Do pastelzinho com caldo de cana à hora da xepa, as feiras livres fazem parte do cotidiano paulista de domingo a domingo.
por
Manuela Dias
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29/11/2025 - 12h

Por décadas, São Paulo acorda cedo ao som de barracas sendo montadas, caminhões descarregando frutas e vendedores afinando o gogó para anunciar promoções. De norte a sul, as feiras livres desenham um dos cenários mais afetivos da vida paulistana. Não é apenas o lugar onde se compra comida fresca: é onde se conversa, se briga pelo preço, se prova um pedacinho de melancia e se encontra o vizinho que você só vê ali, entre uma dúzia de banana e um pé de alface.

Juca Alves, de 40 anos, conta que vende frutas há 28 anos na zona norte de São Paulo e brinca que o relógio dele funciona diferente. “Minha rotina é a mesma todos os dias. Meu dia começa quando a cidade ainda está dormindo. Se eu bobear, o morango acorda antes de mim”.

Nas bancas de comida, o pastel é rei. “Se não tiver barulho de óleo estalando e alguém gritando não tem graça”, afirma dona Sônia, pasteleira há 19 anos junto com o marido e filhos. “Minha família cresceu ao redor de panelas de óleo e montes de pastéis. E eu fico muito realizada com isso.  

Quando o relógio se aproxima do meio dia, começa o momento mais esperado por parte do público: a famosa xepa. É quando o preço cai e a disputa aumenta. Em uma cidade acelerada como São Paulo, a feira livre funciona como uma pausa afetiva, um lembrete de que existe vida fora do concreto. E enquanto houver paulistanos dispostos a acordar cedo por um pastel quentinho e uma conversa boa, as feiras continuarão firmes, coloridas, barulhentas e deliciosamente caóticas.

Os cartazes com preços vão mudando conforme o dia.
Os cartazes com preços vão mudando conforme o dia. Foto: Manuela Dias/AGEMT
Vermelha, doce e gigante: a melancia é o coração das bancas nas feiras paulistanas.
Vermelha, doce e gigante: a melancia é o coração das bancas nas feiras paulistanas. Foto: Manuela Dias/AGEMT
A dupla que move a feira da Zona Norte de São Paulo.
A dupla que move a feira da Zona Norte de São Paulo. Foto: Manuela Dias/AGEMT
Entre frutas e verduras um respiro delicado: o corredor das flores.
Entre frutas e verduras um respiro delicado: o corredor das flores. Foto: Manuela Dias/AGEMT

 

Apresentação exclusiva acontece no dia 7 de setembro, no Palco Mundo
por
Jalile Elias
Lais Romagnoli
Marcela Rocha
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26/11/2025 - 12h

Elton John está de volta ao Brasil em uma única apresentação que promete marcar a edição de 2026 do Rock in Rio. O festival confirmou o britânico como atração principal do dia 7 de setembro, abrindo a divulgação do line-up com um dos nomes mais celebrados da música mundial.

A presença de Elton carrega um peso especial. Em 2023, o artista anunciou que deixaria as grandes turnês para ficar mais perto da família. Por isso, sua performance no Rock in Rio será a única na América Latina, transformando o show em um momento raro para os fãs de todo o continente.

Em um vídeo publicado na terça-feira (25) nas redes sociais, Elton John revelou o motivo para ter aceitado o convite de realizar o show em solo brasileiro. “A razão é que eu não vim ao Rio na turnê ‘Farewell Yellow Brick Road’, e eu senti que decepcionei muitos dos meus fãs brasileiros. Então, eu quero compensar isso”, explicou o britânico.

No mesmo dia de festival, outro grande nome da música sobe ao Palco Mundo: Gilberto Gil. Em clima de despedida com a turnê Tempo-Rei, que termina em março de 2026, o encontro dos dois artistas lendários torna a programação do festival ainda mais especial. 

Gilberto Gil se apresentará no Palco Mundo do Rock in Rio 2026 (Foto: Reprodução / Facebook Gilberto Gil)
Gilberto Gil se apresentará no Palco Mundo do Rock in Rio 2026 (Foto: Divulgação)

Além das atrações, o Rock in Rio prepara mudanças importantes na Cidade do Rock. O Palco Mundo, símbolo do festival, será completamente revestido de painéis de LED, somando 2.400 metros quadrados de tecnologia. A ideia é ampliar a imersão visual e criar novas possibilidades para os artistas.

A próxima edição também terá uma homenagem especial à Bossa Nova e um benefício pensado diretamente para o público, em que cada visitante poderá receber até 100% do valor do ingresso de volta em bônus, podendo ser usado em hotéis, gastronomia e experiências turísticas durante a estadia na cidade.

O Rock in Rio 2026 acontece nos dias 4, 5, 6, 7 e 11, 12 e 13 de setembro, no Parque Olímpico, no Rio de Janeiro. A venda geral dos ingressos começa em 9 de dezembro, às 19h, enquanto membros do Rock in Rio Club terão acesso à pré-venda a partir do dia 4, no mesmo horário.

