Cantora compra as próprias masters após seis anos disputando e não precisará regravar discos antigos
por
Luis Henrique Oliveira
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03/06/2025 - 12h

Na última sexta-feira (30), Taylor Swift anunciou em carta aberta para os fãs que readquiriu o direito de suas músicas, expressando a felicidade de ter a posse de suas gravações após seis anos de disputa. 

"Tenho chorado de alegria em intervalos aleatórios desde que descobri que isso está realmente acontecendo. [...] Toda música que eu já fiz… agora pertence… a mim ", escreveu a artista. 

Cantora Taylor Swift com os discos "Taylor Swift" (2006), "Fearless" (2008), "Speak Now" (2010), "Red" (2012), "1989" (2014) e "Reputation" (2017)
Taylor Swift junto dos seus seis primeiros álbuns para anúncio da recuperação. Foto: Reprodução/X/@taylorswift13

 

Swift havia perdido os direitos autorais dos primeiros seis discos (o autointitulado “Taylor Swift”, “Fearless”, “Speak Now”, “Red”, “1989” e “Reputation”, em ordem de lançamento) em 2019, quando a gravadora Big Machine Records, que detinha suas masters, foi vendida para o empresário Scooter Braun. 

Na época, Taylor disse que não teve a chance de comprar o próprio catálogo e descreveu a situação como “o pior cenário possível”. Um ano depois, em 2020, Braun revendeu os direitos para a Shamrock Holdings por cerca de US$300 milhões. A cantora alegou que, novamente, não houve a possibilidade de compra e declarou em comunicado oficial que essa foi a segunda vez em que sua arte foi vendida sem o seu conhecimento.

A lide pela recuperação de suas masters influenciou outros cantores a exigirem contratos que deixem o controle de seus catálogos para si mesmos, como por exemplo Olivia Rodrigo. “É tão libertador poder dizer o que você quer, se expressar e poder controlar sua vida e sua arte”, disse em entrevista para o Today Show.

A luta de artistas pelo direito de suas canções não é um caso isolado. Nos anos 1990, Prince travou uma batalha  pelo controle de suas masters contra a Warner Bros. Records, chegando a escrever a palavra “escravo” em seu rosto como forma de protesto e a mudar seu nome artístico por um símbolo inominável, que misturava os sinais dos gêneros feminino e masculino,  sendo chamado de “O Artista Anteriormente Conhecido Como Prince” durante sete anos. 

No Brasil, Gilberto Gil ganhou um processo contra a mesma gravadora, reivindicando para si o direito de assumir a gestão de seu catálogo musical.

 

A volta por cima

Taylor Swift aproveitou uma brecha contratual que permitia a regravação de seus primeiros álbuns e começou a relança-los como meio de dominar sua discografia. Intitulados Taylor’s Version – ou “versão da Taylor”, em tradução livre, o projeto se iniciou em 2021 com o disco “Fearless”, que garantiu o álbum do ano para a cantora em 2008. 

Além das faixas já conhecidas pelo público, a regravação ainda contou com seis músicas inéditas, originalmente descartadas na primeira versão, apelidadas de “From The Vault” (“Direto do Cofre”, em tradução livre) pela artista.

Em novembro do mesmo ano, Swift lançou o “Red (Taylor’s Version)” e alavancou a qualidade das regravações, dirigindo um curta-metragem para a versão de 10 minutos da canção All Too Well, um clipe para a faixa From The Vault “I Bet You Think About Me” e fechando uma parceria com a rede de cafés Starbucks. A possibilidade de reviver as eras antigas da cantora animou os fãs, que ficaram ávidos pelas regravações posteriores, criando teorias sobre quando sairiam as próximas. 

Cantora Taylor Swift usando um body rosa durante o ato "Lover", na turnê The Eras Tour
Taylor Swift possui a turnê mais lucrativa da história. Foto: Reprodução/X/@taylorswoft13

 

O relançamento dos álbuns “Speak Now” e “1989” só vieram depois, em 2023. Nesse intervalo de tempo, Taylor lançou os CDs inéditos “Midnights” e “The Tortured Poets Department” sob a gravadora Republic Records, além de entrar em turnê com a bilionária The Eras Tour, que celebrava cada fase da carreira. 

“Reputation” e o debut “Taylor Swift” não chegaram a ver a luz do dia, uma vez que a cantora conseguiu comprar o catálogo novamente com a Shamrock. Na carta divulgada, ela explica que já regravou todo o álbum de estreia e gosta de como ele soa agora. Em contrapartida, não chegou a trabalhar em um quarto do Reputation. 

“O álbum foi tão específico para aquele momento da minha vida, e eu continuava esperando reencontrar aquele apoio emocional para recriá-lo. Toda aquela postura desafiadora, aquele espírito inquebrável – eu precisava reencontrar isso para fazer o Rep TV.”, escreveu. Ela não desanima sobre a possibilidade de relançar eles e diz que “esses dois álbuns ainda poderão ter seus momentos de renascimento, quando a hora certa chegar, se isso for algo que vocês [fãs] ficariam animados em ver. Mas se acontecer, não será mais a partir de um lugar de tristeza e saudade do que eu gostaria de ter”. 

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13 canções solo e três faixas conjuntas celebram o 10º aniversário de um dos grupos mais influentes do K-pop
por
Ana Julia Bertolaccini
Natália Perez
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29/05/2025 - 12h

Os 13 membros do grupo de K-pop, Seventeen, comemoraram  dez anos de sucesso com um álbum que combina as palavras em inglês 'birthday' (aniversário) e 'burst' (estouro) para expressar a energia única do grupo. Lançado na última segunda-feira (26), “Happy Burstday”, expõe o desejo contínuo do grupo de se reinventar e se aventurar em novos estilos, sem perder a essência. 

Dez anos atrás, em 26 de maio de 2015, o recém formado “Seventeen”, até então administrado pela pequena empresa Pledis Entertainment, fez seu debut com o hit "Adore U” (아낀다). Apesar de serem muito novos - o membro mais velho, S.Coups, tinha apenas 19 anos na época - o grupo sempre fez questão de produzir suas próprias músicas. 

Woozi, principal produtor do grupo, carrega até hoje o recorde de artista mais novo a se tornar parte da Associação de Copyright Musical Coreana (KOMCA) com créditos em composição, arranjo e produção em quase 200 canções. 

 Burst Stage, um show sem igual 

Para comemorar uma década da formação do grupo, o Seventeen preparou um show especial gratuito nomeado como “B-Day: Party Burst Stage” que aconteceu no domingo (25). De forma inédita para um grupo de K-pop, toda a estrutura para o show foi montada na ponte Jamsu sobre o rio Han, ponto central da metrópole de Seul, na Coreia do Sul. 

