A ascensão das plataformas digitais como palco central da nova política e o desafio da polarização
por
Isabelle Maieru
Jalile Elias
Marcela Rocha
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27/11/2025 - 12h

 

A imagem conceitual representa a polarização política. FONTE: Shutterstock / Imagem Conceitual

O cenário político contemporâneo foi drasticamente redefinido pela ascensão das redes sociais. O que antes era um mero canal de comunicação secundário transformou-se no principal palco de debate, engajamento e, por vezes, de acirrada polarização. Líderes e figuras públicas, de todas as ideologias, utilizam plataformas como X (antigo Twitter), Instagram, Facebook e TikTok não apenas para disseminar informações, mas para construir narrativas, interagir diretamente com eleitores e moldar a opinião pública.

A Onipresença Digital: Vantagens e Riscos

A presença massiva de políticos nas redes oferece uma série de vantagens:

  • Acesso Direto: Permite uma comunicação sem intermediários com o eleitorado, humanizando a figura pública e criando um senso de proximidade.

  • Mobilização: Ferramenta poderosa para organizar movimentos, manifestações e campanhas de forma rápida e eficiente.

  • Quebra de Monopólio: Diminui a dependência da mídia tradicional, permitindo que políticos e partidos estabeleçam suas próprias agendas.

No entanto, essa "democratização" da comunicação não está isenta de riscos e desafios:

  • Polarização e Bolhas: Os algoritmos das redes tendem a criar "bolhas" de informação, reforçando crenças existentes e expondo os usuários a conteúdo que confirma seus vieses, o que contribui para a polarização.

  • Desinformação (Fake News): A velocidade de propagação e a falta de filtros rigorosos tornam as redes um terreno fértil para a disseminação de notícias falsas, boatos e manipulação de informações, com sérias consequências para o debate público e a democracia.

  • Discurso de Ódio: A anonimidade e a falta de moderação eficaz em algumas plataformas facilitam a proliferação de discursos de ódio, ataques pessoais e campanhas difamatórias.

Foto de uma tela de celular com vários ícones de redes sociais misturados. Fonte: Depositphotos / Mídia Social e Política

Estratégias Digitais em Constante Evolução

A "nova política" é inerentemente digital. Políticos e suas equipes investem pesadamente em estratégias de marketing digital, análise de dados e criação de conteúdo. O uso de memes, vídeos curtos e transmissões ao vivo (lives) são táticas comuns para viralizar mensagens e engajar diferentes faixas etárias.

Observa-se também a profissionalização das equipes digitais, com especialistas em análise de sentimentos, SEO (Search Engine Optimization) e gestão de crises online. A capacidade de responder rapidamente a eventos e narrativas em tempo real tornou-se um diferencial competitivo crucial.

O Futuro da Política e das Redes

O fenômeno dos políticos nas redes sociais é irreversível. O desafio para as democracias é encontrar mecanismos para regular e fiscalizar o ambiente digital sem cercear a liberdade de expressão, garantindo que as plataformas sirvam como ferramentas de fortalecimento do debate público e não de sua deterioração. A busca por um equilíbrio entre a liberdade, a responsabilidade e a moderação de conteúdo continuará a ser um dos temas centrais dos próximos anos, moldando não apenas a política, mas a própria sociedade.

 

Unanimidade da 1ª Turma confirma preventiva e abre caminho para execução imediata da pena de 27 anos
por
Isabelle Maieru
Jalile Elias
Marcela Rocha
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26/11/2025 - 12h

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por unanimidade, manter a prisão preventiva do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro. A decisão, referendada na segunda-feira (24), confirmou o decreto do ministro Alexandre de Moraes que converteu a prisão domiciliar do ex-presidente em preventiva no último sábado (22).

A manutenção da prisão ocorre no momento em que o processo final de condenação do ex-presidente na Ação Penal (AP) 2668 se aproxima do trânsito em julgado, permitindo que o ministro relator determine o início imediato do cumprimento da pena. Bolsonaro está detido na Superintendência da Polícia Federal (PF) em Brasília.

 

Ministro Alexandre de Moraes discursando na bancada. Fonte: STF (Supremo Tribunal Federal)

 

Argumentos da Corte e Motivação da Prisão Preventiva

A decisão unânime dos ministros da 1ª Turma (Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin) considerou que a prisão preventiva é imprescindível para garantir a ordem pública, assegurar a aplicação da lei penal e coibir o reiterado desrespeito às medidas cautelares impostas.

Os fatores centrais que motivaram a conversão da prisão domiciliar para preventiva são:

  1. Violação da Tornozeleira Eletrônica: A Polícia Federal apontou que o equipamento de monitoramento eletrônico foi violado intencionalmente pelo ex-presidente. Moraes classificou o ato como uma violação "dolosa e consciente", após o próprio Bolsonaro admitir ter usado um ferro de solda na tornozeleira, alegando ter agido sob "surto" e efeito de medicamentos.

  2. Risco de Fuga e Obstrução: O ministro relator citou o risco concreto de fuga, intensificado pela violação do equipamento e pela convocação pública para uma "vigília" em frente à residência de Bolsonaro, feita por um familiar. A Corte avaliou que essa mobilização poderia criar tumulto e facilitar uma eventual evasão.

 

Os Argumentos da Defesa

A defesa do ex-presidente apresentou recursos e pedidos que foram, em grande parte, rejeitados ou considerados prejudicados pela decretação da prisão preventiva.