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A socialite continuou tendo sua moral julgada no tribunal, mesmo após ter sido assassinada pelo companheiro
por
Lais Romagnoli
Marcela Rocha
Jalile Elias
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26/11/2025 - 12h
Marjorie Estiano interpreta Ângela Diniz. Foto: Divulgação
Marjorie Estiano interpreta Ângela Diniz em nova série. Foto: Reprodução/Divulgação HBO Max

Figurinha carimbada nas colunas sociais da época, Ângela Diniz virou capa das manchetes policiais após ser morta a tiros pelo então namorado, Doca Street. O feminicídio que marcou o país na década de 1970 ganha agora um novo olhar na série da HBO Ângela Diniz: Assassinada e Condenada.

Na produção, Marjorie Estiano interpreta a protagonista, enquanto Emilio Dantas assume o papel de Doca. O elenco ainda conta com Thelmo Fernandes, Maria Volpe, Renata Gaspar, Yara de Novaes e Tóia Ferraz.

Sob direção de Andrucha Waddington, a série se inspira no podcast A Praia dos Ossos, de Branca Viana. A obra, que leva o nome da praia onde o crime ocorreu, reconstrói não apenas o caso, mas também o apagamento em torno da própria vítima. Depoimentos de amigas de Ângela, silenciadas à época, servem como ponto de partida para revelar quem ela realmente era.

Seja pela beleza ou pela independência, a mineira chamava atenção por onde passava. Já os relatos sobre Doca eram marcados pelo ciúme obsessivo do empresário. O casal passava a véspera da virada de 1977 em Búzios quando, ao tentar pôr fim à relação, Ângela foi assassinada pelo companheiro.

Por dias, o criminoso permaneceu foragido, até que sua primeira aparição foi numa entrevista à televisão; logo depois, ele se entregou à polícia. Foram necessários mais de dois anos desde o assassinato para que Doca se sentasse no banco dos réus, num julgamento que se tornaria símbolo da luta contra a violência de gênero.

Marjorie Estiano interpreta Ângela Diniz, , enquanto Emilio Dantas assume o papel de Doca. Foto: Divulgação
Marjorie Estiano interpreta Ângela Diniz, enquanto Emilio Dantas assume o papel de Doca. Foto: Reprodução/Divulgação HBO Max

As atitudes, roupas e relações de Ângela foram usadas pela defesa como supostas “provocações” que teriam motivado o crime. Foi nesse episódio que Carlos Drummond de Andrade escreveu: “Aquela moça continua sendo assassinada todos os dias e de diferentes maneiras”.

Os advogados do réu recorreram à tese da “legítima defesa da honra” — proibida somente em 2023 pelo STF — numa tentativa de inocentá-lo. O argumento foi aceito pelo júri, e Doca recebeu pena de apenas dois anos de prisão, sentença que gerou revolta e fortaleceu movimentos feministas da época.

Sob forte pressão popular, um segundo julgamento foi realizado. Nele, Doca foi condenado a 15 anos, dos quais cumpriu cerca de três em regime fechado e dois em semiaberto. Em 2020, ele morreu aos 86 anos, em decorrência de um ataque cardíaco.

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Exposição reúne obras que exploram o inconsciente e a natureza como caminhos simbólicos de cura
por
KHADIJAH CALIL
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25/11/2025 - 12h

A Pinacoteca Benedicto Calixto, em Santos, apresenta de 14 de novembro a 14 de dezembro de 2025 a exposição “Bosque Mítico: Katia Canton e a Cura pela Arte”, que reúne um conjunto expressivo de pinturas, desenhos, cerâmicas, tapeçarias e azulejos da artista, sob curadoria de Carlos Zibel e Antonio Carlos Cavalcanti Filho. A Fundação que sedia a mostra está localizada no imóvel conhecido como Casarão Branco do Boqueirão em Santos, um exemplar da época áurea do café no Brasil. 

Ao revisitar o bosque dos contos de fadas como metáfora de transformação interior, Katia Canton revela o processo criativo como gesto de cura, reconstrução e transcendência.
 

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       “Casinha amarela com laranja” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.

 

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                 “Chapeuzinho triste” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.
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                 “O estrangeiro” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.         
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                                                            “Menina e pássaro” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.
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                                                     “Duas casinhas numa ilha” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.
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                                                             “Os sete gatinhos” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.
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                                                                         “Floresta” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.

 

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Festival celebra os três anos de existência com homenagem ao pensamento de Frantz Fanon e a imaginação radical da cultura periférica
por
Marcela Rocha
Jalile Elias
Isabelle Maieru
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25/11/2025 - 12h

Reconhecido como um dos principais espaços da cultura periférica em São Paulo, o Museu das Favelas completa três anos de atividades no mês de novembro. Para comemorar, a instituição elaborou uma programação especial gratuita que combina memória, arte periférica e reflexão crítica.

Segundo o governo do Estado, o Museu das Favelas já recebeu mais de 100 mil visitantes desde sua fundação em 2022. Localizado no Pátio do Colégio, a abertura da agenda de aniversário ocorre nesta terça-feira (25) com a mostra “ImaginaÇÃO Radical: 100 anos de Frantz Fanon”, dedicada ao médico e filósofo político martinicano.

Fachada do Museu das Favelas. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Fachada do Museu das Favelas. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Autor de “Os condenados da terra” e “Pele negra, máscaras brancas”, Fanon contribuiu para a análise dos efeitos psicológicos do colonialismo, considerando algumas abordagens da psiquiatria e psicologia ineficazes para o tratamento de pessoas racializadas. A exposição em sua homenagem ficará em cartaz até 24 de maio de 2026.

