O que o resultado das eleições conta sobre a estruturação partidária no país
por
Annanda Deusdará
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06/11/2024 - 12h

No domingo (27/10), se encerraram as eleições municipais. O mapa da apuração do número de prefeituras por partidos nos estados, mostra o empenho pela conquista de mais municípios, causando uma descentralização nas áreas eleitorais. Em contrapartida a isso, o MDB e o União apresentam grande concentração nos estados do Norte e Centro-Oeste, apesar de terem vencido em outros lugares. 

De acordo com a análise da conjuntura política e eleitoral, feita pelo grupo de pesquisa Representação e Legitimidade Democrática (INCT/Redem) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), houve uma manutenção da administração de partidos de Direita e Centro-Direita nos cargos da prefeitura. A Direita conquistou mais de 4,7 mil prefeituras,enquanto a esquerda irá administrar pouco mais de 746 cidades a partir de 2025.

Estão dentre os cinco partidos mais votados: PSD, MDB, PP, UNIÃO e PL. O PP e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), foram os únicos que elegeram prefeitos em todos os 26 estados brasileiros, o que demonstra uma ampliação na influência deles no cenário nacional.

Na região Norte, apesar de uma leve queda, o MDB manteve seu domínio. Em 2020, o partido havia conquistado 114 prefeituras, agora, passa a 112 sendo 83 localizadas no Pará. Já o União Brasil, que ficou em 2º lugar, teve um aumento de 87%, passando de 54 para 101 prefeitos eleitos, com destaque para o Tocantins (37) e o Amazonas (24). 

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Mapa da apuração do Pará com o MDB (em baixo) e União (em cima) -
Gráfico: Annanda Deusdará

 

No Amapá, o União também é predominante com 9 prefeituras. Já em Roraima apenas o MDB conseguiu espaço ocupando uma prefeitura.No Acre eles também não apresentam concentração, tendo uma prefeitura cada, quem domina a região é o PP(14). No Tocantins, o MDB ficou em 6° lugar, ocupando 4 cidades.

O MDB se destacou também na região Nordeste, onde foi o partido mais votado, conquistando 283 prefeituras, o que representou um aumento de 46,63%. Em 2° lugar, aparece o PSD que marcou presença em 275 municípios. 

No Centro-Oeste, o União se manteve em 1° lugar com 155 prefeitos eleitos, o destaque vai para o Goiás (95), com uma diferença de 48 cidades para o segundo partido, e Mato Grosso (60). Já o MDB conquistou espaço em 74 cidades, sendo mais forte em Goiás (47).

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Mapa da apuração do Mato Grosso com o União (em cima) e o MDB (em baixo)
Gráfico: Annanda Deusdará

No Mato Grosso do Sul os partidos União e MDB perderam a concentração. O União não elegeu nenhum prefeito e o MDB ficou em 3° lugar com 10 eleitos, enquanto o primeiro colocado (PSDB) ficou com 44.

Na Região Sudeste, o destaque foi para o PSD com 356 cidades, em 2° lugar ficou o PL com 185 prefeituras. No estado de Minas Gerais, apesar de não haver uma concentração tão expressiva como nos que foram citados anteriormente, os partidos União e MDB tiveram números consideráveis,69 e 82 respectivamente, ficando em 5° e 3° lugar. O tamanho do estado pode ter dificultado a conquista de grandes quantidades de municípios, visto que em um total de 847 prefeituras, o PSD, que foi o mais votado, foi eleito em 142 cidades, o que representa 16,76% do total do estado.

O PL se destacou nas regiões Sudeste e Sul (4° mais votado). Apesar disso, o partido se concentra em estados específicos e não na região como um todo. São Paulo, por exemplo, representou 56% do número de prefeitos eleitos no Sudeste. Já no Sul, Santa Catarina engloba 50% dos votos do PL

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Mapa da apuração da quantidade de prefeituras do PL no estado de São Paulo
Gráfico: Annanda Deusdará

 

Das quatro capitais da região, três passaram para o segundo turno nas disputa
por
Annanda Deusdará
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05/11/2024 - 12h

No último domingo (27), foram realizadas as votações para prefeito nas quinze capitais restantes. Após os resultados, os candidatos eleitos deram discursos declarando quais serão os próximos passos quando assumirem o cargo. Em todas as capitais a porcentagem de abstenção ultrapassou os 20%.

 

Campo Grande (MS)

Com uma diferença percentual de 3% Adriane Lopes, 48, (PP) foi a primeira prefeita eleita da cidade com 222.699 votos (51,45% dos votos válidos). Sua vice será a Dra. Camilla (Avante).   

O segundo turno teve também 16.871 votos nulos (3,66% do total), 11.704 votos em branco (2,54%) e ainda 184.812 abstenções, o equivalente a 28,60% do eleitorado.

Formada em Direito e Teologia, com pós-graduação em Administração Pública e Gerência de Cidades, Adriane Lopes foi a primeira mulher a assumir a prefeitura da capital. Após a renúncia do então prefeito Marcos Trad

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Adriane Lopes (PP) prefeita de Campo Grande - Foto: Divulgação

Adriane Lopes disse na sede do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul (TRE-MS), após a confirmação da vitória, que estava muito feliz e que nestes dois anos e meio de gestão, despertou a cidade e retomou várias obras paradas. Afirmou também que na nova gestão tem como prioridade a educação e a saúde.

Ela agradeceu os apoios que recebeu durante a campanha, como o do governador Eduardo Hídio, da senadora Tereza Cristina e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Declarou ainda, que o resultado das eleições é representativo “Essa vitória, minha e da Camila, não é só nossa. Essa vitória é das mulheres do nosso país”

Desde o primeiro turno, a candidata estava em terceiro lugar nas pesquisas eleitorais que indicavam disputa de segundo turno entre Rose Modesto e Beto Pereira. Para contornar a situação, ela usou como principal argumento durante o fato de não ter conseguido resolver todos problemas da cidade por ter estado à frente da gestão municipal por apenas dois anos.

Apesar dos indicativos de derrota, Lopes conseguiu avançar e na última pesquisa Quaest encomendada pela TV Morena e divulgada no sábado (26), apareceu com 49% dos votos válidos, empatada tecnicamente pela margem de erro com Rose Modesto, que apareceu com 51%.