  • Prisão Domiciliar Humanitária: O principal pleito da defesa foi a prisão domiciliar humanitária, citando o quadro de saúde frágil de Bolsonaro, que inclui gastrite, esofagite e crises de soluços. No entanto, o ministro Moraes considerou este pedido prejudicado com a prisão preventiva, embora tenha determinado o atendimento médico em regime de plantão na PF.

  • Contradições na Condenação: Nos recursos apresentados contra a condenação na AP 2668, a defesa alegou que a decisão foi baseada em provas frágeis e contradições no acórdão, e que o ex-presidente não teve participação direta nos atos que levaram à denúncia.

  • Inexistência de Risco: Advogados argumentaram que a prisão preventiva não se justificava, pois a situação já estava controlada pela prisão domiciliar, e Bolsonaro não representaria um risco iminente à sociedade.

Ex-presidente Jair Bolsonaro em evento público (imagem de arquivo). Fonte: Agência Brasil / EBC

 

A Condenação na Ação Penal 2668 e Execução da Pena

Jair Bolsonaro foi condenado pelo STF a 27 anos e 3 meses de prisão em regime inicial fechado, além de multa (124 dias-multa no valor de dois salários mínimos à época dos fatos), na Ação Penal (AP) 2668.

  • Crimes: O ex-presidente foi condenado, majoritariamente, por ser o líder da organização criminosa que articulou planos para impedir a posse do governo eleito em 2022, sendo réu pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

  • Trânsito em Julgado: O prazo para a defesa apresentar o último recurso contra a condenação encerrou-se nessa segunda-feira (24). Com isso, a Corte confirmou o trânsito em julgado para Bolsonaro.

  • Próximo Passo: O ministro Alexandre de Moraes está liberado para, a qualquer momento, determinar a expedição da guia de execução penal, documento que formaliza o início do cumprimento da pena em regime fechado. A sede da PF é apenas o local inicial da custódia, sendo o Complexo Penitenciário da Papuda, ou outra unidade compatível com sua condição de ex-presidente, o destino mais provável para o cumprimento da sentença.

Nova ferramenta deve integrar informações socioeconômicas relacionadas ao gênero
por
Marcela Rocha
Jalile Elias
Isabelle Maieru
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25/11/2025 - 12h
Foto: José Cruz/Agência Brasil
Ativistas participam da 5ª edição da CNPM. Foto: José Cruz/Agência Brasil

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A 5ª Conferência Nacional de Políticas para Mulheres (CNPM), ocorreu em Brasília entre os dias 29 de setembro e 1º de outubro. Durante o evento foi anunciada a plataforma DataMulheres, criada pelo governo federal através do Ministério das Mulheres.

Desenvolvida entre uma parceria do Observatório Brasil da Igualdade de Gênero e a Dataprev (empresa vinculada ao Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos), a tecnologia deve integrar informações de gênero e auxiliar procedimentos de pesquisas, observatórios, projetos e demais iniciativas de gestores públicos e instituições nacionais.

O encontro contou com a presença de 4 mil participantes de coletivos, movimentos sociais, deputadas, ministras e outras autoridades, além do oferecimento de palestras, redes de diálogo e stands para a exposição de livros e artesanatos produzidos por mulheres de todo o Brasil.

Na plenária final do evento foram aprovados o relatório de propostas para o novo Plano Nacional de Políticas para as Mulheres e 33 moções, com 98% dos votos favoráveis. O resultado quase unânime reflete a assertividade de diálogos previamente realizados nas instâncias municipais e estaduais.

Com o intuito de reconhecer a pluralidade das 100 milhões de mulheres que vivem no Brasil, o texto do relatório foi dividido em 15 temas, entre eles a questão do fim da escala 6×1 e a redução da jornada de trabalho, igualdade salarial, desigualdades econômicas e raciais, fortalecimento da participação política de mulheres, autonomia econômica e o enfrentamento à violência de gênero.

Durante o evento, a Ministra das Mulheres, Márcia Lopes, afirmou que “a luta não acaba nunca”, sendo necessário construir “não somente o Brasil, mas a América Latina, o Caribe, um mundo de paz”, para que as mulheres sejam livres e em que não haja nenhum tipo de violência contra elas.

Mudanças incluem teto para operadoras, repasse mais rápido e interoperabilidade
por
Antônio Bandeira e Fábio Pinheiro
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24/11/2025 - 12h

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou no dia 11 de novembro o decreto que moderniza as regras do vale-refeição e vale-alimentação dentro do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT). As mudanças criam um teto para as taxas cobradas pelos operadores, reduzem prazos de repasse aos estabelecimentos e definem novas obrigações para empresas e bandeiras do setor.

Entenda as mudanças mais importantes:

Redução de taxa: O texto fixa limite de 3,6% para a taxa cobrada dos restaurantes e outros estabelecimentos. Atualmente, segundo o governo, esse percentual chega a 15% em alguns casos. As empresas terão 90 dias para se adequar à nova regra. O decreto também estabelece teto de 2% para a tarifa de intercâmbio e proíbe cobranças adicionais.

Interoperabilidade: Em até 360 dias, qualquer maquininha deverá aceitar cartões de todas as bandeiras. A medida, conforme o Ministério do Trabalho, amplia a concorrência e facilita o uso do benefício pelos trabalhadores e pelos estabelecimentos.

Prazo de repasse aos comerciantes: Os restaurantes e supermercados passarão a receber em até 15 dias após a transação. Antes das novas regras, o pagamento ocorria em cerca de 30 dias, podendo chegar a 60.

