Influenciadora é chamada de "homem" por espectadora; confusão gerou vaias, atraso no espetáculo e intervenção policial
por
Carolina Zaterka
Manoella Marinho
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15/04/2025 - 12h

 

Malévola Alves, influenciadora digital e mulher trans, denunciou ter sido vítima de transfobia no Teatro Renault, em São Paulo, no dia 26 de março de 2025, ao ser tratada pelo pronome masculino e chamada de “homem” por uma espectadora. O incidente ocorreu antes do início do musical “Wicked”. Malévola, com mais de 840 mil seguidores, publicou trechos do episódio em suas redes, que rapidamente viralizaram.

Segundo relatos de testemunhas e da própria vítima, a confusão começou quando Malévola esperava uma nota fiscal e a mulher atrás dela mostrou impaciência. As duas trocaram palavras e, ao se afastar, a mulher teria gritado "isso é homem ou mulher?" em sua direção. A vítima então se sentiu ofendida e levou a denúncia à plateia, apontando a espectadora como autora do ataque transfóbico, causando um tumulto que paralisou a plateia.

A reação do público foi de imediato apoio a Malévola, com vaias à agressora e pedidos para que ela fosse retirada do teatro. “A gente não vai começar a assistir a um espetáculo que é extremamente representativo para a diversidade com uma mulher dessa aqui. Não faz o menor sentido”, afirmou um dos espectadores durante o protesto.

Diante da pressão da plateia, a apresentação atrasou cerca de 30 minutos. A mulher acusada acabou saindo do teatro sob escolta policial, levada à  delegacia para realizar um boletim de ocorrência, recebendo aplausos e vaias dos demais presentes. Miguel Filpi, presente no evento, celebrou nas redes sociais: “Justiça foi feita!! Obrigado a todo mundo nessa plateia que fez a união para que isso acontecesse.”

Carlos Cavalcanti, presidente do Instituto Artium (Produtor do musical), pediu desculpas pelo ocorrido antes de dar início ao espetáculo: “Peço desculpas por esse acontecimento e por esse atraso. Tudo o que a gente pode admitir, é bom que a gente admita na vida, mas transfobia em Wicked, não dá”. A atriz Fabi Bang, também se manifestou durante e após o espetáculo: “Transfobia jamais” - uma improvisação durante a música “Popular”.

 

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Fabi Bang, atriz que interpreta Glinda, em apresentação do musical. Foto: Blog Arcanjo/Reprodução

Viviane Milano, identificada como a espectadora acusada, negou as acusações em um pronunciamento, alegando que a confusão na fila da bombonière não foi sobre identidade de gênero, mas sobre uma tentativa de furar fila. Ela afirmou: “Perguntei em voz alta: ‘Era o homem ou a mulher que estava na fila?’”, dizendo que sua pergunta foi mal interpretada.

A produção de Wicked e membros do elenco reiteraram seu compromisso com a diversidade e repudiaram o incidente. A nota oficial da produção destacou: “Nosso espetáculo é e continuará sendo um espaço seguro para todas as pessoas, independentemente de identidade de gênero ou orientação sexual.”

As últimas apresentações do cantor baiano reunem seus maiores sucessos e participações de grandes artistas brasileiros
por
Davi Rezende
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14/04/2025 - 12h

Tiveram início na última sexta-feira (11) os shows em São Paulo da turnê “Tempo Rei”, de Gilberto Gil, a última da carreira do lendário artista. O evento, que teve início em março, na cidade de Salvador (BA), chegou neste mês à capital paulista com quatro datas, duas neste final de semana e mais duas ao fim do mês.

Gilberto Gil em show no Allianz Parque cantando Aquele Abraço
Gilberto Gil em show da turnê "Tempo Rei" no Allianz Parque, em São Paulo/ Foto: Davi Rezende
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Reunindo participações especiais, cenários característicos e grandes sucessos da carreira do cantor, a turnê é uma grande celebração da história de Gil, enquanto seus últimos shows ao vivo. Desde os visuais até a performance do artista, tudo é composto de forma detalhada para transmitir a energia da obra de Gilberto, que se renova em apresentações vívidas e convidados de diversos gêneros musicais brasileiros.

Ao longo de mais de 60 anos de carreira, Gil conquistou uma das trajetórias mais consolidadas e respeitadas da música brasileira. Com mais de 50 álbuns gravados, sendo 30 de estúdio, ele se tornou uma lenda da bossa nova e do samba, com produções que se provam atemporais, além de participações em movimentos políticos e artísticos que marcaram o Brasil.

Gilberto Gil agasalhado em exílio nas ruas de Londres
Gilberto Gil no exílio em Londres/ Foto: Reprodução/FFLCH - USP

 

Na década de 60, após se popularizar em meio a festivais, Gil fez grande parte da luta contra as opressões da Ditadura Militar no Brasil, tornando-se peça importante no movimento da Tropicália. Ao lado de artistas como Caetano Veloso e Gal Costa, Gilberto foi protagonista na revolução da arte brasileira, além de compor grandes canções de resistência.

Em 1969, após o lançamento de um de seus maiores clássicos, “Aquele Abraço”, Gil se exilou fora do Brasil para fugir da Ditadura, em Londres. Na Inglaterra, ele seguiu produzindo e performando, ao lado de outros grandes gênios tropicalistas, até retornar em 1971, lançando no ano seguinte o álbum “Expresso 2222” (1972). Três anos após o grande sucesso, Gil lança o álbum “Refazenda” (1975), primeiro disco de uma trilogia composta por “Refavela” (1977) e “Realce” (1979).

