. A pesquisadora do Monitor, Roberta Lima, avalia que o movimento demonstra um interesse crescente de jovens em temas ligados à ética e à responsabilidade política. Segundo ela, “o engajamento aconteceu tanto de forma presencial quanto digital, refletindo uma disposição em participar do debate público e acompanhar de perto as decisões que afetam o funcionamento das instituições”.

A manifestação ocorre em um contexto de instabilidade política, impulsionado por disputas internas no Congresso e pelo debate sobre o projeto de anistia aos condenados pelos ataques de 8 de janeiro. A repórter Ana Clara Costa, apresentadora do podcast Foro de Teresina da revista piauí, especializada em cobertura política de esquerda, aponta que a PEC da Blindagem surgiu como parte de uma negociação entre o PL e o Centrão para garantir proteção parlamentar e apoio à proposta de anistia de Jair Bolsonaro. Segundo Ana, a PEC não é apenas uma tentativa de autoproteção política, mas parte de um jogo de chantagens e barganhas que expõe a fragilidade ética do Congresso.

Grupo de alunos da USP com cartazes de protesto
Alunos do curso de Gestão de Políticas Públicas da USP. Foto: Maria Luiz Reining/AGEMT.

Cartazes e discursos também faziam referência à anistia, com críticas à tentativa de flexibilizar punições e proteger figuras públicas. Em várias capitais, manifestantes exibiam faixas com os dizeres “Blindagem é impunidade disfarçada” e “Anistia é o nome novo do perdão seletivo”.

Embora não tenha alcançado o tamanho de protestos anteriores, como os de 2013, o ato do dia 21 é considerado expressivo por entidades civis. A mobilização nacional pressiona o Congresso a rever o texto da proposta e reforça o debate sobre a necessidade de garantir mecanismos de fiscalização e responsabilização no exercício de mandatos parlamentares.

Projeto transforma pugilismo em ferramenta anti-opressão e oportunidade de profissionalização para jovens de periferias
por
Sophia Coccetrone
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23/10/2025 - 12h

Boxe Autônomo é um coletivo fundado na capital paulistas em 2015 por Breno Macedo, treinador do projeto e Mestre em História pela USP juntamente com Raphael Piva, instrutor do projeto e Mestre em Antropologia Social pela USP, que também esteve presente no time de futebol amador Autônomos F.C., clube de viés libertário fundado por jovens punks em 2006. É um projeto social e esportivo que busca a utilidade do boxe para autodefesa de grupos oprimidos (mulheres, LGBTs, negros, imigrantes...) ao mesmo tempo que constrói carreiras promissoras para jovens atletas que buscam uma vida melhor de suas famílias através do esporte. O projeto conta com a coordenação e treinamento por Michel de Paula Soares, conhecido como "Micha". O treinador possui doutorado em Antropologia Social pela USP e busca relacionar o boxe como um fenômeno social no Brasil, marginalizado e muitas vezes considerado "luta de cadeia".

Inicialmente, o projeto utilizou a Ocupação Leila Khaled – onde vivem diversos refugiados de guerras originários da Síria e Palestina – para seus treinos, posteriormente, passou pela Favela do Moinho e outros espaços para a divulgação e sustentação do coletivo. Dessa forma, Boxe Autônomo conseguiu criar sua comunidade em São Paulo, atingindo camadas sociais mais necessitadas. Um exemplo é o jovem baiano Kelvy Alecrim, de 19 anos, que conheceu o boxe através das atuações na Favela do Moinho, onde o atleta reside. Kelvy atingiu o tricampeonato brasileiro (2019, 2021, 2023), atuou em Jogos Escolares na França (2022) e conquistou a medalha de bronze na Copa Mundial Juvenil em Montenegro (2023). Segundo ele, nunca havia pensado em praticar a arte marcial antes do contato com o projeto, e a democratização do esporte através dos treinos em comunidades e ocupações o fortaleceu para seguir sua carreira. 

Atualmente, os treinos do Boxe Autônomo acontecem na Casa do Povo, localizada no Bom Retiro, região central de São Paulo, contando com eventos de treinos abertos, almoços coletivos, palestras e atividades artísticas, sempre reforçando seu caráter político-cultural, um dos pilares do coletivo. É importante lembrar que estamos falando de uma área esportiva dominada pelo pensamento conservador e reacionário, principalmente popularizado por grandes estrelas como José Aldo, Rodrigo Minotauro, Wanderlei Silva, Fabrício Werdum e outros nomes do MMA apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados.