Legenda: Lula durante assinatura do novo regulamento do PAT - Foto/ Por: Ricardo Stuckert
Legenda: Lula durante assinatura do novo regulamento do PAT - Foto/ Por: Ricardo Stuckert

As regras incluem ainda a abertura dos chamados “arranjos fechados”. Empresas que atendem mais de 500 mil trabalhadores terão 180 dias para migrar para sistemas abertos. A mudança deve reduzir a concentração de mercado e permitir que mais credenciadoras participem do sistema.

Além disso, o decreto proíbe práticas consideradas abusivas, como deságios, descontos indiretos, bonificações e vantagens financeiras não relacionadas à alimentação.

De acordo com o governo, mais de 22 milhões de trabalhadores e cerca de 330 mil empresas cadastradas no PAT serão afetados. O valor do benefício não muda e segue exclusivo para compra de alimentos.

Para o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, o decreto corrige distorções que vinham sendo cobradas por restaurantes, mercados e padarias. Ele afirmou que o governo discutiu o tema por dois anos com empresas e representantes do setor, mas não houve consenso para um acordo.

O presidente da Associação Brasileira de Supermercados, João Galassi, disse que a medida aumenta a concorrência e deve melhorar o valor final disponível para o trabalhador. Segundo Galassi, a redução da intermediação permitirá que mais pequenos estabelecimentos aceitem os vales.

O decreto cria ainda um comitê gestor para acompanhar a implementação das novas regras, fiscalizar práticas abusivas e definir parâmetros técnicos para o funcionamento do sistema.

Congresso irá analisar nesta quinta-feira (27), os 63 vetos feitos pelo presidente Lula
por
CRISTIAN FRANCISCO BUONO COSTA
Antônio Bandeira de Melo Carvalho Valle
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24/11/2025 - 12h

A votação dos vetos ao novo marco do licenciamento ambiental virou um dos temas centrais da agenda do Congresso para novembro. Deputados e senadores se reúnem no dia 27 para decidir se mantêm ou derrubam os 63 trechos barrados pelo presidente Lula na lei sancionada em agosto. O resultado importa porque define até onde o país flexibiliza ou reforça o controle sobre atividades que causam impacto ambiental.

O licenciamento sempre foi o principal instrumento de fiscalização ambiental no Brasil. Ele estabelece quais estudos cada empreendimento precisa apresentar; quais riscos devem ser controlados e quais condicionantes precisam ser cumpridas. O processo costuma ser longo e heterogêneo entre estados, e por isso o Congresso discute há anos uma lei geral que dê mais previsibilidade.

A proposta aprovada em maio deste ano avançou justamente nessa direção: criou regras nacionais, previu modalidades mais simples — como a licença única (LAU) e a licença por adesão e compromisso (LAC) — e dispensou determinadas atividades do processo formal de licenciamento.

Os vetos do governo miraram pontos considerados sensíveis. O Planalto argumenta que alguns trechos ampliavam exageradamente as dispensas, reduziam a fiscalização e fragilizavam compromissos ambientais assumidos pelo país. A justificativa foi a mesma em outras áreas: garantir proteção ambiental sem abandonar a segurança jurídica para o setor produtivo. Entre os vetos estão dispositivos que tratavam da dispensa de licenciamento para obras de manutenção em estradas, linhas de transmissão e linhas férreas, e regras mais amplas para empreendimentos agropecuários.

Parlamentares contrários aos vetos dizem que as restrições prejudicam obras estruturantes e atrasam investimentos. Para eles, trechos barrados pelo Executivo traziam justamente o alívio burocrático que falta para modernizar o setor. O debate ganhou ainda mais força porque a lei entra em vigor em fevereiro de 2026 e o Congresso quer definir o texto final antes disso. Também pesa o cenário político: o tema aparece na agenda de eventos internacionais de clima, e o governo tenta apresentar avanços em governança ambiental.

A votação deve mostrar qual será o equilíbrio escolhido pelo Legislativo para os próximos anos. Manter os vetos significa reforçar o papel fiscalizador do licenciamento, enquanto derrubá-los abre espaço para uma lei mais permissiva, com processos mais rápidos e menos pontos de controle. Para estados, municípios, empreendedores e órgãos ambientais, o resultado define como novos projetos, como o de hidrelétricas, estradas, etc, serão avaliados a partir de 2026.

Entenda as propostas do Deputado Federal pelo PSOL e candidato apoiado pelo presidente Lula (PT) na capital paulista
por
Giovanna Takamatsu
Juliana Bertini de Paula
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03/09/2024 - 12h

 

Guilherme Castro Boulos, 42 anos, é filiado ao PSOL e representado pelo número 50. Formado em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), se especializou em psicologia clínica e tem mestrado em psiquiatria. Boulos também já atuou como professor na rede pública de ensino da capital paulista.

Aos 15 anos, ingressou no movimento estudantil, quando era militante da UJC (União Juventude Comunista). Pouco depois, conheceu o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) e o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), onde chegou a atuar como coordenador.

Foi candidato à presidência em 2018, quando se filiou ao PSOL, e à prefeitura de São Paulo em 2020, mas não foi eleito. Em 2022, concorreu ao cargo de deputado federal e se tornou o deputado mais votado de São Paulo com 1.001.472 votos. Entre candidatos de todo o País, ele obteve a segunda maior votação, em primeiro lugar ficou o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) com 1.492.047 votos.

