“Heartstopper”, série composta por três temporadas e dirigida por Euros Lyn, é uma adaptação do livro homônimo da autora Alice Oseman. A obra retrata a vida dos adolescentes Charlie (Joe Locke) e Nick (Kit Connor), descobrindo que estão apaixonados e lidando com as dificuldades da vida escolar e amorosa, além da homofobia. Outro ponto importante é o valor da amizade, mostrando também a vida de outros personagens que rodeiam o casal.
Durante toda a trama, Charlie apresenta problemas com comida, como na segunda temporada, nos episódios quatro e cinco, em que ele pula refeições e acaba desmaiando pela fraqueza. Apesar disso, o tema só foi aprofundado agora na terceira temporada, pautando a anorexia em todos os episódios. Entre eles, destaca-se o quarto episódio que aborda a internação do personagem, sendo dividido pelo ponto de vista dele e do Nick.
Apesar da busca pelo corpo perfeito ser o principal causador da doença, existem outros fatores como a predisposição genética, depressão e síndrome do pânico. Esse é o caso de Charlie, sua anorexia tem relação com outro transtorno mental, o transtorno obsessivo compulsivo (TOC). No quarto episódio, seu terapeuta declara a seguinte frase: "comer a coisa certa, na hora certa e nas circunstâncias certas". Sua condição também desencadeou automutilação, quando as crises se intensificaram.
No primeiro episódio, a questão é introduzida quando o casal conversa e Nick fala sobre suspeitar que o seu namorado tenha anorexia, já que sua relação com a comida havia piorado, mas Charlie nega. Em seguida Nick conversa com sua tia - que é psiquiatra - sobre o problema e qual a melhor forma de ajudar o parceiro. A profissional reforça que além do apoio, ele precisaria de ajuda médica, dizendo: "Ele precisa de mais do que o namorado de 16 anos”. Enquanto isso, Charlie pesquisa a respeito dos sintomas da doença e decide procurar um médico.

Foto: Reprodução/Netflix
No terceiro episódio, o personagem apresenta muita fraqueza e cansaço pela falta de alimentação. Apesar de ainda ser resistente para falar sobre a anorexia, ele decide pedir ajuda dos pais e começar o tratamento. A trama retrata nesse momento que o problema de Charlie não está ligado à pressão estética. "Ouço uma voz na minha cabeça, que não é minha e ela diz que coisas ruins vão acontecer se eu comer ou fizer algo errado", declara.
Já na metade da série, há um episódio quase que inteiramente dedicado à doença, com narração dividida entre Charlie e Nick, lembrando ao espectador que apesar da nova temporada ter um foco maior em um personagem, ela ainda é sobre o romance e o relacionamento dos dois no meio das adversidades. Em setembro, Charlie vai ao médico e encaminham ele a uma clínica de distúrbios alimentares, mas ele só poderá fazer a consulta em janeiro.
A falta de acompanhamento faz a situação piorar, ele passa a comer menos, ficar mais irritado e faltar às aulas. No mês seguinte, ele decide se internar em uma clínica psiquiátrica para transtornos mentais, onde tem terapia semanalmente e acompanhamento nutricional. A série ressalta que a melhora é gradual e não acontece de repente. “A clínica não curou magicamente meu transtorno, mas me tirou do fundo do poço", afirma Charlie.
Até o momento, apenas sua família e seu namorado sabiam da sua doença, entretanto, ele escolhe contar aos amigos. Eles decidiram fazer uma caixa com vários objetos afetivos e memoráveis sobre o personagem que mostravam o quanto se importavam, como um documentário feito por Tao (William Gao) e uma pintura feita por Elle (Yasmin Finney). A cena reforçou a importância de se ter uma rede de apoio, que auxilia o indivíduo a passar por momentos difíceis.
