O fenômeno dos artistas sul-coreanos cada vez mais presentes no cenário da moda
por
Natália Perez
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10/05/2024 - 12h

Há quatro anos consecutivos, o principal evento do mundo da moda, o Met Gala, conta com a presença de ídolos da Coreia do Sul. Este ano, o grupo “Stray Kids” chamou atenção pela presença dos oito membros. É a primeira vez que um grupo inteiro de K-pop comparece junto ao tapete vermelho.

Embaixadores da Tommy na Ásia, o Stray Kids dividiu mesa com o estilista Tommy Hilfiger, sua esposa Dee Ocleppo e a atriz americana Madelyn Cline. Para o tema do ano “Belas Adormecidas: O despertar da moda”, o grupo apostou nos  sobretudos. Nas escadarias, reverenciaram nas peças a paleta de cores característica da marca: vermelho, branco e azul escuro, com detalhes em dourado. Cada terno apresentava detalhes individuais para combinar com o estilo do respectivo  membro, mas ainda de forma que o grupo combinasse como um todo.

“Eles são tão modernos quanto se pode imaginar. São super estrelas globais e uma banda de K-pop que lota estádios com 80 mil pessoas com uma base de fãs por todo mundo” foi como Tommy Hilfiger os apresentou em entrevista à Vogue.

A Lefty, plataforma de gerenciamento de influenciadores, elegeu o Stray Kids em décimo lugar como convidados com maior visibilidade da noite. Duas posições abaixo de Jennie do BLACKPINK, outra grande  estrela do gênero musical, que participava do evento pela segunda vez. No ano passado, foi a convite da Chanel. Agora, pela marca Alaïa.

 

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As estrelas do K-pop convidadas ao Met Gala 2024: Bang Chan, Han, Felix, Seungmin, Hyunjin, I.N, Lee Know e Chanbing (Stray Kids) e Jennie (BLACKPINK). Fotos: Getty Images

 

As parcerias de moda com celebridades sempre fizeram parte do marketing das principais grifes de luxo. Com o crescimento cultural exponencial da Coreia nos últimos anos, era só questão de tempo até o casamento entre o mundo da moda e o da música coreana. 

Atualmente, o K-pop é considerado um fenômeno cultural mundial com impacto digital que ultrapassa o de figuras ocidentais conhecidas há anos. De acordo com a base de dados oficial do X/Twitter, foram 20 milhões de publicações durante o MET (85% a mais do que no ano passado). Com cerca de 2 milhões de posts, o Stray Kids foi a celebridade mais mencionada durante a cerimônia, seguidos por Zendaya, Ariana Grande, Lana del Rey e Kim Kardashian.

No começo do ano, a maior presença de cantores sul-coreanos em desfiles já havia sido notada durante a Semana de Moda de Paris. Todas as seis grifes mais comentadas  nas redes sociais durante a semana contavam com a presença de mais de um artistas de K-pop como embaixador. Com praticamente o dobro de menções, a Louis Vuitton disparou em primeiro lugar depois de colocar Felix do Stray Kids para desfilar em sua passarela.  

 

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À esquerda, Felix do Stray Kids desfila a coleção outono-inverno 2024 ao lado dos demais modelos da Louis Vuitton na Paris Fashion Week. Foto: Getty Images

 

Agora no MET, Felix foi considerado pela Lefty o terceiro convidado com maior valor de exposição midiática dessa edição, por gerar cerca de 10,4 milhões de dólares, atrás somente de Ariana Grande (20,5M) e Kendall Jenner (11,6M). Assim, sendo o artista sul-coreano mais alto na lista e também o único homem no top 10.

“Eles significam muito para muitas, muitas pessoas” explica Steffi Cao, repórter de cultura da internet da Forbes, a revista Nylon. “Ver alguém não-branco e não-americano, especialmente fazendo música que não toca nas rádios nesses eventos é um reconhecimento de que o mundo é realmente global e que as estrelas vem de todos os lugares.” 

Mesmo com influência crescente, a quebra do padrão americano segue acompanhada de preconceitos. Em um dos vídeos da transmissão, fotógrafos do MET foram flagrados fazendo comentários desrespeitosos para os membros: “Nunca vi rostos tão inexpressivos” e “Como se fala fica reto na Coreia?” Em publicação online, a Billboard expressou a urgência para que a organização da cerimônia repense as credenciais de fotógrafos para o próximo ano. 

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MET-Gala,76° edição do jantar teve como tema e inspiração o conto “O Jardim do Tempo”, de J.G Ballard
por
Gabriela Jacometto
Helena Maluf
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07/05/2024 - 12h

O famoso MET Gala aconteceu nesta segunda-feira (06/05), na primeira segunda do mês de maio, fazendo jus a tradição do evento. A edição de 2024, em sinergia com a exposição realizada anualmente no Anna Wintour Costume Center - Ala no The Metropolitan Museum of Art especialmente voltada para exposição de moda, sempre no tema do MET Gala - tem como tema deste ano “Belas Adormecidas: O despertar da Moda”. 

O tema é uma analogia sobre roupas frágeis e delicadas demais para serem usadas novamente. A exposição, assim como o tapete vermelho do MET, conta com peças da Loewe, patrocinadora do evento, Alexander McQueen, Dior e muito mais. E teve como co-anfitriões, Bad Bunny, Chris Hemsworth, Zendaya, Jennifer Lopez ao lado da diretora  e organizadora do evento: Anna Wintour. 

