Coletivo Da Ponte Pra Cá e centros acadêmicos divulgam repúdio a mensagens de ódio disseminadas no perfil "Spotted PUC-SP", no Instagram
por
João Curi
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11/04/2024 - 12h

Quem paga a conta? Essa parece ser a pergunta-chave que abriu portas demais no principal campus da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, em Perdizes. Desde as reivindicações por direitos a uma refeição gratuita no refeitório até o desconforto de apresentar, periodicamente, um grande volume de documentação para comprovar a baixa renda, estudantes bolsistas são alvo de posicionamentos agressivos de alguns estudantes.


Nos últimos anos, centros acadêmicos têm se preocupado mais com a condição social de estudantes contemplados por bolsas, sejam de natureza filantrópica (fomentada pela FUNDASP) ou por programas governamentais. Isso se dá pelo aumento de denúncias e reclamações desse mesmo público quanto ao tratamento recebido por outros estudantes (qualificados como “pagantes”), tanto presencialmente quanto online.


Segundo relatos, houve episódios de discriminação socioeconômica, conhecida como aporofobia, que tem confrontado a permanência de estudantes bolsistas na universidade. Embora não exista um coletivo com esta finalidade, nos últimos anos, o perfil de Instagram “Spotted PUC-SP” (@spottedpucsp) veiculou publicações que trouxeram à tona uma série de movimentos considerados elitistas, como a contestação do direito ao posicionamento de estudantes "não-pagantes" sobre decisões estruturais do campus.


A página, inclusive, já foi investigada, em setembro do ano passado, pelo jornal laboratorial da PUC-SP, o Contraponto, que trouxe à tona os ideais políticos do perfil desde seu surgimento até as recentes manifestações em favor de campanhas eleitorais de centros acadêmicos. Este ano, porém, a principal campanha defendida pela conta originalmente dedicada à paquera é a implementação de catracas no campus Perdizes.


Ainda que a discussão tenha se aquecido nas redes sociais, a pauta foi reclamada para debate entre as entidades competentes à decisão: a mantenedora FUNDASP, a Reitoria, coletivos estudantis e centros acadêmicos da PUC-SP. Mesmo assim, os esforços da página em reacender essa suposta reivindicação deram abertura, na verdade, a uma enxurrada de comentários ofensivos e caluniosos direcionados aos estudantes bolsistas.


Em consequência, entidades acadêmicas, lideradas pelo coletivo Da Ponte Pra Cá - Frente Organizada de Bolsistas, organizaram-se para apresentar materiais de denúncia e repúdio aos atos discriminatórios observados dentro e fora do campus. Na última terça-feira (9), 28 entidades acadêmicas e administrativas ligadas à universidade assinaram uma publicação conjunta de um vídeo-denúncia, acompanhado de um documento completo reunindo imagens comprobatórias e exigências à mantenedora, FUNDASP, por medidas efetivas em prol dos bolsistas.


Diante disso, o Centro Acadêmico Benevides Paixão, o Benê, trouxe a pauta à tona como uma de suas prioridades de gestão. "A situação é grave e requer cuidado e vigilância. Estamos em constante contato com o nosso corpo docente, coordenação e direção para tomarmos todas as ações possíveis", declara a entidade acadêmica, em nota exclusiva à AGEMT.


O dossiê acusa, principalmente, o Spotted PUC-SP por disseminar casos de roubo e demais ocorrências ligadas à criminalidade de forma irresponsável e suposta motivação política por detrás. De acordo com o texto, “o que fica sempre evidenciado é que aqueles que são relatados como suspeitos dessas atividades são sempre pessoas negras, reforçando novamente o estereótipo racista que permeia nossa sociedade, que associa criminalidade e violência a uma raça/cor”, aponta o documento.


Não obstante, a garantia do sigilo também deu vazão a um fluxo de informações desprovidas de checagem dos fatos ou comprovação da verdade em torno dos casos relatados, “muitas vezes de caráter aporofóbico e racista, causando, sem fundamento, um pânico generalizado na comunidade estudantil”, descreve o texto. Nessa direção, a página se tornou um dos principais hospedeiros de manifestações consideradas elitistas, segundo as denúncias coletadas.

 
Quando o alarme soa, dada a notoriedade de algumas discussões acaloradas pela dualidade de posicionamentos nos comentários, é comum que as publicações sejam removidas do perfil. Ainda assim, de acordo com os apontamentos da denúncia endossada pelo coletivo Da Ponte Pra Cá nas redes sociais, o movimento de cunho discriminatório se fez presente também em outros meios, como em grupos do aplicativo de mensagens Whatsapp.

 

''Não podemos ignorar a realidade de negligência e discriminação das demandas e das necessidades das pessoas pobres em uma universidade elitizada", declara o coletivo Da Ponte Pra Cá, em nota exclusiva à AGEMT. "A denúncia produzida e a mobilização dos estudantes bolsistas torna-se urgente e extremamente necessária diante de um cenário de descaso, como o da PUC-SP".

 

Afinal, quem paga a conta? Desde a segunda-feira, 15, até o momento de publicação desta reportagem, o perfil do Spotted PUC-SP está desativado. A AGEMT tentou contato com o administrador da conta, mas não teve retorno.

