Profissionais da área relatam dificuldade de valorização, ausência de políticas públicas e dependência do mercado internacional para manter a carreira
por
Fernanda Dias
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18/09/2025 - 12h

A escultura no Brasil ainda é um campo pouco explorado e com inúmeros desafios, como a falta de políticas públicas, a ausência de incentivo cultural e um universo ainda limitado de pessoas dispostas a investir em arte no país. Para manter a profissão viva, muitos artistas recorrem ao mercado internacional e às redes sociais como alternativa de divulgação.

No cenário brasileiro, a escultura não ocupa o mesmo espaço que outras linguagens artísticas, como a música ou as artes visuais mais populares. O escultor Rick Fernandes, que atua na área desde a década de 1990, observa que a profissão ainda carece de reconhecimento cultural. “O brasileiro não tem a mesma tradição que americanos e europeus em colecionar arte. Muitas vezes, as prioridades econômicas acabam afastando o público”, afirma.

Esse distanciamento é agravado pela falta de políticas voltadas à categoria. Projetos de incentivo que poderiam estimular a prática da escultura em escolas ou em comunidades raramente são aprovados. Fernandes relembra tentativas frustradas em 2015 e 2023 de levar oficinas para jovens da periferia e para pessoas com deficiência. “Os incentivos, em sua maioria, estão voltados para música e grandes eventos. Nichos como a escultura ficam esquecidos”, critica.

   Rick Fernandes produzindo sua peça - foto: https://www.rfstudiofx.com/


                    Rick Fernandes produzindo sua peça - foto: https://www.rfstudiofx.com/

No mercado, outro obstáculo é a dificuldade de concorrer com produtos industrializados ou importados. Segundo Fernandes isso faz que muitos escultores direcionem suas obras ao exterior, onde encontram colecionadores e compradores mais fiéis. O artista calcula que cerca de 80% de suas encomendas vêm de fora do Brasil. Mesmo com a popularização de novas tecnologias, como impressoras 3D, ele destaca que há demanda para trabalhos exclusivos, o que mantém a escultura tradicional relevante.

As redes sociais têm sido fundamentais para reduzir a distância entre artistas e público. Plataformas como o Instagram permitem que escultores apresentem seus portfólios, encontrem clientes e troquem experiências em comunidades digitais. “Muitos dos meus contatos surgiram através da rede. É uma vitrine essencial para quem vive da arte”, ressalta o escultor.

Além do mercado e do incentivo, a valorização da escultura ainda depende de uma mudança de percepção social sobre o trabalho manual e artístico. Para Fernandes, investir na formação desde cedo é o caminho. “Campanhas nas escolas de ensino fundamental poderiam fazer a diferença. As crianças têm fome de aprender coisas novas e a escultura poderia ser mais explorada nesse ambiente”, defende.

Apesar das dificuldades, Fernandes garante que nunca pensou em desistir, movido por “amor e diversão”. Além de manter o estúdio, ele atua como professor. Nem todos tiveram a mesma sorte. A artista Júlia Dias, por exemplo, faz esculturas desde 2006, mas até hoje não tem uma base fixa de clientes, vivendo em meio à instabilidade de demandas que atinge grande parte dos escultores.

O campo da escultura se divide em diferentes níveis de atuação. Enquanto alguns artistas trabalham com peças decorativas ou personalizadas para ocasiões como aniversários e eventos, outros produzem obras direcionadas a colecionadores e galerias. Essa variedade mostra como a atividade é ampla, mas também deixa claro que nem tudo recebe o mesmo valor: trabalhos voltados ao mercado de luxo encontram maior reconhecimento e retorno financeiro, enquanto produções mais populares ainda lutam por espaço e estabilidade.

Outro desafio está ligado ao custo e ao acesso a materiais de qualidade. Fernandes explica que utiliza plastilina para modelagem, moldes de silicone para a finalização e resina de poliestone para as peças finais, com acabamento em aerógrafo e pincel. Segundo ele, os materiais nacionais apresentam bom custo-benefício e já não ficam atrás dos importados. Ainda assim, os gastos para manter a produção podem ser elevados, principalmente para quem não conta com retorno constante do mercado.

Apesar de não existirem editais exclusivos para escultores no Brasil, a categoria pode concorrer em programas de incentivo mais amplos voltados às artes visuais e à cultura. Iniciativas como os editais da Funarte (Fundação Nacional de Artes, do governo federal), o ProAC (Programa de Ação Cultural, mantido pelo governo de São Paulo)  e leis de incentivo fiscal possibilitam que projetos de escultura recebam apoio. No entanto, a concorrência é acirrada e a escultura segue como um nicho pouco contemplado, o que reforça a sensação de invisibilidade entre os artistas da área.

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Último final de semana do evento ficou marcado por performances que misturaram passado, presente e futuro
por
Jessica Castro
Vítor Nhoatto
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16/09/2025 - 12h

A segunda edição do festival The Town se despediu de São Paulo com um resultado positivo e bastante barulho. Durante os dias 12, 13 e 14 de setembro, pisaram nos palcos do Autódromo de Interlagos nomes como Backstreet Boys, Mariah Carey, Ivete Sangalo e Katy Perry.