Ainda nos dias 25 e 26 deste mês, o festival oferecerá o ciclo “Papo Reto” com debates entre intelectuais francófonos e brasileiros, em parceria com o Instituto Francês e a Festa Literária das Periferias (Flup). A programação continua no dia 27 com a visita "Abrindo Fluxos da Imaginação Radical”. 

Em 28 de novembro, o projeto “Baile tá On!” promove uma conversa com o artista JXNV$. Já no dia 29, será inaugurada a sala expositiva “Esperançar”, que apresenta arte e tecnologia como forma de mapear territórios periféricos.

O encerramento do festival será no dia 30 de novembro com a programação “Favela é Giro”, que ocupa o Largo Pátio do Colégio com DJs e performances culturais.

 

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Cantora e compositora nipo-americana destrincha a experiência feminina de transitar a vida nos detalhes
por
Maria Eduarda Camargo
Bianca Novais
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07/11/2023 - 12h

 

“You're growing tired of me. And all the things I don't talk about”. Montagem: Bianca Novais.
“You're growing tired of me. And all the things I don't talk about”. Montagem: Bianca Novais.

Be The Cowboy completa cinco anos de lançamento em 2023. O álbum sucessor de Puberty 2 aborda a continuação de um eu-lírico em comum – que mescla a estética ruidosa de colagens da década de 1990 e um quê do universo e da dor feminina. 

Para o álbum Puberty 2, que finaliza com a música A Burning Hill, o eu-lírico termina na promessa de um final de melancolia e tranquilidade. O instrumental, que se mistura muito com o de Memento Mori, lançado em 2013 por Crywank, utiliza de sons mais acústicos e simplórios – estética que se esvai completamente em Be The Cowboy.
 

 

Geyser, faixa inaugural, abre o álbum com sons sintéticos, mas um eu-lírico muito conectado ainda com Burning Hill. Mitski explora as nuances de um amor despedaçante, além de uma melancolia cálida, enquanto explica a promessa de um “eu” que procura por mais, conectando-se com o título do álbum, como explica em entrevista:
 

 

 

O single do álbum, Nobody, é explorado pela artista como a despersonalização de si e esse sentimento de solidão que é carregado por todo o álbum, e também por outros trabalhos da artista.
 

 

 

 

Já no título que finaliza o álbum, o piano acompanha a lentidão da artista e inicia um novo eu-lírico. Neste, Mitski explora o esvair de sua juventude e a entrada ao desconhecido, algo que retoma em seu próximo trabalho, especialmente nas primeiras faixas Valentine, Texas e Working for the Knife (2022), de Laurell Hill, em que Mitski realmente torna-se o “Caubói”.

 

“I used to think i’d be done by 20. Now at 29, the road ahead appears the same. Though maybe at 30 I’ll see a way to change”. Montagem: Bianca Novais.
“I used to think i’d be done by 20. Now at 29, the road ahead appears the same. Though maybe at 30 I’ll see a way to change”. Montagem: Bianca Novais.


 

 

 

 

 

 

Explore a extraordinária jornada do inventor do avião nesta cativante exposição
por
Giulia Palumbo
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06/11/2023 - 12h

O Museu Catavento apresenta a exposição "Santos Dumont: Entre Máquinas e Sonhos" em comemoração ao 150º aniversário do nascimento do renomado inventor do avião. A exibição vai além da aviação, explorando a vida e as conquistas de Santos Dumont em diversos aspectos, incluindo sua significativa contribuição para as ciências, especialmente engenharia, aeronáutica e física.

Dentre os destaques, os visitantes terão a oportunidade de admirar réplicas em tamanho real de duas de suas criações mais icônicas: o Demoiselle e o 14-bis, que foi o primeiro avião a voar no mundo. Além disso, um caça F5 da Aeronáutica estará em exibição. Todos os aviões foram construídos pelo Museu Aeroespacial e farão parte do acervo permanente do Catavento.

Santos Dumont, em imagem que faz parte de mostra do Museu Catavento, em SP — Foto: Divulgação
Santos Dumont, em imagem que faz parte de mostra do Museu Catavento, em SP — Foto: Divulgação

Os visitantes poderão explorar as primeiras incursões de Santos Dumont no mundo da mecânica, que incluem automóveis, motocicletas e inovações engenhosas. Através de painéis visuais interativos detalhados e dioramas, a exposição retrata o surgimento das diversas paixões de Dumont que o conduziram a se tornar um ilustre inventor, com destaque para seu tempo em Paris, na França.

