O que o resultado das eleições conta sobre a estruturação partidária no país
por
Annanda Deusdará
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06/11/2024 - 12h

No domingo (27/10), se encerraram as eleições municipais. O mapa da apuração do número de prefeituras por partidos nos estados, mostra o empenho pela conquista de mais municípios, causando uma descentralização nas áreas eleitorais. Em contrapartida a isso, o MDB e o União apresentam grande concentração nos estados do Norte e Centro-Oeste, apesar de terem vencido em outros lugares. 

De acordo com a análise da conjuntura política e eleitoral, feita pelo grupo de pesquisa Representação e Legitimidade Democrática (INCT/Redem) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), houve uma manutenção da administração de partidos de Direita e Centro-Direita nos cargos da prefeitura. A Direita conquistou mais de 4,7 mil prefeituras,enquanto a esquerda irá administrar pouco mais de 746 cidades a partir de 2025.

Estão dentre os cinco partidos mais votados: PSD, MDB, PP, UNIÃO e PL. O PP e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), foram os únicos que elegeram prefeitos em todos os 26 estados brasileiros, o que demonstra uma ampliação na influência deles no cenário nacional.

Na região Norte, apesar de uma leve queda, o MDB manteve seu domínio. Em 2020, o partido havia conquistado 114 prefeituras, agora, passa a 112 sendo 83 localizadas no Pará. Já o União Brasil, que ficou em 2º lugar, teve um aumento de 87%, passando de 54 para 101 prefeitos eleitos, com destaque para o Tocantins (37) e o Amazonas (24). 

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Mapa da apuração do Pará com o MDB (em baixo) e União (em cima) -
Gráfico: Annanda Deusdará

 

No Amapá, o União também é predominante com 9 prefeituras. Já em Roraima apenas o MDB conseguiu espaço ocupando uma prefeitura.No Acre eles também não apresentam concentração, tendo uma prefeitura cada, quem domina a região é o PP(14). No Tocantins, o MDB ficou em 6° lugar, ocupando 4 cidades.

O MDB se destacou também na região Nordeste, onde foi o partido mais votado, conquistando 283 prefeituras, o que representou um aumento de 46,63%. Em 2° lugar, aparece o PSD que marcou presença em 275 municípios. 

No Centro-Oeste, o União se manteve em 1° lugar com 155 prefeitos eleitos, o destaque vai para o Goiás (95), com uma diferença de 48 cidades para o segundo partido, e Mato Grosso (60). Já o MDB conquistou espaço em 74 cidades, sendo mais forte em Goiás (47).

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Mapa da apuração do Mato Grosso com o União (em cima) e o MDB (em baixo)
Gráfico: Annanda Deusdará

No Mato Grosso do Sul os partidos União e MDB perderam a concentração. O União não elegeu nenhum prefeito e o MDB ficou em 3° lugar com 10 eleitos, enquanto o primeiro colocado (PSDB) ficou com 44.

Na Região Sudeste, o destaque foi para o PSD com 356 cidades, em 2° lugar ficou o PL com 185 prefeituras. No estado de Minas Gerais, apesar de não haver uma concentração tão expressiva como nos que foram citados anteriormente, os partidos União e MDB tiveram números consideráveis,69 e 82 respectivamente, ficando em 5° e 3° lugar. O tamanho do estado pode ter dificultado a conquista de grandes quantidades de municípios, visto que em um total de 847 prefeituras, o PSD, que foi o mais votado, foi eleito em 142 cidades, o que representa 16,76% do total do estado.

O PL se destacou nas regiões Sudeste e Sul (4° mais votado). Apesar disso, o partido se concentra em estados específicos e não na região como um todo. São Paulo, por exemplo, representou 56% do número de prefeitos eleitos no Sudeste. Já no Sul, Santa Catarina engloba 50% dos votos do PL

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Mapa da apuração da quantidade de prefeituras do PL no estado de São Paulo
Gráfico: Annanda Deusdará

 

Das quatro capitais da região, três passaram para o segundo turno nas disputa
por
Annanda Deusdará
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05/11/2024 - 12h

No último domingo (27), foram realizadas as votações para prefeito nas quinze capitais restantes. Após os resultados, os candidatos eleitos deram discursos declarando quais serão os próximos passos quando assumirem o cargo. Em todas as capitais a porcentagem de abstenção ultrapassou os 20%.

 

Campo Grande (MS)

Com uma diferença percentual de 3% Adriane Lopes, 48, (PP) foi a primeira prefeita eleita da cidade com 222.699 votos (51,45% dos votos válidos). Sua vice será a Dra. Camilla (Avante).   

O segundo turno teve também 16.871 votos nulos (3,66% do total), 11.704 votos em branco (2,54%) e ainda 184.812 abstenções, o equivalente a 28,60% do eleitorado.

Formada em Direito e Teologia, com pós-graduação em Administração Pública e Gerência de Cidades, Adriane Lopes foi a primeira mulher a assumir a prefeitura da capital. Após a renúncia do então prefeito Marcos Trad

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Adriane Lopes (PP) prefeita de Campo Grande - Foto: Divulgação

Adriane Lopes disse na sede do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul (TRE-MS), após a confirmação da vitória, que estava muito feliz e que nestes dois anos e meio de gestão, despertou a cidade e retomou várias obras paradas. Afirmou também que na nova gestão tem como prioridade a educação e a saúde.

Ela agradeceu os apoios que recebeu durante a campanha, como o do governador Eduardo Hídio, da senadora Tereza Cristina e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Declarou ainda, que o resultado das eleições é representativo “Essa vitória, minha e da Camila, não é só nossa. Essa vitória é das mulheres do nosso país”

Desde o primeiro turno, a candidata estava em terceiro lugar nas pesquisas eleitorais que indicavam disputa de segundo turno entre Rose Modesto e Beto Pereira. Para contornar a situação, ela usou como principal argumento durante o fato de não ter conseguido resolver todos problemas da cidade por ter estado à frente da gestão municipal por apenas dois anos.

Apesar dos indicativos de derrota, Lopes conseguiu avançar e na última pesquisa Quaest encomendada pela TV Morena e divulgada no sábado (26), apareceu com 49% dos votos válidos, empatada tecnicamente pela margem de erro com Rose Modesto, que apareceu com 51%.