Realizado a cada dois anos em alternância ao irmão consolidado Rock In Rio, é organizado também pela Rock World, da família do empresário Gabriel Medina. Sua primeira realização foi em 2023, em uma aposta de tornar a cidade da música paulista, e preencher o intervalo de um ano do concorrente Lollapalooza.

Mais uma vez em setembro, grandes nomes do cenário nacional e internacional atraíram 420 mil pessoas durante cinco dias divididos em dois finais de semana. O número é menor que o da estreia, com 500 mil espectadores, mas ainda de acordo com a organizadora do evento, o impacto na cidade aumentou. Foram movimentados R$2,2 bilhões, aumento de 21% segundo estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Após um primeiro final de semana marcado por uma apresentação imponente do rapper Travis Scott no sábado (6), único dia com ingressos esgotados, e um domingo (7) energético com o rock do Green Day, foi a vez do pop invadir a zona sul da capital. 

Os portões seguiram abrindo ao meio dia, tal qual o serviço de transporte expresso do festival. Além disso, as opções variadas de alimentação, com opções vegetarianas e veganas, banheiros bem sinalizados e muitas ativações dos patrocinadores foram pontos positivos. No entanto, a distância entre o palco secundário (The One) e o principal (Skyline), além da inclinação do terreno no último, continuaram provocando críticas.

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Segundo estudo da FGV, 177 mil litros de chope e 106 mil hambúrgueres foram consumidos nos 5 dias de evento - Foto: Live Marketing News / Reprodução

Sexta-feira (12)

Jason Derulo animou o público na noite de sexta com um espetáculo cheio de energia e coreografias impactantes. Em meio a hits como “Talk Dirty”, “Wiggle” e “Want to Want Me”, o cantor mesclou pop e R&B destacando sua potência vocal, além de entregar muito carisma e sensualidade durante a apresentação.

A noite, aquecida por Derulo, ganhou clima nostálgico com os Backstreet Boys, que transformaram o palco em uma viagem ao auge dos anos 90. Ao som de clássicos como “I Want It That Way” e “As Long As You Love Me”, a plateia virou um grande coral emocionado, enquanto as coreografias reforçavam a identidade da boyband. Três décadas depois, o grupo mostrou que ainda sabe comandar multidões com carisma e sintonia.

Com novo visual, Luísa Sonza enfrentou o frio paulista com um figurino ousado e um show cheio de atitude no Palco The One. Além dos próprios sucessos que a consagraram no pop, a cantora surpreendeu ao incluir releituras de clássicos da música brasileira, indo de “Louras Geladas”, do RPM, a uma homenagem emocionante a Rita Lee com “Amor e Sexo”. A mistura de hits atuais, performances coreografadas e referências à MPB agitou a platéia.

E completando a presença de potências nacionais, Pedro Sampaio fez uma apresentação histórica para o público e para si, alegando que gastou milhões para tudo acontecer. A banda Jota Quest acalentou corações nostálgicos, e nomes em ascensão no cenário do funk e rap como Duquesa e Keyblack agitaram a platéia. 

Sábado (13)

No sábado (13), o festival reuniu diferentes gerações da música, com encontros que alternaram festa, emoção e mais nostalgia. Ivete Sangalo levou a energia de um carnaval baiano para o The Town. Colorida, divertida e sempre próxima da multidão, fez do show uma festa ao ar livre, com direito a roda de samba e participação surpresa de ritmistas que incendiaram ainda mais a apresentação. O repertório, que atravessa gerações, transformou a noite em um daqueles encontros em que ninguém consegue ficar parado.

Mais íntimo e afetivo, Lionel Richie trouxe outro clima para a noite fria da cidade da música. Quando sentou ao piano para entoar “Hello”, parecia que o festival inteiro tinha parado para ouvi-lo. A emoção foi tanta que, dois dias depois, o cantor usou as redes sociais para agradecer pelo carinho recebido em São Paulo, declarando que ainda sentia o amor do público brasileiro.

A diva Mariah Carey apostou no glamour e em seu repertório de baladas imortais. A performance, embora marcada por certa distância, encontrou momentos de brilho quando dedicou uma música ao público brasileiro, gesto que foi recebido com emoção. Hits como “Hero” e “We Belong Together” reafirmaram o status da cantora como uma das maiores vozes do pop mundial.

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Vestindo as cores do Brasil, Mariah manteve seu estilo pleno, o que não foi positivo dessa vez - Foto: Ellen Artie

O festival também abriu espaço para outras vozes marcantes. Jessie J emocionou em um show acústico intimista, feito apesar de estar em tratamento contra um câncer de mama — e que acabou sendo o único da cantora na América do Sul após o cancelamento das demais datas na América do Norte e Europa. 

Glória Groove incendiou o público com sua potência performática e visual, enquanto Criolo trouxe poesia afiada e versos de impacto, lembrando a força política do rap. MC Livinho levou o funk a outro patamar e anunciou seu novo projeto de carreira em R&B. Péricles encerrou sua participação em clima caloroso de roda de samba, onde cada espectador parecia parte de um grande encontro entre amigos.