Todos os grandes momentos da vida do cantor são representados na turnê, tanto com sua performance, dirigida por Rafael Dragaud, quanto na cenografia, montada pela cineasta Daniela Thomas. Na setlist, Gil ainda presta homenagens a grandes figuras da música, como Chico Buarque (que faz participação em vídeo tocado ao fundo de Gilberto, durante a apresentação) quando interpreta “Cálice”, canção de sua autoria ao lado do compositor carioca, e até Bob Marley, no momento que toca “Não Chore Mais” (versão da música “No Woman, No Cry” do cantor jamaicano) com imagens da bandeira da Jamaica ao fundo.

Gilberto Gil em show no Allianz Parque cantando Não Chore Mais
Gilberto Gil em show da turnê "Tempo Rei" no Allianz Parque, em São Paulo/ Foto: Davi Rezende

 

Nas apresentações no Rio de Janeiro, o artista convidou Caetano e Anitta para comporem a performance, enquanto em São Paulo, na sexta-feira (11) MC Hariel e Flor Gil, a neta do cantor, deram as caras, além de Arnaldo Antunes e Sandy terem participado do show de sábado (12).

A turnê “Tempo Rei” aproxima Gilberto Gil do fim de sua carreira, celebrando sua história nos shows que rodam o Brasil inteiro. A reunião de artistas já consolidados na indústria para condecorar o cantor em suas apresentações prova a grandeza de Gil e como sua obra é imortal, movimentando a música de todo o país ao seu redor. Sua performance é energética e vívida, como toda a carreira do compositor, fazendo dos brasileiros os súditos do Tempo Rei.

Gilberto Gil em show no Allianz Parque cantando Expresso 2222
Gilberto Gil em show da turnê "Tempo Rei" no Allianz Parque, em São Paulo/ Foto: Davi Rezende

As apresentações de Gil seguem ao longo do ano, encerrando em novembro, na cidade de Recife (PE). Em São Paulo, o cantor ainda se apresenta em mais duas datas, nos dias 25 e 26 de abril, no Allianz Parque.

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Filme brasileiro conta a história de uma senhora que através de uma câmera expôs uma rede de tráfico no Rio de Janeiro
por
Kaleo Ferreira
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14/04/2025 - 12h

O filme “Vitória” lançado no dia 13 de março de 2025, dirigido por Andrucha Waddington e roteirizado por Paula Fiuza, tem como tema a história de Dona Nina (Fernanda Montenegro), uma senhora de 80 anos que sozinha, desmantelou um esquema de tráfico de drogas em Copacabana, filmando com uma câmera a rotina do mercado criminoso da janela de seu apartamento.

 

Cena do filme ”Vitória” (Foto: CNN Brasil)
Cena do filme ”Vitória”. Foto: CNN Brasil

 

O longa é inspirado no livro “Dona Vitória Joana da Paz”, escrito pelo jornalista Fábio Gusmão e baseado na história verídica de Joana Zeferino da Paz. Grande força do filme vem da atuação de Fernanda, que consegue transmitir a solidão, indignação, determinação e a garra que a personagem teve para confrontar o crime na Ladeira dos Tabajaras.

O filme começa construindo uma atmosfera de grande tensão, claustrofobia e solidão dentro do pequeno apartamento com o reflexo da violência diante dos olhos, assim mergulhando na realidade crua do cotidiano carioca, expondo a fragilidade da segurança pública e o poder que o crime organizado possui. 

Em certos momentos, o ritmo da narrativa se torna um pouco lento e cansativo e a ação do longa começa com a introdução do jornalista Fábio, interpretado por Alan Rocha, que desenvolve uma relação de parceria com Dona Nina. Ele assiste às fitas gravadas por ela, provas de criminosos desfilando com armas à luz do dia, vendendo e utilizando drogas entre crianças e adolescentes, além de ter ajuda dos policiais para o tráfico. E diante de tudo, decide ajudar a senhora, assim escrevendo uma grande reportagem que colocaria os holofotes sobre todo o esquema de tráfico. 

 

Cartaz do filme (Foto: IMDb)
Cartaz do filme. Foto: IMDb

 

O filme tem a participação de outras atrizes, como Linn da Quebrada e Laila Garin, que mesmo em papeis secundários, também merecem destaque por agregar camadas à narrativa e mostrar diferentes facetas de como a comunidade é afetada pela violência.

Em resumo, “Vitória” é um filme emocionante e que faz refletir. Apesar dos problemas no ritmo do filme, a força de uma história real e a grande atuação de Fernanda Montenegro, com seus 95 anos, o consolidam como um filme digno de ser assistido e relevante para o cinema brasileiro. 

É um retrato da realidade brasileira que ao dar voz a uma história de resistência contra o crime, levanta questões importantes sobre segurança, justiça e o papel dos cidadãos contra a violência, dando esperança em resistir a toda criminalidade que a sociedade enfrenta com tanta frequência, além de dar voz a uma mulher que decide não se calar.

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O grupo sul-coreano encerra sua passagem pelo Brasil com o título de maior show de K-pop no país
por
Beatriz Lima
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09/04/2025 - 12h

 

Na primeira semana de abril, São Paulo e Rio de Janeiro foram palco dos shows da DominATE Tour, do grupo de K-pop Stray Kids. Em novembro de 2024, o grupo anunciou sua primeira passagem pela América Latina após sete anos de carreira, com shows no Chile, Brasil, Peru e México, causando êxtase aos fãs do continente.

Stray Kids é um grupo de K-pop composto por oito integrantes, Bang Chan, Lee Know, Changbin, Hyunjin, Han, Felix, Seungmin e I.N. O grupo estreou em 2018, após um programa eliminatório com diversos trainees da JYP Entertainment - empresa que gere o grupo. No dia 8 de julho de 2024, o grupo anunciou sua terceira turnê mundial chamada ‘DominATE Tour’, com shows iniciais pelo Leste e Sudeste Asiático e Austrália. 