Durante sua candidatura, suas principais propostas incluíam a área da educação, saúde e infraestrutura. Dentre elas, estão: a criação de novas escolas; distribuição mensal de medicamentos de uso contínuo para pessoas com deficiência, pressão alta e diabéticos; além da criação de um Centro Médico de Cuidado com o Idoso.

A candidata Rose Modesto,46, é professora do Ensino Médio e já foi eleita vereadora (2008-2012); vice-governadora em 2014 e deputada federal em 2018 pelo PSDB. O seu vice foi Roberto Oshiro (União Brasil).

 

Cuiabá (MT)

O deputado federal Abilio Jacques Brunini Moumer, 40,(PL) foi eleito prefeito com 171.324 votos (53,80% dos votos válidos). Sua vice é a Coronel Vânia (Novo).  

A eleição teve 4.852 votos brancos (1,47% dos votos totais), e 7.234 votos nulos ( 2,19%). A abstenção foi de 114.533 eleitores, o que representa 25,73%.

Em 2016, Abílio foi eleito vereador de Cuiabá, pelo Partido Social Cristão (PSC). Como deputado federal, ficou marcado por polêmicas no congresso. Em junho de 2023, ele fez uma série de interrupções durante uma sessão da CPI dos atos golspitas.No mês seguinte, foi acusado por transfobia contra a deputada Erika Hilton (PSOL-SP), durante outra sessão da CPI. Em agosto do mesmo ano, foi acusado de fazer um gesto supremacista branco durante outra sessão da CPI do 8 de janeiro.

No discurso após a vitória, o prefeito prometeu priorizar a saúde, além de avançar no diálogo com os demais Poderes. "No momento temos que olhar o que tem de imediato e acredito que a Saúde é um problema que temos que resolver”, declarou.

 

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Abílio Brunini em entrevista na Rádio Centro América FM - Foto: Nathalia Okde

Abílio liderou a disputa à Prefeitura de Cuiabá desde o primeiro turno, quando teve 126.944 votos, 39,61% dos votos válidos. No segundo turno, recebeu o apoio do governador Mauro Mendes (União), do ex-presidente Jair Bolsonaro, além de igrejas e eleitores de direita. 

 

O candidato Lúdio, foi apoiado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, e por sete ministros do governo federal. O petista era o único do partido ainda na disputa por uma vaga no Executivo em Mato Grosso. Cuiabá também não teve vereador (a) do PT eleito para 2025.

 

Durante a campanha, Brunini fez promessas em diversas áreas, como saúde, educação, segurança e transporte. Entre elas estão: criação de Vilas de Saúde em cada distrito sanitário da capital; expansão da educação infantil e a implementação do Método Montessori; faixa azul exclusiva para motos e criação de paradas para embarque e desembarque de passageiros por APP; além de parceria com a Polícia Militar e Guarda Municipal para fortalecer a segurança nas escolas.

 

Goiânia (GO)

Sandro Mabel,65,(União) foi eleito com 353.518 votos (55,53% dos votos válidos). Sua vice é a Coronel Claudia (Avante).  

Apesar de Fred Rodrigues (PL),estar na frente no primeiro turno. Mabel avançou no segundo turno e venceu em todas as nove zonas eleitorais (ZEs)de Goiânia, essas ZEs estão localizadas nas regiões central, leste e norte 

Apesar do resultado, o número de abstenções quase igualou ao total de votos recebido pelo candidato. O resultado informado pelo TSE mostra que foram 352.393 abstenções, enquanto Mabel obteve 353.518 votos. O número representa 34,20% do total e foi o segundo maior do país entre as capitais que tiveram segundo turno. Também foram registrados 14.229 votos brancos e 27.080 nulos, que totalizaram 41.309.

Após a vitória, o prefeito eleito disse que começará a transição na segunda-feira (28). Ao lado de aliados, ele comemorou a vitória e falou sobre os próximos passos.

 

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Mabel comemora a vitória ao lado de seus aliados - Foto: Wesley Costa/ O Popular
 

Sobre os problemas financeiros da prefeitura com fornecedores, Mabel disse que pretende negociar e pagar todas as dívidas no início de 2025, principalmente as despesas com Saúde. “Eu tenho uma longa experiência como gestor, então essas dívidas não me assustam”. Declarou ainda que no começo de seu mandato irá retornar com a prestação de serviços básicos “Nós colocaremos Goiânia para funcionar rápido, inclusive a limpeza urbana, a gente dá uma faxinada nessa cidade logo”, frisou.

Seu projeto de governo foi dividido em três eixos: Cidade, Cidadão e Gestão. Entre suas propostas estão a conectividade e acesso à internet em toda a cidade; um aplicativo para que mulheres em perigo acionem rapidamente os órgãos de segurança e atendimento pediátrico 24 horas nas unidades de urgência e emergência. 

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Frederico Rodrigues,25, (PL), é ex-deputado estadual de Goiás(2023). Apesar de ter sido o candidato mais votado de Goiânia, teve seu mandato cassado por conta de irregularidades encontradas pelo TRE na prestação de contas da campanha de 2020.

Mabel foi deputado federal quatro vezes e uma vez deputado estadual. Na Câmara dos Deputados, foi responsável por projetos de lei sobre a implantação de crematórios públicos e a criação de cargos de provimento efetivo e funções comissionadas para o Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região (Goiânia).

 

Quais foram os candidatos eleitos e seus discursos pós-vitória
por
Maria Eduarda Cepeda
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05/11/2024 - 12h

 

No domingo, 27 de outubro, quatro das principais capitais do Norte foram às urnas para elegerem seus futuros prefeitos para 2025. Manaus teve seu atual prefeito, David Almeida (Avante), reeleito. Igor Normando (MDB) venceu para prefeito em Belém e recebeu o apoio do atual governador do Pará, em Palmas, Eduardo Siqueira Campos (Podemos), comemorou a vitória e destacou sua responsabilidade com a prefeitura e em Porto Velho (RO)

As quatro capitais contabilizaram mais de 2.192.245 votos válidos em seus colégios eleitorais. Manaus teve o menor número de abstenções com 23,39%, Belém obteve 25,19% das abstenções, Palmas com 25,73% e Porto Velho teve a maior porcentagem com 30,63% comparado às outras cidades, juntas as capitais somaram 44.579 de votos em branco. 

