“A primeira vez que eu olhei pro lado e vi que a maioria das pessoas se pareciam comigo, foi justamente quando eu estava no meio da torcida do pó de arroz.”, revela o jornalista e torcedor tricolor, Fagner Torres. “Eu ia no restaurante, no cinema, no teatro, lugares onde a maioria da galera era branca. Onde a maioria era como eu? Na arquibancada, pô!”, finaliza. O tradicional nevoeiro branco em meio as cadeiras virou símbolo de festa para a torcida do Fluminense. Hoje é comum que cada torcedor tricolor leve um saco do pó de arroz para os jogos no Maracanã, lançando-os ao céu e celebrando antes mesmo da bola rolar.
Por muitos anos, chamar um torcedor do Fluminense de “pó de arroz” era motivo de ofensa e chacota. Muitos torcedores rivais ainda hoje usam dessa palavra para acusar o clube de ser racista, afirmando que, no passado, o Fluminense obrigava os jogadores pretos a passarem pó de arroz no rosto para jogarem se passando por brancos, “minha vó me conta isso desde que eu tinha cinco anos”, revela Thaissan Passos, ex-treinadora do futebol feminino do Fluminense.
O folclore se espalhou a partir de uma crônica lançada em meados do século XX, se espalhando ao longo do tempo como uma polêmica que até hoje gera controvérsias e discussões. Independentemente da origem, fato é que a torcida tricolor adotou o pó de arroz como um verdadeiro símbolo antirracista, tornando o que antes era usado de forma pejorativa como representação de toda a torcida nas arquibancadas das laranjeiras: “Maior orgulho pra gente é quando saímos do jogo com todo o pó na cabeça. Não é uma maneira de embranquecer a torcida, e sim de dizer que nós vencemos o racismo aqui dentro e que somos um grupo a utilizar um xingamento que seria racista para combatê-lo!”, afirma o antropólogo torcedor do Fluminense, Ernesto Xavier.
A POLÊMICA ORIGEM DO PÓ DE ARROZ

Em 13 de Maio de 1914, Carlos Alberto, de 17 anos, se preparava para atuar pelo Fluminense contra o seu ex-clube, América, pelo Campeonato Carioca daquele ano. O jogador, que era o único preto da equipe, foi visto com um pó branco no rosto, que durante a partida começou a se desmanchar em seu suor, abrindo brecha para a torcida Americana provocar o recém-saído da equipe: “Pó de Arroz! Pó de Arroz!”, gritava a torcida.
“O rapaz veio conosco do América para o Fluminense, ele fazia a barba e, ao invés de deixar com sua cor natural e passar talco, ele colocava uma coisa branca, fazendo um contraste muito grande entre uma parte e outra do rosto, e então os torcedores começaram a chamar o time do Fluminense de ‘pó de arroz’”, explicou, aos 90 anos de idade, Marcos Carneiro de Mendonça, então goleiro da equipe de Carlos Alberto.
O caso voltou à tona 38 anos depois do jogo contra o América, em uma coluna publicada pelo jornalista Mário Filho no “Jornal dos Sports”, onde o autor alega que Carlos Alberto utilizava pó de arroz para esconder sua etnia, visto que, segundo Mário, o Fluminense era uma equipe elitista da qual apenas brancos eram benquistos: “Valia a pena ser Fluminense, Botafogo, Flamengo, clube de brancos. Se aparecia um mulato, num deles, mesmo disfarçado, o branco pobre, o mulato, o preto da geral, eram os primeiros a reparar. (...) Era o momento que Carlos Alberto mais temia. Preparava-se para ele, por isso mesmo, cuidadosamente, enchendo a cara de pó-de-arroz, ficando quase cinzento, não podia enganar ninguém, chamava até mais atenção. A torcida do Fluminense procurava esquecer de que Carlos Alberto era mulato. Um bom rapaz, muito fino”, finaliza a coluna.