A DominATE Tour foi anunciada para a divulgação de seu mais recente álbum, ATE, lançado dia 19 de julho de 2024. Com o sucesso mundial do grupo e da música “Chk chk boom”, com a participação dos atores Ryan Reynolds e Hugh Jackman no clipe, o grupo divulgou datas para a turnê na América Latina, América do Norte e Europa no início de 2025.

Foto de divulgação da turnê DominATE
Imagem de divulgação da turnê DominATE. Foto: Divulgação/JYP Entertainment

No Brasil, o octeto iniciou sua passagem pela cidade do Rio de Janeiro com seu show de estreia dia 1 de abril no Estádio Nilton Santos, com mais de 55 mil pessoas presentes no local. Em sua primeira data na cidade de São Paulo, sábado (5), o grupo sul-coreano teve os ingressos esgotados e, mesmo com chuva e baixas temperaturas, bateu o recorde de maior show de K-pop no Brasil, com um total de 65 mil pessoas no Estádio MorumBIS. No dia seguinte, o grupo teve seu último dia de passagem pelo país e somou no total - nos dois dias de show na capital paulista - 120 mil pessoas.

Show do Stray Kids no Estádio MorumBIS
Primeiro dia de show do Stray Kids em São Paulo. Foto: JYP Entertainment / Iris Alves

 

Os shows contaram com estruturas complexas e atraentes - com direito a fogos de artifícios e explosões de luz a cada performance -, tradução simultânea nos momentos de interação com o público, banda e equipe de dança do próprio grupo, além de estações de água e paramédicos à disposição do evento. Foram três noites marcantes tanto para os fãs brasileiros quanto para os próprios membros do grupo. “Eu sinto que tudo que nós passamos durante esses sete anos foi para encontrar vocês.” diz Hyunjin em seu primeiro dia de show no Brasil. 

Com o recorde de público nos shows e reações positivas na mídia e público brasileiro, o grupo promete voltar ao país em uma nova oportunidade, deixando claro seu amor pelo país e pelos fãs brasileiros. “Bom, é a sensação de que ganhamos uma segunda casa… todos nós [os oito membros]” declara o líder Bang Chan no primeiro show de São Paulo.

Membros do grupo após o show do Rio de Janeiro.
Foto divulgada após o show do Stray Kids no Rio de Janeiro. Foto: Reprodução/JYP Entertainment

 

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Último dia do festival em São Paulo também reuniu shows de Justin Timberlake, Foster The People e bandas nacionais
por
Maria Eduarda Cepeda
Jessica Castro
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09/04/2025 - 12h

 

Neste domingo (30), o Autódromo de Interlagos, na zona sul de São Paulo, recebeu o último dia da edição 2025 do Lollapalooza Brasil. O festival, que reuniu uma diversidade de estilos, contou com apresentações de bandas indies nacionais, como Terno Rei, e gigantes do pop, como Justin Timberlake. Como destaque, tivemos a histórica estreia da banda Tool em solo brasileiro, a volta de Foster The People ao festival e o show emocionante de encerramento do Sepultura, que consagrou sua importância como uma das maiores referências do metal, tanto no Brasil quanto no mundo.

Diferente do primeiro dia, o domingo foi marcado por tempo firme e céu aberto, sem a interferência da chuva. Com condições climáticas favoráveis, o público pôde aproveitar muito seus artistas favoritos ao longo do dia.

As primeiras atrações do dia já davam o tom da despedida do festival: uma mistura de muito indie, rock n’ roll e nostalgia no ar. No palco Budweiser, a cantora pernambucana Sofia Freire abriu os trabalhos com uma estreia marcante, conquistando o público com talento e carisma. E no palco Mike´s Ice, a banda "Charlotte Matou um Cara" chamou atenção por ter a vocalista, Andrea Dip, vestida em uma camisa de força. 

Além de cantora, Andrea é jornalista e faz parte da Agência Pública de Jornalismo Investigativo. Em 2013, recebeu o Prêmio Tim Lopes de Jornalismo Investigativo pelo seu trabalho na história em quadrinhos “Meninas em Jogo” e foi premiada pelo Troféu Mulher Imprensa na categoria site de notícias em 2016.

Vocalista da banda "Charlotte Matou um Cara", Andrea Dip, usando uma camisa de força rosa
A banda já dividiu palco com a cantora e atriz Linn da Quebrada. Foto: Adriana Vieira / Rock On Board

Com músicas que tratam temas como machismo, ditadura militar e a luta contra a violação do corpo feminino, o grupo trouxe para o festival a agressividade e a energia para o "dia do rock". 

Na sequência, o grupo Terno Rei assumiu o palco e transformou a plateia ainda tímida em um coro envolvido por seu setlist, que mesclou sucessos da carreira e novas apostas sonoras. A banda ainda aproveitou o momento para anunciar seu próximo álbum, “Nenhuma Estrela”, com lançamento marcado para 15 de abril.

Depois de 8 anos longe do Brasil, Mark Foster e Isom Innis voltaram pela terceira vez ao Lollapalooza Brasil. As músicas foram de seus sucessos mais recentes às músicas mais queridas pelos fãs, como "Houdini" e "Call It What You Want". Com um público morno, mesmo com a presença dos fãs fiéis, eles não desanimaram e se mostraram contentes por estarem de volta. A música mais famosa, "Pumped Up Kicks", finalizou a apresentação do grupo.

