O parlamentar ficará à frente da Secretaria-Geral da Presidência da República
por
Marcelo Barbosa P.
Marcela Rocha
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31/10/2025 - 12h

Oficialmente em licença do cargo de deputado federal, Guilherme Boulos tomou posse no Palácio do Planalto, nesta quarta-feira (29), como novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, pasta responsável pela relação do governo federal com os movimentos sociais.

Convidado pelo presidente Lula para assumir o cargo, Boulos irá substituir Márcio Macêdo, que deixou a função para concorrer a uma vaga de deputado federal após permanecer no posto por 2 anos e 9 meses.

Diante do interesse de Macêdo em sair para tentar uma cadeira no Congresso, Lula viu em Boulos a oportunidade de se aproximar das associações sociais pela sua trajetória como membro da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), organização que reivindica o direito à moradia.

Após o anúncio da substituição da chefia da pasta na última segunda-feira (20), Guilherme Boulos publicou nas redes sociais o agradecimento ao presidente Lula pelo convite, informando que sua principal missão será “ajudar a colocar o governo na rua, levando as realizações e ouvindo as demandas populares em todos os estados do Brasil”.

 

Reprodução: Valter Campanato/Agência Brasil | Boulos e Lula na posse do novo ministro
Boulos e Lula na posse. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Reconhecido pela luta ao lado dos sem-teto, Boulos é alvo de ataques de concorrentes políticos, fato que ficou ainda mais evidente na última eleição municipal de 2024. Em debate promovido pela TV Gazeta, o então candidato – e atual prefeito de São Paulo – Ricardo Nunes, utilizou este rótulo com grande ênfase, chamando Boulos de “bandidinho, invasor e sem-vergonha”.

Durante discurso na cerimônia de posse, Lula pediu a Boulos para que “rode” o Brasil e fortaleça junto a organizações e movimentos sociais, temas como o fim da escala 6x1, a participação popular nas questões orçamentárias e direitos dos trabalhadores informais.

“Aqui a missão que eu vou ter é dialogar com todo mundo. (...) A gente sabe que as políticas que mudam pessoas não nascem só nos palácios e nos gabinetes. Elas nascem do povo, dos territórios populares. Elas nascem das ruas” afirmou Boulos em concordância ao pedido de Lula para popularizar as pautas.

 

por
Rafael Pessoa
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31/10/2025 - 12h
Charge de um policial varrendo balas para de baixo da calçada

 

por
Rafael Pessoa
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29/10/2025 - 12h
Charge dO presidente Donald Trump desejando feliz aniversario a Lula enquanto dois balões, representando Eduardo Bolsonaro e Jair Bolsonaro reagem a cena

 

Coletivos estudantis, sindicatos e civis se organizam para impedir que o projeto de lei avance
por
Iasmim Silva
Maria Luiza Reining
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23/10/2025 - 12h

No dia 21 de setembro, as principais capitais do país amanheceram tomadas por cartazes, faixas e gritos de protesto. Em São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e outras cidades, milhares de pessoas se reúnem contra a chamada PEC da Blindagem, proposta de emenda constitucional que restringe investigações e punições a parlamentares, exigindo autorização prévia das Casas Legislativas para o avanço de ações penais. A medida, vista como um retrocesso por juristas e movimentos civis, é o estopim de uma mobilização que, embora diversa, encontra na defesa da transparência um ponto em comum.

Na Avenida Paulista, o asfalto volta a se transformar em um grande espaço de convergência política. Bastam alguns minutos observando a saída da estação Trianon-Masp para visualizar que ali estavam diversos grupos reunidos, como estudantes, professores, aposentados, artistas, advogados, sindicalistas e civis misturados entre bandeiras coloridas e faixas com dizeres diretos: “Quem é inocente pede justiça, não anistia” e “A justiça é igual para todos, PEC da Blindagem não”. Entre os rostos pintados e cartazes improvisados, a foto do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, estampa o rótulo de “inimigo do povo”.

O clima é de cansaço e indignação, não apenas com o texto da PEC, mas com a percepção de que a proposta amplia privilégios e dificulta a responsabilização de agentes públicos. Luiz Biella Jr., advogado de 63 anos, e Andrea Amaral Biella, educadora museal de 53, participam do ato e afirmam que vieram por indignação com o projeto. “Outras pautas horrorosas até vinham passando, mas essa é o limite. É preciso dar um grito para ver se sensibiliza os deputados. Na próxima eleição, é fundamental lembrar disso. Esse retrocesso é horroroso”, dizem.

Homem de vermelho
Manifestante em frente ao MASP. Foto: Iasmim Silva/AGEMT.

Grupos de jovens ligados a coletivos estudantis distribuem panfletos que explicam os impactos da proposta. Se aprovada, a PEC impediria que investigações contra deputados e senadores avançarem sem autorização das próprias Casas Legislativas, o que, segundo especialistas, criaria uma barreira de proteção política e dificulta o combate à corrupção.