A performance de quase 2 horas contou com músicas marcantes do grupo, fogos de artifício e a primeira apresentação ao vivo das novas músicas do álbum, que só seria lançado no dia seguinte. As autoridades sul-coreanas estimam que o evento reuniu cerca de 60 mil Carats, nome dado aos fãs do grupo. O show também foi transmitido online de maneira simultânea pelos canais oficiais do grupo. 

“Performar aqui é realmente impressionante”, comentou o integrante DK durante a apresentação. “É tudo graças às nossas Carats. Nada disso seria possível sem vocês”, completou.

Mesmo após uma década de carreira juntos, os membros reafirmam o compromisso de manter o grupo unido. "Seventeen desafiará a eternidade", declarou o membro Hoshi durante o fanmeeting do grupo em Osaka, ocorrido em março. A frase foi tão marcante que se tornou adorno do exterior do prédio da sede da HYBE, atual empresa do grupo no centro de Seul. 

Além do palco, outras áreas no entorno da ponte foram preparadas para receber os fãs, como o parque Banpo Hangang que transmitiu o show por grandes telões. Alguns fãs foram além, assistindo a apresentação em barcos alugados no rio.

Durante o fim de semana, um espaço chamado “Seventeen History Zone” funcionou como uma espécie de museu da trajetória do Seventeen, colocando em exibição os aneis de grupo de cada um dos membros, que se reúnem em uma cerimônia de troca de aneis a cada novo álbum completo lançado.

Mensagem para o Brasil

A jornalista Isabela Gadelha, da CNN Brasil, conseguiu uma entrevista exclusiva com o Seventeen para o quadro “K-tudo CNN” e um vídeo especial para os fãs brasileiros. Em live na última terça-feira (27), foi ao ar uma matéria completa sobre os dez anos de carreira e o lançamento do novo álbum, com perguntas e respostas que explicam como é a convivência entre os membros do grupo e mostram um pouco da singularidade de cada um deles.  De acordo com DINO, o integrante mais novo da formação, todos convivem como irmãos, sem formalidade. 

Isabela, que já é jornalista de Kpop há 3 anos, contou à Agemt que conseguiu unir sua paixão ao profissionalismo nas perguntas da entrevista e aproveitou para tirar dúvidas pessoais sobre o grupo, que é um dos seus favoritos da indústria. 

“Eu sinto que ainda não caiu a ficha porque foi tudo muito rápido. Imagina quantos veículos no mundo todo estão tentando? Tive a oportunidade de tirar dúvidas minhas como fã, como a questão da linguagem informal deles e as reuniões mensais que eles fazem. É meio surreal porque ser fã de um grupo que é muito famoso torna tudo mais difícil de conseguir”, relatou. 

“Isa” conta que sempre fica um pouco nervosa antes de ouvir um álbum de um artista que ama e sempre se questiona: “e se, dessa vez, eu não gostar?”. Apesar disso, ela afirma que o Seventeen sempre a surpreende positivamente. Para ela, o “Happy Burstday” chamou a atenção especialmente pelos solos, que foram uma maneira dos fãs conhecerem melhor cada integrante. “Alguns até me surpreenderam com o gênero que escolheram cantar. Wonwoo, por exemplo, eu não esperava uma música tão doce”, disse. 

De acordo com a jornalista, ser um grupo autoproduzido e com liberdade criativa é o grande diferencial. “Eles se inspiram na vida pessoal, na amizade, nas interações com os fãs e nas fases de vida que vivem. Canções como 'Kidult', 'Circles' e 'I don't understand but I love you' nasceram assim e se tornam ainda mais especiais para nós fãs.”

Responsável pela entrevista e por trazer a mensagem em vídeo de 4 membros do grupo aos fãs brasileiros, Isabela disse que ficou muito feliz ao ter a possibilidade de aproximá-los do Brasil. “Em 10 anos de carreira eles nunca vieram ao Brasil e uma mensagem como essa dá uma esperança de que ‘vem aí’, sabe? Espero que mais interações venham no futuro! Queria eles no Brasil, dançando Super versão Forró, tomando uma caipirinha”, finaliza. 

Faixa a faixa: uma análise de Happy Burstday

Com um conceito ousado e inspirações artísticas visuais e musicais que remetem a um estilo mais alternativo, o single promocional “THUNDER” tem um refrão chiclete e um instrumental um pouco mais barulhento do que o estilo de música que o Seventeen costuma apresentar. 
Embora ainda não chegue a ser considerado um “panelaço”-  maneira como os fãs se referem a canções mais energéticas do Kpop - nota-se um fundo mais marcante e eletrônico em sua composição, que é viciante e cativante. 

A ideia de comemoração está presente em todo o disco. Um conceito que não é assim tão novo, uma vez que o grupo já trouxe a ideia de celebrar os maiores hits e composições mais importantes de toda a sua carreira no álbum “Seventeen is Right Here”, lançado em 29 de abril de 2024. Apesar disso, é visível que eles não vivem apenas de passado e sempre incorporam novidade e criatividade às suas obras. 

O “Happy Burstday” é composto por 16 faixas, sendo três delas gravadas em conjunto (com exceção de Jeonghan que já cumpria serviço militar quando as gravações se iniciaram). As outras 13músicas são solos de cada um dos integrantes, incluindo as canções de Wonwoo e Jeonghan, que terminaram de gravá-las antes do alistamento. 

“HBD” parece uma canção de aniversário pensada exatamente para o Seventeen. Seu instrumental, no entanto, lembra um pouco o Pop-Rock de Avril Lavigne e 5 Seconds of Summer, mas sem deixar de lado as características exclusivas do pop coreano. A terceira música do álbum, com todos os integrantes e produzida por Pharrell Williams, “Bad Influence”, é menos alegre e divertida e brinca com um ritmo mais sedutor. A faixa foi trilha sonora do desfile da Louis Vuitton na Paris Fashion Week na França, em janeiro deste ano. 

As produções solo são bem autênticas e distintas umas das outras, provando mais uma vez que eles são um grupo versátil e que sabe trabalhar com diferentes gêneros musicais e manifestações artísticas. “Shake if off”, primeira música solo de Mingyu, um dos rappers do grupo, se inspira no estilo tech house, uma evolução da música eletrônica. A canção foi classificada como inapropriada para transmissão na KBS (Korean Broadcasting System), um dos principais canais do país. O motivo é a letra, que segundo a emissora, possui “expressões sexualmente sugestivas”. 