O trecho publicado no jornal foi retirado do livro de Mário que teve sua primeira edição publicada em 1947, denominado “O Negro no Foot-Ball Brasileiro”, onde o autor desmistifica as especulações que afirmavam que o Fluminense obrigava Carlos a usar o pó de arroz. Com base no livro, o historiador Athos Vieira explica que o jogador utilizava o produto por causa do racismo imposto pela sociedade, mas que o clube em nenhum momento obrigava Carlos a utilizar pó de arroz. “O racismo não era do Fluminense, e sim da sociedade, das instituições, o Fluminense como tal era um clube racista, de pessoas brancas. Carlos Alberto, um menino tímido, se sentia incomodado com os holofotes e usava o pó de arroz para dissimular a cor de sua pele”, explica.
Athos chama atenção para o fato de que, no livro, Mário entrevista Carlos Alberto ainda em vida, onde o jogador explica as diferenças entre o América e o Fluminense, ressaltando que ambos eram times de branco, porém, por ser um clube aristocrata, o tricolor promovia bailes e eventos de luxo: “Essa era a diferença entre os times da Zona Sul e Norte, no América as famílias iam ver os jogos e se encontravam uma vez por semana na arquibancada. No Fluminense, eles viviam no clube, todo mundo devia ser igual, mesmo na cor”, afirma, segundo Athos Vieira, Carlos Alberto em entrevista à Mário Filho.
Por outra ótica, o também historiador Felipe Duque, aponta que Carlos Alberto era um adolescente de muitas espinhas no rosto, obrigando-o a utilizar um medicamento para contê-las, esse que por sua vez continha na bula a recomendação de passar pó de arroz no rosto logo após o uso do remédio, com o objetivo de manter a pele protegida e evitar a oleosidade: “o talco é uma coisa só pra aliviar o pós-barba, já o pó de arroz tem a função de proteger. Como que um menino tímido de 17 anos vai ter a noção que quando ele corresse aquilo ia se desmanchar no sol?”, questiona.
A Capela Nossa Senhora das Almas dos Aflitos, fundada em 27 de junho de 1779, é um dos poucos símbolos históricos que restaram do período que antecedeu a imigração japonesa do século XX no Bairro da Liberdade em São Paulo. O local foi de 1175 até 1858, um cemitério, onde eram enterrados pobres, escravizados, criminosos e indígenas. Segundo os monitores da capela, o nome do bairro se deu pela história de Francisco José das Chagas, cabo do primeiro batalhão de Santos que foi condenado à morte por enforcamento depois de liderar uma revolta causada pela falta de pagamento a 5 anos. “Liberdade” era o que gritavam na praça em que Chaguinhas ou “Protetor do Excluídos”, como é conhecido, foi colocado à forca pela terceira vez e a corda arrebentou.


“Quando há pessoas falando sobre nós, sobre nossas vivências e sobre nossos corpos podemos nos ver naquele espaço”, afirmou Rafaela Silva (24) sobre a crescente produção de obras literárias que têm enfoque na representação positiva da população negra. O crescimento de livros com protagonistas negros e o aumento da procura por eles nos mercados levou títulos como “Lendários”, de Tracy Deonn e “Agora que ele se foi”, por Elizabeth Acevedo a ganharem espaço nas estantes de leitores pelo mundo todo. A divulgação que livros com protagonismo negro receberam durante os temos de confinamento fez com que mais livros que abordam a vida de pessoas afrodescendentes se tornassem cada vez mais populares.
Nos últimos anos, houve um crescimento exponencial na quantidade de personagens negros, tanto em obras literárias, quanto cinematográficas, os personagens vêm ganhando destaque se tornando protagonistas, ou pontos importantes da história. Ainda assim a comunidade enfrenta alguns desafios para que sejam devidamente representados “Alguns conseguimos perceber que a pessoa apenas colocou um personagem de minoria para dizer que tem” Ressalta a escritora, e completa “Ainda precisamos cobrar das pessoas escreverem sobre pessoas pretas e isso é cansativo”.
O número de autores negros publicados no Brasil ainda é considerado baixo, se comparado com a quantidade de autores brancos. Por consequência, os personagens desses autores também são brancos, o que aponta a falta de representatividade. De acordo com os dados das maiores editoras brasileiras, segundo uma pesquisa da Universidade de Brasília (UnB), entre 1965 e 2014, 70% dos autores são homens e, dessa porcentagem, 90% são brancos. Esse estudo revela que a escalada para uma cultura representativa de autores negros ainda é uma longa caminhada.
Rafaela, nascida em São Carlos e formada em Linguística pela Ufscar (Universidade Federal de São Carlos), também ressalta que, mesmo com os pontos negativos, a inserção de pessoas negras nessas obras é algo a se comemorar, além de se esforçar para sempre ter negros em suas obras. Em todas as suas histórias publicadas na Amazon, sendo elas: “Apito final”, “Meu lugar” e “As cores do nosso amor”, Rafaela colocou personagens negros em posição de protagonismo “É a minha reparação histórica” afirmou ela. “Todas as minhas obras escritas até aqui abordam o racismo, sei que parece cansativo, mas sempre que vou escrever trago minhas vivências e isso reflete muito nas minhas obras” explicou a autora.

