Influenciadora é chamada de "homem" por espectadora; confusão gerou vaias, atraso no espetáculo e intervenção policial
por
Carolina Zaterka
Manoella Marinho
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15/04/2025 - 12h

 

Malévola Alves, influenciadora digital e mulher trans, denunciou ter sido vítima de transfobia no Teatro Renault, em São Paulo, no dia 26 de março de 2025, ao ser tratada pelo pronome masculino e chamada de “homem” por uma espectadora. O incidente ocorreu antes do início do musical “Wicked”. Malévola, com mais de 840 mil seguidores, publicou trechos do episódio em suas redes, que rapidamente viralizaram.

Segundo relatos de testemunhas e da própria vítima, a confusão começou quando Malévola esperava uma nota fiscal e a mulher atrás dela mostrou impaciência. As duas trocaram palavras e, ao se afastar, a mulher teria gritado "isso é homem ou mulher?" em sua direção. A vítima então se sentiu ofendida e levou a denúncia à plateia, apontando a espectadora como autora do ataque transfóbico, causando um tumulto que paralisou a plateia.

A reação do público foi de imediato apoio a Malévola, com vaias à agressora e pedidos para que ela fosse retirada do teatro. “A gente não vai começar a assistir a um espetáculo que é extremamente representativo para a diversidade com uma mulher dessa aqui. Não faz o menor sentido”, afirmou um dos espectadores durante o protesto.

Diante da pressão da plateia, a apresentação atrasou cerca de 30 minutos. A mulher acusada acabou saindo do teatro sob escolta policial, levada à  delegacia para realizar um boletim de ocorrência, recebendo aplausos e vaias dos demais presentes. Miguel Filpi, presente no evento, celebrou nas redes sociais: “Justiça foi feita!! Obrigado a todo mundo nessa plateia que fez a união para que isso acontecesse.”

Carlos Cavalcanti, presidente do Instituto Artium (Produtor do musical), pediu desculpas pelo ocorrido antes de dar início ao espetáculo: “Peço desculpas por esse acontecimento e por esse atraso. Tudo o que a gente pode admitir, é bom que a gente admita na vida, mas transfobia em Wicked, não dá”. A atriz Fabi Bang, também se manifestou durante e após o espetáculo: “Transfobia jamais” - uma improvisação durante a música “Popular”.

 

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Fabi Bang, atriz que interpreta Glinda, em apresentação do musical. Foto: Blog Arcanjo/Reprodução

Viviane Milano, identificada como a espectadora acusada, negou as acusações em um pronunciamento, alegando que a confusão na fila da bombonière não foi sobre identidade de gênero, mas sobre uma tentativa de furar fila. Ela afirmou: “Perguntei em voz alta: ‘Era o homem ou a mulher que estava na fila?’”, dizendo que sua pergunta foi mal interpretada.

A produção de Wicked e membros do elenco reiteraram seu compromisso com a diversidade e repudiaram o incidente. A nota oficial da produção destacou: “Nosso espetáculo é e continuará sendo um espaço seguro para todas as pessoas, independentemente de identidade de gênero ou orientação sexual.”

As últimas apresentações do cantor baiano reunem seus maiores sucessos e participações de grandes artistas brasileiros
por
Davi Rezende
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14/04/2025 - 12h

Tiveram início na última sexta-feira (11) os shows em São Paulo da turnê “Tempo Rei”, de Gilberto Gil, a última da carreira do lendário artista. O evento, que teve início em março, na cidade de Salvador (BA), chegou neste mês à capital paulista com quatro datas, duas neste final de semana e mais duas ao fim do mês.

Gilberto Gil em show no Allianz Parque cantando Aquele Abraço
Gilberto Gil em show da turnê "Tempo Rei" no Allianz Parque, em São Paulo/ Foto: Davi Rezende
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Reunindo participações especiais, cenários característicos e grandes sucessos da carreira do cantor, a turnê é uma grande celebração da história de Gil, enquanto seus últimos shows ao vivo. Desde os visuais até a performance do artista, tudo é composto de forma detalhada para transmitir a energia da obra de Gilberto, que se renova em apresentações vívidas e convidados de diversos gêneros musicais brasileiros.

Ao longo de mais de 60 anos de carreira, Gil conquistou uma das trajetórias mais consolidadas e respeitadas da música brasileira. Com mais de 50 álbuns gravados, sendo 30 de estúdio, ele se tornou uma lenda da bossa nova e do samba, com produções que se provam atemporais, além de participações em movimentos políticos e artísticos que marcaram o Brasil.

Gilberto Gil agasalhado em exílio nas ruas de Londres
Gilberto Gil no exílio em Londres/ Foto: Reprodução/FFLCH - USP

 

Na década de 60, após se popularizar em meio a festivais, Gil fez grande parte da luta contra as opressões da Ditadura Militar no Brasil, tornando-se peça importante no movimento da Tropicália. Ao lado de artistas como Caetano Veloso e Gal Costa, Gilberto foi protagonista na revolução da arte brasileira, além de compor grandes canções de resistência.

Em 1969, após o lançamento de um de seus maiores clássicos, “Aquele Abraço”, Gil se exilou fora do Brasil para fugir da Ditadura, em Londres. Na Inglaterra, ele seguiu produzindo e performando, ao lado de outros grandes gênios tropicalistas, até retornar em 1971, lançando no ano seguinte o álbum “Expresso 2222” (1972). Três anos após o grande sucesso, Gil lança o álbum “Refazenda” (1975), primeiro disco de uma trilogia composta por “Refavela” (1977) e “Realce” (1979).

Todos os grandes momentos da vida do cantor são representados na turnê, tanto com sua performance, dirigida por Rafael Dragaud, quanto na cenografia, montada pela cineasta Daniela Thomas. Na setlist, Gil ainda presta homenagens a grandes figuras da música, como Chico Buarque (que faz participação em vídeo tocado ao fundo de Gilberto, durante a apresentação) quando interpreta “Cálice”, canção de sua autoria ao lado do compositor carioca, e até Bob Marley, no momento que toca “Não Chore Mais” (versão da música “No Woman, No Cry” do cantor jamaicano) com imagens da bandeira da Jamaica ao fundo.

Gilberto Gil em show no Allianz Parque cantando Não Chore Mais
Gilberto Gil em show da turnê "Tempo Rei" no Allianz Parque, em São Paulo/ Foto: Davi Rezende

 

Nas apresentações no Rio de Janeiro, o artista convidou Caetano e Anitta para comporem a performance, enquanto em São Paulo, na sexta-feira (11) MC Hariel e Flor Gil, a neta do cantor, deram as caras, além de Arnaldo Antunes e Sandy terem participado do show de sábado (12).

