Psicóloga explica as motivações emocionais e sociais que levam a este comportamento
por
Cecília Schwengber Leite
Helena de Paula Barra
|
12/06/2025 - 12h

Nos últimos meses viralizaram na Internet diversos casos de “mães de bebê reborn”, em que mulheres adultas faziam vídeos cuidando e interagindo com as bonecas artesanais realistas como se realmente fossem suas filhas, dividindo opiniões sobre tal comportamento. A polêmica se acentuou quando começaram a surgir mulheres levando suas bonecas para supostamente serem atendidas em postos de saúde, ou até brigando pela sua guarda na justiça. Para entender melhor o assunto, ouvimos Kelly Vieira Ramos, psicóloga e especialista em análise do comportamento, em entrevista à AGENT. Para assistir ao vídeo, acesse o link:

 

Os famosos LPs batem recordes de venda e voltam a fazer sucesso, inclusive com as novas gerações
por
Helena Costa Haddad
|
11/06/2025 - 12h

Revolucionando a indústria musical, os discos de vinil, criados em 1948 por Peter Carl Goldmark e Columbia Records, mudaram a forma de distribuição musical e marcaram a cultura mundialmente. No Brasil, eles chegaram em 1951 com o disco Carnaval em ‘long playing’ (tradução da sigla LP) e se mantiveram no auge até a década de 1990, quando os CDs apareceram para substituir os discos. Nos anos 2000, as mídias digitais tiveram seu boom e o streaming conquistou o público.  

Mas apesar das plataformas de streaming estarem em alta, jovens, que nem viveram a era dos LPs, começaram a procurar vinis e muitos novos artistas também estão atrás desse método de distribuição. Em 2024, um levantamento da Pró-Música Brasil mostrou que os discos de vinil representam 76,4% da venda de mídia física no país, os correspondentes a R$ 16 milhões. 

discos na galeria
Zeitgeist Music, Galeria do Rock. Imagem: Helena Haddad

Marco Antônio Cunha, vendedor desde 1984 na Galeria do Rock, no centro de São Paulo, contou que viveu a transição vinil para CDs e que agora, voltou a vender discos. “Agora, os discos pop de artistas internacionais são os mais procurados. Vamos atrás de fornecedoras e pagamos taxas altas, o que encarece muito, mas, é o que mais sai”. Discos como Brat, de Charli xcx e Mayhem, de Lady Gaga estão nas prateleiras e são sucesso de vendas garantido.  

 

O desafio da produção interna e das taxas 

Em março deste ano, o ministro da Fazenda Fernando Haddad comentou que iria tentar zerar a importação de discos de vinil.  “Eu nem sabia que disco era tributado, porque livro não é. Compro livro importado e nunca paguei tributo. Prometo ver isso, com carinho. Vou discutir com o Barreirinhas [secretário da Receita Federal]”, prometeu o ministro no Podcast Inteligência Ltda.  

Para Marco, a promessa do ministro não deve ir para a frente “no ano passado, elas [as taxas] foram cobradas fielmente. Como existe há muito tempo, duvido que vão diminuir ou zerar”. Francisco Troia, vendedor de vinil há cinco anos fala desse momento com curiosidade e concorda com a problemática das taxas: “os jovens redescobriram os vinis, eles estão se interessando mais. Procuram garimpos e discos novos, principalmente pop internacional, Taylor, Lady Gaga etc. Às vezes, alguns clientes pedem discos específicos e a gente vai atrás. A venda aumentou muito com os jovens. Mas a alfândega é um empecilho. Tudo fica caro com as taxas.”.  

O vendedor também trouxe outra questão: a falta de fábricas de vinil no Brasil, que dificulta e encarece o projeto de novos artistas. “A demanda é muito grande nas fábricas, tem uma fila extensa. Só que quando eles fazem, é em pequena quantidade o que deixa o produto muito caro, quase no preço dos discos importados.” 
 

Gen Z e os vinis 

Os jovens André Paz e Igor Pimentel, ambos com 19 anos, são colecionadores e contaram um pouco sobre essa jornada. “Foi uma forma de me manter mais próximo dos artistas que eu gosto, me sinto mais conectado com a música, além da estética que me agrada muito”, comenta André. “Acho que na vitrola você percebe sons que no spotify não são perceptíveis. O som é mais claro”, complementa Igor.   

Já sobre os impostos, a resposta é unânime, apesar de ter mais sites, lojas, facilitando a compra, as taxas são “absurdas e desanimam”, como diz Igor. André, apesar de ter muitos discos importados, tem o costume de comprar discos nacionais: “Minha coleção é balanceada, tenho a discografia solo da Marina Sena completa em vinil. E já garimpei alguns.” 

A nova onda reafirma a relevância do vinil e devolve à discussão elementos como a qualidade do som e a experiência de ouvir música em si. Para os mais jovens, a prática também ajuda a reconectar com os hábitos dos seus pais, que muitas vezes passaram essa paixão para as gerações seguintes.  