 

Guilherme Boulos na Câmara dos Deputados. Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
Guilherme Boulos na Câmara dos Deputados. Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

 

 

E a vice?

Marta Suplicy, ex-prefeita de São Paulo, ex-ministra de Estado, Turismo e Cultura é a candidata a vice-prefeita na chapa. Entre seus feitos na capital, o principal foi a criação do Bilhete Único, sistema que garantiu ao usuário do transporte o pagamento de apenas uma passagem, mesmo que ele utilizasse quatro ônibus para se locomover até seu destino.

Durante seu mandato, Marta também criou os Centros Educacionais Unificados. A ideia foi que os CEUs fossem implantados nas periferias da cidade e oferecessem educação em período integral e aos finais de semana, se tornassem opções de lazer para as comunidades. Atualmente, São Paulo conta com 58 Centros Educacionais Unificados (CEUs).


Apoio do Planalto

Boulos é o candidato apoiado pelo presidente da República, Lula da Silva (PT). A relação entre o psolista e o petista é antiga, em suas participações nos atos de campanha,  Lula conta sobre o primeiro encontro entre os dois, em 2003, no primeiro mandato do petista como presidente.

Na ocasião, o candidato a prefeito de São Paulo liderava o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e estava à frente de uma ocupação em um terreno vazio da Volkswagen em São Bernardo, cidade que é berço político de Lula.

 

Chapa fez Marta Suplicy voltar às origens com filiação ao PT e ato com presença de Lula.  Foto: Reprodução/Ricardo Stuckert
Chapa fez Marta Suplicy voltar às origens com filiação ao PT e ato com presença de Lula.
Foto: Reprodução/Ricardo Stuckert

 

 

Principais propostas

“Para mim, esse propósito (do porque estar na política) foi sempre muito claro. Quando eu penso porque eu estou na política, eu penso nas minhas filhas. Eu penso no futuro. Eu penso em uma sociedade absolutamente injusta. Uma cidade que poderia ser muito mais humana”, afirmou Guilherme Boulos ao ser questionado sobre sua evolução profissional, em entrevista para a jornalista Natuza Nery, no podcast “O Assunto” do G1.

Principal bandeira de luta do candidato, o assunto moradia é recorrente em atos e entrevistas, já tendo afirmado que “é uma questão de honra” diminuir o déficit habitacional. O candidato propõe em seu plano de governo se basear em três pilares: construção de novas moradias, melhorar moradias em situação precária e obras de infraestrutura externa juntamente com melhoria habitacional.

O psolista defende a revitalização do centro da cidade, com planos de realização de retrofit nas construções abandonadas. 

 

Marta Suplicy foi escolhida como candidata a vice por seu desempenho eleitoral junto à periferia. Foto: Reprodução/Instagram @guilhermeboulos.oficial
Marta Suplicy foi escolhida como candidata a vice por seu desempenho eleitoral junto à periferia. Foto: Reprodução/Instagram @guilhermeboulos.oficial

 

 

No âmbito do transporte, o deputado do PSOL é favorável à ampliação da tarifa zero - atualmente, a tarifa dos transportes públicos é gratuita somente aos domingos -, além de estimular a eletrificação dos ônibus de São Paulo.

Sobre a viabilidade financeira de implementar a tarifa zero, Boulos afirmou que “o subsídio (das empresas de ônibus) só aumentou nos últimos três anos e o número de ônibus em circulação reduziu, então a população tem um serviço pior e a prefeitura paga mais”, em participação no podcast  “O Assunto”. Na visão do candidato, o primeiro passo para discutir o tema é diminuir o gasto “desnecessário” com as empresas de transporte, uma vez que o custo da tarifa zero é “pouco relevante” em relação ao montante com o subsídio. 

Boulos propõe um projeto de financiamento através do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para arcar com o custo inicial dos ônibus elétricos. De acordo com o candidato, a circulação de uma frota elétrica é mais barata em comparação com o ônibus movido à diesel.

 

 

 

A chapa Boulos e Marta também propõe a implementação do “Poupatempo da saúde”, programa para diminuir o tempo de espera de acesso aos serviços de saúde. “É uma espécie de policlínica, que envolve exame, centro diagnóstico e consulta”, disse o candidato, em “O Assunto”. “A nossa meta é fazer 16 poupatempos da saúde espalhados pela cidade, nas áreas de maior vazio assistencial”, completou. Essas policlínicas serão responsáveis por aumentar a oferta de exames e consultas. 

O deputado sugere também uma articulação maior entre a prefeitura, governo estadual e federal para a administração das unidades de saúde, em especial das filas de espera. Em uma entrevista com Gonzalo Vecina e Marianne Pinotti, médicos que auxiliaram na construção do plano de governo no âmbito da saúde, Guilherme Boulos destaca: “veja, pega a zona sul, você tem Parelheiros e Grajaú, dois distritos vizinhos. O hospital de Grajaú é do Estado e o de Parelheiros é do município. Você vai para a zona leste, São Mateus e Cidade Tiradentes. O (hospital) de São Mateus é do Estado, da Cidade Tiradentes é do município. Precisa ter esse diálogo e a prefeitura assumir sua pró-atividade.”     

O candidato do PSOL traçou pilares para a melhoria da situação da Cracolândia - região central da cidade que, há anos, enfrenta questões relacionadas ao tráfico de drogas e à dependência química. Boulos sugere a integração do CAPS móveis - um consultório de rua especializado em saúde mental que ficaria em diferentes pontos da região, oferecendo abordagem local para os usuários.