A turnê “Tempo Rei” aproxima Gilberto Gil do fim de sua carreira, celebrando sua história nos shows que rodam o Brasil inteiro. A reunião de artistas já consolidados na indústria para condecorar o cantor em suas apresentações prova a grandeza de Gil e como sua obra é imortal, movimentando a música de todo o país ao seu redor. Sua performance é energética e vívida, como toda a carreira do compositor, fazendo dos brasileiros os súditos do Tempo Rei.

Gilberto Gil em show no Allianz Parque cantando Expresso 2222
Gilberto Gil em show da turnê "Tempo Rei" no Allianz Parque, em São Paulo/ Foto: Davi Rezende

As apresentações de Gil seguem ao longo do ano, encerrando em novembro, na cidade de Recife (PE). Em São Paulo, o cantor ainda se apresenta em mais duas datas, nos dias 25 e 26 de abril, no Allianz Parque.

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Filme brasileiro conta a história de uma senhora que através de uma câmera expôs uma rede de tráfico no Rio de Janeiro
por
Kaleo Ferreira
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14/04/2025 - 12h

O filme “Vitória” lançado no dia 13 de março de 2025, dirigido por Andrucha Waddington e roteirizado por Paula Fiuza, tem como tema a história de Dona Nina (Fernanda Montenegro), uma senhora de 80 anos que sozinha, desmantelou um esquema de tráfico de drogas em Copacabana, filmando com uma câmera a rotina do mercado criminoso da janela de seu apartamento.

 

Cena do filme ”Vitória” (Foto: CNN Brasil)
Cena do filme ”Vitória”. Foto: CNN Brasil

 

O longa é inspirado no livro “Dona Vitória Joana da Paz”, escrito pelo jornalista Fábio Gusmão e baseado na história verídica de Joana Zeferino da Paz. Grande força do filme vem da atuação de Fernanda, que consegue transmitir a solidão, indignação, determinação e a garra que a personagem teve para confrontar o crime na Ladeira dos Tabajaras.

O filme começa construindo uma atmosfera de grande tensão, claustrofobia e solidão dentro do pequeno apartamento com o reflexo da violência diante dos olhos, assim mergulhando na realidade crua do cotidiano carioca, expondo a fragilidade da segurança pública e o poder que o crime organizado possui. 

Em certos momentos, o ritmo da narrativa se torna um pouco lento e cansativo e a ação do longa começa com a introdução do jornalista Fábio, interpretado por Alan Rocha, que desenvolve uma relação de parceria com Dona Nina. Ele assiste às fitas gravadas por ela, provas de criminosos desfilando com armas à luz do dia, vendendo e utilizando drogas entre crianças e adolescentes, além de ter ajuda dos policiais para o tráfico. E diante de tudo, decide ajudar a senhora, assim escrevendo uma grande reportagem que colocaria os holofotes sobre todo o esquema de tráfico. 

 

Cartaz do filme (Foto: IMDb)
Cartaz do filme. Foto: IMDb

 

O filme tem a participação de outras atrizes, como Linn da Quebrada e Laila Garin, que mesmo em papeis secundários, também merecem destaque por agregar camadas à narrativa e mostrar diferentes facetas de como a comunidade é afetada pela violência.

Em resumo, “Vitória” é um filme emocionante e que faz refletir. Apesar dos problemas no ritmo do filme, a força de uma história real e a grande atuação de Fernanda Montenegro, com seus 95 anos, o consolidam como um filme digno de ser assistido e relevante para o cinema brasileiro. 

É um retrato da realidade brasileira que ao dar voz a uma história de resistência contra o crime, levanta questões importantes sobre segurança, justiça e o papel dos cidadãos contra a violência, dando esperança em resistir a toda criminalidade que a sociedade enfrenta com tanta frequência, além de dar voz a uma mulher que decide não se calar.

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O grupo sul-coreano encerra sua passagem pelo Brasil com o título de maior show de K-pop no país
por
Beatriz Lima
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09/04/2025 - 12h

 

Na primeira semana de abril, São Paulo e Rio de Janeiro foram palco dos shows da DominATE Tour, do grupo de K-pop Stray Kids. Em novembro de 2024, o grupo anunciou sua primeira passagem pela América Latina após sete anos de carreira, com shows no Chile, Brasil, Peru e México, causando êxtase aos fãs do continente.

Stray Kids é um grupo de K-pop composto por oito integrantes, Bang Chan, Lee Know, Changbin, Hyunjin, Han, Felix, Seungmin e I.N. O grupo estreou em 2018, após um programa eliminatório com diversos trainees da JYP Entertainment - empresa que gere o grupo. No dia 8 de julho de 2024, o grupo anunciou sua terceira turnê mundial chamada ‘DominATE Tour’, com shows iniciais pelo Leste e Sudeste Asiático e Austrália. 

A DominATE Tour foi anunciada para a divulgação de seu mais recente álbum, ATE, lançado dia 19 de julho de 2024. Com o sucesso mundial do grupo e da música “Chk chk boom”, com a participação dos atores Ryan Reynolds e Hugh Jackman no clipe, o grupo divulgou datas para a turnê na América Latina, América do Norte e Europa no início de 2025.

Foto de divulgação da turnê DominATE
Imagem de divulgação da turnê DominATE. Foto: Divulgação/JYP Entertainment

No Brasil, o octeto iniciou sua passagem pela cidade do Rio de Janeiro com seu show de estreia dia 1 de abril no Estádio Nilton Santos, com mais de 55 mil pessoas presentes no local. Em sua primeira data na cidade de São Paulo, sábado (5), o grupo sul-coreano teve os ingressos esgotados e, mesmo com chuva e baixas temperaturas, bateu o recorde de maior show de K-pop no Brasil, com um total de 65 mil pessoas no Estádio MorumBIS. No dia seguinte, o grupo teve seu último dia de passagem pelo país e somou no total - nos dois dias de show na capital paulista - 120 mil pessoas.