A crise anunciada pelo vício em apostas online que atinge jovens e crianças
por
Leticia Falaschi
|
10/06/2025 - 12h

O cenário quase que epidêmico gerado pelos aplicativos de aposta no Brasil desestabilizou diversas esferas da vida da população. Desemprego e a desigualdade econômica viram combustível para as empresas que operam as bets. Segundo uma pesquisa publicada em abril pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), 10,9 bilhões de brasileiros com mais de 14 anos de idade apostam de forma descontrolada em jogos de azar, dados esses pertencentes a terceira edição do Lenad (Levantamento Nacional de Álcool e Drogas), realizado entre 2023 e 2024. Os números, que crescem exponencialmente, alertam profissionais da saúde, principalmente na área da psiquiatria e psicologia.

Em contrapartida, a legalização de algumas plataformas parece não estar de acordo com o estado preocupante indicado pelo sistema de saúde brasileiro. A complexidade se encontra, principalmente, no perfil do público mais afetado pela jogatina. O estudo da Unifesp mostra que 1 a cada 8 desses 10,9 bilhões apresentam dinâmica mais comprometedora com as apostas, se enquadrando em diagnósticos de transtornos comportamentais ligados ao vício.

Segundo a psicóloga clínica Elen Ribeiro da Silva, formada pela Universidade Paulista (Unip), em entrevista à AGEMT, existe uma combinação de fatores que afeta, principalmente, classes socioeconômicas mais vulneráveis.  “Qualquer pessoa tem fácil acesso às apostas, e num país com altas taxas de desemprego e subemprego e com tantos brasileiros sem educação financeira, a promessa de se ganhar a vida em apostas online é muito atrativa, principalmente para aqueles em cenários financeiros mais delicados.”, afirma a entrevistada.

A conjuntura de descrença e crise na economia acabaram cooperando para que a febre das bets tomassem conta da vida dos brasileiros, uma ilusória perspectiva de vida. Segundo o Lenad, a dependência em jogos de aposta fica atrás somente do álcool e do tabaco, superando o vício no crack e na cocaína da população. As empresas usam mecanismos que fomentam a vontade de jogar, operando de forma apelativa, bombardeando o usuário com incentivos enganosos.

“Essas plataformas funcionam estimulando sistema de recompensa do nosso cérebro e com liberação de dopamina, o que se assemelha com a dinâmica neuroquímica causada pelo uso de drogas.”, explica a psicóloga.  A falta de regulamentação dessas operações, que lucram com o desespero dos brasileiros, assim como a publicidade predatória são fatores que podem estar relacionados com o imenso número de jogadores. 

Segundo Elen Ribeiro, a ludopatia (ou o jogo patológico) é um transtorno comportamental grave já reconhecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e já indicado no Manual de Diagnósticos Estatísticos de Transtornos Mentais (DSE-5) e é muito ameaçador pelo padrão comportamento compulsivo em apostas, mesmo diante de todas as consequências negativas. “É um pulso muito grande que foge do controle do jogador. Inicialmente vemos as perdas financeiras e endividamento, vêm os comportamentos ilegais... aí entra um fator ainda mais perigoso, que são os pensamentos suicidas, gerados pela desesperança em sair da situação. Muitas vezes, o indivíduo tem perda total da identidade", alerta Ribeiro.  

O sistema público de saúde sofre uma grande ameaça com o aumento de viciados em apostas, principalmente por ser uma patologia enquadrada no campo da psiquiatria. A rede de atendimento psicológico na saúde pública já é extremamente sobrecarregada, e a falta de estrutura para lidar com transtornos comportamentais é maior ainda. Os Centros de Atendimentos Psicossociais, os CAPS, um dos poucos centros públicos efetivos de tratamentos, têm uma grande demanda para tratar pacientes com vícios ligados ao álcool e as drogas, o que, somado ao sucateamento, deixa os tratamentos a outros transtornos em segundo plano.

É mais uma demanda para o Sistema Único de Saúde (SUS), ainda mais quando o público mais afetado não tem acesso a serviços de saúde privatizados.  A maioria das pesquisas especificadas para analisar o fenômeno vieram depois do aumento expressivo do número de viciados, não houve uma análise prévia à inundação das bets. Os poucos dados dos efeitos desse vício, usados em estudos de possíveis tratamentos, são de pessoas que buscam ajuda em centros clínicos, ainda há uma imensa parcela de indivíduos e dados que não foram analisados. Ouça aqui a entrevista completa. 