O protesto começou de forma pacífica por volta das 14 horas e ganhou corpo ao longo da tarde. Ao som de tambores e palavras de ordem, a manifestação ocupava a Avenida Paulista em direção ao MASP. Organizações civis estimam cerca de 80 mil participantes, número contestado pela Secretaria de Segurança Pública, que aponta 35 mil. Em Brasília, a concentração foi na Esplanada dos Ministérios, com presença de sindicatos e entidades de classe.

Entre os manifestantes, o designer gráfico Érico Prado Martins, de 49 anos, diz que o protesto representa uma resposta da população. “É uma forma de se revoltar contra um sistema que engana o povo. Colocam PECs e projetos de anistia enquanto ignoram o que realmente importa. Se a gente não protesta, eles passam tudo por cima da gente”, afirmou.

Nas redes sociais, hashtags como #PECdaVergonha e #TransparênciaJá alcançaram o topo dos assuntos mais comentados no X (antigo Twitter). O Monitor de Debate Político, grupo de pesquisa da USP, registrou picos de interação durante a manhã e o início da tarde, indicando grande engajamento digital em torno da pauta. A pesquisadora do Monitor, Roberta Lima, avalia que o movimento demonstra um interesse crescente de jovens em temas ligados à ética e à responsabilidade política. Segundo ela, “o engajamento aconteceu tanto de forma presencial quanto digital, refletindo uma disposição em participar do debate público e acompanhar de perto as decisões que afetam o funcionamento das instituições”.

A manifestação ocorre em um contexto de instabilidade política, impulsionado por disputas internas no Congresso e pelo debate sobre o projeto de anistia aos condenados pelos ataques de 8 de janeiro. A repórter Ana Clara Costa, apresentadora do podcast Foro de Teresina da revista piauí, especializada em cobertura política de esquerda, aponta que a PEC da Blindagem surgiu como parte de uma negociação entre o PL e o Centrão para garantir proteção parlamentar e apoio à proposta de anistia de Jair Bolsonaro. Segundo Ana, a PEC não é apenas uma tentativa de autoproteção política, mas parte de um jogo de chantagens e barganhas que expõe a fragilidade ética do Congresso.

Grupo de alunos da USP com cartazes de protesto
Alunos do curso de Gestão de Políticas Públicas da USP. Foto: Maria Luiz Reining/AGEMT.

Cartazes e discursos também faziam referência à anistia, com críticas à tentativa de flexibilizar punições e proteger figuras públicas. Em várias capitais, manifestantes exibiam faixas com os dizeres “Blindagem é impunidade disfarçada” e “Anistia é o nome novo do perdão seletivo”.

Embora não tenha alcançado o tamanho de protestos anteriores, como os de 2013, o ato do dia 21 é considerado expressivo por entidades civis. A mobilização nacional pressiona o Congresso a rever o texto da proposta e reforça o debate sobre a necessidade de garantir mecanismos de fiscalização e responsabilização no exercício de mandatos parlamentares.

Projeto transforma pugilismo em ferramenta anti-opressão e oportunidade de profissionalização para jovens de periferias
por
Sophia Coccetrone
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23/10/2025 - 12h

Boxe Autônomo é um coletivo fundado na capital paulistas em 2015 por Breno Macedo, treinador do projeto e Mestre em História pela USP juntamente com Raphael Piva, instrutor do projeto e Mestre em Antropologia Social pela USP, que também esteve presente no time de futebol amador Autônomos F.C., clube de viés libertário fundado por jovens punks em 2006. É um projeto social e esportivo que busca a utilidade do boxe para autodefesa de grupos oprimidos (mulheres, LGBTs, negros, imigrantes...) ao mesmo tempo que constrói carreiras promissoras para jovens atletas que buscam uma vida melhor de suas famílias através do esporte. O projeto conta com a coordenação e treinamento por Michel de Paula Soares, conhecido como "Micha". O treinador possui doutorado em Antropologia Social pela USP e busca relacionar o boxe como um fenômeno social no Brasil, marginalizado e muitas vezes considerado "luta de cadeia".

Inicialmente, o projeto utilizou a Ocupação Leila Khaled – onde vivem diversos refugiados de guerras originários da Síria e Palestina – para seus treinos, posteriormente, passou pela Favela do Moinho e outros espaços para a divulgação e sustentação do coletivo. Dessa forma, Boxe Autônomo conseguiu criar sua comunidade em São Paulo, atingindo camadas sociais mais necessitadas. Um exemplo é o jovem baiano Kelvy Alecrim, de 19 anos, que conheceu o boxe através das atuações na Favela do Moinho, onde o atleta reside. Kelvy atingiu o tricampeonato brasileiro (2019, 2021, 2023), atuou em Jogos Escolares na França (2022) e conquistou a medalha de bronze na Copa Mundial Juvenil em Montenegro (2023). Segundo ele, nunca havia pensado em praticar a arte marcial antes do contato com o projeto, e a democratização do esporte através dos treinos em comunidades e ocupações o fortaleceu para seguir sua carreira. 