Durante sua candidatura, suas principais propostas incluíam a área da educação, saúde e infraestrutura. Dentre elas, estão: a criação de novas escolas; distribuição mensal de medicamentos de uso contínuo para pessoas com deficiência, pressão alta e diabéticos; além da criação de um Centro Médico de Cuidado com o Idoso.

A candidata Rose Modesto,46, é professora do Ensino Médio e já foi eleita vereadora (2008-2012); vice-governadora em 2014 e deputada federal em 2018 pelo PSDB. O seu vice foi Roberto Oshiro (União Brasil).

 

Cuiabá (MT)

O deputado federal Abilio Jacques Brunini Moumer, 40,(PL) foi eleito prefeito com 171.324 votos (53,80% dos votos válidos). Sua vice é a Coronel Vânia (Novo).  

A eleição teve 4.852 votos brancos (1,47% dos votos totais), e 7.234 votos nulos ( 2,19%). A abstenção foi de 114.533 eleitores, o que representa 25,73%.

Em 2016, Abílio foi eleito vereador de Cuiabá, pelo Partido Social Cristão (PSC). Como deputado federal, ficou marcado por polêmicas no congresso. Em junho de 2023, ele fez uma série de interrupções durante uma sessão da CPI dos atos golspitas.No mês seguinte, foi acusado por transfobia contra a deputada Erika Hilton (PSOL-SP), durante outra sessão da CPI. Em agosto do mesmo ano, foi acusado de fazer um gesto supremacista branco durante outra sessão da CPI do 8 de janeiro.

No discurso após a vitória, o prefeito prometeu priorizar a saúde, além de avançar no diálogo com os demais Poderes. "No momento temos que olhar o que tem de imediato e acredito que a Saúde é um problema que temos que resolver”, declarou.

 

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Abílio Brunini em entrevista na Rádio Centro América FM - Foto: Nathalia Okde

Abílio liderou a disputa à Prefeitura de Cuiabá desde o primeiro turno, quando teve 126.944 votos, 39,61% dos votos válidos. No segundo turno, recebeu o apoio do governador Mauro Mendes (União), do ex-presidente Jair Bolsonaro, além de igrejas e eleitores de direita. 

 

O candidato Lúdio, foi apoiado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, e por sete ministros do governo federal. O petista era o único do partido ainda na disputa por uma vaga no Executivo em Mato Grosso. Cuiabá também não teve vereador (a) do PT eleito para 2025.

 

Durante a campanha, Brunini fez promessas em diversas áreas, como saúde, educação, segurança e transporte. Entre elas estão: criação de Vilas de Saúde em cada distrito sanitário da capital; expansão da educação infantil e a implementação do Método Montessori; faixa azul exclusiva para motos e criação de paradas para embarque e desembarque de passageiros por APP; além de parceria com a Polícia Militar e Guarda Municipal para fortalecer a segurança nas escolas.

 

Goiânia (GO)

Sandro Mabel,65,(União) foi eleito com 353.518 votos (55,53% dos votos válidos). Sua vice é a Coronel Claudia (Avante).  

Apesar de Fred Rodrigues (PL),estar na frente no primeiro turno. Mabel avançou no segundo turno e venceu em todas as nove zonas eleitorais (ZEs)de Goiânia, essas ZEs estão localizadas nas regiões central, leste e norte 

Apesar do resultado, o número de abstenções quase igualou ao total de votos recebido pelo candidato. O resultado informado pelo TSE mostra que foram 352.393 abstenções, enquanto Mabel obteve 353.518 votos. O número representa 34,20% do total e foi o segundo maior do país entre as capitais que tiveram segundo turno. Também foram registrados 14.229 votos brancos e 27.080 nulos, que totalizaram 41.309.

Após a vitória, o prefeito eleito disse que começará a transição na segunda-feira (28). Ao lado de aliados, ele comemorou a vitória e falou sobre os próximos passos.

 

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Mabel comemora a vitória ao lado de seus aliados - Foto: Wesley Costa/ O Popular
 

Sobre os problemas financeiros da prefeitura com fornecedores, Mabel disse que pretende negociar e pagar todas as dívidas no início de 2025, principalmente as despesas com Saúde. “Eu tenho uma longa experiência como gestor, então essas dívidas não me assustam”. Declarou ainda que no começo de seu mandato irá retornar com a prestação de serviços básicos “Nós colocaremos Goiânia para funcionar rápido, inclusive a limpeza urbana, a gente dá uma faxinada nessa cidade logo”, frisou.

Seu projeto de governo foi dividido em três eixos: Cidade, Cidadão e Gestão. Entre suas propostas estão a conectividade e acesso à internet em toda a cidade; um aplicativo para que mulheres em perigo acionem rapidamente os órgãos de segurança e atendimento pediátrico 24 horas nas unidades de urgência e emergência. 

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Frederico Rodrigues,25, (PL), é ex-deputado estadual de Goiás(2023). Apesar de ter sido o candidato mais votado de Goiânia, teve seu mandato cassado por conta de irregularidades encontradas pelo TRE na prestação de contas da campanha de 2020.

Mabel foi deputado federal quatro vezes e uma vez deputado estadual. Na Câmara dos Deputados, foi responsável por projetos de lei sobre a implantação de crematórios públicos e a criação de cargos de provimento efetivo e funções comissionadas para o Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região (Goiânia).

 

Quais foram os candidatos eleitos e seus discursos pós-vitória
por
Maria Eduarda Cepeda
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05/11/2024 - 12h

 

No domingo, 27 de outubro, quatro das principais capitais do Norte foram às urnas para elegerem seus futuros prefeitos para 2025. Manaus teve seu atual prefeito, David Almeida (Avante), reeleito. Igor Normando (MDB) venceu para prefeito em Belém e recebeu o apoio do atual governador do Pará, em Palmas, Eduardo Siqueira Campos (Podemos), comemorou a vitória e destacou sua responsabilidade com a prefeitura e em Porto Velho (RO)

As quatro capitais contabilizaram mais de 2.192.245 votos válidos em seus colégios eleitorais. Manaus teve o menor número de abstenções com 23,39%, Belém obteve 25,19% das abstenções, Palmas com 25,73% e Porto Velho teve a maior porcentagem com 30,63% comparado às outras cidades, juntas as capitais somaram 44.579 de votos em branco. 