A banda Tool se apresentou pela primeira vez no Brasil após 35 anos de carreira, mas quem compareceu esperando ver o grupo e uma apresentação tradicional teve uma surpresa. Tool fez um show cru, sem pausas e sem momentos emocionados. O visual sombrio e imersão feita pelos visuais espirituais do telão comandaram os espectadores a uma experiência única no festival, sendo o show mais enigmático da noite. A setlist foi variada, com alguns de seus sucessos e músicas de seu álbum mais recente "Fear Inoculum". Apesar da proposta diferenciada, o público pareceu embarcar na viagem sensorial proposta pelo grupo. 

Vocalisa da banda Tool na frente do telão, mas não somos capazes de ver seu rosto, apenas sua silhueta
A presença enigmática do vocalista causou muita curiosidade entre os espectadores. Foto: Sidnei Lopes/ @observadordaimagem

Sepultura está dando adeus aos palcos ao mesmo tempo que celebra seus 40 anos de carreira, assim como o nome de sua turnê, "Celebrating Life Through Death". Fechando a edição de 2025 do festival, a banda teve convidados curiosos para a setlist. Para acompanhar a música "Kaiowas", o cantor Júnior e o criador do Lollapalooza, Perry Farrell, subiram no palco para integrar o ritmo agressivo dessa despedida. Com uma setlist semelhante a do show feito em setembro do ano passado, também dessa turnê de adeus, o grupo não deixou o clima cair mesmo com os problemas técnicos que enfrentaram. O som estava abafado e baixo comparado ao de outros palcos, a banda Bush enfrentou o mesmo problema em sua apresentação. 

A banda encerrou seu legado no festival com um de seus maiores sucessos internacionais, "Roots Bloody Roots", eternizando seu legado e deixando saudades em seus fãs que se mantiveram devotos até o fim.

No palco ao lado, o grande headliner da noite, Justin Timberlake, mostrou que seu status de popstar segue intacto. A apresentação, que não foi transmitida ao vivo pelos canais oficiais do evento, teve performances energéticas, muita dança e vocais entregues sem base pré-gravada.

Justin Timberlake se apresentando no palco principal do festival
Justin Timberlake encerra a terceira noite do festival Lollapalooza 2025. — Foto: Divulgação/Lollapalooza

Com um show marcado por coros emocionados em “Mirrors” e uma enxurrada de hits como, “Cry Me a River”, “SexyBack” e “What Goes Around... Comes Around”, ele reforçou sua presença como um dos grandes nomes da música pop.

Apesar de definitivamente não estar em sua melhor fase — após polêmicas envolvendo sua ex-namorada Britney Spears, que o acusou de um relacionamento abusivo, e uma prisão em 2024 por dirigir embriagado — Timberlake demonstrou um forte engajamento com o público, que saiu eletrizado do show. 

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A nova temporada da série explora o transtorno alimentar, a importância de ajuda médica e de parentes para o tratamento
por
Annanda Deusdará
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29/11/2024 - 12h

“Heartstopper”, série composta por três temporadas e dirigida por Euros Lyn, é uma adaptação do livro homônimo da autora Alice Oseman. A obra retrata a vida dos adolescentes Charlie (Joe Locke) e Nick (Kit Connor), descobrindo que estão apaixonados e lidando com as dificuldades da vida escolar e amorosa, além da homofobia. Outro ponto importante é o valor da amizade, mostrando também a vida de outros personagens que rodeiam o casal.

Durante toda a trama, Charlie apresenta problemas com comida, como na segunda temporada, nos episódios quatro e cinco, em que ele pula refeições e acaba desmaiando pela fraqueza. Apesar disso, o tema só foi aprofundado agora na terceira temporada, pautando a anorexia em todos os episódios. Entre eles, destaca-se o quarto episódio que aborda a internação do personagem, sendo dividido pelo ponto de vista dele e do Nick.

Apesar da busca pelo corpo perfeito ser o principal causador da doença, existem outros fatores como a predisposição genética, depressão e síndrome do pânico. Esse é o caso de Charlie, sua anorexia tem relação com outro transtorno mental, o transtorno obsessivo compulsivo (TOC). No quarto episódio, seu terapeuta declara a seguinte frase: "comer a coisa certa, na hora certa e nas circunstâncias certas". Sua condição também desencadeou automutilação, quando as crises se intensificaram.

No primeiro episódio, a questão é introduzida quando o casal conversa e Nick fala sobre suspeitar que o seu namorado tenha anorexia, já que sua relação com a comida havia piorado, mas Charlie nega. Em seguida Nick conversa com sua tia - que é psiquiatra - sobre o problema e qual a melhor forma de ajudar o parceiro. A profissional reforça que além do apoio, ele precisaria de ajuda médica, dizendo: "Ele precisa de mais do que o namorado de 16 anos”. Enquanto isso, Charlie pesquisa a respeito dos sintomas da doença e decide procurar um médico.

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Momento em que Charlie parte para a Clínica de transtornos mentais
Foto: Reprodução/Netflix

No terceiro episódio, o personagem apresenta muita fraqueza e cansaço pela falta de alimentação. Apesar de ainda ser resistente para falar sobre a anorexia, ele decide pedir ajuda dos pais e começar o tratamento. A trama retrata nesse momento que o problema de Charlie não está ligado à pressão estética. "Ouço uma voz na minha cabeça, que não é minha e ela diz que coisas ruins vão acontecer se eu comer ou fizer algo errado", declara.

Já na metade da série, há um episódio quase que inteiramente dedicado à doença, com narração dividida entre Charlie e Nick, lembrando ao espectador que apesar da nova temporada ter um foco maior em um personagem, ela ainda é sobre o romance e o relacionamento dos dois no meio das adversidades. Em setembro, Charlie vai ao médico e encaminham ele a uma clínica de distúrbios alimentares, mas ele só poderá fazer a consulta em janeiro.