Além da questão da inclusão, a literatura negra também é necessária porque ela é capaz de desbancar padrões e estereótipos relacionados à cultura e ao povo afro-brasileiro. Quando contadas por escritores negros, as histórias têm um ponto de vista próprio de pessoas que vivem diariamente essa cultura sem reforçar os padrões criados pelo ponto de vista branco e eurocêntrico.
Apesar da pouca representatividade, existem autores negros relevantes e essenciais para a história literária do Brasil. Entre eles, podemos citar Carolina Maria de Jesus, Conceição Evaristo, Machado de Assis — considerado o maior escritor brasileiro —, Lima Barreto, entre muitos outros grandes nomes da literatura no país. Esses autores, que são atemporais, trazem em suas obras histórias com perspectivas únicas, contando sobre suas vivências e acontecimentos por eles presenciados.

Imagem: Reprodução/MNU/Lei de acesso à informação.
"Hoje, a juventude negra anda olhando para o horizonte. E como diz o Miltão (Milton Barbosa): a nossa vitória é certa”, diz Regina Santos, coordenadora estadual do MNU em São Paulo. O movimento luta há 45 anos para garantir os direitos da população afrodescendente brasileira. Em sua criação a participação de diferentes personalidades negras foi fundamental.
O Movimento Negro Unificado foi fundado em 18 de junho de 1978 no Centro de Cultura e Arte Negra e lançado a público 19 dias depois, em 7 de julho nas escadarias do Theatro Municipal de São Paulo. Três casos funcionaram como fator decisivo final: a discriminação de jogadores negros de vôlei pelo Clube Regatas do Tietê; a prisão e assassinato do feirante Robson Silveira da Luz; e o assassinato do operário Milton Lourenço por forças policiais.
“Já havia uma discussão com gente do Rio e de Salvador acerca de que era necessário atingir um outro patamar na luta de combate ao racismo” explicou Regina Lúcia dos Santos, filiada há 28 anos é militante exclusiva e coordenadora estadual do MNU. “Colocamos na pauta política a discussão racial e isso não é qualquer coisa, porque faz parte da manutenção do racismo o encobrimento da nossa história.”

Por ocorrer no período de ditadura, os membros buscaram apoio da mídia já desgastada pela censura e tentaram contato com o secretário de segurança do estadual da época, Erasmo Dias. “Eles sabiam que ia haver provocação da polícia no entorno, mesmo assim, o pessoal que estava no ato resistiu, não foi para cima das provocações porque era importante que o MNU fosse lançado.”
O ativista Milton Barbosa, atual parceiro de Regina, foi figura central para o encontro de tantos ativistas e intelectuais para a assinatura da ata na escadaria do Municipal. Entre eles Eduardo Oliveira, poeta e primeiro vereador negro eleito pela capital paulista. Lélia González, referência nos estudos e debate de raça, gênero e classe no Brasil e no mundo, além de Antônio Leite, empresário e representante da Associação dos Empresários Negros.
“Antes do MNU, em 1972, meu pai criou um grupo de trabalho de profissionais liberais universitários negros. O objetivo era trabalhar a autoestima das pessoas negras para que elas continuassem na educação formal e estivessem nas universidades, já que era a única forma de ascensão social da época” contou Elizabete Scheibmayr, a advogada e ativista é filha de Antonio Leite, militante do Movimento Negro Unificado.

