Eduarda Martins se formou em 2020 no ensino médio e entrou em artes visuais em 2021 na Faculdade de Belas Artes. Ela fez o primeiro semestre inteiro de maneira virtual e trancou o curso no começo do segundo. No segundo semestre ela havia cogitado trancar o curso por conta das aulas EAD, mas continuou no curso por conta do anúncio de que as aulas seriam híbridas, porém, ela não conseguiu mais focar nas aulas presenciais e acabava saindo da aula para frequentar os bares e etc. Com a percepção de que o modelo híbrido ou on-line não era satisfatório, ela decidiu trancar o curso e esperar o retorno das aulas totalmente presenciais para voltar ao curso.
Açucena Alves Barreto, formada em jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Ana Augusta F. Monteiro, mestre em linguística aplicada e estudos de linguagem pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, afirmaram que a pandemia e o ensino EAD interferiram nos seus trabalhos, tanto na elaboração do TCC de Barreto, quanto na dissertação de Monteiro.
Para a jornalista, a dificuldade do seu TCC se deu por conta de conseguir encontrar poucos materiais audiovisuais disponíveis para seu documentário sobre as duas festas tradicionais de Trancoso. Os problemas relacionados às exigências sanitárias impostas pelo coronavírus obrigaram a estudante a utilizar imagens de arquivo de festas passadas, a fazer duas viagens à cidade e impossibilitou a realização de certas entrevistas, visto que alguns entrevistados eram idosos e poderiam ser contaminados.
Segundo Monteiro, sua perda foi a de contato com a sua turma. Segundo ela, as trocas com os colegas diminuíram e isso prejudicou as discussões que ajudariam a fazer a dissertação. Situações como essa levaram a estudante a pedir a prorrogação do prazo da defesa.
Barreto afirma que uma vantagem do EAD foi a apresentação de seu TCC, visto que o nervosismo da apresentação foi menor. Todavia informou que a falta de interação entre alunos e professores dificultou o processo de aprendizagem. Para a outra graduada o nervosismo da apresentação também foi menor, porém, não se sentiu prejudicada no seu curso por estar no online, concluindo que a experiência de ter aulas on-line foi beneficiária em certo grau pois não precisava se deslocar para a faculdade
No inicio do ano veio à tona o problema do descarte de roupas por meio da reportagem "Deserto do Atacama vira 'cemitério' de roupas usadas", feito pela BBC News Brasil, Euronews e outros canais de TV.
Confira na reportagem a proporção do estrago causado pelo descarte dessas peças e o que contribui para que tantas roupas cheguem no local. Conheça também maneiras sustentáveis de comprar roupas e se vale realmente a pena manter os padrões que a moda impõe à sociedade. Acesse o link abaixo e confira a nossa reportagem:
“Quando se é uma mãe, que não tem babá ou qualquer respaldo financeiro, tudo se torna mais difícil. Minha vida parou, mas as contas ainda chegavam. Eu precisei me virar”, afirma Maria Bethânia Souza, 25, mãe de uma menina de seis anos, e chefe de família na periferia do interior de São Paulo, diretamente afetada ao perder seu emprego durante o período pandêmico.
Com a chegada do vírus Sars-CoV-2, o Brasil enfrentou crises econômicas no que tange a população pobre, a taxa de desemprego esteve em alta e alarmou a todos. Entretanto, para aquelas que carregam a função de mãe solo, as dificuldades perduram sem previsão de melhora.
A busca para conquistar um espaço no mercado é árdua para o sexo feminino, fato que se perpetua ao longo de uma cultura que ainda não possui equidade de salários e, a todo instante, coloca em questionamento a capacidade das mulheres. Dentro do cenário de desespero vivido mundialmente, muitas famílias acabaram nas ruas, sem condições de continuar mantendo um lar.
“Até hoje estou sem emprego fixo, e já estamos em 2022. Precisei me reinventar para sobreviver, e ainda sobrevivo.” Souza conta que em dado momento, chegou ao ponto de não saber como resolver a situação de sua casa, e passou a receber a ajuda da mãe.
“Eu fiz o que pude para ajudar minha filha, pois minha neta estava sem ir para a escola, e além da falta de serviço ainda tem a dificuldade de criar uma criança sozinha. Muitas mulheres não tem a sorte de uma mãe que auxilie” conta Fátima, mãe de Maria Bethânia, ambas moradoras da COHAB (Conjunto habitacional).
Os obstáculos não se restringem ao financeiro para as mães solo. Com a paralização das instituições educacionais, os filhos necessitam de atenção redobrada, as sobrecarregando emocionalmente e fisicamente, com as tarefas diárias. “Ser mãe é um trabalho sem folga e remuneração, muitos não enxergam o peso de ser sozinha nessa caminhada.” Completa Souza.
Os impactos são claros e ainda carregados por quem viveu situações de incertezas, tanto financeiras, como mentais. Maria Bethânia encontrou, após os decretos de saúde mais brandos, uma forma de se reerguer: O empreendedorismo.
“Comecei a fazer decorações de festas pequenas, reuniões. Tudo muito simples, mas é o que tem me salvado agora, já que ainda não consegui ser contratada. Talvez dê certo e seja minha chance de ter meu próprio negócio. Mas confesso que ainda tenho crises de ansiedade e pânico com tudo isso.”
Souza, por sua vez, demonstra um olhar otimista mesmo que as cicatrizes existam. “Estou indo a luta, mesmo que ninguém esteja me dando oportunidade, resolvi cria-la. Mas é triste pensar que muitas mulheres estão passando dificuldade e sem ajuda.”