Belém (PA) 

Igor Normando (MDB) em campanha eleitoral
Normando agradeceu o apoio do atual governador do Pará e senadores em seu discurso. Foto: Cristino Martins

Igor Normando (MDB) venceu a disputa do segundo turno, com 56,36% dos votos válidos, contra o deputado federal Delegado Éder Mauro (PL) que recebeu 43,64%. A capital do Pará irá receber o deputado em seu novo cargo a partir de janeiro de 2025, que conta com o apoio da maioria da Câmara Municipal.

Em seu discurso, o candidato agradeceu os votos de seus eleitores e o apoio do governador Helder Barbalho (MDB), “Muito obrigado a cada um de vocês, obrigado ao governador Helder Barbalho, [..] não posso deixar de agradecer essa grande liderança”. Também disse que a maioria da população de Belém optou pela mudança, “Hoje a maioria da nossa população decidiu pela mudança e pela mudança com qualidade, com capacidade de gestão e a capacidade de enfrentar os desafios que a nossa cidade possui”

Manaus (AM)

David Almeida ao lado de uma cabine eleitoral
David Almeida segue para seu segundo mandato como prefeito em 2025. Foto: Divulgação/Assessoria

O atual prefeito da cidade de Manaus, David Almeida (Avante), foi reeleito no segundo turno contra o candidato Capitão Alberto Neto (PL). Com 54,59% dos votos válidos, o prefeito segue para mais um mandato.

Após sua reeleição, Almeida agradeceu a cidade e seus companheiros políticos,  "Quero agradecer a todos que estiveram nos apoiando e ao povo de Manaus que soube separar a verdade da mentira. Então, essa é uma vitória maiúscula, né, uma vitória da democracia.  [..] A cidade mudou, é o povo no poder, como a gente diz na comunidade, a favela venceu"

Palmas (TO) 

Eduardo Siqueira Campos sendo entrevistado pela imprensa após sua vitória ao lado de sua esposa
Em discurso após a vitória , o futuro prefeito destacou detalhes de sua vida pessoal. Foto: Edson Reis/g1 Tocantins

O candidato Eduardo Siqueira Campos, do Podemos, foi eleito com 53,03% dos votos válidos para prefeito da cidade de Palmas, ele venceu o segundo turno contra a candidata Janad Valcari (PL) que obteve 46,97% dos votos. Campos irá assumir o mandato em janeiro de 2025 até dezembro de 2028.

O futuro prefeito comemorou sua vitória com apoiadores e família, em seu discurso destacou a responsabilidade com a sua futura gestão, “Quem tem mandato, tem responsabilidade com Palmas. Todos conhecem meu temperamento. Eu tive que fazer uma campanha à altura do povo. [..] Não viemos para cá fazer fazenda, nós viemos fazer um estado. Nós não viemos para cá vender lote, viemos aqui fazer uma capital. Minha vida é conhecida, minha esposa é conhecida. Nós caminhamos à luz do dia”

Porto Velho (RO) 

Léo Moraes posando para foto para a divulgação de sua campanha eleitoral
Léo Moraes terá vice do mesmo partido, a advogada  Magna dos Anjos. Foto: Reprodução/Instagram 

Leonardo Barreto de Moraes (Podemos) foi eleito com 56,18% dos votos válidos, para prefeito na capital de Rondônia. Ele disputou o segundo turno com a candidata Mariana Carvalho, do União Brasil, que recebeu 43,82% dos votos. 

Quando anunciado os resultados do segundo turno, o candidato conversou com a imprensa e agradeceu os eleitores, amigos e a Deus pela sua vitória, "Eu estou muito feliz, eu agradeço primeiramente a Deus, agradeço a todos os amigos, a população que procura um renovo, que procura uma administração com capacidade de gestão que conheça as dores das pessoas. Vamos nos dedicar para entregar uma nova Porto Velho, sair desses índices tão prejudiciais que nos colocam em condição muito ruim [..]".

Saiba quem foram os prefeitos eleitos nas capitais da região
por
Khauan Wood
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01/11/2024 - 12h

Os cidadãos de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e Curitiba, no Paraná, foram às urnas no último domingo (27) para definir os nomes que estarão no comando de suas prefeituras pelos próximos quatro anos. O centrão saiu vitorioso nas duas capitais.

Curitiba (PR)

531.029 de pessoas decidiram que Eduardo Pimentel (PSD) será o novo prefeito da cidade, número que chega a 57,64% dos votos válidos. Sua adversária foi a jornalista Cristina Graeml (PMB) que ficou com 42,36%, totalizando 390.254, essa foi a primeira vez que seu partido conseguiu levar um candidato ao segundo turno em uma capital desde a sua criação em 2016.

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Pimentel já acumulava dois mandatos como vice-prefeito da cidade, eleito em 2016 e reeleito em 2020. Foto: Eduardo Pimentel via X/Reprodução

 

Em seu discurso de vitória realizado na sede do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), o sucessor do atual prefeito Rafael Greca (PSD) afirmou que pretende garantir a nova concessão do transporte público na cidade, implementar o ensino em tempo integral nas escolas municipais e aumentar o número de vagas em creches da prefeitura.

Porto Alegre (RS)

O atual prefeito Sebastião Melo (MDB) foi reeleito com 61,53% dos votos contra 38,47% da deputada Maria do Rosário (PT). Melo conquistou mais de 406 mil votos, cerca de 36 mil a mais em comparação ao segundo turno da eleição anterior, em 2020. Além disso, Porto Alegre terá uma mulher na vice-prefeitura da cidade pela primeira vez, Betina Worm (PL), médica veterinária e tenente-coronel do Exército.

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Melo é o terceiro prefeito que se reelege em Porto Alegre desde a redemocratização. Foto: Pedro Piegas/Correio do Povo

Com vitória em todas as regiões porto-alegrenses, o prefeito disse em seu discurso que uma de suas prioridades será implementar medidas que previnam novas enchentes na cidade, assim como as que ocorreram no início deste ano. Ele defendeu ainda a privatização do Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE) e a busca de auxílio dos Governos Federal e Estadual para o setor.

