Não sou um robô, uma etapa de checagem comum ao navegar na internet e uma sentença obviamente verdadeira, ou talvez não. O curta-metragem de co-produção holandesa e belga de mesmo nome, problematiza o chamado teste Captcha, quando a protagonista Lara (Ellen Parren, produtora musical, entra em uma crise existencial ao não conseguir provar sua humanidade.
Logo de cara o enredo de Victoria Warmerdam, também diretora da obra, pode parecer apenas cômico, e a interpretação de Parren colabora para essa atmosfera. Os diálogos curtos e a indignação diante de uma suposta certeza de Lara prendem a atenção do telespectador ao fazer com que haja identificação com a situação. Provavelmente todos nós já erramos um destes testes simples em algum momento.
A história com pouco mais de 20 minutos continua com a indicação que a personagem tem a chance de ser 87% um robô, segundo um quiz online, e a essência incômoda da ficção científica começa a reluzir. Conversas entre humano e máquina existem há cerca de 60 anos, com a criação do chatbot Eliza, e com o avançar dos anos é cada vez mais comum, de fato.
Seja aquele número para marcar consultas ou o serviço de atendimento ao cliente das operadoras, a Inteligência Artificial rodeia as esferas da vida cotidiana e vem evoluindo rapidamente. Tome como exemplo o robô humanoide que já foi capa de revista e é considerada cidadã saudita, Sophia, da Hanson Robotics desenvolvido em 2015. Ou ainda os influencers virtuais com milhões de seguidores do Instagram hoje como a carismática Lu da empresa de varejo brasileira, Magazine Luiza.

Parece que a barreira entre o físico e digital, natural e artificial vem sendo quebrada, como aborda a obra de Margareth Boarini, “Dos humanos aos humanos digitais e os não humanos”, lançada em julho do ano passado pela editora Estação das Letras e Cores. O primeiro livro da doutora em tecnologias da inteligência e mestre em comunicação se aprofunda nesses casos de coexistência entre robôs e pessoas, porém, até onde se sabe as diferenças entre máquinas e humanos são perceptíveis, ainda.
Mas como uma boa teoria de ficção científica, o documentário explora justamente um possível futuro da humanidade, em que máquinas e humanos serão indistinguíveis, A saga de Lara por respostas acaba com a revelação de que Daniël (Henry van Loon), marido da personagem, a encomendou sob medida há alguns anos, como se faz com uma roupa hoje.
Suas memórias, sentimentos e até mesmo relações com outras pessoas, ou robôs, são todas fabricadas, como uma versão muito mais avançada do robô Sophia. A comédia permeia a narrativa um tanto quanto impensável aos olhos de hoje, mas curiosa. A seriedade da executiva da empresa que fabricou Lara, Pam (Thekla Reuten) cria uma atmosfera cômica ao assunto, completada pela tranquilidade que Daniël fala sobre sua “aquisição”.
Parren entrega uma atuação que transborda indignação, e o trabalho cinematográfico é inteligente, com cortes que acompanham a visão de Lara. Sobre o ambiente que o filme se passa, todas as gravações foram no CBR Building em Bruxelas, e a ambientação feita com cores vibrantes e apenas carros de época no estacionamento propõe um contraste entre antigo e moderno, frio e robótico, quente e humano.
O desfecho se dá com o desejo da protagonista de ser dona do próprio destino, relegando o fato de não poder morrer antes de seu “dono”. Isso pode ser visto talvez como uma negação em aceitar a única coisa que a diferencia de um humano, ou como uma mensagem da autora da obra sobre uma rebelião das máquinas.
Fato é que Lara se joga do topo do prédio, em um take muito inteligente por parte da direção ao filmar de cima, e que apesar de pesado e grotesco consegue ser engraçado e não desagradável aos olhos. Tal qual uma morte comum, há muito sangue saindo do corpo, as necessidades fisiológicas também são como de humanos, mas após alguns instantes a robô volta à vida.

