Peça de Antônio Fagundes e Christiane Torloni tem temporada prevista até dezembro
por
Giovanna Montanhan
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01/10/2024 - 12h

A estreia da peça ‘Dois de Nós’ ocorreu no dia 05 de setembro, no Teatro TUCA. O elenco reúne grandes nomes do teatro e da televisão brasileira, como Christiane Torloni, Antônio Fagundes, Thiago Fragoso e Alexandra Martins. É dirigido por José Possi Neto, e concebido e escrito por Gustavo Pinheiro, jornalista que também assinou os textos de ‘Antes do Ano que Vem’ e ‘A Lista’. O palco do Teatro TUCA foi escolhido para ser a primeira casa do espetáculo, que ficará em cartaz até dia 15 de dezembro.

A premissa é de um mesmo casal, retratado em dois momentos distintos de suas vidas - na juventude, sendo interpretados por Alexandra e Thiago e na velhice, por Christiane e Antônio. Em um determinado momento, ambas as versões se encontram em um mesmo quarto de hotel, onde o passado e o futuro se entrelaçam, revelando segredos, frustrações e sonhos. O choque entre duas perspectivas de si mesmos desencadeia uma série de revelações e questionamentos. 

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Elenco da peça 'Dois de Nós' - Reprodução: Instagram @doisdenosteatro

 

A química e o entrosamento entre os atores é um ponto de destaque na peça. Alguns membros do elenco da peça já haviam trabalhado juntos anteriormente, como Torloni e Fagundes, que contracenaram juntos em ‘Amizade Colorida’ (1981), ‘Besame Mucho’ (1987) ‘Louco Amor’ (1983),  ‘A Viagem’ (1994) e ‘Velho Chico’ (2016).

Alexandra Martins explicou, em entrevista à AGEMT, que o texto foi escolhido pelo próprio Gustavo Pinheiro, e escrito especificamente no elenco atual. Ela se apaixonou imediatamente pela obra assim que teve o primeiro contato com o roteiro, que discute a questão geracional nos relacionamentos. 

Antonio Fagundes afirmou, também para a AGEMT, que o texto é “perfeito para o momento atual, em um período em que tantas pessoas estão se afastando umas das outras em meio à polarização”.

Para ele, a peça traz uma mensagem importante de união. Ao comentar sobre suas contribuições ao personagem, mencionou que “todo ator sempre contribui para além do que está no texto de alguma forma”. 

Já Thiago Fragoso explicou que, embora o texto normalmente seja o primeiro fator a atrair um ator, foi o convite de Fagundes que o motivou para o trabalho. Segundo ele, que já havia trabalhado com o ator na televisão, a parceria no teatro seria um próximo passo. Rasgou elogios a Antônio, o reverenciando como “uma lenda do ofício”, como alguém que “continua a se superar”.

Por fim, mencionou que o encontro é uma honra e uma experiência muito especial, e, também fez questão de reafirmar a genialidade do texto. 

A peça utiliza do recurso da metalinguagem e leva o público para uma reflexão sobre as relações humanas e suas imperfeições, mostrando como elas são, na verdade, perfeitas em sua complexidade.Ao contrário das idealizações trazidas pelas comédias românticas norte-americanas, o espetáculo confronta o espectador com a realidade.

O espetáculo é recheado de momentos de gargalhadas intensas e emoções profundas, proporcionados por uma escrita atual e sagaz, que retrata os desafios da modernidade de maneira leve e divertida. O humor, aliado à reflexão, faz também com que o público não apenas se divirta com as situações cotidianas encenadas no palco, mas também se enxergue nelas, como um autorretrato. 

Os ingressos estão disponíveis na bilheteria do Teatro TUCA e também no site/app do Sympla. Os valores começam a partir de R$80. Entretanto, docentes e discentes da PUC-SP pagam R$20. 

Também é possível adquirir uma visita guiada pelos próprios atores aos bastidores, camarins e coxias por R$100 a mais. 

Ao fim de cada sessão, há um bate-papo onde os atores interagem com a plateia e respondem respectivas dúvidas e impressões sobre o espetáculo apresentado.

 

O grupo de super-heróis, expondo assuntos como genocídio e preconceito, é elevado a outro patamar
por
Matheus Henrique
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14/06/2024 - 12h

A Marvel, após enfrentar recepções mornas em longas como Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania (2023) e As Marvels (2023), e experimentar séries igualmente rejeitadas pelo público e crítica, como Invasão Secreta (2023) e She-Hulk (2022) conseguiu oferecer em X-Men '97 uma visão madura e consciente da sociedade, redimindo-se de suas últimas produções frequentemente criticadas pelo tom infantil e despolitizado.

