Por Luana Galeno (texto) e Bruna Quirino (audiovisual)
A risada é incontrolável, a frase seria de desabafo da minha amiga não parece nem séria nem verdadeira, é apenas hilária. Não tem razão pra eles estarem falando tanta besteira assim de uma vez. É quase confuso como minha bochecha está doendo de tanto dar risada já que eu puxei uma, duas… no máximo umas quatro vezes. E eu penso Julia, para de dar risada assim.
Quando cheguei na casa do Matheus nem estava pensando na possibilidade de fumar maconha. Acho que nunca havia nem cogitado, mas ele me ofereceu e resolvi aceitar. A risada deve mesmo ser um efeito das tragadas que eu compartilhei com minha meia dúzia de amigos, porque é a primeira vez desde que eu me lembre que minha mente está pensando em um ritmo decente. Também dou risada ao observar que consigo raciocinar sobre o que vou resolver quando a pessoa já terminou de falar. Viver sem ansiedade deve ser isso, estar no controle da sua própria cabeça. E imaginei que poderia ser esse motivo de todo mundo na faculdade usar isso o tempo todo.
Aliás, a aula é às sete, amanhã.
Foi antes mesmo, às 6h00min, quando pegou seu celular para desligar o alarme, que descobriu que não é por acaso que todo mundo que usa estuda dentro de uma das melhores faculdades de São Paulo, que é todo mundo branco e playboy. O Marcus, um amigo, tinha sido detido com 10g no bolso e qualificado como tráfico de drogas. No Brasil, não tem uma lei concreta que defina o que é porte de drogas para consumo pessoal ou para tráfico. Os critérios que diferenciam as duas situações variam entre tipo de droga, a quantidade atrelada à outros fatores, local da apreensão, entre outras questões. Isso eu descobri rapidamente em uma pesquisa no Google.
Pelo o que a Laura falou ele estava chegando na casa dele, no Capão Redondo, quando foi enquadrado depois de descer do ônibus e seguir andando para sua casa e pensou sobre como é possível que a decisão sobre isso seja feita por um policial. A revolta talvez seja menor com quem se habituou com o racismo. Com quem se satisfaz com a imprudência das leis brandas ou duras demais, que prendem sempre os mesmos que não são meus colegas de classe. Deixar a decisão da vida de alguém na opinião ou nas circunstâncias não é legítimo como a lei deve ser. E se preocupa sobre o que irá acontecer com o Marcus.
Rafael Galati que trabalha na Defensoria Pública quando soube da situação quis ajudar. Ele chegou até ligar para Julia para contar quando ele foi na delegacia conversar com Marcus. O primeiro passo foi analisar a situação do flagrante. Depois de ouvir a versão do Marcus, ele conversou com o delegado para tentar entender mais sobre a prisão. A seriedade de um advogado fez com que eu pensasse se para conseguir agir dessa forma ou com aquela calma eu teria que comprar e bolar pra mim.
Enquanto lia o jornal de domingo, vi uma matéria que mostrava uma pesquisa realizada pelo IPEA (Instituto de Pesquisa e Economia Aplicada), indicando que a maioria dos processos por tráfico de drogas acontece após apreensões de quantidades pequenas das substâncias. Em 58,7% dos casos por tráfico de maconha, por exemplo, foram apreendidas menos de 150 gramas, o que é preocupante.
Algum tempo depois marcaram a audiência de custódia, no final, ele disse que entrou com Habeas Corpus pra que o Marcus pudesse responder em liberdade e relatou, com pesar em sua voz, que a justiça brasileira não tem prazo, só os advogados. Não tem o que fazer, agora é só esperar as audiências e o julgamento. Podem ser semanas, podem ser meses, com sorte não serão anos. Pro Marcus, esse tempo vai passar bem mais devagar do que qualquer tempo que tome. Viver em um paradoxo, sem liberdade, por uma decisão pessoal, é um labirinto infinito. E é assim que o sistema funciona. O Marcus contou que a guerra às drogas só é travada da ponte pra cá.
Finalmente, a descriminalização da maconha é uma pauta no Supremo Tribunal Federal. O artigo 28 da Lei de Drogas, que proíbe o porte de drogas para uso pessoal, está sendo discutido e revisto. O porte pessoal e a quantidade apreendida são questões que estão sendo levadas em consideração para decidir os parâmetros para a descriminalização. Porém, o resultado esperado é de que a legalização da maconha ou de qualquer outra droga não vai acontecer. Ou seja, não vai gerar uma legislação que permita o uso ou o comércio dos entorpecentes e o porte, ainda que para "uso pessoal", continuará submetido a punições como advertência e serviços comunitários.