Belém (PA) 

Igor Normando (MDB) em campanha eleitoral
Normando agradeceu o apoio do atual governador do Pará e senadores em seu discurso. Foto: Cristino Martins

Igor Normando (MDB) venceu a disputa do segundo turno, com 56,36% dos votos válidos, contra o deputado federal Delegado Éder Mauro (PL) que recebeu 43,64%. A capital do Pará irá receber o deputado em seu novo cargo a partir de janeiro de 2025, que conta com o apoio da maioria da Câmara Municipal.

Em seu discurso, o candidato agradeceu os votos de seus eleitores e o apoio do governador Helder Barbalho (MDB), “Muito obrigado a cada um de vocês, obrigado ao governador Helder Barbalho, [..] não posso deixar de agradecer essa grande liderança”. Também disse que a maioria da população de Belém optou pela mudança, “Hoje a maioria da nossa população decidiu pela mudança e pela mudança com qualidade, com capacidade de gestão e a capacidade de enfrentar os desafios que a nossa cidade possui”

Manaus (AM)

David Almeida ao lado de uma cabine eleitoral
David Almeida segue para seu segundo mandato como prefeito em 2025. Foto: Divulgação/Assessoria

O atual prefeito da cidade de Manaus, David Almeida (Avante), foi reeleito no segundo turno contra o candidato Capitão Alberto Neto (PL). Com 54,59% dos votos válidos, o prefeito segue para mais um mandato.

Após sua reeleição, Almeida agradeceu a cidade e seus companheiros políticos,  "Quero agradecer a todos que estiveram nos apoiando e ao povo de Manaus que soube separar a verdade da mentira. Então, essa é uma vitória maiúscula, né, uma vitória da democracia.  [..] A cidade mudou, é o povo no poder, como a gente diz na comunidade, a favela venceu"

Palmas (TO) 

Eduardo Siqueira Campos sendo entrevistado pela imprensa após sua vitória ao lado de sua esposa
Em discurso após a vitória , o futuro prefeito destacou detalhes de sua vida pessoal. Foto: Edson Reis/g1 Tocantins

O candidato Eduardo Siqueira Campos, do Podemos, foi eleito com 53,03% dos votos válidos para prefeito da cidade de Palmas, ele venceu o segundo turno contra a candidata Janad Valcari (PL) que obteve 46,97% dos votos. Campos irá assumir o mandato em janeiro de 2025 até dezembro de 2028.

O futuro prefeito comemorou sua vitória com apoiadores e família, em seu discurso destacou a responsabilidade com a sua futura gestão, “Quem tem mandato, tem responsabilidade com Palmas. Todos conhecem meu temperamento. Eu tive que fazer uma campanha à altura do povo. [..] Não viemos para cá fazer fazenda, nós viemos fazer um estado. Nós não viemos para cá vender lote, viemos aqui fazer uma capital. Minha vida é conhecida, minha esposa é conhecida. Nós caminhamos à luz do dia”

Porto Velho (RO) 

Léo Moraes posando para foto para a divulgação de sua campanha eleitoral
Léo Moraes terá vice do mesmo partido, a advogada  Magna dos Anjos. Foto: Reprodução/Instagram 

Leonardo Barreto de Moraes (Podemos) foi eleito com 56,18% dos votos válidos, para prefeito na capital de Rondônia. Ele disputou o segundo turno com a candidata Mariana Carvalho, do União Brasil, que recebeu 43,82% dos votos. 

Quando anunciado os resultados do segundo turno, o candidato conversou com a imprensa e agradeceu os eleitores, amigos e a Deus pela sua vitória, "Eu estou muito feliz, eu agradeço primeiramente a Deus, agradeço a todos os amigos, a população que procura um renovo, que procura uma administração com capacidade de gestão que conheça as dores das pessoas. Vamos nos dedicar para entregar uma nova Porto Velho, sair desses índices tão prejudiciais que nos colocam em condição muito ruim [..]".

Saiba quem foram os prefeitos eleitos nas capitais da região
por
Khauan Wood
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01/11/2024 - 12h

Os cidadãos de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e Curitiba, no Paraná, foram às urnas no último domingo (27) para definir os nomes que estarão no comando de suas prefeituras pelos próximos quatro anos. O centrão saiu vitorioso nas duas capitais.

Curitiba (PR)

531.029 de pessoas decidiram que Eduardo Pimentel (PSD) será o novo prefeito da cidade, número que chega a 57,64% dos votos válidos. Sua adversária foi a jornalista Cristina Graeml (PMB) que ficou com 42,36%, totalizando 390.254, essa foi a primeira vez que seu partido conseguiu levar um candidato ao segundo turno em uma capital desde a sua criação em 2016.

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Pimentel já acumulava dois mandatos como vice-prefeito da cidade, eleito em 2016 e reeleito em 2020. Foto: Eduardo Pimentel via X/Reprodução

 

Em seu discurso de vitória realizado na sede do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), o sucessor do atual prefeito Rafael Greca (PSD) afirmou que pretende garantir a nova concessão do transporte público na cidade, implementar o ensino em tempo integral nas escolas municipais e aumentar o número de vagas em creches da prefeitura.

Porto Alegre (RS)

O atual prefeito Sebastião Melo (MDB) foi reeleito com 61,53% dos votos contra 38,47% da deputada Maria do Rosário (PT). Melo conquistou mais de 406 mil votos, cerca de 36 mil a mais em comparação ao segundo turno da eleição anterior, em 2020. Além disso, Porto Alegre terá uma mulher na vice-prefeitura da cidade pela primeira vez, Betina Worm (PL), médica veterinária e tenente-coronel do Exército.

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Melo é o terceiro prefeito que se reelege em Porto Alegre desde a redemocratização. Foto: Pedro Piegas/Correio do Povo

Com vitória em todas as regiões porto-alegrenses, o prefeito disse em seu discurso que uma de suas prioridades será implementar medidas que previnam novas enchentes na cidade, assim como as que ocorreram no início deste ano. Ele defendeu ainda a privatização do Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE) e a busca de auxílio dos Governos Federal e Estadual para o setor.

Conheça os candidatos eleitos nas capitais nordestinas e seus discursos pós-vitória
por
Anna Cândida Xavier
Maria Eduarda Cepeda
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01/11/2024 - 12h

 

No domingo, 27 de outubro, o segundo turno das eleições municipais foi decidido em Fortaleza, João Pessoa, Natal e Aracajú. O Partido dos Trabalhadores conquistou sua única capital desde as eleições de 2016 em Fortaleza, com Evandro Leitão. Cícero Lucena foi reeleito em João Pessoa, a quinta capital nordestina a reeleger seus prefeitos em 2024. Em Natal, Paulinho Freire foi eleito com o apoio do atual prefeito na disputa com Natália Bonavides (PT). E o Partido Liberal conquista sua segunda capital nordestina em Aracajú com Emília Corrêa.