Incômodo e perspicaz são boas palavras para definir a quinta produção de Warmerdam, que a fez faturar uma série de prêmios internacionais incluindo o Oscar de Melhor Curta-metragem deste ano. Sua produção também se destaca por ser carbono neutro, com o plantio de uma agrofloresta na Holanda para compensar as emissões de gás carbônico (CO2) da obra.
I’m Not a Robot está disponível de forma gratuita no YouTube desde o dia 15 de novembro de 2025 no canal The New Yorker, com legendas apenas em inglês ou holandês. Mesmo com essa barreira linguística, o choque final é inevitável, e a reflexão provavelmente também, se o seu cérebro não estiver se perguntando se você pode ser também um robô.
“As redes sociais são fundamentais para determinar o sucesso de certas músicas”, destaca o doutor em Musicologia pela Universidade de São Paulo, Thiago Souza, conhecido popularmente por Thiagson, ressaltando a mudança que o mundo digital provocou na maneira de fazer e consumir música. "As redes sociais devolveram o lado social e imagético da música, algo que foi um tanto esquecido no século XX”, e acrescenta, com "o surgimento do Spotify, a imaterialidade finalmente dominou a indústria musical, dando adeus para os discos e CDs, “com a era do streaming tudo está nas nuvens”, diz o musicólogo .
O nascimento do digital popularizou o consumo e produção de músicas mundialmente. No século XX, o que parecia impossível, agora torna-se mais viável: antes, eram poucas as pessoas capazes de lançar-se no mercado musical, o processo era longo e exigia até mesmo sorte. Envolvendo participação em festivais, produção de disco, etc.. Isto é, o jeito de produzir música era caro e complexo. Mas o de consumir também, dependendo da compra de discos e CDs, que rodavam em aparelhos específicos, como vitrolas e rádios.
Atualmente, a situação se reconstruiu. Com as redes sociais, todos podem lançar uma música. O YouTube, por exemplo, tornou o processo mais fácil e popular. Assim como também a própria maneira de ouvir música tornou-se mais simples, é preciso um toque para abrir um aplicativo. Porém, o controle por algoritmos também fez parte desta reconstrução do meio musical.
“Muito se fala sobre como os algoritmos funcionam. Mas, o grande problema é que não existe uma transparência. As empresas não compartilham dados reais de como a coisa funciona. Podemos aprender a observar como o algoritmo se comporta, mas não há certeza. No fundo tá todo mundo dando um tiro no escuro”, expõe Thiagson Souza. “Antes a música era uma experiência muito mais social, isso tornava a música uma experiência mais rara".
"Com o surgimento das gravações e reproduções, a música foi se separando cada vez mais do ser humano e foi virando um produto comercializado em discos, fitas e depois MP3 e streaming”, comenta Thiago a respeito de um indústria musical que busca a venda e a massificação do objeto musical em detrimento de sua aura e originalidade. "A música ainda parece ser uma espécie de aposta que permite uma considerável ascensão social. Mas, há muitos artistas que se preocupam mais com o produto do que com os lucros”, diz.
A rede social apresenta um papel de relevância na indústria da música moderna, pois tornou-se a principal vitrine dos cantores. Se uma música viraliza no Tik Tok, os produtores atingem, então, sua principal meta, fazer dinheiro. Todos os artistas se veem cada vez mais entregues ao mercado, porque as redes e os algoritmos são quem define a popularidade “merecida” para aquela música.
Conhecido pelos seus grandes shows, mas também pela lama, o Lollapalooza fez jus à sua fama na sexta-feira (28). Mesmo com riscos de raios e pausas por causa do clima - o que levou a atrasos nos shows - a chuva não conseguiu tomar o posto de headliner. O público resistiu até o final da noite para prestigiar os shows de Jão, Rüfüs du Sol e Olivia Rodrigo.
Olivia Rodrigo
As saias brilhantes, os sutiãs vermelhos aparecendo e até mesmo as capas de chuva roxas denunciavam que a maior parte das pessoas estavam ali para ver ela: Olivia Rodrigo. Uma plateia diversa que reuniu de pré-adolescentes até adultos com looks inspirados nos clipes da cantora. Com um outfit inédito da Roberto Cavalli — sexy, jovem e rebelde, assim como seu show —, a artista entoou seus hits para a multidão. Os fãs sabiam letra por letra, até mesmo das músicas menos famosas. Após anos de espera, ela finalmente veio ao Brasil com sua segunda turnê mundial: Guts World Tour.
Os vocais da cantora eram bons em momentos mais lentos, como em “Traitor” e “Happier”, mas, naturalmente, a americana derrapava nas músicas mais agitadas, combinadas a coreografias. Porém, isso não atrapalhou a experiência. Apesar de não ter backing vocals no palco, o público servia como um coral, cobrindo qualquer nota que saísse fora do tom.
Ao tocar seu maior hit, “Driver 's License”, ela admitiu que a plateia do Lolla 25 era a mais alta que já presenciou em toda a carreira. E mais uma vez os brasileiros receberam o elogio de melhor público do mundo, quando o grito de “Olivia eu te amo” de milhares de vozes emocionou a americana de apenas 22 anos.