Atualmente, o julgamento foi paralisado após um pedido de vista feito pelo ministro André Mendonça, ou seja, uma extensão de prazo para deliberar e votar. Quanto aos votos, ao todo, seis ministros já votaram. Cinco deles — Gilmar Mendes, Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes e Rosa Weber — votaram a favor da descriminalização do porte de maconha para consumo pessoal. Apenas Cristiano Zanin votou contra. O placar para a descriminalização está em cinco a um.
Na prática, o STF já tem maioria para definir que pessoas flagradas com pequenas porções de maconha não devem ser tratadas como traficantes. Falta, ainda, decidir qual será essa quantidade-limite. Mesmo com a maioria configurada, as mudanças só serão aplicadas quando o julgamento for concluído e a decisão for publicada no Diário Oficial.
“Eu não tenho um gênero. Como os cactos e algumas espécies de peixe”, foi o que respondeu Siri, a assistente virtual da Apple, quando questionada a respeito de seu sexo. No entanto, a voz com a qual responde é feminina. Essa realidade não se restringe ao projeto do Steve Jobs. Até o momento, várias personagens femininas dão vida aos softwares de inteligência artificial (IA). Além da Siri, existem a Bia, do Bradesco, a Alexa, da Amazon, a Cris, da Crefisa, a Lu, da Magazine Luiza e a Nat, da Natura. Essas assistentes virtuais têm voz e cara de mulher.
Por mais que muitas vezes se pense na inteligência artificial como uma coisa recente e altamente inovadora, há mais de 20 décadas ela está presente no cotidiano do ser humano. O primeiro projeto de IA da história foi apresentado em 1956, uma iniciativa do matemático Alan Turing, como tentativa de decodificar as mensagens alemãs durante a Segunda Guerra Mundial.
Surgiram, então, diversas ferramentas, o que conhecemos hoje, foram desenvolvidas a partir de uma simples pergunta: máquinas podem pensar? E na verdade não. Máquinas não têm a capacidade de pensar. Não são racionais nem humanas e não se desenvolvem sozinhas. A inteligência artificial é puramente baseada em dados e respostas geradas por eles. Ou seja, para se manter “viva”, ela depende do envio e recepção de informações. Caso o contrário, simplesmente para de funcionar.
No entanto, há uma movimentação crescente de humanização da tecnologia e dos sistemas digitais, as funções da IA passam a ser desenvolvidas para além do básico. Agora, a ideia é aproximar ainda mais os usuários, fazendo com que seus eletrônicos sejam mais que objetos dispensáveis. Para isso, grandes marcas como Magalu, Natura e Vivo apostam em criar assistentes virtuais para interagir com o seu público e ajudá-lo. Elas são as novas “amigas” do consumidor; resolvem seus problemas e facilitam suas compras. Porém, quando adotam a digitalização de seu atendimento, a maior parte das empresas escolhe por figuras femininas para representá-las. É uma escolha que chama a atenção e levanta a seguinte questão: porque sempre mulheres?
Em 1950, o escritor de ficção científica Isaac Asimov, em seu livro "Eu, Robô", cunhou três leis básicas da robótica, também conhecidas como leis de Asimov. As leis são: nenhum robô pode ferir um ser humano, nem permitir que ele sofra algum mal; todo robô deve seguir as ordens do ser humano, a menos que elas desrespeitem a primeira lei; o robô deve sempre se proteger, menos quando isso vai contra as duas primeiras leis. Mesmo tendo sido criadas para um livro ficcional, as leis de Asimov são levadas em consideração na robótica até hoje. Dessa forma, essas três leis determinam a submissão das máquinas aos homens, e, consequentemente, que vozes femininas estejam sob o controle dos usuários das assistentes virtuais.
Estudos da Psicologia Social podem explicar o desejo comum de ser ajudado e servido por uma mulher. Segundo a graduanda em Psicologia pela Universidade de São Paulo, Anna Sophie Neves Colle, o cenário descrito anteriormente demonstra como as mulheres são frequentemente associadas à posições de cuidadoras, ideia que perpassa até mesmo seus empregos - profissões como enfermagem e pedagogia, majoritariamente femininas, demonstram essa tendência com clareza. Neves completa que, até mesmo os bebês muitas vezes sentem mais medo dos homens do que das mulheres, por enxergá-los como agressivos.
