Falta menos de um mês para a 58º edição do São Paulo Fashion Week (SPFW), que acontecerá de 16 a 21 de outubro, no Pavilhão das Artes, no Parque Ibirapuera e no Shopping Iguatemi São Paulo, além de outras locações onde acontecerão desfiles externos. Neste ano, o evento homenageará a primeira editora de moda do Brasil, Regina Guerreiro. Além das marcas tradicionais, o calendário da SPFW incluirá projetos e movimentos sociais, como o Sou de Algodão que irá apresentar sua coleção dia 18 de outubro às 19h30.
Muitas vezes confundida como uma marca de roupas devido seus desfiles, a Sou de Algodão é na verdade uma iniciativa nacional que foi lançada em 2016, cujo objetivo é promover o consumo consciente da fibra e fortalecer a união de todos os elos da cadeia do algodão. O movimento tem como objetivo conscientizar o consumidor sobre a importância do uso de fibras naturais, em vez de fibras sintéticas, já que essas apresentam diversos impactos ambientais negativos.
O primeiro desfile que o projeto apresentou na semana de moda de São Paulo, foi em 2022 e contou com a colaboração de 18 estilistas brasileiros. A produção ficou a cargo de Paulo Borges, idealizador do SPFW e embaixador da iniciativa, enquanto o styling foi assinado por Paulo Martinez, renomado editor de moda. A proposta da apresentação da coleção foi provocar uma reflexão sobre a moda sustentável e mostrar a versatilidade do algodão e como ele pode ser explorado além do estilo básico. A coleção contou com alfaiataria, aplicações manuais e uma diversidade de tipos de tecido feitos do material têxtil natural, como: malha, tricoline, jacquard, sarja, gaze e denim.
Na edição de 2023, o Sou de Algodão voltou a marcar presença no SPFW, novamente com a colaboração de Paulo Borges e Paulo Martinez. Desta vez, o foco foi no denim, com nove designers explorando sua versatilidade em peças desconstruídas, bordadas, com silhuetas marcantes e utilizando a técnica de patchwork.
Para este ano, é esperado pelo público mais uma coleção colaborativa com estilistas brasileiros, possivelmente incluindo nomes já parceiros, como: Amapô, Dendezeiro, Heloísa Faria, Korshi 01, Ronaldo Silvestre e Thear.
O London Fashion Week é conhecido por ser a mais excêntrica e descolada entre as semanas de moda europeias. No dia 15 de setembro, alguns dos destaques vieram de grandes nomes e propostas ousadas tanto na moda quanto na beleza. Entre os designers que passaram pela passarela nesse dia, se destacaram Simone Rocha, Ahluwalia e KNWLS.
Simone Rocha
A designer de moda irlandesa, Simone Rocha, mais uma vez trouxe para suas criações uma abordagem romântica, apresentando uma coleção inspirada em casamentos, com foco em silhuetas volumosas, florais e exageradas, acompanhadas de grandes laços. A estilista apresentou suas criações em um cenário delicado, utilizando uma beleza discreta, que destacava o natural e suave, complementado por tecidos leves e tons pasteis.
Vestido da Designer Simone Rocha Foto: Filippo Fior/Gorunway.com
Simone ainda incorporou toques artísticos nas roupas, inspirados pela natureza e tradições familiares, que foram trazidos por ela a partir de detalhes rendados, detalhes que refletem sua estética única de misturar moda e arte. Outro detalhe que chamou a atenção durante seu desfile, foram as aplicações de pétalas nos rostos das modelos.
Aplicação de pétalas no rosto Foto: Getty Images
KNWLS
A marca KNWLS, dos designers Charlotte Knowles e Alexandre Arsenault, também chamou a atenção durante os desfiles do dia 15. A coleção da grife britânica apresentou a estética "quiet grunge"- estilo inspirado na moda grunge dos anos 1990 - explorando maquiagens de tons terrosos e neutros, com sobrancelhas raspadas. Essa beleza exibida durante o desfile, foi marcada por um estilo cru e desarrumado, destacando a partir da maquiagem, o aspecto vivido e natural que se misturava combinando com a estética rebelde das roupas repletas de corsets e rendas, remetendo fortemente o estilo dos anos 1980.
Peça que desfilou pela grife KNWLS Foto: Daniele Oberrauch/Gorunway.com
Ahluwalia
Passou pela passarela ainda nesse dia, a marca Ahluwalia, da designer Priya Ahluwalia. Sua coleção intitulada "Home Sweet Home”, era focada na ancestralidade e pertencimento, influenciada por raízes culturais e referências pessoais, utilizando tecidos texturizados e cores vibrantes.