“Skyfall (THE 8 solo)”  também traz influências eletrônicas, mas com uma forte identidade pessoal que já é conhecida de outras composições, como “Orbit”, faixa de seu projeto solo “Stardust” lançado em dezembro de 2024.

As batidas aceleradas e divertidas de “Gemini” de Jun e “Trigger” de Dino reforçam a estética de comemoração. Já Hoshi, apesar de ser visto sempre como a presença mais elétrica do grupo nos shows e apresentações, retomou um pouco da estética teatral e sensual na nova canção “Damage”, que foi co-produzida por Timbaland, um ícone dos anos 2000. 

“Happy Virus” traz a voz inconfundível de DK como centro da composição, que como de costume, transmite a sensação de conforto. “Jungle”, de S.Coups, é o que era esperado do líder da unit de Hip Hop do Seventeen, com uma batida mais forte, que acompanha sua autenticidade ao cantar. Vernon trouxe mais um pouco do “Pop rock” em “Shining Star” com um instrumental mais pesado e a forte presença da guitarra em uma faceta mais romântica do gênero. 

“Destiny”, do principal compositor do grupo e líder da vocal line, Woozi, é uma das músicas mais emocionantes do álbum. De acordo com Bumzu, um dos principais nomes por trás de diversas canções do Seventeen ao longo da carreira, “foi uma música feita através de muito pensamento”. 

No mesma linha musical estão “Raindrops” de Seungkwan, “Fortunate Change” de Joshua e “Coincidence” de Jeonghan, esta que emociona os fãs com um instrumental mais clássico, somado a maneira sensível de cantar, a qual já não é executada ao vivo desde que o integrante iniciou o serviço militar em 26 de setembro do ano passado. 

Por fim, 99,9% do membro Wonwoo segue com a inspiração tradicional e clássica, com o piano e instrumentos de sopro em evidência, colocando a emoção como ponto central da composição, diferentemente do que costuma ser apresentado por ele, que também é parte da unit de Hip Hop do grupo. 

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Seventeen em imagem promocional para o álbum “Happy Burstday”. (Foto: Instagram/@saythename_17)
 


Recordes nos Charts

A expectativa pelo mais novo comeback do Seventeen foi visível já na liberação do pré-salvamento de “Happy Burstday”. O Spotify, por exemplo, divulgou no dia 21 de maio que o álbum estava entre os dez mais aguardados do mês na plataforma, ao lado de nomes como Lorde, Ed Sheeran e Green Day.

Segundo a SVT Billboard, logo nas primeiras horas de lançamento, a faixa principal do álbum, “THUNDER”, alcançou o primeiro lugar em 22 países - inclusive no Brasil no ITunes. A música também se tornou a primeira no TOP 100 da MelOn, principal plataforma de streaming musical coreana. Ao longo do primeiro dia, as 16 faixas do álbum atingiram o topo do ranking da plataforma. Poucas horas depois, o Seventeen estabeleceu um recorde como o primeiro grupo idol no país a ocupar simultaneamente as 16 primeiras posições do ranking com todas as músicas de um mesmo álbum. 

Além disso, a plataforma Hanteo registrou mais de 2.260.000 cópias vendidas nas primeiras 24 horas. O número não só é o maior de 2025 até o momento, como também coloca “Happy Burstday” entre os dez mais vendidos no dia de estreia em toda a história da plataforma, ranking que já contava com a presença de outros cinco álbuns do Seventeen: FML (2023); Seventeen Heaven (2023); Spill The Feels (2024) e 17 is Right Here (2024). Os dois primeiros citados, respectivamente, ocupam o primeiro e segundo lugar com mais de 3.200.000 cópias vendidas nas primeiras 24 horas de lançamento.   
 

 

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Banda faz uma pausa na carreira, suspende shows em novembro e apresentação na COP30
por
Lucca Andreoli
João Pedro Lindolfo
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26/05/2025 - 12h
Foto do show em Manchester, 3 de junho de 2023 Imagem: Raph_PH
Foto do show em Manchester, 3 de junho de 2023
Imagem: Raph_PH

A banda Coldplay cancelou a turnê que faria no Brasil em novembro deste ano, que incluiria cerca de dez apresentações. De acordo com o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, o grupo decidiu fazer uma pausa na carreira e, por isso, suspendeu toda a agenda na América do Sul. 

No entanto, não houve pronunciamento ou qualquer confirmação oficial até agora. A banda era aguardada para uma apresentação na COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Belém (PA). 

Em 2022 a banda passou pelo festival Rock in Rio e em 2023 esteve no Brasil pela última vez para 11 shows. A apresentação na COP30 seria a primeira vez da banda no Pará, algo que Chris Martin, vocalista do grupo, já demonstrava interesse. 

No ano de 2021, em uma postagem no X (antigo twitter) sobre ações climáticas, o cantor mencionou o governador do Pará, Helder Barbalho, convidando-o para assistir ao show deles no Global Citizen.

Durante a passagem da banda no Brasil em 2023, os integrantes tiveram um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em que o convite para a COP30 foi feito.

Lula, Chris Martin e Janja reunidos em 2023— Foto: Ricardo Stuckert/Reprodução
Lula, Chris Martin e Janja reunidos em 2023 — Foto: Ricardo Stuckert/Reprodução

De acordo com o colunista, a apresentação em Belém ainda deve acontecer, informação garantida pelo governo paraense. A dúvida que resta é se Chris Martin estará sozinho ou acompanhado pelo grupo.

Reconhecido por projetos globais e atuação ambiental, deixa seu legado em imagens
por
Iasmim Silva
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23/05/2025 - 12h

Sebastião Salgado, um dos maiores fotógrafos da história, morreu aos 81 anos nesta sexta-feira (23). A informação foi confirmada em nota pelas redes sociais do projeto ambiental, Instituto Terra, fundado por ele e sua esposa, a ambientalista Lélia Wanick.

A causa da morte foi leucemia grave decorrente de complicações da malária que contraiu na Indonésia, em 2010, quando trabalhava no seu ensaio “Gênesis”.

Nascido em 1944, em Aimorés (MG), formou-se em economia pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Com mestrado pela Universidade de São Paulo (USP) e doutorado pela Universidade de Paris, trabalhava na Organização Internacional do Café (OIC) quando em 1973 deixou o emprego para se dedicar exclusivamente à fotografia, o que até o momento era apenas um hobbie incentivado por sua esposa que, em 1970, o presenteou com a câmera Pentax Spotmatic 2. 

foto, Xamã Yanomami em ritual antes da subida do Pico da Neblina
Xamã Yanomami em ritual antes da subida do Pico da Neblina. Reprodução: Instagram/Sebastião Salgado.