Nas quatro capitais que decidiram seus futuros prefeitos neste domingo, foram contabilizados 2.575.500 votos válidos nos colégios eleitorais que participaram do segundo turno. Fortaleza teve o menor número de abstenções de votos com o índice de 15,84%, João Pessoa com o total de 22,84% das abstenções, Aracaju com  25,16% e Natal finalizou com o maior nível de abstenção comparado às outras capitais, tendo no total 26,07%. A soma de votos em branco de todas as capitais foi de 50.620. 

Das nove capitais do Nordeste, sete elegeram prefeitos de partidos de direita ou de centro. Somente Evandro Leitão (PT) em Fortaleza e João Campos, do Partido Socialista Brasileiro, em Recife, representam partidos de esquerda nas capitais nordestinas. A votação expressiva na direita contrasta com o desempenho de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022 na região. O partido União Brasil conquistou três capitais nordestinas, Teresina, Natal e Salvador e o Partido Liberal elegeu prefeitos em Maceió e Aracajú. O partido Progressistas reelege Cícero Lucena em João Pessoa e em São Luís o Partido Social Democrático reelege Eduardo Braide. 

Fortaleza (CE)

Evandro Leitão (PT) ao lado do atual presidente Lula em campanha eleitoral
Presença marcante do presidente Lula na campanha de segundo turno de Evandro Leitão. Foto: Reprodução/Facebook

Evandro Leitão (PT) vence o segundo turno das eleições em Fortaleza por uma diferença de 10.838 votos em relação ao adversário André Fernandes (PL). No primeiro turno, o candidato do PT tinha apenas 34,33% do eleitorado, porém, foi eleito com 50,38% dos votos válidos. Fernandes recebeu o apoio de 49,62% dos eleitores.  

A principal estratégia da campanha foi aproximar a imagem do candidato às lideranças petistas no Ceará – o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Educação e ex-governador do Estado, Camilo Santana, e o atual governador, Elmano de Freitas. Evandro Leitão agradeceu a militância do Partido dos Trabalhadores em seu discurso de vitória e afirmou “o bem venceu o ódio, a humildade venceu a arrogância e prepotência, aqueles que se acham donos do poder, aqueles que se juntaram com o filhote de Bolsonaro, deram com os burros n’água”. 

João Pessoa (PB)

Cícero Lucena (PP) comemorando a vitória do segundo turno
Cícero Lucena assume seu quarto mandato em janeiro de 2025. Foto: Reprodução/Facebook

Cícero Lucena (PP) foi reeleito prefeito na capital de Paraíba, com 63,91% dos votos válidos, vencendo a disputa contra o candidato Marcelo Queiroga do Partido Liberal, que obteve 36,02% dos votos. O atual prefeito caminha para seu quarto mandato como prefeito, ocupou o cargo de 1997 a 2004 e o assumiu novamente em 2020. 

Nas redes sociais, Lucena agradeceu seus eleitores e enfatizou a continuidade de seus projetos para a cidade, “[..] A confiança que foi depositada em nós não será em vão. Vamos continuar construindo uma cidade mais justa, mais inclusiva, mais humana. O trabalho não para, e a vontade de fazer o bem segue ainda mais forte”. 

Natal (RN)

Paulinho Freire (União) como deputado federal na câmara dos deputados
Paulinho Freire deixará cargo de Deputado Federal para assumir a prefeitura de Natal. Foto: Ag. Câmara, Reprodução/UOL

Na capital do Rio Grande do Norte, Paulinho Freire (União) vence a disputa pelo segundo turno com 63,91% dos votos contra 44,66% de Natália Bonavides (PT). O candidato eleito tem uma longa história como político na cidade, foi vereador em 1992 e ocupou o cargo de presidente da Câmara Municipal de 1997 a 2002. Em 2008, foi vice-prefeito de Natal, em 2012 voltou a ser vereador e nas eleições de 2022, foi eleito como deputado federal. 

No Instagram o candidato, Paulinho Freire, relembra a trajetória da campanha e agradece o apoio dos partidos da coligação e, em especial, de Álvaro Dias, atual prefeito da cidade. “Uma eleição difícil, mas a população de Natal assimilou bem as nossas propostas, o nosso projeto, viu que não valia a pena Natal voltar ao passado, retroceder”. 

 

Aracaju (SE) 

Emília Corrêa (PL) posando para foto ao lado da cabine de votação.
A candidata não vinculou sua imagem ao ex-presidente Jair Bolsonaro em sua campanha no segundo turno. Foto: Reprodução / Instagram

 

Na capital sergipana, Emília Corrêa (PL) venceu a disputa para a prefeitura com 57,46% dos votos válidos contra o candidato Luiz Roberto do PDT. Esse é o seu primeiro mandato como prefeita, antes de embarcar na política Emília trabalhou como defensora pública e presidente da Procuradoria da Mulher na Câmara Municipal de Aracaju, em 2016 foi eleita vereadora e se reelegeu em 2020.

Em seu Instagram, a futura prefeita comemorou sua vitória com um vídeo onde está vestida de leoa e canta uma música gospel. Na descrição da publicação ela agradece seus eleitores e reforça a presença religiosa em seu futuro mandato, “a melhor forma de demonstrar o que estamos vivendo hoje é retratar a força que me move: a fé em Jesus, o Leão da Tribo de Judá (Apocalipse 5:5). E como uma leoa, que na natureza, desempenha um papel crucial na sobrevivência e no bem-estar de sua prole, vou estar à frente dos destinos de Aracaju, cuidando e protegendo, em especial daqueles que mais precisam. Vamos escrever um lindo capítulo na história da nossa cidade com Deus e o povo”. 

Em seu primeiro mandato, a deputada estadual transforma a experiência pessoal em senso de justiça social
por
Marcela Rocha
Giuliana Zanin
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13/09/2023 - 12h
Poder por Elas - Andréa Werner
Andréa Werner participa do quadro Poder Por Elas/Foto: Agemt

Nas eleições de 2022, Andréa Werner foi eleita deputada estadual de São Paulo pelo Partido Social Brasileiro (PSB). Presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), tornou-se ativista dos direitos das pessoas com autismo após receber o diagnóstico do seu filho Théo.