Ações Afirmativas
56% da população brasileira se declara negra, mas há pouca representatividade destas pessoas em cargos de liderança. Conforme pesquisa divulgada pelo Instituto Ethos, em 2018, apenas 4,7%, estão em uma posição de gerenciamento nas 500 maiores empresas do país, só 0,4% são de mulheres negras executivas. As ações afirmativas nas empresas vêm para representar a sociedade brasileira. “O racismo no Brasil tem essa peculiaridade: a gente se acostumou com ele, normalizou situações inaceitáveis como a ausência de pessoas negras nos espaços. E ninguém percebe que tem uma anormalidade nisso.”
Para combater isso, junto de sua irmã, Elizabete fundou a Uzoma: empresa de consultoria focada na inclusão e diversidade no mercado de trabalho. “Há hoje uma pressão de mercado. As empresas as vezes não conseguem créditos internacionalmente por falta de diversidade. Se não é pelo amor e pelo que é certo, então será pelo dinheiro.”

Houve uma questão histórica que impediu que pessoas negras alcançassem certos espaços, para a mudança é preciso agir de uma forma intencional. “O Uzoma veio da questão: como vamos letrar pessoas não negras em empresas para que elas comecem a pensar na inclusão e ascensão de pessoas negras no mercado de trabalho” especifica ela.
Legado
“Quem não conhece seu passado não tem história e quem não tem história, não existe.” pontua Regina. No dia 4 de novembro de 1978, o MNU soltou um manifesto propondo que o dia 20 de novembro se transforme no Dia Nacional da Consciência Negra, para lembrar a importância da história de luta e da herança cultural do povo negro. Apesar da mobilização que ocorre desde o século passado para o dia de conscientização, apenas em 2011 a data foi oficialmente instituída.
“A gente não veio do nada, é a história de um povo que sempre lutou por seus direitos, nada foi dado. Precisamos nos orgulhar da nossa história e de tudo que construímos.” - opina a filha de Leite – “É preciso conhecer e ter esse orgulho da jornada que nós trilhamos e vamos trilhar. Não é o começo, mas também não é o fim. Há uma jornada para a mudança, para termos uma sociedade em que as pessoas sejam respeitadas pelo que elas são.”
“Meus sonhos e minhas lutas começaram a muito tempo antes da minha chegada’”, no documentário, ‘Emicida: AmarElo - É Tudo Pra Ontem’, o cantor lembra da importância de reconhecer a história dos que o antecederam. No longa ele traça a herança cultural do povo negro e lembra da relevância do MNU, e de personagens que marcaram a história como Ruth de Souza, Lélia Gonzales, entre outros.
Regina, seu parceiro Milton Barbosa e outros militantes do MNU foram homenageados na apresentação que o rapper fez no Theatro Municipal, em que ocorreu a manifestação e fundação oficial do Movimento Negro Unificado. Emicida, em seu documentário, faz questão de lembrar a história e a importância deste grupo que luta pelos direitos dos afrodescendentes no Brasil.
Elizabete ainda completa: “Acho que é um privilégio ter essa história, esse legado e ter vivenciado isso no seu dia a dia e como isso faz diferença. Nosso posicionamento hoje é muito mais forte. Por menor que seja, meu pai influenciou a história. E isso é motivo de orgulho. E temos a responsabilidade de não deixar isso morrer.”