Já o tema dos figurinos faz alusão ao conto ‘O Jardim do Tempo’, do escritor inglês J.G Ballard. O conto reflete sobre a passagem do tempo e as mudanças que o mesmo carrega. O jardim envelhece rapidamente, as plantas crescem e morrem em um ritmo acelerado, tudo isso acompanhado das reflexões do narrador. 

O tapete vermelho do jantar, foi marcado por roupas florais e elementos botânicos, que remetem à natureza, além das interpretações de peças antigas de famosos designers e seus arquivos.  

Roupas que fazem metáfora com a passagem de tempo marcaram presença, como o vestido que a cantora Tyla utilizou, da marca Balmain, feito inteiramente de areia esculpida, acompanhado de uma bolsa no formato de ampulheta. 

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Foto: Getty Images

 

Um dos destaques da noite foi a presença de celebridades como Ariana Grande, Taylor Russell, entre outros, que deslumbraram com looks da marca Loewe, como mencionado antes, patrocinadora do evento. 

Com um vestido todo branco, a cantora Ariana Grande tirou o fôlego dos presentes ao passar pelo tapete. A peça foi feita sobre medida, com um corpete feito inteiro com madrepérolas.

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Foto: Getty Images

 

Novamente investindo no corpete, a Loewe produziu para a atriz Taylor Russell uma peça esculpida em madeira e pintada à mão.

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Foto: Marleen Moise//Getty Images

 

Outro ponto alto da noite foi a presença da atriz Zendaya, que brilhou com não uma, mas duas interpretações únicas do tema. Em seu primeiro look, ela usou um vestido azul royal e verde esmeralda, com ornamentos que pareciam inspirados em árvores frutíferas, uma criação de John Galliano, diretor criativo da marca Maison Margiela. 

 

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Foto: Jamie Mccarthy//Getty Images                                                                                                                                                                                                                    


Em seu segundo look, a atriz reapareceu com um vestido preto,  uma peça de 1996 da era Givenchy de John Galliano,  combinando com um chapéu da marca Alexander Mcqueen, que remete a um buquê inteiro de flores. 


 

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Foto: Theo Wargo//Getty Images

 

A cantora Lana del Rey também se destacou no retorno deslumbrante ao evento, após 5 anos ausente. Ela usou um custom-made da marca Alexander Mcqueen, inspirado em uma peça de archive da grife. O vestido em tule com detalhes que imitavam galhos espinhentos por toda a peça, e o mesmo tecido do vestido transpassado pelo rosto e cabeça.


 

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Lana Del Rey homenageando o icônico look da coleção de Alexander McQueen. Foto: Getty Images 
 

 

Prestigiando o Brasil, a atriz Bruna Marquezine fez sua estreia no tapete do evento. Usando um vestido longo branco da marca Tory Burch, com silhueta marcada e flores na barra retratando o tema.
 

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Foto: Getty Images 

 

O evento também foi marcado por uma performance artística da cantora Ariana Grande, que vestia Maison Margiela feito pelo designer atual da marca: John Galliano. Instalações interativas e discursos inspiradores que destacaram a importância da criatividade, e do poder da moda como uma forma de expressão e de contar histórias.
 

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Foto: Getty Images

 

Com a exposição “Sleeping Beauties: Reawakening Fashion”, a edição deste ano acontece na próxima segunda-feira (06)
por
Carolina Johansen Saraiva de Carvalho
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02/05/2024 - 12h

O Met Gala foi criado em 1948 pela publicitária e fundadora da semana de moda de Nova York, Eleanor Lambert, com o objetivo de arrecadar fundos para o departamento de moda do Metropolitan Museum (The Costume Institute). Na época, o ingresso custava 50 dólares e era apenas um jantar beneficente. O evento costuma não ser  realizado no próprio museu, como nos dias de hoje, mas em espaços como o Central Park e Waldorf Astoria. Somente em 1962, quando  Diana Vreeland se tornou editora chefe da Vogue, o evento mudou sua localização para as famosas escadarias do MET e passou a contar com a presença de celebridades convidadas como Elizabeth Taylor, Diana Ross, Elton John, Cher, Andy Warhol, Jackie Kennedy, Lady Di e Bianca Jagger. A instauração do dresscode como conhecemos ocorreu apenas no ano de 1973. O marco inaugural dessa prática foi "O mundo da Balenciaga", uma homenagem para o designer Cristobal Balenciaga que havia falecido no ano anterior (1972). 

Cher e Paulette Bettes no Met Gala de 1974
Cher e Paulette Bettes no Met Gala "Romantic and glamorous Hollywood design" de 1974. Foto: Ron Galella/WireImage

 

Em 1995, a atual editora chefe, Anna Wintour, assume e desde então comanda a festa. O evento sempre ocorre na primeira semana de maio, com exceção da edição de 2021 que foi em setembro em decorrência da pandemia. O ingresso individual custa $30.000 (aproximadamente R$150.000) e as mesas a partir de $275.000 (aproximadamente R$1.400.000), porém boa parte das celebridades são financiadas por grandes marcas, que as vestem por publicidade. Ainda assim, todos convidados e suas roupas têm que ser pré-aprovados pela Anna Wintour e a lista passa por uma peneira meticulosa, deixando muitas celebridades e pessoas influentes frustradas ao serem barrados do evento. 