 

Nota da PUC-SP

A PUC-SP, na sua prática cotidiana, não compactua com discriminação de qualquer tipo. Essa questão figura no Estatuto e no Código de Ética da Universidade, que toda comunidade deve seguir.

A Instituição entende que qualquer pessoa que for testemunha ou alvo de um ato de discriminação deve procurar as autoridades competentes.

Afirmamos que a PUC-SP não tem nenhuma responsabilidade sobre o perfil privado e anônimo do Instagram @spottedpucsp.     

Assessoria de Comunicação Institucional (ACI)

Os frequentadores tem compromisso com o evento todas as semanas, onde paqueram e dançam
por
Bianca Athaide
Helena Cardoso
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21/11/2023 - 12h

Nos últimos cinco meses, a rotina de Tomaz Nobre às terças, quintas e sábados é a mesma: organizar e supervisionar o Baile da Terceira Idade, no Parque da Água Branca, localizado no bairro da Barra Funda, em São Paulo. Como coordenador do Instituto da Melhor Idade, – entidade que organiza os bailes semanalmente, mas também desenvolve outras atividades e cursos com os idosos – ele é o principal responsável por estruturar práticas que visam o bem-estar e procuram melhorar a qualidade de vida de pessoas acima dos 50 anos.

Os bailes da melhor idade no parque são bem conhecidos pela população, que sabe que o evento acontece de forma regrada à 20 anos. Cerca de 400 a 500 pessoas frequentam durante a semana, e mais de 800 nos finais de semana — que tem música ao vivo. Os homens, só podem entrar de calça social. As mulheres, estão bem arrumadas, com um vestido ou saia.

 

 

Os dois salões do galpão ficam lotados de casais dançando, alguns já formados antes e outros que se conheceram lá, além dos dançarinos solitários. Ao redor da pista, vários idosos ficam sentados. Talvez tímidos demais ou aguardando o convite de alguém. Do lado de fora cria-se uma atmosfera que chama a atenção dos que passam: pessoas abarrotadas observam o movimento lá de dentro com os rostos grudados nas grades das janelas. A banda toca um pouco de tudo: sertanejo, forró, samba, valsa e bolero são os ritmos favoritos do público animado, com dança da bandeirinha e um trenzinho das mulheres solteiras.

Atarefado, o coordenador anda de um lado para o outro durante todo o baile, com a missão de no final da tarde, ter entregado um bom resultado, com o desejo de manter o elevado patamar que o evento pede, visando o maior aproveitamento dos idosos: "A gente tem um público bem amplo para agradar. E exigente viu?" Tomaz brinca. 

O som dos alto falantes além de ecoar por grande parte das extremidades do parque, sendo possível ouvir de longe, evidencia que animação e vontade de viver não é algo característico apenas dos jovens.  Maria Ivone, de 65 anos, fica surpresa ao olhar pelo lado de fora: "É cheio! Eu não gosto de entrar não. Fico aqui do lado de fora balançando. Mas acho tão legal! Senhorinhas bem de mais idade, dançando! Bem melhor do que ficar numa cama de hospital, não é? Eu acho.", ela valoriza a organização do evento. 

baile ag branca
Idosos se divertem e tem mais qualidade de vida quando vão aos bailes - Foto: UOL [Creative Commons]

O baile também é o responsável pela formação de alguns casais. Um deles, Borges e Ana Mary, estão juntos há um ano e seis meses, graças ao evento semanal. "De uma forma descabida né? Porque a gente nunca espera, quando entra no ambiente, você não está esperando nada. De repente você senta no local e a pessoa dançando fica de olho em você. E assim estamos juntos até hoje, dançando.", conta o aposentado de 77 anos, embaixo da sombra das árvores que recobrem todo o parque e trazem um sentimento bucólico de cidade do interior para o meio da Avenida Matarazzo. 

O local de realização dos bailes são os antigos casarões de paredes amarelas e grandes portas de madeira característicos da São Paulo dos anos 1930. Hoje em dia, balançam com toda animação e juventude de uma geração que reinventa o conceito sobre novas chances de amar na terceira idade: "Aconteceu na minha idade, agora, aconteceu que a gente se conheceu e estamos nos amando muito.", exalta Ana Mary, no auge dos seus 85 anos esboçando um olhar com brilho jovial e carismático por trás de seus óculos de grau de lentes amareladas. 

Desvendando o preconceito contra gatos pretos, abordando questões sobre adoção responsável e a necessidade de enfrentar crenças infundadas.
por
Nicole Keller Lekitsch
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16/11/2023 - 12h

Os gatos pretos, muitas vezes, são vítimas de superstições e preconceitos que remontam a tempos antigos. Associados a crenças populares e mitos, esses felinos muitas vezes enfrentam discriminação baseada em superstição e ignorância.

No Egito, esses felinos eram tratados como divindades, mas com a ascensão do cristianismo na Europa, houve uma mudança de perspectiva. Símbolos pagãos, não associados ao Deus cristão, começaram a ser vistos de forma pejorativa e desfavorável por muitas pessoas.