Caio César, aluno do Boxe Autônomo e ativista político, diz: “As lutas não podem ficar somente nas mãos daqueles que desejam oprimir (...) Não é inteligente pensar em uma esquerda pacífica e reativa, enquanto nós estamos sem nos proteger, há sempre um extremista de direita que está usando a violência livremente. (...) É claro, não podemos utilizar as artes marciais ou qualquer meio de defesa para causar o mal, mas não podemos ficar parados. É essencial manter as armas e as lutas nas mãos de pessoas inteligentes e preparadas, pois já há gente ignorante e conservadora demais com esses poderes nas mãos.” 

Caio, aluno do Boxe Autônomo, utilizando seu colar com pingente em formato do território Palestino: "A gente se posiciona até nos mínimos detalhes."
Caio César, aluno do Boxe Autônomo, utilizando seu colar com pingente em formato do território Palestino: "A gente se posiciona até nos mínimos detalhes." Foto: Sophia Coccetrone/AGEMT 

Entre as principais bandeiras do Boxe Autônomo estão: o antifascismo, como o principal pilar e estrutura do pensamento dos atletas e ativistas, anti-imperialismo, com forte solidariedade à pauta palestina e a denúncia ao genocídio na Faixa de Gaza, antirracismo, antimisoginia, com ênfase ao combate ao preconceito sobre os esportes de combate femininos e a exaltação da autodefesa da mulher contra potenciais agressores e apoio aos movimentos dos Sem Terra e Sem Teto. Inclusive, o coletivo é parceiro do Boxe Sem Teto e Centro Social e Desportivo Estrela Vermelha, movimentos que também abraçam a pauta do anti-reacionarismo e a luta combativa em meio às artes marciais.

O grupo de alunos é diverso, contando com todas as faixas etárias e origens ou nacionalidades. Durante o treinamento aberto, um aluno holandês se comunicava com os brasileiros a partir de seu amor pelo boxe e seu esforçado português. Ele conta que começou a prática das artes marciais pelo Kickboxing na Holanda, e que sua namorada brasileira o apresentou ao Boxe Autônomo. Durante o treino, ostentava seu apoio solidário à população palestina, através de sua camisa de treino. 

Aluno holandês utilizando camisa do Palestino, clube de futebol chileno fundado por imigrantes palestinos. Foto: Sophia Coccetrone/AGEMT
Aluno holandês utilizando camisa do Palestino, clube de futebol chileno fundado por imigrantes palestinos. Foto: Sophia Coccetrone/AGEMT

 

Os treinos do Boxe Autônomo estão disponíveis de segunda à quinta-feira das 18h30 às 19h e aos sábados às 10h30. Os atletas colaboram com um valor fixo mensal, mas para os mais necessitados é ofertado bolsas. 

Em lançamento de plano de governo, Haddad mira em segurança pública e cita progressão de carreira para policiais
por
Laura Boechat
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25/08/2022 - 12h

O candidato ao governo de São Paulo pelo PT, Fernando Haddad, apresentou na última segunda-feira (22) o plano de governo em coletiva com jornalistas na capital do estado. Dentre as promessas, o ex-prefeito destacou o emprego de câmeras nos uniformes de policiais e programas de progressão de carreira à classe.

Ao ser questionado sobre como conciliar a agenda repleta de ideias alinhadas à esquerda e o diálogo com o eleitorado conservador, Haddad pede para que o programa seja avaliado como um todo. Propõe, ainda, a criação de uma polícia moderna. A ideia é promover progressão de carreira e humanização para criar profissionais capacitados e respeitados.

"O que a gente pede é para que o plano seja avaliado em conjunto. Do mesmo jeito que a gente diz que a violência policial não pode ser aceita, a gente tá dizendo que vai valorizar a carreira dos policiais, que vai ter um plano de metas, formação continuada. São Paulo é recordista em furto e roubo de celular, estelionato no Brasil. São coisas inaceitáveis. Nós só vamos conseguir [superar] isso com uma polícia moderna. Polícia com dignidade na carreira, na remuneração, na formação. E também com uma polícia mais comunitária e próxima da população. Uma polícia da qual só o bandido tem medo. Que o cidadão que está lá trabalhando possa contar com ela. Eu não sei como isso pode ofender um espírito mais conservador. Alimento barato não pode ofender ninguém. Polícia responsável não pode ofender ninguém”, destacou o candidato. 