 

Como memórias viraram tendência e movimentam bilhões no mercado cultural
por
GUILHERME PERIOTTO KATINSKAS
|
09/06/2025 - 12h

Tênis antigos, brinquedos de infância, filmes que voltam com nova roupagem. A nostalgia virou um dos motores mais fortes da cultura pop e do consumo. Mas por que buscamos tanto o que já passou? Neste vídeo, investigamos como a memória virou mercadoria, para isso tive uma conversa com quem vive disso: um jovem artesão que transforma saudade em bonecos. Assista

Podcast analisa a nova legislação implantada e como ela influencia a rotina de alunos, professores e a dinâmica da aprendizagem
por
Júlia Polito
Luiza Zequim
|
01/06/2025 - 12h

Com o avanço da tecnologia e a popularização dos smartphones, o uso de celulares dentro das escolas se tornou uma questão mais discutida por educadores, pais e autoridades. De um lado, o aparelho pode ser uma ferramenta de apoio ao aprendizado, de outro, representa uma grande fonte de distração. Diante desse cenário, foi sancionada em janeiro de 2025 Lei que regulamenta o uso dos celulares nas instituições de ensino, estabelecendo critérios claros para garantir que a tecnologia seja utilizada de forma responsável e educativa, sem comprometer o rendimento escolar nem a convivência dentro do ambiente acadêmico.

Para discutir sobre essa questão e como ela funciona na prática, trouxemos duas convidadas para o nosso POD Conta Aí. A professora da rede particular, especializada em orientação de alunos, Adriana de Moraes, e Lara Miyazaki, aluna da rede pública, que apresenta sua perspectiva sobre o uso dos celulares em sala de aula. Para acompanhar esse bate papo, acesse abaixo o Spotify

 

Esmaltes, looks e acessórios são elementos visuais que revelam as tendências de consumo da sociedade
por
Ricardo Dias de Oliveira Filho
Beatriz Tiemy Nichioka
|
18/10/2022 - 12h

Em 1950, a televisão chegou ao Brasil - o primeiro meio de comunicação a introduzir o audiovisual para os lares brasileiros. Uma de suas principais missões é entreter o público e, assim, surgem as telenovelas.

Com cerca de 15 capítulos, a primeira telenovela brasileira foi exibida pela extinta TV Tupi. Intitulada 'Sua Vida Me Pertence', a produção estreou em 21 de dezembro de 1951 e foi exibida até o dia 15 de fevereiro de 1952.

Além do enredo e das personagens, um elemento que se tornou marcante nas telenovelas é o vestuário. A moda continua, até hoje, impactando os costumes e estilos da sociedade brasileira. Apelidados de closet, perfis nas redes sociais publicam os looks usados pelos artistas - incluindo o valor e o site onde pode ser encontrado para compra. Isso evidencia como a televisão tem reflexo no consumo dos telespectadores.

“A moda está inteiramente ligada a arte e cultura e, o que acontece muito atualmente, é que marcas conceituadas convidam atores que estão atuando em novelas para abrir seus desfiles, gerando uma ligação ainda maior entre a moda e novelas”, contou a modelo brasileira Thais Romão. “Desfilei com vários atores globais, que estavam em alta, e foram convidados a abrir os desfiles da Semana de Moda de São Paulo - inclusive, foram muito aclamados pelo público”, complementou.

Juliana Paes como Maria da Paz em 'A Dona do Pedaço' — Foto: Artur Meninea/Gshow
Juliana Paes como Maria da Paz em 'A Dona do Pedaço' — Foto: Artur Meninea/Gshow

O alcance das telenovelas é exemplificado pela audiência e, principalmente, pelas vitrines dos polos de moda do Brasil. “Um exemplo é a personagem Maria da Paz, da novela ‘A Dona do Pedaço’, exibida em 2019, que vestia peças de roupa da marca Teodoro Salazar. Quando a personagem apareceu vestida com estampas de corrente dourada foi uma explosão. Várias marcas começaram a fazer esse tipo de estampa e o público aderiu a essa moda. Na verdade, se você andar pelo Bom Retiro, que é um dos maiores mercados da moda de São Paulo, verá estampas de corrente dourada espalhadas pelas vitrines até hoje”, disse Valéria Dutra, designer de moda e colorista têxtil.

Mesmo com a ascensão dos serviços de streaming, as telenovelas se consolidaram como plataformas de comunicação cultural. A publicitária e especialista em mercado de moda e consumo, Yasmin Carolino, conta sobre as formas de influência das produções.

“É gerado no telespectador um sentimento que leva à uma busca por pertencimento. Muitas vezes uma personalidade fictícia pode ser o ponto de partida para uma influência de estilo. Aquele que assiste e se identifica, passa, portanto, a querer parecer como tal personagem e isso se reflete, desde o jeito como se veste até ao estilo de vida dessas pessoas. O povo brasileiro é muito rico em diversificação e isso é algo relevante quando questionamos o pertencimento e o papel das influências de mídia sobre esse sentimento, tendo em vista que vivemos em uma sociedade tão desigual”, disse a profissional.

Apesar das mudanças enfrentadas com o surgimento da internet, as novelas são queridas pelo povo brasileiro, haja visto que muitos espectadores ainda ligam a TV para acompanhar as tramas de seus personagens favoritos. “A dona de casa, a mulher que chega do trabalho tarde da noite, estudantes, mães, avós, tias, todas elas assistem novela e se veem em, pelo menos, 1% de alguma personagem da novela. Elas são influenciadas na forma de se vestir, de se maquiar, a forma que arrumam o cabelo, as gírias, as músicas que a personagem gosta, entre outras características”, disse Valéria Dutra.