A falta de acompanhamento faz a situação piorar, ele passa a comer menos, ficar mais irritado e faltar às aulas. No mês seguinte, ele decide se internar em uma clínica psiquiátrica para transtornos mentais, onde tem terapia semanalmente e acompanhamento nutricional. A série ressalta que a melhora é gradual e não acontece de repente. “A clínica não curou magicamente meu transtorno, mas me tirou do fundo do poço", afirma Charlie.

Até o momento, apenas sua família e seu namorado sabiam da sua doença, entretanto, ele escolhe contar aos amigos. Eles decidiram fazer uma caixa com vários objetos afetivos e memoráveis sobre o personagem que mostravam o quanto se importavam, como um documentário feito por Tao (William Gao) e uma pintura feita por Elle (Yasmin Finney). A cena reforçou a importância de se ter uma rede de apoio, que auxilia o indivíduo a passar por momentos difíceis.

A mudança no semblante de Charlie conforme o tempo passa é perceptível, ele fica mais leve e mais confiante, isso é perceptível através das suas falas e postura corporal. Em janeiro, o personagem volta para a escola, na qual ele havia saído em outubro após a internação. Seis meses após os acontecimentos, ele conseguiu completar três meses sem recaídas. 

Apesar da questão estética não ser o causador da doença, ela ainda é um problema. Charlie sente vergonha do seu corpo devido às cicatrizes causadas pela automutilação e tem medo de que Nick o ache nojento, abordando também a questão da auto-aceitação.

No final da trama, ele apresenta uma melhora na relação com os pais e um amadurecimento tanto em relação ao seu transtorno, com maior controle dos pensamentos intrusivos e aceitação do seu corpo, como em seu namoro com Nick, entendendo que cultivar as amizades é fundamental para não criar uma dependência emocional. 

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Foto do casal com seus amigos em um zoológico, comemorando os 16 anos de Nick, antes do início do tratamento. Foto: Reprodução/Netflix

​​​​​​O que é anorexia e como tratar?

É um distúrbio alimentar que pode provocar problemas físicos graves, como problemas estomacais, cardíacos e desnutrição. Um dos principais causadores da doença, vêm da pressão estética e do desejo pelo emagrecimento, o que leva a pessoa a fazer exercícios exagerados e pular refeições. A doença provoca uma distorção de imagem, fazendo com que o indivíduo se enxergue com o peso maior que o real.

De acordo com Táki Cordás, coordenador do programa de transtornos alimentares do Hospital da Universidade de São Paulo (USP), atualmente 15 milhões de pessoas sofrem de algum transtorno alimentar, destes 2 milhões têm anorexia. A faixa etária mais afetada são jovens entre 14 e 17 anos, com 95% dos casos entre as mulheres. Entre os homens o espaçamento é um pouco maior, sendo de 12 a 20 anos. Segundo o portal do Dr.Drauzio Varella, em casos de desnutrição extrema o índice de mortalidade varia entre 15% e 20%.

Para o tratamento, é necessário fazer acompanhamento médico com um terapeuta e um nutricionista, para tratar as causas físicas e mentais causadas pela doença. A reintrodução alimentar deve ser feita de forma gradual para evitar complicações. Em alguns casos, é necessário que a internação hospitalar seja realizada. Não existem medicações específicas para a anorexia, entretanto podem ser ofertados remédios que tratam as causas subjacentes, como a ansiedade e a depressão.

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A escritora e cantora Patti Smith retorna ao Brasil para uma série de apresentações, refletindo o impacto da sua obra na literatura contemporânea
por
Nicole Conchon
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29/11/2024 - 12h

 

 

Patti Smith em 2019, no Auditório Simon Bolívar, em São Paulo. Imagem: Liv Brandão/Colaboração para o UOL
Patti Smith em 2019, no Auditório Simon Bolívar, em São Paulo. Imagem: Liv Brandão/Colaboração para o UOL

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Em janeiro de 2025, a escritora e artista multifacetada Patti Smith volta ao Brasil em uma turnê que promete ser uma celebração da sua trajetória e arte em suas diversas formas. Conhecida por sua fusão entre poesia, rock e ativismo, a autora de “Just Kids” e “M. Train” se apresenta em São Paulo, para temporada de 2025 do Teatro Cultura Artística, junto à banda Soundwalk Collective. Além das performances musicais, a tour inclui palestras e encontros com os fãs, reforçando a profunda conexão de Smith com a literatura, a arte e a cultura alternativa

O Brasil, com sua efervescente cena artística, se prepara para receber uma das maiores ícones da música e da literatura contemporânea, que, ao longo de sua carreira, sempre desafiou as fronteiras e convenções, mantendo sua autenticidade e paixão por transformar a arte em um veículo de reflexão social. 

Inaugurado em 1950, o Teatro Cultura Artística foi devastado por um incêndio em agosto de 2008 e ficou fechado até este ano. Embora o prédio tenha sido destruído, o arquivo histórico e um painel de Di Cavalcanti (1897-1976) foram preservados. A obra de arte continua exposta na entrada do teatro. Nesta nova fase, o espaço, que antes era voltado para a música clássica e o teatro, passará a se concentrar em apresentações de MPB e jazz, deixando de lado as peças teatrais.

 

Fachada do Cultura Artística
Fachada do Cultura Artística com o painel de Di Cavalcanti. Reprodução: IFCH/Unicamp

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Impacto de Patti Smith

Patti Smith é uma figura icônica que teve uma implicação profunda tanto na música quanto na literatura. Na música, ela se destacou como uma das pioneiras do movimento punk nos anos 70, mesclando rock, poesia e performance em seu álbum seminal "Horses" (1975). Sua abordagem artística, que desafiava convenções de gênero e estilo, ajudou a redefinir o papel da mulher no rock, abrindo caminho para outras artistas. Sua voz crua e suas letras poéticas e carregadas de intensidade emocional marcaram uma geração e continuam a influenciar músicos de diversos gêneros.