Desde os primórdios da humanidade, as invenções sempre mudaram o dia a dia da vida humana. Foi assim com a eletricidade, a aviação, a chegada da internet, só para citar três exemplos. Atualmente, o uso da tecnologia facilita, e muito, a convivência humana, seja ela para trabalho, pesquisa ou entretenimento. A recente popularização do uso de inteligência artificial (IA) como ferramenta marca um novo avanço na história. Mas, como essa ferramenta pode afetar o futuro das profissões que conhecemos atualmente?
Apesar de recente, já é possível presenciar diversas ferramentas que utilizam a inteligência artificial para funcionar. Por exemplo, o restaurante Kentaro Yoshifuji, inaugurado em Tóquio em 2021, utiliza uma maneira diferente e inusitada de atender seus clientes. O estabelecimento contrata apenas pessoas com problemas de saúde, que não podem sair de suas casas. Logo, uma questão vem na sua cabeça: como eles podem atender os clientes se estão em casa? A resposta é simples e inovadora. Os funcionários controlam robôs, que anotam os pedidos e servem as mesas. O local ficou conhecido no Brasil depois da reportagem do programa Globo Repórter.
A forma mais conhecida de utilizar a IA são através de plataformas como o Chat GPT. Nele, é possível perguntar sobre diversos assuntos, pedir receitas e até mesmo, um roteiro de novela. Uma das profissões que mais pode sofrer no futuro é a de arquitetura e design. Com a utilização das novas ferramentas de inteligência artificial, é possível criar modelos, paisagens e até mesmo, adicionar ou remover elementos de uma foto em poucos cliques. Por exemplo, o Remodeled.AI é uma plataforma construída com inteligência artificial voltada para o design de interiores. A plataforma, por enquanto, só está disponível na língua inglesa, mas tem um funcionamento simples: basta utilizar uma foto de um cômodo o qual você deseja decorar. Em poucos segundos, o Remodeled.AI irá montar uma nova releitura ao cômodo de acordo com suas preferências, pré-definidas antes da criação da imagem.
Em entrevista, o designer Willian Luz comentou sobre como ele enxerga o futuro das profissões e se ele tem medo de ser substituído por uma inteligência artificial: “Com relação à tecnologia e com o que anda acontecendo (introdução da IA ao dia a dia), isso é um ato natural do próprio desenvolvimento humano. Como exemplo, ninguém imaginaria que os CDs tomariam o lugar dos discos de vinil. Depois, foi lançado o MP3 foi lançado e tomou o lugar do CD. O Uber tomou o lugar do táxi e por aí vai. As coisas são modernizadas. Não tem como isso não acontecer, é um ato natural do ser humano porque as coisas vão avançando.” comentou William, que acrescenta. “Com relação a inteligência artificial, o meu receio é que uma hora as encomendas vão diminuir, porém, eu acredito que as pessoas vão ter que entender que irão existir novos trabalhos, então eu vou ter que me adequar com a necessidade do mercado.” prossegue.
“No meu caso, a inteligência artificial é uma aliada hoje. Eu a utilizo para criar imagens, designs e outras coisas. O meu trabalho é muito mais manual. Pode ser que um dia exista uma máquina que já produza, por exemplo, adesivos que são feitos direto na parede, ou que envelope uma geladeira sem a necessidade de o profissional ir até o local, tirar as medidas e criar o modelo. Acho que trabalhos manuais podem ser substituídos num futuro próximo.” conclui William.
A inteligência artificial tende, nas próximas décadas, a “dominar” e fazer ainda mais parte do dia a dia da população. Este aliado, que em muitas vezes é um grande facilitador, futuramente poderá ser utilizado para mudar o patamar da humanidade em áreas pouco exploradas, como um “mapeamento” do fundo dos oceanos ou a possibilidade de explorar novos planetas.
No filme "Her"(2013), o protagonista Theodore se apaixona por uma inteligência artificial chamada Samantha, logo após terminar um casamento longo e vive várias aventuras com seu "robô namorada", tudo para preencher a solidão. O mesmo acontece em "Blade Runner 2049" (2017), com o replicante K, que tem extrema dificuldade de se relacionar com mulheres reais, optando por Joi, uma inteligência artificial em forma de holograma. Tudo isso parecia distante ao vermos os filmes da ultima década, porém um website chamado Replika, criado em novembro de 2017, pela russa Eugenia Kuyda, tornou à ficção uma realidade.