Show do Stray Kids no Estádio MorumBIS
Primeiro dia de show do Stray Kids em São Paulo. Foto: JYP Entertainment / Iris Alves

 

Os shows contaram com estruturas complexas e atraentes - com direito a fogos de artifícios e explosões de luz a cada performance -, tradução simultânea nos momentos de interação com o público, banda e equipe de dança do próprio grupo, além de estações de água e paramédicos à disposição do evento. Foram três noites marcantes tanto para os fãs brasileiros quanto para os próprios membros do grupo. “Eu sinto que tudo que nós passamos durante esses sete anos foi para encontrar vocês.” diz Hyunjin em seu primeiro dia de show no Brasil. 

Com o recorde de público nos shows e reações positivas na mídia e público brasileiro, o grupo promete voltar ao país em uma nova oportunidade, deixando claro seu amor pelo país e pelos fãs brasileiros. “Bom, é a sensação de que ganhamos uma segunda casa… todos nós [os oito membros]” declara o líder Bang Chan no primeiro show de São Paulo.

Membros do grupo após o show do Rio de Janeiro.
Foto divulgada após o show do Stray Kids no Rio de Janeiro. Foto: Reprodução/JYP Entertainment

 

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Último dia do festival em São Paulo também reuniu shows de Justin Timberlake, Foster The People e bandas nacionais
por
Maria Eduarda Cepeda
Jessica Castro
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09/04/2025 - 12h

 

Neste domingo (30), o Autódromo de Interlagos, na zona sul de São Paulo, recebeu o último dia da edição 2025 do Lollapalooza Brasil. O festival, que reuniu uma diversidade de estilos, contou com apresentações de bandas indies nacionais, como Terno Rei, e gigantes do pop, como Justin Timberlake. Como destaque, tivemos a histórica estreia da banda Tool em solo brasileiro, a volta de Foster The People ao festival e o show emocionante de encerramento do Sepultura, que consagrou sua importância como uma das maiores referências do metal, tanto no Brasil quanto no mundo.

Diferente do primeiro dia, o domingo foi marcado por tempo firme e céu aberto, sem a interferência da chuva. Com condições climáticas favoráveis, o público pôde aproveitar muito seus artistas favoritos ao longo do dia.

As primeiras atrações do dia já davam o tom da despedida do festival: uma mistura de muito indie, rock n’ roll e nostalgia no ar. No palco Budweiser, a cantora pernambucana Sofia Freire abriu os trabalhos com uma estreia marcante, conquistando o público com talento e carisma. E no palco Mike´s Ice, a banda "Charlotte Matou um Cara" chamou atenção por ter a vocalista, Andrea Dip, vestida em uma camisa de força. 

Além de cantora, Andrea é jornalista e faz parte da Agência Pública de Jornalismo Investigativo. Em 2013, recebeu o Prêmio Tim Lopes de Jornalismo Investigativo pelo seu trabalho na história em quadrinhos “Meninas em Jogo” e foi premiada pelo Troféu Mulher Imprensa na categoria site de notícias em 2016.

Vocalista da banda "Charlotte Matou um Cara", Andrea Dip, usando uma camisa de força rosa
A banda já dividiu palco com a cantora e atriz Linn da Quebrada. Foto: Adriana Vieira / Rock On Board

Com músicas que tratam temas como machismo, ditadura militar e a luta contra a violação do corpo feminino, o grupo trouxe para o festival a agressividade e a energia para o "dia do rock". 

Na sequência, o grupo Terno Rei assumiu o palco e transformou a plateia ainda tímida em um coro envolvido por seu setlist, que mesclou sucessos da carreira e novas apostas sonoras. A banda ainda aproveitou o momento para anunciar seu próximo álbum, “Nenhuma Estrela”, com lançamento marcado para 15 de abril.

Depois de 8 anos longe do Brasil, Mark Foster e Isom Innis voltaram pela terceira vez ao Lollapalooza Brasil. As músicas foram de seus sucessos mais recentes às músicas mais queridas pelos fãs, como "Houdini" e "Call It What You Want". Com um público morno, mesmo com a presença dos fãs fiéis, eles não desanimaram e se mostraram contentes por estarem de volta. A música mais famosa, "Pumped Up Kicks", finalizou a apresentação do grupo.

A banda Tool se apresentou pela primeira vez no Brasil após 35 anos de carreira, mas quem compareceu esperando ver o grupo e uma apresentação tradicional teve uma surpresa. Tool fez um show cru, sem pausas e sem momentos emocionados. O visual sombrio e imersão feita pelos visuais espirituais do telão comandaram os espectadores a uma experiência única no festival, sendo o show mais enigmático da noite. A setlist foi variada, com alguns de seus sucessos e músicas de seu álbum mais recente "Fear Inoculum". Apesar da proposta diferenciada, o público pareceu embarcar na viagem sensorial proposta pelo grupo. 

Vocalisa da banda Tool na frente do telão, mas não somos capazes de ver seu rosto, apenas sua silhueta
A presença enigmática do vocalista causou muita curiosidade entre os espectadores. Foto: Sidnei Lopes/ @observadordaimagem

Sepultura está dando adeus aos palcos ao mesmo tempo que celebra seus 40 anos de carreira, assim como o nome de sua turnê, "Celebrating Life Through Death". Fechando a edição de 2025 do festival, a banda teve convidados curiosos para a setlist. Para acompanhar a música "Kaiowas", o cantor Júnior e o criador do Lollapalooza, Perry Farrell, subiram no palco para integrar o ritmo agressivo dessa despedida. Com uma setlist semelhante a do show feito em setembro do ano passado, também dessa turnê de adeus, o grupo não deixou o clima cair mesmo com os problemas técnicos que enfrentaram. O som estava abafado e baixo comparado ao de outros palcos, a banda Bush enfrentou o mesmo problema em sua apresentação. 

A banda encerrou seu legado no festival com um de seus maiores sucessos internacionais, "Roots Bloody Roots", eternizando seu legado e deixando saudades em seus fãs que se mantiveram devotos até o fim.

No palco ao lado, o grande headliner da noite, Justin Timberlake, mostrou que seu status de popstar segue intacto. A apresentação, que não foi transmitida ao vivo pelos canais oficiais do evento, teve performances energéticas, muita dança e vocais entregues sem base pré-gravada.

Justin Timberlake se apresentando no palco principal do festival
Justin Timberlake encerra a terceira noite do festival Lollapalooza 2025. — Foto: Divulgação/Lollapalooza

Com um show marcado por coros emocionados em “Mirrors” e uma enxurrada de hits como, “Cry Me a River”, “SexyBack” e “What Goes Around... Comes Around”, ele reforçou sua presença como um dos grandes nomes da música pop.