Conheça os candidatos eleitos nas capitais nordestinas e seus discursos pós-vitória
por
Anna Cândida Xavier
Maria Eduarda Cepeda
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01/11/2024 - 12h

 

No domingo, 27 de outubro, o segundo turno das eleições municipais foi decidido em Fortaleza, João Pessoa, Natal e Aracajú. O Partido dos Trabalhadores conquistou sua única capital desde as eleições de 2016 em Fortaleza, com Evandro Leitão. Cícero Lucena foi reeleito em João Pessoa, a quinta capital nordestina a reeleger seus prefeitos em 2024. Em Natal, Paulinho Freire foi eleito com o apoio do atual prefeito na disputa com Natália Bonavides (PT). E o Partido Liberal conquista sua segunda capital nordestina em Aracajú com Emília Corrêa.

Nas quatro capitais que decidiram seus futuros prefeitos neste domingo, foram contabilizados 2.575.500 votos válidos nos colégios eleitorais que participaram do segundo turno. Fortaleza teve o menor número de abstenções de votos com o índice de 15,84%, João Pessoa com o total de 22,84% das abstenções, Aracaju com  25,16% e Natal finalizou com o maior nível de abstenção comparado às outras capitais, tendo no total 26,07%. A soma de votos em branco de todas as capitais foi de 50.620. 

Das nove capitais do Nordeste, sete elegeram prefeitos de partidos de direita ou de centro. Somente Evandro Leitão (PT) em Fortaleza e João Campos, do Partido Socialista Brasileiro, em Recife, representam partidos de esquerda nas capitais nordestinas. A votação expressiva na direita contrasta com o desempenho de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022 na região. O partido União Brasil conquistou três capitais nordestinas, Teresina, Natal e Salvador e o Partido Liberal elegeu prefeitos em Maceió e Aracajú. O partido Progressistas reelege Cícero Lucena em João Pessoa e em São Luís o Partido Social Democrático reelege Eduardo Braide. 

Fortaleza (CE)

Evandro Leitão (PT) ao lado do atual presidente Lula em campanha eleitoral
Presença marcante do presidente Lula na campanha de segundo turno de Evandro Leitão. Foto: Reprodução/Facebook

Evandro Leitão (PT) vence o segundo turno das eleições em Fortaleza por uma diferença de 10.838 votos em relação ao adversário André Fernandes (PL). No primeiro turno, o candidato do PT tinha apenas 34,33% do eleitorado, porém, foi eleito com 50,38% dos votos válidos. Fernandes recebeu o apoio de 49,62% dos eleitores.  

A principal estratégia da campanha foi aproximar a imagem do candidato às lideranças petistas no Ceará – o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Educação e ex-governador do Estado, Camilo Santana, e o atual governador, Elmano de Freitas. Evandro Leitão agradeceu a militância do Partido dos Trabalhadores em seu discurso de vitória e afirmou “o bem venceu o ódio, a humildade venceu a arrogância e prepotência, aqueles que se acham donos do poder, aqueles que se juntaram com o filhote de Bolsonaro, deram com os burros n’água”. 

João Pessoa (PB)

Cícero Lucena (PP) comemorando a vitória do segundo turno
Cícero Lucena assume seu quarto mandato em janeiro de 2025. Foto: Reprodução/Facebook

Cícero Lucena (PP) foi reeleito prefeito na capital de Paraíba, com 63,91% dos votos válidos, vencendo a disputa contra o candidato Marcelo Queiroga do Partido Liberal, que obteve 36,02% dos votos. O atual prefeito caminha para seu quarto mandato como prefeito, ocupou o cargo de 1997 a 2004 e o assumiu novamente em 2020. 

Nas redes sociais, Lucena agradeceu seus eleitores e enfatizou a continuidade de seus projetos para a cidade, “[..] A confiança que foi depositada em nós não será em vão. Vamos continuar construindo uma cidade mais justa, mais inclusiva, mais humana. O trabalho não para, e a vontade de fazer o bem segue ainda mais forte”. 

Natal (RN)

Paulinho Freire (União) como deputado federal na câmara dos deputados
Paulinho Freire deixará cargo de Deputado Federal para assumir a prefeitura de Natal. Foto: Ag. Câmara, Reprodução/UOL

Na capital do Rio Grande do Norte, Paulinho Freire (União) vence a disputa pelo segundo turno com 63,91% dos votos contra 44,66% de Natália Bonavides (PT). O candidato eleito tem uma longa história como político na cidade, foi vereador em 1992 e ocupou o cargo de presidente da Câmara Municipal de 1997 a 2002. Em 2008, foi vice-prefeito de Natal, em 2012 voltou a ser vereador e nas eleições de 2022, foi eleito como deputado federal. 

No Instagram o candidato, Paulinho Freire, relembra a trajetória da campanha e agradece o apoio dos partidos da coligação e, em especial, de Álvaro Dias, atual prefeito da cidade. “Uma eleição difícil, mas a população de Natal assimilou bem as nossas propostas, o nosso projeto, viu que não valia a pena Natal voltar ao passado, retroceder”. 

 

Aracaju (SE) 

Emília Corrêa (PL) posando para foto ao lado da cabine de votação.
A candidata não vinculou sua imagem ao ex-presidente Jair Bolsonaro em sua campanha no segundo turno. Foto: Reprodução / Instagram

 

Na capital sergipana, Emília Corrêa (PL) venceu a disputa para a prefeitura com 57,46% dos votos válidos contra o candidato Luiz Roberto do PDT. Esse é o seu primeiro mandato como prefeita, antes de embarcar na política Emília trabalhou como defensora pública e presidente da Procuradoria da Mulher na Câmara Municipal de Aracaju, em 2016 foi eleita vereadora e se reelegeu em 2020.