Atualmente, os treinos do Boxe Autônomo acontecem na Casa do Povo, localizada no Bom Retiro, região central de São Paulo, contando com eventos de treinos abertos, almoços coletivos, palestras e atividades artísticas, sempre reforçando seu caráter político-cultural, um dos pilares do coletivo. É importante lembrar que estamos falando de uma área esportiva dominada pelo pensamento conservador e reacionário, principalmente popularizado por grandes estrelas como José Aldo, Rodrigo Minotauro, Wanderlei Silva, Fabrício Werdum e outros nomes do MMA apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados.

Caio César, aluno do Boxe Autônomo e ativista político, diz: “As lutas não podem ficar somente nas mãos daqueles que desejam oprimir (...) Não é inteligente pensar em uma esquerda pacífica e reativa, enquanto nós estamos sem nos proteger, há sempre um extremista de direita que está usando a violência livremente. (...) É claro, não podemos utilizar as artes marciais ou qualquer meio de defesa para causar o mal, mas não podemos ficar parados. É essencial manter as armas e as lutas nas mãos de pessoas inteligentes e preparadas, pois já há gente ignorante e conservadora demais com esses poderes nas mãos.” 

Caio, aluno do Boxe Autônomo, utilizando seu colar com pingente em formato do território Palestino: "A gente se posiciona até nos mínimos detalhes."
Caio César, aluno do Boxe Autônomo, utilizando seu colar com pingente em formato do território Palestino: "A gente se posiciona até nos mínimos detalhes." Foto: Sophia Coccetrone/AGEMT 

Entre as principais bandeiras do Boxe Autônomo estão: o antifascismo, como o principal pilar e estrutura do pensamento dos atletas e ativistas, anti-imperialismo, com forte solidariedade à pauta palestina e a denúncia ao genocídio na Faixa de Gaza, antirracismo, antimisoginia, com ênfase ao combate ao preconceito sobre os esportes de combate femininos e a exaltação da autodefesa da mulher contra potenciais agressores e apoio aos movimentos dos Sem Terra e Sem Teto. Inclusive, o coletivo é parceiro do Boxe Sem Teto e Centro Social e Desportivo Estrela Vermelha, movimentos que também abraçam a pauta do anti-reacionarismo e a luta combativa em meio às artes marciais.

O grupo de alunos é diverso, contando com todas as faixas etárias e origens ou nacionalidades. Durante o treinamento aberto, um aluno holandês se comunicava com os brasileiros a partir de seu amor pelo boxe e seu esforçado português. Ele conta que começou a prática das artes marciais pelo Kickboxing na Holanda, e que sua namorada brasileira o apresentou ao Boxe Autônomo. Durante o treino, ostentava seu apoio solidário à população palestina, através de sua camisa de treino. 

Aluno holandês utilizando camisa do Palestino, clube de futebol chileno fundado por imigrantes palestinos. Foto: Sophia Coccetrone/AGEMT
Aluno holandês utilizando camisa do Palestino, clube de futebol chileno fundado por imigrantes palestinos. Foto: Sophia Coccetrone/AGEMT

 

Os treinos do Boxe Autônomo estão disponíveis de segunda à quinta-feira das 18h30 às 19h e aos sábados às 10h30. Os atletas colaboram com um valor fixo mensal, mas para os mais necessitados é ofertado bolsas. 

Centro-direita reafirma hegemonia na Câmara Municipal com maior número de vereadores da base de Ricardo Nunes
por
Khauan Wood
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11/10/2024 - 12h

Os cidadãos paulistanos definiram os 55 nomes que ocuparão uma cadeira de vereador na cidade pelos próximos quatro anos no último domingo (06).

A coligação do atual prefeito e candidato à reeleição Ricardo Nunes, do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), composta por doze partidos, foi a grande vitoriosa, conseguindo eleger ao todo 36 vereadores. A chapa de Guilherme Boulos, do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), formada por oito siglas, vem em seguida com 16.

Entre os partidos, a maior bancada ficou com o PT, que perdeu um vereador e terminou com oito. O MDB do atual prefeito perdeu quase um terço de sua bancada e foi de onze para sete vereadores; União Brasil e PL também têm sete parlamentares cada.

O Podemos foi o partido que mais ganhou cadeiras na Câmara, saltando de dois para seis candidatos eleitos. O PSOL também ganhou uma cadeira, indo de cinco para seis. A Rede Sustentabilidade elegeu uma vereadora pela primeira vez na cidade e será o partido estreante na próxima legislatura com a vereadora Marina Bragante.

Já o Partido Social Democrático (PSD), comandado pelo ex-prefeito Gilberto Kassab, teve sua bancada reduzida pela metade, indo de seis para três vereadores. O Republicanos, partido do governador paulista Tarcísio de Freitas, também diminuiu sua bancada e vai de três para duas cadeiras.

O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) não conseguiu eleger nenhum nome para ocupar uma cadeira de vereador. O candidato mais votado do partido foi Mário Covas Neto, filho do ex-governador Mário Covas e tio do ex-prefeito Bruno Covas, com apenas 5.825 votos.

Dos 51 vereadores que tentavam ser reeleitos para o cargo, 35 tiveram sucesso. Nomes importantes da política paulistana ficaram sem vaga, como Carlos Bezerra Jr. (PSD), Arselino Tatto (PT), Aurélio Nomura (PSD), Adilson Amadeu (União), Eli Corrêa (União), entre outros. 