Quem é Andrea Werner antes da política?

Andréa é formada em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG). Em meados de 2001, mudou-se para São Paulo, cidade onde conheceu o seu marido e teve o filho, em razão do estágio que conseguiu como trainee da Unilever.

Em entrevista à Agência Maurício Tragtenberg (AGEMT), a militante comenta sobre a infância ‘com o pé no chão’. “Me mudei várias vezes de cidade”. Foi para Divinópolis, Governador Valadares, e BH, onde se formou. Ela desabafa como sua adolescência foi difícil. “Não me encaixa em nenhum grupo”.

No primeiro trimestre de 2023, a mãe de Theo recebeu o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) e conseguiu compreender melhor o seu passado. “ Uma pessoa completamente diferente de quem eu sou hoje”, complementa Werner.

O que a motivou a buscar ajuda psicológica foi a confirmação do diagnóstico de autismo de Théo, em 2010. Então, numa tentativa de compartilhar suas experiências como mãe de um autista, criou o blog “Lagarta Vira Pupa”, referência a um desenho que o filho amava. Sua voz ganhou apoio de outras mães e da comunidade brasileira do autismo. A jornalista discute sobre temas estigmatizados de uma forma simples, como o reconhecimento e a aceitação do autismo pelos familiares.

Entre 2016 e 2017, Andréa lançou dois livros, “Lagarta Vira Pupa: A vida e os aprendizados ao lado de um lindo garotinho autista” e "Meu amigo faz iiiii". Mas, segundo a deputada,  escrever não preenchia o senso de justiça social carregado em seu peito e tampouco resolvia a desigualdade no Brasil. “Foi essa falta de me conformar com as coisas que me trouxe para a política.”, afirma Werner.

“Nos últimos anos, procurei parlamentares diversas vezes para apoiar e acolher pessoas com deficiência e suas famílias e sequer recebi atenção. Nunca havia espaço na agenda, até mesmo para resolver os casos mais graves. Essa causa, a nossa causa, não é prioridade na Alesp. Só vira prioridade para alguns na época da eleição.”, destaca Andréa em seu site oficial.

Andréa política

Em 2018, a mineira se candidatou à deputada federal pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), mas não garantiu sua entrada ao Congresso. Nas eleições de 2022, ela foi eleita como deputada estadual.

No primeiro ano de mandato, a deputada está ativa em alguns projetos de leis. Entre eles:

•    Vedou a clausura da Lei dos Planos de Saúde que aprovava a rescisão unilateral de contrato de convênios durante a internação ou tratamento de alguns pacientes. A partir de agora, os planos precisam cobrir o cuidado dos beneficiários pelo menos até o fim do tratamento;

•    Alterou a Política Estadual de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, incluindo pessoas com TDAH ao direito de acompanhamento psicológico em escolas;

•    Foi contra a “Educação Especial”, decretada ainda no governo Bolsonaro, que apoia a separação por salas de pessoas com deficiência e neurodivergentes, que impedia a socialização e o convívio entre os jovens em escolas regulares.

Em seu 1.º projeto de lei aprovado na Alesp, Andréa se comprometeu a lutar pela voz de pessoas com deficiências e neurodivergências. No Projeto estão prevista algumas medidas, como:

•    Garantia de que os alunos terão direito a acompanhante especializado;

•    Imposição de multa a quem rejeitar matrícula de alunos com deficiência;

•    Proibição da limitação de alunos com deficiência por sala.


A vida após o diagnóstico

Andréa compartilhou publicamente o diagnóstico de autismo ainda no primeiro semestre de 2023. Foram seis meses de avaliações psicológicas e um relatório de 29 páginas. Ela conta que recebeu apoio de colegas, mas que poucas pessoas falaram sobre o assunto. “Eles precisam de tempo para se acostumar e compreender o que é ter uma colega deputada autista”, relata a parlamentar do Gabinete da Inclusão.

Para ela, muitos de seus sintomas faziam referência ao Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), mas outros não encaixavam em nada. “O diagnóstico (de autismo) foi bom para eu entender coisas que sempre foram muito difíceis para mim.”

A deputada menciona também a dificuldade da medicina tradicional em diagnosticar principalmente mulheres, e utiliza de exemplo a própria experiência e de suas seguidoras, que enviam mensagens dizendo que os médicos sequer consideram uma avaliação neurológica porque  ‘se comunicam muito bem’.

Andréa explica que a comunicação vai além da expressão verbal: “Não é só falar bem. É entender a troca, o assunto apropriado e a expressão facial do outro. É muito tenso ser uma pessoa que não consegue ler situações sociais de uma forma natural. Gera muita angústia. Mas hoje é normal: Eu sou uma mulher autista.”

No gabinete

Sobre a agenda de trabalho na Assembleia Legislativa, Andréa comenta que, desde o primeiro momento, foi muito bem recepcionada na casa pelos funcionários e outros parlamentares.

Em seu gabinete, a deputada põe em prática tudo aquilo que defende em seu ativismo social: a inclusão, a sensibilidade e a adequação do mercado de trabalho para pessoas autistas. O quadro de funcionários conta com pessoas diagnosticadas com TEA, TDAH e bipolaridade, toda a projeção e organização do espaço é pensado para tornar o dia a dia mais confortável para os  trabalhadores.

O ambiente de trabalho possui luzes baixas e lâmpadas amareladas, que o tornam mais aconchegante e menos prejudicial para a fotofobia presente na sensibilidade sensorial autista. No cartão de contato dos funcionários é possível sentir o relevo tátil da escrita em braille.

Cartão de contato do gabinete de Andréa
Cartão de contato do gabinete da deputada estadual Andréa Werner / Fonte:Marcela Rocha

 

Uma de suas pautas é repensar as formas de convenções sociais exigidas pelo mercado de trabalho, que exclui pessoas autistas por como se relacionam. “Eu já sofri muito no mercado com minha personalidade. Eu converso com todo mundo, mas é difícil para mim manter o sorriso social”, recorda. Assim, Andréa mostra respeito pelos limites dela mesma e de seus funcionários, a partir de ações que visem ajudar e deixar o âmbito profissional acolhedor.

“Metamorfose Ambulante” é como Andréa se define diante das transformações e que vive no momento. “Quando eu dei o nome do meu instituto de “Lagarta Vira Pupa”, eu achava que a lagarta era o meu filho e eu pensava que ele havia se fechado para o mundo em uma pupa e que ele podia ‘mudar’ com a terapia. Mas ele não precisa. Ele é lindo do jeito que ele é. Quem entrou na pupa, na verdade, fui eu. A lagarta nunca foi o Théo, sempre foi eu”.