Este trabalho seria integrado aos serviços de assistência social para oferecer “acolhimento humanizado” e “geração de emprego fora da cena de uso”. O último pilar é relacionado à segurança pública, com aumento na fiscalização de agentes, julgamento e afastamento dos beneficiados pelo tráfico na região. O candidato também prega um aumento da investigação do chamado “fluxo do tráfico”, em conjunto com a Polícia Civil.    

 

Boulos saindo do “celtinha”, carro que ficou registrado como marca do candidato. Foto: Divulgação Boulos/Leandro Paiva
Boulos saindo do “celtinha”, carro que ficou registrado como marca do candidato. Foto: Divulgação Boulos/Leandro Paiva 

 

A AGEMT fará a cobertura das eleições municipais das capitais de todo Brasil e o perfil dos candidatos da cidade de São Paulo.

Eleições municipais 2024: conheça as propostas e o cenário político na capital capixaba
por
Vitor Nhoatto
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03/09/2024 - 12h

Na cobertura da disputa à prefeitura de Vitória, a AGEMT fará reportagens com perfis dos principais candidatos na capital do Espírito Santo. Como critério, foram considerados os nomes que marcaram acima de 10% nas pesquisas de intenção de votos registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).  

João Coser - PT

Candidato João Coser em comíssio com microfone na mão
Principal bandeira de Coser é o combate a desigualdade social na cidade - Foto: Ricardo Medeiros/Rede Gazeta

Ao contrário de capitais como São Paulo e Rio de Janeiro, onde o Partido dos Trabalhadores não tem candidato próprio e apoia o PSOL, João Coser foi escolhido como candidato em Vitória. Formado em Direito pelo Centro Universitário de Brasília (UniCEUB), usa o passado a seu favor e as possíveis parcerias com o governo federal.

Sua trajetória política é extensa, tendo sido prefeito de Vitória em duas ocasiões, 2004 e 2008. Foi membro fundador do Partido Trabalhista (PT) no Espírito Santo, logo após a fundação da legenda em 1980, e sempre esteve com o número 13. Coser é atualmente deputado estadual.

A vice da chapa, apoiada pelo PCdoB, PV e PDT sob a coligação Vitória em Primeiro Lugar, é Priscila Manso (PV). Presidente do partido em Vitória, formou-se em turismo, estudou em Barcelona e é ativista ambiental e pela causa animal. Na cerimônia de anúncio, Coser ressaltou que a escolha se deu pelas capacidades de Manso, além do compromisso com a igualdade de gênero e representatividade do partido.

Dentre as principais propostas está a de trazer Vitória de volta ao caminho certo por meio da inclusão e acolhimento de todas as pessoas. O candidato promete que se eleito fará uma gestão voltada aos mais necessitados, além de impedir que a direita continue no comando da cidade, deixando o pobre fora do orçamento e das prioridades.

Na campanha eleitoral gratuita, com 1 minuto e 57 segundos, relembra o período em que ocupou a prefeitura, mostrando as obras de infraestrutura entregues em seus mandatos, com destaque às 15 escolas e 8 unidades de saúde. Sobre a infraestrutura da cidade, pretende entregar ainda mais obras, por meio de uma parceria sólida com o presidente Lula (PT), outra grande promessa de campanha. 

Lorenzo Pazolini - Republicanos

Candidato Lorenzo Pazolini falando em evento na prefeitura
Candidato aparece com possibilidade de vencer logo no primeiro turno nas pesquisas eleitorais - Foto: Ellen Campanharo/Ales

Atual prefeito, Pazolini de 42 anos é formado em Direito e promete continuar o seu trabalho. O ex-deputado estadual e ex-delegado de polícia filiou-se ao Republicanos em 2019, por alegar não se identificar com os ideais do Patriotas, partido que incorporou sua antiga legenda, o PRP. 

Eleito em segundo turno após derrotar João Coser em 2021, tenta a reeleição apoiado por 5 partidos: PSD, PP, PRD, Novo e DC. A vice da chapa é a empresária Cris Samorini (PP), escolha envolta por várias questões. Ex-presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), traz a candidatura o peso de alguém próximo das demandas do mercado, e o possível apoio das mulheres. 

Com o maior tempo de propaganda eleitoral, 2 minutos e 37 segundos, e com o benefício de ser o atual prefeito, bate na tecla de continuar o que vem fazendo. Pazolini visa melhorar os serviços públicos da capital capixaba, com foco na educação. Para isso pretende principalmente expandir os colégios municipais com ensino integral. 

A candidatura promete também diminuir a violência no trânsito, uma de suas prioridades, com o aumento da educação na área, desde as escolas. Além disso, propõe uma gestão amiga do meio ambiente, com a manutenção da iniciativa atual que visa plantar uma árvore para cada cidadão em Vitória. 

A vitória já no primeiro turno é possível, mas destaque-se de fato na pesquisa a porcentagem de bolsonaristas declarados que pretendem votar no atual prefeito. Segundo a Quaest, esse número é de 72%, mesmo com o partido do ex-presidente tendo candidato próprio na disputa, o militar da reserva Assumção.