Criação da marca Ahluwalia apresentada no desfile Foto: Umberto Fratini/Gorunway.com
Priya procurou dar ênfase em elementos como os tapetes persas e indianos, utilizados no cenário. A beleza utilizada no desfile incluía perucas trançadas e maquiagens em tons terrosos, além de unhas que eram trabalhadas em designs inspirados pela ancestraliade.
Os desfiles dessas marcas, durante o London Fashion Week, não apenas trouxeram inovação para a passarela em termos de design, mas também ressaltaram o poder da maquiagem e da beleza, como penteados, para contar por meio visual, histórias.
Walério Araújo, um dos nomes mais emblemáticos da moda brasileira, está nos preparativos para lançar sua mais nova leva de peças no domingo (22/10), penúltimo dia da maior semana de moda da América Latina, a São Paulo Fashion Week Sempre se espera que ele entregue ousadia, irreverência e peças únicas, como só ele consegue criar.
Nesta edição do evento, serão 40 desfiles ao total, e terá como palco principal o Pavilhão das Culturas Brasileiras, localizado dentro do Parque Ibirapuera, além de locações externas como o Shopping Iguatemi, o Museu do Ipiranga e o Pavilhão Japonês. O tema, ‘As Joias da Rainha’, retrata uma forma grandiosa de homenagear a jornalista Regina Guerreiro - a mulher que ditou regras e deu uma nova roupagem ao jornalismo de moda brasileiro.
Trajetória de Walério Araújo
Com uma carreira que transcende décadas, Walério Araújo é celebrado por romper barreiras e trazer uma nova narrativa ao mundo da moda. Nascido nos anos 1970 na cidade pernambucana de Lajedo, Walério cresceu em uma família de costureiras e bordadeiras, e iniciou sua carreira na moda em 1987, após realizar um curso por correspondência. Mesmo sem uma formação acadêmica convencional em moda, seu talento se consolidou rapidamente.
Sua habilidade prática se evidenciou quando transformou um abadá da marca de cerveja Devassa em um vestido bordado com cristais Swarovski para a socialite americana Paris Hilton. A peça que se tornou um dos figurinos mais comentados do carnaval de 2010.
No ano seguinte, ele viajou para São Paulo pela primeira vez para fazer um curso presencial de desenho de moda. Em 1990, retornou à sua cidade natal e foi contratado por uma loja de tecidos na Bahia, onde trabalhou por dois anos em Paulo Afonso e Salvador. Em 1992, mudou-se definitivamente para a capital paulista, começando a trabalhar na Rua das Noivas e, posteriormente, na 25 de Março, como desenhista em lojas de tecidos.
A partir de 1994, sua carreira ganhou força ao participar do Mercado Mundo Mix - evento alternativo que destacava novos talentos e tendências no cenário da moda nacional. Foi por meio dessa plataforma que Walério chamou a atenção de Paulo Borges, idealizador e diretor executivo da São Paulo Fashion Week. Convidado a integrar o time de estilistas do extinto evento Amni Hot Spot, Walério apresentou cinco edições de suas coleções irreverentes e criativas, com temáticas ousadas.
Desde então, ele conquistou um espaço único na indústria da moda brasileira. Seu estilo reflete suas raízes, combinando elementos da cultura pop e da cena underground. Walério sempre foi apaixonado por criar peças que contam histórias e provocam sensações. Seu talento para misturar texturas, cores vibrantes e cortes arrojados o tornou uma figura icônica, desejada por celebridades como Glória Maria, Sabrina Sato, Ivete Sangalo, Elke Maravilha, Elza Soares, Rita Lee, Dercy Gonçalves e até mesmo Hailey Bieber, firmando sua posição como um dos grandes mestres do glamour brasileiro.
Momentos memoráveis no SPFW
Walério Araújo tem uma longa história com o SPFW, e a cada edição desafia o público e a crítica com coleções que são verdadeiras obras de arte.
Para quem acha que o estilista só cria roupas multicoloridas, o desfile da edição 54, em 2022, provou o contrário. Naquele ano, o gótico dominou as passarelas com tons de preto e roxo, mas sem perder seu DNA de excentricidade. Correntes prateadas, caveiras, cruzes e assimetrias, junto a ornamentos inspirados no movimento barroco, deram vida à coleção, que foi também marcada por experiências pessoais de Walério. Ele comentou, em entrevista à Vogue Brasil, que já havia feito uma coleção com estética dark há 15 anos, mas que essa tinha um peso especial.