Apesar de definitivamente não estar em sua melhor fase — após polêmicas envolvendo sua ex-namorada Britney Spears, que o acusou de um relacionamento abusivo, e uma prisão em 2024 por dirigir embriagado — Timberlake demonstrou um forte engajamento com o público, que saiu eletrizado do show. 

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A mostra traz sete obras que retratam a década de 50 na Coreia do Sul
por
Victor Trovão
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05/07/2024 - 12h

Entre os dias 4 e 7 de julho a Cinemateca Brasileira, em parceria com o Korean Film Archive (KOFA), apresenta a mostra “Coreia do Sul, anos 50: clássicos restaurados”. O projeto contará com a exibição de sete obras produzidas durante a década de 1950 no país, e tem como propósito a celebração dos 50 anos de trabalhos feitos pelo KOFA na preservação e restauração de filmes. 

De acordo com a divulgação da Cinemateca, a curadoria selecionou filmes históricos para a mostra: “produzidos à sombra da Guerra da Coreia (1950-1953), resultado da divisão da península coreana em dois países no contexto da Guerra Fria, muitos dos filmes refletem a dura realidade do conflito armado”, relata. 

No período em que as obras foram produzidas, a Coreia do Sul engatinhava em seus primeiros projetos cinematográficos. Com o passar dos anos, a nação coreana foi inteiramente transformada, à medida que viveu um milagre econômico e entrou para o time das nações desenvolvidas, bem como uma das maiores potências na exportação de cultura, especialmente pelo cinema e K-pop.

Nesse sentido, a maioria dos filmes selecionados para a mostra foram produzidos durante as fases complexas que o país passou, marcadas pelos conflitos no contexto da Guerra Fria. As obras ilustram e contam a história dos cidadãos sul-coreanos e a realidade de suas vidas inseridas em um contexto de guerra. 

Dessa forma, sete filmes completam a mostra ao contar a história da Coreia do Sul pelo cinema. São eles: Rio Nakdong (Jeon Chang-keun, 1952), Piagol (Lee Kang-cheon, 1955), A viúva (Park Nam-ok, 1955),  Madame Liberdade (Han Hyeong-mo, 1956), O dia do casamento (Lee Byeong-il, 1956), Dinheiro (Kim So-dong, 1958), e A flor no inferno (Shin Sang-ok, 1958). 

Para os interessados em participar e assistir a exibição dos projetos, vale lembrar que a programação é gratuita e os ingressos são distribuídos uma hora antes de cada sessão.  Os filmes serão transmitidos na Sala Grande Otelo da Cinemateca, localizada na rua Largo Sen. Raul Cardoso, 207, no bairro Vila Clementino em São Paulo. 

O KOFA é o único arquivo de filmes na Coreia do Sul com cobertura nacional. Foi fundado em Seul em 1974 como uma organização sem fins lucrativos. Em 1976, ingressou na Federação Internacional de Arquivos de Filmes (FIAF) como observador e tornou-se membro pleno em 1985. Suas principais funções são coletar, preservar e categorizar filmes e materiais relacionados, bem como promover a acessibilidade às suas coleções. Desse modo, a maioria dos originais e cópias restantes de filmes coreanos são preservados no instituto.

Confira a programação, horários e mais informações dos filmes abaixo: 

 

Programação 

- Quinta-feira | 04/07 

O Dia do casamento | 20h

Mestre Maeng está animado com o casamento iminente de sua filha, Sip-bun, com uma família influente. Antes da cerimônia, ele ouve um rumor de que o noivo tem uma deficiência física. Preocupado com isso, ele decide casar sua empregada, Ip-bun, no lugar de Sip-bun. No entanto, quando o noivo chega ao casamento, ele se revela muito diferente do que Maeng esperava.

 

Cena do filme “O Dia do Casamento”. Foto: Cinemateca/Reprodução 
Cena do filme “O Dia do Casamento”. Foto: Cinemateca/Reprodução 

 

- Sexta-feira | 05/07

Rio Nakdong | 19h 

Depois de se graduar, Il-ryeong volta para sua cidade natal, uma pequena vila próxima ao rio Nakdong. Ok-Nam, seu amante, também é o professor da aldeia. A obra  retrata como eles, juntos, colaboram para educar os moradores e melhorar a qualidade de vida na comunidade.

Cena do filme “Rio Nakdong”. Foto: Cinemateca/Reprodução
Cena do filme “Rio Nakdong”. Foto: Cinemateca/Reprodução 

 

Piagol  | 20h 

Após o término da Guerra da Coreia, um grupo de guerrilheiros da Coreia do Norte se esconde em uma área rural do Sul. A trama é contada por meio do conflitos de ciúmes e rivalidades entre os personagens, que começam a prejudicar suas relações, enquanto um dos membros do grupo planeja secretamente desertar.

 

Cena do filme “Piagol”. Foto: Cinemateca/Reprodução
Cena do filme “Piagol”. Foto: Cinemateca/Reprodução 

 

- Sábado | 06/07

A Viúva | 17h  

O quarto longa-metragem que compõe a mostra conta a história de Shin-ja, que vive com sua filha Ju e tem o apoio financeiro de Sung-jin, amigo de seu marido morto na Guerra da Coreia. Sung-jin se apaixona por Shin-ja, fazendo com que sua esposa fique com ciúmes e corra atrás do jovem Taek. No entanto, uma reviravolta acontece na trama quando ele salva Ju de um afogamento, e pouco a pouco Shin-ja se apaixona por ele.

 

Cena do filme “A Viúva”. Foto: Cinemateca/Reprodução
Cena do filme “A Viúva”. Foto: Cinemateca/Reprodução 

 

Madame Liberdade |19h  

Neste filme, a esposa do professor universitário Tae-yeon, deseja trabalhar em uma boutique para ter seu próprio dinheiro. Apesar da relutância inicial de seu marido, ela eventualmente concorda. A partir de então, sua esposa Seon-yeong conhece Chun-ho, um jovem vizinho, e passa a se sentir atraída por ele. Ao mesmo tempo, ela começa a frequentar bailes de soldados americanos com sua amiga Yoon-joo, entrando em uma explosão de sentimentos, desejos e sonhos. 