Essa familiaridade com as produções, além de gerar identificação, faz com que o público enxergue a ficção como uma referência. O telespectador cultiva o desejo de viver como as personagens da história - muitas delas são vistas como símbolo de sucesso e autoconfiança, inclusive pelo figurino -, o que desperta ainda mais a vontade de se assemelhar a elas. "Muitas vezes, uma personalidade fictícia pode ser o ponto de partida para uma influência de estilo. Aquele que assiste e se identifica, passa, portanto, a querer parecer como tal personagem e isso se reflete desde o jeito como se veste indo de encontro ao estilo de vida dessas pessoas", comentou Yasmin.

Um debate recorrente é o fato de que, mesmo com a inovação dos meios de comunicação, modernização do audiovisual e a predominância na utilização dos streamings, as novelas ainda são pioneiras no impacto e influência na moda brasileira.

"Atualmente, uma novela que se passa em horário nobre conta com a atuação de influencers digitais de grande porte. A publicidade entra por esse meio, unindo dois veículos potentes de influência e consumo. E a moda brasileira é impactada diretamente em cima disso. Em um movimento de tendências trickle down, o que surge nas passarelas atinge as ruas. A lógica é a mesma quando substituímos os desfiles pelas novelas. O visual de uma personagem-chave é adotado pelos designers desde as enormes lojas de departamento às marcas de bairro independentes. Todos passam, portanto, a ter acesso ao que ''está na moda'' naquele momento”, ressaltou Yasmin.

Giovanna Antonelli como delegada Helô em 'Travessia' - Foto: Reproducao/ Instagram
Giovanna Antonelli como delegada Helô em 'Travessia' - Foto: Reprodução/Instagram

Um símbolo importante nas tendências criadas nas telas é a atriz Giovanna Antonelli, que interpretou diversos papéis de sucesso e, junto aos seus personagens, ditou diversas tendências usadas ao redor do Brasil. A personagem delegada Helô, da novela 'Salve Jorge', da Rede Globo, tinha como itens marcantes a capa de celular de soco inglês e as roupas estampadas - principalmente com estampas de animal print. O sucesso da personagem foi tanto que, na nova novela das nove da Rede Globo - 'Travessia' -, a personagem retornou com o mesmo estilo memorável.

Além da delegada Helô, a atriz transformou diversos outros acessórios, unhas e looks em tendência. Entre eles podemos citar a capa de coelho, da novela 'Aquele Beijo', o esmalte azul, da novela 'Em Família', as pulseiras de mão, de 'O Clone', etc.

FIGURINOS SÃO MAIS DO QUE APENAS ESTILO

A figurinista da Rede Globo, Gogoia Sampaio, apontou que os figurinos são produzidos com base em estudos aprofundados, no ambiente social e cenográfico. “O figurino é sempre desenvolvido com base em uma sinopse e no perfil dos personagens - o diretor é quem nos dá o direcionamento. A gente localiza onde essa história vai se passar, em que tempo ela vai se passar e qual é o público alvo.

Apesar de ser um elemento visual que provoque a sede de consumo, o figurino é construído com a participação dos atores e atrizes envolvidos, a caracterização, o diretor, o cenário e a iluminação, ou seja, é um elemento narrativo.

“Alguns personagens já têm encomenda. Por exemplo, quando eu fiz a Melina, de ‘Passione’, o autor já escreveu que ela teria essa 'pegada' mais fashion. Nessa mesma novela, a gente tinha a Irene Ravache (Clô Souza e Silva), que era aquela mulher "Rainha do Lixo", e que, inclusive, tinha um apelo popular gigante”, explica a profissional.

 Até o ano de 2020, a Rede Globo tinha uma Central de Atendimento ao Telespectador, apelidada de CAT. Por meio de e-mails e telefone, o público podia tirar dúvidas sobre os produtos usados pelos atores, atrizes, apresentadores e jornalistas da emissora. Com o avanço da tecnologia, a emissora decidiu experimentar novos canais, principalmente, as redes sociais.

“No CAT, muitas vezes, as roupas da Clô eram mais pedidas do que a da Melina e, por isso, eu falo que a personagem faz toda a diferença. As pessoas se identificaram com ela. Depois disso vieram os influencers digitais, que são pessoas com quem você se identifica e compra uma roupa igual a deles pelo fato de se identificar com as suas histórias. Acho que os personagens eram os influencers”, comentou Gogoia Sampaio.

“Quando fiz 'Belíssima', por exemplo, o mínimo do Ibope era próximo aos 50/55 pontos. A internet não tinha toda essa força que tem agora. A visibilidade é diferente, mas eu acredito que elas, ainda assim, tenham grande valor por retratar a vida brasileira, as histórias brasileiras.”
 