Quanto ao piso salarial dos policiais, Haddad respondeu que pretende dialogar com a categoria e checar sua preferência de desenho para a progressão de carreira para então estipular valores.

O candidato também mencionou o fortalecimento da polícia investigativa como meio de desenvolver a segurança. "Só policiamento ostensivo não vai resolver. Combinando policiamento ostensivo com polícia investigativa você vai ver o quadro melhorando".

 

Câmeras nos uniformes

O petista também visa ampliar a instalação de câmeras nos uniformes policiais. A medida foi adotada durante o governo de João Dória (PSDB). “Adotar câmeras em uniformes de todo o efetivo operacional da Polícia Militar. O uso até o fim do ano será restrito a 33 dos 120 batalhões, com cerca de 10 mil câmeras. Dados oficiais mostraram queda de 85% da letalidade policial nos batalhões que adotaram as câmeras. Ao mesmo tempo, os policiais ganham proteção. Ano passado registrou-se o menor número de policiais mortos em anos. Em casos de litígio, os PMs ainda terão a seu dispor provas técnicas que asseguram que sua ação foi lícita”, elucida Haddad.

Educação

Sobre a reforma do ensino médio, o candidato, que já foi ministro da Educação, aponta que o erro está no descompasso do projeto pedagógico. "Como você está saindo de 5 para 7 horas e a proficiência dos jovens é menor?". 

Haddad defende que os Institutos Federais, criados em 2008 pelo governo Lula, deveriam ser tomados como referência. "Se a gente adequar o projeto pedagógico da rede estadual paulista ao padrão de excelência que nós temos no Brasil, acho que vamos colher os resultados disso.", comenta. 

Programa de governo feito em conjunto

No evento também estiveram presentes a candidata à vice-governadora Lúcia França (PSB), Marina Silva (Rede), o deputado estadual Emidio de Souza (PT), o presidente do PSOL Juliano Medeiros e Ana Estela Haddad. Vale lembrar que o plano de governo de Haddad é assinado pela coligação Vamos Juntos por São Paulo (PT, PSB, PCdoB, PV, Rede, Psol e Agir).

Segundo Emidio de Souza, um dos grandes idealizadores do plano de governo de Fernando Haddad, o programa foi construído ao longo de um ano por muitas mãos.

"Nós ouvimos mais de 500 especialistas das mais diversas áreas de responsabilidade do estado. Realizamos 8 seminários temáticos, com participação de mais de 3.500 pessoas. Mais de 20 mil acompanharam os seminários online. A plataforma Fala SP recebeu mais de 2.000 propostas", contou.

Com mais de 28 mil candidatos, os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontam que 1 em cada 5 é empresário ou advogado. Na décima terceira posição estão os jornalistas com aumento de 30% em relação a 2018.
por
Eshlyn Cañete
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23/08/2022 - 12h

Desde 1998, o TSE coleta as ocupações dos candidatos. Esta é a primeira vez que os policiais militares aparecem como a sexta profissão mais presente. Houve um aumento significativo de 27% nas candidaturas de profissionais da segurança pública, em relação a 2018. Totalizaram 1.866, sendo 94,9% em partidos de centro-direita ou direita. Já os jornalistas foram de 345 para 449 nessa última pesquisa.  O top 10 ficou com Empresário, Advogado, Vereador, Deputado, Administrador, Policial Militar, Comerciante, Aposentado, Servidor Púbico Estadual e, em décimo lugar, médico.


A categoria empresários em primeiro lugar não é nenhuma novidade, a primeira colocada há 4 eleições. O ranking de 2022, contou com mais de 28 mil candidatos e 3.644 deles são desta profissão. De acordo com o cientista político Victor Peixoto, a mudança na nomenclatura explica parte do crescimento, uma vez que comerciantes hoje são denominados empresários, pela criação do cadastro MEI (microempreendedores individuais).


Segundo o analista político da CNN Brasil, Gustavo Uribe, está no senso comum que um empresário gera empregos e faz a economia avançar. Já no caso dos advogados, em segundo lugar com 2.059 candidaturas, há a percepção de que possuem maior conhecimento sobre o código penal e a constituição federal, estando mais aptos a proposta de novas leis no congresso nacional.