Na literatura, Patti Smith contribuiu como escritora e poeta, com obras que exploram temas de identidade, perda e a busca por significado. Seu livro mais famoso "Just Kids" (2010), é uma memorável autobiografia sobre sua juventude em Nova York e seu relacionamento com o fotógrafo Robert Mapplethorpe. O livro foi amplamente aclamado pela crítica e ganhou Prêmio Nacional do Livro. 

A escrita de Smith é marcada pela mesma sensibilidade e intensidade que sua música, e sua habilidade de conectar experiências pessoais com questões universais a consolidou como uma figura relevante no mundo literário. Assim, Patti Smith construiu uma carreira única que transcende as fronteiras entre a música e a literatura, influenciando e inspirando gerações de artistas e leitores.

 

 

 

 

 

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Produção que tem lançamento previsto para o próximo ano, deixa os fãs da animação ansiosos
por
Gisele Cardoso
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29/11/2024 - 12h

O live action da animação de 2010, foi gravado na Irlanda do Norte e tem estreia prevista para 13 de julho de 2025. O longa será protagonizado por Mason Thames e o elenco ainda soma com Nico Parker, Nick Frost e Julian Denisson.

O filme conta a história de Soluço, um jovem viking que luta entre as tradições de seu povo e suas próprias convicções. Em determinado momento da trama, o personagem conhece Banguela, um dragão com quem constrói uma amizade que mudará o rumo da história.

A Dream Works já divulgou o primeiro trailer e o pôster oficial do filme. Foto: Reprodução/ Dream Works
A Dream Works já divulgou o primeiro trailer e o pôster oficial do filme. Foto: Reprodução/ Dream Works

 

As novas imagens do filme mostraram que a produção promete ser fiel à animação. Porém, a escolha de Nico Parker como Astrid, gerou um descontentamento em alguns fãs por não se parecer fisicamente com o personagem. O diretor, Dean DeBlois, defendeu a decisão  em suas redes sociais: “Estamos criando uma fantasia, não um fato histórico”.

Segundo DeBlois, o elenco foi definido com os atores que melhor encarnavam as personalidades e não apenas se assemelhavam a eles. Quanto a fidelidade ao original, o diretor ainda completou: "Não estamos fazendo um remake cena a cena. Apenas gravamos os momentos-chave para homenagear o original, do qual continuo muito orgulhoso. O teaser apresenta alguns desses momentos. Em vez de uma história completamente nova, buscamos embelezar e aprofundar, sem abandonar a história que os fãs amam."

Confira o trailer:

https://youtu.be/pPeyZiQIlOg?si=JIqrkrP8iwQKUMl0

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A produção ganha o formato de minissérie na plataforma e promete agradar os apaixonados pelo livro
por
Gisele Cardoso
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29/11/2024 - 12h

A Netflix divulgou nesta segunda-feira (24) o trailer oficial de “Cem anos de solidão”, uma adaptação do livro homônimo escrito pelo colombiano Gabriel García Márquez, e que tem estreia marcada para 11 de dezembro.

A minissérie conta a história de José Arcadio Buendía (Marcos González) e Úrsula Iguarán (Susana Morales), um casal que precisa enfrentar suas famílias e fugir para continuarem juntos. Em busca de um lugar onde possam recomeçar, eles fundam a cidade de Macondo, a vila que se torna cenário para romances, episódios de loucura, guerras e para a maldição que parece condenar as gerações da família Buendía a cem anos de solidão.

Os efeitos plásticos foram a aposta da produção para traduzir o realismo mágico da obra de forma orgânica. Foto: Divulgação/Netflix
Os efeitos plásticos foram a aposta da produção para traduzir o realismo mágico da obra de forma orgânica. Foto: Divulgação/Netflix

Foram confirmados 16 episódios que serão lançados em duas partes de oito capítulos cada. A produção foi dirigida por Laura Mora Ortega e Alex García López, que se alternam à frente dos episódios.

O escritor Gabriel García faleceu em 2014, aos 87 anos, deixando três filhos. Representando o pai, Gonzalo Garcia e Rodrigo Garcia, são os produtores executivos de “Cem anos de solidão”.

Confira o trailer:

https://youtu.be/W-DGYuXY4Wo?si=wI9a_J8qZUKYyqii

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Números mostram que o cenário é bom para músicos emergentes, mas ainda há o que melhorar
por
Nathalia de Moura
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28/11/2024 - 12h

O Brasil é um dos maiores mercados musicais do mundo e em 2023, atingiu o nono lugar neste setor, segundo relatório divulgado em março de 2024 pela Pró-Música, entidade que atua em favor dos interesses das principais produtoras e gravadoras fonográficas do país. Faz sete anos que os brasileiros aparecem entre os dez principais mercados musicais do mundo. 

Streamings de música como Spotify, Deezer e Apple Music vem tendo um aumento em seus usuários e consequentemente, em seus lucros. Artistas independentes recorrem cada vez mais a essas plataformas para alavancarem suas produções, mas ainda assim enfrentam alguns desafios, algo também relatado por alguns usuários que veem a necessidade de melhora em alguns quesitos nos aplicativos.

Os apps e seus assinantes 

Atualmente, é difícil vermos alguém que não tenha contato com a música. Com o avanço das tecnologias, os chamados streamings de áudio também ocupam seus lugares em vários dispositivos pelo Brasil. Com opções gratuitas e as premiums, que são pagas, as plataformas estão se aprimorando. Além de músicas, outras funções surgiram, sendo possível ouvir podcast, ver os clipes das músicas e até dinâmicas para analisar em um certo período as interações da pessoa com determinadas músicas, gêneros ou artistas. 