Domingo (14)

Com Joelma, o The Town se transformou em um baile popular de cores, brilhos e danças frenéticas. A cantora revisitou sucessos da época da banda Calypso e apresentou a força de sua carreira solo, mas também abriu espaço para artistas nortistas como Dona Onete, Gaby Amarantos e Zaynara. 

O gesto deu visibilidade a uma cena muitas vezes esquecida nos grandes festivais e reforçou sua identidade como representante da cultura amazônica. Com plateia recheada, a artista mostrou que a demanda é alta.

No início da noite, em um horário um pouco melhor que sua última apresentação no Rock In Rio, Ludmilla mobilizou milhares de pessoas no palco secundário. Atravessando hits de sua carreira como “Favela Chegou”, “É Hoje” e sucessos do Numanice, entregou presença de palco e coreografias sensuais. A carioca também surpreendeu a todos com a aparição da cantora estadunidense Victória Monet para a parceria “Cam Girl”.

Sem atrasos, às 20:30, foi a vez então de Camila Cabello levar ao palco o último show da C,XOXO tour. A performance da cubana foi marcada pelo seu carisma e declarações em português como “eu te amo Brasil” e “tenho uma relação muito especial com o Brasil [...] me sinto meio brasileira”. Hits do início de sua carreira solo animaram, como “Bad Kind Of Butterflies” e “Never Be The Same”, além de quase todas as faixas do seu último álbum de 2024, que dá nome à turnê, como “HE KNOWS” e “I LUV IT”. 

A performance potente e animada, que mesclou reggaeton e eletrônica, ainda contou com o funk “Tubarão Te Amo” e uma versão acapella de “Ai Se Eu Te Pego” de Michel Teló. Seguindo, logo após “Señorita”, parceria com o seu ex-namorado, Shawn Mendes, ela cantou “Bam Bam”, brincando com a plateia que aquela canção era para se livrar das pessoas negativas. Vestindo uma camiseta do Brasil e com uma bandeira, encerrou o show de uma hora e meia com “Havana”.

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Com coreografia, grande estrutura metálica e vocais potentes, Camila entregou um show de diva pop - Foto: Taba Querino / Estadão

Para encerrar o festival, Katy Perry trouxe espetáculo em grande escala, mas não deixou faltar momentos de intimidade. A apresentação iniciada pontualmente às 23h15 teve direito a pirotecnias, muitos efeitos especiais e um discurso emocionante da cantora sobre a importância de trazer sua turnê para a América do Sul. 

Em meio a cenários lúdicos, trocas de figurino e um repertório recheado de hits, Katy Perry chamou o fã André Bitencourt ao palco para cantarem juntos “The One That Got Away”, o que levou o público ao delírio. O show integrou a turnê The Lifetimes World Tour, e deixou a impressão de que a artista fez questão de entregar em São Paulo um dos capítulos mais completos dessa jornada.

No último dia, outros públicos foram contemplados também, com o colombiano J Balvin, dono de hits como “Mi Gente”, e uma atmosfera poderosa com IZA de cleópatra ocupando o palco principal no início da tarde. Dennis DJ agitou com funk no palco The One e, completando a proposta do festival de dar espaço a todos os ritmos e artistas, Belo e a Orquestra Sinfônica Heliópolis marcaram presença no palco Quebrada. 

A cidade da música em solo paulista entregou o que prometia, grandes estruturas e um line up potente, mas ainda segue construindo sua identidade e se aperfeiçoando. A terceira edição já foi inclusive confirmada para 2027 pelo prefeito Ricardo Nunes e a vice-presidente da Rock World, Roberta Medina em coletiva na segunda-feira (15).

Festival reúne multidões, entrega shows históricos e consagra marco na cena musical brasileira
por
Khadijah Calil
Lais Romagnoli
Yasmin Solon
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10/09/2025 - 12h

Com mais de 100 mil pessoas por dia, o The Town estreou no último fim de semana, 6 e 7 de setembro, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo.

Travis Scott encerrou o sábado (6) no palco Skyline com um show eletrizante, enquanto Lauryn Hill emocionava fãs no palco The One ao lado dos filhos YG e Zion Marley. No domingo (7), os destaques ficaram por conta de Green Day e Iggy Pop, além de apresentações de Bad Religion, Capital Inicial e CPM 22.

O festival retoma a programação nos dias 12, 13 e 14 de setembro, com shows de Backstreet Boys, Mariah Carey, Lionel Richie e Katy Perry.