O crescimento dos policiais militarem aconteceu pelo destaque maior que foi dado no governo do atual presidente Jair Bolsonaro. Com um discurso de combate à violência e aumento das penalidades, o PL foi o partido que mais lançou candidatos ao Congresso Nacional. As candidaturas de militares e policiais são maiores na região amazônica (11,3%). ‘’São lugares mais distantes, onde o acesso é menor e os militares têm um poder logístico no transporte, logo, são figuras que acabam tendo maior representação na sociedade e tem maior influência por estarem representando o poder público em um lugar que tem ausência. Consequentemente, ganham popularidade’’ diz o analista político Uribe.

Presidente interrompe entrevistadores e dissemina fake news em transmissão pelo Jornal Nacional
por
Artur dos Santos
Fernanda Querne
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23/08/2022 - 12h

A entrevista com o candidato à reeleição Jair Messias Bolsonaro (PL) realizada  no Jornal Nacional trouxe os temas Corrupção, Eleições limpas e seguras, Meio Ambiente e preservação, Economia e Pandemia. Bolsonaro, criticado quanto às condutas de seu governo acerca desses assuntos, durante a conversa interrompeu seus entrevistadores e afirmou, nas considerações finais, que “assumi o Brasil em uma situação crítica e fizemos o possível para que o brasileiro não sofresse”.

 

Os ataques que o atual presidente constantemente faz ao processo eleitoral brasileiro, às urnas e ao atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Ministro Alexandre de Moraes foram os primeiros assuntos tratados pelos entrevistadores William Bonner e Renata Vasconcellos. Bolsonaro, acusado de xingar o atual presidente do TSE de “Canalha”, a primeiro momento negou o ocorrido e afirmou que “a temperatura subiu”, mas que houve “certo contato amistoso [entre ele e o Ministro] durante a posse”. O candidato do Partido Liberal (PL) afirmou que Moraes o persegue pelo inquérito das fake news e interferência na Polícia Federal - alegação feita pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro. 

 

Quanto a eleições seguras e transparentes, Bolsonaro afirmou, em rede nacional, que respeitará os resultados, quais forem, das eleições deste ano: “Seja qual for; eleições limpas devem ser respeitadas”. Para o candidato, entretanto, foi necessário “provocar para que chegasse a esse ponto [de transparência eleitoral]”. O atual presidente ainda defendeu as manifestações de seus apoiadores - as quais defendem golpe militar, fechamento do congresso, ataques a oposições políticas e a minorias - como liberdade de expressão. 

 

As condutas de Bolsonaro também foram questionadas quando o assunto da entrevista virou a Pandemia da Covid-19. O atual presidente, que em 2021 gravou lives semanais nas quais imitou a falta de ar de pessoas infectadas pelo vírus, alegou que não havia para onde as pessoas correrem, pois não havia remédios nem vacinas no país. Se vangloriou do fato de que ao início de 2021 pessoas já estavam sendo vacinadas no Brasil - embora a Pfizer tenha esperado 93 dias pela resposta do mandatário na compra das vacinas - e defendeu que a sua frase “virar jacaré”  ao tomar vacina foi uma “figura de linguagem”. A polícia Federal criminaliza o ato de Bolsonaro ligar a vacina contra o SARS-Cov-2  em relação à AIDS. Não só o bastante, o candidato do PL retrucou a CPI da Covid como circo; a comissão parlamentar o acusou de 10 crimes durante a pandemia.  

 

Com 682 mil mortes de brasileiros por Covid - reportadas de maneira extraoficial por um consórcio de veículos de imprensa pois  houve um abandono dos cálculos por parte do governo - esse não pode deixar de ser criticado principalmente quando, como é o caso, foi defensor de remédios que comprovadamente não curavam pacientes da doença, quando desestimulou a vacinação da população e quando, ainda, demorou dias para atender às necessidades urgentes de abastecimento de Cilindros de Oxigênio a Manaus em 2021. Bolsonaro justificou suas ações: “não adotei o politicamente correto”.

 

“Eu sei o que o povo precisa: inflação baixa, taxa de juros menor e dólar menor” - fala do Jair Bolsonaro em 2018 durante sua campanha. Entretanto, o cenário econômico é o oposto do que prometeu. O candidato do PL alegou que uma guerra internacional contínua, um cenário pandêmico e uma grande seca frustraram os seus objetivos governamentais, delegando a causa desses resultados negativos da economia no Brasil apenas a esses fatores externos. 