 

Cena do filme “Madame Liberdade ”. Foto: Cinemateca/Reprodução
Cena do filme “Madame Liberdade ”. Foto: Cinemateca/Reprodução 

 

- Domingo | 07/07

Dinheiro | 16h 

O penúltimo título retrata Bong-soo, um fazendeiro honesto e trabalhador, em uma situação financeira delicada ao modo que não apresenta sinais de melhora, mesmo com o seu esforço. Por isso, ele teve que adiar repetidamente o casamento de sua filha devido a dificuldades, fazendo-o vender sua colheita que acaba sendo perdida inteiramente em jogos de azar. Em seguida, desesperado e influenciado pela pressão das dívidas, ele vende o gado da família, apenas para perdê-lo todo para um trapaceiro.

 

Cena do filme “Dinheiro”. Foto: Cinemateca/Reprodução
Cena do filme “Dinheiro”. Foto: Cinemateca/Reprodução 

 

A Flor no Inferno | 19h 

Por último, em “A Flor no Inferno” Dong-shik é um jovem do campo ingênuo que acaba de chegar à capital à procura de seu irmão. Na agitação das ruas e na presença das bases do exército americano na cidade pós-guerra, Dong-shik descobre que seu irmão Young-shik se envolveu em atividades criminosas e está romanticamente ligado a Sonya, uma prostituta. Dong-shik tenta persuadi-lo a retornar juntos para sua cidade natal, mas logo se encontram em um complexo triângulo amoroso.

 

Cena do filme “A Flor no Inferno”. Foto: Cinemateca/Reprodução
Cena do filme “A Flor no Inferno”. Foto: Cinemateca/Reprodução

 

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Recheada de exposições, a cidade oferece diversas opções para curtir neste inverno
por
Victória da Silva
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02/07/2024 - 12h

 

Após a grande quantidade de festas juninas do mês anterior, julho chega com as férias e o clima ainda mais frio que não impede os passeios e a diversão. Confira aqui algumas atrações interessantes para visitar na capital paulista e fora dela:

Diversão:

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Apresentação de uma das orquestras do Festival em evento anterior. Foto: Reprodução site do Festival de Inverno de Campos do Jordão.

 

Festival de Inverno de Campos do Jordão 2024

Essa será a 54ª edição do Festival de Inverno de Campos do Jordão, um dos maiores festivais de música da América Latina, possuindo mais de 60 concertos de diferentes artistas. Pela primeira vez o evento não só receberá sinfônicas nacionais, mas também internacionais.

Quando: 29 de junho até 28 de julho. 

Onde: Três espaços em Campos do Jordão e dois na capital (Sala São Paulo e Instituto Mackenzie).

Ingressos: Entrada gratuita.

Festa Julina no Memorial da América Latina

Assim como as festas juninas, o Memorial da América Latina será repleto de barracas de comidas típicas como cachorro quente, canjica, milho cozido e maçã do amor. A festa contará, claro, com muita música e será um ambiente agradável e uma boa opção para quem não conseguiu curtir em junho.

Quando: 27 e 28 de julho. 

Onde: Memorial da América Latina

Ingressos: Entrada gratuita.

Neon Brush

Antes conhecido como Paint in the Dark, o Neon Brush é um workshop de pintura em um ambiente retrô-futurista. A atividade consiste em pintar no escuro, já que o espaço possui luz negra permitindo uma experiência artística diferente. Além do mais, o local tem decoração fluorescente que contribui para a vivência e disponibiliza diversas bebidas incluídas na compra do ingresso.

* Evento permitido apenas para maiores de 18 anos.

Quando: 10 de julho até 01 de setembro. 

Onde: Teatro da Rotina.

Ingressos: Inteira - R$180,00 e Meia Entrada - R$90,00.

Exposições:

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Uma das áreas da exposição do Michelangelo. Foto: Governo do Estado de São Paulo

 

Michelangelo o mestre da Capela Sistina

Essa exposição imersiva que duraria somente até junho foi prorrogada para o dia 30 de julho. Emocionando os fãs de Michelangelo, a experiência é repleta de projeções e uma infraestrutura que faz o espectador se transportar para dentro das obras.

Quando: Até 30 de julho. 

Onde: MIS EXPERIENCE

Ingressos: Entrada gratuita nas terças-feiras;

Efeito Japão: moda em 15 atos

A exposição apresenta por meio de peças de designers renomados as transformações da moda do Japão entre 1950 e os anos 2000. Exibição interessante para aqueles que apreciam moda, beleza e vestuário.

Quando: Até 01 de setembro. 

Onde: Japan House

Ingressos: Entrada gratuita.

Colecionismo: o belo, o raro, o único

Exposição que aborda o tema da coleção de objetos, possuindo um grande acervo dos mais variados utensílios, peças, instrumentos e acessórios. Por um lado, a abordagem trazida é o valor sentimental que tal objeto tem para ser colecionado, por outro a patologia de não conseguir se desfazer dos artefatos.

Quando: Até 14 de julho. 

Onde: Farol Santander

Ingressos: Santander - R$36,00, Meia Entrada - R$20,00 e Inteira - R$40,00.

A. R. L. Vida e Obra

Onças, galos, vacas, bêbados, mulheres e até mesmo presidentes são temas retratados por Antônio Roseno de Lima, personalidade destaque da exposição. Segundo o CCBB, o autor foi um “artista outsider” descoberto por outro curador da mostra, Geraldo Porto, professor doutor do Instituto de Artes da UNICAMP.

Quando: Até 19 de agosto. 

Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB)

Ingressos: Entrada gratuita.

Teatro:

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Cena do Teatro “A Filha Perdida”. Foto: Julio Aracack

A Filha Perdida

A Oceânica Cia apresenta uma adaptação do romance de Elena Ferrante, autora conhecida por tratar de temas sobre a opressão feminina. Na trama a personagem Leda, professora bem sucedida, vai para a praia e se depara com traumas e dilemas que a aflige relacionados ao abandono do marido e suas filhas.

Quando: 05 de julho até 28 de julho.

Onde: SESC Bom Retiro.

Ingressos: Credencial - R$15,00, Meia Entrada - R$25,00 e Inteira - R$50,00.

Memorável: História Notáveis

O espetáculo conta as ações dos Palhaços Sem Fronteiras (PSFB) e suas mais variadas aventuras que são memoráveis e provocam discussões.

Quando: 07 de julho até 28 de julho.

Onde: SESC Bom Retiro.

Ingressos: Credencial - R$9,00, Meia Entrada - R$15,00 e Inteira - R$30,00.