“The Flight”: o balé aéreo que surpreendeu no The Town. Foto: Khadijah Calil
“The Flight”: o balé aéreo que surpreendeu no The Town. Foto: Khadijah Calil 
Fãs aguardam o início dos shows no gramado do Autódromo de Interlagos. Foto: Khadijah Calil
Fãs aguardam o início dos shows no gramado do Autódromo de Interlagos. Foto: Khadijah Calil 
Espalhados pelo Autódromo de Interlagos, brinquedos e atrações visuais oferecem ao público momentos de lazer entre os shows. Foto: Khadijah Calil
Espalhados pelo Autódromo de Interlagos, brinquedos e atrações visuais oferecem ao público momentos de lazer entre os shows. Foto: Khadijah Calil 
Capital Inicial leva o rock nacional ao palco Factory, na abertura do segundo dia. Foto: Khadijah Calil
Palco Factory, que recebeu o Capital Inicial na abertura do segundo dia. Foto: Khadijah Calil 
Palco Skyline iluminado durante o show de encerramento do sábado (6). Foto: Lais Romagnoli
Palco Skyline iluminado durante o show de encerramento do sábado (6). Foto: Lais Romagnoli
Iluminação e cenografia transformam Interlagos durante a primeira edição do festival. Foto: Lais Romagnoli
Iluminação e cenografia transformam Interlagos durante a primeira edição do festival. Foto: Lais Romagnoli
Matuê leva o trap nacional ao palco The One no primeiro dia de festival. Foto: Yasmin Solon
Matuê leva o trap nacional ao palco The One no primeiro dia de festival. Foto: Yasmin Solon
Público lota a Cidade da Música durante o primeiro fim de semana do The Town. Foto: Yasmin Solon
Público lota a Cidade da Música durante o primeiro fim de semana do The Town. Foto: Yasmin Solon

 

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Colombiana ficou conhecida por misturar crítica social, poesia e arte
por
Khadijah Calil
Lais Romagnoli
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09/09/2025 - 12h

 

Da Colômbia para o Edifício Pina Luz, Beatriz González ganha uma homenagem em celebração aos seus mais de 60 anos de carreira. Na Pinacoteca de São Paulo, a exposição Beatriz González: a imagem em trânsito reúne mais de 100 trabalhos da artista, produzidos desde a década de 1960.

Beatriz González
Beatriz González trabalha em sua obra 'Telón de la móvil y cambiante naturaleza', de 1978. Foto: Reprodução.

Reconhecida como uma das maiores personalidades da arte latino-americana, a colombiana se destacou ao transformar peças de mobiliário em pinturas. Com a política e cultura de seu país como inspiração, Beatriz combina crítica social e poesia em suas telas, como em Yolanda nos Altares, onde representa agricultores que lutavam pela devolução de suas terras, roubadas por um grupo paramilitar. 

A artista tem sua primeira mostra individual no Brasil espalhada por sete salas da Pinacoteca. A última vez que suas obras foram expostas no Brasil foi em 1971, na 11ª Bienal de São Paulo.

Logo no início da mostra, o público se depara com um espaço dedicado à reprodução e circulação artística na mídia. Um dos trabalhos mais icônicos da artista, Decoración de interiores, marca presença na sala. Uma cortina estampada com o retrato do então presidente da época (1978-1982), Julio César Turbay, questiona o peso da hierarquia presidencial.

Obra
'A Última Mesa'. Foto: Reprodução

 

Do conflito armado colombiano até suas vivências em comunidades indígenas, González extrai registros da imprensa para suas pinceladas. Entre as obras expostas, Los Suicidas del Sisga toma forma a partir de um caso real sobre um duplo suicídio cometido por um casal, refletindo sobre os códigos que vinculam a imagem à crônica policial e sua reprodução nos meios de comunicação de massa. Mais tarde, Beatriz passa a focar na iconografia política colombiana, como a tomada do Palácio da Justiça.

No catálogo, também estão releituras de clássicos contemporâneos. Entre elas, González dá uma nova cara a Mulheres no jardim, de Claude Monet, em Sea culto, siembre árboles regale más libros.

A série Pictogramas particulares encerra a exposição. Nela, a colombiana lança luz sobre a migração forçada, desastres ambientais e a violência nos territórios rurais. A partir de placas de trânsito, a artista representa hipóteses de crise social.

Em cartaz até 1º de fevereiro de 2026, a mostra conta com curadoria de Pollyana Quintella e Natalia Gutiérrez.

Serviço:

  • Local: edifício Pina Luz
  • Data: de 30 de agosto até 1 de fevereiro de 2026
  • Endereço: Praça da Luz, 2, Bom Retiro, São Paulo — SP
  • Valor: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia-entrada). Gratuito aos sábados
  • Horário de funcionamento: de quarta a segunda, das 10h às 18h
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De “Tyler, The Creator” a “Chappell Roan”, o festival promete abalar Interlagos em março
por
Jessica Castro
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09/09/2025 - 12h

O Lollapalooza Brasil anunciou na última quinta-feira (28) o line-up oficial da edição 2026 e evidenciou que será uma das  programações mais ousadas da história do festival. Entre os headliners confirmados estão Sabrina Carpenter, Lorde, Deftones e Skrillex, que prometem agitar o Autódromo de Interlagos, em São Paulo, entre os dias 20 e 22 de março.

O anúncio reforça o peso do Lolla como vitrine global e marca estreias muito aguardadas no Brasil e na América do Sul — como Chappell Roan, Tyler, The Creator e Doechii. A lista de atrações ainda traz nomes de destaque  como Interpol, Djo, Marina e Addison Rae, além de uma forte presença nacional com artistas que vão do rap ao rock alternativo.

 

Assim como em anos anteriores, o Lollapalooza Brasil mantém o formato de três dias, com múltiplos palcos. Os ingressos da categoria Lolla Pass, que garantem acesso a todo o festival, já estão à venda no site da Ticketmaster Brasil. Com o patrocínio do Banco Bradesco, há 15% de desconto e a possibilidade de parcelamento em até dez vezes sem juros para portadores do cartão, válido para todas as modalidades: inteira, meia-entrada e entrada social. 