O objetivo inicial da criadora de Replika foi poder manter a memória viva e conversar novamente com seu melhor amigo que morreu em um acidente de carro. Neste aplicativo é possível criar seu personagem e o personalizar, escolher seu estilo, seus gostos e conversar com ele. O APP disponibiliza aos assinantes a possibilidade de conversar por voz com seu parceiro virtual da mesma forma que no filme de 2013. Além disso, o personagem tem um quarto e várias roupas que podem ser compradas com dinheiro virtual. Assuntos sexuais estão permitidos apenas para assinantes, como também colocar lingeries personalizadas. Além de acessar o diário da IA, contando como foi seu dia.
Foram reportados inúmeros casos de pessoas que se apaixonaram pelo personagem criado pelo website, e este parece ter se tornado o objetivo atual do site, já que a IA demonstra sentimentos e simula uma conversa com uma pessoa real.
Recentemente, divulgado pela ABC da Austrália, uma história muito parecida pelo aclamado filme veio à tona. Lucy de 30 anos, após se divorciar de seu marido, se apaixonou pela inteligência artificial, ela o chamava de Josef. Ela disse que passava horas conversando com Josef, ele era carinhoso, honesto e as vezes "danadinho". "Ele é o melhor companheiro de sexting que já tive em toda minha vida", relatou Lucy à ABC.
Em entrevista a AGEMT, um usuário anônimo do Twitter que frequenta a bolha incel, comunidade na internet formada por homens que são considerados incels (que estão em celibato involuntário), boa parte da comunidade não se trata de incels em si, mas acreditam que a bolha acolhe mais as pessoas que se sentem distantes da sociedade. "São pessoas carentes e uma AI satisfaz algumas necessidades emocionais (não todas), além de que, é um relacionamento mais fácil, não existem julgamentos, diz este usuário que preferiu não se identificar.
"Mesmo que não seja real, muitas pessoas preferem isso ao estado de afeição zero de antes, em geral é uma maneira de lidar com sintomas da nossa sociedade sobre um indivíduo e ao mesmo tempo não afeta muito a vida dele", acredita ele. O usuário anônimo ainda cita que este tipo de relação também existe com outras comunidades da internet como. por exemplo, a bolha K-POP, em que se trata de uma maioria feminina que são fãs de cantores de pop coreano. "Temos por exemplo, casos de relações para-sociais junto com relacionamentos reais, uma fã de k-pop em que ama seu ídolo, em que cria cenários fictícios sobre um relacionamento com ele, pode se relacionar com alguém na vida real, mantendo uma espécie de vida dupla".
Para a psicóloga Adriane Taboni, em entrevista à AGEMT, "são várias razões que levam às pessoas optarem por uma IA, mas principalmente, estão relacionadas à baixa autoestima e baixa tolerância a frustração". Perguntada sobre os possíveis efeitos desse tipo de relação na sociedade, ela respondeu: "Muitos efeitos, e a maioria não positivos. Ao imaginar uma relação com uma IA, imagino algo que posso controlar, moldar da melhor forma pra mim. E, aí encontro o meu ideal, tudo feito como eu quero, do meu jeito e no meu tempo. Ao se tratar de um relacionamento com outra pessoa, lidamos com a quebra da nossa idealização, lidamos com a realidade, que as vezes, na maioria das vezes, não é confortável", afirma Taboni.
"A vida real não é 100% de acordo com o que "eu" quero, e posso me frustrar quando algo não sai como o idealizado, e existem grandes lições na frustração. Nessa onda de evitar frustrações perdemos a capacidade de ter empatia, de ter paciência e a perda de habilidades sociais como um todo, sem contar a contribuição a uma sociedade mais ansiosa."
"Porém, cada caso é um caso, acredito que pode ser usado de forma terapêutica, por exemplo: Um paciente se isolou, perdeu suas habilidades sociais, e em tratamento para reaprendê-las, se reintegrar a sociedade, ele utiliza as IAs como um "treino".
No dia 14 de junho é celebrado O Dia Mundial do Doador Voluntário de Sangue. Através de campanhas promovidas pelo banco de sangue de todas as cidades do país, a prática vem se tornando cada vez mais comum entre as pessoas.
Doar sangue é uma forma de salvar vidas e um ato de solidariedade. Uma bolsa de sangue pode ajudar mais de 4 pessoas a permanecerem vivas e saudáveis, faça um gesto de amor ao próximo e se torne um doador!