 

Explicou como o Brasil talvez seja o protagonista mundial em relação a deflação, porém os dados o contrariam. De acordo com o Comprovam, os países com inflação negativa em julho foram: Armênia, Espanha, Grécia e Luxemburgo. 

 

O atual presidente alegou que a grande reforma econômica já foi feita em 2019, e parabenizou a equipe dos seus ministros. Enalteceu o como a criação do Auxílio Emergencial, no primeiro momento de R$600, evitou o colapso nos pequenos municípios embora esse “novo” benefício governamental seja o antigo Bolsa Família - desenvolvido pelo ex-presidente Lula (PT). 

 

Jair Bolsonaro glorificou como os fertilizantes negociados com o Vladimir Putin estabilizaram a segurança alimentar. Porém, sob seu governo, o Brasil voltou ao mapa da fome. “Nós somos o  sétimo país mais digital do mundo" -  disse Bolsonaro ao Bonner. Esse é um fato distorcido, pois o Banco Mundial reconheceu o Brasil como sétimo líder em governo digital pelo site Gov.br. Logo, não se trata sobre o uso, distribuição e acesso à internet.  

 

Renata Vasconcellos relembrou ao atual presidente que seu ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles (PL) quis aproveitar do foco midiático na pandemia a fim de desregulamentar leis ambientalistas e “passar a boiada”. Jair Bolsonaro entrou na defensiva alegando que há queimadas naturais não só no Brasil, mas também na França e em Los Angeles. Entretanto, a entrevistadora abordou a diferença das queimadas naturais e dos incêndios ilegais de garimpeiros - protegidos pelo governo atual. “Acontece” - o candidato do PL explica como é inevitável se lamentar pelo desmatamento na Amazônia. 

 

“É o ribeirinho que toca fogo” - afirmou Bolsonaro, desvirtuando a culpa estatal. Renata relatou que o Brasil é visto como destruidor de florestas, ao contrário do suposto compromisso ambiental expresso em 2018. O presidente contestou a entrevistadora dizendo que a afirmação era mentira e glorificando o fato de países estrangeiros já procurarem o Brasil para saber do Hidrogênio Verde, cujas produções ainda estão em estágio inicial.

 

O atual presidente enaltece como o Brasil é um exemplo para o mundo. Porém, esqueceu de mencionar não só a morte do Bruno e Dom, mas também o marco temporal nas terras indígenas, assunto também não tratado pelos entrevistadores.  

 

Segundo o fluxo da entrevista, o candidato à reeleição foi questionado quanto a sua recente aproximação ao setor político denominado “Centrão” nos últimos anos. A isso, Bolsonaro respondeu que “você está me estimulando a ser ditador” a William Bonner. Desenvolvendo seu raciocínio, o candidato do Partido Liberal calculou que existem 513 deputados dos quais 300 são do “Centrão” e que, assim, naturalmente haverá uma aproximação dele com esses, já que “não dá pra conversar com os que restam [partidos de oposição]”. Ao final desse setor, Bolsonaro afirmou que “na minha época não existia centrão” e defendeu que, independentemente, “estamos governando o Brasil com competência e sem corrupção”, sendo ambas as afirmações falsas.

 

Os questionamentos das condutas do governo de Bolsonaro na Educação foram feitos sobre os escândalos até agora presenciados nessa área. Renata Vasconcellos, interrompida durante suas perguntas, ressaltou que foram quatro as trocas de Ministros da Educação - inclusive o caso de Carlos Alberto Decotelli que, em junho de 2020, foi nomeado ao cargo, mas sequer chegou a exercê-lo já que seu currículo era fraudulento - no atual governo. A isso, o candidato respondeu que “as pessoas se revelam quando chegam, acontece!”, delegando a responsabilidade de conduta a cada um desses Ministros da Educação e não a ele mesmo que os recomendou ao cargo.

 

O escândalo de Milton Ribeiro também foi levantado dentro desse segmento e a sua própria classificação - da participação de pastores sem cargos no governo em um gabinete paralelo que tratava do intermédio de verbas públicas - como escândalo foi questionada por Bolsonaro. Para o atual presidente, esse caso não é classificado dessa maneira; “cadê o duto do dinheiro saindo?” pergunta.

 

Logo após o quadro de Educação, a temática Corrupção foi introduzida à entrevista. O caso de Ribeiro, de acordo com os entrevistadores, representou uma guinada no comportamento do governo de Bolsonaro em relação a casos de corrupção; após a prisão e o habeas corpus do ex Ministro da Educação, a narrativa de que casos de corrupção “pipocam”  no governo passou a ser utilizada. 