O público pode escolher entre três categorias de acesso: Pista, Comfort e Lounge. Quanto mais exclusiva a opção, maiores os benefícios: o Comfort oferece áreas reservadas, enquanto o Lounge inclui open bar e food, espaço premium e transporte exclusivo.

Confira os valores:

Lolla Pass (3 dias – ingresso básico)

  • Bilheteria física: R$ 2.112 (inteira) | R$ 1.161,60 (social) | R$ 1.056 (meia)

  • Online (Ticketmaster, com taxa de 20%): R$ 2.534,40 (inteira) | R$ 1.413,92 (social) | R$ 1.267,20 (meia)
     

Lolla Comfort Pass (3 dias – área exclusiva com estrutura extra)

  • Bilheteria física: R$ 4.330 (inteira) | R$ 2.401,50 (social) | R$ 2.165 (meia)

  • Online (Ticketmaster, c/ taxa 20%): R$ 5.196  (inteira) | R$ 2.877,80 (social) | R$ 2.598 (meia)
     

 Lolla Lounge Pass (3 dias – VIP, open bar/food e área premium)

  • Bilheteria física: R$ 4.832 (inteira) | R$ 3.901,60 (social) | R$ 3.776 (meia)

  • Online (Ticketmaster, c/ taxa 20%): R$ 5.254,40  (inteira) | R$ 4.133,92 (social) | R$ 3.987,20 (meia)

 

Onde comprar:

  • Online pelo site da Ticketmaster Brasil

  • Bilheteria física: Shopping Ibirapuera (SP).

 

Lolla Day (válido para apenas 1 dia): ainda não disponível, mas será liberado quando o festival divulgar a divisão das atrações por dia.

 

Line-up completo do Lollapalooza Brasil 2026

  • Sabrina Carpenter
     

  • Tyler, The Creator
     

  • Chappell Roan
     

  • Deftones
     

  • Lorde
     

  • Skrillex
     

  • Doechii
     

  • Turnstile
     

  • Lewis Capaldi
     

  • Cypress Hill
     

  • Peggy Gou
     

  • Kygo
     

  • Interpol
     

  • Addison Rae
     

  • Katseye
     

  • Brutalismus 3000
     

  • Ben Böhmer
     

  • Lola Young
     

  • Edson Gomes
     

  • Marina
     

  • Djo
     

  • FBC
     

  • TV Girl
     

  • Mu540
     

  • Riize
     

  • Men I Trust
     

  • ¥ousuke ¥uk1matsu
     

  • Royel Otis
     

  • Bunt.
     

  • D4vd
     

  • 2hollis
     

  • The Dare
     

  • Viagra Boys
     

  • DJ Diesel
     

  • Horsegiirl
     

  • N.I.N.A
     

  • Foto em Grupo
     

  • Balu Brigada
     

  • The Warning
     

  • Róz
     

  • Hamdi
     

  • Negra Li
     

  • Atkô
     

  • Idlibra
     

  • Mundo Livre S/A
     

  • Agnes Nunes
     

  • Zopelar
     

  • Aline Rocha
     

  • Febre90s
     

  • Scalene
     

  • Oruã
     

  • Orquidea
     

  • Varanda
     

  • Alírio
     

  • Papisa
     

  • Terraplana
     

  • Cidade Dormitório
     

  • Nina Maia
     

  • Marcelin O Brabo
     

  • Stefanie
     

  • Worst
     

  • Crizin da Z.O.
     

  • Jadsa
     

  • Papangu
     

  • Blackat
     

  • Bruna Strait
     

  • Analu
     

  • Artur Menezes
     

  • Jonabug
     

  • Entropia
     

  • Hurricanes
     

  • Camila Jun

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Festival ocupa o Parque Ibirapuera com programação que inclui música pop e eletrônica
por
João Pedro Lindolfo
Lucca Fresqui
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21/05/2025 - 12h

O C6 Fest 2025, que acontece entre os dias 22 e 25 de maio no Parque Ibirapuera, em São Paulo, chega à sua quarta edição neste ano. O festival busca em sua curadoria, focar na diversidade de estilos e valorizar nomes tanto do cenário nacional, quanto do internacional.

Nesta edição, o evento mantém o mesmo formato: dois dias dedicados ao jazz e a uma programação de shows em palcos tanto ao ar livre quanto em espaços fechados.

Apesar do nome recente, a história do C6 Fest começou há exatos 40 anos, com o famoso Free Jazz Festival, formado pelas irmãs Sylvia e Monique Gardenberg, fundadoras da Dueto Produções. Nos anos 2000 o projeto assumiu o nome de Tim Festival, e ressurgiu em 2023 com apoio da agência C6 Bank.

A curadoria continua ainda sob a supervisão de Monique Gardenberg, que aposta em um formato mais intimista e artístico. O festival se destaca por promover shows baseados no contexto mais artístico do que no entretenimento de massa.

A expectativa para esse ano é de que o público alcance mais de 27 mil visitantes, número superior ao da edição anterior(2024).