 

Hosts do Met Gala: JLO, Bad Bunny, Anna Wintour, Chris Hemsworth e Zendaya
Co-Anfitriões Met Gala 2024: Jennifer Lopez, Bad Bunny, Anna Wintour, Chris Hemsworth e Zendaya - Fotos: Vittorio Zunino Celotto/Getty Images; David Becker/Getty Images; Charles Sykes/Invision por Associated Press; Aliah Anderson/Getty Images; Jeff Spicer/Getty Images

 

Além de temas distintos, há também o papel de co-anfitriões. Podem variar em número – entre dois a quatro por ano – e algumas das suas responsabilidades incluem auxiliar a lista de convidados, no menu e na decoração. Apenas o tapete vermelho é transmitido ao público; o resto do evento acontece a portas fechadas, onde os convidados são proibidos de usarem seus celulares e redes sociais. O Met Gala deste ano acontecerá no dia 6 de maio, sob comando dos co-anfitriões Zendaya, Bad-Bunny, Jennifer Lopez e Chris Hemsworth.

O dresscode, intitulado "The Garden of Time", foi inspirado em um conto de mesmo nome do autor J.G. Ballard de 1961 e segue a exibição nova “Sleeping Beauties: Reawakening Fashion”. A exibição conta com 250 obras raras diretamente da reserva permanente do departamento de moda do Metropolitan Museum, abrangendo mais de 400 anos de história da moda. Andrew Bolton, um dos curadores responsáveis, disse que a exposição é um ode à natureza e à poesia emocional do mundo da moda e estará dividida entre três zonas: Mar, Terra e Céu. A lista de convidados oficial ainda não foi divulgada e o evento poderá ser acompanhado ao vivo pela Vogue.com

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A nova exposição do MASP explora designs contemporâneos, moda conceitual e a arte por trás das peças.
por
Livia Machado Vilela
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29/04/2024 - 12h

A coleção MASP RENNER reúne, pela primeira vez, as peças criadas por artistas e estilistas contemporâneos brasileiros especialmente para o acervo do MASP. O projeto durou três temporadas, entre 2017 e 2022, e envolveu 26 duplas de artistas e designers de moda, resultando em 78 trabalhos que compõem a exposição. 

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Sônia Gomes + Gustavo Silvestre, Vestido 3 (2020)

“A coleção foi pensada para exclusivamente para o museu, não sendo comercializada", afirma Leandro Muniz, curador-assistente da exposição. Ele explica, ainda, que existem diversos pontos de encontro entre moda e arte, como a técnica e o conceito por trás das obras. A exposição tem o objetivo de destacar estes pontos de encontro, aproximando a moda e arte aos olhos do público. 

A relação do MASP com a moda, no entanto, nasceu de um projeto anterior, que serviu de inspiração para a parceria do museu com seu patrocinador: a Renner. A coleção MASP Rhodia produziu 79 looks na década de 1960, que foram doados ao museu em 1972. O objetivo da coleção era continuar divulgando as ideias da indústria química Rhodia, que realizava desfiles no país para promover seus tecidos sintéticos e encomendava as peças aos seus criados, refletindo as tendências da arte e da moda.

Já na vez da coleção MASP RENNER, foram artistas e estilistas que atuam no cenário atual para colaborarem com a produção. Tendo em mente uma variedade de temas que abrangem questões de gênero, sexualidade, religiosidade, sustentabilidade e a pandemia da Covid-19.

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Randolph Lamonier + Vicenta Parotta, Casa Transcomunal (2022)

Quatro modos de operar são destacados no trabalho dos designers: aqueles que traduzem a sua marca pessoal nas peças, os que brincam com modelagens e a estrutura das roupas, outros que usam a moda como um meio de expressão política e social, e os que desafiam o conceito e os limites da moda. Todas estas ideias apresentam o mesmo ponto de encontro e o mesmo incentivador: o MASP. 

Segundo Leandro Muniz, “Alguns estilistas optaram por representar resistência e focaram no quesito social. Enquanto outros representaram o corpo, a técnica e a escultura das peças”. Para o curador-assistente, três palavras resumem a exposição: Memória, narrativa e corpo.

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Leda Catunda + Marcelo Sommer, Roupa de noivo (2017)

Para acompanhar a cobertura da exposição, acesse o link do vídeo

 

 

No penúltimo dia de desfiles, a marca paulistana apresentou sua nova coleção com a presença das veteranas Yasmin Brunet e Vitória Strada, e do estreante Pedro Novaes, no Shopping JK Iguatemi.
por
Giovanna Montanhan
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29/04/2024 - 12h

lA noite de sábado, 13 de abril, foi marcada por visuais que vislumbravam a ideia de futuro que a Forca Studio desejou transmitir, e já na abertura tivemos a atriz e modelo Vitória Strada com um drone ao seu lado. O desfile foi marcado por três blocos: Office - com foco em peças corporativas, de alfaiataria; Sport - uma colaboração com a marca esportiva italiana Kappa, com a presença de camisas de time, bonés e chuteiras, totalmente focada no streetwear; e Noite - com roupas festivas, de paetês e peças de couro. Cada uma dessas fases era acompanhada de um pequeno vídeo antes dos modelos entrarem na passarela. 

A marca nasceu em 2022, oriunda da amizade da estilista Vivi Rivaben e do DJ Silvio de Marchi, conhecido por agitar as noites paulistanas. O nome surgiu dos próprios criadores como uma forma de retratar as minorias da sociedade. Para a revista L’Officiel, eles disseram ‘’sempre fomos mandados para a forca por ser quem somos. Decidimos tomar e virar essa forca para o outro lado.” 