A mudança no semblante de Charlie conforme o tempo passa é perceptível, ele fica mais leve e mais confiante, isso é perceptível através das suas falas e postura corporal. Em janeiro, o personagem volta para a escola, na qual ele havia saído em outubro após a internação. Seis meses após os acontecimentos, ele conseguiu completar três meses sem recaídas.
Apesar da questão estética não ser o causador da doença, ela ainda é um problema. Charlie sente vergonha do seu corpo devido às cicatrizes causadas pela automutilação e tem medo de que Nick o ache nojento, abordando também a questão da auto-aceitação.
No final da trama, ele apresenta uma melhora na relação com os pais e um amadurecimento tanto em relação ao seu transtorno, com maior controle dos pensamentos intrusivos e aceitação do seu corpo, como em seu namoro com Nick, entendendo que cultivar as amizades é fundamental para não criar uma dependência emocional.

O que é anorexia e como tratar?
É um distúrbio alimentar que pode provocar problemas físicos graves, como problemas estomacais, cardíacos e desnutrição. Um dos principais causadores da doença, vêm da pressão estética e do desejo pelo emagrecimento, o que leva a pessoa a fazer exercícios exagerados e pular refeições. A doença provoca uma distorção de imagem, fazendo com que o indivíduo se enxergue com o peso maior que o real.
De acordo com Táki Cordás, coordenador do programa de transtornos alimentares do Hospital da Universidade de São Paulo (USP), atualmente 15 milhões de pessoas sofrem de algum transtorno alimentar, destes 2 milhões têm anorexia. A faixa etária mais afetada são jovens entre 14 e 17 anos, com 95% dos casos entre as mulheres. Entre os homens o espaçamento é um pouco maior, sendo de 12 a 20 anos. Segundo o portal do Dr.Drauzio Varella, em casos de desnutrição extrema o índice de mortalidade varia entre 15% e 20%.
Para o tratamento, é necessário fazer acompanhamento médico com um terapeuta e um nutricionista, para tratar as causas físicas e mentais causadas pela doença. A reintrodução alimentar deve ser feita de forma gradual para evitar complicações. Em alguns casos, é necessário que a internação hospitalar seja realizada. Não existem medicações específicas para a anorexia, entretanto podem ser ofertados remédios que tratam as causas subjacentes, como a ansiedade e a depressão.

Em janeiro de 2025, a escritora e artista multifacetada Patti Smith volta ao Brasil em uma turnê que promete ser uma celebração da sua trajetória e arte em suas diversas formas. Conhecida por sua fusão entre poesia, rock e ativismo, a autora de “Just Kids” e “M. Train” se apresenta em São Paulo, para temporada de 2025 do Teatro Cultura Artística, junto à banda Soundwalk Collective. Além das performances musicais, a tour inclui palestras e encontros com os fãs, reforçando a profunda conexão de Smith com a literatura, a arte e a cultura alternativa.
O Brasil, com sua efervescente cena artística, se prepara para receber uma das maiores ícones da música e da literatura contemporânea, que, ao longo de sua carreira, sempre desafiou as fronteiras e convenções, mantendo sua autenticidade e paixão por transformar a arte em um veículo de reflexão social.
Inaugurado em 1950, o Teatro Cultura Artística foi devastado por um incêndio em agosto de 2008 e ficou fechado até este ano. Embora o prédio tenha sido destruído, o arquivo histórico e um painel de Di Cavalcanti (1897-1976) foram preservados. A obra de arte continua exposta na entrada do teatro. Nesta nova fase, o espaço, que antes era voltado para a música clássica e o teatro, passará a se concentrar em apresentações de MPB e jazz, deixando de lado as peças teatrais.

Impacto de Patti Smith
Patti Smith é uma figura icônica que teve uma implicação profunda tanto na música quanto na literatura. Na música, ela se destacou como uma das pioneiras do movimento punk nos anos 70, mesclando rock, poesia e performance em seu álbum seminal "Horses" (1975). Sua abordagem artística, que desafiava convenções de gênero e estilo, ajudou a redefinir o papel da mulher no rock, abrindo caminho para outras artistas. Sua voz crua e suas letras poéticas e carregadas de intensidade emocional marcaram uma geração e continuam a influenciar músicos de diversos gêneros.