Além de percorrer 120 países, ser reconhecido mundialmente, ter livros publicados, documentários e exposições eternizando seus feitos fotográficos, assumiu, com o Instituto Terra, uma autorresponsabilidade ativa abrindo frentes de ação prática para o reflorestamento da Mata Atlântica, educação ambiental e promoção do desenvolvimento sustentável da bacia do Rio Doce.

Suas obras buscam elevar a dignidade humana com um olhar sensível para os povos originários, as raízes da Amazônia e a dura vida dos trabalhadores rurais. Com esse objetivo, registrou diferentes realidades ao redor do mundo com um foco voltado à pobreza, às injustiças e à beleza humana, retratadas em seus ensaios mais reconhecidos nos livros “Trabalhadores” (1993), “Terra” (1997), “Êxodos” (2000), “Gênesis” (2013) e “Amazônia” (2021).

Imagem em preto e branco da serra pelada mostrando milhares de garimpeiros
Serra Pelada, 1986. Reprodução: Instagram/Sebastião Salgado.

Conhecido pela sua marca registrada com fotos em preto e branco, contou histórias do Brasil e de outros países através dos seus ensaios fotográficos documentais, sendo o mais emblemático deles o da Serra Pelada, a maior mina de ouro a céu aberto do mundo, localizada no leste do Pará. Salgado a visitou em 1986 e capturou com maestria um cenário brutal em termos sociais, ambientais e econômicos.

Em “Trabalhadores”, seu registro histórico mundialmente conhecido, ele retrata trabalhadores industriais e agrícolas oprimidos da América do Sul, buscando reconhecer homens e mulheres em condições precárias de trabalho e má remuneração, na obra é exposta a resistência dessas pessoas contra as probabilidades ao seu redor.

Trabalhadores de empurrando uma carroça, um deles com um bebê na costa. Alguns andando ao lado. Trabalhadores da industria de carvão na India. Foto em preto e branco
Trabalhadores de indústria de carvão na Índia, 1994. Reprodução: Instagram/Sebastião Salgado.
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“Minhas fotografias são um vetor entre o que acontece no mundo e as pessoas que não têm como presenciar o que acontece. Espero que a pessoa que entrar numa exposição minha não saia a mesma” o fotógrafo relatou em entrevista ao jornal Zero Hora, no ano de 2014.  

Foi membro da Academia de Belas-Artes de Paris, embaixador da Boa Vontade do UNICEF, membro honorário estrangeiro da Academia de Artes e Ciências dos Estados Unidos desde 1992, recebeu a Medalha do Centenário e Bolsa Honorária da Royal Photographic Society (HonFRPS) em 1993, e a Comenda da Ordem do Rio Branco no Brasil.

Sebastião morava em Paris, na França, com sua esposa, com quem teve dois filhos, Juliano e Rodrigo. Juliano Salgado é cineasta e foi codiretor do documentário “O Sal da Terra”, premiado no Festival de Cannes e indicado ao Oscar de Melhor Documentário de Longa-Metragem, a obra retrata a trajetória de Salgado desde seus primeiros ensaios até “Gênesis”. 

Chegou à França com a esposa, no final da década de 1960, como exilado político. Fugindo da repressão imposta pela ditadura militar no Brasil, o casal teve seus passaportes cassados pelo regime. Para permanecer legalmente no país, precisaram recorrer a uma liminar na Justiça. “Nós nos tornamos refugiados aqui na França, e depois imigrantes”, relembrou Salgado em postagem no Instagram, ao falar sobre seus sentimentos em relação à situação de imigrantes refugiados.

Sebastião Salgado construiu um dos mais importantes legados para a história do fotojornalismo e deixa documentada em suas fotografias uma vida de luta através do ativismo humanitário e ambiental.

 

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Festival ocupa o Parque Ibirapuera com programação que inclui música pop e eletrônica
por
João Pedro Lindolfo
Lucca Fresqui
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21/05/2025 - 12h

O C6 Fest 2025, que acontece entre os dias 22 e 25 de maio no Parque Ibirapuera, em São Paulo, chega à sua quarta edição neste ano. O festival busca em sua curadoria, focar na diversidade de estilos e valorizar nomes tanto do cenário nacional, quanto do internacional.

Nesta edição, o evento mantém o mesmo formato: dois dias dedicados ao jazz e a uma programação de shows em palcos tanto ao ar livre quanto em espaços fechados.

Apesar do nome recente, a história do C6 Fest começou há exatos 40 anos, com o famoso Free Jazz Festival, formado pelas irmãs Sylvia e Monique Gardenberg, fundadoras da Dueto Produções. Nos anos 2000 o projeto assumiu o nome de Tim Festival, e ressurgiu em 2023 com apoio da agência C6 Bank.

A curadoria continua ainda sob a supervisão de Monique Gardenberg, que aposta em um formato mais intimista e artístico. O festival se destaca por promover shows baseados no contexto mais artístico do que no entretenimento de massa.

A expectativa para esse ano é de que o público alcance mais de 27 mil visitantes, número superior ao da edição anterior(2024).

Para acomodar melhor as atrações e facilitar a parte técnica, o festival ampliou a programação para quatro dias. Os shows ao ar livre acontecem em diferentes áreas do parque, como a Arena Heineken (em frente ao auditório) e a Tenda Metlife, próxima ao edifício Pacubra.

Entre os nomes internacionais confirmados estão os franceses do Air, que apresentam o icônico “Moon Safari” na íntegra, além da lenda do funk Nile Rodgers acompanhado da banda Chic. O festival também traz Wilco, referência do rock alternativo norte-americano, e os britânicos do Pretenders. Outros destaques incluem o retorno explosivo do Gossip, liderado por Beth Ditto, e o pop de Perfume Genius.

O produtor britânico A.G. Cook, conhecido pelo trabalho com Charli XCX no disco “Brat”, representa a vanguarda da música eletrônica, enquanto o grupo The Last Dinner Party, revelação do art pop britânico, marca presença com um show bastante aguardado. 

Completam a seleção internacional nomes como Stephen Sanchez, jovem norte-americano que resgata o charme retrô das baladas dos anos 50, a cantora Cat Burns com seu soul pop intimista, a paquistanesa Arooj Aftab fundindo tradição e jazz contemporâneo, Brian Blade com sua Fellowship Band, a inventiva Meshell Ndegeocello, e o coletivo ganês SuperJazzClub, trazendo uma visão afro-futurista da música urbana.