Doenças mentais são a principal causa de suícidio: entenda como identificar sinais de quem precisa de ajuda
por
Sônia Xavier
|
10/09/2022 - 12h

 

O mês de setembro é marcado pelas campanhas em prevenção ao suicído que, embora aconteçam durante todo ano, se intensificam neste mês em tributo ao dia 10, Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. 

As campanhas tiveram início nos Estados Unidos quando Mike Emme,17, cometeu suicídio em 1944. Mike sofria de sérios problemas psicológicos, mas seus familiares e amigos não perceberam a tempo. 

No dia do velório foi feita uma cesta com muitos cartões decorados com fitas amarelas e dentro deles havia a mensagem “se você precisar, peça ajuda”. Os cartões chegaram realmente nas mãos de pessoas que precisavam de apoio e a partir desta  iniciativa foi dado início a um movimento importante em prevenção ao suicídio. O laço amarelo é usado até hoje como símbolo da campanha. 

 

O laço amarelo é símbolo da campanha contra o suicídio
A cor amarela é usada como símbolo em todas as iniciativas da campanha. Foto: Reprodução/UOL

 

No Brasil a campanha acontece desde 2014, por uma iniciativa da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), com o objetivo de prevenir e reduzir os números de suicídio no país. Em 2022 a campanha chega em seu oitavo ano trazendo um novo tema : "A vida é a melhor escolha".

"Precisamos orientar para conscientizar, prevenir e no mês de setembro concentramos os nossos esforços e vamos para a prevenção efetiva do suicídio. A morte por suicídio é uma emergência médica e pode ser evitada através do tratamento adequado do transtorno mental de base", afirma o presidente da ABP, Dr. Antônio Geraldo da Silva. 

Os registros de suicídios no país se aproximam de 14 mil por ano, ou  seja, uma média de 38 pessoas por dia tiram sua própria vida e a maior parte deles está  ligado a transtornos mentais que não foram diagnosticados a tempo ou que são tratados de maneira ineficiente.

Hellen Diana, 20, quase entrou para essa estatística diversas vezes. A primeira delas quando tinha 11 anos de idade e já sofria de depressão. Diana só não virou um número porque em todas as vezes que tentou, foi impedida por alguém, no caso da primeira, pelo seu irmão que na época tinha apenas 10 anos. 

O suicídio é um importante problema de saúde pública, mas, infelizmente, ainda é considerado tabu. O psicoterapeuta Árlon Miqueias aponta alguns sinais em que devemos ficar atentos para, possivelmente, impedir alguém que esteja com pensamentos suicidas "isolamento social, utilização de medicamentos ou drogas, mudança de comportamento, porque ninguém consegue esconder por muito tempo".

Miquéias também salienta a importância de ouvir as pessoas e estar vigilante a potenciais crises “a primeira coisa {a fazer} é ter sentimento de empatia e saber que falta de saúde mental é algo sério. Os próximos passos são não deixar a pessoa só e incentivá-la a buscar ajuda profissional”.

 

Hellen já tentou suicídio diversas vezes
Hellen conta sobre a importância da família no seu tratamento. Foto: Reprodução/ Instagram 

Hoje, a rede de apoio de Hellen conta com, além dos familiares, psicólogo e psiquiatra “Se eu não tivesse minha rede de apoio eu não estaria viva no dia de hoje”, acrescenta. 

Diana conta que a família exerce um papel central no seu tratamento, a preocupação vai além da alimentação, incentivo a práticas de atividades físicas ou com a medicação “ eles se preocupam em relação a tudo, querem me ver sempre bem”. 

Um pouco da história do skate no Brasil e como ele foi arma de resistência no país
por
Gustavo Oliveira de Souza
|
28/06/2022 - 12h

O skateboard, uma das modalidades olímpicas e esportes mais praticados no mundo, surgiu nos Estados Unidos por volta dos anos 50 e desde então evolui sua forma de prática até chegar ao Brasil nos anos 70 e se tornar uma das modalidades mais queridas pelos brasileiros. Ele foi inventado como um derivado dos patins e do surfe, já que os primeiros modelos eram de rodas de patins montadas em pranchas de madeiras com os praticantes tentando reproduzir os movimentos do esporte aquático, já que não haviam mais ondas nas praias da Califórnia, local em que o skate apareceu. O esporte começou a ser desassociado do surfe após os jovens descobrirem que era possível praticá-lo em locais de transição como as piscinas, que na época foram esvaziadas devido à grande seca que atingiu todo o estado da Califórnia, e dessa forma surgiu o skate vertical. Ele se tornou uma grande febre pela cultura do “do it yourself” (faça você mesmo), onde se tornou possível construir rampas de madeira em ruas, praças e nos quintais das casas.