Andréa Werner com camiseta escrito "Lute como uma mãe".
A luta de Andréa começou como mãe de autista e hoje ela debate no plenário como uma mulher autista.
Fonte: perfil no Instagram oficial da deputada
Estudantes do MUP (Movimento por uma Unidade Popular) realizaram assembleia aberta que denunciou a precarização das condições de trabalho e ensino na universidade
por
Ana Julia Bertolaccini
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23/09/2023 - 12h
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Aluna da PUC-SP utilizando o megafone para chamar os estudantes para participar da assembleia aberta na prainha. Foto: Ana Julia Bertolaccini

Estudantes integrantes do MUP (Movimento por uma Unidade Popular) realizaram uma assembleia aberta na prainha da PUC-SP, no dia 29/09, com o objetivo de denunciar a aprovação da deliberação 3/2023 do CONSAD, destinada aos próximos professores contratados, a qual traz mudanças que prejudicam principalmente professores negros e pardos que podem receber os primeiros salários já com uma diminuição de 20% do valor acrescido hora-aula na base de cálculo do fator de trabalho docente. Isso é, um profissional que recebe um salário de três mil reais, passará a ganhar apenas mil e quinhentos, 50% a menos. A relação com a causa racial acontece pois a Pontifícia Universidade Católica adotou recentemente uma política afirmativa de cotas, que busca chegar a porcentagem de 37% de docentes negros e pardos contratados no total de seu quadro. Sendo assim, a desigualdade racial entre professores negros e  brancos pode ser agravada pela diferença de salário no exercício de uma mesma função dentro da instituição.

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Estudantes integrantes do MUP explicando sobre as consequências da aprovação da deliberação e organizando a ordem das falas de professores, alunos e representantes de outros núcleos estudantis. Foto: Ana Julia Bertolaccini

 

Primeiro candidato tem 32% de intenções de votos, e o segundo 24%
por
Lucas de Paula Allabi
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11/09/2023 - 12h

A pesquisa Datafolha divulgou intenção de votos para prefeito de São Paulo feita com 1092 eleitores da capital paulista. Nela, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) lidera com 32% de intenção de votos. O atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) ocupa o segundo lugar nas pesquisas com 24% das intenções.

Em 3° e 4° estão a deputada federal Tabata Amaral (PSB), com 11%, e o também deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil), com 8%. A pesquisa tem margem de erro de 3 pontos para mais e para menos, colocando os dois em empate técnico.

Com quantidade inexpressiva, o pré-candidato Vinicius Poit (NOVO) tem 2% das intenções. 18% dos eleitores afirmam votar nulo ou branco, o esperado pela distância de um ano entre a pesquisa e o pleito. 5% não souberam afirmar em quem votariam.

Na pesquisa espontânea, em que os entrevistados não são apresentados às opções existentes, Boulos lidera com 8% das intenções, seguido de Nunes com 4% e Kim Kataguiri com 1%.  Apenas 2% citaram “o candidato do PT” e 72% não tem candidato em mente.

 

Guilherme Boulos 

A aparente vitória do deputado do PSOL na pesquisa se deve ao apoio de Lula conquistado por ele. Boulos fez um acordo com o PT, em 2022, no qual garantiu apoiar a candidatura de Haddad ao governo do estado, enquanto o Partido dos Trabalhadores manteria apoio a ele nas próximas eleições da prefeitura da capital.

O apoio político oferecido ao Boulos tornou-se uma vantagem a partir do momento que São Paulo votou mais em Lula, candidato do PT à presidência, que a Bolsonaro. Uma grande margem de eleitores pode migrar ao candidato do PSOL por ter apoio estreito do presidente e de seu partido. 

Boulos também recebeu 40% dos votos na última eleição que concorreu à prefeitura da cidade, quando os votos de Gilmar Tatto (PT) e Márcio França (PSB) migraram para ele no segundo turno. 

Em um cenário atual parecido com o anterior é possível prever que o deputado do PSOL ganhe votos de Tabata Amaral, se o desempenho dela não for suficiente para levá-la a um possível segundo turno. A candidata é de centro-esquerda e do PSB, que em nível nacional tem aliança com o PT, que apoia Boulos.

Por outro lado, Boulos incomoda a parcela conservadora da população paulistana. Por muito tempo ele foi líder do MTST, movimento que ocupa prédios no centro e reivindica justiça social a quem não tem onde morar. 

Isto se reflete na sua preferência por 45% da população do centro, mas também na sua rejeição pela parte da população mais próxima ao conservadorismo, correspondente aos  católicos e os evangélicos, na faixa etária entre 45 e 59 anos.

Sua ligação a Lula, enquanto pode dar frutos positivos, também pode se tornar um empecilho ao candidato. Na recente pesquisa do Datafolha divulgada no dia primeiro, 37% da população afirma não votar em candidato atrelado ao presidente, enquanto apenas 27% votariam com certeza em um candidato apoiado por ele. 37% afirmaram que talvez votariam em alguém apoiado por Lula.

Em relação ao presidente, 45% afirmam que sua gestão é ótima ou boa, enquanto apenas 25% não a aprovam. O bom desempenho de Lula, atrelado ao seu apoio ao prefeito, pode escorrer como força positiva na campanha de Boulos. 

 

Ricardo Nunes

 

O atual prefeito Ricardo Nunes vive uma situação diversa, e talvez difícil. Com o apoio da máquina estatal, sua reeleição seria a resposta mais provável. Porém, as pesquisas de intenção de voto e aprovação nos mostram uma realidade diferente.

Seu plano é abocanhar os votos de quem rejeita a esquerda. Ele é mais tradicionalmente ligado à cidade como parte do “tucanistão”, estado que sempre votou em candidatos do PSDB para o governo. Esse é o mesmo público que  recentemente votou em outro candidato de direita para o palácio dos bandeirantes, o governador Tarcísio de Freitas (Patriota).

A última eleição, entretanto, mostrou uma capital paulista mais à  esquerda do que o resto do estado, dando mais votos a Lula e Haddad em comparação com Bolsonaro e Tarcísio.  Isso dá desvantagem ao candidato do MDB, partido tradicionalmente atrelado ao centro e à direita .