Luiz Paulo Vellozo Lucas - PSDB

Candidato Luiz Paulo Vellozo Lucas em evento de campanha com microfone na mão
Sua abordagem é voltada a um discurso anti polarização entre direita e esquerda - Foto: Ricardo Medeiros/A Gazeta

Fechando os três candidatos com maior intenção de voto, há um candidato tucano. Nascido em Vitória e formado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Luiz Paulo é considerado a opção de centro na disputa. É apoiado pelo Cidadania, União Brasil, PSB, PMB e MDB. 

O representante do PSDB, filiado desde 1993 à legenda, já foi prefeito da cidade duas vezes, de 1997 a 2004, e eleito deputado estadual em 2006. Apesar do passado de conquistas na política, seu retrospecto mais recente tem a derrota na disputa de governador do estado em 2010. Ele também perdeu, dois anos depois, a tentativa de reassumir o executivo da capital, e em 2014 fracassou também para se eleger deputado federal.

10 anos depois de sua última experiência eleitoral, o atual servidor do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) volta aos palanques ao lado de Victor Ricciardi Rocha, do União Brasil. O vice na chapa é acreano, advogado e presidente do seu partido no Espírito Santo. 

Com 2 minutos e 35 segundos de tempo de propaganda eleitoral gratuita, o candidato dá destaque às suas gestões anteriores, assemelhando-se à abordagem do candidato do PT, só que mais intensa aqui. A partir da atuação pretérita, promete então fazer de novo uma administração que transforme o presente de Vitória no futuro.

Uma das principais bandeiras da campanha é em relação à segurança pública. A guarda municipal da cidade foi criada por Lucas em 2003, durante seu segundo mandato, e agora, ele promete integrar novamente o órgão com a polícia militar. Outra proposta de campanha é a de urbanizar zonas da cidade mais pobres, aludindo aos feitos realizados por ele nos anos 2000 com o Projeto Terra.

1ª pesquisa após as convenções partidárias mostra Guilherme Boulos com 22%, Pablo Marçal e Ricardo Nunes com 19% das intenções de votos. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.
por
Henrique Alexandre
|
30/08/2024 - 12h

A pesquisa Quaest, contratada pela TV Globo e divulgada nesta quarta-feira (28), mostra Guilherme Boulos (PSOL) com 22% das intenções de voto, Pablo Marçal (PRTB), com 19% e Ricardo Nunes (MDB), também com 19%. O cenário é de empate técnico triplo na liderança da disputa pela Prefeitura de São Paulo. Essa é a segunda pesquisa eleitoral feita pelo instituto neste ano e a primeira realizada após as convenções partidárias. Veja os números: 

  • Guilherme Boulos (PSOL): 22% (em junho, eram 19%)
  • Pablo Marçal (PRTB): 19% (eram 13%)
  • Ricardo Nunes (MDB): 19% (eram 21%)
  • Datena (PSDB): 12% (eram 19%)
  • Tabata Amaral (PSB): 8% (eram 6%)
  • Marina Helena (Novo): 3% (eram 4%)
  • Bebeto Haddad (DC): 2%
  • João Pimenta (PCO): 0%
  • Ricardo Senese (UP): 0%
  • Altino Prazeres (PSTU): 0%
  • Indecisos: 8%
  • Branco/nulo/não vai votar: 7%

Chama a atenção o crescimento das intenções de votos de Pablo Marçal e Guilherme Boulos. Na pesquisa de junho, Marçal aparecia com 13% e agora tem 19%, um aumento de mais 6%. O candidato do PRTB tenta se colocar como principal nome da direita na capital paulista, roubando votos de Ricardo Nunes, candidato apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. 

Já Boulos subiu de 19% em junho para 22% em agosto. O psolista, segundo colocado no pleito de 2020, tenta se desgarrar dos demais candidatos e confirmar sua ida ao 2° turno.

A pesquisa mostra uma queda acentuada nas intenções de votos de Datena (PSDB). Na pesquisa anterior, o apresentador tinha 19% e estava empatado com Nunes e Boulos. Agora aparece com 12%, uma diferença de 7%. Essa diminuição pode ser explicada pelo avanço de Pablo Marçal no eleitorado bolsonarista, assim como aconteceu com Ricardo Nunes.

 

SEGUNDO TURNO

A pesquisa também perguntou em quem o eleitorado votaria em cenário de segundo turno. Numa eventual disputa entre Boulos e Marçal, os dois candidatos estão empatados com 38%. Já 19% dizem que anulariam ou votariam em branco ou não iriam votar. Indecisos somam 5%.

  • Guilherme Boulos (PSOL): 38%
  • Pablo Marçal (PRTB): 38%
  • Branco/Nulo/Não Votaria: 19%
  • Indecisos: 5%
Boulos e Marçal
Boulos e Pablo Marçal tentam reeditar uma disputa entre extrema-direita x esquerda, como na eleição presidencial de 2022
Imagem: CNN Brasil

 

Numa eventual disputa entre Ricardo Nunes e Boulos, o atual prefeito de São Paulo estaria na frente se a eleição fosse hoje, com 46% das intenções de voto, contra 33% do candidato do PSOL.

  • Ricardo Nunes (MDB): 46%
  • Guilherme Boulos (PSOL): 33%
  • Branco/Nulo/Não Votaria: 17%
  • Indecisos: 4%

Já em uma cenário com dois candidatos de direita, onde Ricardo Nunes e Pablo Marçal se enfrentam, o atual prefeito aparece na frente com 47% contra 26% de Marçal, na disputa menos acirrada.