Para acomodar melhor as atrações e facilitar a parte técnica, o festival ampliou a programação para quatro dias. Os shows ao ar livre acontecem em diferentes áreas do parque, como a Arena Heineken (em frente ao auditório) e a Tenda Metlife, próxima ao edifício Pacubra.

Entre os nomes internacionais confirmados estão os franceses do Air, que apresentam o icônico “Moon Safari” na íntegra, além da lenda do funk Nile Rodgers acompanhado da banda Chic. O festival também traz Wilco, referência do rock alternativo norte-americano, e os britânicos do Pretenders. Outros destaques incluem o retorno explosivo do Gossip, liderado por Beth Ditto, e o pop de Perfume Genius.

O produtor britânico A.G. Cook, conhecido pelo trabalho com Charli XCX no disco “Brat”, representa a vanguarda da música eletrônica, enquanto o grupo The Last Dinner Party, revelação do art pop britânico, marca presença com um show bastante aguardado. 

Completam a seleção internacional nomes como Stephen Sanchez, jovem norte-americano que resgata o charme retrô das baladas dos anos 50, a cantora Cat Burns com seu soul pop intimista, a paquistanesa Arooj Aftab fundindo tradição e jazz contemporâneo, Brian Blade com sua Fellowship Band, a inventiva Meshell Ndegeocello, e o coletivo ganês SuperJazzClub, trazendo uma visão afro-futurista da música urbana.

Já entre os artistas brasileiros, destaca-se o show especial de Seu Jorge, intitulado “Baile à La Baiana”, o pianista Amaro Freitas, um dos maiores nomes do jazz nacional, a cantora Agnes Nunes, com sua nova MPB, o bandolinista Hamilton de Holanda, o multi-instrumentista Mestrinho, além dos DJs Marky e Della Juices, representantes da cena eletrônica nacional.

 

Line-up e horários de cada show no festival.
Line-up e horários de cada show no festival. Foto: Divulgação/C6Fest

 

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No início de maio, o evento em São Paulo contou com diversos influencers e atividades durante 5 dias
por
Lucca Cantarim dos Santos
|
20/05/2025 - 12h

 

A Gamescom Latam, edição latino-americana da Gamescom, feira de jogos que acontece anualmente na Alemanha, retornou ao Brasil entre os dias 30 de abril e 4 de maio em São Paulo, juntando fãs dos mais variados estilos de games para celebrar esse universo.

O sábado (03/05), terceiro dia do evento, estava bem cheio, mas o espaço do Distrito Anhembi, lugar escolhido para sediar a feira ajudou a dispersar as pessoas, fazendo com que as filas se acumulassem mais nos estandes, deixando os corredores livres para acesso.

Diversos influenciadores apareceram para ver seus fãs e conversar com eles, no meio do evento havia o Creator 's Lounge, espaço com paredes de vidro onde os criadores de conteúdo podiam ficar.   Além disso, a Supercell, empresa de jogos para celular, famosa pelos jogos Clash of Clans, Clash Royale e Brawl Stars, trouxe as streamers “Bagi” e “Malena” para um encontro com os fãs. Ambos os encontros tiveram distribuição de pulseiras uma hora antes e filas contornando o estande. 

 

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Palestra dos Streamers "Bagi" e "Felps" na quinta (01/05) no estande da Warner     Foto: Juliana Bertini de Paula

 

Muitas empresas marcaram presença com seus estandes, como a Nintendo, que trouxe alguns jogos do Switch, como Mario Party Jamboree e Princess Peach: Showtime. Além deles, a Bethesda trouxe o jogo Indiana Jones e o Grande Círculo, além de uma pequena “gincana”, que era frequente nos estandes. As regras eram: Jogar o remake do jogo The Elder Scrolls: Oblivion; jogar os jogos da Xbox Gamepass, serviço de assinatura da Microsoft; e um jogo de discos inspirado no seu futuro título Doom: the dark ages, para colecionar carimbos e retirar prêmios. Também havia estandes de patrocinadores, como a Seara, que permitia jogar o jogo Doom em uma Airfryer, e o Banco do Brasil.

 

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Estande da Nintendo, que oferecia o jogo Just Dance para testar      Foto: Juliana Bertini de Paula

 

O grande diferencial da Gamescom foi a atenção e carinho que deram para os jogos independentes, com um setor do evento dedicado apenas a jogos brasileiros, onde títulos como “Ritmania”, do estúdio Garoa, e “Hellclock”, do estúdio Rogue Shell, estavam sendo apresentados. Além de várias ilhas onde era possível jogar os jogos finalistas do Best International Games Festival (BIG Festival), competição de jogos também independentes, na qual o jogo “Mechanines tower defense”, desenvolvido por alunos da Pontifícia Universidade Católica (PUC/SP) estava concorrendo a melhor jogo brasileiro e melhor jogo estudantil.

 

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"Panorama Brasil", área do Banco do Brasil dedicada à Indies brasileiros  Foto: Lucca Cantarim dos Santos

 

Em entrevista para a AGEMT, Mel Duarte Munhoz, estudante de Animação na Faculdade Meliés, fala sobre a importância desse tipo de atenção para ela: “Achei muito legal que tinha uma área só com os jogos indies e com os desenvolvedores para jogar e conversar. Esse evento me ajudou a conhecer vários jogos indies, principalmente brasileiros, que eu nunca teria visto antes".