O Spotify, empresa sueca, registrou mundialmente um aumento de usuários mensais ativos (gratuitos e pagos) de 19% em relação ao ano anterior, atingindo cerca de 615 milhões no primeiro trimestre de 2024. Isso representa um acréscimo de 13 milhões de contas, comparado ao mesmo período de 2023. A receita da empresa foi de aproximadamente US$ 3,9 bilhões, pois os assinantes do Spotify Premium cresceram 14%, chegando a 239 milhões de usuários. Porém, o relatório disponibilizado por eles mostra que a proporção de assinantes premium é de 39,3%, e a dos usuários gratuitos representa os 60,7% restantes. Um dos motivos pode ser o corte de gastos dos ouvintes, fazendo-os acessar o aplicativo pelo plano gratuito. 

Ruan Silva, de 19 anos, usuário do Spotify, acredita que o aumento nas plataformas de música esteja atrelado aos novos planos de assinaturas e benefícios ao ouvinte. Ele relata que quando usava o aplicativo gratuito, havia muitas limitações e após passar para o plano premium, facilitou a experiência na plataforma. “Houve um crescimento significativo do meu tempo no app, muito por conta da assinatura Premium, que deixa bem mais autônomo as músicas que são reproduzidas”. Ele também critica o grande volume de anúncios na versão gratuita e o fato de o ouvinte poder escolher apenas cinco músicas por dia após o primeiro mês do plano grátis: “As músicas são trocadas de formas aleatórias, e para mim, essa questão precisa ser corrigida para uma melhor experiência no aplicativo.”, completa. 

Por outro lado, Ágnes Coser, de 17 anos, possui uma experiência com a versão Premium e alega que a plataforma “é bem eficaz e não tem muito o que mudar”. A estudante vê, a partir de conversas com amigos, que o acesso aos streamings de áudio vem aumentando, pois eles observam muitas propagandas para a utilização desses aplicativos. “Eu uso o Spotify duas horas por dia em média, e sinto que esse tempo de uso vem aumentando ao longo dos meses.”, afirma. 

O Apple Music, outro aplicativo de áudio presente no mercado e vinculado à empresa americana Apple, não divulga o balanço oficial de usuários desde 2019, quando atingiu 60 milhões de assinantes globalmente. Em 2020, o analista Gene Munster, da Loup Ventures, empresa de pesquisa e capital de risco focada em tecnologia, estimou que a plataforma já teria atingido 82 milhões de contas. O aplicativo conta com mais de 100 milhões de músicas e em alguns casos, a partir de parcerias com a Apple, oferece lançamentos exclusivos aos assinantes como o de Dancing In The Flames, do cantor canadense The Weeknd.

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Em 2023, o mercado fonográfico brasileiro obteve lucro de R$2,864 bilhões. Foto: Getty Images 

A Deezer, plataforma de origem francesa, atingiu no mercado global o número de 10,5 milhões de assinantes em 2023, sendo 2,7 milhões deles no Brasil, segundo a diretora global de Marketing da empresa, Maria Garrido, em entrevista à Época Negócios. Uma das mudanças que alavancaram a plataforma foram as parcerias com outras empresas de e-commerce e mídias. Nos países da América Latina, por exemplo, a parceria foi com a empresa Mercado Livre: quem assinasse o Meli+ (programa de assinatura da organização de Buenos Aires) garantia um ano de acesso ao Deezer Premium. 

Todas as plataformas apresentam serviços parecidos e os diferenciais são voltados aos planos disponíveis e as vantagens de cada aplicativo. O Spotify e o Apple Music possuem o plano Universitário que se encontra em torno de R$11,90 e é voltado para estudantes do ensino superior. A assinatura individual, que também encontramos na Deezer, varia entre R$20 e R$25 nos três streamings. Já o Duo, que são duas contas pelo preço de uma, varia entre R$27 e R$33. Por último, encontramos o plano Família também nas três plataformas, no qual seis contas valem o preço de uma e custam entre R$34 e R$40. Essas plataformas também oferecem o plano gratuito, mas que não traz ao assinante autonomia para navegar nos aplicativos. 

O impacto aos artistas independentes 

Artistas independentes buscam seu lugar no meio artístico e apostam nos streamings de música para alavancar suas produções, aproveitando o avanço da tecnologia para produzir sem a necessidade de uma gravadora renomada e para alcançar um público cada vez maior. Na maioria das vezes, para compartilhar aquela música que está guardada em seu celular nas plataformas de áudio é necessário se vincular a algum distribuidor como SoundOn, CD Baby, Tunecore, entre outros. Eles são a ponte entre o artista e os streamings, e garantem uma compatibilidade com as diretrizes das plataformas. Possuem diferentes modelos de benefícios, recursos e preços, então é essencial fazer uma pesquisa para saber qual deles é melhor para cada artista. 

Mesmo com esses meios de acesso, ainda há obstáculos para os artistas independentes crescerem nos streamings de áudio. Victor Alexandre, artista independente de 21 anos e estudante de Direito na Universidade de São Paulo (USP), cita que os maiores desafios nesse meio são justamente o fato de se inserir nas plataformas e ter visibilidade. Ele conta sua experiência no Spotify, quando precisou passar por alguns trâmites para que sua música estivesse em alguma playlist e assim ganhasse notoriedade. “Antes do lançamento, você precisa escolher uma playlist e tem que escrever um texto gigante explicando por que você acha que sua música tem que entrar nela, falar um pouco do lançamento, e no final das contas, não entra. Normalmente, para conseguir, você tem que ser de alguma gravadora”. 