Na literatura, Patti Smith contribuiu como escritora e poeta, com obras que exploram temas de identidade, perda e a busca por significado. Seu livro mais famoso "Just Kids" (2010), é uma memorável autobiografia sobre sua juventude em Nova York e seu relacionamento com o fotógrafo Robert Mapplethorpe. O livro foi amplamente aclamado pela crítica e ganhou Prêmio Nacional do Livro.
A escrita de Smith é marcada pela mesma sensibilidade e intensidade que sua música, e sua habilidade de conectar experiências pessoais com questões universais a consolidou como uma figura relevante no mundo literário. Assim, Patti Smith construiu uma carreira única que transcende as fronteiras entre a música e a literatura, influenciando e inspirando gerações de artistas e leitores.
O live action da animação de 2010, foi gravado na Irlanda do Norte e tem estreia prevista para 13 de julho de 2025. O longa será protagonizado por Mason Thames e o elenco ainda soma com Nico Parker, Nick Frost e Julian Denisson.
O filme conta a história de Soluço, um jovem viking que luta entre as tradições de seu povo e suas próprias convicções. Em determinado momento da trama, o personagem conhece Banguela, um dragão com quem constrói uma amizade que mudará o rumo da história.

As novas imagens do filme mostraram que a produção promete ser fiel à animação. Porém, a escolha de Nico Parker como Astrid, gerou um descontentamento em alguns fãs por não se parecer fisicamente com o personagem. O diretor, Dean DeBlois, defendeu a decisão em suas redes sociais: “Estamos criando uma fantasia, não um fato histórico”.
Segundo DeBlois, o elenco foi definido com os atores que melhor encarnavam as personalidades e não apenas se assemelhavam a eles. Quanto a fidelidade ao original, o diretor ainda completou: "Não estamos fazendo um remake cena a cena. Apenas gravamos os momentos-chave para homenagear o original, do qual continuo muito orgulhoso. O teaser apresenta alguns desses momentos. Em vez de uma história completamente nova, buscamos embelezar e aprofundar, sem abandonar a história que os fãs amam."
Confira o trailer:
A Netflix divulgou nesta segunda-feira (24) o trailer oficial de “Cem anos de solidão”, uma adaptação do livro homônimo escrito pelo colombiano Gabriel García Márquez, e que tem estreia marcada para 11 de dezembro.
A minissérie conta a história de José Arcadio Buendía (Marcos González) e Úrsula Iguarán (Susana Morales), um casal que precisa enfrentar suas famílias e fugir para continuarem juntos. Em busca de um lugar onde possam recomeçar, eles fundam a cidade de Macondo, a vila que se torna cenário para romances, episódios de loucura, guerras e para a maldição que parece condenar as gerações da família Buendía a cem anos de solidão.

Foram confirmados 16 episódios que serão lançados em duas partes de oito capítulos cada. A produção foi dirigida por Laura Mora Ortega e Alex García López, que se alternam à frente dos episódios.
O escritor Gabriel García faleceu em 2014, aos 87 anos, deixando três filhos. Representando o pai, Gonzalo Garcia e Rodrigo Garcia, são os produtores executivos de “Cem anos de solidão”.
Confira o trailer:
O Brasil é um dos maiores mercados musicais do mundo e em 2023, atingiu o nono lugar neste setor, segundo relatório divulgado em março de 2024 pela Pró-Música, entidade que atua em favor dos interesses das principais produtoras e gravadoras fonográficas do país. Faz sete anos que os brasileiros aparecem entre os dez principais mercados musicais do mundo.