O atual presidente da Câmara Municipal, Milton Leite (União), não tentou se reeleger após 27 anos de mandato, porém conseguiu eleger seus dois candidatos Silvão Leite e Silvinho, todos do União.

Houve um aumento do número de mulheres no cargo, de treze para vinte parlamentares. Os partidos que mais elegeram mulheres foram PSOL e PL, com quatro vereadoras cada.

São Paulo terá ainda uma vereadora nascida em Cuba, Zoe Martinez - apoiadora do ex-presidente Jair Bolsonaro. A futura parlamentar veio para o Brasil aos 12 anos e naturalizou-se em 2018. Martinez ficou conhecida por sua atuação como comentarista política em uma rede de televisão, de onde foi demitida após abertura de inquérito do Ministério Público contra disseminação de desinformação.

Veja abaixo como ficou a composição de cada bancada:

 

Conheça os mais votados

Dos dez candidatos mais votados para vereador, seis são mulheres e quatro homens. Entre eles, cinco nunca ocuparam cargos políticos, quatro são vereadores que conseguiram a reeleição e uma foi eleita vereadora no município de Boituva (SP) em 2020.

Lucas Pavanato (PL)

O jovem de 26 anos foi o vereador mais votado da cidade de São Paulo, terminado o pleito com cerca de 160 mil votos.

Nascido em Sorocaba (SP), teve uma campanha amplamente apoiada por nomes importantes do bolsonarismo como o vereador Fernando Holiday, o deputado Nikolas Ferreira e do próprio ex-presidente Jair Bolsonaro.

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Fernando Holiday não tentou a reeleição para o seu terceiro mandato e apoiou a candidatura de Lucas Pavanato - Foto: Lucas Pavanato via Instagram/Reprodução

Em 2022, Pavanato disputou o cargo de Deputado Estadual pelo Partido Novo, mas não conseguiu se eleger.

Ana Carolina Oliveira (PODE)

Com quase 130 mil eleitores, Ana Carolina foi a mulher mais votada na capital paulista em sua primeira eleição.

A futura vereadora ficou conhecida em 2008 após o assassinato de sua filha Isabella Nardoni, jogada do sexto andar de seu prédio pelo pai Alexandre Nardoni e pela madrasta Anna Carolina Jatobá.

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Recentemente Ana Carolina Oliveira participou de diversos podcasts para contar detalhes do crime contra a sua filha. - Foto: Ana Carolina Oliveira via Instagram/Reprodução

Durante a campanha, ela afirmou que irá lutar pela proteção das vítimas de crimes violentos e do monitoramento dos presos em regime semiaberto. Disse ainda que trabalharia contra a violência infantil.

Veja a lista completa com os eleitos:

VEREADOR/PARTIDO VOTOS
Lucas Pavanato (PL) 161.386
Ana Carolina Oliveira (PODE) 129.563
Dr. Murillo Lima (PP) 113.820
Sargento Nantes (PP) 112.484
Amanda Paschoal (PSOL) 108.654
Rubinho Nunes (UNIÃO) 101.549
Luna Zarattini (PT) 100.921
Luana Alves (PSOL) 83.262
Dra Sandra Tadeu (PL) 74.511
Pastora Sandra Alves (UNIÃO) 74.192
Silvão Leite (UNIÃO) 63.988
Isac Félix (PL) 62.275
Zoe Martinez (PL) 60.272
Rodrigo Goulart (PSD) 58.715
Danilo do Posto de Saúde (PODE) 58.676
Gabriel Abreu (PODE) 58.581
Edir Sales (PSD) 58.190
Alessandro Guedes (PT) 58.183
Celso Giannazi (PSOL) 57.789
Cris Monteiro (NOVO) 56.904
Silvinho (UNIÃO) 53.453
Thammy Miranda (PSD) 50.234
Nabil Bonduki (PT) 49.540
Janaina Paschoal (PP) 48.893
Fabio Riva (MDB) 44.627
Major Palumbo (PP) 43.455
Rute Costa (PL) 43.090
Sidney Cruz (MDB) 42.988
George Hato (MDB) 42.837
Sansão Pereira (Republicanos) 42.229
André Santos (Republicanos) 41.379
Hélio Rodrigues (PT) 40.753
Amanda Vettorazzo (UNIÃO) 40.144
Marcelo Messias (MDB) 40.079
Marina Bragante (REDE) 39.147
Tripoli (PV) 39.039
Simone Ganem (PODE) 38.540
Sandra Santana (MDB) 38.326
João Jorge (MDB) 36.296
Ely Teruel (MDB) 35.622
Professor Toninho Vespoli (PSOL) 34.735
Silvia da Bancada Feminista (PSOL) 34.537
Sonaira Fernades (PL) 33.957
Dr. Milton Ferreira (PODE) 33.493
João Ananias (PT) 33.225
Kenji Palumbo (PODE) 32.495
Ricardo Teixeira (UNIÃO) 31.566
Jair Tatto (PT) 30.905
Eliseu Gabriel (PSB) 30.706
Dheison (PT) 30.575
Senival Moura (PT) 30.480
Renata Falzoni (PSB) 30.206
Keit Lima (PSOL) 27.769
Adrilles Jorge (UNIÃO) 25.038
Gilberto Nascimento (PL) 25.038
Com diferença de quase 25 mil votos, Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) lideraram o primeiro turno no último domingo (6), com 29,48% e 29,07%, respectivamente
por
Giuliana Barrios Zanin
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08/10/2024 - 12h