Outros dias do evento também tiveram muitas atrações, como a presença da empresa CD Projekt Red, responsável por títulos como Cyberpunk 2077 e The Witcher, em dois paineis do evento, um sobre desenvolvimento externo, no dia 30 de Abril, e um no próprio sábado. Fãs também tiveram a oportunidade de encontrar o streamer Gaulês na sexta (02/05) e os criadores de conteúdo Chef Otto e Mustache no domingo (04/05)

 

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Estande dedicado ao jogo Fortnite                                                                             Foto: Juliana Bertini de Paula

 

A edição de 2026 do evento já tem data marcada e vai ocorrer entre os dias 30 de abril e 3 de maio, além disso, a edição alemã da Gamescom acontecerá em agosto, nos dias 20 a 24.

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Ingressos grátis e nova expansão do museu aproximam público dos espaços culturais da cidade.
por
Maria Luiza Pinheiro Reining
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15/05/2025 - 12h

 

Às terças e, mais recentemente, às sextas-feiras após as 18h, o MASP oferece entrada gratuita ao público. A medida, parte de uma política mais ampla de acesso, tem atraído visitantes com perfis variados, desde turistas e estudantes até trabalhadores que aproveitam o fim do expediente para visitar o espaço. A proposta é estimular novos hábitos culturais e tornar a arte acessível em diferentes horários, inclusive fora do circuito tradicional de visitação.

Segundo Julia Bastos, comunicadora do MASP, mais da metade do público anual entra no museu por meio de algum tipo de gratuidade. Além dos dias livres, o museu garante entrada gratuita diária para idosos, pessoas com deficiência e seus acompanhantes, professores e estudantes da rede pública. Ela afirma que essa abertura contribui para tornar a programação mais inclusiva, refletindo um compromisso constante com a diversidade e o acesso. “A gratuidade sempre foi muito importante para atrair diferentes perfis de visitantes e tornar o museu mais acessível para todos”, diz.

 

Julia Bastos, comunicadora do MASP, diante a reabertura do espaço comum no vão livre do museu
Julia Bastos, comunicadora do MASP, diante a reabertura do espaço comum no vão livre do museu

Neste ano, a gratuidade nas noites de sexta ganhou o nome de “Sextou no MASP” e, de acordo com Julia, tem atraído pessoas que buscam um momento de pausa e lazer ao final do dia. Ela destaca que o movimento reforça o papel do museu como espaço de convivência e circulação de ideias, conectando arte com o cotidiano.

A expansão do MASP com o edifício Pietro Maria Bardi também tem reforçado essa política de acesso, ao permitir a exibição de mais obras do acervo, antes não acessíveis ao público. A nova ala abriga ainda espaços para restauração, performances e eventos, o que amplia a diversidade de atividades disponíveis e favorece visitas mais segmentadas. Visitantes que costumam frequentar o museu nos dias gratuitos, como a artista e escritora Camila Gregori, têm aproveitado essas possibilidades para retornar ao museu em diferentes ocasiões ao longo do ano, impulsionadas tanto pela programação quanto pela ausência de barreiras de entrada.

 

Camila Gregori, artista e escritora, visita o anexo Pietro Maria Bardi

Para Camila, a gratuidade interfere diretamente na composição do público. “Nesses dias, dá para perceber uma mistura maior de pessoas, de diferentes contextos sociais. O ingresso de 75 reais não é acessível para todo mundo”, afirma.

Combinando uma política de preços acessíveis, expansão de espaço e curadoria alinhada a temas contemporâneos, o MASP tem investido em estratégias que consolidam seu papel como instituição cultural. As iniciativas de gratuidade são parte essencial dessa proposta, oferecendo caminhos concretos para a democratização do acesso e a ampliação dos públicos nos museus brasileiros.

 

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A fumaça branca foi vista na tarde desta quinta-feira (8), Robert Francis é nomeado Papa Leão XIV
por
Caio Moreira
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09/05/2025 - 12h

 

 

O Vaticano anunciou ao mundo a eleição de um novo líder da Igreja Católica. O cardeal estadunidense, Robert Francis Prevost de 69 anos, foi o escolhido e adotou o nome de Leão XIV, tornando-se o 267° sucessor de São Pedro. 

Em seu primeiro discurso, na sacada da Basílica de São Pedro, o Papa mencionou que enxerga a igreja como aquela que “constrói pontes”. 

 Natural de Chicago, nos Estados Unidos, Prevost é o primeiro papa norte-americano, além de ser o primeiro a vir de uma nação majoritariamente protestante. Apesar da origem norte-americana, ele construiu grande parte de sua trajetória religiosa na América Latina, especialmente no Peru, onde atuou principalmente como missionário ao longo de sua carreira na Igreja. Ele foi nomeado cardeal apenas em 2023, mantendo-se discreto, concedendo poucas entrevistas e fazendo raras aparições públicas nesse intervalo.

 Ele tinha um grande vínculo com o falecido Papa Francisco e é visto como um sucessor adepto das ideias do Santo Padre anterior. Em entrevista ao à Agemt, Márcia, enfermeira de 51 anos, declarou que Prevost irá se reinventar a partir dos pensamentos de Francisco. 