  • Ricardo Nunes (MDB): 47%
  • Pablo Marçal (PRTB): 26%
  • Branco/Nulo/Não Votaria: 21%
  • Indecisos: 6%
Marçal e Bolsonaro
Pablo Marçal tentar tirar os votos bolsonaristas de Ricardo Nunes, candidato apoiando oficialmente pelo ex-presidente Jair Bolsonaro - Imagem: Reprodução/Twitter/@pablomarc

 

ALIANÇA POLÍTICA: 

A pesquisa Quaest também perguntou sobre a preferência do eleitor com as alianças políticas dos candidatos com nomes do cenário nacional. A maioria respondeu que tem preferência por alguém que seja independente, com 49%. 32% do eleitorado gostaria que o candidato fosse aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e 17% do ex-presidente Jair Bolsonaro. 2% não sabem ou não responderam.

  • Independente: 49%
  • Aliado de Lula: 32%
  • Aliado de Bolsonaro: 17%
  • Não sabem/Não responderam: 2%


A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa foi encomendada pela TV Globo e registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o protocolo SP-08379/2024. O levantamento ouviu 1.200 pessoas entre domingo (25) e terça (27). O nível de confiança é de 95%.

 

A eleição presidencial, ocorrida no dia 28 de julho, gera desordem política.
por
Oliver de Souza Santiago
Victória Rodrigues
|
16/08/2024 - 12h

No dia 28 de julho de 2024, a Venezuela passou por um período de eleição presidencial. Antes do pleito, as pesquisas se mantiveram instáveis quanto à intenção de votos, em razão do chamado “voto calado venezuelano” (em que os eleitores preferem não manifestar em quem irão votar), herança da violência da extrema direita no país.

Ao sair o resultado, foi declarada a vitória de Nicolás Maduro pertencente ao Partido Socialista Unido da Venezuela (PSTU), no entanto, grupos opositores dentro e fora do país não concordaram com o resultado, alegando fraudes nas urnas. Maduro, é presidente da República Bolivariana da Venezuela desde novembro de 2013, seu governo é visto internacionalmente como autoritário e antidemocrático, acusado de violar os direitos humanos. 

A tensão pós eleições de 2024 é crítica, segundo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) há falta de transparência na contagem de votos, que favorece a vitória de Nicolás Maduro.

O processo eleitoral do país é feito em etapas: primeiro o cidadão escolhe seu candidato em um equipamento eletrônico e então seu voto é impresso em um papel que o eleitor depositará em uma urna lacrada. Após o dia de votação, o equipamento eletrônico imprime Atas com o número de votos para cada candidato. Essas são disponibilizadas para os partidos que podem divulgá-las individualmente. O resultado oficial é postado no site do Conselho Nacional Eleitoral (CNE). 

Falta de divulgação das atas pelo CNE aumentam rumores de golpe

O CNE apresentou Maduro como vencedor da eleição de 2024, porém a oposição, representada por Edmundo González, candidato do partido Plataforma Democrática Unitária (PUD), alega fraude nos resultados. 

A desconfiança acerca da veracidade dos resultados se tornaram ainda maiores uma vez que o órgão responsável por divulgá-los é comandado por um forte aliado de Maduro. 

Na comunidade internacional somente a Rússia, China, Nicarágua, Bolívia e Cuba reconhecem a vitória do político. Além disso, a oposição apresentou uma nova contagem de Atas em seus sites, nas quais constataram a vitória de Edmundo González com 70% dos votos, no entanto, o governo Chavista, em comunicado, alega que os documentos foram forjados.  

A divulgação dos resultados fez com que as ruas do país fossem tomadas por duas manifestações, uma a favor de Maduro, organizada por seus apoiadores, e outra contra. O atual presidente exigiu que as forças armadas ajam com “mãos de ferro” contra o crime de ódio e a violência. Além disso, apontou Maria Corina e González como os “autores intelectuais dessa violência”. 

Desde o início dos protestos foram contabilizados mais de 23 óbitos, outros 100 feridos e cerca de 2.400 pessoas foram detidas, segundo a organização Observatório Venezuelano de Conflitos Sociais.  

A ONU solicita ao governo que cesse a repressão aos manifestantes. Entre os presos estão jornalistas, defensores dos direitos humanos e outros que as autoridades julgam fazer parte da oposição.

A entidade também se manifestou sobre o resultado apresentado pelo CNE. O painel de especialistas eleitorais concluiu que não foram cumpridas as “medidas básicas de transparência e integridade” na divulgação do resultado.

 

Comunidade Internacional e Posicionamento do governo Brasileiro 

Após as divergências de informações entre o Conselho Nacional Eleitoral e as Atas apresentadas por María Corina Machado, representantes da Argentina, Chile, Estados Unidos e outros países do continente americano, começaram a exigir as Atas de contagem do órgão e as entregue ao PSTU, o mesmo do atual líder venezuelano.

O governo americano tem uma postura ofensiva contra a vitória e reeleição de Maduro. O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, comunicou em coletiva de imprensa no dia 01 de agosto "Está claro para os Estados Unidos, e para o povo venezuelano, que Edmundo González Urrutia ganhou a maioria dos votos nas eleições presidenciais da Venezuela em 28 de julho". 

Em artigo para o jornal americano “The Wall Street Journal”, María Corina Machado diz estar escondida por temer por sua vida após contestar os resultados.

No comunicado do secretário, Blinken cita a criação da discussão entre os partidos venezuelanos sobre “uma transição respeitosa e pacífica, de acordo com a lei eleitoral”.