O ator Pedro Novaes, filho dos atores Letícia Spiller e Marcello Novaes, fez sua estreia na passarela da SPFW, e contou para o portal Elas no Tapete Vermelho, que sempre teve vontade de modelar, mas tinha a sensação que nunca era o momento ideal, e que naquele dia, conseguia se sentir preparado para o novo ofício, não só fisicamente como também mentalmente. A atriz, modelo e ex-BBB, Yasmin Brunet, retornou após 12 anos fora desse universo, e disse que apesar de sua vasta experiência, ficou nervosa. Sua mãe, também modelo, Luiza Brunet, já lhe deu diversos conselhos, como beber água e descansar bastante, e ela revela que não segue-os à risca da maneira como deveria! Já, Vitória Strada, estava há oito anos fora, mas ainda sim, mantinha uma boa relação com a marca, então, quando surgiu o convite, não pensou duas vezes. 

 

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Reprodução: @agfotosite

 

 

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Reprodução:AgNews

 

 

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Reprodução: Agnews

A principal proposta da grife foi evocar uma ideia de como eles imaginam que será o futuro. Além do drone, teve também a inclusão de um cão-robô que desfilou junto de um modelo. E pode parecer apenas uma excentricidade passageira, mas na verdade, foi uma simulação de um lembrete perturbador do que realmente está em jogo. Será que, no futuro, veremos os animais, de uma maneira geral, sendo substituídos por máquinas? Se sim, que tipo de mundo estamos construindo? Um onde a natureza é reduzida a uma mera conveniência tecnológica? E a realidade não está tão distante; temas que o evento não tratou neste ano.

 

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Reprodução: Divulgação SPFW. 

E quanto aos seres humanos? Será que estamos caminhando para um cenário digno de "Metropolis" (filme de 1927, dirigido pelo cineasta alemão Fritz Lang), onde os seres humanos são subjugados ao papel de servos de uma tecnologia dominante? A moda está intrinsecamente ligada aos valores e as aspirações de uma sociedade, podendo, por vezes, acidentalmente, apresentar uma visão de um futuro distópico. No entanto, a realidade é que essa visão pode se concretizar em um amanhã que mora logo ali. E por fim, pode-se dizer que nem mesmo a mais eficiente das ciganas seria capaz de desvendar o curso dos acontecimentos da contemporaneidade.

 

A americana que ficou acidentalmente famosa aos 84 anos faleceu no início do mês.
por
Thayná Patricia Alves
Liz Ortiz Fratucci
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07/03/2024 - 12h

A empresária, designer de interiores e ícone da moda, Iris Apfel morreu com 102 anos de idade no dia 1º de março de 2024. De acordo com sua assessoria, ela estava em sua casa em Palm Beach, na Flórida, e seu falecimento foi anunciado através de uma postagem no Instagram para mais de 3 milhões de seguidores. A causa não foi revelada.

Conhecida mundialmente por seu estilo excêntrico e maximalista, a americana foi uma figura marcante no universo artístico graças ao seu acervo de looks cheios de cores, texturas e volumes.

A americana, Iris Apfel, sentada na primeira fileira durante a semana de moda de Nova York em 2016. Seu estilo é contrastante com todos à sua volta.
Iris Apfel em 2016 durante a New York Fashion Week - Foto: Getty Images

 

Com o título: "Rara Avis: Selections from the Iris Apfel Collection", a amostra de seu acervo fashion consolidou de vez sua imagem excêntrica, maximalista e marcante. 

Como tudo começou

De família judia, Iris nasceu em 1921 na cidade de Nova York, e teve contato com brechós e antiquários desde jovem. Sua mãe, Sadye Barrel, possuía uma boutique de roupas, tornando-se sua primeira referência visual. Seu pai, Samuel Barrel, importava antiguidades da Alemanha, assumindo mais tarde uma loja de espelhos vintage. “Aprendi com minha mãe que apenas com um vestido preto, mudando os acessórios, você pode ir a qualquer lugar, incluindo uma festa de gala”, disse a designer em seu documentário, lançado em 2015. 

Apfel obteve seu primeiro diploma em história da arte pela Universidade de Nova York (NYU), se especializando em design de interiores. Sempre foi apaixonada por moda, ela cultivava o desejo se tornar uma editora jornalística de sucesso no mundo fashion. Seu primeiro trabalho foi ao lado de Robert Goodman no jornal Women's Wear Daily, atuando como assistente de ilustração de moda em um dos maiores veículos da época. 

Mesmo não seguindo a carreira de jornalista de moda, Iris nunca abandonou esta paixão. Excentricidade e rebeldia visuais eram marcas registradas de sua personalidade. Foi uma das primeiras mulheres a usar calça jeans nos anos 40, quando a peça era vista exclusivamente como masculina, projetando um discurso social em prol dos direitos femininos. 

Primeiros passos em direção à fama

Casou-se em 1948 com Carl Apfel, com quem permaneceu até 2015, ano de falecimento de Carl. Eles se conheceram em 1947, quando se hospedaram no mesmo hotel, e não demorou muito para iniciarem a união que durou 68 anos. Foi em um vestido de renda rosa e tamancos de cetim que Iris subiu no altar. Em seu documentário, ela diz que escolheu peças que poderia usar após a cerimônia de casamento, e que não ficasse guardado em uma caixa. Ela também comenta que os tamancos voltariam à moda: “se você esperar tempo suficiente, tudo volta (a ser estiloso)”.