Na edição 55, em 2023, a homenageada foi Elke Maravilha. Inspirado pela extravagância e liberdade de sua musa, Walério criou um desfile que trouxe à cena toda a expressividade que ambos compartilhavam. Em entrevista ao Gshow, o estilista comentou que escolheu elementos do cotidiano de Elke, que, embora não fossem minimalistas, eram mais usáveis. Assim, recriou um look feminino criado há 16 anos, complementado por uma peruca. O desfile foi marcado por excessos, como era típico de Elke, com túnicas, vestidos, capas e acessórios de cabeça, além de referências às cores da bandeira LGBTQIAP+ e muito paetê.
A coleção "Signos", apresentada na edição 56, em 2023, celebrou a astrologia de forma criativa. Walério interpretou os doze signos do zodíaco com looks cheios de metáforas visuais e uma estética maximalista. O estilista, que se autodefine como "lúdico", relatou à Vogue que mergulhou nos signos e no universo do cosplay para criar a coleção.
E em 2024, na edição 57, Walério homenageou sua mãe, Maria do Carmo, carinhosamente chamada de Dona Neném, de 94 anos. A coleção trouxe referências nostálgicas da infância do estilista, como estampas de ovo frito e porquinhos, além de molduras com fotos de família e balões coloridos adornando as peças. Um vestido amarelo opulente representava o cuscuz, um prato tradicional nordestino. Nos bastidores, Walério contou ao portal Elas no Tapete Vermelho que seu maior objetivo era retratar os hobbies de sua mãe e mostrar seu orgulho das raízes pernambucanas.
E a conclusão a que se chega é que Walério Araújo nunca trilha caminhos previsíveis, e a edição N58 do SPFW será mais uma prova de sua capacidade de surpreender o público. A expectativa é sempre esperar pelo inesperado e audacioso.
Era 1993, o Brasil tinha acabado de passar por uma crise política com o Impeachment do então presidente, Fernando Collor, e estava mergulhado em uma crise econômica feroz, cenário nem um pouco agradável para o florescimento de um movimento fashion brasileiro. Em contrapartida, nesse ambiente hostil, estava nascendo o embrião do que seria a maior semana de moda da América Latina.
O produtor Paulo Borges em conjunto com a empresária Cristiana Arcangeli, deram um grande passo para que a moda brasileira conquistasse espaço nos cenários nacionais e internacionais, quando criaram o Phytoervas Fashion - evento que em sua primeira edição contou com apenas nove desfiles, durante 3 dias, em um galpão na Vila Olímpia, zona oeste de São Paulo.
Grandes nomes atuais da moda nacional usaram a primeira edição do evento como um espécie de incubadora, entre eles Fause Haten, Glória Coelho e Alexandre Herchcovitch - que apresentou pela primeira vez na passarela do Phytoervas sua clássica estampa de caveiras, hoje conhecida internacionalmente.
Até aquele ano, não existia nenhuma semana de moda que expandisse a produção brasileira e grande parte do vestuário nacional como majoritário, dependendo diretamente de pequenas aparições no calendário europeu. O objetivo da empreitada de Borges e Arcangeli era fomentar as criações nacionais. O êxito foi tão grande que o Phytoervas Fashion se desdobrou em oito edições, sendo a última em 1996.
Posteriormente, houve a cisão entre a dupla de idealizadores. Cristiana manteve o nome Phytoervas, enquanto Paulo, em parceria com o Morumbi Shopping, deu início ao Morumbi Fashion Week.
Os dois eventos conviviam em perfeita harmonia. Enquanto o primogênito enveredou mais para o lado do entretenimento - em formato de competição, o Phytoervas Fashion Award, que premiava estilistas, publicitários, jornalistas e outros profissionais da área. A modelo Gisele Bündchen, por exemplo, ganhou o prêmio de melhor modelo em 1998 - o novato se manteve forte em seu caráter mercadológico e fortalecedor da indústria nacional e foi estabelecido como o calendário oficial da moda brasileira.
O final da década de 90 marcou o ápice do Morumbi Fashion Week com a presença de casas internacionais na semana, como Gucci, Chanel e Versace, que além de legitimarem o evento no calendário internacional, também projetaram mais confiança para investidores, fomentando assim, indiretamente, a indústria brasileira, cada vez mais.
SPFW no novo milênio
O ano de 2001 marca a reinvenção da semana de moda brasileira como a conhecemos até hoje. Junto com o novo batismo, de São Paulo Fashion Week, veio também a primeira transmissão ao vivo, pelo site oficial do evento, com a intenção de alcançar o Brasil todo e derrubar as barreiras da elite paulistana.