Cinema:

A animação Divertidamente 2 está em evidência levando muitas pessoas para as salas de cinema. Contudo, não só esse filme é destaque para o mês de julho, já que outros dos mais diferentes gêneros estão e entrarão em cartaz, como ‘Deadpool e Wolverine’, ‘Meu Malvado Favorito 4’, ‘Um Lugar Silencioso: Dia Um’ e ‘Como Vender a Lua’, tornando-se uma boa alternativa para lazer.

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Filmes em cartaz do mês de julho. Foto: colagem das capas de divulgação dos filmes por Victória da Silva

Para as crianças:

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Poster de divulgação do show. Foto: Site Mundo Bita

 

Show do Bita - “Vamos Cultivar Amizades”

Muito querido pelas crianças, o Mundo Bita fará um único show em São Paulo. O evento, voltado para a família com crianças até 10 anos, é uma ótima opção para alegrar as férias dos pequenos.

Quando: 21 de junho às 13h.

Onde: Kidzhouse Festival.

Ingressos: A partir de R$110,00 (segundo lote)

Patrulha Canina - Campo de Treinamento

Os queridos cãezinhos da Nickelodeon irão invadir o Shopping Metrô Tatuapé e divertir as crianças que amam assistir o desenho. Os participantes enfrentarão um circuito com obstáculos de treinamento do esquadrão dos filhotes e ainda terão diversas oficinas para brincar.

Quando: A partir de 06 de julho.

Onde: Shopping Metrô Tatuapé.

Ingressos: Segunda a Sexta - R$30,00 para a criança + R$10,00 para acompanhante.

Sábado e Domingo - R$40,00 para a criança + R$15,00 para acompanhante.

Se Joga nas Férias - Aula Aberta de Atletismo

Aulas gratuitas para os interessados na prática desse esporte contendo corridas, lançamento de objetos e saltos. A ação contempla todos os públicos, não se restringindo somente às crianças.

Quando: 10 de julho até 24 de julho.

Onde: SESC Belenzinho.

Ingressos: Entrada gratuita.

 

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Exposição homenageia trigésimo aniversário de carreira de um dos maiores nomes da moda brasileira
por
Helena Maluf
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28/06/2024 - 12h

A exposição "Alexandre Herchcovitch: 30 anos além da moda" ambientada no Museu Judaico de São Paulo é uma forma de celebrar a impactante carreira do renomado estilista brasileiro. A exibição ficará em cartaz até 08 de setembro, com entrada gratuita aos sábados. 

Herchcovitch, um dos nomes mais influentes da moda no Brasil e no mundo, é conhecido por suas criações ousadas, inovadoras, polêmicas e cheias de personalidade. A mostra  revisita todos os momentos mais icônicos de sua trajetória, nos conectando com a sua história.

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Roupas do estilista penduradas ao longo da exposição. Foto: Helena Maluf                                                                                                                                                                                         

Desde cedo Alexandre Herchcovitch demonstrou interesse pelo universo da moda, incentivado por sua mãe, Regina, que era modelista. Seu talento começou a florescer na adolescência, quando iniciou suas primeiras criações. A partir daí, sua carreira se desenvolveu rapidamente, levando-o a estudar moda na Faculdade Santa Marcelina, onde se formou em 1993.

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Convites para os primeiros desfiles do estilista. Foto: Helena Maluf 

Logo no início de sua carreira, Herchcovitch chamou a atenção por suas criações inovadoras e por seu estilo único, que desafiava as convenções da moda tradicional. Sua estética, muitas vezes marcada por uma mistura de elementos punk, góticos e fetichistas, rapidamente ganhou notoriedade. Na década de 1990, ele se tornou um dos principais nomes da moda brasileira, desfilando suas coleções na São Paulo Fashion Week e, posteriormente, em outras importantes semanas de moda internacionais, como Nova York, Paris e Londres.

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Telas presentes na exposição, onde era possível assistir os seus primeiros desfiles. Foto: Helena Maluf                                                                                                                                                                                                                                                                             
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Pôster de campanha para uma de suas coleções. Foto: Helena Maluf                                                                                                                                                                                             

A exposição está dividida por uma linha de tempo, que percorre  toda a mostra, cada “parada” dedicada a uma época diferente da carreira e da vida do estilista. Desde suas primeiras criações até suas coleções mais recentes, a exibição  oferece uma visão abrangente de sua trajetória, destacando tanto suas conquistas profissionais quanto suas influências pessoais.

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Uma parte da linha do tempo exposta. Foto: Helena Maluf                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                      

Uma das seções mais importantes, e controvérsias, da exposição é dedicada à era “sadomasoquista” de Herchcovitch, mostrando ensaios fotográficos, acessos e peças de roupas as quais o artista foi bem criticado na época por fazer. Porém, hoje em dia, são consideradas peças de vestuário extremamente icônicas no mundo da moda. 

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Sapato com um salto de aproximadamente 1 metro de altura. Foto: Helena Maluf                                                                                                                                                                                               

 

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Vestido preto de seda com recortes reveladores, acessorizado com uma máscara preta de couro. Foto: Helena Maluf                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                    

A exposição também aborda o impacto de Herchcovitch na moda brasileira e internacional, destacando sua influência sobre uma geração de novos estilistas e sua capacidade de transcender fronteiras culturais. Suas coleções, frequentemente inspiradas por temas como a identidade de gênero, sexualidade e política, refletem sua visão de mundo única e sua habilidade de usar a moda como uma forma de expressão artística e social.

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Convite de um de seus desfiles imitando um bilhete único. Foto: Helena Maluf                                                                                                                                                                                  
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Alguns acessórios e colaborações que o estilista fez com outras marcas. Foto: Helena Maluf

A exposição convida os visitantes a considerar a moda não apenas como uma forma de vestuário, mas como uma linguagem poderosa e versátil, capaz de expressar ideias, provocar reflexões e inspirar mudanças.

O legado de Herchcovitch é evidente não apenas nas peças expostas, mas também nas histórias e memórias que elas evocam. Sua capacidade de inovar, desafiar normas e incorporar elementos culturais diversos em suas criações estabeleceu novos padrões na indústria da moda e continua a influenciar estilistas e criadores ao redor do mundo

A peça com Silvia Buarque, dirigida por Leonardo Netto, está em cartaz até 27 de julho
por
Giovanna Montanhan
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26/06/2024 - 12h

O espetáculo ‘A Menina Escorrendo dos Olhos da Mãe’, já havia tido uma temporada de sucesso, com os ingressos todos esgotados e disputadíssimos no Rio de Janeiro, no Teatro Poeirinha, e está previsto para retornar aos palcos cariocas em agosto. Silvia Buarque, intérprete de duas personagens e produtora executiva, se desdobra entre Antônia e Helena nas duas temporalidades exibidas durante a peça, que já está em exibição, no Sesc Pinheiros.