A exposição é patrocinada pelo Grupo Ultra, por meio de suas empresas Ultragaz, Ultracargo e Ipiranga e da Embraer, com apoio da Força Aérea Brasileira e do Museu Aeroespacial, Museu Paulista, Instituto Cultural Santos Dumont e da Fundação Casa de Cabangu, responsável pela administração do Museu Casa Natal de Santos Dumont. Através de detalhados painéis visuais interativos e dioramas, a mostra apresenta o nascimento das muitas inquietações de Dumont que o transformaram em um grande inventor, tendo em Paris, na França, pontos marcantes. Toda a exposição explora a conexão entre o inventor do avião e a missão do Museu Catavento, de despertar o interesse pela ciência e tecnologia.
Seu ponto de partida explora os interesses iniciais de Santos Dumont pela ciência e pela mecânica, mostrando experiências realizadas na fazenda de café de sua família.A exposição busca ressaltar a conexão entre o inventor do avião e a missão do Museu Catavento, que é despertar o interesse do público pela ciência e tecnologia.
Por fim, a exposição contará com uma área dedicada a oficinas de blocos de montar, atividades pensadas para o público infantojuvenil. Haverá também quiz sobre a vida de Santos Dumont e oficina de aviões de papel, onde os visitantes poderão interagir e experimentar diferentes aspectos das técnicas de voo. Uma plataforma de lançamento estará disponível para desafiar os entusiastas do voo a testarem suas criações.

Serviço: Exposição "Santos Dumont: Entre Máquinas e Sonhos"
Preço: R$15,00
Data: 29 de setembro a 7 de abril de 2024
Horário de funcionamento: Das 9h às 17h (a bilheteria fecha às 16h)
Local: Museu Catavento, Avenida Mercúrio, Parque Dom Pedro II, s/n

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O Pixo como resposta a invisibilidade na periferia
por
José Pedro dos Santos
Renan Barcellos
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31/10/2023 - 12h

                                     

Por ser o principal centro econômico do Brasil, a cidade de São Paulo tem, aproximadamente, 12,5 milhões de habitantes. Entre eles, existem várias personalidades, cada qual com a sua opinião sobre o que ocorre na cidade. Sendo o melhor sistema governamental existente até a atualidade, a democracia tem como objetivo principal atender a vontade da maioria. No entanto, diversos temas são discutidos a anos na região, principalmente aqueles mais polêmicos, sobretudo quando envolve diferentes atores paulistanos. Eleito em 2016, o ex-prefeito João Doria, teve como uma das suas principais pautas a temática do Pixo (forma escrita pelos praticantes) nas ruas paulistanas. Filiado ao Partido da Social-Democracia Brasileira (PSDB), com posicionamento mais atrelado as pautas conservadas de direita, o tucano foi duro no combate dessa prática.

Porém, todo esse contexto reacendeu debates sobre o pragmatismo estrutural esperado da cidade mais desenvolvida do país. Diversos questionamentos sobre esse aspecto da cidade já se tornaram patrimônio cultural, principalmente entre os mais jovens. Exemplo disso é a famosa frase do rapper Criolo. ‘’Não existe amor em SP’’, embora seja uma frase curta, exprime o sentimento de milhares de cidadãos que enxergam nesse objetivismo corporativista da metrópole, a causa da falta de afeto nas relações interpessoais do cotidiano, chegando a citar a pichação em sua letra.

O Pixo caracteriza-se como outro elemento cultural que gera polêmicos debates em São Paulo. As medidas radicais do psdbista contra a prática, geraram novos questionamentos sobre a falta de espaço cultural que propicie voz para aqueles que são jogados a margem da sociedade e que enxergam na pichação, a possibilidade de serem escutados.

               Diversas manifestações contra o radicalismo político do ex-prefeito surgiram visando questionar as medidas contra a cultura, frases como ‘’Cidade de concreto’’ ou ‘’Cidade cinza’’ passaram a ser ainda mais presentes entre os paulistanos, gerando debates entre aqueles a favor do ato e aqueles contrários, ou seja, a dualidade do Pixo.

critica as ações repressivas de João Doria

Representados pelo ex-prefeito e govenador, as classes ricas, mais influente em questões políticas devido a sua riqueza, apoiam a guerra contra os pichadores, defendendo as penas exercidas por Doria, argumentando que a pichação tira a seriedade da cidade e afirmando que o Pixo não se caracteriza como arte, ou seja, desclassificando qualquer caráter cultural.

Todavia, a pixação já apresenta longo histórico de cunho social. Inspiradas nas Runas Anglo-Saxônicas, formadoras do primeiro alfabeto europeu, o Futhorc, as primeiras manifestações de pichação, da forma como ela é conhecida no contexto contemporâneo, começaram a surgir na década de 80, com o movimento Punk Rock. Sua percepção de demarcação de um território público com escritas favoráveis as eclosões culturais que denunciavam as torturas físicas e sociais sofridas por minorias e os dilemas morais vivenciados por jovens revolucionários, compactuava com as pichações encontradas na década de 60, durante a Ditadura Militar, que, no entanto, não utilizavam as inspirações do alfabeto Futhorc.

 

                                                                                                                                                                         Alfabeto Anglo-Saxônico (Futhorc)                                                                                                                                                                                      

 

    

                           Pixo contrário a Ditadura Militar (1964-1985)

Choque, ex-pichador da década de 80, com vasto repertório na modalidade, destaca que inicialmente a pichação encontrada na cidade de São Paulo tinha cunho político, sobretudo a partir dos anos 60, com a instauração da Ditadura Militar. Frases como ‘’abaixo a Ditadura’’ não apresentavam nenhuma preocupação estética no formato das letras, o enfoque era na mensagem e não na sua grafia. Somente a partir da década de 80, com a consolidação da Contracultura no Brasil, a pichação, segundo a visão de Choque, tomou a perspectiva de utilizar a estética encontrada no logo de bandas como Iron Maiden em suas letras e o objetivo de ser um marco nos patrimônios públicos que denuncie a existência dos marginalizados para toda a sociedade. O pichador afirma que essa ressignificação, a forma na qual a simples cópia das escritas de povos bárbaro de milhares de anos atrás para os povos bárbaros de São Paulo, é um exemplo caricato de antropofagia.