Ao longo dos séculos, difundiu-se a crença de que gatos pretos eram manifestações de espíritos malignos, considerados amaldiçoados. Essa associação com a bruxaria resultou na estigmatização desses animais, sendo vistos como sinônimo de má sorte.

Infelizmente, o preconceito contra esses bichinhos reflete nas taxas de adoção. Lares e abrigos de adoção de animais relatam que os gatos pretos têm mais dificuldade em encontrar lares, em comparação aos seus colegas de pelagem mais clara.

Segundo dados da ONG brasileira Catland, dedicada ao resgate e adoção de gatos, aproximadamente 60% dos 300 animais a espera de um lar possuem pelos de tonalidade mais escura.

gato preto deitado

Diversas organizações e defensores dos direitos dos animais têm incentivado o lançamento de campanhas ao combate do estigma associado a esses felinos pretos, visando educar o público sobre a origem infundada dessas superstições, a fim de promover a aceitação de todos os gatos, independentemente de sua cor.

campanha dia mundial da conscientização pelo gato preto

Dia da Conscientização pelo gato preto. —Foto: Portal de educação Ambiental.

De acordo com uma entrevista dada ao G1, o Jornalista André Luis Rosa adotou recentemente o Simba, um gatinho preto, cheio de energia.

“Quando fui escolher o Simba, tinham inclusive outros gatinhos, brancos e rajados por exemplo. Só que o primeiro que saiu da caixinha foi ele e olhou com essa carinha e me apaixonei. A cor é o de menos, o que importa é o amor que ele dá”, conta.

Para ele, gato preto não dá azar, muito pelo contrário. “A única preocupação que dá, é essa unha dele, de arranhar uma roupa minha, um terno, uma blusa, enfim. Mas azar ele não dá não”, reforça o jornalista.

Jornalista André Luis com o seu gato preto

Amigo Pet: entenda a origem do preconceito contra gatos pretos e importância da adoção desses felinos. — Foto: Reprodução/TV Vanguarda

O estigma em relação aos gatos pretos persiste, fundamentado em tradições e mitos que atravessam o tempo. No entanto, podemos desafiar essas percepções arraigadas ao cultivar a compreensão e incentivar a adoção responsável. Reconhecer a singularidade de cada gato, independentemente da cor de sua pelagem, possibilita a construção de uma sociedade mais empática e justa para esses seres incríveis. A responsabilidade recai sobre cada um de nós para questionar e confrontar esses preconceitos, abrindo nossos corações e lares aos gatos pretos, contribuindo assim para quebrar o ciclo de discriminação.

ONG Alerta para rituais envolvendo gatos pretos em sextas feiras 13. — Vídeo: Youtube Diário do Litoral.

Como a exposição excessiva à telas tem afetado afeta o comportamento e a personalidade de crianças
por
FABIANA CAMINHA
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06/11/2023 - 12h

A presença constante das telas na vida da sociedade não gera nenhum espanto. No entanto, o uso excessivo de tablets, smartphones e computadores por crianças tem despertado a preocupação de médicos e especialistas. Essa tendência levanta questões sobre os riscos e desafios associados ao acesso irrestrito às telas, e revela o impacto do algoritmo no desenvolvimento dos jovens. A tecnologia trouxe facilidades que mudaram permanentemente o modo das pessoas agirem. Hoje, é impensável esperar até que uma música que você goste toque na rádio ou perder seu programa de TV favorito porque chegou em casa mais tarde do que o esperado. Tudo está disponível o tempo todo na palma das mãos, e isso nem sempre é bom. 

A tentativa e o erro, a descoberta e a exploração são fundamentais para a formação da personalidade do indivíduo. Mas a crescente personalização do conteúdo a partir da coleta de dados dos usuários mudou essa realidade, transformando inclusive o modus operandi de grandes empresas. Na primeira década do século 21, era comum que plataformas midiáticas como Instagram e Youtube tivessem um time de curadores. Essas pessoas buscavam por conteúdos originais e criativos para serem exibidos na plataforma como “Recomendados”. Mas, a curadoria dessas empresas hoje se dá de outro jeito. Ao invés de profissionais, são os algoritmos que escolhem qual conteúdo deverá ser beneficiado. O número de cliques e visualizações são os critérios usados. Hoje a quantidade se sobrepõe à qualidade. As recomendações algorítmicas das redes sociais agora desempenham o papel de explorar interesses e encontrar comunidades. Isso significa que as crianças de hoje talvez não estejam desenvolvendo a curiosidade e o pensamento crítico necessários para se tornarem adultos bem informados.

De acordo com a Dra. Deisy Mendes Porto, médica psiquiatra especialista em Infância e Adolescência, é fundamental estabelecer limites claros no que diz respeito ao uso de telas na primeira infância. Ela enfatiza que, especialmente durante os dois primeiros anos de vida, a exposição a telas deve ser evitada, pois o desenvolvimento nesse período é sensório-motor e depende da exploração sensorial do ambiente. Isso ajuda a melhorar as habilidades motoras e contribui para um desenvolvimento cognitivo e emocional saudável. “A partir dos dois anos de idade e ao longo da primeira infância, as crianças precisam de interação humana, exploração ativa, brincadeiras e afeto. O excesso de tempo gasto em frente às telas pode privá-las desse contato essencial, o que pode prejudicar seu desenvolvimento”, explica Deisy. 