 

Entretanto, a narrativa de que o Brasil sob Bolsonaro não tem corrupção é falsa. Nomes como Ciro Nogueira (Ministro da Casa Civil - PP), Ricardo Salles (Ex-titular do Ministério do Meio Ambiente - PL) e Fábio Wajngarten (Ex-chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social do Governo Federal do Brasil), todos envolvidos com o atual governo, estão no radar de investigações por corrupção.

 

A diferença patrimonial entre homens e mulheres candidatos a cargos públicos evidencia diferença salarial existente no mercado de trabalho
por
Melissa Mariano Joanini
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21/08/2022 - 12h

Segundo levantamento do G1, dados do TSE apontam que o patrimônio declarado das mulheres candidatas para as eleições é, em média, metade do que foi declarado pelos candidatos homens. Pessoas pretas e pardas também apresentaram declaração patrimonial menor em relação aos brancos. As informações referentes ao patrimônio foram declaradas pelos próprios candidatos.

Com base no que foi registrado preliminarmente pelo TSE, a diferença média está em torno de 50% em candidaturas estaduais e 49% em candidaturas federais. Para a realização do cálculo, o G1 retirou os 405 candidatos que declararam patrimônio maior de R$5 milhões de reais.

Em um país onde o sistema político privilegia os mais ricos, um patrimônio menor pode interferir negativamente no desempenho daquele que se lança na corrida eleitoral para um cargo público, de acordo com especialistas. Vale ressaltar que, ao todo, são mais de 26 mil candidatos.

MÉDIA PATRIMONIAL POR GÊNERO E CARGO PÚBLICO DISPUTADO

Na esfera estadual, a média é de R$356.862 para homens e de R$177.923 para as mulheres. Neste âmbito, 48% das candidatas possuem o patrimônio acima de 1 milhão de reais, já o percentual de homens está em 64% dos candidatos. Nesse recorte, 15% das mulheres têm mais de R$500 mil, enquanto para homens, essa porcentagem sobe para 24%.

No âmbito federal, a média é de R$474.752 para os homens e de R$231.051 para as mulheres. Nesta esfera, 52% das candidatas declararam patrimônio superior a 1 milhão de reais, já o percentual masculino atingiu  67% dos candidatos. Com o patrimônio maior de R$500 mil, 17% são mulheres e 25% são homens.

PRETOS TÊM PATRIMÔNIO MÉDIO INFERIOR AOS BRANCOS

Os dados divulgados pelo TSE também mostram que candidatos pretos e pardos possuem menor patrimônio do que brancos competindo pelos mesmos cargos. Para se ter uma noção, a média patrimonial declarada por pessoas pretas equivale a um terço da média dos brancos, enquanto a dos pardos equivale a 59%.

Arthur Fisch, pesquisador do Centro de Estudos em Política e Economia do Setor Público (Cepesp) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) diz que não é uma surpresa o que os dados mostram, uma vez que a estrutura social brasileira privilegia os brancos. É válido lembrar que, após a libertação dos escravizados, o Brasil não adotou nenhuma medida social para a introdução dessas pessoas na sociedade enquanto cidadãos, colocadas à margem da sociedade e, por consequência, os seus descendentes também. São a herança de um Brasil Colônia que se estende pelo Brasil República.

Fisch acredita que essa desigualdade torna as candidaturas de minorias menos competitivas porque um candidato com poder econômico pode se autofinanciar, sem depender da verba partidária ou de financiamento externo e, o candidato que possui a sua própria verba não se preocupa tanto com gastos externos à eleição, como moradia, por exemplo. Outro fator contribuinte para essa diferença é a distribuição do tempo, já que uma campanha eleitoral exige tempo e nem todos que estão concorrendo podem se ausentar, mesmo que temporariamente, de seus empregos para realizarem suas campanhas eleitorais.

Segundo o professor Emerson Cervi, que leciona na Universidade Federal do Paraná (UFPR), o atual sistema de financiamento não permite arrecadação de verbas de empresas, tornando o autofinanciamento importantíssimo, pois a verba, pode sim, interferir no seu desempenho eleitoral.