Em seu Instagram, a futura prefeita comemorou sua vitória com um vídeo onde está vestida de leoa e canta uma música gospel. Na descrição da publicação ela agradece seus eleitores e reforça a presença religiosa em seu futuro mandato, “a melhor forma de demonstrar o que estamos vivendo hoje é retratar a força que me move: a fé em Jesus, o Leão da Tribo de Judá (Apocalipse 5:5). E como uma leoa, que na natureza, desempenha um papel crucial na sobrevivência e no bem-estar de sua prole, vou estar à frente dos destinos de Aracaju, cuidando e protegendo, em especial daqueles que mais precisam. Vamos escrever um lindo capítulo na história da nossa cidade com Deus e o povo”. 

Atos em São Paulo tem menor adesão do que a esperada por organizadores
por
Letícia Coimbra
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07/09/2021 - 12h

Por volta das 15h30, Bolsonaro foi recepcionado com fogos de artifício e gritos de “o capitão chegou”. Ele fez ataques ao Tribunal Superior Eleitora e Luís Roberto Barroso, presidente do TSE, colocando em cheque a credibilidade das urnas eletrônicas. “A alma da democracia é o voto. Não podemos admitir um sistema eleitoral que não oferece qualquer segurança por ocasião das eleições”, gritou. E acrescentou: “não é uma pessoa do Tribunal Superior Eleitoral que vai nos dizer que esse processo é seguro e confiável”.

idosa segunda um cartaz escrito “o povo apoia Bolsonaro, voto auditável”
Foto: Isabela Gama/AGEMT 

O presidente também fez ataques diretos ao ministro Alexandre de Moraes, alegando que não irá mais obedecer ou respeitar ordens vindas dele, dizendo que “qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes, esse presidente não mais cumprirá”. Além disso, Bolsonaro repetiu o discurso adotado no sábado, 28 de agosto, reforçando que há apenas três opçoes de futuro: prisão, morte ou vitória. No entanto, ele descarta a possibilidade de ser preso. “Quero dizer aos canalhas que nunca serei preso’, afirmou.

Com cartazes em inglês, bolsonaristas pediam que os ministros do STF sejam destituídos de seus cargos. De acordo com os manifestantes, as frases estão em inglês para que o mundo veja que o presidente do Brasil é popularmente apoiado.

 

Na Avenida Paulista, manifestantes exibem faixa em inglês: “Presidente Bolsonaro e Forças Armadas, restaurem a ordem no Brasil! A população brasileira exige que os ministros do STF e políticos corruptos sejam substituídos e punidos” – Foto: Isabela Gama
Na Avenida Paulista, manifestantes exibem faixa em inglês: “Presidente Bolsonaro e Forças Armadas, restaurem a ordem no Brasil! A população brasileira exige que os ministros do STF e políticos corruptos sejam substituídos e punidos” - Foto: Isabela Gama/AGEMT

Com início marcado para as 14h00, o ato no Vale do Anhangabaú contra o Governo Bolsonaro teve a participação de lideranças sindicais, movimentos sociais e partidos da esquerda em defesa da democracia, da Constituição e das instituições brasileiras. Lideranças que participaram da organização do evento fizeram discurso, entre elas Guilherme Boulos(PSOL) e Fernando Haddad(PT), além de líderes de movimentos sociais e centrais sindicais. Os discursos pediam o impeachment de Jair Bolsonaro, a defesa da democracia, vacina, moradia, comida e emprego. 

Tradicionalmente, desde 1995, o Grito dos Excluídos e Excluídas ocorre no dia 7 de setembro e cobra medidas que diminuam as desigualdades sociais. Neste ano, a 27ª edição do movimento começou na Praça da Sé e se juntou ao protesto em favor da democracia e contra o presidente Bolsonaro no Anhangabau.

Manifestantes estenderam uma bandeira verde e amarela de 100 metros de comprimento e 9 de largura no pavimento. Annebelle Rene, membro da Juventude Pátria Livre e produtora da faixa, o objetivo era retomar as cores da  bandeira do Brasil, das quais os bolsonaristas se apropriaram. Na faixa, com tinta preta, estava escrito “Fora Bolsonaro Impeachment JÁ”. Apesar de uma maior aderência das cores da bandeira do Brasil, o vermelho ainda predominou.

faixa verde e amarela estendida
Isabela Mendes/ AGEMT

Tanto na manifestação presente na Avenida Paulista quanto no Vale do Anhangabaú, não houver incidentes graves. Duas pessoas foram presas por furto e algumas foram detidas por portarem objetos considerados perigosos. Segundo estimativa da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, a manifestação a favor do presidente Jair Bolsonaro reuniu cerca de 125 mil pessoa, já no ato da oposição, a estimativa é que 15 mil pessoas compareceram.

No segundo discurso do dia, na Av. Paulista, o presidente Jair Bolsonaro fez ataques diretos ao Ministro Alexandre de Moraes, voltou a atacar o processo eleitoral e afirmou que “só Deus” o tira de Brasília
por
Luan Leão
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07/09/2021 - 12h

 

Por cerca de 20 minutos o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) discursou na Avenida Paulista em São Paulo, naquele que seria o discurso “mais robusto", nas palavras do presidente. Durante a fala, Bolsonaro fez ataques diretos ao Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e chegou a afirmar que não respeitará “qualquer decisão” vinda do magistrado.

“Dizer a vocês que qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes esse presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou”- Jair Bolsonaro

Discursando para cerca de 125 mil pessoas, segundo a polícia, o presidente xingou o ministro de “canalha” e pediu sua saída.

Ato Pró-Bolsonaro na Avenida Paulista. Imagem: Entre Nuvens/UOL

“Ou esse ministro se enquadra, ou ele pede para sair. Alexandre de Moraes, deixa de ser canalha!”- Jair Bolsonaro

Além de Moraes, Bolsonaro também criticou o processo eleitoral, afirmando que “não é confiável”, e voltou a pedir o “voto auditável” com “contagem pública de votos”. Quando falou de eleições, Bolsonaro mentiu sobre a decisão do corregedor-eleitoral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luis Felipe Salomão, que ordenou a suspensão da monetização de canais que disseminam informações falsas sobre as eleições no Brasil. A decisão mirou perfis que produzem conteúdo falso, e Bolsonaro tratou os alvos da medida apenas como críticos do sistema de votação. 