 Foto de Bill Eppridge - Life Magazine

Não demorou muito para o Skateboard chegar ao Brasil. No início dos anos 70 ele chegou ao Rio de Janeiro possivelmente trazido por filhos de norte americanos que visitavam o país ou por alguns raros brasileiros que viajavam aos Estados Unidos para surfar, e ele inicia sua trajetória sendo chamado de Surfinho, sendo construído de eixos de patins com rodas de borracha ou ferro pregadas em madeira. Ele se popularizou de maneira rápida no país, com a divulgação sendo feita numa revista voltada para o público jovem que começou em 1972, e em 1976 a primeira pista da América Latina foi inaugurada em Nova Iguaçu no Rio de Janeiro, mas no final da década o skate começou a decair, já que as fabricantes de peças não comercializavam produtos próprios para a modalidade, e os investimentos feitos nos atletas e campeonatos se encerrou, mas os que ainda praticavam o esporte construíam rampas particulares, e dessa forma o cenário continuava vivo, mesmo correndo o risco de desaparecer.

Primeira pista de skate do Brasil: Nova Iguaçu (RJ). Foto: Reprodução/Guia do Estudante

No ano de 1984 a modalidade ressurgiu por iniciativa dos próprios skatistas e a vinda de alguns ídolos internacionais do esporte ajudou ainda mais o trabalho que era feito pelos amantes do esporte, e em 1986 a Associação Brasileira de Skate foi fundada, mas durou apenas dois anos, dando lugar à União Brasileira de Skate, que durou até 2000, e o skate sofre dois duros golpes: O primeiro , com a proibição da prática da modalidade pelo então prefeito da cidade de São Paulo, Jânio Quadros, que inicialmente proibiu que se andasse de skate no Parque do Ibirapuera, mas após uma passeata dos praticantes, ele proíbe o esporte em toda a cidade de São Paulo. O outro revés foi em 1990 com o presidente do Brasil, Fernando Collor, que devido ao chamado “Plano Collor” freou todo o desenvolvimento do skate no Brasil, e diversas empresas relacionadas ao Skateboard faliram da noite para o dia, mas mesmo assim, os skaters não interromperam suas atividades e trabalharam para a consolidação e profissionalização do esporte no Brasil.

Esse período foi sombrio e gerou muitas dúvidas nos praticantes. Por ser um movimento que lutou contra o sistema, o skate foi marginalizado e foi até chamado de “esporte assassino” numa manchete do Jornal Estado de São Paulo, numa clara tentativa de chamar os skatistas de bandidos, mas alguns representantes do Skateboard continuaram com a luta pelo simples direito de se divertir com o esporte. Um dos que participou dos movimentos naquela época, o skatista Marcos Santos, diz que a repressão foi muito grande: “A Guarda Municipal confiscou as rampas e os skates de todo mundo que andava no Ibirapuera. Um dos nossos amigos, o Álvaro, se revoltou e retornou ao local para buscar tudo que havia sido preso, e o prefeito decidiu tornar a proibição uma lei”. Ele conta como foi o dia da marcha organizada contra a proibição: “Tinham umas 200 pessoas. Muitos levaram faixas e megafone para protestar, e a marcha partiu do metrô Paraíso até chegar no Parque Ibirapuera. Eu não estava lá, mas conheço vários que participaram do protesto. O intuito era entregar uma carta pro prefeito com diversas assinaturas, que pediam a revogação da proibição apenas, mas todo mundo foi barrado, por que o parque estava fechado, e isso gerou uma grande revolta”. Marcos está no movimento desde os anos 1980 e vê uma grande evolução: “Hoje está tudo mais fácil para quem quiser andar”. “Tem várias pistas por aí e hoje a gente é bem aceito pela sociedade, mas o trabalho ainda é duro, já que as marcas nacionais ainda não investem tanto nos atletas, por falta de estrutura mesmo.” “O cara que quiser ser profissional tem que ir para os Estados Unidos, por que o mundo todo do skate está reunido lá”.

Protesto dos skatistas em São Paulo, 1988. Foto: Alexandre Tokitaka

O skate brasileiro realmente ainda tem muito a evoluir, mas caminha bem. Alguns dos principais skatistas do ranking da Street League (principal campeonato de skate do mundo, que terá a sua última etapa realizada no Brasil nesse ano) são brasileiros, e o Brasil possui cinco títulos.

“A Justiça é uma noção construída e não colocada de fora para dentro”, aponta mediadora e advogada Carla Zamith ao falar sobre as formas possíveis de fazer justiça.
por
Malu Araújo
|
07/06/2022 - 12h

Provavelmente, você já deve ter escutado o bordão “O Brasil prende muito e prende mal” e embora existam hoje mais de 900 mil pessoas encarceradas, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ),  um dos principais ecos da sociedade é a impunidade vivida. Com efeito dessa contradição, surgem as questões: em qual parte então a justiça criminal brasileira está falhando? Será que prender e punir é a única forma de se fazer justiça?