Girl In Red
Marie Ulven Ringheim, conhecida como Girl In Red, entrou no palco com atraso devido à pausa por risco de raios na região. Mas, foi recebida por um público caloroso que não se incomodou com a chuva no início do show, que logo parou e foi substituída por um lindo arco-íris - digno do pop sáfico da cantora.
A norueguesa arriscou um português para agradecer aos brasileiros por dançarem nas músicas animadas e cantarem toda a letra de seus hits como “I Wanna Be Your Girlfriend”. Já em inglês, ela impactou ao afirmar “God is gay”, Deus é gay, em tradução livre.

Rüfüs du Sol
Após 6 anos do seu último Lolla Brasil, o trio australiano retornou ao festival como headliner do palco Samsung Galaxy. Mesmo com o line-up do dia mais voltado para música pop, Rüfüs du Sol conseguiu animar o público brasileiro com seus hits eletrônicos. Em meio a lama, os brasileiros dançaram ao som de “Music is Better” e fizeram coro com “Inner Bloom”.
Tyrone Lindqvist, vocalista, James Hunt, baterista e Jon George, tecladista, disseram ao longo do show que estavam muito felizes de voltar ao Brasil e agradeceram ao público pela presença.

Empire of the Sun
Empire of the Sun subiu ao palco com estrutura e roupas psicodélicas que, juntamente com as músicas, provocaram uma viagem na imaginação do duo. A audiência se animava ao identificar, nas músicas, os 15 segundos virais do TikTok, mas, eles provaram ser muito mais do que isso. “Walking on a Dream” fez todos levantarem seus celulares e cantarolar o refrão. Para além da cenografia extravagante — com robôs reflexivos dançando —, os vocais de Luke Stelle eram poderosos.

Jão
No último show antes de um prometido hiato, Jão mostrou todo o seu potencial e colocou fogo em tudo. “Eu sou um popstar”, atestou ele. Em um repertório pensado para ser um presente aos fãs, o cantor incluiu “:( (Nota de Voz 8)”, que não cantava há cinco anos, mas retirou grandes hits que um público diversificado do festival pede, como “Vou Morrer Sozinho” ou “Pilantra”, parceria com Anitta.