O presidente voltou a afirmar que só sai da presidência “preso, morto ou com a vitória”, e foi enfático ao dizer que “só Deus” o tira de lá. 

A fala terminou por volta das 16h. Em seguida, ele desceu do carro de som e foi cumprimentar  apoiadores, cercado pelo aparato de segurança e sem o uso de máscaras. Só depois, seguiu para o hotel de onde seguiria para Brasília. Após o presidente deixar o local, os manifestantes se dispersaram.

A expectativa é que o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luiz Fux, se reúna com os demais membros para preparar uma resposta aos ataques feitos à Côrte e a seus ministros. Vale lembrar que mais cedo, ainda em Brasília, em seu primeiro discurso, Bolsonaro atacou o STF e alfinetou o ministro Luiz Fux.

“Ou o chefe desse poder enquadra o seu [ministro], ou esse poder pode sofrer aquilo que nós não queremos.”- Jair Bolsonaro

As falas do presidente ao longo do dia foram recebidas com alertas por políticos. O presidente do PSDB, Bruno Araújo, afirmou  à CNN Brasil que o país chegou ao “limite da dignidade política”, e o partido convocou para amanhã (8) uma reunião extraordinária para debater o impeachment do presidente Jair Bolsonaro. 

Em discurso aos seus apoiadores em Brasília, Bolsonaro faz menção golpista ao STF e ao ministro Luiz Fux
por
Letícia Coimbra
|
07/09/2021 - 12h

No dia 7 de setembro, aniversário de 199 anos da independência do Brasil, manifestações incitadas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a fim de mostrar que ainda consegue mobilizar as ruas, tomam o país. Caravanas de várias regiões tem seu destino em Brasília e São Paulo, palco das manifestações com maior relevância. 

Pela manhã, Bolsonaro participou da cerimônia de hasteamento da bandeira, no Distrito Federal, acompanhado do ex-presidente Fernando Collor de Mello e alguns ministros, entre eles Onyx Lorenzoni (ministro do Trabalho), Paulo Guedes (ministro da Economia) e Braga Netto (ministro da Defesa). Em seguida, ele fez um discurso para os apoiadores na Esplanada dos Ministérios e depois segue para São Paulo, onde é esperado às 15:30.

 O presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, no entanto,  não compareceu à cerimônia com Bolsonaro. Arthur Lira, presidente da Câmara e Luiz Fux, presidente do STF, também não compareceram.

 Em sua conta no Twitter, Pacheco, que mantém um discurso ambíguo em relação ao presidente da república” escreveu, “Ao tempo em que se celebra o Dia da Independência, expressão forte da liberdade na cional, não deixemos de compreender nossa mais evidente dependência de algo que deve unir o Brasil: a absoluta defesa do Estado Democrático de Direito”.

Manifestação bolsonarista do dia 7 de setembro, em Brasília - Foto: Pedro Ladeira/ Folhapress
Manifestação Bolsonarista do dia 7 de setembro, em Brasília - Foto: Pedro Ladeira/ Folhapress

Já discursando na Esplanada, o Presidente da República alfinetou o STF e Fux: “Nós não mais aceitaremos que qualquer autoridade, usando a força do poder, passe por cima da nossa Consituição. Não mais aceitaremos qualquer medida, qualquer ação ou qualquer certeza que venha de fora das quatro linhas da Constituição. Também não podemos continuar aceitando que uma pessoa específica da região dos Três Poderes, continue barbarizando a nossa nação. Não podemos mais aceitar prisões políticas no nosso Brasil. Ou o chefe desse poder enquadra o seu [ministro], ou esse poder pode sofrer aquilo que nós não queremos. Porque nós valorizamos, reconhecemos o valor de cada poder da republica. Aqui na praça dos três poderes, juramos respeitar a Constituição. Quem age for a dela, se enquadra ou pede pra sair.”

Em outro momento,  Bolsonaro diz: “Indo para o encerramento, peço que me ouçam hoje por volta das das dezesseis horas lá na Paulista. Como chefe do executivo, seria mais fácil ficar em casa, mas como sempre disse ao longo de toda a minha vida de político, sempre estarei onde o povo estiver”, sendo intensamente ovacionado, e continua, “vou à São Paulo e retorno. Amanhã estarei com o Conselho da República, juntamente com os ministros. Para nós, juntamente com o presidente da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal. Com essa fotografia de vocês, mostrar pra onde nós todos devemos ir.” 

Segundo apuração de Vinícius Sassine, repórter da Folha de São Paulo, Bolsonaristas agrediram jovens que consideraram “infiltrados” e foram chamados de “petistas”. 

Copos com fotos de Bolsonaro à venda em Brasília - Foto: Marcelo Rocha/ Folhapress
Copos com fotos de Bolsonaro à venda em Brasília - Foto: Marcelo Rocha/ Folhapress

Manifestantes bolsonaristas reunidos em Brasília pedem golpe, fazendo ataques ao Congresso e Supremo Tribunal Federal. No local, comerciantes também aproveitam para vender camisetas, bonés, bandeiras e copos com fotos de Bolsonaro.

O ato no Distrito Federal começou a se esvaziar gradualmente por volta de 12h20.

 

A história de irmãos baianos que abriram mão de sua liberdade por algo maior, a verdadeira democracia
por
Maria Luiza Costa
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07/07/2021 - 12h

Pensamentos de direita, pessoas intolerantes, milhares de vidas perdidas por conta de um governo negligente e radical, tudo isso soa muito comum aos nossos ouvidos. Vivemos isso todos os dias, e vivemos isso por um bom tempo. Nada é uma novidade, milhares de pessoas já tinham passado por isso décadas atrás, no que ficou conhecido como Ditadura Militar de 1964. 

Em diversos lugares do Brasil, muitas pessoas lutaram pelo país, dentre eles os irmãos Hildete e Sinval Galeão. Residentes de Feira de Santana, na Bahia, os dois sofreram com o governo militar, mas, mesmo assim continuaram fiéis aos seus pensamentos e ideais. Os dois sempre viveram juntos, Hildete sendo a mais velha, sempre cuidou do irmão e sempre foi muito presente em sua vida, tanto que ele a chamava de mãe.