A SPFW sempre carregou em seu DNA um caráter relacionado à identidade cultural nacional. Em sua primeira edição, o estilista Ronaldo Fraga produziu uma coleção em homenagem a Zuzu Angel, que ganhou fama ao questionar, em seus desfiles, as violências do período da Ditadura Militar no Brasil. No ano seguinte, o tema de uma das duas edições foi “Moda Brasileira por Brasileiros”. Pulando para 2009, o evento homenageou o centenário de Carmen Miranda.
Assim, a semana conquistou renome e se consagrou como a quinta maior semana de moda do calendário, atrás apenas de Paris, Milão, Nova York e Londres. O impacto da SPFW na indústria da moda brasileira é imensurável e sempre renovando suas temáticas, colocando pautas sociais importantes em foco - agora alarmando para o lado sustentável, de preocupação com o consumo e com responsabilidade social - o evento se mantém concretizado no posto de maior semana de moda da América Latina.
O que esperar da edição n58?
A próxima edição acontecerá entre os dias 14 e 21 de outubro, no Parque Ibirapuera e no Shopping Iguatemi. Com um total de 39 desfiles, divididos entre as duas localidades, a edição de número 58 do SPFW contará com o retorno de Alexandre Herchcovitch ao calendário, a apresentação externa, no Museu do Ipiranga, do projeto social Ponto Firme e a celebração dos 70 anos do Pavilhão Japonês, com o desfile de Fernanda Yamamoto.
A semana também será palco de estreias aguardadas no cenário da moda brasileira, como Normando e Dario Mittmann.
O dia de encerramento da NYFW não deixou nem pouco a desejar. As marcas escolhidas para o dia deixaram a sensação de que todos os estilos se juntaram para a bagunça de cores mais linda possível.
Segundo rumores, a era das roupas estampadas morreu após 2006, mas os designers parecem pensar o contrário e a aposta da vez em trazer de volta o estampado foi um acerto sem igual. É inegável que as estampas mais escandalosas como zebra, cobra e onça são coisa do passado. Neste dia final, ficou perceptível que a nova moda para 2025 será o floral. Todas as marcas parecem estar sedentas pela possibilidade de revolucionar o estilo.
Talvez possamos considerar esse retorno como uma consequência da estética clean, que no início do ano era tendência entre famosos e anônimos. Contrário ao esperado pela crítica, muitas pessoas ainda adotam este estilo, com algumas ressalvas e padrões.
Algumas das marcas que se destacaram no evento foram:
Lost pattern
A marca apostou, principalmente, em tons como branco e bege com sutis toques coloridos, como padrões e estampas, principalmente florais, que são sua marca registrada. O destaque fica para a leveza apresentada por cada peça, sendo em sua maioria similares a roupas praianas.
A estética clean, citada antes, faz seu retorno principalmente por ser um estilo querido pela marca, que tem diversas coleções focadas nesse visual.
African fashion council
Investindo em padrões e cores fortes, as peças da coleção trazem diversos tons de vermelho, laranja e marrons. Todo o conjunto possui cortes e aberturas que aumentam o movimento das peças de forma fenomenal, valorizando os diferentes biotipos apresentados.
É necessário dar destaque para as composições feitas, diversos acessórios como colares grandes e brincos maiores ainda chamam a atenção de qualquer espectador, montando um produto final de tirar o fôlego, e culturalmente muito significativo.
A música usada no desfile também mereceu destaque, a trilha escolhida complementa perfeitamente o tom escolhido para o desfile, sendo em alguns momentos possível sincronizar o andar das modelos com seu toque.
Melitta Baumeister
A marca apostou em diferentes formas, testando os limites da criatividade da Designer, o estilo extremamente oversized também é uma das características mais marcantes, além de ser uma coleção focada no estilo esportivo não casual . Vale ressaltar que a marca segue o modelo de desfile criativo, suas peças não tem pretensão de funcionar fora da passarela ou de serem necessariamente confortáveis.
Kallmeyer
A coleção, tem em sua totalidade peças elegantes e com uma tabela de cores relativamente neutras, focando em jeitos de renovar o que já temos como elegante, a variação de caimentos e tecidos torna o produto final um refresco para o estilo. É visto que a marca já tem um histórico de manter suas coleções com elementos da estética clean e a dita Old Money, que consiste em demonstrar poder aquisitivo familiar, o estilo ficou bem popular por famosas como Sofia Richie e Julia Roberts.