Já entre os artistas brasileiros, destaca-se o show especial de Seu Jorge, intitulado “Baile à La Baiana”, o pianista Amaro Freitas, um dos maiores nomes do jazz nacional, a cantora Agnes Nunes, com sua nova MPB, o bandolinista Hamilton de Holanda, o multi-instrumentista Mestrinho, além dos DJs Marky e Della Juices, representantes da cena eletrônica nacional.

 

Line-up e horários de cada show no festival.
Line-up e horários de cada show no festival. Foto: Divulgação/C6Fest

 

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A escritora e cantora Patti Smith retorna ao Brasil para uma série de apresentações, refletindo o impacto da sua obra na literatura contemporânea
por
Nicole Conchon
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29/11/2024 - 12h

 

 

Patti Smith em 2019, no Auditório Simon Bolívar, em São Paulo. Imagem: Liv Brandão/Colaboração para o UOL
Patti Smith em 2019, no Auditório Simon Bolívar, em São Paulo. Imagem: Liv Brandão/Colaboração para o UOL

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Em janeiro de 2025, a escritora e artista multifacetada Patti Smith volta ao Brasil em uma turnê que promete ser uma celebração da sua trajetória e arte em suas diversas formas. Conhecida por sua fusão entre poesia, rock e ativismo, a autora de “Just Kids” e “M. Train” se apresenta em São Paulo, para temporada de 2025 do Teatro Cultura Artística, junto à banda Soundwalk Collective. Além das performances musicais, a tour inclui palestras e encontros com os fãs, reforçando a profunda conexão de Smith com a literatura, a arte e a cultura alternativa

O Brasil, com sua efervescente cena artística, se prepara para receber uma das maiores ícones da música e da literatura contemporânea, que, ao longo de sua carreira, sempre desafiou as fronteiras e convenções, mantendo sua autenticidade e paixão por transformar a arte em um veículo de reflexão social. 

Inaugurado em 1950, o Teatro Cultura Artística foi devastado por um incêndio em agosto de 2008 e ficou fechado até este ano. Embora o prédio tenha sido destruído, o arquivo histórico e um painel de Di Cavalcanti (1897-1976) foram preservados. A obra de arte continua exposta na entrada do teatro. Nesta nova fase, o espaço, que antes era voltado para a música clássica e o teatro, passará a se concentrar em apresentações de MPB e jazz, deixando de lado as peças teatrais.

 

Fachada do Cultura Artística
Fachada do Cultura Artística com o painel de Di Cavalcanti. Reprodução: IFCH/Unicamp

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Impacto de Patti Smith

Patti Smith é uma figura icônica que teve uma implicação profunda tanto na música quanto na literatura. Na música, ela se destacou como uma das pioneiras do movimento punk nos anos 70, mesclando rock, poesia e performance em seu álbum seminal "Horses" (1975). Sua abordagem artística, que desafiava convenções de gênero e estilo, ajudou a redefinir o papel da mulher no rock, abrindo caminho para outras artistas. Sua voz crua e suas letras poéticas e carregadas de intensidade emocional marcaram uma geração e continuam a influenciar músicos de diversos gêneros.

Na literatura, Patti Smith contribuiu como escritora e poeta, com obras que exploram temas de identidade, perda e a busca por significado. Seu livro mais famoso "Just Kids" (2010), é uma memorável autobiografia sobre sua juventude em Nova York e seu relacionamento com o fotógrafo Robert Mapplethorpe. O livro foi amplamente aclamado pela crítica e ganhou Prêmio Nacional do Livro. 

A escrita de Smith é marcada pela mesma sensibilidade e intensidade que sua música, e sua habilidade de conectar experiências pessoais com questões universais a consolidou como uma figura relevante no mundo literário. Assim, Patti Smith construiu uma carreira única que transcende as fronteiras entre a música e a literatura, influenciando e inspirando gerações de artistas e leitores.

 

 

 

 

 

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Produção que tem lançamento previsto para o próximo ano, deixa os fãs da animação ansiosos
por
Gisele Cardoso
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29/11/2024 - 12h

O live action da animação de 2010, foi gravado na Irlanda do Norte e tem estreia prevista para 13 de julho de 2025. O longa será protagonizado por Mason Thames e o elenco ainda soma com Nico Parker, Nick Frost e Julian Denisson.

O filme conta a história de Soluço, um jovem viking que luta entre as tradições de seu povo e suas próprias convicções. Em determinado momento da trama, o personagem conhece Banguela, um dragão com quem constrói uma amizade que mudará o rumo da história.

A Dream Works já divulgou o primeiro trailer e o pôster oficial do filme. Foto: Reprodução/ Dream Works
A Dream Works já divulgou o primeiro trailer e o pôster oficial do filme. Foto: Reprodução/ Dream Works

 

As novas imagens do filme mostraram que a produção promete ser fiel à animação. Porém, a escolha de Nico Parker como Astrid, gerou um descontentamento em alguns fãs por não se parecer fisicamente com o personagem. O diretor, Dean DeBlois, defendeu a decisão  em suas redes sociais: “Estamos criando uma fantasia, não um fato histórico”.

Segundo DeBlois, o elenco foi definido com os atores que melhor encarnavam as personalidades e não apenas se assemelhavam a eles. Quanto a fidelidade ao original, o diretor ainda completou: "Não estamos fazendo um remake cena a cena. Apenas gravamos os momentos-chave para homenagear o original, do qual continuo muito orgulhoso. O teaser apresenta alguns desses momentos. Em vez de uma história completamente nova, buscamos embelezar e aprofundar, sem abandonar a história que os fãs amam."

Confira o trailer:

https://youtu.be/pPeyZiQIlOg?si=JIqrkrP8iwQKUMl0

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A produção ganha o formato de minissérie na plataforma e promete agradar os apaixonados pelo livro
por
Gisele Cardoso
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29/11/2024 - 12h

A Netflix divulgou nesta segunda-feira (24) o trailer oficial de “Cem anos de solidão”, uma adaptação do livro homônimo escrito pelo colombiano Gabriel García Márquez, e que tem estreia marcada para 11 de dezembro.

A minissérie conta a história de José Arcadio Buendía (Marcos González) e Úrsula Iguarán (Susana Morales), um casal que precisa enfrentar suas famílias e fugir para continuarem juntos. Em busca de um lugar onde possam recomeçar, eles fundam a cidade de Macondo, a vila que se torna cenário para romances, episódios de loucura, guerras e para a maldição que parece condenar as gerações da família Buendía a cem anos de solidão.