Victor também acredita que o fato de fazer tudo sozinho é uma dificuldade enfrentada, pois grandes artistas podem ir aos estúdios para gravar suas músicas, contam com ajuda nas produções e conseguem apoio publicitário. “No último lançamento eu escrevi a música, toquei os instrumentos, produzi, fiz a divulgação, fiz a capa. Então, é muito difícil ter que fazer tudo, ao mesmo tempo que é bom você ter controle, também é desgastante. [...] Para você ter uma oportunidade, para você ter visibilidade, você tem que, claro, ter um trabalho bem-feito, mas também um pouco de sorte”, completa. 

Mesmo sendo algumas vezes um obstáculo, a autonomia que artistas independentes têm em produzir suas próprias músicas sem precisar de um empresário ou gravadora para isso também é visto como algo positivo. Matheus Dionizio, de 24 anos, é produtor musical, atua como artista independente no cenário da música cristã e acredita que hoje vivemos uma democratização da música. “Com o crescimento da tecnologia, pessoas produzem e ‘bombam’ suas canções utilizando até mesmo o celular. As plataformas de streaming ‘acabaram’ com as cópias físicas [CD’s] e tornaram simples o lançamento de canções. [...] Pode-se dizer com toda certeza que elas não só oferecem meios para visibilidade de artistas independentes, mas que são o próprio meio”.

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Além de ser um artista independente, Matheus Dionizio produz e acompanha outros artistas como ele. Foto: Reprodução/Instagram/@matheusdionizios 

O lucro é gerado, mas e os streams? 

Em janeiro de 2024, o Spotify divulgou que os artistas independentes geraram quase US$ 4,5 bilhões de lucro em 2023 e isso representa metade do que toda a indústria obteve no ano na plataforma, cerca de US$9 bilhões. Além disso, o streaming informou que mais da metade dos 66 mil artistas que conseguiram US$10 mil no aplicativo são de países em que a língua inglesa não é a primeira, destacando o português, o francês, o espanhol, o coreano e o alemão. 

Segundo o relatório da Pró-Música, em 2023 o Brasil teve 87,1% do total da renda do mercado musical gerada pelos streamings, alta de 14,6% comparado a 2022. As plataformas como Deezer, Apple Music e Spotify tiveram um crescimento de 21,9% nas assinaturas e atingiram R$1,6 bilhão nas receitas do país. Matheus Dionizio vê essa alta no mercado algo positivo e mesmo que parte desse faturamento vá para grandes artistas, ainda sim “demonstra a força do mercado musical brasileiro e amplia as oportunidades para todos”. Para o produtor, com mais ouvintes nas plataformas, o público se torna mais diverso e propício a descobrir novas vozes, e “com um ecossistema mais próspero, as plataformas de streaming investem em curadoria e apoio a artistas emergentes, dando maior visibilidade a quem ainda busca seu espaço”. 

O destaque a aqueles que ainda procuram crescer no ramo nem sempre chega aos usuários. Beatriz Mariano, de 21 anos e assinante do Apple Music fala que, mesmo utilizando em média o aplicativo por duas a quatro horas do seu dia, não tem como sugestões artistas novos, mas apenas as músicas do momento. “Eu gosto muito de ir atrás de playlists aleatórias e conhecer artistas independentes através disso. [...] eu acredito que os grandes artistas pagam para que isso aconteça [terem suas músicas recomendadas]. Então creio que as recomendações também são movimentadas pelo capitalismo.”, completa. 

A jovem frisa que, mesmo gostando da plataforma, já que oferece músicas exclusivas e a usa para fazer praticamente tudo em sua vida, gostaria que essa questão das recomendações melhorasse, pois não seguem o que ela sinaliza. “Eu gosto de pagode, mas a plataforma sempre recomenda sertanejo. Mesmo eu colocando que não quero a recomendação, ainda sim aparece. Então eu acho que pelo menos o gosto do cliente deveria ser respeitado”. 

Como usuária do Deezer, Nicole Domingos, estudante de 19 anos de Jornalismo na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) conta que a plataforma recomenda novos artistas a ela: “A cada cantor novo que eu coloco na minha playlist, o Deezer me recomenda novos artistas parecidos que talvez eu goste.” Ela cita que com o aumento no uso da plataforma, teve seu gosto musical ampliado e acredita que “as plataformas de músicas vem crescendo cada vez mais, pois as pessoas estão cada vez mais necessitadas de distrações e é isso que a música faz conosco”.

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Muitas pessoas possuem o hábito de ouvir músicas quando estão lendo, estudando ou até fazendo afazeres domésticos. Foto: iStock by Getty Images 

Ao falar de distrações também pensamos nas redes sociais, que hoje são meios que ajudam músicos e artistas a virarem hits entre as pessoas. Para Matheus Dionizio, manter uma presença ativa nas redes sociais também é uma estratégia dos artistas independentes terem mais chances nas plataformas, já que como produtor musical, ele percebe que os músicos “enfrentam dificuldades em manter constância nos lançamentos, uma vez que o artista é o próprio produtor fonográfico (quem custeia a obra), e de se manter atualizado quanto às mudanças das plataformas de streaming”. Sendo ativo nas redes, o artista também consegue divulgar suas produções e alcançar outros públicos. 

Victor Alexandre coloca o TikTok como um exemplo disso, pois o aplicativo possui um algoritmo diverso e, para ele, mais inclusivo, o que torna a auto divulgação mais fácil em alguns casos. Mas ele também ressalta que isso pode trazer pontos negativos: “Hoje em dia existe uma mudança no meio da música em relação ao que as pessoas consomem. As músicas são mais curtas, elas têm que ter uma dancinha ou coisa do tipo, então ao mesmo tempo em que isso mudou para bom, mudou para mau também”. 

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