No dia 31 de marco de 1964, o Brasil sofreu um golpe militar, que fez com que diversos pensamentos de direita fossem espalhados pelo país. No período entre 1964 e 1969, um total de dezessete atos institucionais foram emitidos, sendo essa uma das principais formas de dar mais poder para o Executivo, de justificar as ações dos militares e de dar um aparato judicial para legitimar à ditadura. Esses atos deram diversos poderes ao Estado, como por exemplo fazer diversas alterações na constituição e em diversas leis que existiam antes do golpe já não serviam de nada (AI-1), partidos políticos foram extintos (AI-2), e diversas outras coisas. 

Podemos dizer que o ato institucional que mais afetou a vida dos irmãos Galeão e de milhares de pessoas, foi o mais conhecido e autoritário de todos, o AI-5, no qual os meios de perseguição e repressão foram ampliados.  O militante Sinval sofreu de maneira absurda, foi torturado e os militares conseguiram sumir com ele, como relata sua irmã Hildete “Com os colegas, conseguimos localizar no CPOR o meu irmão, que se encontrava sumido. Foi terrível!!! Ele queimava de febre. Corpo todo de hematomas e feridas expostas. Sua mão direita com alguns dedos sem movimentos e de nada adiantou as cirurgias ao longo do tempo”. 

O militante teve que ir para a Europa, uma vez que mesmo depois de solto, continuou a ser perseguido por esse governo assassino. Foi para a antiga União Soviética, onde seu pensamento continuou se alinhar com pensamentos comunistas, e voltando para o Brasil, ajudou a fundar o Partido Comunista Brasileiro (PSB) de Feira de Santana. Sua irmã, afirma que sua volta foi muito difícil “Sinval foi para a Europa pois sabíamos que era um dos que estava destinado a ‘sumir’, como muitos descobertos agora através da Comissão da Verdade. Sua volta foi triste, mas jogou-se com o passar dos anos a estudar e dias e noites mergulhado em livros de história, política e economia, passou a morar comigo em 1974, foi e sempre será meu irmão-filho!”. 

O mesmo, após sua volta, também presidiu o PSDB, que cresceu com sua dedicação e competência, após a extinção do PCB na Bahia, candidatou-se a vereador, se formou em economia, sendo orador da turma, na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), dentre outras conquistas, e uma das principais, pode-se dizer que foi ser o coordenador da Comissão da Verdade, de Feira de Santana, no ano de 2013. Sendo seu último trabalho político. 

Esse foi, com certeza, um momento de desespero para toda a família, principalmente por ele não ter sido o único a sofrer da mão dos militares, Hildete Galeão também foi uma vítima, tanto de torturas quanto no seu ambiente de trabalho, que foi fechado pelo governo “[...] Além de pertencer ao grupo de Rádio Amadores prefixada como PY-6-ID, com essa bagagem além de eles sumirem com meu irmão, fecharam nossa estação de rádio e me botaram grávida de 2 meses, da minha segunda filha num camburão e me levaram para o Quartel General”.

Hildete Galeão (22), 1961, na sua formatura de Mecanografia.
Hildete Galeão (22), 1961, na sua formatura de Mecanografia.

O ano já é 2021, e muita coisa mudou, mas o que é notável, é que diversos ideais de extrema direita estão cada vez mais presentes em discursões. Muitas pessoas, principalmente, as que se encontram em posições de privilégio, continuam apoiando movimentos que só trouxeram preocupação e angústia nos outros, essas pessoas disseminam pensamentos que fortalecem ações negativas, como por exemplo apoiar uma nova ditadura militar aqui no Brasil, ou apoiar ideais extremistas, como o neonazismo e neofascismo. 

Podemos dizer que essas mesmas pessoas encontram outras em posição de poder, que só reforçam esses posicionamentos. Como por exemplo no nosso país, que no ano de 2018, uma grande parcela da sociedade viu no Presidente Bolsonaro, um reflexo de suas próprias convicções e princípios, assim botando para fora tudo o que sempre acreditaram.

Desde que foi eleito, o presidente da república disseminou palavras de ódio, teve diversas atitudes racistas e homofóbicas, e ainda tem o descaso e desrespeito de não esconder seu saudosismo ao golpe de 1964 e às atitudes absurdas dos militares. Como em 2016, que durante a votação pelo impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), prestou homenagem ao Coronel Ustra, dizendo "Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff”. Após esse terrível episódio, Bolsonaro ironizou torturas e ainda duvidou do que realmente aconteceu, e nos trouxe ao terror que o povo brasileiro está vivendo atualmente com a pandemia do COVID-19, fazendo com que o país atingisse a marca de 500.000 mortos no dia 19 de junho, por uma doença que já tem vacina. Um genocida no poder e milhões de apoiadores, nunca traria um resultado diferente do que vemos. 

Sinval Galeão, faleceu em 2017, mas com tudo que construiu em sua vida ainda é referência para diversas pessoas que o conheceram, sendo uma pessoa admirada por todos, ele não deixou seus ideais de lado, não esquecendo de quem ele era e tudo que passou. Seu querido amigo Riva Costa, que é professor de história, se inspira muito no militante. 

“Falar sobre Sinval, é fácil e apesar de ele ter sido sempre uma pessoa muito reservada, ele sempre conversava comigo, e o que sempre me admirou em nele foi essa simplicidade dele de fazer política, de ver no outro uma pessoa que precisa, ver no outro uma demanda, e esse legado que ele deixa, pelo menos para mim. Lembrando que ele foi perseguido, foi para a União Soviética, ele foi imprensado, literalmente falando, numa prensa de fumo e não deixou de lado os sues ideais e manteve a defesa do que ele achava que era certo”, diz ele. 

Carteira da União Nacional dos Estudantes de Sinval Galeão (40), logo após sua legalização.
Carteira da União Nacional dos Estudantes de Sinval Galeão (40), logo após sua legalização.