Nos anos 50, o casal fundou a empresa têxtil Old World Weavers, especializada em restaurar móveis e tecidos para casas com reproduções de tecidos dos séculos 17, 18 e 19. A empresa tornou-se muito conhecida no meio do design de interiores e conquistou grandes clientes como a Casa Branca - com restaurações realizadas durante o mandato de nove presidentes - , o Departamento do Estado e as atrizes Greta Garbo e Faye Dunaway

O casal viajava o mundo em busca de referências e, nessas viagens, Iris se tornou também uma grande colecionadora de roupas e acessórios vintage, comprados em feirinhas de antiguidades e brechós, multiplicando esteticamente seu acervo. 

A Old Word Weavers foi vendida em 1992, mas Carl e Iris continuaram trabalhando nela até 2005. Neste mesmo ano, Iris foi convidada por Harold Koda — curador do Met's Costume Institute — a exibir sua coleção no Metropolitan Museum of Art em Nova York. Foram expostos 82 looks completos e 300 acessórios, desde bolsas e braceletes a casacos e peles. A exibição quase não foi divulgada nas mídias, e mesmo assim foi um grande sucesso, tornando Iris Apfel uma grande celebridade aos 84 anos.

A adolescente mais velha do mundo

Em entrevista ao jornal inglês The Guardian, Iris Apfel confessou que gostaria de ser lembrada como a “adolescente viva mais velha do mundo”. Tendo o auge de sua carreira depois dos 80 anos, a empresária, designer e modelo quebra estereótipos etaristas, rejeitando as expectativas da sociedade em relação as mulheres mais velhas. Como símbolo do maximalismo, era defensora da espontaneidade e da exuberância. . Apesar da mobilidade reduzida, nos últimos anos, ela continuava ativa em sua página no Instagram exibindo seus looks criativos e coloridos. “Todos devem se sentir confiantes para expressar a sua personalidade e humor por meio dessa maneira como a gente se apresenta ao mundo, que é a moda. Devemos nos divertir enquanto fazemos isso. Pelo menos, é o que eu sempre fiz”, disse Apfel, em entrevista ao Woman’s Wear Daily.

Além do documentário ‘Iris’, estreado em 2015, aos 96 anos, publicou seu livro “Iris Apfel: ícone acidental”; aos 97 assinou um contrato de modelo com a agência global IMG Models e, em 2018, tornou-se a pessoa mais velha a inspirar a produção de uma boneca Barbie, com seu tradicional terninho verde da Gucci.

“Se você é sortudo o suficiente para envelhecer, eu acho que você deveria celebrar isso” – Iris Apfel

 

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Último dia apresentou estilo high-tech de vanguarda, soteropolitano e jovial
por
Giovanna Montanhan
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17/11/2023 - 12h

Lucas Leão - marca idealizada em 2018 pelo estilista carioca de nome homônimo. Seu foco está em mesclar tecnologia com tecelagem. ‘’AI generativo por JE Kos’’ - nome dado a esta coleção, foi caracterizada por usar e abusar da alfaiataria, além da forte presença de tons sóbrios e pastéis. 

Peças oversized, tops e blazers com penduricalhos de cristais e mini vestidos com plumas se alternavam durante o desfile. Gravatas estilizadas, maxi bolsas, lapelas de cerâmica em formato de flor, e calçados como rasteirinhas, sandálias, scarpins e sapatilhas compunham o leque de acessórios na passarela. 

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Foto: Ze Takahashi/ @agfotosite

 

 

Gefferson Vila Nova - criada em 2013 pelo designer baiano de nome homônimo, a marca é focada em moda masculina. ‘’Coração Tropical’’ foi o nome escolhido para essa coleção de verão,  a qual apresentou looks modernos, capazes de nos teletransportar diretamente para a Bahia, através do uso de  cores quentes e vivas, como o vermelho abundante, além da composição de ambiente, que contou com um telão ao fundo da passarela, que  transmitiu o tempo todo uma paisagem de pôr-do-sol. 

O desfile foi uma verdadeira ode ao AXÉ! Os tecidos fluídos dominaram, assim como as camisas brancas e azuis bordadas, que representavam paz e tranquilidade. As regatas brancas caneladas também foram destaque, além do peitoral dos modelos estava de fora em alguns looks, nos quais sungas e shorts tinham o destaque. 

A flor vermelha, usada atrás da orelha dos modelos como acessório, foi um grande diferencial. O uso de uma maxi bolsa prateada chamou a atenção por parecer uma esteira de praia e dar um toque de modernidade.  Os calçados, em sua maioria, eram tipicamente praianos, como chinelos de dedo e papetes. 

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Foto: Ze Takahashi/ @agfotosite

 

Bold Strap - marca que está no mercado desde 2018, fundada por Pedro Andrade. O desfile, intitulado ‘’Bold Lesson’’  teve como base o estilo colegial e uma estética focada nos anos 2000. 

Antes de começar, foi usada uma estratégia de foco visual, na qual um relógio se expandia na medida que seus ponteiros giravam, até que um sinal típico de escola tocava ao fundo. 

A atriz Camila Queiroz abriu e fechou o show, desfilando com maestria, graça e simpatia. Modelos carregavam livros, vestiam jaquetas college oversized e roupas que pareciam uniformes, com a inicial B estampada. Desfilaram na passarela também, mini saias plissadas, mochilas, brincos de argola, salto alto com spikes, colares estilo chockers e gravatas na cor preta. 