Streamings de música como Spotify, Deezer e Apple Music vem tendo um aumento em seus usuários e consequentemente, em seus lucros. Artistas independentes recorrem cada vez mais a essas plataformas para alavancarem suas produções, mas ainda assim enfrentam alguns desafios, algo também relatado por alguns usuários que veem a necessidade de melhora em alguns quesitos nos aplicativos.
Os apps e seus assinantes
Atualmente, é difícil vermos alguém que não tenha contato com a música. Com o avanço das tecnologias, os chamados streamings de áudio também ocupam seus lugares em vários dispositivos pelo Brasil. Com opções gratuitas e as premiums, que são pagas, as plataformas estão se aprimorando. Além de músicas, outras funções surgiram, sendo possível ouvir podcast, ver os clipes das músicas e até dinâmicas para analisar em um certo período as interações da pessoa com determinadas músicas, gêneros ou artistas.
O Spotify, empresa sueca, registrou mundialmente um aumento de usuários mensais ativos (gratuitos e pagos) de 19% em relação ao ano anterior, atingindo cerca de 615 milhões no primeiro trimestre de 2024. Isso representa um acréscimo de 13 milhões de contas, comparado ao mesmo período de 2023. A receita da empresa foi de aproximadamente US$ 3,9 bilhões, pois os assinantes do Spotify Premium cresceram 14%, chegando a 239 milhões de usuários. Porém, o relatório disponibilizado por eles mostra que a proporção de assinantes premium é de 39,3%, e a dos usuários gratuitos representa os 60,7% restantes. Um dos motivos pode ser o corte de gastos dos ouvintes, fazendo-os acessar o aplicativo pelo plano gratuito.
Ruan Silva, de 19 anos, usuário do Spotify, acredita que o aumento nas plataformas de música esteja atrelado aos novos planos de assinaturas e benefícios ao ouvinte. Ele relata que quando usava o aplicativo gratuito, havia muitas limitações e após passar para o plano premium, facilitou a experiência na plataforma. “Houve um crescimento significativo do meu tempo no app, muito por conta da assinatura Premium, que deixa bem mais autônomo as músicas que são reproduzidas”. Ele também critica o grande volume de anúncios na versão gratuita e o fato de o ouvinte poder escolher apenas cinco músicas por dia após o primeiro mês do plano grátis: “As músicas são trocadas de formas aleatórias, e para mim, essa questão precisa ser corrigida para uma melhor experiência no aplicativo.”, completa.
Por outro lado, Ágnes Coser, de 17 anos, possui uma experiência com a versão Premium e alega que a plataforma “é bem eficaz e não tem muito o que mudar”. A estudante vê, a partir de conversas com amigos, que o acesso aos streamings de áudio vem aumentando, pois eles observam muitas propagandas para a utilização desses aplicativos. “Eu uso o Spotify duas horas por dia em média, e sinto que esse tempo de uso vem aumentando ao longo dos meses.”, afirma.
O Apple Music, outro aplicativo de áudio presente no mercado e vinculado à empresa americana Apple, não divulga o balanço oficial de usuários desde 2019, quando atingiu 60 milhões de assinantes globalmente. Em 2020, o analista Gene Munster, da Loup Ventures, empresa de pesquisa e capital de risco focada em tecnologia, estimou que a plataforma já teria atingido 82 milhões de contas. O aplicativo conta com mais de 100 milhões de músicas e em alguns casos, a partir de parcerias com a Apple, oferece lançamentos exclusivos aos assinantes como o de Dancing In The Flames, do cantor canadense The Weeknd.

A Deezer, plataforma de origem francesa, atingiu no mercado global o número de 10,5 milhões de assinantes em 2023, sendo 2,7 milhões deles no Brasil, segundo a diretora global de Marketing da empresa, Maria Garrido, em entrevista à Época Negócios. Uma das mudanças que alavancaram a plataforma foram as parcerias com outras empresas de e-commerce e mídias. Nos países da América Latina, por exemplo, a parceria foi com a empresa Mercado Livre: quem assinasse o Meli+ (programa de assinatura da organização de Buenos Aires) garantia um ano de acesso ao Deezer Premium.