Pensando nessa realidade, Valdemar da Costa Neto, líder do PL, tenta emplacar Marta Suplicy, ex-prefeita de São Paulo, como vice de Ricardo Nunes.  Ela foi historicamente alinhada ao PT, mas se distanciou do partido em 2016 por apoiar o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Em seguida, se filiou ao MDB, atual partido de Ricardo Nunes. Sua nomeação como candidata a vice seria uma ponte para facilitar as conversas com os eleitores de esquerda.

Concomitante a esse movimento, o governador Tarcísio deu apoio ao candidato que quer se firmar como o homem da direita no pleito. Esse suporte, entretanto, pode ser mais negativo que positivo à campanha. 

46% dos eleitores ouvidos pelo Datafolha disseram que não votariam de forma alguma em alguém apoiado por Freitas, e apenas 15% disseram que iriam votar com certeza nesse candidato. A aprovação do governador em São Paulo é de 30%,  enquanto 35% da população o rejeita. Ou seja, é possível que a grande rejeição do governador seja associada a Ricardo Nunes.

O candidato a prefeito busca muitos aliados para poder ganhar votos de diversas camadas dos eleitores paulistanos. O encontro de muitas personalidades, porém, pode  ser negativo. Na onda direitista que tenta se aliar contra Boulos, Jair Bolsonaro decidiu apoiar a candidatura do prefeito do MDB. 

A pesquisa do Datafolha revelou que 68% dos eleitores nunca votariam em alguém apoiado pelo ex-presidente, mas 15% votariam com certeza em figura apoiada por ele. Esta porcentagem pode ser preciosa numa decisão acirrada. Por causa disso, Nunes deverá fazer um malabarismo político para não se associar ou distanciar de Bolsonaro.

Outro ponto que deverá ser um empecilho para a campanha de Ricardo Nunes é o fato de que, no mesmo levantamento sobre a gestão do prefeito de São Paulo, 79% dos entrevistados demonstraram desejo de mudança de rumos na administração pública.

Tabata Amaral

O terceiro lugar da candidata Tabata Amaral pode parecer ruim, mas contém bons números a serem explorados por sua equipe. Seu nome é conhecido por apenas metade dos entrevistados (dentre eles, 15% conhecem pouco e 22% só ouviram falar), o que lhe dá margem para formar sua campanha quase do zero, moldando-a com poucos estigmas acumulados em comparação com Boulos ou Nunes 

Tabata Amaral acumula também 23% de rejeição, a menor dentre os candidatos.

Por ser de centro, ela deve buscar os votos dos que não que rejeitam Boulos e a esquerda mas tampouco se identificam com Bolsonaro e a extrema-direita. Sua posição, entretanto, se mostrou pouco eficiente com os extremistas de ambos os lados do espectro político, que acumulam críticas à deputada.

 

Kim Kataguiri

O candidato do União Brasil faz parte do MBL (Movimento Brasil Livre), historicamente alinhado à direita , que foi importante nas mobilizações de rua a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff em 2016.

Essa associação positiva pela parcela de direita da cidade pode também trazer dores de cabeça ao deputado federal. Kim Kataguiri era muito próximo de outro membro do movimento, Artur do Val, que recentemente foi expulso por estar envolvido em um escândalo de mensagens sexistas que ele escreveu sobre ucranianas.

O candidato demonstra  maior apoio da parcela jovem, de 16 a 24 anos, da cidade. Também tem bom desempenho online, possui um canal no Youtube e demonstra mais eficiência em sua campanha nas redes que outros candidatos. 

Com 35%, Kim Kataguiri é quem mais tem rejeição na cidade.

 

Em 5 meses, manifestações políticas a favor de Jair Bolsonaro se tornaram golpistas
por
Artur Maciel Rodrigues
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07/09/2023 - 12h

(Apoiadores de Bolsonaro na esplanada dos ministérios no sete de setembro de 2022. Foto:Gabriela Biló/Folhapress)

O dia da independência do Brasil em 2022 teve bandeiras que não representavam a nação, mas sim uma pessoa:  Jair Bolsonaro. O político utilizou a data para alavancar as suas chances de ganhar  as eleições presidenciáveis e atacar “inimigos” como o STF. A comemoração teve uma elevação dos gastos. Comparado a 2019, o orçamento para o desfile aumentou em R$4,4 para 8,4 milhões de reais. A Defesa repassou as informações por causa da Lei de Acesso à Informação.  

Em Brasília, o  presidente segurou uma bandeira escrito “Brasil sem Aborto, Brasil sem drogas”. Junto a ele estavam seus aliados e familiares, como Luciano Hang. O público de mais de 100 mil pessoas viu a demonstração das forças armadas e  desfiles de tratores. Os apoiadores  que vestiam verde, amarelo e azul,  seguravam placas com “22 pelo bem do Brasil” e pedidos de acionamento das forças armadas para  destituir o Supremo Tribunal Federal.

Em seu discurso, Bolsonaro pediu votos, falou da “luta do bem contra o mal”nas próximas eleições e comparou as primeiras damas Michelle  e Janja (Rosângela Lula da Silva).   Após chamar sua esposa de "mulher de deus", incitou um coro de “imbrochavel”. Por fim, deu uma indireta ao STF, esperando vaia do público contra seus “adversários políticos” 

A insatisfação bolsonarista foi ativamente contra a sociedade civil desde o resultado das eleições . No dia 30 de outubro, rodovias em 25 estados e Distrito Federal foram bloqueadas como protesto pela vitória de Luiz Inácio Lula da Silva. No dia 2 e 15 de novembro, foram  realizadas  manifestações golpistas em prol da intervenção militar em diferentes estados da nação, inclusive na frente do prédio das Forças Armadas. Em 12 de dezembro de 2022, a sede da Polícia federal foi vandalizada e 8 carros foram queimados, além de botijões de gás terem sido espalhados por Brasília.

(Golpistas no oito de janeiro de 2023 na praça dos três poderes, foto:Marcelo Camargo/Agência Brasil)
(Golpistas no oito de janeiro de 2023 na praça dos três poderes. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Depois de semanas acampando na frente dos prédios militares em todo país, foi a vez da Praça dos Três Poderes de ser ocupada. Quatro mil golpistas, novamente vestindo verde e amarelo, criticaram o STF,  afirmando que as eleições não foram justas e exigindo ação militar. Para provar seu ponto, saquearam obras de arte públicas, picharam as estátuas do planalto e vandalizaram a justiça. Não só feriram o prédio público, como também agrediram a própria democracia brasileira.