O texto, de Daniela Pereira de Carvalho, traz as complexidades que um drama familiar comporta, mais especificamente, a relação entre mãe e filha. A trama gira em torno do reencontro de Antônia (Silvia Buarque) com sua mãe, Elisa (Guida Vianna), que se encontram após anos separadas, no mercado de pulgas em Mumbai, na Índia. O mesmo ciclo se repete alguns anos depois, com Antônia, agora interpretada por Guida, reencontrando sua filha perdida, Helena, também vivida por Silvia.

Silvia Buarque nasceu na Itália em março de 1969, durante o exílio de seu pai (Chico Buarque), em Roma. Veio do que se pode chamar de "berço de ouro”: é neta do historiador Sérgio Buarque de Hollanda, tem o  escritor e compositor Vinicius de Moraes como padrinho e é filha da atriz Marieta Severo. 

Cresceu em um ambiente naturalmente artístico e subiu no palco pela primeira vez, em julho de 1977, em tom de brincadeira, na montagem do espetáculo infantil escrita pelo pai, ‘Os Saltimbancos’. Fez sua estreia oficial no teatro em ‘Os Doze Trabalhos de Hércules’ sob direção de Carlos Wilson, conhecido pelas suas peças de cunho infantojuvenil nos anos 1980. Debutou no cinema em 1987, no filme de curta-metragem ‘Por Dúvida das Vias’, dirigido por Betse de Paula e no de longa-metragem em ‘O Mistério no Colégio Brasil’, de José Frazão. Na dramaturgia, começou em 1986 na TV Manchete, em ‘Dona Beija’, criada por Wilson Aguiar Filho. Anos depois, participou de folhetins famosos da Rede Globo, como ‘América’ (2005) e ‘Caminho das Índias’ (2009), ambos escritos por Glória Perez. Em 2025, Silvia completará o marco de quatro décadas de carreira. 

Em entrevista exclusiva para a AGEMT, Silvia Buarque fala sobre seu processo de interpretação, as diferenças entre as duas personagens (Antônia e Helena) e como foi exercer o papel de produtora executiva pela primeira vez. 


Como foi o seu processo de preparação para interpretar a Antonia e a Helena? Quanto tempo durou? E como foi fazer duas personagens num único espetáculo? 

‘‘A gente ensaiou durante dois meses, incluindo véspera de Natal, no dia 2 de janeiro. Foram dois meses bem intensos. Eu cheguei à elas. Como a gente chega a um personagem é sempre uma coisa meio misteriosa, mas tem algumas ‘coisinhas’ concretas. O Leonardo Neto [diretor], é a segunda vez que ele me dirige. E tinha o auxílio luxuoso da Marcia Rubin (preparadora corporal), então a gente trabalhou com uma certa diferença entre as duas. Eu espero, eu tento [fazer com] que seja uma diferença imensa entre as duas. Agora, eu tive uma sorte muito grande: esse texto foi escrito para mim pela Daniela (Pereira de Carvalho), e ela fez duas personagens com energias muito diferentes. Então é nisso que eu penso. Eu preparei, eu pensei em duas energias diferentes. Uma mais densa, mais profunda, mais até sorumbática, eu diria, e a outra mais leve, mais solar. E isso estava muito explícito no texto. Então, de uma certa forma, foi correr atrás da intenção da Dani’’.

 

Como você consegue mergulhar em emoções tão densas? Você pensa em algo específico que já viveu para conseguir sentir todos aqueles sentimentos, antes de entrar em cena? Como funciona isso pra você?

‘’Olha, a gente sempre se empresta um pouco para as personagens, né? Não é que eu fique pensando, traga uma coisa específica da minha vida. Isso até já aconteceu, mas é raro. Normalmente, eu embarco naquela problemática da personagem mesmo. Nesse caso, não é difícil, porque é um texto muito bom.. E os... Ah, eu ia falar dilemas, mas não são dilemas. Os embates são muito violentos, então é difícil dizer como a gente se prepara. Até porque, para cada trabalho, eu me preparo de um jeito”, diz Silvia. 


Ela explica que procura se inspirar com o uso da música, mesmo fora dos ensaios, como quando interpretou a mulher de Mozart em ‘Amadeus’, de Peter Shaffer: “Eu não sou muito ligada em música clássica, confesso, mas eu ficava ouvindo Mozart direto. E outras músicas de MPB mesmo, nesse caso não tem música, mas tem um mergulho no que eu acho que são os sentimentos daquelas personagens’’.

 

Como foi ser produtora executiva em ‘A Menina Escorrendo dos Olhos da Mãe’?

‘‘Eu sou produtora mesmo da peça, eu ‘botei’ dinheiro na peça, não muito, é com a colaboração de todos da equipe que ganham bem menos do que ganhariam numa peça com patrocínio. É bonito isso. Há tempos eu queria produzir uma coisa minha, botar minha marca em uma coisa. Quando eu digo ‘minha marca’, é ajudar a escolher as pessoas. Teve uma coisa muito bonita nessa peça, que todo mundo que a gente convidou ‘topou’ de primeira. E ‘topou’ os salários, e ‘estar’ junto. Agora eu estou engatinhando, eu tenho o Celso Lemos (diretor de produção), que resolve as coisas para mim, e eu fico meio na perfumaria, confesso. [...] Eu sou uma atriz autônoma, eu vivo de convites, eu vivo com patrões, mas dessa vez eu sou a patroa. Mas eu não me sinto assim, eu não sou uma produtora impositiva, tem uma coisa que assim, a Guida [Vianna] e o Léo [Netto], a minha colega de cena e o meu diretor, têm experiência em produção, então eles me ajudam muito. Eu peço conselhos, a minha produção é um livro aberto. Todo mundo sabe o que as coisas custam, acho que é desse jeito que quando a gente está entrando com o nosso próprio recurso, tem que ser desse jeito, porque precisa da colaboração de todos, do entendimento de todos. Então, não chega a ser uma cooperativa, porque o dinheiro foi meu, mas é uma espécie de cooperativa, e eu devo muito a eles.’’

 

Você adicionou características pessoais em alguma personagem da peça? Como você faz essa separação do que é a Silvia e do que é Antônia ou a Helena após o fim de cada sessão?