 Um fato que repercutiu foi o conclave, o mais rápido dos últimos 86 anos, empatando com o de João Paulo I e Bento XVI. Para Maria Clara Palmeira, estudante de jornalismo de 19 anos, a rápida decisão dos cardeais se deu pelo preocupação de substituir o Francisco quanto antes.

Discreto e de voz serena, o novo Papa evita a exposição pública, mas é reconhecido como reformista alinhado a Francisco, com sólida formação em teologia e profundo conhecimento em direito canônico.

 

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Filme quebra paradigmas sobre originalidade e ancestralidade no cinema
por
Isabelle Rodrigues
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07/05/2025 - 12h

“Pecadores”, a nova aposta do diretor, roteirista e co-produtor Ryan Coogler - a mente por trás dos sucessos “Creed” e “Pantera Negra” - estreou em abril de 2025. O longa acompanha uma história de liberdade e conflitos raciais com muito Blues e dança, sem perder o terror e o suspense de sua atmosfera surrealista.

Os gêmeos Stack e Smoke utilizam cores distintas durante o longa, como forma de demonstrar suas posições ao longo da narrativa. Foto / Reprodução IMDB
Os gêmeos Stack e Smoke utilizam cores distintas durante o longa, como forma de demonstrar suas posições ao longo da narrativa. Foto / Reprodução IMDB

O filme, situado em 1932, acompanha em seu elenco principal os gêmeos Fumaça e Fuligem, ambos interpretados por Michael B. Jordan. Tudo se centraliza no clube de Blues criado pelos gêmeos, o terreno que foi comprado de um senhor envolvido na Ku Klux Klan, com dinheiro roubado em Chicago com a ajuda do gangster norte americano, Al Capone, além do vinho e a cerveja importados que serviram como atrativo para a comunidade cansada da região. Mas claro, nada disso importa para os gêmeos, até o fim da noite todos os envolvidos no clube serão pecadores. Como dito pelo pastor e pai do personagem Sammie, “Se você continuar a dançar com o diabo, um dia ele vai te seguir até em casa".

Durante o desenrolar do longa, surgem outros personagens relacionados ao passado da dupla e o conflito central, como Sammie (Miles Caton), primo e filho do pastor local, Mary (Hailee Steinfeld), irmã de criação e Annie (Wunmi Mosaku), curandeira local. Todos têm seu lugar naquela sociedade, que situa de forma aguçada seu papel historicamente bem pensado. 

Destaque especial para Sammie, que demonstra a dualidade entre a religião e o conformismo, na qual, para ele, a música representa liberdade e salvação, o que fica ainda mais evidente após a chegada do personagem Remmick (Jack O'Connell). O roteiro utiliza diversos contextos históricos, que o torna um prato culturalmente cheio.

Por exemplo, o passado de Remmick demonstra ter relação com a opressão irlandesa, durante colonização dos ingleses no século XII, além das implicações a um proselitismo forçado, por conta das citações do personagem sobre ter sido obrigado a aprender hinos e cânticos religiosos no passado pelo homem que roubou as terras de sua família.

A ideia do vampiro, em uma narrativa banhada de elementos religiosos é uma escolha pensada e calculada aos mínimos detalhes, seja no batismo feito em Sammie ou na visão tida por Fumaça no ato final. O movimento do afro-surrealismo tem muita influência nessa decisão, em que os elementos do sobrenatural servem como analogia direta ao período de apagamento histórico e cultural que aconteceu com a população negra, o que torna ainda mais simbólica a representação do Blues na trama.

Outro elemento que vale a pena destacar é a posição da trilha sonora na narrativa.  O mérito vem da parceria entre Ludwig Göransson e Coogler que entraram em sintonia em todos os seus projetos. Mesmo não sendo um musical, a trilha sonora e seus números musicais fazem parte do âmago da história, principalmente nas músicas tocadas durante a sequência do clube, como “Lie to You” e “Rocky Road to Dublin”, performadas pelos atores.

Pecadores se torna uma das maiores apostas para o oscar de 2025, segundo a critica especializada Foto / Reprodução IMDB
Pecadores se torna uma das maiores apostas para o Oscar de 2025, segundo a critica especializada Foto / Reprodução IMDB

A recepção da crítica e público foi representativa, fazendo história além da tela, estando com 84% de aclamação no Metacritic. Além de ter conquistado uma das maiores bilheterias do ano, totalizando 230 milhões arrecadados por todo o mundo. 

O diretor Ryan Coogler conseguiu deixar um legado na indústria cinematográfica, com o contrato histórico feito para a produção do filme, no qual em vinte e cinco anos, todos os direitos relacionados a sua obra serão retornados para o diretor. 

Veja abaixo o trailer da produção: 

Título original: Sinners
Direção: Ryan Coogler
Roteiro: Ryan Coogler
Trilha sonora original: Ludwig Göransson
Produção: Ryan Coogler, Zinzi Coogler, Kevin Feige

Elenco principal: Michael B. Jordan, Miles Caton, Hailee Steinfeld, Wunmi Mosaku e Jack O’Connell.