O militante recebeu diversas homenagens ainda em vida, no entanto a que mais o marcou ocorreu no dia 8 de maio de 2008, quando foi homenageado pela Câmara Municipal de Feira de Santana, com a comenda Cidadão Benemérito da Liberdade e da Justiça Social Deputado Francisco Pinto. Em seu discurso, continuou mostrando tudo que acreditava e toda sua trajetória política, desde criança. “Agradeço a essa casa e a todos que aqui estão pela prova de apoio e reconhecimento de meu trabalho. Mas, gostaria de registrar aqui e agora, que essa homenagem não foi só a mim, e sim a um ideal, a uma ideologia. Por isso quero estendê-la a todos companheiros com quem convivi e que não estão mais entre nós”, disse ele.

Nesse dia, ainda disse que sabe que não envergou a si mesmo, e que não envergonhou sua família. Tio, gostaria que soubesse o quanto nos dá orgulho, e digo isso no presente, porque o senhor pode não estar aqui fisicamente, mas seu legado e seus ensinamentos estarão eternamente conosco, o senhor é nossa maior inspiração em diversas pautas, então obrigada por ter sido esse ser iluminado que fez tudo que podia pelo povo brasileiro. Como seu querido amigo, Domingos Leonelli, publicou “Ele [Sinval] vai encontrar Hozannah e Chico Pinto e se transformar em mais uma estrela vermelha a iluminar o caminho da revolução na escuridão da noite”. 

Obrigada por tudo. 

 

 

 

por
Eduardo Lopes Machado - Fábio Henrique Martineli Pinheiro - Lucca Cavalheiro Ranzani - Lucas Malagone - Robson Lucas Rodrigues
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22/06/2021 - 12h

 

Nas últimas semanas o Brasil foi tomado por manifestações contra o governo federal em tom de indignação com diversas situações provocadas pelo governo Bolsonaro como a falta de vacinas, demarcação de terras indígenas, aumento do desemprego, aumento da fome entre outras pautas todas com o mesmo teor pedindo um basta a isso e pedindo o impeachment do atual presidente. Mas um fato marcou mais as manifestações, a cobertura da mídia.

Às manifestações do dia 29 de maio de 2020 foram praticamente apagadas da grande mídia com medo de um teor partidário e até de endossar repuldio ao atual governo, foram poucos os jornais e veículos que deram o destaque devido as manifestações, alguns nem capa deram e outros como o Jornal Nacional só foram dar destaque dois dias depois na segunda-feira dia 1 de junho.

Após essas decisões tomadas pelos telejornais brasileiros e pelos jornais de grande porte do país, que criaram essa insatisfação no povo, decidimos fazer uma pequena entrevista com o professor de Fundamentos Éticos do Jornalismo na PUC-SP, Marcos Luiz Cripa, trazendo perguntas sobre o papel da grande imprensa diante dessas manifestações:

           

Qual o principal motivo do apagão das mídias no dia 29 de maio?

Se você se refere especificamente à chamada “Grande Imprensa”, não vejo que tenha havido apagão. Historicamente a mídia oferece pouca ou nenhuma cobertura quando se trata de manifestações populares; aquelas que nascem diretamente dos movimentos sociais, como aconteceu em 29 de maio deste ano. Na década de 1980, parte dessa mesma imprensa ignorou por um período a existência do movimento conhecido como “Diretas Já”, que mobilizava milhares de pessoas em comícios nas principais capitais brasileiras. Em São Paulo, em 25 de janeiro de 1982, a TV Globo informou que 300 mil pessoas estiveram na Praça da Sé para “comemorar o aniversário de São Paulo”. Ou seja, negou o fato de existir manifestação em defesa de eleições diretas para presidente. Ocultar o fato ou informação é manipular a cobertura. O que aconteceu em 29 de maio, foi a tentativa de esconder um fato amplamente divulgado nas redes sociais. 

 

            Você acredita que existe diferença entre coberturas pró governo e contra governo?

O que tenho observado, principalmente nos telejornais das TVs Record, SBT e RedeTV, é a tentativa de negar ou dar pouca repercussão a fatos que prejudiquem a imagem do presidente Jair Bolsonaro. Ora reduzindo o espaço da notícia ora sequer dando a notícia. São comportamentos de emissoras alinhadas com o governo federal.

 

            Qual o perigo de não se dar o devido destaque as manifestações?

O perigo mais aparente é o de atentar contra a democracia. Negar informação a leitores, telespectadores e radiouvintes não é o papel de uma mídia responsável e ética. Barbosa Lima Sobrinho, jornalista e ex-presidente da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), afirmou certa vez que, o papel da imprensa é o de estar ao lado do povo.

 

Contudo, é possível perceber que essa tentativa de negar as notícias ou dar pouca repercussão, como disse Cripa, tem circunstâncias que podem ajudar a imagem de Jair Bolsonaro, tudo por conta dos alinhamentos das emissoras com o governo federal. Isso acaba afetando na luta contra o atual governo e repercutindo na quantidade de mortes por conta do vírus, e isso pode ser confirmado com a péssima notícia que o país recebeu neste domingo (20) de que chegamos aos 500 mil mortos e não temos ideia de onde isso pode acabar.

Após toda a situação que aconteceu e de muitas críticas voltadas para os jornais e telejornais, foi possível perceber a mudança de postura de alguns. Como exemplo separamos a capa do jornal O Estado de São Paulo, em que a esquerda seria no dia 30 de maio de 2021 e a da direita no dia 20 de junho:

               

Imagem: Reprodução/Internet

Outro exemplo de mudança de comportamento pôde ser notado no Jornal O Globo, com as capas feitas nos dias 30 de maio (esquerda) e outra no em 30 de junho (direita):

 

       

Imagem: Reprodução/Internet

         

Mudanças notórias na forma de noticiar tais atos, mudanças benignas, porém que não deveriam ter sido necessárias. O papel fundamental da grande mídia é informar o seu povo e isso é um contrato ético social, vai além de qualquer convicção política ou incentivo monetário. No momento em que o povo não tem noção da gravidade de sua situação ou muito menos tem conhecimento dos processos antropológicos e sociológicos que ocorrem na sociedade, a mídia se transforma não mais em um intermédio, mas sim em um órgão manipulador de verdades e vidas. A mudança só vem quando precisamos melhorar, e não noticiar as manifestações do dia 29 foi um erro mais que grave, não deveria ter ocorrido e que não se repita; que a ética reine sob a imprensa brasileira e que seu povo fique bem informado.