Todas as plataformas apresentam serviços parecidos e os diferenciais são voltados aos planos disponíveis e as vantagens de cada aplicativo. O Spotify e o Apple Music possuem o plano Universitário que se encontra em torno de R$11,90 e é voltado para estudantes do ensino superior. A assinatura individual, que também encontramos na Deezer, varia entre R$20 e R$25 nos três streamings. Já o Duo, que são duas contas pelo preço de uma, varia entre R$27 e R$33. Por último, encontramos o plano Família também nas três plataformas, no qual seis contas valem o preço de uma e custam entre R$34 e R$40. Essas plataformas também oferecem o plano gratuito, mas que não traz ao assinante autonomia para navegar nos aplicativos.
O impacto aos artistas independentes
Artistas independentes buscam seu lugar no meio artístico e apostam nos streamings de música para alavancar suas produções, aproveitando o avanço da tecnologia para produzir sem a necessidade de uma gravadora renomada e para alcançar um público cada vez maior. Na maioria das vezes, para compartilhar aquela música que está guardada em seu celular nas plataformas de áudio é necessário se vincular a algum distribuidor como SoundOn, CD Baby, Tunecore, entre outros. Eles são a ponte entre o artista e os streamings, e garantem uma compatibilidade com as diretrizes das plataformas. Possuem diferentes modelos de benefícios, recursos e preços, então é essencial fazer uma pesquisa para saber qual deles é melhor para cada artista.
Mesmo com esses meios de acesso, ainda há obstáculos para os artistas independentes crescerem nos streamings de áudio. Victor Alexandre, artista independente de 21 anos e estudante de Direito na Universidade de São Paulo (USP), cita que os maiores desafios nesse meio são justamente o fato de se inserir nas plataformas e ter visibilidade. Ele conta sua experiência no Spotify, quando precisou passar por alguns trâmites para que sua música estivesse em alguma playlist e assim ganhasse notoriedade. “Antes do lançamento, você precisa escolher uma playlist e tem que escrever um texto gigante explicando por que você acha que sua música tem que entrar nela, falar um pouco do lançamento, e no final das contas, não entra. Normalmente, para conseguir, você tem que ser de alguma gravadora”.
Victor também acredita que o fato de fazer tudo sozinho é uma dificuldade enfrentada, pois grandes artistas podem ir aos estúdios para gravar suas músicas, contam com ajuda nas produções e conseguem apoio publicitário. “No último lançamento eu escrevi a música, toquei os instrumentos, produzi, fiz a divulgação, fiz a capa. Então, é muito difícil ter que fazer tudo, ao mesmo tempo que é bom você ter controle, também é desgastante. [...] Para você ter uma oportunidade, para você ter visibilidade, você tem que, claro, ter um trabalho bem-feito, mas também um pouco de sorte”, completa.
Mesmo sendo algumas vezes um obstáculo, a autonomia que artistas independentes têm em produzir suas próprias músicas sem precisar de um empresário ou gravadora para isso também é visto como algo positivo. Matheus Dionizio, de 24 anos, é produtor musical, atua como artista independente no cenário da música cristã e acredita que hoje vivemos uma democratização da música. “Com o crescimento da tecnologia, pessoas produzem e ‘bombam’ suas canções utilizando até mesmo o celular. As plataformas de streaming ‘acabaram’ com as cópias físicas [CD’s] e tornaram simples o lançamento de canções. [...] Pode-se dizer com toda certeza que elas não só oferecem meios para visibilidade de artistas independentes, mas que são o próprio meio”.

O lucro é gerado, mas e os streams?