“Sempre, principalmente em um trabalho realista, que é o trabalho dessa peça, é sempre a gente, de uma certa forma. Claro, com o que eu falei da energia do outro, com a história, com os tormentos que as personagens têm, que eu não necessariamente tenho. Foi mais fácil para mim fazer a Helena do que a Antônia, porque ela tem uma leveza mais próxima da minha. A Antônia, ela nada em pântanos, em águas muito profundas, né? A Helena é mais solar, foi mais fácil eu conseguir construir a Helena”, explica.

Silvia finaliza: “[Mas] eu saio, sou eu mesma e é tudo um faz de conta’’.

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A cantora solidificou seu status de referência pop com shows no Brasil e ao redor do mundo na era brat
por
Pedro da Silva Menezes
Natália Matvyenko
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25/06/2024 - 12h

Na noite de sábado (22) Charli XCX trouxe ao Brasil a “Partygirl”, festa em que ela toca suas músicas como DJ. Ela transformou todo o público da Zig Studio em verdadeiras “garotas de festa”. Apesar de não exercer seu principal ofício durante o evento, a cantora contaminou a todos com a aura do seu último lançamento “brat” durante seu set. A festa foi como se a música “Club Classics” tomasse forma na vida real. XCX recrutou artistas internacionais e brasileiros  para preencher a timetable (tabela de horários) e todas as escolhas foram certeiras mostrando que a britânica entende quem é sua audiência.

Alex Chapman e Charli xcx tocando juntos.
Alex Chapman e Charli XCX tocando juntos. FOTO: Reprodução/Gustavo Vieira

Embora a artista seja capaz de realizar uma performance para um público maior que 1000 pessoas, a limitação do local pareceu ideal para evocar um boiler room, em que DJs e músicos tocam sets exclusivos em espaços pequenos e descontraídos, mergulhando os fãs na atmosfera eletrônica do álbum. A noite iniciou com Fuso que fez jus ao seu nome ao fundir referências internacionais eletrônicas com as brasileiras, caminho também traçado pelo duo Cyberkills e Mia Badgyal. Alex Chapman foi outra atração internacional da noite e foi enquanto ele tocava que Charli chegou energizando o público que vibrou com sua presença. A partir desse momento ela permaneceu no palco por mais de duas horas tocando sozinha e sets b2b (‘back-to-back’ performance em que dois DJs tocam juntos) mesmo que o cronograma divulgado horas antes da apresentação mostrasse que ela tocaria por apenas 30 minutos.

Charli xcx estendendo bandeira do Brasil com o nome do seu último álbum.
Charli xcx estendendo bandeira do Brasil com o nome do seu último álbum. Foto: Pedro Menezes

A britânica tocou pela primeira vez o remix “The girl, so confusing version with lorde” (‘girl, so confusing’ versão com Lorde) que apesar de ter sido lançado dois dias antes do evento, todos os fãs sabiam o versos por completo. A faixa que aparentemente era uma diss track (música com intuito criticar e/ou insultar uma outra figura pública ou anônima) para Lorde, ganhou a participação surpresa da própria cantora. Em versos como “Porque as pessoas dizem que nós nos parecemos / Elas dizem que temos o mesmo cabelo / Um dia talvez nós faremos umas músicas” as artistas remontam um antigo conflito envolvendo a suposta rivalidade que os fãs e a mídia questionavam.

As cantoras atingiram a popularidade ao mesmo tempo em 2013, ambas eram constantemente comparadas por terem cabelos e estilos parecidos, ao ponto de uma jornalista confundir Charli com Lorde em uma entrevista, a cantora por sua vez entrou na brincadeira e fingiu ser a colega de indústria na ocasião. Em uma entrevista à Rolling Stone em maio deste ano, Charli admitiu ter tido inveja do sucesso estrondoso de Lorde com o hit Royals, falou sobre como era difícil ser uma mulher na indústria da música e todas as adversidades que vinham na bagagem. Após o lançamento, a internet realmente foi à loucura (como elas mesmas mencionam na música), os fãs fizeram memes e filmaram suas reações ouvindo as antigas rivais colaborando em uma nova música do álbum da Charli.

No caminho para zig era perceptível estar indo assistir a cantora, a maioria estava de verde “brat” ou com roupas que faziam referência à era, como o mural que Charli usou para divulgar uma nova versão do álbum. O mural foi usado como estratégia de marketing, sendo pintado e transmitido ao vivo na rede social Tik Tok da cantora com pistas de seu álbum. Em uma dessas lives dias atrás a frase "brat and it’s the same but there’s three more songs so it’s not” (em tradução livre “brat é o mesmo, porém tem mais 3 músicas, então não é”) revelando que um novo álbum com remixes seria lançado, 11 dias depois, a maioria das letras foram pintadas de branco deixando o nome Lorde escrito, o que levou os fãs a especularem se as duas lançariam uma colaboração, o que se consolidou. 

Mural de divulgação do álbum “brat” em live no TikTok.
Mural de divulgação do álbum “Brat” em live no TikTok. Foto: Reprodução/Charli XCX

Assim que Charli entrou no palco muitos tentaram puxar o grito a “Taylor morreu”, em alusão a um meme do X/Twitter que continha um gif das participantes do reality show nacional de drag queens Glitter com essa legenda, o que não agradou a base de fãs da cantora Taylor Swift e nem a própria Charli que postou um comunicado em seu Instagram para que parassem com brincadeiras do tipo, pois não é o tipo de mensagem que ela quer passar em seus shows e músicas. Alguns apontam que a música “Sympathy is a Knife”, do “brat”, é para Swift, será que podemos esperar outro remix de reconciliação?

A habilidade de Charli XCX como cantora, produtora e compositora é indiscutível, contudo ela ainda tropeça quando o assunto é dominar a mesa de DJ. Gabriel Diniz, da dupla Cyberkills que dividiu palco com a artista disse no X/Twitter: “Ela estava super nervosa. Tem a ver com o fato dela estar aprendendo a discotecar”. Isso comprova que a verdadeira qualidade de XCX é conectar-se profundamente com seus fãs, afinal a cada cigarro que ela acendia toda plateia gritava. A “Partygirl” proporcionou uma experiência inesquecível e a tornou um dos nomes mais interessantes da atualidade. A despreocupação de seguir fórmulas que a cantora tem demonstram que elas não garantem sucesso e sim a ousadia de ser diferente.

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