O Sete de setembro representa a liberação do Brasil de mãos portuguesas.Contudo, o medo do totalitário nunca saiu da história da nação. Com Jair Bolsonaro, representante da ideologia extremista, inelegível, a data se torna um símbolo de resistência da democracia. Ao mesmo tempo, é uma mensagem de cautela sobre os grupos nocivos que cercam a sociedade civil do país. 

Articuladores do Planalto correm contra o tempo para abrigar centrão na Esplanada e conquistar apoio do bloco
por
Khauan Wood
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04/09/2023 - 12h

Confirmada pelo ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT-SP), em um evento ocorrido na capital paulista em 26 de agosto, a primeira reforma ministerial do atual Governo Lula dá seus primeiros passos para sair do papel. Um dos objetivos principais da reforma é negociar com partidos de centro e garantir maior apoio da categoria.

Lula, que já encara seu terceiro mandato como presidente da República, pretende garantir ao centrão algumas pastas de seu governo em troca de apoio político. Ao todo, o governo lulista já possui 37 ministérios.

Recentemente, o líder do Partido dos Trabalhadores anunciou a criação de uma nova pasta, o Ministério das Micro e Pequenas Empresas. A ideia é que o novo ministério, ainda em criação, também seja concedido ao centrão. Com a medida, a Federação passará a ter ao todo 38 ministérios.

NOVO DESENHO MINISTERIAL

É certo que os deputados André Fufuca (PP-MA), atual líder do partido na Câmara, e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), ambos parlamentares considerados de centro-direita, terão cargos no Governo.

Gráfico representando as mudanças ministeriais
Ilustração da reforma ministerial - Foto: Khauan Wood

Desde o início, o PP gostaria de assumir uma pasta com um grande orçamento, chegaram a ser negociadas pastas como Saúde e Desenvolvimento Social. Após uma longa negociação, o destino de Fufuca será o de assumir o Ministério do Esporte, com mais secretarias, como uma ligada às apostas esportivas, além de um orçamento maior. A atual ministra, Ana Moser (Sem Partido) deixa o Governo.

Gráfico representando as mudanças ministeriais
Ilustração da reforma ministerial - Foto: Khauan Wood

Já o desejo do Republicanos, é que Costa Filho chefie o Ministério de Portos e Aeroportos. O partido já possui o comando do governo de São Paulo, com Tarcísio de Freitas, estado que possui o maior porto da América Latina, em Santos, e o aeroporto mais movimentado da América do Sul, em Guarulhos. A AGEMT procurou a assessoria do deputado, que preferiu não se manifestar sobre o assunto.

O atual comandante da pasta, Márcio França (PSB-SP), será redirecionado ao novo Ministério das Micro e Pequenas Empresas, que aceitou o convite após longas conversas com o presidente da República e o seu partido, que incluíram ainda Geraldo Alckmin (PSB-SP), vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

Os partidos reivindicam ainda a presidência da Caixa Econômica Federal. O banco, que atualmente é gerido por Maria Rita Serrano, passaria para as mãos da ex-deputada federal, Margarete Coelho (PP-PI), aliada do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Além da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), que ainda não tem nome definido para o cargo.

O INTERESSE DO CENTRÃO

Por trás destes bastidores, está a busca do Governo por aliados no Congresso. Com isso, os partidos de centro e centro-direita, que juntos formam maioria da bancada parlamentar no Senado e na Câmara dos Deputados, possuem o “trunfo” de negociar cargos em troca desse apoio esperado.

Para entender essa queda de braço, entrevistamos Mayra Goulart, cientista política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Segundo a especialista, existe um pressuposto na ciência política de que todo o comportamento de um político é determinado pelo desejo de obter mandato ou reeleger-se:

“A vontade de distribuir recursos em seus territórios eleitorais e a acomodação de apoiadores em importantes cargos estão por trás das reivindicações”, observa Goulart.

De acordo com um levantamento feito pelo portal Poder 360, os ministérios do Esporte, Desenvolvimento Social e Portos e Aeroportos somam juntos R$ 1.3 bilhão em emendas parlamentares.

Para 2024, a previsão é de que as pastas somarão R$ 287.7 bilhões, segundo o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) enviado ao Congresso na última quinta-feira (31).

Em 2021, Jair Bolsonaro, ex-presidente da República, fez um movimento similar quando nomeou o senador Ciro Nogueira (PP-PI) como chefe da Casa Civil. Além dele, personalidades do centrão como João Roma, Fábio Faria e Flávia Arruda, também ganharam espaço.

O senador Ciro Nogueira e o ex-presidente Bolsonaro abraçados em 2021, durante um evento no estado do Piauí
Bolsonaro e Ciro Nogueira em evento no Piauí, em 2021 - Foto: Isac Nóbrega/Divulgação

Goulart analisa as diferenças entre as mudanças de cargos promovidas por Bolsonaro, durante seus 4 anos no poder, em comparação com Lula. Segundo a professora, o líder da direita no Brasil abriu mão de uma agenda em termos de implementação de políticas públicas e alterações macroeconômicas para a ocorrência dessas mudanças de cargos desejados. A especialista não vê a mesma abdicação fácil por parte do governo Lula.

A NOVA CARA DO GOVERNO

O presidente Lula com seus 37 ministros no dia de sua posse
Foto oficial de Lula com seus ministros - Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação

Desde o início de sua governança em 2023, Lula perdeu dois ministros: o General Gonçalves Dias, do Gabinete de Segurança Institucional – que saiu em meio a polêmica dos atos antidemocráticos de 08 de janeiro – e Daniela Carneiro (União-RJ), do Turismo que foi substituída por Celso Sabino (União-PA) após sua turbulenta briga com a cúpula de seu partido.

No dia da posse, havia 26 ministros homens e 11 mulheres. Atualmente, são 27 homens e 10 mulheres. Após a reforma, o governo perderia uma figura feminina e a substituiria por um homem. Goulart atesta que o Planalto está abrindo mão da inclusão de minorias no governo em prol de uma melhor governabilidade. .

Lula e Arthur Lira dando um aperto de mãos
Lula e o Dep. Arthur Lira - Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação

As mudanças foram anunciadas nesta quarta-feira (06). A demora nas negociações e no anúncio oficial se deu por conta de um acordo do centrão, de que todas as nomeações fossem feitas sequencialmente.