Futuro de lutas e vitórias
“O futuro é ainda de muita luta e de muitas conquistas”. A militante lembra pautas importantes que devem ser discutidas, como a reparação histórica ao povo negro e aos povos originários.
Para a ativista a educação é fundamental, o letramento racial é necessário para que a população compreenda as relações estabelecidas no Brasil e para que esta se dê de uma melhor forma. O ensino da história da cultura e dos povos africanos é pauta do MNU desde 1978, porém só foi promulgado em 2003.
“Os jovens negros contam histórias negras, narram a resistência de suas famílias em batalhas de rap”, a militante conta como é importante para os jovens terem as suas culturas validadas, e como o movimento negro foi fundamental para a autoestima dos jovens, que assumem a sua negritude. “Não é à toa que o símbolo do MNU é uma lança”, para Regina o MNU lança e abre caminhos para esta população.
“Exu matou um pássaro ontem com uma pedra que só jogou hoje”, ditado iorubá que é citado por Emicida no seu documentário para lembrar aos espectadores que a sociedade que foi construída de forma racista, pode ser modificada hoje, a hora de mudar é agora.

“Sou uma juíza de Direito, mas sou uma juíza de Direito negra. Isso é um fator importante, porque eu sou praticamente a única e a sociedade tem que prestar atenção nisso”, declara a juíza Karen Luise de Souza para o Brasil de Fato no ano de 2020. Três anos depois o cenário não está muito diferente, porém, com a abertura de um novo cargo de ministra no STF, as esperanças estão altas para que a posição seja tomada por uma mulher negra.
Dentre as indicadas, estão a jurista e professora da faculdade de Direito da PUC-SP, Lucineia Rosa dos Santos. Quando soube do abaixo-assinado realizado pelos alunos da instituição, Lucineia diz ter se sentido muito emocionada e surpresa.
Durante a entrevista – realizada em uma ligação pela plataforma Teams -, a professora compartilhou um ocorrido muito significativo. Os funcionários da copa da PUC-SP a procuraram para poder assinar o abaixo-assinado a seu favor. “Eu me senti muito grata de também ver trabalhadores, pessoas do nosso convívio, irem me procurar para me apoiar”, relatou Lucineia.

De acordo com a plataforma Justa - criada para ser um observatório do sistema de justiça brasileiro, para cada juíza negra, existem 7,4 juízes brancos no país. Essa discrepância é um reflexo da sociedade no Brasil, e levanta uma questão: como a justiça deve ser igualitária se os responsáveis por elas são todos do mesmo grupo social? Karen Luise apontou esse problema em sua entrevista ao BdF: “Se você só tem homens brancos na magistratura, você só vai ter a visão, a vivência e a experiência do homem branco no mundo”
As mulheres negras constituem a maioria da população no Brasil, porém formam o grupo mais marginalizado e ignorado pela sociedade. “Ter uma mulher negra no STF vai além da representatividade, traz também uma mudança de pensamento dentro do sistema jurídico brasileiro”, apontou Lucineia.
Segundo o IBGE, mulheres negras praticam duas vezes mais abortos do que mulheres brancas, e, como o procedimento não é legalizado no Brasil, mulheres negras arriscam suas vidas duas vezes mais do que mulheres brancas. “Você criminalizar uma mulher que aborta, é criminalizar uma mulher pobre, periférica, preta, mãe solo e que colocou em risco sua vida por não ter condições de realizar um aborto seguro”, afirmou a professora, deixando claro que a descriminalização do aborto é mais do que necessária no país.
A exclusão do povo preto, principalmente das mulheres, se faz presente no país desde sua fundação. Lucineia explicou, “Por mais que tenhamos participado e contribuído na história do país, não nos viram fazendo parte do desenvolvimento pleno econômico”, e ainda acrescenta que “os espaços de poder desse país sempre centralizaram nas mãos dos mesmos”.
Esperançosa de que o presidente Lula indique uma mulher negra para o cargo de ministra, a professora finalizou a entrevista desejando que daqui para a frente mais mulheres, de qualquer raça e classe social, consigam posições de poder e representem a população brasileira, que, em sua maioria, é constituída por pessoas do sexo feminino.