 

Mais de seis milhões de pessoas votaram no maior colégio eleitoral do Brasil no último domingo (6). As urnas fecharam às 17h com o total de 26.513 seções em São Paulo, capital, e Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) foram escolhidos para a disputa do segundo turno, com 29,48% e 29,07%, respectivamente. Pablo Marçal (PRTB), que havia empatado tecnicamente com os outros dois candidatos nas últimas pesquisas, ficou em 3º lugar com 28,14%. Tábata Amaral (PSB), em quarto com 9,91% e José Luiz Datena  (PSDB) com 1,84%. Os outros candidatos somam menos de 5% juntos. Os paulistanos deverão votar novamente no próximo dia 27 para decidir o prefeito da maior cidade da América Latina.

Os candidatos foram às seções na parte da manhã para continuar suas agendas no resto do dia. Marçal foi o único que optou por ir nos minutos finais antes do início das apurações. O cenário da capital manteve Nunes à frente na maioria da contagem dos votos, alternando apenas com o político do PRTB em primeiro lugar. Após 60% das urnas apuradas, o psolista alcançou o segundo lugar.

Durante as votações, os nomes para a prefeitura permaneceram na região sul da cidade. No bairro do Socorro, o atual prefeito esteve ao lado da esposa, Regina Nunes, do governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos), e do seu vice, o Coronel Mello Araújo (PL). Em coletiva, declarou: “Desejo que a gente possa ter um dia de muita tranquilidade, que seja diferente de muitos episódios do período eleitoral. Acho que hoje a população vai para as urnas podendo ter tranquilidade para tomar sua melhor decisão”.

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A esquerda para direita: Mello Araújo, Tarcísio de Freitas, Regina Nunes e Ricardo Nunes. Foto: Carta Capital.

 

No Campo Limpo, Boulos estava acompanhado da família, da vice Marta Suplicy (PT), da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara (PSOL), e da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (REDE). O psolista comentou sobre o laudo fraudado, divulgado por Marçal na última sexta-feira (4), que afirmava resultado positivo para uso de cocaína por Boulos. “A gente segue em frente, sem se intimidar, porque o nosso compromisso de fazer dessa cidade uma cidade mais justa, mais humana, é maior do que qualquer ataque”, destacou.

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Da direita para a esquerda: a família de Boulos, o candidato do PSOL, Marta Suplicy(PT) e Marina Silva (REDE). Foto: Miguel Schincariol/AFP.

Nos últimos minutos para o fechamento das urnas, Pablo Marçal chegou sem companhia para votar em Moema. O empresário foi rodeado por jornalistas e apoiadores. Respondeu sobre o laudo falso publicado ter sido um ato de “boa-fé”. Questionado sobre estar sem calçado, o candidato afirma ser representação de como foi a caminhada municipal. "Vim descalço para mostrar meu sentimento de como foi a perseguição nessa campanha eleitoral. Um candidato ficar sem seu único meio nas últimas horas, uma decisão completamente desproporcional. Decidi vir nos últimos minutos para falar que os últimos serão os primeiros", declarou Marçal sobre a suspensão de suas redes sociais pela Justiça, em razão da publicação do documento falsificado, horas antes da votação.

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O ex-coach declarou em coletiva após a votação que foi “injustiçado” nas campanhas eleitorais. Foto: Edson Dantas.

 

Tábata Amaral votou no bairro onde cresceu, Vila Missionário. Entrou na escola com Geraldo Alckmin, vice-presidente e padrinho do partido, a esposa Lu Alckmin e o ministro do Empreendedorismo, Márcio França. Ela manteve-se positiva aos resultados e ressaltou que toda a luta é muito maior que a cadeira municipal. 

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Os apoiadores de Tábata estiveram com ela até o fim das apurações. Foto: Instagram, @geraldoalckmin_.

 

Datena depositou seu voto no Jardim Colombo. O apresentador afirmou aos jornalistas que estavam com ele na seção eleitoral que se arrepende de levar a candidatura até o final. Ele afirmou que, independente dos resultados, não apoiará nenhum dos candidatos em segundo turno.

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O candidato do PSDB chegou cedo no local de votação e foi surpreendido por fãs. Foto: Poder Folha.

 

Após a divulgação dos resultados, os dois mais votados no primeiro turno se reuniram cada um em seu palanque com apoiadores e deram seus discursos de vitória.

No Edifício Praça da Bandeira, Nunes ressaltou os próximos passos até dia 27. “O segundo turno é uma situação onde a gente precisa refletir, e cada um de nós vai levar isso para a população: a diferença entre a ordem e a desordem, entre a experiência e a inexperiência, entre a boa gestão e a interrogação. A diferença entre o diálogo, a ponderação, o equilíbrio, e o radicalismo", destacou ao lado de Tarcísio de Freitas, que esteve ao seu lado o dia todo, e Gilberto Kassab, presidente do PSD. O ex-presidente Jair Bolsonaro, que confirmou apoio a Nunes, não compareceu.