Na sexta-feira, 21 de março, a nova adaptação brasileira de Wicked estreou no teatro Renault em São Paulo. A peça está em cartaz pela terceira vez no Brasil, com versões em 2016 e 2023, e está sob o comando da direção de Ronny Dutra e com a liderança das atrizes Myra Ruiz e Fabi Bang. O musical já vendeu mais de 80 mil ingressos para sua temporada que vai até 8 de junho, e já é sucesso nas redes sociais.
Após, sucesso de bilheteria do filme ano passado, que ganhou até o Oscar (2025) de Melhor Designer de Produção e Melhor Figurino, o espetáculo estreia entre o sucesso do primeiro filme e a espera do segundo - já que foram divididos em ato 1, filme 1 e ato 2, filme 2. Dessa forma, a plateia mistura-se entre fãs antigos da peça, que estreou na Broadway em 2003, e fãs novos, que conheceram através do filme
A montagem conta uma história que antecede o enredo do clássico, Mágico de Oz. E se desenvolve na trama da Elphaba, a Bruxa Má do Oeste, e da Glinda, a Bruxa Boa do Norte. O musical, através de uma trilha sonora premiada, conta como elas se conheceram, e mesmo sendo completamente diferentes, criaram uma amizade verdadeira. Essa nova versão brasileira promete apresentar essa história de forma ainda mais especial para os fãs.
A produção teve 19 milhões de reais em investimento para cenário, profissionais de música, figurino, iluminação e ilusionismo para tornar o espetáculo uma experiência ainda mais imersiva para o público.

Receber no país obra oficial desse porte, além de ser um grande presente para os fãs, é um marco para o teatro musical brasileiro e para os artistas do país. Afinal, as personagens já viraram verdadeiros clássicos. Roberto Montezuma, professor de canto e especialista em preparação vocal para teatro musical, é o preparador de Tabatha Almeida, uma das Elphabas escolhidas para compor o elenco desta versão, e conta a emoção do processo. Apesar de também ser cantor lírico, ele confessou que seu maior sonho profissional seria preparar alguém para o papel de Bruxa Má do Oeste.
“Categorizar uma Elphaba, gravar uma Elphaba seria talvez a coisa mais importante que eu faria na minha vida, profissionalmente falando. Em verdade, eu perdi a conta de quantas vezes eu já chorei de alegria de lembrar que a Tabatha vai fazer a Elphaba”, alegra-se Montezuma.
Tabatha é aluna de Roberto há alguns anos e eles passaram pelo processo de audição juntos. Ele conta, que sempre disse para ela que um dia faria a Elphaba, mas nem ela acreditava. Ao refletir sobre essa super produção, Roberto comenta como é uma emoção diferente assistir ao vivo essa obra e ver como o teatro emociona. “Você vê ela voando, cara, você tá enxergando um cabo ali e você acha incrível de qualquer forma, maravilhoso de qualquer forma, sabe? É inclusive muito mais impactante do que ver uma tela. Porque é real, é físico, tá ali”, diz.
Mas, para ele, a melhor consequência de Wicked Brasil 2025, é a valorização do teatro musical no Brasil, o aumento da visibilidade e de fãs para essa área teatral. Assim, tornar uma arte acessível para todos. “Acho que isso talvez seja a maior importância que esse Wicked pode trazer, fomentar uma nova ideia de mercado, porque as pessoas vão ver que tem público. O público é só de Wicked ou o público é de teatro musical? Acho que isso talvez seja o legado mais importante da peça. É muito importante para o cenário como um todo e principalmente é muito importante para fomentar também peças menores”, ressalta Montezuma para AGEMT.

"Mickey 17”, nova produção estrelada por Robert Pattinson, estreou nos cinemas no último dia 6. Dirigida pelo sul-coreano Bong Joon-Ho, mente por trás de Parasita - vencedor do Oscar de melhor filme em 2019 - a obra aposta em um gênero e tom fora do comum na filmografia do cineasta. A produção é uma ficção científica bem-humorada, mas que carrega uma crítica social clara e direcionada ao governo dos EUA.
A história segue a rotina de Mickey Barnes (Robert Pattinson), um jovem estadunidense que na busca por dinheiro, decide se associar a uma expedição espacial em busca de um planeta substituto à Terra. Neste programa, o protagonista assume a função de um “descartável” - um funcionário selecionado especificamente para missões e experimentos nos quais a única certeza é que não retornará com vida. Sua particularidade, porém, é que Mickey pode ter seu corpo recriado artificialmente por uma máquina quantas vezes for necessário, mantendo sua memória intacta. Desta forma, o “descartável” pode ser enviado à morte inúmeras vezes, sempre retornando como se nada tivesse acontecido.