No dia 30 de julho, a Organização dos Estados Americanos declara não reconhecer o desfecho da votação que “reelegeu” o autoritarismo da gestão atual, o órgão ainda afirma possuir provas da manipulação de resultados.

Desde a divulgação do resultado , o governo Lula manteve uma postura  neutra em relação à contagem dos votos, intermediando a tensão provocada pela ausência de transparência de Maduro.

No dia 1 de agosto, México, Colômbia e o Brasil lançaram nota conjunta para a CNE pedindo a análise imparcial da contagem de votos. Novamente no dia 8 do mesmo mês, foi enviado outro comunicado reiterando a solicitação e pedindo para que os Direitos Humanos prevaleçam em qualquer circunstância.

Em entrevista para a AGEMT, Tomaz Paoliello,  professor doutor de Relações Internacionais da PUC-SP, diz que o Brasil têm sido respaldado pelos países europeus que têm também têm mantido uma postura cautelosa. Afirma que os  países têm sido cautelosos e que as nações europeias estão dando respaldo ao Brasil.  

Sobre a possibilidade de condenação do país pela ONU por violência nas manifestações e suspeita de atentado à democracia, Paoliello ressalta: “Não é uma questão debatida ainda pela organização, pode haver uma condenação, porém depende de como caminhar esta etapa e quais partes iriam acionar a Venezuela por um lado e por outro”.

 

 

O povo vai às ruas em protesto por suspeita de fraude na contagem das eleições Foto: YURI CORTEZ / AFP
O povo vai às ruas em protesto por suspeita de fraude na contagem das eleições
Foto: YURI CORTEZ / AFP

 

Nicolás Maduro, atual presidente da Venezuela em discurso
Nicolás Maduro, atual presidente da Venezuela em discurso
Foto: Federico Parra/AFP

 

María Corina Machado e Edmundo González, durante coletiva de imprensa em 29 de julho de 2024
María Corina Machado e Edmundo González, durante coletiva de imprensa em 29 de julho de 2024
Foto: AP Foto/Cristian Hernández

 

 

Foto: Marco Bello / Reuters
Foto: Marco Bello / Reuters

 

Decisão qualifica que até 40 gramas da planta é consumo próprio; uso da droga passa ser infração administrativa, em vez de penal
por
Helena Barra
|
01/07/2024 - 12h

O porte da maconha para uso pessoal foi descriminalizado no Brasil na última terça-feira (25), durante sessão no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), com voto final de 7 a 4. Com a decisão tomada, os usuários autuados em flagrante não poderão ser presos, pois o porte da droga passa a ser um ilícito administrativo. Também não haverá a possibilidade da pena de prestação de serviços à comunidade ou registro na ficha criminal.

Votaram a favor da descriminalização os ministros Gilmar Mendes, Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Alexandre de Moraes, e a já aposentada Rosa Weber. Já os ministros que votaram contra foram Cristiano Zanin, Kassio Nunes Marques e André Mendonça. O ministro Dias Toffoli, que havia aberto uma terceira via no julgamento, complementou seu voto na semana anterior, após confusão de entendimento. Ele admitiu que não foi claro e explicou que votou pela descriminalização por entender que o próprio Congresso Nacional descriminalizou o porte de drogas para consumo ao aprovar a Lei de Drogas (11.343), de 2006. 

Como regra de transição, o STF definiu que os usuários de maconha, se flagrados, deverão ter a droga apreendida e serão conduzidos a uma delegacia, onde serão processados em juizados criminais, até que as regras dentro da regulamentação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sejam definidas. Além disso, eles mantiveram a possibilidade de aplicação de medidas educativas, como, por exemplo, a presença em cursos preventivos sobre consumo de drogas.

Imagem do Plenário do Supremo Tribunal Federal
Plenário do STF./Foto: Wikimedia Commons

 

Após a votação da maioria, o STF ainda precisava estabelecer parâmetros de quantidade para diferenciar usuários e traficantes, com objetivo de padronizar a atuação das polícias no país e evitar que pessoas com a mesma quantidade de drogas sejam tratadas de forma diferente. Na última quarta-feira (26), foi decidido que, até que o Congresso aprove uma lei sobre o tema, a quantidade de até 40 gramas de cannabis spp, ou a posse de seis plantas fêmeas será permitida. Assim, uma pessoa que porte essa quantia não poderá ser enquadrada como traficante, a não ser que existam outros elementos que apontem para esse crime.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, também manifestou-se em um evento em seu Ministério sobre a aprovação da descriminalização. Ele disse que isso pode “aliviar superlotação" em prisões e aborda a questão da injustiça. “Essa distinção que o Supremo está fazendo entre usuário e traficante poderá contribuir para que aqueles que são mero usuários não sejam presos e tenham um tratamento distinto. Isso com certeza servirá para aliviar a superlotação das prisões brasileiras [...] o STF constatou há muito tempo que há uma diferença injusta relativamente ao usuário e ao traficante, no que diz respeito à pessoa detida em flagrante”, afirmou.

 

Imagem do Ministro da Justiça Ricardo Lewandowski
Ministro da Justiça Ricardo Lewandowski/Foto: Tom Costa/MJSP/UOL

A pena para os usuários de maconha permanece a mesma prevista na Lei de Drogas e o uso em ambientes públicos ainda é ilegal. A sugestão do STF é de que, agora, a questão do porte deverá ser tratada pelo Judiciário e os usuários encaminhados para unidades especializadas no sistema de saúde, como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).