No Clube Piratininga, em Santa Cecília, Boulos, que possui apoio do presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva, manteve-se focado na vitória do segundo turno. “Quero dialogar com aqueles e aquelas que não votaram na gente no primeiro turno. A enorme maioria do povo de São Paulo votou pela mudança”, ressalta ao lado de apoiadores do governo Lula. 

A deputada do PSB, Tábata, afirmou, em coletiva, que apoiará a candidatura de Guilherme Boulos no segundo turno. Marçal teve sua conta do Instagram de volta na tarde de segunda (7) e afirma que tem planos para 2026.

Uma visita pelo museu do futebol traz novas informações históricas sobre as mulheres no esporte mais conhecido do país.
por
Júlia Polito
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08/10/2024 - 12h

 

A reinauguração do Museu do Futebol de São Paulo traz diversas mudanças incluídas no acervo atual. Localizado no Estádio do Pacaembu, após oito meses de reforma, o local reabriu suas portas no dia (08/07), com uma nova proposta de apresentar a história do esporte. A inclusão feminina no conjunto do museu foi o grande diferencial, informações que antes não tinham visibilidade, agora recebem reconhecimento vindo das coleções futebolísticas.  

Renata Beltrão, jornalista e mestra em Museologia, acompanha o tour com os visitantes e explica as mudanças ocorridas ao longo do tempo, dando ênfase à inserção da figura feminina. Os novos materiais incluídos no museu, foram frutos de pesquisas decorrentes de quinze anos para cá. Mesmo o esporte sendo praticado por mulheres desde os anos 20, a demanda por informações históricas se deu a pouco tempo atrás. 

A visita conta com quatro instalações inéditas que falam apenas sobre o futebol feminino no período em que ele foi proibido no Brasil. Na época, em 1941, o presidente Getúlio Vargas assinou um decreto-lei que impedia as mulheres de praticarem esportes que não fossem adequados “à sua natureza”. O país estava prestes a enfrentar um período de ditadura militar, no qual a censura era algo comum, o que não foi diferente com as atletas mulheres. 

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Quadros de uma sala no Museu do futebol, tratando sobre o futebol feminino
(Foto / Reprodução: Júlia Polito)

 

Os primeiros registros de futebol feminino no Brasil são dos anos 20 e 30, eram divulgados por jornais locais de maneira sutil. O esporte não era visto como uma partida, mas sim como uma performance ou show, já que o circo era o local das “apresentações”. Ao longo desses anos o futebol entre mulheres não era praticado em clubes ou ligas, mas sim nas periferias e, mesmo não sendo impedida ainda, a modalidade era ligada apenas aos homens por ser considerada violenta. 

A proibição do esporte veio em 1941, após um jogo ocorrido no Estádio do Pacaembu entre mulheres no ano anterior. O intuito era dar visibilidade e incentivar a figura feminina, mas o resultado foi extremamente contrário. Uma revolta foi gerada por grande parte da sociedade, e as notícias divulgadas serviram de combustível para o desagrado da opinião pública e das autoridades.  

Através de um processo de regulamentação do esporte no Brasil, criou-se o CND (Conselho Nacional De Desporto), foi quando as autoridades decidiram proibir a prática feminina. O decreto-lei (3199, art 54) dizia que as mulheres não poderiam praticar esportes que não fossem adequados à sua natureza. A jornalista Renata Beltrão comenta: “As mulheres brasileiras continuaram jogando bola mesmo com risco de serem presas, o que de fato acontecia” 

Em 1965 o decreto foi publicado novamente com mais detalhes, inibindo de vez a participação feminina, o que infelizmente nos proporciona poucos registros da época, que se passavam na ditadura militar. As mulheres jogavam de forma clandestina com medo de serem pegas. Apenas em 1979 a proibição teve seu fim, 38 anos depois. Porém, as coisas não melhoraram de uma hora para outra como esperado, o esporte ainda não recebia ajuda de clubes e federações, além de ser discriminado.  

A modalidade foi regulamentada de fato somente em 1983, as competições, os calendários, a utilização de estádios, a inserção nos clubes, todos esses detalhes que antes eram liberados apenas para os homens, começaram a fazer parte do cenário feminino também. A primeira Copa FIFA aconteceu em 1991, ainda com muito amadorismo, a CBF assumiu de forma oficial o time. A seleção também estreou nas olimpíadas no ano de 1996, marcando de vez uma nova era. 

 

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Seleção de futebol feminina nas Olimpíadas de Paris 2024 
(Foto / Reprodução: Instagram @selecaofemininadefutebol)

 

O futebol feminino passou por diversos problemas ao longo dos anos, um processo histórico que deixa marcas até hoje. Infelizmente a diferença de tratamento com o esporte das mulheres continua nítida, a falta de investimentos e de apoio permanece, mesmo que de forma mais “escondida”, ainda é necessária muita luta para igualar o patamar de benefícios e oportunidades masculinas no esporte.