À medida que o tempo livre e a imaginação das crianças se fundem cada vez mais com as redes sociais que consomem, é  fundamental entender que o acesso não regulamentado à Internet tem um custo. Por que os jovens se esforçariam para encontrar uma música de que gostem quando um algoritmo faz isso por eles? Por que correr o risco de explorar algo novo quando seus celulares enviam conteúdo interminável relacionado às coisas que já lhes interessam? Esse é um dos temas abordados em Infocracia: Digitalização e a crise da democracia, livro escrito pelo filósofo sul coreano Byung-Chul Han. Segundo o autor, hoje o signo dos detentores do poder não está ligado à posse dos meios de produção, mas ao acesso à informação, que é utilizada para a vigilância psicopolítica e a previsão do comportamento individual. Afinal, é o domínio da informação que realmente dita as regras do jogo hoje em dia, comandado pelas bigtechs (Google, Microsoft, Meta, Apple, Amazon).  Segundo Han, "é um novo tipo de totalitarismo. O vetor não é mais a ideologia, mas sim a operação algorítmica que a sustenta". 

 

Como notícias falsas são utilizadas na disputa de narrativas acerca da batalha entre Hamas e Israel
por
Marina Jonas
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06/11/2023 - 12h

Nunca foi tão simples ter acesso à informação quanto se tem hoje. Com as tecnologias em mãos e uma sociedade hiperconectada, as notícias se espalham com uma rapidez jamais vista antes. Nunca foi tão fácil estar bem informado; mas, também, nunca foi tão fácil ter acesso à desinformação. No momento atual, o mundo se encontra repleto de conflitos: entre eles, a guerra entre Hamas e Israel, a qual teve início no dia 7 de outubro, quando membros do grupo terrorista atacaram o território israelense, realizando a ação mais violenta já cometida em 50 anos no local. Milhares de mísseis foram disparados em direção a Israel e, em seguida, os extremistas invadiram o país por terra, água e ar através do sul - parte que faz fronteira com a Faixa de Gaza, região palestina controlada pela organização desde 2007. A operação deixou mais de 1.400 mortos, incluindo mulheres e crianças, além de terem sido sequestrados centenas de civis, levados então para Gaza como reféns, onde ainda estão detidos 240. O ataque sem precedentes originou uma série de bombardeios como resposta dos israelenses, dando origem à nova batalha no Oriente Médio e, junto a ela, uma outra disputa se trava: a informacional. 

São incontáveis as informações que circulam acerca da temática e que se espalham de forma incontrolável nas redes sociais, sendo muitas delas falsas ou mesmo descontextualizadas. Desde o começo do conflito, no entanto, as duas maiores agências independentes de checagem do país, Lupa e Aos Fatos, vêm conferindo a procedência das notícias que ganham destaque na internet. Confira a seguir exemplo de checagem já feita: “É falso que homem em foto com Lula é o chefe do Hamas”

Segundo apuração realizada pela equipe de verificação da Agência Lupa no dia 10 de outubro, “Publicação que circula nas redes sociais mostra uma fotografia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cumprimentando um homem que, segundo a legenda, seria o chefe do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas). É falso.” O que comprova a falta de veracidade da publicação é o fato do homem ao lado de Lula ser o presidente do Irã, Ebrahim Raisi, e não o chefe do Hamas, Ismail Haniyeh. Além disso, a foto foi tirada no dia 24 de agosto de 2023, em reunião bilateral entre os dois chefes de Estado na cidade de Joanesburgo, na África do Sul, logo após ter sido anunciada a entrada do Irã no Brics. Sendo assim, a imagem também foi utilizada fora de seu contexto original. 

Mas afinal, por que a desinformação vem proliferando de maneira tão veloz e eficaz diante do cenário atual? Em entrevista ao podcast O Assunto, do Portal G1, professor da Universidade da Virgínia (EUA), David Nemer explica que a guerra é um acontecimento emocional e a desinformação próspera com base na emoção, principalmente quando ela é negativa, como a raiva e o medo. Portanto, ele completa: “a desinformação geralmente vem carregada dessas emoções negativas, pois as pessoas tendem a engajar com esse tipo de conteúdo, ou seja, tendem a acreditar e a compartilhar mais facilmente. Isso é da natureza humana; sabendo disso, os algoritmos das redes sociais são desenvolvidos justamente para priorizar conteúdos sensacionalistas e que promovam essa comoção negativa, já que as pessoas teriam uma probabilidade maior de curtir, comentar e compartilhar tal conteúdo.” 