Em janeiro de 2024, o Spotify divulgou que os artistas independentes geraram quase US$ 4,5 bilhões de lucro em 2023 e isso representa metade do que toda a indústria obteve no ano na plataforma, cerca de US$9 bilhões. Além disso, o streaming informou que mais da metade dos 66 mil artistas que conseguiram US$10 mil no aplicativo são de países em que a língua inglesa não é a primeira, destacando o português, o francês, o espanhol, o coreano e o alemão.
Segundo o relatório da Pró-Música, em 2023 o Brasil teve 87,1% do total da renda do mercado musical gerada pelos streamings, alta de 14,6% comparado a 2022. As plataformas como Deezer, Apple Music e Spotify tiveram um crescimento de 21,9% nas assinaturas e atingiram R$1,6 bilhão nas receitas do país. Matheus Dionizio vê essa alta no mercado algo positivo e mesmo que parte desse faturamento vá para grandes artistas, ainda sim “demonstra a força do mercado musical brasileiro e amplia as oportunidades para todos”. Para o produtor, com mais ouvintes nas plataformas, o público se torna mais diverso e propício a descobrir novas vozes, e “com um ecossistema mais próspero, as plataformas de streaming investem em curadoria e apoio a artistas emergentes, dando maior visibilidade a quem ainda busca seu espaço”.
O destaque a aqueles que ainda procuram crescer no ramo nem sempre chega aos usuários. Beatriz Mariano, de 21 anos e assinante do Apple Music fala que, mesmo utilizando em média o aplicativo por duas a quatro horas do seu dia, não tem como sugestões artistas novos, mas apenas as músicas do momento. “Eu gosto muito de ir atrás de playlists aleatórias e conhecer artistas independentes através disso. [...] eu acredito que os grandes artistas pagam para que isso aconteça [terem suas músicas recomendadas]. Então creio que as recomendações também são movimentadas pelo capitalismo.”, completa.
A jovem frisa que, mesmo gostando da plataforma, já que oferece músicas exclusivas e a usa para fazer praticamente tudo em sua vida, gostaria que essa questão das recomendações melhorasse, pois não seguem o que ela sinaliza. “Eu gosto de pagode, mas a plataforma sempre recomenda sertanejo. Mesmo eu colocando que não quero a recomendação, ainda sim aparece. Então eu acho que pelo menos o gosto do cliente deveria ser respeitado”.
Como usuária do Deezer, Nicole Domingos, estudante de 19 anos de Jornalismo na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) conta que a plataforma recomenda novos artistas a ela: “A cada cantor novo que eu coloco na minha playlist, o Deezer me recomenda novos artistas parecidos que talvez eu goste.” Ela cita que com o aumento no uso da plataforma, teve seu gosto musical ampliado e acredita que “as plataformas de músicas vem crescendo cada vez mais, pois as pessoas estão cada vez mais necessitadas de distrações e é isso que a música faz conosco”.

Ao falar de distrações também pensamos nas redes sociais, que hoje são meios que ajudam músicos e artistas a virarem hits entre as pessoas. Para Matheus Dionizio, manter uma presença ativa nas redes sociais também é uma estratégia dos artistas independentes terem mais chances nas plataformas, já que como produtor musical, ele percebe que os músicos “enfrentam dificuldades em manter constância nos lançamentos, uma vez que o artista é o próprio produtor fonográfico (quem custeia a obra), e de se manter atualizado quanto às mudanças das plataformas de streaming”. Sendo ativo nas redes, o artista também consegue divulgar suas produções e alcançar outros públicos.
Victor Alexandre coloca o TikTok como um exemplo disso, pois o aplicativo possui um algoritmo diverso e, para ele, mais inclusivo, o que torna a auto divulgação mais fácil em alguns casos. Mas ele também ressalta que isso pode trazer pontos negativos: “Hoje em dia existe uma mudança no meio da música em relação ao que as pessoas consomem. As músicas são mais curtas, elas têm que ter uma dancinha ou coisa do tipo, então ao mesmo tempo em que isso mudou para bom, mudou para mau também”.