Em entrevista à BBC News Brasil, Natália Pessanha, pesquisadora da Universidade Federal Fluminense (UFF), afirma que: “Em 2022, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) destinou aproximadamente R$ 200 milhões à seleção masculina principal. Outros R$ 70 milhões foram divididos entre o time feminino e sete seleções de base, segundo dados divulgados pelo próprio órgão.”

Marta, a rainha do futebol pode ser usada como grande exemplo, a atleta que recebeu o prêmio de melhor jogadora do mundo seis vezes e ganhou três medalhas olímpicas representando a equipe brasileira, nunca recebeu nem metade do salário de Neymar, também jogador da seleção de futebol brasileira. 

Mundo esportivo e imprensa tem grande participação no convencimento político de torcedores
por
Luiza Zequim
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08/10/2024 - 12h

Em 1970, durante a ditadura, o futebol brasileiro foi usado como estratégia política grandiosa pela primeira vez. Com a volta dos jogadores ao país, desembarcando em Brasília, Pelé e, o então presidente, Médici posaram juntos com a taça recém conquistada pela seleção mais aclamada do mundo na época. A cena protagonizou uma jogada do regime ditatorial, que buscava limpar e promover a aprovação do governo, o qual encarava crises e questionamentos constantes da população.  

A tática abriu portas para que o mundo esportivo deixasse de ser só um entretenimento, se tornando um meio de convenção popular. É evidente que o país visto como símbolo da modalidade tenha seu imaginário afetado por resultados, desempenhos e campeonatos. O futebol paulista ilustra essa influência quando proíbe torcidas rivais da capital de estarem ambas presentes em um confronto. 

 

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Pelé erguendo a taça ao lado de Médici logo após o pouso da seleção no Brasil (Foto: Getty Images)

 

A imprensa esportiva e o seu valor de compra  

A mídia tem um papel crucial no controle de torcedores, seu comprometimento deve ser sempre com a verdade por meio da escuta de ambos os lados de um conflito. A junção entre a propaganda midiática,  o interesse da elite do futebol e a política brasileira tornam os jornais e redes sociais um método de persuasão poderoso. 

Esse padrão de manipulação é sútil e feito em partes, pequenas decisões, postagens oficiais, acobertamento de desvios e aumento de preços dos ingressos para os jogos. O mundo esportivo é um dos setores mais suscetíveis a esse tipo de domínio. Por estar amplamente ligado ao emocional de quem ama assistir e participar e presente no cotidiano seu alcance se torna ainda mais abrangente. 

Renata Beltrão, coordenadora de comunicação e marketing do Museu do Futebol do Pacaembu, comenta sobre essa influência em entrevista no museu. “Tanto a imprensa quanto o museu são instituições legitimadoras de determinadas narrativas. Todo mundo que entra em um museu espera que ele entregue uma verdade em uma bandeja , da mesma forma que quando a gente abre o jornal esperamos ler a verdade.” 

 

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Parede de quadros na entrada do Museu do Futebol do Pacaembu (Foto: Luiza Zequim) 

 

Renata também comenta sobre a parcialidade que os museus e a imprensa têm em comum: “Mas os museus têm vieses, assim como a imprensa. Que história a gente conta, que história deixamos de contar, tudo isso influi na forma como o público percebe, não só o próprio museu, mas aquele assunto de maneira geral.” É dever da imprensa se manter nos ideais da comunicação verídica e investigativa, não há espaço para que ela se torne arsenal de influência política e tenha um preço de venda.  

 

O ‘time do povo’ 

A popularização da torcida e o sentimento de pertencimento são os fatores centrais para que a modalidade ganhe espaço na ‘família brasileira’, é comum que bairros inteiros parem as  quartas e domingos durante 90 minutos para assistir e vibrar nos embates entre time da casa e adversários.  

O Sport Clube Corinthians, um dos maiores clubes do estado,  se auto apelidou como ‘time do povo’, sendo este um dos mantras de sua torcida. Com o crescimento do futebol, não só como esporte, mas como arma política, essa imagem se alterou. Escândalos de corrupção na diretoria e uso da renda dos jogos para interesses privados se tornam cada vez mais comuns. Por estes fatores a modalidade perde, aos poucos, sua essência, entusiasmo e espaço de união.  

As polêmicas em torno de contratos milionários dos jogadores faz com que a torcida mais jovem, que nunca viu a nação conquistar uma Copa do Mundo, perca o entusiasmo e a crença nas novas seleções.  O esquadrão de 70, visto como o “time da redenção”, que impulsionou as artimanhas políticas de Médici, antecedeu diretamente essa descrença da comunidade.