O Filme é uma adaptação direta do romance literário "Mickey 7", de Edward Ashton, lançado em 2023, e era esperado como uma das grandes promessas da temporada. Com a direção de Bong Joon-Ho e um elenco estrelado, a obra tinha tudo para ser destaque entre os lançamentos do ano. Entretanto, a estreia de “Mickey 17” ficou bem abaixo do esperado pelo estúdio de produção. O fracasso inicial da obra pode ser entendido através da principal temática da narrativa, a sua crítica social, mas também pela forma como apresenta seu subtexto. Apesar de uma distopia aparentemente divertida, o filme tem como segunda camada uma analogia caricatural e satírica a um modelo de um governo fascista já conhecido.
Na história, o protagonista é chefiado pelo candidato à presidência Kenneth Marshall, que lidera a exploração espacial terráquea. O governo do personagem interpretado por Mark Ruffalo é uma clara alusão ao regime ditatorial nazista, com cenas que relembram discursos eugenistas de defesa de uma suposta “raça pura”, saudações e simbolos similares aos propagados pelo nazismo. Sua figura, propriamente dita, flerta com uma caricatura de Hitler, Trump e até mesmo Elon Musk, tanto em aparência quanto em ações, enviando a população da Terra ao espaço e espalhando um discurso de ódio à raças diferentes da sua, da mesma forma como o atual presidente dos EUA faz com os imigrantes.
Nesta analogia, Mickey representa a força de produção deste governo, a mão humana necessária para que os planos corram bem, mas que não deixa de ser descartável e facilmente substituível. Sua função está na mais baixa categoria social, e é frequentemente a razão da maioria das piadas do filme, mas também propõe uma reflexão ao espectador: quando sua vida é descartável, qual valor você tem para a sociedade?

Apesar do universo criativo adaptado pelo diretor, a crítica social retratada é exposta de forma tão óbvia que domina o filme, deixando pouco espaço para uma história que não seja essa. A obra busca colocar tanta relevância para seu segundo plano crítico que acaba não dando espaço para mais nada. Ao fim, a sensação deixada para o espectador é que a história de Mickey é um pouco rasa e tudo que o filme quer é apresentar sua crítica a todo momento, saturando sua própria ideia perto do fim.
Mesmo com pontos negativos, o saldo da obra é positivo, já que mesmo podendo ter desenvolvido com mais profundidade algumas ideias do universo distópico proposto no livro de Edward Ashton, a proposta é bem produzida. O que se segue da obra, e também o que interessa a quem assiste, é a maneira como Bong Joon-Ho espalha suas críticas e analogias de forma bem humorada na trama. O filme tem um tom diferente de Parasita, mais divertido e com uma ambientação incomum, agradando os fãs de ficção científica. Ainda assim, a obra contém momentos, por mais breves que sejam, de tensão, mostrando que o diretor sul-coreano sabe deixar o espectador “na ponta da cadeira”.

O filme é um grande experimento do diretor em um novo gênero e tom, deixando sua criatividade correr solta com as possibilidades do Sci-Fi propostas pelo livro. As piadas e momentos de humor seguem os padrões do romance de 2023 e são bem colocados, de forma a tirar boas risadas ao mesmo tempo que propõe as reflexões críticas do roteiro. A grande caricatura do nazi-fascismo é exagerada, mas essa é a proposta, impressionar com o absurdo e talvez assim esclarecer as similaridades de alguns elementos com a realidade. O filme diverte para então chocar.
A força que a produção demonstra nas bilheterias em seu mês de estreia decepciona as previsões, mas precisa viver com essa realidade ao apresentar uma crítica tão clara ao país de seu principal público consumidor, os EUA. Apesar disso, em um mundo onde os comportamentos de governos como o de Trump se aproximam cada vez mais do absurdo, críticas claras, óbvias e caricaturais talvez sejam o meio necessário de alertar. “Mickey 17” pode ser um filme que passa batido nos olhos do povo agora, mas futuramente se espera que sua proposta seja refletida, quando a tempestade passar.