Os efeitos plásticos foram a aposta da produção para traduzir o realismo mágico da obra de forma orgânica. Foto: Divulgação/Netflix
Os efeitos plásticos foram a aposta da produção para traduzir o realismo mágico da obra de forma orgânica. Foto: Divulgação/Netflix

Foram confirmados 16 episódios que serão lançados em duas partes de oito capítulos cada. A produção foi dirigida por Laura Mora Ortega e Alex García López, que se alternam à frente dos episódios.

O escritor Gabriel García faleceu em 2014, aos 87 anos, deixando três filhos. Representando o pai, Gonzalo Garcia e Rodrigo Garcia, são os produtores executivos de “Cem anos de solidão”.

Confira o trailer:

https://youtu.be/W-DGYuXY4Wo?si=wI9a_J8qZUKYyqii

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Números mostram que o cenário é bom para músicos emergentes, mas ainda há o que melhorar
por
Nathalia de Moura
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28/11/2024 - 12h

O Brasil é um dos maiores mercados musicais do mundo e em 2023, atingiu o nono lugar neste setor, segundo relatório divulgado em março de 2024 pela Pró-Música, entidade que atua em favor dos interesses das principais produtoras e gravadoras fonográficas do país. Faz sete anos que os brasileiros aparecem entre os dez principais mercados musicais do mundo. 

Streamings de música como Spotify, Deezer e Apple Music vem tendo um aumento em seus usuários e consequentemente, em seus lucros. Artistas independentes recorrem cada vez mais a essas plataformas para alavancarem suas produções, mas ainda assim enfrentam alguns desafios, algo também relatado por alguns usuários que veem a necessidade de melhora em alguns quesitos nos aplicativos.

Os apps e seus assinantes 

Atualmente, é difícil vermos alguém que não tenha contato com a música. Com o avanço das tecnologias, os chamados streamings de áudio também ocupam seus lugares em vários dispositivos pelo Brasil. Com opções gratuitas e as premiums, que são pagas, as plataformas estão se aprimorando. Além de músicas, outras funções surgiram, sendo possível ouvir podcast, ver os clipes das músicas e até dinâmicas para analisar em um certo período as interações da pessoa com determinadas músicas, gêneros ou artistas. 

O Spotify, empresa sueca, registrou mundialmente um aumento de usuários mensais ativos (gratuitos e pagos) de 19% em relação ao ano anterior, atingindo cerca de 615 milhões no primeiro trimestre de 2024. Isso representa um acréscimo de 13 milhões de contas, comparado ao mesmo período de 2023. A receita da empresa foi de aproximadamente US$ 3,9 bilhões, pois os assinantes do Spotify Premium cresceram 14%, chegando a 239 milhões de usuários. Porém, o relatório disponibilizado por eles mostra que a proporção de assinantes premium é de 39,3%, e a dos usuários gratuitos representa os 60,7% restantes. Um dos motivos pode ser o corte de gastos dos ouvintes, fazendo-os acessar o aplicativo pelo plano gratuito. 

Ruan Silva, de 19 anos, usuário do Spotify, acredita que o aumento nas plataformas de música esteja atrelado aos novos planos de assinaturas e benefícios ao ouvinte. Ele relata que quando usava o aplicativo gratuito, havia muitas limitações e após passar para o plano premium, facilitou a experiência na plataforma. “Houve um crescimento significativo do meu tempo no app, muito por conta da assinatura Premium, que deixa bem mais autônomo as músicas que são reproduzidas”. Ele também critica o grande volume de anúncios na versão gratuita e o fato de o ouvinte poder escolher apenas cinco músicas por dia após o primeiro mês do plano grátis: “As músicas são trocadas de formas aleatórias, e para mim, essa questão precisa ser corrigida para uma melhor experiência no aplicativo.”, completa. 

Por outro lado, Ágnes Coser, de 17 anos, possui uma experiência com a versão Premium e alega que a plataforma “é bem eficaz e não tem muito o que mudar”. A estudante vê, a partir de conversas com amigos, que o acesso aos streamings de áudio vem aumentando, pois eles observam muitas propagandas para a utilização desses aplicativos. “Eu uso o Spotify duas horas por dia em média, e sinto que esse tempo de uso vem aumentando ao longo dos meses.”, afirma. 

O Apple Music, outro aplicativo de áudio presente no mercado e vinculado à empresa americana Apple, não divulga o balanço oficial de usuários desde 2019, quando atingiu 60 milhões de assinantes globalmente. Em 2020, o analista Gene Munster, da Loup Ventures, empresa de pesquisa e capital de risco focada em tecnologia, estimou que a plataforma já teria atingido 82 milhões de contas. O aplicativo conta com mais de 100 milhões de músicas e em alguns casos, a partir de parcerias com a Apple, oferece lançamentos exclusivos aos assinantes como o de Dancing In The Flames, do cantor canadense The Weeknd.

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Em 2023, o mercado fonográfico brasileiro obteve lucro de R$2,864 bilhões. Foto: Getty Images 

A Deezer, plataforma de origem francesa, atingiu no mercado global o número de 10,5 milhões de assinantes em 2023, sendo 2,7 milhões deles no Brasil, segundo a diretora global de Marketing da empresa, Maria Garrido, em entrevista à Época Negócios. Uma das mudanças que alavancaram a plataforma foram as parcerias com outras empresas de e-commerce e mídias. Nos países da América Latina, por exemplo, a parceria foi com a empresa Mercado Livre: quem assinasse o Meli+ (programa de assinatura da organização de Buenos Aires) garantia um ano de acesso ao Deezer Premium. 

Todas as plataformas apresentam serviços parecidos e os diferenciais são voltados aos planos disponíveis e as vantagens de cada aplicativo. O Spotify e o Apple Music possuem o plano Universitário que se encontra em torno de R$11,90 e é voltado para estudantes do ensino superior. A assinatura individual, que também encontramos na Deezer, varia entre R$20 e R$25 nos três streamings. Já o Duo, que são duas contas pelo preço de uma, varia entre R$27 e R$33. Por último, encontramos o plano Família também nas três plataformas, no qual seis contas valem o preço de uma e custam entre R$34 e R$40. Essas plataformas também oferecem o plano gratuito, mas que não traz ao assinante autonomia para navegar nos aplicativos. 