Assim, a incultura encontrada na atual elite paulistana, representada pela ignorância política de João Doria, torna-se compreensiva, já que ambas são consequências sociais herdadas por seus antepassados, a classe burguesa que a décadas comanda e enriquece a custas dos mais pobres. Ou seja, o Pixo incomoda-os por questionar o seu poder e prestígio social, logo, não deve ser considerado um fator cultural, na perspectiva elitista e opressora desse grupo social.

Todo esse enredo permite concluir que a dualidade do Pixo pode ser sintetizada em um confronto entre os ricos e os pobres, mas especificamente pela opressão dos primeiros em relação aos segundos. A mesma elite que demoniza e invalida a pichação, estereotipando os praticantes como pobres, desinformados e marginais, não demonstra qualquer tipo de remorso com relação as condições insalubres encontradas nas periferias brasileiras, como os esgotos a céu aberto, a fome, a miséria, a opressão policial, a falta de educação e o tráfico. Dessa forma, todo esse contexto caótico e desumano faz com que a síndrome de invisibilidade seja presente na vida de milhões de jovens que encontram no Pixo, uma forma de serem escutados.

Djan, pichador ainda em atividade e um dos maiores nomes do Pixo paulista, enxerga a pichação como uma forma de afrontar a hipocrisia da classe burguesa. O incomodo com a situação encontrada nos patrimônios públicos pichados em lugares ricos da cidade, contra a indiferença em fatores caricatos da periferia, como a falta de saneamento básico, são fatores cruciais, no olhar de Djan, para a existência da pichação. Para seus adeptos, a intenção do Pixo é justamente chegar nos ricos e denunciar a existência dos marginalizados. Ele destaca também que a pichação é responsável por ensinar uma geração que não encontra no sistema educacional brasileiro, representado pelas escolas, o necessário para a sua sobrevivência parente uma sociedade opressiva. Djan destaca que a pichação ensina seus descendentes a sobreviverem sem dinheiro, se locomover pela cidade e saber lidar contra a repressão social simbolizada na violência policial, além de ser uma forma de expressão responsável por tirar inúmeros jovens do crime.

A hipocrisia citada por Djan é exemplificada no caso da prisão do pichador mineiro Goma, V em 2016. Ao não contribuir com as investigações policiais que caçavam o pichador Maru, Goma foi acusado por fornecer materiais para a pichação, crime ambiental e apologia ao tráfico. O pichador ao afirmar para a polícia que não obtinha informações sobre Maru foi preso por apologia, já que ele tinha uma loja que vendia material para a prática do pixo, além de vender peças de roubas que tinham folhas de maconha como estampa. Goma afirma que foi preso com pessoas que mataram, roubaram e traficavam, fazendo com que além do sentimento de injustiça, o pichador sentisse um constante medo do sistema prisional.

Goma em atividade na madrugada de Belo Horizonte

Juntamente dele, a polícia interrogou outro famoso pichador de Minas Gerais, conhecido por Sadok, preso por quatro meses junto de Goma em 2010, devido a pichação. Porém, o mesmo não estava mais na atividade do Pixo durante a segunda prisão de Goma. Sadok afirma que a polícia apresentou pichações as quais ele não conhecia e, mesmo não estando mais em atividade, o pichador foi chamado para prestar depoimento, sofrendo constantes ameaças de prisão durante esse processo.

Além de representar o caso de opressão contra a população periférica, o caso de Goma demonstra a hipocrisia que a classe política e a elite econômica cometem contra a sociedade mineira, já que uma das acusações que resultaram na prisão do pichador foi de crime ambiental, sendo que foi nesse mesmo estado em que a empresa Samarco Mineração, com aval do governo de Minas Gerais, intensificou suas atividade próximas a Barragem de Fundão, que rompeu-se no ano de 2015, resultando em danos imensuráveis para a biodiversidade local e na morte de 19 pessoas. O caso foi utilizado para defender a liberdade de Goma, que passou a ser visto como herói por parte da cultura de rua mineira, chegando a ser homenageado nas letras dos MC’s FBC, Clara Lima e Djonga, integrantes do famoso coletivo de Rap mineiro DV TRIBO.