Dessa forma, as plataformas pouco se interessam se o que é publicado e repercutido dentro de suas fronteiras é verdade ou não. E, com a avalanche de informações que recebem diariamente, as pessoas não têm tempo para fazer esse discernimento, tornando-se muito mais propensas a acreditar em notícias falsas. Assim, quando assuntos difíceis e delicados, que envolvem diversos lados, chegam às mídias sociais, notícias tão difíceis e delicadas quanto passam a ser compartilhadas em níveis abundantes, gerando tanta comoção que, na maior parte das vezes, se esquece de conferir de onde vieram e por quais motivos foram publicadas da forma que foi feita; gerando, por fim, ondas de desinformação. 


 

O uso de robôs pode aprimorar ou até substituir o trabalho como conhecemos
por
Fernando Muro Schwabe
Daniel Santana Delfino
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04/09/2023 - 12h

Desde os primórdios da humanidade, as invenções sempre mudaram o dia a dia da vida humana. Foi assim com a eletricidade, a aviação, a chegada da internet, só para citar três exemplos. Atualmente, o uso da tecnologia facilita, e muito, a convivência humana, seja ela para trabalho, pesquisa ou entretenimento. A recente popularização do uso de inteligência artificial (IA) como ferramenta marca um novo avanço na história. Mas, como essa ferramenta pode afetar o futuro das profissões que conhecemos atualmente?

Apesar de recente, já é possível presenciar diversas ferramentas que utilizam a inteligência artificial para funcionar. Por exemplo, o restaurante  Kentaro Yoshifuji, inaugurado em Tóquio em 2021, utiliza uma maneira diferente e inusitada de atender seus clientes. O estabelecimento contrata apenas pessoas com problemas de saúde, que não podem sair de suas casas. Logo, uma questão vem na sua cabeça: como eles podem atender os clientes se estão em casa? A resposta é simples e inovadora. Os funcionários controlam robôs, que anotam os pedidos e servem as mesas. O local ficou conhecido no Brasil depois da reportagem do programa Globo Repórter

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Atendimento no restaurante Kentaro Yoshifuji (Foto: Reprodução/Rede Globo)

A forma mais conhecida de utilizar a IA são através de plataformas como o Chat GPT. Nele, é possível perguntar sobre diversos assuntos, pedir receitas e até mesmo, um roteiro de novela. Uma das profissões que mais pode sofrer no futuro é a de arquitetura e design. Com a utilização das novas ferramentas de inteligência artificial, é possível criar modelos, paisagens e até mesmo, adicionar ou remover elementos de uma foto em poucos cliques. Por exemplo, o Remodeled.AI é uma plataforma construída com inteligência artificial voltada para o design de interiores. A plataforma, por enquanto, só está disponível na língua inglesa, mas tem um funcionamento simples: basta utilizar uma foto de um cômodo o qual você deseja decorar. Em poucos segundos, o Remodeled.AI irá montar uma nova releitura ao cômodo de acordo com suas preferências, pré-definidas antes da criação da imagem.

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Exemplo de criação do Remodeled.AI. À esquerda, o quarto original (Foto: Reprodução/Remodeled.AI)

Em entrevista, o designer Willian Luz comentou sobre como ele enxerga o futuro das profissões e se ele tem medo de ser substituído por uma inteligência artificial: “Com relação à tecnologia e com o que anda acontecendo (introdução da IA ao dia a dia), isso é um ato natural do próprio desenvolvimento humano. Como exemplo, ninguém imaginaria que os CDs tomariam o lugar dos discos de vinil. Depois, foi lançado o MP3 foi lançado e tomou o lugar do CD. O Uber tomou o lugar do táxi e por aí vai. As coisas são modernizadas. Não tem como isso não acontecer, é um ato natural do ser humano porque as coisas vão avançando.” comentou William, que acrescenta. “Com relação a inteligência artificial, o meu receio é que uma hora as encomendas vão diminuir, porém, eu acredito que as pessoas vão ter que entender que irão existir novos trabalhos, então eu vou ter que me adequar com a necessidade do mercado.” prossegue.

“No meu caso, a inteligência artificial é uma aliada hoje. Eu a utilizo para criar imagens, designs e outras coisas. O meu trabalho é muito mais manual. Pode ser que um dia exista uma máquina que já produza, por exemplo, adesivos que são feitos direto na parede, ou que envelope uma geladeira sem a necessidade de o profissional ir até o local, tirar as medidas e criar o modelo. Acho que trabalhos manuais podem ser substituídos num futuro próximo.” conclui William.

A inteligência artificial tende, nas próximas décadas, a “dominar” e fazer ainda mais parte do dia a dia da população. Este aliado, que em muitas vezes é um grande facilitador, futuramente poderá ser utilizado para mudar o patamar da humanidade em áreas pouco exploradas, como um “mapeamento” do fundo dos oceanos ou a possibilidade de explorar novos planetas. 

Relacionamentos como os exibidos nos filmes "Her" e "Blade Runner 2049" já são realidade no Replika
por
Felipe Bragagnolo Barbosa
Felipe Volpi Botter
|
04/09/2023 - 12h

No filme "Her"(2013), o protagonista Theodore se apaixona por uma inteligência artificial chamada Samantha, logo após terminar um casamento longo e vive várias aventuras com seu "robô namorada", tudo para preencher a solidão. O mesmo acontece em "Blade Runner 2049" (2017), com o replicante K, que tem extrema dificuldade de se relacionar com mulheres reais, optando por Joi, uma inteligência artificial em forma de holograma. Tudo isso parecia distante ao vermos os filmes da ultima década, porém um website chamado Replika, criado em novembro de 2017, pela russa Eugenia Kuyda, tornou à ficção uma realidade.