O impacto aos artistas independentes 

Artistas independentes buscam seu lugar no meio artístico e apostam nos streamings de música para alavancar suas produções, aproveitando o avanço da tecnologia para produzir sem a necessidade de uma gravadora renomada e para alcançar um público cada vez maior. Na maioria das vezes, para compartilhar aquela música que está guardada em seu celular nas plataformas de áudio é necessário se vincular a algum distribuidor como SoundOn, CD Baby, Tunecore, entre outros. Eles são a ponte entre o artista e os streamings, e garantem uma compatibilidade com as diretrizes das plataformas. Possuem diferentes modelos de benefícios, recursos e preços, então é essencial fazer uma pesquisa para saber qual deles é melhor para cada artista. 

Mesmo com esses meios de acesso, ainda há obstáculos para os artistas independentes crescerem nos streamings de áudio. Victor Alexandre, artista independente de 21 anos e estudante de Direito na Universidade de São Paulo (USP), cita que os maiores desafios nesse meio são justamente o fato de se inserir nas plataformas e ter visibilidade. Ele conta sua experiência no Spotify, quando precisou passar por alguns trâmites para que sua música estivesse em alguma playlist e assim ganhasse notoriedade. “Antes do lançamento, você precisa escolher uma playlist e tem que escrever um texto gigante explicando por que você acha que sua música tem que entrar nela, falar um pouco do lançamento, e no final das contas, não entra. Normalmente, para conseguir, você tem que ser de alguma gravadora”. 

Victor também acredita que o fato de fazer tudo sozinho é uma dificuldade enfrentada, pois grandes artistas podem ir aos estúdios para gravar suas músicas, contam com ajuda nas produções e conseguem apoio publicitário. “No último lançamento eu escrevi a música, toquei os instrumentos, produzi, fiz a divulgação, fiz a capa. Então, é muito difícil ter que fazer tudo, ao mesmo tempo que é bom você ter controle, também é desgastante. [...] Para você ter uma oportunidade, para você ter visibilidade, você tem que, claro, ter um trabalho bem-feito, mas também um pouco de sorte”, completa. 

Mesmo sendo algumas vezes um obstáculo, a autonomia que artistas independentes têm em produzir suas próprias músicas sem precisar de um empresário ou gravadora para isso também é visto como algo positivo. Matheus Dionizio, de 24 anos, é produtor musical, atua como artista independente no cenário da música cristã e acredita que hoje vivemos uma democratização da música. “Com o crescimento da tecnologia, pessoas produzem e ‘bombam’ suas canções utilizando até mesmo o celular. As plataformas de streaming ‘acabaram’ com as cópias físicas [CD’s] e tornaram simples o lançamento de canções. [...] Pode-se dizer com toda certeza que elas não só oferecem meios para visibilidade de artistas independentes, mas que são o próprio meio”.

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Além de ser um artista independente, Matheus Dionizio produz e acompanha outros artistas como ele. Foto: Reprodução/Instagram/@matheusdionizios 

O lucro é gerado, mas e os streams? 

Em janeiro de 2024, o Spotify divulgou que os artistas independentes geraram quase US$ 4,5 bilhões de lucro em 2023 e isso representa metade do que toda a indústria obteve no ano na plataforma, cerca de US$9 bilhões. Além disso, o streaming informou que mais da metade dos 66 mil artistas que conseguiram US$10 mil no aplicativo são de países em que a língua inglesa não é a primeira, destacando o português, o francês, o espanhol, o coreano e o alemão. 

Segundo o relatório da Pró-Música, em 2023 o Brasil teve 87,1% do total da renda do mercado musical gerada pelos streamings, alta de 14,6% comparado a 2022. As plataformas como Deezer, Apple Music e Spotify tiveram um crescimento de 21,9% nas assinaturas e atingiram R$1,6 bilhão nas receitas do país. Matheus Dionizio vê essa alta no mercado algo positivo e mesmo que parte desse faturamento vá para grandes artistas, ainda sim “demonstra a força do mercado musical brasileiro e amplia as oportunidades para todos”. Para o produtor, com mais ouvintes nas plataformas, o público se torna mais diverso e propício a descobrir novas vozes, e “com um ecossistema mais próspero, as plataformas de streaming investem em curadoria e apoio a artistas emergentes, dando maior visibilidade a quem ainda busca seu espaço”. 

O destaque a aqueles que ainda procuram crescer no ramo nem sempre chega aos usuários. Beatriz Mariano, de 21 anos e assinante do Apple Music fala que, mesmo utilizando em média o aplicativo por duas a quatro horas do seu dia, não tem como sugestões artistas novos, mas apenas as músicas do momento. “Eu gosto muito de ir atrás de playlists aleatórias e conhecer artistas independentes através disso. [...] eu acredito que os grandes artistas pagam para que isso aconteça [terem suas músicas recomendadas]. Então creio que as recomendações também são movimentadas pelo capitalismo.”, completa. 

A jovem frisa que, mesmo gostando da plataforma, já que oferece músicas exclusivas e a usa para fazer praticamente tudo em sua vida, gostaria que essa questão das recomendações melhorasse, pois não seguem o que ela sinaliza. “Eu gosto de pagode, mas a plataforma sempre recomenda sertanejo. Mesmo eu colocando que não quero a recomendação, ainda sim aparece. Então eu acho que pelo menos o gosto do cliente deveria ser respeitado”. 

Como usuária do Deezer, Nicole Domingos, estudante de 19 anos de Jornalismo na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) conta que a plataforma recomenda novos artistas a ela: “A cada cantor novo que eu coloco na minha playlist, o Deezer me recomenda novos artistas parecidos que talvez eu goste.” Ela cita que com o aumento no uso da plataforma, teve seu gosto musical ampliado e acredita que “as plataformas de músicas vem crescendo cada vez mais, pois as pessoas estão cada vez mais necessitadas de distrações e é isso que a música faz conosco”.

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Muitas pessoas possuem o hábito de ouvir músicas quando estão lendo, estudando ou até fazendo afazeres domésticos. Foto: iStock by Getty Images 

Ao falar de distrações também pensamos nas redes sociais, que hoje são meios que ajudam músicos e artistas a virarem hits entre as pessoas. Para Matheus Dionizio, manter uma presença ativa nas redes sociais também é uma estratégia dos artistas independentes terem mais chances nas plataformas, já que como produtor musical, ele percebe que os músicos “enfrentam dificuldades em manter constância nos lançamentos, uma vez que o artista é o próprio produtor fonográfico (quem custeia a obra), e de se manter atualizado quanto às mudanças das plataformas de streaming”. Sendo ativo nas redes, o artista também consegue divulgar suas produções e alcançar outros públicos. 