Seguindo o mesmo raciocínio, Helcimara Telles, professora da Universidade Federal de Minas (UFMG), diz que candidatos com menos recursos têm mais dificuldades para serem eleitos e acredita que a proibição do financiamento de candidaturas por empresas diminui ainda mais as possibilidades de uma pessoa mais pobre ser eleita, pois "embora as pessoas imaginassem que o financiamento público pudesse reduzir a diferença entre os candidatos, só fez aumentar", disse em entrevista ao G1.

Com isso, entra a defesa pelas cotas eleitorais. "Acredito que a gente deveria ter uma reserva para essas minorias, não retirando as 513 vagas [atuais que existem na Câmara], mas aumentando as cadeiras para compartilhar somente com as minorias", completou a professora, também ao G1.

Pela primeira vez na história do Brasil, candidatos pretos e pardos superam números de candidatos brancos e serão maioria.
por
Dayres Vitoria
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21/08/2022 - 12h

Com mais de 28 mil candidatos, a eleição de 2022 surpreende o eleitorado e contradiz uma tendência histórica de baixa participação de candidatos negros e pardos, neste pleito 49,49% dos pré-candidatos são negros. Autodeclarados, eles agora são maioria nas atuais eleições. A porcentagem supera os 48,86% de brancos também candidatos. Fato, até então, atípico no sistema eleitoral brasileiro, estabelece o ano de 2022 como a primeira eleição do país com números expressivos.   

De acordo com os dados divulgados pelo Tribunal Supremo Eleitoral (TSE),  registraram-se  nas eleições deste ano ,14.015 negros e 13.814 brancos.  O levantamento se diferencia de eleições passadas como a de 2018, em que negros somavam  46% dos candidatos e apenas três deles concorriam à  presidência, Marina Silva (Rede), Cabo Daciolo (Patriota) e a candidata  Vera Lúcia (PSTU). Somente três autodeclarados negros de um total de 13 políticos  competiam pelo cargo.

Em comparação a 2014, a participação de pessoas negras foi ainda menor no quesito percentual. De cada quatro eleitos, três eram  brancos. Apenas 3% dos eleitos se autodeclararam negros no ano do pleito de 2014 Dados como estes comprovam a baixa diversidade social nas eleições do país. 

Além da questão racial, que avança lentamente, também houve uma melhora na quota de participação de mulheres concorrendo a cargos de poder. Juntas, elas representam um terço do total das candidaturas, sendo mais de 9 mil concorrentes às eleições de outubro. Dentre elas, 175 são candidatas indígenas. Nas últimas eleições, foram apenas 134. Já as mulheres negras somam um total de 4.890. 

 

Candidata Vera Lúcia, do PSTU
Candidata Vera Lúcia, do PSTU  — Foto: Reprodução / EPTV

Em termos de visibilidade negra, atualmente disputam ao cargo dois candidatos pretos, Leonardo Péricles, pré-candidato a presidência pelo partido Unidade Popular (UP) e Vera Lúcia pelo Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU). Esta será a primeira vez que Péricles concorre ao cargo, já Vera Lúcia é veterana, a pernambucana concorreu ao cargo também em 2018.

Contudo,  mesmo que atualmente candidatos negros sejam a maioria, eles estão longe de estarem livres da discriminação que candidatos brancos estão imunes. Recentemente, o pré-candidato a presidência pelo partido Unidade Popular,  Leonardo Péricles, vem sofrendo ataques racistas por parte do eleitorado branco. O mineiro que  iniciou sua  trajetória política no movimento estudantil, tem sido alvo de mensagens com teor racista nas redes sociais direcionadas a sua pessoa e a sua campanha. O candidato, autodeclarado preto, recebeu sérias ofensas que também insultam a comunidade negra como um todo. 

“(...) tua raça tem em média 55-80 de QI e também possui uma altíssima propensão para a violência. A raça preta deveria ser expulsa das cidades e empurrada de volta para a selva, um lugar de onde nunca deveriam ter saído”, escreveu um dos internautas. Outros perfis também cometeram injúrias parecidas. 

Candidato Leonardo Péricles, pelo UP
Candidato Leonardo Péricles, pelo UP

Os ataques sofridos por Leonardo Péricles reafirmam como a sociedade brasileira não está familiarizada a cenários em que pessoas negras ocupem cargos de poder. Apesar das dificuldades que também enfrentam no meio político, a conquista histórica de 2022 não deixa de ser uma vitória para futuros candidatos negros. Embora o manto da “democracia racial” ainda não tenha sido destruído, 49,49% pode se ser considerado um feito e tanto.