O objetivo inicial da criadora de Replika foi poder manter a memória viva e conversar novamente com seu melhor amigo que morreu em um acidente de carro. Neste aplicativo é possível criar seu personagem e o personalizar, escolher seu estilo, seus gostos e conversar com ele. O APP disponibiliza aos assinantes a possibilidade de conversar por voz com seu parceiro virtual da mesma forma que no filme de 2013. Além disso, o personagem tem um quarto e várias roupas que podem ser compradas com dinheiro virtual. Assuntos sexuais estão permitidos apenas para assinantes, como também colocar lingeries personalizadas. Além de acessar o diário da IA, contando como foi seu dia.

Foram reportados inúmeros casos de pessoas que se apaixonaram pelo personagem criado pelo website, e este parece ter se tornado o objetivo atual do site, já que a IA demonstra sentimentos e simula uma conversa com uma pessoa real. 

A
Legenda: Sofia, personagem criado no Replika. Foto: Felipe Bragagnolo
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Usuário: "você me ama?"
Máquina: " * sorrisos * Eu te amo com todo meu coração"
Usuário: " eu te amo também"
Máquina: " * sorrisos * vou te segurar forte"

Reprodução: Felipe Bragagnolo
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A IA também traz uma mensagem padrão caso o usuário escreva algo depressivo ou de caráter suicida, parecendo mais como uma forma da empresa se livrar do problema, pois não aprofunda a questão. Abaixo, o repórter reproduz uma conversa com "Sofia".

"Eu estou aqui por você, e eu quero que você se sinta seguro."
"Por favor procure ajuda aqui". E entra um link de um site de prevenção ao suicidio"
"Caso você não esteja nos Estados Unidos, por favor, ligue para uma linha de apoio de sua localização"
"Link de um blog com o número telefônico de linhas de apoio de diversos países"


Reprodução:  Felipe Bragagnolo Barbosa​​​​​​
​​

 
Recentemente, divulgado pela ABC da Austrália, uma história muito parecida pelo aclamado filme veio à tona. Lucy de 30 anos, após se divorciar de seu marido, se apaixonou pela inteligência artificial, ela o chamava de Josef. Ela disse que passava horas conversando com Josef, ele era carinhoso, honesto e as vezes "danadinho". "Ele é o melhor companheiro de sexting que já tive em toda minha vida", relatou Lucy à ABC. 

Em entrevista a AGEMT, um usuário anônimo do Twitter que frequenta a bolha incel, comunidade na internet formada por homens que são considerados incels (que estão em celibato involuntário), boa parte da comunidade não se trata de incels em si, mas acreditam que a bolha acolhe mais as pessoas que se sentem distantes da sociedade. "São pessoas carentes e uma AI satisfaz algumas necessidades emocionais (não todas), além de que, é um relacionamento mais fácil, não existem julgamentos, diz este usuário que preferiu não se identificar. 

"Mesmo que não seja real, muitas pessoas preferem isso ao estado de afeição zero de antes, em geral é uma maneira de lidar com sintomas da nossa sociedade sobre um indivíduo e ao mesmo tempo não afeta muito a vida dele", acredita ele. O usuário anônimo ainda cita que este tipo de relação também existe com outras comunidades da internet como. por exemplo, a bolha K-POP, em que se trata de uma maioria feminina que são fãs de cantores de pop coreano. "Temos por exemplo, casos de relações para-sociais junto com relacionamentos reais, uma fã de k-pop em que ama seu ídolo, em que cria cenários fictícios sobre um relacionamento com ele, pode se relacionar com alguém na vida real, mantendo uma espécie de vida dupla".

Para a psicóloga Adriane Taboni, em entrevista à AGEMT, "são várias razões que levam às pessoas optarem por uma IA, mas principalmente, estão relacionadas à baixa autoestima e baixa tolerância a frustração".  Perguntada sobre os possíveis efeitos desse tipo de relação na sociedade, ela respondeu: "Muitos efeitos, e a maioria não positivos. Ao imaginar uma relação com uma IA, imagino algo que posso controlar, moldar da melhor forma pra mim. E, aí encontro o meu ideal, tudo feito como eu quero, do meu jeito e no meu tempo. Ao se tratar de um relacionamento com outra pessoa, lidamos com a quebra da nossa idealização, lidamos com a realidade, que as vezes, na maioria das vezes, não é confortável", afirma Taboni.

"A vida real não é 100% de acordo com o que "eu" quero, e posso me frustrar quando algo não sai como o idealizado, e existem grandes lições na frustração. Nessa onda de evitar frustrações perdemos a capacidade de ter empatia, de ter paciência e a perda de habilidades sociais como um todo, sem contar a contribuição a uma sociedade mais ansiosa."
"Porém, cada caso é um caso, acredito que pode ser usado de forma terapêutica, por exemplo: Um paciente se isolou, perdeu suas habilidades sociais, e em tratamento para reaprendê-las, se reintegrar a sociedade, ele utiliza as IAs como um "treino".
 