Da popularização do rádio à era digital, a mídia esportiva no Brasil se reinventou ao longo das décadas, conectando gerações ao futebol e a eventos como Copa do Mundo
por
Juliana Salomão
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07/10/2024 - 12h

Durante as Olimpíadas de Paris 2024, um dos maiores eventos do mundo, atletas de diversos países se concentram para a conquista da tão sonhada medalha. Jornais, rádios e televisões foram o centro da atenção de toda sociedade por um longo mês. Brasileiros, espanhóis, haitianos, entre outras nações, acompanharam de perto cada detalhe. A cobertura midiática conectou nações inteiras a um mesmo foco: o esporte  

No Brasil, essa conexão foi especialmente forte no futebol. Durante o governo de Getúlio Vargas, o político utilizou o esporte como ferramenta para reforçar a identidade nacional e promover o futebol como símbolo de união e orgulho do povo brasileiro. 

A popularidade do futebol nas décadas de 1930 e 1940 foi aproveitada pelo Estado como ferramenta de propaganda, associando a "identidade verde e amarela" ao esporte. A imprensa da época, alinhada à narrativa oficial, passou a destacar o futebol como um fator com a capacidade de unir a nação. 

O rádio brasileiro, nesta mesma época, estabeleceu uma conexão com o esporte após o presidente Getúlio Vargas autorizar a publicidade no meio. Com essa medida, as emissoras reorganizaram suas programações para alcançar o maior número possível de ouvintes. O futebol, que ganhava popularidade entre as classes trabalhadoras, tornou-se um dos principais atrativos. 

As transmissões de partidas rapidamente conquistaram o público, consolidando o rádio como o principal meio de comunicação esportiva no país. No entanto, esse sucesso começou a ser desafiado nos anos 1960, com o avanço da televisão.  

Com a ascensão da televisão, a primeira transmissão de uma partida de futebol no Brasil ocorreu durante a Copa do Mundo de 1970. Naquela época, as imagens ainda eram exibidas em preto e branco, o que gerava desafios para a visibilidade dos jogos na tela. 

Renata Beltrão, jornalista e museóloga, explica alguns fatores que ajudaram a contornar essa limitação visual durante uma visita ao Museu do Futebol, em São Paulo: “A bola Telstar surgiu em um contexto em que, nos anos 70, a Copa do Mundo foi transmitida ao vivo, pela primeira vez, para o mundo inteiro. A bola tinha uma questão que resolvia um fator da televisão na transmissão. Ela permitia uma visibilidade maior no campo, por conter aqueles hexágonos e pentágonos, branco e preto.” 

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Bola Telstar exposta no Museu de Futebol. Reprodução: Foto/Juliana Salomão 

A inovação da bola Telstar não apenas facilitou a transmissão em preto e branco, mas ganhou milhares de espectadores interessados no esporte. A partir de 1970, as transmissões ao vivo pela televisão transformaram-se no meio mais consumido e um dos mais utilizados para o acompanhamento de eventos esportivos.  

Atualmente, a FIFA continua modernizando na fabricação das bolas de futebol. “As bolas de hoje não têm mais costura e são de outro tipo de material que deixa um pouco mais leve, perfeita, esférica e menos sujeita a deformação durante o jogo.”, comenta Beltrão. 

Das rádios para as mídias sociais 

Apesar da queda de popularidade nos últimos anos, as rádios ainda são muito utilizadas. Com o avanço da televisão e das mídias sociais, o jornalismo e os meios de comunicação passaram a dominar o cenário informativo, devido à interatividade e ao imediatismo de conteúdo das plataformas digitais. 

Muitas emissoras de rádio migraram para o formato digital, investindo em streaming e podcasts. No entanto, plataformas como TikTok e Instagram se destacam por permitir uma troca de informações e comentários durante eventos esportivos, proporcionando uma cobertura mais participativa e em tempo real.  

Esse movimento também reflete no Museu do Futebol, um dos espaços mais importantes da história do esporte, localizado em São Paulo. Ao longo dos anos, a tecnologia e a evolução do próprio futebol transformaram o museu em um ambiente mais dinâmico e interativo. A adaptação às novas formas de comunicação permite que o público explore o acervo de maneira mais imersiva, conectando passado e presente com a mesma instantaneidade e interação que vemos nas redes sociais. 

O rei do futebol brasileiro: Pelé 

Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, conhecido como um dos maiores jogadores da história do futebol, marcou a mídia esportiva e internacional desde sua primeira Copa do Mundo, em 1958, quando conquistou seu primeiro título mundial com apenas 17 anos. 

O auge de Pelé coincidiu com o fortalecimento do jornalismo esportivo. Antes de sua estreia na Copa do Mundo de 1958, essa área da comunicação já era relevante, mas ganhou ainda mais força com a ascensão do novo atleta. Pelé passou a ser destaques de reportagens e programas que contavam sobre a sua trajetória e conquistas. 

Na década de 1960, após o sucesso das rádios, a televisão foi o meio que ganhou força e a Copa do Mundo de 1970, transmitida ao vivo, consolidou Pelé como um esportista de alto padrão. Mesmo com imagens em preto e branco, as transmissões aumentaram sua visibilidade, tornando-o um dos primeiros jogadores a se beneficiar desse meio. 

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Camiseta usada na final da Copa do Mundo de 1970. Reprodução: Juliana Salomão/Museu do Futebol 

Apesar de o atacante ter se aposentado sete anos depois, seu legado continua preservado, e o jornalismo esportivo, assim como os meios de comunicação, mantendo a sua memória viva para as novas gerações.