A princípio, o cenário que se evidencia no sistema criminal é de ineficiência e precariedade. De acordo com o conselheiro do CNJ, Mauro Martins, cerca de 45% dos presos estão sem uma condenação definitiva e por isso, cumprem maior tempo de pena necessária, sendo 67% dessa população formada por pessoas negras. Ademais, segundo o Departamento Penitenciário Nacional, das 1.381 unidades prisionais, 997 têm mais de 100% da capacidade ocupada e outras 276 estão com ocupação superior a 200%, ou seja, também existe a superlotação dos presídios. Soma-se a isso a ausência de práticas que busquem estimular o infrator ao desvencilhamento da vida do crime e a sua inserção como cidadão no convívio social. Sob essa perspectiva, percebe-se que o sistema penitenciário atual está mais para um mecanismo de atraso e perpetuação de ciclos na criminalidade, uma vez que punir se torna diferente de responsabilizar e conscientizar o ofensor do crime cometido.  Mas será que existe uma outra forma de se lidar com os conflitos, trazendo reparação para a vítima e diminuição dos apenados em uma lógica cada vez menos coerente?

Uma alternativa em construção

A Justiça Restaurativa surgiu na Nova Zelândia em 1970, tendo como inspiração a forma como os aborígenes Maoris, povos nativos do país, solucionam seus conflitos de litígio. A prática chega ao Brasil na década de noventa e é oficialmente iniciada em 2005, com o projeto "Promovendo Práticas Restaurativas no Sistema de Justiça Brasileiro”.  Em entrevista à Agência Maurício Tragtenberg, a cientista social e mestre criminal Raffaela Palloma, formada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, explica que a Justiça Restaurativa não é um conceito fechado, uma vez que é formada por um conjunto de práticas, valores e princípios. “Alguns vão dizer que é um modelo de Justiça, uma forma de responder aos conflitos [...] (sendo) atrelada a possibilidade da gente responsabilizar a pessoa que praticou a conduta criminosa de outra forma, não dando uma resposta punitiva, mas dando uma resposta, digamos, mais positiva”, completa Palloma.

No Brasil a Justiça Restaurativa segue a metodologia do Ciclos Restaurativos, que seria um roda de diálogo com as pessoas envolvidas no conflito, tanto o ofensor, quanto a vítima devem estar ali de forma voluntária. A  partir dessas conversas são feitos pequenos acordos, que buscam reparar os danos causados a vítima. Por consequência, a prática encontra um meio para responsabilizar o infrator, criando um ambiente em que ele encare as consequências do seu crime e perceba sua nocividade.

Processo da metodologia seguida pelos ciclos restaurativos.
        Processo da metodologia seguida nos ciclos restaurativos.

 

Em contraste, a prática dentro do país ganhou tons próprios, a advogada nos conta que no Brasil há uma tendência dos processos de justiça restaurativa serem mais voltados aos ofensores, esse fato decorre também por parte das vítimas possuírem desconhecimento e receio sobre o que é a prática.  Outro ponto observado, é a centralidade do judiciário na condução dos processos, visto que as primeiras experiências surgem em projetos pilotos implementados pelo sistema. Diferentemente, em outros países são organizações não governamentais que cuidam dos casos, recorrendo apenas ao poder judiciário se necessário. Um dos possíveis riscos para Justiça Restaurativa, em decorrência dessa centralidade, é de que seu diferencial seja apagado, podendo ser cooptado e contaminado pela lógica do sistema tradicional. 

A forma de reparação pode ser diferente para cada vítima

  Em relato, a cientista Palloma nos conta sobre uma história muito marcante, em que um adolescente havia matado intencionalmente seu amigo. A família da vítima resolveu tratar o caso pela Justiça Restaurativa, dentro do processo a mãe sempre dizia que sentia muita falta do seu filho. Conforme os ciclos foram feitos, um dos acordos era que o adolescente, amigo do filho dela, iria almoçar com ela todos os sábados, uma vez que ela queria companhia e queria que isso acontecesse.  O desfecho desse caso, assim como outros, podem espantar as pessoas dentro daquilo que se espera acontecer, mas para essa mãe esse acordo trazia em alguma medida reparação a morte do seu filho. "São coisas que a gente não explica, mas que foi importante para ela" afirma Palloma.

Dessa forma, é importante pensar que o conflito muitas vezes não possui uma natureza única, por isso, não respondem a uma mesma resposta. Em entrevista, a mediadora e advogada Carla Maria Zamith, doutora pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, explicou que “a noção de que conflito não é um pensamento linear de causa e efeito", uma vez que não decorre de um único motivo. Quando, por exemplo, há uma “situação de conflito que acontece numa escola, este conflito não está descolado da estrutura da escola e das pessoas que chegam ali [...] o que a prática olha não é qual lei foi infringida, qual a regra que foi infligida, mas qual a necessidade que não está e não foi atendida que deu causa para o surgimento daquela situação” elucida a mediadora. 

Estudantes universitários da UniSecal realizam projeto de extensão da Justiça Restaurativa.
               Estudantes universitários da UniSecal realizam projeto de extensão da Justiça Restaurativa.