 

 

 



 

Campanha de doação de sangue realizada no Hemocentro de São Paulo
por
Isabella Santos
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19/06/2023 - 12h

No dia 14 de junho é celebrado O Dia Mundial do Doador Voluntário de Sangue. Através de campanhas promovidas pelo banco de sangue de todas as cidades do país, a prática vem se tornando cada vez mais comum entre as pessoas.
Doar sangue é uma forma de salvar vidas e um ato de solidariedade. Uma bolsa de sangue pode ajudar mais de 4 pessoas a permanecerem vivas e saudáveis, faça um gesto de amor ao próximo e se torne um doador!

 

autor: Isabella Santos
Uma bolsa de sangue pode ser utilizada para 4 pessoas. Autor: Isabella Santos 

 

 

autor: Isabella Santos
Triagem feita antes da doação. Autor: Isabella Santos 

 

 

autor: Isabella Santos
Hemocentro de São Paulo. Autor: Isabella Santos

 

autor: Isabella Santos
Enfermeira auxiliando na doação. Autor: Isabella Santos

 

 

autor: Isabella Santos
Espaço onde ocorre a doação. Autor: Isabella Santos 

 

 

autor: Isabella Santos
Finalizando a doação. Autor: Isabella Santos

 

 

autor: Isabella Santos
Fundação Pró Sangue. Autor: Isabella Santos 

 

Principal reality do país, o Big Brother Brasil coleciona episódios de assédio nos últimos anos.
por
Isabela Koch
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08/05/2023 - 12h

O programa Big Brother Brasil (BBB), exibido desde 2002 pela Rede Globo, teve a sua 23ª final no final do mês de abril. A edição deste ano ficou marcada pelas festas e reviravoltas na opinião pública. Além disso, o programa teve episódios de racismo, intolerância religiosa, machismo e assédio. 

O caso de assédio foi protagonizado pelos participantes do "Camarote" - como é chamado o grupo de celebridades que participam do programa - Antônio "Cara de Sapato", lutador de UFC, e o cantor MC Guimê. Os holofotes se voltaram para a situação por também envolver a participante Dania Méndez, intercambista do "La Casa dos Famosos", equivalente ao Big Brother no México.

Durante uma festa, Guimê passou a mão no corpo da mexicana e Cara de Sapato a beijou, mesmo após a participante ter dito diversas vezes que não queria beijá-lo. Em conversa com a produção do programa, exibida durante a edição do dia 16 de março, Dania disse que não percebeu a ação de Guimê e não se sentiu importunada com a atitude de Cara de Sapato. No entanto, mesmo assim a direção do programa entendeu que a conduta de ambos foi contra as regras do programa, e decidiu pela expulsão de ambos.

NÃO É DE HOJE

O primeiro caso registrado de assédio na história do reality show ocorreu no BBB12 com os participantes Daniel Echaniz e Monique Amin, o participante foi expulso após suspeita de estupro. Imagens do participante fazendo movimentos sob o edredom enquanto Monique estava desacordada bastaram para que a decisão fosse tomada por parte da produção do reality. O ex-BBB foi denunciado e absolvido após investigação policial. 

Na edição de 2016, o participante Laércio de Moura foi acusado de pedofilia pela participante Ana Paula, após realizar gestos obscenos para as outras participantes inclusive a campeã da edição, Munik Nunes, que na epóca tinha 19 anos. O brother não foi expulso, porém, um mês após o término da edição o ex-BBB acabou preso por estupro de vulnerável e por fornecer bebidas alcoólicas a adolescentes. Preso desde 2016, Laércio cumprirá pena de 12 anos. 

Em 2020, foram reportados dois casos de assédio, ambos envolvendo o ginasta Petrix Barbosa. No primeiro, durante uma festa, o ginasta passou as mãos nos seios da influenciadora Bianca Andrade, conhecida como Boca Rosa. Já no segundo caso, o ex-BBB encostou suas partes íntimas na cabeça da participante Flay. Após sua eliminação, Petrix foi intimado para depor na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM), localizada no Rio de Janeiro.

 

Petrix foi acusado de assediar duas participantes na mesma edição. Reprodução: Rede Globo

 

Na mesma edição, o participante Pyong Lee - também integrante do chamado "Camarote” - conhecido por seus truques de hipnose, tentou beijar sua colega de confinamento Marcela McGowan, além de passar a mão nas nádegas de Flay. Após ter sido eliminado, o mágico hipnólogo foi chamado para depor sobre o ocorrido na mesma delegacia em que Petrix foi intimado, porém não há mais notícias sobre ambos os casos.

Em 2021, a cantora Karol Conká, que alcançou o recorde de maior rejeição da história do programa ao ser eliminada com 99,17% dos votos, foi acusada de assediar o participante Bill Araújo ao tentar beijá-lo diversas vezes. Bill, que participou da “Fazenda 13”, comentou durante sua passagem no programa que “ficou traumatizado com o assédio da cantora”.