O salão Fragonezzi Studio, onde a massoterapeuta Ana Flávia dos Santos trabalha, perdeu mais de 70% de seus clientes durante a pandemia, o que gerou dívidas e prejuízos ao estabelecimento. Santos afirma que ‘’com a falta de atendimentos, não entrava dinheiro, tive que arcar com as despesas como aluguel, com o pouco das reservas que eu tinha’’.
‘’Nas massagens acontece o contato direto com o corpo das pacientes, e muitas tinham medo de se contaminar’’, conta Santos. Ela acredita que mesmo após o fim das restrições, o medo da contaminação foi uns dos motivos para a queda contínua do fluxo. Além da crise financeira, que afetou muito a sua área de trabalho, pois mesmo com a volta do salão, em suas palavras ‘’a massagem é vista como 'luxo', não cabendo mais no orçamento das clientes’’.
A pandemia ‘’educou’’ boa parte da população, as pessoas começaram a se atentar mais em termos de higiene, e essa é uma das partes positivas que Santos encontra nesse momento tão difícil da pandemia. Fragonezzi Studio já tinha protocolos de higiene antes da Covid-19, nas sessões de massagem, por exemplo, já era obrigatório o uso de máscara e touca descartável, o que acabou permanecendo e intensificando esse protocolo, com intervalos de 30 minutos entre cada cliente, para ser feita a higienização da maca, e o uso de álcool gel para limpeza das mãos.
A cabeleireira Ana Carolina Reis, 25, diz que no começo a volta aos atendimentos foi bem devagar, as clientes demoraram a ter confiança para sair de casa e passar horas em um salão de beleza. Com a vacinação em massa e a retomada das festas e eventos, a procura por procedimentos começou a aumentar e a renda financeira do estabelecimento melhorou.
Reis conta que uma de suas clientes retornou ao salão com uma aparência totalmente diferente. A cliente fazia o uso de alisamentos nos cabelos, e como não podia ir ao salão por conta da pandemia, resolveu assumir os cachos. E hoje com a volta do atendimento, sua visita ao salão não é mais para alisar, e sim, para um auxílio em sua transição capilar, o que melhorou sua autoestima, ’’As pessoas passaram a valorizar mais a nossa profissão e voltaram a cuidar de si mesmas’’.
Seguindo todos os protocolos da vigilância sanitária, como distanciamento entre bancadas, esterilização dos equipamentos, uso de máscaras e álcool em gel disponível na entrada, os salões de beleza ficam mais seguros para reabrir as portas e poder atender os clientes com toda a segurança necessária, declara Reis.
A adoção de animais de estimação, principalmente por parte dos “Pais de Pet” de primeira viagem, aumentou durante a pandemia da COVID-19, tornando-se uma saída para suprir a solidão decorrente do isolamento social.
A União Internacional Protetora dos Animais (UIPA), apresentou uma pesquisa em que a procura por adoção de animais aumentou 400% durante o primeiro trimestre de 2020 e em um outro levantamento feito pelo Radar Pet 2021, foi observado que, 30% dos animais de estimação foram adotados durante o período pandêmico, sendo 23% foram os primeiros bichinhos de seus donos.Esses dados se confirmam com as entrevistadas Jaqueline Gomes, 54, e Ágatha Chaignon, 18, que adotaram, respectivamente, o “vira-lata” Rock e o gato Alecrim, sendo a primeira vez que as duas adotaram um animalzinho. Elas confessam que antes de ter um bichinho de estimação em casa, elas sentiam falta de uma companhia e devido ao lockdown, agravou-se esse sentimento.
Para Chaignon, após a chegada do animal, o ambiente é outro: “Muda totalmente o clima, ele gosta muito de ficar perto quando estou fazendo minhas coisas em casa.” Ela conta ainda que “com certeza virou um amigo muito importante, não vivo mais sem ele.”
Jaqueline Gomes acredita que a reclusão em casa com o seu recém adotado trouxe uma confiança a mais na relação entre eles, aprendendo a conviver e amar um ao outro. Segundo ela “acima de tudo eu tinha que cumprir com todas as responsabilidades da adoção, sabendo dos meus compromissos e que ele teria que me acompanhar pra cima e para baixo”.
No âmbito do pós-pandemia, a jovem de 18 anos afirma que a socialização do seu animal de estimação foi tranquila, e que o contato com pessoas e outros animais não foi um problema, e que, se houver a possibilidade, adotaria novamente.
Com a diminuição de casos e o início da volta ao normal o Rock teve que descobrir o mundo fora de um apartamento e acompanhar seus donos no máximo de coisas que ele possa fazer, mas o isolamento contribui para adquirir confiança e ter um crescimento seguro.
Já Paola Giordani, 50, é presidente da UPA (União Protetora dos Animais) em Lorena, interior de SP, há 10 anos, e confirma que, durante a pandemia, houve uma procura maior em relação ao período anterior ao vírus, mas que os critérios de adoção continuavam os mesmos.
Entretanto, o índice de abandono também cresceu: “Houve muito mais abandono, de todos os tipos de animais. Alguns eu acredito por não ter como sustentar, nem com o básico ou mesmo sem condições de levar num veterinário que sabemos que é caro. Outros porque adotaram de impulso, se arrependeram e pra muita gente o mais fácil é prático é se ver livre abandonando.”
A instituição cuida de vacinar, alimentar e castrar o animal, para garantir a adoção responsável, e entregá-lo saudável para o futuro dono. A associação não possui fins lucrativos, e sobrevive a partir de doações e patrocínios.
A partir do aumento da vacinação e a flexibilização das medidas restritivas, Giordani lamenta que a situação relacionada a adoção e abandono piorou. “O abandono e os maus tratos continuam, sinceramente a humanidade não aprendeu nada com essa pandemia, a cada dia os animais sofrem mais. Ficou pior e a procura diminuiu.”