‘’DV TRIBO, BH, 2016

Salve Goma

PJL a todos os pichadores presos injustamente’’

FBC – DVERSOS II

‘’Com dispô pra subir, depor e cuspir
Desapontando, cumprindo tratos
Se tratando em construir ou desconstruir
Fato forte a refletir é que eu rimei esses verso tudo
E o Goma ainda não tá aqui’’

Clara Lima - Diáspora

‘’157, 33
Vi vários cara assinar sem nem saber escrever
Sadok e Goma na cidade inteira
Prenderam os piores, pergunta lá pra ver
Muito cara certo entrou na vida errada
Dinheiro sujo compra roupa limpa
Essa é a prova que os opostos se atraem
Igual polícia e um preto na parede
Coisa que não entendo junto ainda’'

Djonga – O cara de Óculos pt. Bia Nogueira (Histórias da minha área)

 Pixo em solidariedade a Goma e condenação à Samarco pelo desastre de Mariana

Manifestação em defesa da liberdade de Goma, em Belo Horizonte (MG)

Após 8 meses preso, Goma teve a sua liberdade provisória liberada. Em contrapartida, foi obrigado a cumprir prisão domiciliar com o uso de uma tornozeleira que para ele significa tristeza e incapacidade, limitando várias de suas atividades, fato que o fez parar de pichar, demonstrando o uso opressivo do aparelho governamental contra a população períferica, fato que não ocorre contra as classes mais ricas. Mesmo não obtendo a liberdade total, continuando na posição de vítima perante a opressão do Estado, diferentemente do ocorrido com os responsáveis pela tragédia de Mariana, a flexibilização da pena de Goma foi resultado direto da manifestação realizada por outros pichadores, fato perfeitamente explicado na fala de uma das maiores referências do pixo no Rio de Janeiro, Naldo.

O pichador carioca afirma categoricamente que a intenção do governo é justamente deixar o povo sem informação. Porém a população periférica não é burra, ela apresenta capacidade de ver o que apresentado no jornal e interpretar os fatos. Ele acredita que o que resta para essa parte do povo é justamente protestar, demonstrar a sua indignação e sua existência atras dos muros. Segundo ele a intenção é justamente incomodar, mostrar que mesmo com todo o sistema ao seu favor a classe política não está isenta a críticas.

Recentemente, no estado de São Paulo, outra medida autoritária dos governantes contra um pichador gerou novas polêmicas no mundo do Pixo. Mauro Neri foi preso pela polícia militar, a mando de João Doria, ao retirar a camada de tinta cinza que cobria uma de suas obras. O pichador afirma que estava apenas removendo o cinza de uma obra sua que apresentava a autorização do dono do muro para ser realizada. Mesmo assim, acabou por ser preso em flagrante pela polícia. Seu caso gerou a mesma comoção que o do Goma, já que a classe artística periférica já iniciou protestos favoráveis a liberdade do pichador, utilizando do Pixo como ferramenta de manifestação. Neri ainda afirma que sua prisão, apesar de toda injustiça, apresenta um saldo positivo. Segundo ele para o vândalo ser criminalizado é positivo, já que deixa explicito toda a injustiça e desigualdade que permeia a sociedade brasileira, fazendo com que mais pessoas passem a ser adeptas do movimento.

Obra feita no contexto da prisão de Neri que questiona a perseguição de João Doria contra os pichadores

Toda essa conjuntura demonstra que a guerra contra os pichadores não se trata de uma guerra equânime entre o Estado e criminosos. Trata-se de uma perseguição específica contra a forma de manifestação dos mais pobres por parte da elite brasileira, que condena o ato, porém não procura entender tudo que ele representa. A pichação é um sintoma de um país desigual, que não pune as grandes empresas, como no caso da Samarco, mas persegue aqueles que são completamente renegados de auxílio do governo, se tornando vítimas da invisibilidade social citada por Dimenstein. O questionamento continuará existindo enquanto os governantes negligenciarem qualquer atenção aos direitos constitucionais de todo cidadão, ausentes nos lugares mais pobres, sem qualquer tipo de discriminação. Enquanto isso, o Pixo continuará sendo a síntese da vida do periférico.

 

 

 

 

 

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O inesquecível Chandler Bing de "Friends" tinha mais de 30 anos de carreira
por
Mohara Ogando Cherubin
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31/10/2023 - 12h

O ator Matthew Perry morreu neste sábado (28) aos 54 anos. Segundo a polícia, Matthew foi encontrado sem vida em casa, em Los Angeles. A causa da morte não foi divulgada, porém de acordo com o site TMZ, o ator parece ter se afogado na banheira.

arquivo 1
Reprodução: O Globo

Natural de Williamstown, Massachusetts, Matthew nasceu em 19 de agosto de 1969 e era filho do ator John Bennett Perry e da jornalista Suzanne Perry. Com o divórcio repentino dos pais, o ator se mudou com a mãe para Ottawa, no Canadá, ainda na infância. 

Durante sua morada no Canadá, Matthew passou a praticar tênis e se tornou um tenista de primeira categoria no país, mas foi no decorrer de sua adolescência que descobriu a paixão pela atuação, o que o levou a morar com o pai em Los Angeles.

Matthew fez sua estreia nas telas aos dez anos de idade, quando interpretou Arthur na série de drama "240-Robert" em 1979. Nos anos seguintes o ator participou de outros seriados, como Bob em "Not Necessarily the News" (1983), Ed em "Charles in Charge" (1985) e Davey em "Silver Spoons" (1986).

O primeiro papel de Matthew no cinema foi ainda no Ensino Médio. O ator deu vida ao personagem Fred Roberts no filme “Uma Noite na Vida de Jimmy Reardon” (1988). No ano seguinte, ele viveu Timothy no filme "Não mexa com a minha filha" (1989). 

“Friends” 

arquivo 2
Matthew Perry como Chandler Bing em “Friends” (1994)

Foi no ano de 1994, após participações em alguns seriados e filmes, que Matthew recebeu o convite para viver o personagem que mudaria sua vida.