Victor Alexandre coloca o TikTok como um exemplo disso, pois o aplicativo possui um algoritmo diverso e, para ele, mais inclusivo, o que torna a auto divulgação mais fácil em alguns casos. Mas ele também ressalta que isso pode trazer pontos negativos: “Hoje em dia existe uma mudança no meio da música em relação ao que as pessoas consomem. As músicas são mais curtas, elas têm que ter uma dancinha ou coisa do tipo, então ao mesmo tempo em que isso mudou para bom, mudou para mau também”. 

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A instituição marca a vida dos frequentadores, viabilizando a cultura, o lazer e o aprendizado
por
Victória da Silva
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28/11/2024 - 12h

 

O Serviço Social do Comércio, mais conhecido como Sesc, é uma entidade privada muito frequentada por paulistas e paulistanos, e desempenha um papel fundamental para a democratização do acesso à cultura e à educação. Seus espaços são repletos de exposições, shows, sessões de cinema, práticas de esportes e várias outras atividades que inserem os visitantes em um ambiente agradável.

Desde sua fundação - pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) em 1946 - o Sesc visa a melhoria de vida das pessoas que trabalham com comércio, suas famílias e a sociedade em geral. Além disso, tem a educação como base para a transformação social, fazendo com que ela seja alicerce de toda a instituição.

De acordo com o seu site: “No estado de São Paulo, o Sesc conta com uma rede de mais de 40 unidades operacionais – centros destinados à cultura, ao esporte, à saúde e à alimentação, ao desenvolvimento infantojuvenil, à terceira idade, ao turismo social e a demais áreas de atuação”.

Para Matheus Sampaio, graduado em história da arte pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e colaborador do Sesc Pinheiros, todos que vivem e amam cultura, consequentemente, amam o Sesc. A instituição é ligada ao setor do comércio e ganha 1% da verba de todo o estado, e dessa forma consolidou seu grande poder aquisitivo. “Eu acredito que esse poder está sendo voltado para a população, então eu considero fundamental e acho lindo”, afirma Sampaio.

Luíza Claudino, estudante de 17 anos, é uma das frequentadoras do Sesc e costuma ir às unidades Belenzinho, Guarulhos, Itaquera e Pompeia. A jovem compartilha que apesar de sua família não ser do âmbito comercial, ela frequenta os espaços desde criança. “Acredito que é isso que me faz gostar tanto do Sesc: ele é acessível a todos. Já fui em muitos shows, peças e exposições no Sesc, tudo por um valor baixo ou até mesmo de graça”, afirma.

A gratuidade de algumas das atividades do Sesc é ponto relevante, já que vários indivíduos, principalmente das periferias, não possuem recursos suficientes para obter o direito a essas experiências. Além disso, o Sesc quebra as barreiras e o estereótipo errôneo de que pessoas de baixa renda são desprovidas de cultura e desinteressadas pela esfera artística.

De acordo com Sampaio, esse estigma foi muito pautado em sua graduação, já que espaços como galerias e museus são, por vezes, inacessíveis às comunidades. Ele reforça: “O MASP, por exemplo, é um dos museus mais relevantes da América Latina e tem muita gente que não sabe disso e nunca visitou. Por causa desse distanciamento, não é algo fácil ou acessível. Já o Sesc - pensando nas artes visuais e nas exposições – rompe com esse paradigma, pois além das exposições serem gratuitas, elas estão localizadas em diferentes partes de São Paulo”.

A estudante do 3° ano do ensino médio, Nicolly Gomes, também considera o Sesc como um facilitador de acessos, já que beneficia a comunidade possuindo lazer de qualidade e preços acessíveis. “Eu gosto do Sesc porque é um ambiente acessível, com muitas opções culturais e esportivas, onde eu sempre posso participar e aprender algo novo", afirma.

Matheus, que até este ano já contribuiu para 21 exposições artísticas e passou por diferentes instituições como o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), Farol Santander e o Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia (MuBE), disserta que o Sesc já é valorizado, mas poderia ser ainda mais. “O que o Sesc faz é muito grande e bonito. O empenho de montar essas exposições e promover esses shows, gratuitos ou por um preço baixo, é encantador”, conta o educador.

Além do mais, muitas vezes as pessoas não vão para o Sesc em busca de uma exposição artística, mas ao ir para exercer outra atividade, elas se deparam com diferentes mostras. “É uma das coisas que eu gosto ainda mais do Sesc, porque ele realmente aproxima as pessoas. Claro que ainda existem várias camadas, ainda existe uma barreira, mas não tão grande quanto as grandes galerias de artes que até mesmo quando há gratuidade, não é nada convidativo”, ele completa.

Há diversas exposições em cartaz até dezembro de 2024 como “Novo Poder: passabilidade” na unidade da Avenida Paulista, “Terra de Gigantes” no Sesc Casa Verde, “Nós - Arte e Ciência por Mulheres” em Interlagos e “Um Defeito de Cor” na unidade Pinheiros.

 

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Visita de alunos da PUC-SP e Mackenzie na exposição “Um Defeito de Cor”. Foto: Victória da Silva

Para além do campo das artes, o Sesc alcança aqueles que gostam da prática de esportes. Luíza conta que faz parte do programa “Esporte Jovem” há quase três anos, este que promove o exercício de diferentes jogos entre jovens de 13 e 17 anos, ensinando as técnicas e táticas de cada um. “Jogo vôlei com uma turma muito bacana e aprendo bastante, tanto sobre a vida quanto sobre o esporte”, a estudante informa.

Alguns Sescs dispõem de piscinas para recreação e nado livre. São ao todo 15 unidades na capital e grande São Paulo que oferecem esse serviço, e possibilitam o usufruto desse lazer não só para crianças e adolescentes, mas também para o público 60+.

Embora haja muitos elogios à estrutura e até mesmo à comida do Sesc, há alguns pontos de melhoria que são considerados. Luíza, por exemplo, sente falta de um teatro no Sesc Itaquera, já que outras unidades comportam teatros, mas não há nenhum nessa unidade que ela habitualmente frequenta: “Com um teatro, teríamos mais peças, principalmente aquelas que poderiam interessar à população da periferia, onde a unidade fica localizada.” Já a outra jovem, Nicolly, declara a sua insatisfação pela pouca variedade de livros na biblioteca da unidade Guarulhos.

Em suma, a instituição Sesc atua de maneiras diferentes em todo o Brasil, mas garante - especificamente em São Paulo - um refúgio para os dias corridos da cidade grande e ainda, proporciona para diferentes indivíduos vivências e programas de qualidade. Luíza finaliza: “Penso que, com seus cursos e atividades, o Sesc muda a vida das pessoas. Como já participei de alguns cursos, pude ver essa transformação acontecer pessoalmente”.