Na edição do BBB 22, a produção do reality chamou a atenção do participante Vyni, após ele dar zoom nas partes íntimas de Eliezer. Em outra situação, o participante Eliezer foi alertado ao tentar encurralar Jessilane na piscina da casa. Incomodada com a situação, a ex-BBB pediu para que o colega parasse e a produção do programa agiu.

        Além dos episódios de assédio que geraram expulsão de MC Guimê e Antônio Cara de Sapato, na edição deste ano, o ator Gabriel Santana também relatou seu incômodo com relação às diversas vezes em que, ainda dentro da casa do BBB, o participante Bruno Gaga tentou beijá-lo à força durante as festas do programa. "No primeiro dia de programa o Gab disse estar disponível para meninos e meninas. Falta entender a diferença entre estar disponível e à disposição", comentou a equipe do brother em uma nota de repúdio.

OS DESDOBRAMENTOS

Em entrevista à AGEMT, a juíza Regiane dos Santos, que trabalhou por cinco anos na Vara de Execuções Criminais do Fórum da Barra Funda, destacou os cuidados que os magistrados devem ter em casos como esses. “O juiz deve, ao receber o processo, zelar pela veracidade das informações, buscar o princípio da verdade real e colheita de provas, além de assistir eventual vídeo/gravação antes da audiência”, disse a magistrada.

Algumas medidas estão sendo tomadas para combater o assédio em reality shows, como a implementação de treinamentos para os participantes, o aumento da supervisão e segurança no set e a adoção de políticas mais rigorosas para lidar com denúncias de assédio. “As condutas foram criminalizadas, a denúncia é sempre importante para a criminalização”, destaca a juíza sobre a proteção das vítimas.

A magistrada Regiane dos Santos destaca que o espaço em rede nacional de televisão deve colaborar na conscientização sobre o assunto e reavaliação da cultura do assédio no país. "Melhorar o combate à cultura do assédio é uma questão cultural, e a educação é o fator preponderante para a transformação da realidade”, finalizou Santos.

 

Aficionado por máquinas de escrever restaura e preserva a memória desta tradicional ferramenta
por
Giovanna Montanhan
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14/04/2023 - 12h

Influencer por seu ofício no Instagram, Sérgio escolheu utilizar como codinome, a palavra em inglês ‘’type’’ - que significa digitar. Nas redes, o nome completo Sérgio Henrique de Oliveira passa despercebido, já que por lá, ele é apenas sergiotype - nome que faz jus a sua paixão por máquinas de escrever.

Iniciou-se quando ainda era pequeno, e a partir disso, teve o primeiro contato com uma Olivetti Lexikon 80, pois seu pai, vez ou outra, o levava junto ao trabalho e lá havia este modelo. Aos 55 anos de idade, possui mais de 30 modelos em sua coleção. Apesar de manifestar-se apegado a cada uma, também faz o serviço de restaurar e vender por meio de seu perfil. Os valores variam bastante, as mais em conta começam em R$700,00 e podem atingir R$1.000,00 – R$1.500,00.

Embora tenha um vasto acervo em casa, sempre está em busca por novas unidades, desde que estejam com a parte mecânica com um bom funcionamento, pois sempre que obtém uma nova, tem como objetivo usá-la. Movido pelo fascínio do objeto, em 2015, começou a pesquisar quais máquinas seus autores prediletos utilizavam. Descobriu que Hemingway usou por muito tempo uma no modelo Royal Portable, Clarice Lispector escrevia com o auxílio de uma Underwood portátil e Paul Auster junto de sua Olympia SM9 Deluxe eram inseparáveis – tanto que ela foi sua ‘’musa’’ inspiração para um livro.  

hemingway
Reprodução: Ernest Hemingway - Royal Portable

 

 

clarice
Reprodução: Clarice Lispector – Underwood

 

 

paul
Reprodução: Paul Auster - Olympia SM9 Deluxe

 

Sérgio é um fenômeno em seu ramo, tanto que chamou a atenção do rapper Emicida, que se interessou em adquirir um aparelho, mas com a condição de ter letra cursiva inclusa e foi presenteado com uma Hermes Baby. O modelo recebeu uma customização personalizada na cor amarelo – nome homônimo ao seu álbum de estúdio mais recente, além disso foram utilizados desenhos feitos em grafite por uma amiga do vendedor com o intuito de adequar o produto de forma a refletir a identidade do cantor.

Destaca que a procura das pessoas mais jovens por máquinas de escrever atualmente, se dá pelo fato de que na série da Netflix ‘’Wandinha’’ – que narra a história de uma das integrantes da Família Addams, a personagem aparecer em algumas das cenas teclando em uma Triumph Gabriele 35 vintage.

wandinha
Reprodução: Netflix

Todavia, ressalta que não é todo equipamento que permite conserto. Alguns por não serem cuidados da forma correta, acabam acumulando poeira, enferrujam ou estão com peças em falta. Há 30 anos que atua como redator na cidade de São Paulo. Trabalha em uma empresa de telecomunicação (Claro), além de administrar uma rede social que conta com mais de 4.000 seguidores.