A doutora também faz a diferenciação entre mediação e justiça restaurativa, embora ambas possuam o mesmo “princípio do não saber”, a Justiça Restaurativa conta com uma rede de apoio e sustentação de grande porte, enquanto a mediação não demanda desse fator, necessariamente. Uma das experiências trazidas pela mediadora Carla era de uma casal que estava se separando e “estava em um grau de desrespeito e discussões que não conseguiam se falar, tornando a convivência em casa impossível”. A partir disso, foram sendo feitos pequenos acordos entre os dois no processo de mediação, com esse exercício de comunicação, foi possível se transformar esse momento, ao ponto deles conseguirem se escutar novamente.

Em síntese, a Justiça Restaurativa não propõe uma solução única para os problemas da justiça criminal e muito menos diz que ambas não podem caminhar juntas, mas tenta construir a ideia de que o conflito está dentro de um todo e isso não deve ser ignorado. E a partir desse entendimento, traz a reflexão de que o diálogo e a escuta podem ser mais eficientes no processo de responsabilização do infrator e na não perpetuação de novos crimes.

 

 

“O TikTok me fez voltar a um hábito de leitura que eu não tinha desde os 14 anos”, diz Marcela Fregonesi, jovem e leitora”
por
Anna Cecília Nunes
Beatriz Tiemy
|
07/06/2022 - 12h

Com a chegada do cenário pandêmico no Brasil, muitos setores comerciais tiveram que encontrar uma maneira para sobreviver, com o setor editorial não seria diferente. Presenciou-se muitas livrarias encerrando as suas atividades, o que gerou o questionamento de quais seriam os novos caminhos que guiarão a área. Formas de divulgações através da internet sobre os conteúdos literários ganharam força. Um grande exemplo é o TikTok, em que a hashtag booktok, voltada para vídeos envolvendo livros, acumula mais de 56 bilhões de visualizações, que foi o classificado com o maior índice de influência em vendas de livros. 

De acordo com os dados do Painel do Varejo de Livros, divulgados pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), entre  2020 e 2021 houve um crescimento de 38,38% no volume de livros comercializados e um faturamento 28,46% superior. Isso significa que 3,91 milhões de livros foram vendidos contra 2,82 milhões de títulos nesse mesmo intervalo em 2020. Umas das booktokers mais conhecida é a criadora de conteúdo digital, Leticia (@biblioleticia), que acumula mais de 500 mil seguidores e 26 milhões de likes em sua rede social. As recomendações são para todas as idades, mas, segundo dados da plataforma TikTok, 66% dos usuários têm menos de 30 anos, com faixa etária entre 16 e 24 anos. 

Por ser uma plataforma voltada para o público jovem, o conteúdo do booktok teve uma contribuição significativa na evolução e popularização da leitura entre os adolescentes. Marcela Fregonesi, 19, diz como o booktok ajudou no seu retorno ao mundo literário: “O TikTok me fez voltar a um hábito de leitura que eu não tinha desde os 14 anos. Os vídeos de indicação me influenciaram muito a voltar com tudo, diria que os principais foram ‘Os sete maridos de Evelyn Hugo’ e ‘Metanoia’”. Além disso, Marcela diz que passou um ano lendo apenas indicações do booktok e como a plataforma influenciou outras pessoas que não tinham o hábito de leitura: “Em 2020, eu praticamente só li indicações do TikTok. Não me sinto tão influenciada hoje como eu já fui, mas mesmo assim ainda me impacta e vi que impactou muita gente que não lia, até porque você pode receber indicação de qualquer estilo de livro, o que faz com que seja mais fácil das pessoas encontrarem algo que interessa elas a entrarem no mundo da leitura e, talvez, até influenciar outras pessoas próximas.”

Livros na categoria "booktok" na livraria.
Categoria "booktok" é vista em livraria. Reprodução: Twitter/@desastredastar
 

 

Bárbara Pollo, influencer da plataforma TikTok que grava conteúdos sobre livros, explica o porquê do sucesso dos vídeos do booktok: “O booktok cresceu tanto por conta da maneira que os criadores de conteúdos fazem os vídeos, pois no TikTok só era permitido vídeos de até 1 minuto, e tínhamos que criar uma resenha que desse vontade de ler no público, e por conta do tempo de vídeo, não ficava cansativo para as pessoas nos ouvirem.” 

Perante à grande repercussão do booktok, determinados títulos muito comentados na plataforma como “Mentirosos” (2014), “Vermelho, Branco e Sangue Azul” (2019), “Corte de Espinhos e Rosas” (2018), chamou a atenção de inúmeros jovens e passaram a ser os mais vendidos no Brasil, “os queridinhos do booktok” em algumas livrarias como a Leitura passaram a ter uma sessão dedicada somente aos títulos mais comentados na rede. 

"Muitas pessoas que já liam começaram a repassar suas experiências para os outros através da internet, em especial na pandemia, pois ficamos em casa com mais tempo disponível para ler. Alguns criadores de conteúdo utilizam dessa ferramenta como forma de trabalho, outros fazem por diversão e outros fazem apenas para popularizar um livro que gostou”, explica a booktoker, Bárbara Pollo.