A sensação era de que toda a plateia estava imersa em uma narrativa escolar, que nos remetia a série adolescente espanhola “Elite”, da Netflix. O design da passarela remetia a uma lousa, com rabiscos feitos em giz por toda a sua extensão. 

Além do estilo jovial, um outro dominava: o sensual. Meias arrastão, corsets pretos e jeans, luvas, vestidos curtos drapeados - além dos com rendas e cetim - fechavam a dinâmica idealizada pela grife.

 

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Foto: Ze Takahashi/ @agfotosite

 

 

 

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Os desfiles, os estreantes e as tendências: confira o resumo do que aconteceu no último dia da 56° edição do SPFW
por
NINA JANUZZI DA GLORIA
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16/11/2023 - 12h

Abrindo o último dia da São Fashion Week nesse domingo (12), Lino Villaventura celebrou os 45 anos de sua marca com uma coleção composta por 70 looks, na qual buscou focar em novidades, deixando os clássicos em segundo plano. 

O designer abriu o desfile com roupas super coloridas que brilharam sob os holofotes, seus visuais oitentistas foram compostos por meia-calça sobreposta por meias neons que iam até os joelhos. Como parte da performance, os modelos desfilaram incorporando gracinhas como piruetas e danças, durante o catwalk.

SPFW N56: Lino Villaventura — Foto: @agfotosite

Logo após o primeiro ato de apresentação, os looks que abriram a segunda parte remeteram brevemente a coleção anterior de Villaventura, que contava com vestidos longos e referências góticas. Com essa deixa, o conjunto de peças que seguiram foi composto por minivestidos e vestidos com nervuras e capas leves, em plástico ou organza. Todos os modelitos foram construídos com cores fortes, que acrescentavam um tom dramático junto das transparências fluídas.

Lino Villaventura comemora 45 anos de marca no SPFW — Foto: @agoftosite

Abrindo os desfiles da noite, Heloisa Faria estreou nas passarelas do SPFW, apresentando uma coleção carregada com referências do seu próprio estilo, além da essência upcycling. Peças de tricô e camisaria dominaram a passarela.

A técnica de upcycling que Faria domina se trata de uma reutilização criativa de produtos, peças e resíduos, para a criação de novos, sem a desintegração do mesmo, porém o utilizando em uma função diferente.

Heloisa Faria.  Foto: Ze Takahashi/ @agfotosite

Seguindo essa linha, Heloisa criou com esse processo peças fluídas e leves, a partir de vestidos de noivas da antiga Pilar - fundada por Andrea Garcia nos anos 2000. Os looks contavam ainda com rendas, jeans, moulage e outros pequenos detalhes que deram identidade a essa coleção.

A apresentação contou ainda com um show de Luiza Lian, que vestia uma das roupas da designer: um vestido branco, repleto de pequenos retalhos de rendas coloridas.

Heloisa Faria e Luiza Lian.  Foto: Ze Takahashi/ @agfotosite

Encerrando o último dia de desfiles da SPFW 56, a marca Bold Strap roubou a cena com sua coleção “Bold Lesson”, que retrata com rebeldia e fetichismo a transição entre colégio e universidade.

Nessa temática, a grife paulistana montou um verdadeiro cenário universitário, porém com um toque especial, incrementando um toque de extravagância. Peças grunge e ferozes fecharam a edição com a participação da atriz Camila Queiroz no desfile.

SPFW N56: Bold Strap — Foto: Gabriela Queiro @gabiqueiroph

O estilista responsável pela coleção, Peu Andrade, buscou referências das vivências de garotos e garotas nos anos 2000, em especial, em personagens caricatos do audiovisual da época, como o clássico filme “Meninas Malvadas”, de 2004.

A marca ainda levou 30 modelos com um olhar único e diverso sobre corpos e gêneros, mostrando que os estereótipos estão por fora, além de expressar o contraste das culturas punk rock e emo, de modo contemporâneo.

SPFW N56: Bold Strap — Foto: Gabriela Queiro @gabiqueiroph

Ambos os estilistas que participaram do último dia de desfiles trouxeram em suas coleções uma característica em comum: a mistura e celebração de coleções, estilos e culturas do passado, repaginados com elementos do presente e contando histórias de formas inovadoras.

 

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Confira as marcas que ganharam os holofotes no último sábado (11), em que grandes estilistas celebraram sua ancestralidade
por
Enrico Souto
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16/11/2023 - 12h

 

Modelos alinhados durante o desfile da marca Ateliê Mão de Mãe, na São Paulo Fashion Week.
A marca Ateliê Mão de Mãe abriu a série de desfiles no quarto dia da SPFW 56 (Foto: Marcelo Soubhia/ @agfotosite)

A 56ª edição da São Paulo Fashion Week (SPFW) passou por seu quarto dia de desfiles no último sábado (11). Oito marcas apresentaram suas coleções para o Verão 2024, que atravessaram questões como ancestralidade, sustentabilidade e diversidade.

E isso não é por acaso. A segunda temporada do evento em 2023 foi nomeada “Origens”, e desafiou 40 marcas a usar das peças para refletir sobre a importância de reconhecermos e preservarmos nossas raízes. A seguir, apresentamos os principais destaques dos desfiles do dia 4 da SPFW.