O seriado de comédia "Friends" foi lançado em 22 de setembro daquele ano. A trama girava em torno do cotidiano de um grupo de amigos de Nova York. Matthew interpretou o sarcástico Chandler Bing durante 10 temporadas – com um total de 234 episódios produzidos pela Warner Bros.

Com falas memoráveis e momentos hilários, o personagem de Perry se tornou um dos favoritos dos fãs da série, o que lhe rendeu uma indicação ao Primetime Emmy, em 2002. 

Após 17 anos do fim da série, o episódio especial reuniu o elenco novamente, intitulado Friends: The Reunion, em 2021.

"Estamos todos totalmente arrasados com a perda de Matthew. Éramos mais do que apenas colegas de elenco. Somos uma família. Há muito a dizer, mas agora vamos reservar um momento para lamentar e processar esta perda incalculável. Com o tempo diremos mais, como e quando pudermos e, por enquanto, nossos pensamentos e nosso amor estão com a família de Matty, seus amigos e todos que o amavam ao redor do mundo", disse o elenco da série em comunicado conjunto para a revista People nesta segunda (30).


Mais da carreira do ator

Com o reconhecimento de sua atuação em "Friends", Matthew participou de outros filmes e séries como Nicholas 'Oz' em "Meu vizinho mafioso" e "Meu vizinho mafioso 2", Alex Whitman em "E agora, meu amor?", Mike O'Donnell em "Dezessete Outra Vez", Matt Albie em "Studio 60 on the Sunset Strip" e Ryan King "Go On", dentre outras produções.

O polêmico livro de memórias de Matthew Perry 

O ator publicou o livro “Friends, Lovers, and the Big Terrible Thing: A Memoir” ("Amigos, amores e aquela coisa terrível") em 1º de novembro de 2022. A obra tem mais de 300 páginas, nas quais o ator conta sobre seu vício com drogas e álcool durante as gravações de "Friends", seus amigos e o namoro com a atriz Julia Roberts. 

Matthew brinca com o fato de Julia Roberts ter aceitado participar da série, em 1995, desde que contracenasse com o personagem do ator. A partir daí, os dois trocaram diversos fax "românticos" até se envolverem de verdade. Desse modo, quando a atriz participou do episódio de Friends, ela e Matthew já eram namorados.

"Nosso beijo no sofá foi tão real que as pessoas acharam que era real. Foi mesmo", contou ele. Matthew revela em seu livro o quão profunda foi a paixão sentida por Julia Roberts, ao mesmo tempo que lidava com seus vícios. Com medo de perder a atriz, Matthew foi o responsável por terminar o relacionamento. Segundo o ator, ela ficou muito confusa com sua decisão.

"No dicionário, a palavra 'viciado' devia vir acompanhada de uma foto minha, olhando ao redor, muito atordoado", escreve. Matthew expõe que passou metade da vida em centros de reabilitação, ao todo foram 15, e revela que seu abuso de opioides levou à ruptura do cólon aos 49 anos. Os médicos lhe deram 2% de chance de sobrevivência, de acordo com o ator, e ele ficou em coma por duas semanas. Em seguida, permaneceu internado por meses no hospital.

Em meio a momentos sombrios, a obra também intercala entre memórias mais positivas, quando o ator diz ser um dos homens mais sortudos do planeta, e que apesar de tudo, com uma vida divertida.

"Agora me sinto melhor porque acabou. Está em um pedaço de papel. O 'porquê' de ainda estar vivo é definitivamente para ajudar as pessoas", disse Matthew sobre a obra. 

 

 

 

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Nove anos após o lançamento do primeiro "Five Nights at Freddy's", a saga de jogos ganhou o aguardado longa metragem no dia 26 de outubro.
por
Natália Perez
João Pedro Lopes
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31/10/2023 - 12h

A adaptação em longa metragem da série de jogos “Five Nights at Freddy’s” foi um dos filmes mais esperados do ano, pelo menos para os fãs que aguardavam desde seu anúncio em 2016. Estreado em 26 de outubro e com produção de Jason Blum e Scott Cawthon, criador dos jogos, o filme tem duração de 110 minutos e foi dirigido por Emma Tammi. Os estúdios envolvidos são a Universal Studios e a gigante do terror, Blumhouse. Custando 20 milhões de dólares, FNAF já arrecadou 35% do valor investido no dia de estreia somente nos cinemas americanos. Estima-se que já em seu primeiro fim de semana, a arrecadação alcance 50 milhões de dólares, colocando o filme como um sucesso do terror em 2023. No Brasil, ocupou o primeiro lugar nas bilheterias já na estreia.

Os números e a aprovação dos fãs impressionaram os críticos. No Rotten Tomatoes, o filme agradou somente 29% dos críticos contra 89% de satisfação do público. Para o jornal americano Associated Press, o analista Mark Kennedy escreveu que FNAF “deve ser considerado um dos filmes mais pobres de qualquer gênero desse ano”. Entretanto, as criticas parecem ter pouco efeito, principalmente contra os dados de bilheteria. Assim, a produção entra na lista dos filmes de terror amados pelo público e odiados pela crítica, como o clássico Jogos Mortais (2004) e Halloween Ends (2022).