Ícaro Silva durante desfile da Ateliê Mão de Mãe, na SPFW
Ícaro Silva também foi presença carimbada no desfile do Ateliê Mão de Mãe
(Foto: @agfotosite) 

A sequência de desfiles se iniciou às 10h no Shopping Iguatemi, pela Ateliê Mão de Mãe. Dirigida por Patrick Fortuna e Vinicius Santana, juntamente de sua mãe, Luciene Santana, a marca tem enfoque em peças de crochê, todas feitas à mão. A AMM lançou recentemente uma parceria com a C&A e, para a 56ª edição do maior evento de moda do país, traz a coleção “Água de Meninos”

Nomeada pelo tradicional bairro de Salvador, capital baiana, o desfile explorou a cultura, vivência e espiritualidade do local, a partir das memórias afetivas dos próprios criadores. Com peças minuciosamente tricotadas, que exploram tons terrosos do verde ao laranja, o destaque fica para Baco Exu do Blues, que estreou nas passarelas junto à grife.

Imagem do desfile de João Maraschin, na SPFW
Vestido tricotado com materiais alternativos para o desfile de João Maraschin (Foto: Ze Takahashi/ @agfotosite)

Logo em seguida, João Maraschin trouxe sua marca homônima ao palco da Fashion Week. O designer gaúcho, radicado em Londres, fez do sua estreia no evento uma ode à moda artesanal e consciente. Com a coleção “Home”, ele explorou o feito à mão através de alternativas sustentáveis, como tecidos jaquards fabricados em algodão orgânico, além de tricôs elaborados com cordas e linhas de pesca.

"[Minha moda] é colaborativa, coletiva e de suporte, com a educação e a preservação de técnicas manuais como principais pilares", explica Maraschin, que trabalhou juntamente a artesãos de comunidades do Rio Grande do Sul e Minas Gerais.

Imagem do desfile de Ângela Brito, na SPFW
Peça com estampa de Maxwell Alexandre durante desfile de Ângela Brito (Foto: Ze Takahashi/ @agfotosite)

Fechando os desfiles do Iguatemi, a marca de Ângela Brito tomou as passarelas com a coleção “Romaria”. Nascida em Cabo Verde, na África, e morando no Rio de Janeiro há 28 anos, a diretora criativa usou das peças em tons neutros para realizar um comentário sobre imigração: “a ideia veio desse questionamento de quando as pessoas voltam para sua cidade de origem e, a partir disso, entender como isso influência no comportamento cultural local”, ela comenta.

A grife de Ângela está no mercado desde 2014 e investe em uma moda “afrocosmopolita”, que reflete o diálogo entre sua cultura de origem e todas as outras que ela teve contato ao longo da vida. Entre os looks, inspirados em festas cabo-verdianas tradicionais, quatro contam com estampas projetadas pelo artista Maxwell Alexandre.

Imagem do desfile de Rocio Canvas, na SPFW
Looks ousados com inspirações diversas marcaram o desfile da Rocio Canvas (Foto: Ze Takahashi/ @agfotosite)

Às 17h30, abrindo alas aos desfiles no Komplexo Tempo, a Rocio Canvas, fundada pelo designer Diego Malicheski, apresentou sua quarta participação na SPFW. Para a concepção de sua nova coleção, a grife desafiou a efemeridade das tendências da moda para criar uma série de peças atemporais.

Nesse processo, a marca brinca com referências múltiplas. De bolsas e botas de couro à la BDSM, até acessórios vintage inspirados em fotos antigas de sua mãe, dos anos 60 a 90, Diego revisita códigos que se cristalizaram ao longo de sua trajetória, redigindo uma carta de amor ao próprio ‘fazer’ moda.

Imagem do desfile da marca Az Marias, na SPFW
Elenco plural de modelos foi destaque em desfile de Az Marias
(Foto: Ze Takahashi/ @agfotosite)

"Florescer – Ato III: Fogo" dá nome ao desfile da marca Az Marias, nesta edição do SPFW. Um elemento essencial à natureza, a CEO Cintia Felix se aprofunda na contradição entre renascimento e destruição das chamas, unindo sustentabilidade, referências à religiões de matriz africanas e um elenco de modelos que foge dos padrões estéticos tradicionais.

Com uma coleção de mais de 30 looks, Az Marias se apossa de tons de vermelho, laranja e dourado, explorando o contraste entre o sombrio representado pelas cinzas e o vibrante evocado pelas chamas. Com uma trilha sonora predominantemente de dancehall, gênero da cultura popular jamaicana, a grife ainda usou do palco para discutir questões como desenvolvimento sustentável e legalização da maconha.

Imagem do desfile de Renata Buzzo, na SPFW
Looks brilhantes fizeram do desfile de Renata Buzzo um dos mais notáveis (Foto: Ze Takahashi/ @agfotosite)

Em um movimento inverso, Renata Buzzo decide desbravar o mar. Sendo a terceira parte de uma série de coleções apresentadas na SPFW desde novembro de 2022, “ASTRO/NÁUTICA” usa os oceanos como alegoria para comentar o lugar das mulheres na sociedade, frequentemente enxergadas como inconstantes: ora passionais, ora destrutivas. Muitas vezes, essas são reações à violências de homens – aqui, representados pela lua –, que continuam intocados em seus pedestais.

Com um elenco de modelos totalmente feminino, as peças ousadas de Buzzo passeiam pelo azul, prata e nude, com uma produção totalmente vegana. As mulheres de ocupavam o palco usavam maquiagens brilhantes, que se espalhavam até seus cabelos molhados, como se tivessem acabado de voltar de um mergulho.

Imagem do desfile da marca Santa Resistência, na SPFW
Peça com estampa inspirada em xilogravuras para o desfile de Santa Resistência (Foto: Ze Takahashi/ @agfotosite)

Mônica Sampaio, fundadora da marca Santa Resistência, mudou-se do Recôncavo Baiano para o Rio de Janeiro enquanto ainda era criança e, desde então, jamais cortou vínculos com sua terra natal. Para seu desfile para a SPFW, a estilista conta sua história em uma releitura às obras de Catulo da Paixão Cearense (1863-1946), um dos maiores compositores da música popular brasileira e migrante, assim como ela.

Batizando a coleção como “Paixão Segundo Catulo”, Sampaio se une a outros artesãos nordestinos para projetar looks que celebrem a arte da região, com uma gama diversa de tons terrosos e estampas que remetem a xilogravuras e paisagens predominantes do Maranhão, Ceará e Rio. “[...] Quis trazer para a passarela o sertão que há dentro de mim. Saímos das nossas terras, mas carregamos conosco as lembranças e o carinho”, ela declara.

Imagem do desfile da marca Forca Studio, na SPFW
Modelo caminha ao lado de cinzas cenográficas durante desfile da Forca Studio (Foto: Ze Takahashi/ @agfotosite)

Encerrando as apresentações de sábado (11) com chave de ouro, a Forca Studio aborda as mudanças climáticas na coleção “Heatwave”. Através de peças de impacto, que evocam um cenário utópico e sensorial, a marca traduz nossas angústias com as crises ambientais globais. “Vivemos em um momento sem precedentes, e sentimos que a moda deve se tornar parte dessa mudança inadiável”, acrescenta um dos fundadores, o DJ e estilista Silvio De Marchi. 

A sustentabilidade, entretanto, também se vê fora das passarelas. Para o desfile, a Forca produziu seus looks através de materiais recicláveis, como câmaras de pneus, além de uma linha de tecido de borracha, produzida manualmente por tribos amazônicas. Durante a apresentação, a passarela foi tomada por cinzas de madeira queimada, tornando a mensagem literal e ampliando a imersão do público. 

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A 56ª edição do São Paulo Fashion Week (SPFW) chegou ao seu fim após cinco dias intensos, apresentando 38 desfiles e uma série de talks sobre moda e temas relacionados.
por
Sophia G. Dolores
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15/11/2023 - 12h

Foi o caso de Luiza Brunet, que surpreendeu ao fazer um retorno emocionante às passarelas após quase 30 anos de aposentadoria. O desfile pela carioca ‘The Paradise’ foi aplaudido, juntamente com a participação de Preta Gil e Izabel Goulart.

Aconteceu em novembro mais uma edição do SPFW
Aconteceu em novembro mais uma edição do SPFW  (Foto: Reprodção/ Instagram)

João Maraschin e Sau conquistaram o público com suas propostas frescas e autênticas. Maraschin, com suas peças de macramê e tricô, enquanto Sau trouxe elegância minimalista à moda praia.Helô Rocha também marcou seu retorno ao SPFW após seis anos, escolhendo o icônico Teatro Oficina para destacar uma coleção que celebra as raízes nordestinas.

A permanência da opção de compra de ingressos pelo público em geral também foi elogiada, pois proporcionou uma oportunidade mais acessível para os entusiastas da moda e estudantes participarem do evento. Além dos desfiles, o SPFW ofereceu diversas palestras sobre temas variados, desde responsabilidade social a inovação na moda, ampliando a experiência do evento.

Alguns desafios foram enfrentados e criticados, como os desfiles que ocorreram em dois espaços distintos em São Paulo, apresentando desafios de acesso via transporte público. Além dos atrasos frequentes e a falta de informações organizacionais que também foram observados.

Apesar de avanços na quebra de padrões estéticos, a representatividade de corpos diversos ainda precisa ser ampliada, especialmente em relação à presença de pessoas gordas nas passarelas.

Responsável pela mídia e marketing do evento
Responsável pela mídia e marketing do evento (Foto: Reprodção/ Instagram)

Para entender melhor os bastidores do evento, Kaio Raffael, publicitário e social media responsável por todas as redes sociais, marketing e divulgação do SPFW N56 contou sobre os insights sobre a estratégia digital adotada para amplificar a presença do evento e aproximar ainda mais os fãs da moda.

Kaio destacou: "Nosso foco foi criar uma narrativa envolvente nas redes sociais, proporcionando aos seguidores uma experiência única. Utilizamos estratégias inovadoras para divulgar os desfiles, buscando estabelecer uma conexão autêntica com o público."

O publicitário, ao abordar as críticas direcionadas ao evento, ressaltou a importância de ouvir e aprender com a comunidade da moda: "Todas as críticas são valiosas para nós. Estamos cientes dos desafios enfrentados, como os atrasos e a questão da diversidade. Encaramos essas observações como oportunidades de aprimoramento [...] nosso compromisso é evoluir a cada edição, garantindo que o SPFW seja um espaço inclusivo, acessível e representativo para todos os amantes da moda. A crítica construtiva nos impulsiona a fazer melhor na próxima vez, e estamos dedicados a proporcionar uma experiência ainda mais extraordinária nas edições futuras."

 O publicitário ressaltou a importância de ouvir e aprender com a comunidade da moda
 O publicitário ressaltou a importância de ouvir e aprender com a comunidade da moda (Foto: Reprodução/ Instagram)

O SPFW N56, com seus altos e baixos, encerra mais uma edição, deixando marcas na indústria da moda e abrindo espaço para reflexões sobre o futuro do evento, e principalmente da moda.

 

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