 

Five Nights at Freddys
Capa oficial do segundo trailer do filme. Imagem: Universal Pictures/Distribuição.

 

A recepção positiva do público é fundamental para o sucesso comercial, e eles esperam que o filme não apenas satisfaça os fãs de longa data, mas também conquiste aqueles que estão sendo introduzidos ao universo pela primeira vez. A história se passa na pizzaria “Freddy Fazbear's Pizza”, onde animatrônicos – robôs que entretém as crianças durante o dia - ganham vida própria e um desejo sanguinário à noite. Assim como nos jogos, o personagem principal do filme: o vigia noturno Mike (Josh Hutcherson), deve tentar sobreviver até o amanhecer.

Desesperado por um emprego, Mike aceita a oferta de ser o vigia noturno de uma pizzaria abandonada após o sumiço de 5 crianças. Assombrado pelo sequestro de seu irmão anos atrás, o personagem começa a acreditar que há uma ligação entre os animatrônicos e o sequestro. Tudo se complica quando ele se descobre que sua irmã Abby (Piper Rubio) de 10 anos parece se relacionar com Freddy, Chica, Bonnie e Foxy (animatrônicos). Com a ajuda da policial local Vanessa (Elizabeth Lail), Mike descobre que no Freddy Fazbear’s Pizza nada é o que parece.

 

Five Nights at Freddys
Os animatrônicos envolta dos personagens de Abby (Piper Rubio), Mike (Josh Hutcherson) e Vanessa (Elizabeth Lail) contracenando em cena do filme. Imagem: Reprodução/Twitter.

 

“Five Nights at Freddy's” conta com onze jogos oficiais de survival horror, isto é, jogos com atmosfera de mistério e perigo constante. Além de um jogo em realidade virtual, a franquia dispõe de HQs e 23 livros que se aprofundam ainda mais no universo criado pelo, na época, desenvolvedor independente Scott Cawthon. Desde seu primeiro lançamento em 2014, a saga rapidamente se tornou uma sensação global, principalmente em decorrência das gameplays de sucesso. Tanto que o longa conta com a participação especial de youtubers famosos entre os fãs da saga: Cory (CoryxKenshin), que foi revelado ainda nos trailers e MatPat (The Game Theorists), que chega a dizer seu bordão em cena.

Markiplier, o autoproclamado “Rei de FNAF” também foi chamado para participar. Entretanto por um conflito de agendas, anunciou que não estaria no filme alguns dias antes da estreia. No Brasil, Alanzoka se destaca. O vídeo de sua primeira vez jogando, nove anos atrás, passa de 4,5 milhões de visualizações. Sobre o filme, Renan Souzones do canal HUEstation disse em vídeo "Pra quem é fã de FNAF vai ser bem legal aproveitar, tem teorias criadas por fãs e muitas referências aos jogos, o que é uma forma muito inteligente de colocar essa cultura no filme. Além de surpresas bem legais, como convidados e músicas.”

 

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Durante uma gameplay em 2015, Markiplier criou o icônico meme "Was that the bite of 87??" Nos cinemas, telespectadores reportaram que muitos falaram a frase do youtuber quando o filme fez referência a essa cena, o que demostra o alcance de seus vídeos entre os fãs do jogo. Imagem: Reprodução/Youtube "Markiplier"

 

O lançamento do filme gerou uma onda de entusiasmo entre os fãs, que aguardavam ansiosos para ver seus personagens favoritos ganharem vida na tela grande do cinema. As redes sociais estão repletas de discussões, teorias e especulações sobre como a história será adaptada para o cinema. Muitos fãs estão particularmente empolgados para ver como o diretor e a equipe de produção capturarão a essência do jogo, incluindo os elementos de suspense e a caracterização única dos animatrônicos, que se tornaram ícones da cultura pop desde o lançamento.

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Fotos tirada nos bastidores da diretora Emma Tammi conversando com Justin Michael Terry, o ator por baixo da fantasia de Freddy. Imagem: JonnyBlox no Twitter/X

Ao contrário do esperado e do que cada vez mais se tem visto, o filme conta com baixa presença de imagens geradas por computador, o famoso CGI. Grandes estúdios como a Marvel tem sido cada vez mais criticados pelo seu exagero de efeitos e telas verdes, que faz com que a internet vire um mar de memes a cada nova produção. Alguns exemplos recentes, como o fracasso de She-Hulk (2022), são atribuído ao CGI “mal acabado” presente em praticamente todas as cenas. Visando evitar essa insatisfação e trazer mais realidade a filmagem, todos os animatrônicos de FNAF foram construídos como robôs e fantasias gigantes que foram vestidas por atores.

Há alguns anos, observamos produções baseadas em jogos eletrônicos ganhando cada vez mais espaço nas bilheteiras e nos streamings. 2023 parece estar sendo um ano exemplar para mostrar as diferentes maneiras de se traduzir a tensão e jogabilidade para o audiovisual - seja como a série The Last of Us, ou em animações como Super Mario Bros e Sonic. O sucesso de bilheteria de Five Nights at Freddy’s só concretiza o que já era nítido: o público quer e está interessado em ver os vídeo games ultrapassando a barreira dos computadores e chegando nas telonas. 

 

 

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