A história se inicia um ano após o fim da quinta temporada da série clássica dos anos 90, na qual Charles Xavier supostamente morreu devido a um atentado de Henry Peter Gyrich, um dos vilões clássicos da série. Simultaneamente, o grupo ainda lida com extremistas que visam o extermínio da raça mutante. O ódio anti-mutante adquire aqui um pano de fundo político, simbolizando a aversão a qualquer minoria. Com a quase morte de Xavier, Scott Summers, o Ciclope, assume a liderança da equipe, que posteriormente é transferida para Erik Magnus Lehnsherr, o Magneto.

A repulsa, que também é o principal fio condutor da série, se demonstra nessa sociedade fictícia como algo brutal, em que visões de mundo, mesmo desejando o melhor para sua espécie, se chocam, convidando o público a tomar um lado. Em um polo, temos a ideologia de Magneto, que aposta na segregação de sua espécie mutante para cessar o ódio contra eles, enquanto Xavier, pacifista, idealizava a coexistência da raça evoluída com os seres humanos. Magneto, ao ser posto como líder do grupo, tenta assumir uma postura próxima à de Xavier, mesmo sendo recebido com desconfiança por líderes mundiais e pelos próprios X-Men.

No quinto episódio da temporada, intitulado "Lembre-se Disso", ocorre o genocídio mutante em Genosha, um evento devastador que resultou na morte de Gambit, um dos X-Men, e de milhares de outras vítimas. Genosha, originalmente apresentada na série clássica dos anos 90 como uma base para trabalho escravo, foi reinterpretada em X-Men '97 como uma criação de Magneto, destinada a ser um lar acolhedor para milhares de mutantes de diversas origens e habilidades.

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Vampira chora abraçada ao corpo de Gambit, que morreu após o massacre - Fonte: Disney

Além disso, os vilões da série também contribuem para a alegoria explorada. Bastion é retratado como o responsável pelo massacre de mutantes, incluindo crianças, que ocorreu com o aval da ONU. Paralelamente, há a presença de um lunático eugenista, cujo discurso se assemelha ao do nazismo, personificado na figura do Dr. Sinistro. Esses elementos reforçam a temática complexa da série e instiga os espectadores a refletirem sobre questões étnicas.

A animação faz questão de apresentar os problemas que essa sociedade enfrenta, desde um médico que se recusa a realizar um parto mutante por aversão a raça, até uma comunidade conservadora que rejeita a inclusão dos mutantes na sociedade, com medo de perder seus empregos, já que eles são vistos como superiores devido aos seus poderes, e representam uma ameaça ao estado de bem-estar dessa população, numa clara metáfora à xenofobia estadunidense. Este é um dos maiores acertos da Marvel, que nesta produção não teme criticar temas como conservadorismo e reacionarismo.

Personagens como Tempestade, que perde seus poderes no início da temporada e parte em uma jornada de autodescoberta, ou Madelyne Pryor, que reflete preocupações com o preconceito que sua prole mutante enfrentaria, simbolizam, respectivamente, questões ligadas à negritude, ao feminismo e à maternidade. Aqui, os X-Men são pensados não apenas como um coletivo, mas também através de histórias individuais, com suas nuances.

A primeira temporada da saga está completa no Disney+, e é criada e roteirizada por Beau DeMayo (The Witcher: A Lenda do Lobo). Nessa primeira leva de episódios, se mostra melhor amarrada em comparação à série original, em que o estilo de aventura procedural, com conflitos resolvidos em cada episódio, é deixado de lado para entregar uma narrativa coesa e muito bem construída, desenvolvida ao longo de toda a temporada.

A animação em si é um dos pontos altos da série, extremamente colorida, enérgica e com uma excelente trilha sonora inspirada em Michael Jackson e na banda Radiohead, com presença marcante de sintetizadores, que demarca bem a trilha de cada um dos personagens. As referências de época são outro ponto de destaque, como no quarto episódio, em que a série brinca com a estética noventista, referenciando jogos de 8 e 16 bits, populares na época, oferecendo uma experiência agradável e nostálgica de assistir.

Comparada a outras séries, X-Men '97 se destaca por seu enfoque crítico e principalmente político, no qual se alegoriza aos mutantes questões minoritárias integrado de forma coesa à narrativa, sem parecer forçado. É fácil perceber que a série dialoga com o que ocorre na realidade, como o próprio criador e roteirista da série fez questão de mencionar. DeMayo escreveu em uma postagem no X, antigo Twitter, que se inspirou em eventos reais, como os ataques em Tulsa, na boate Pulse e às Torres Gêmeas, para criação do quinto episódio.

A série, através de personagens complexos e temas relevantes, estabelece um novo padrão para animações de super-heróis. Ao utilizar os personagens como metáfora para temas como autoaceitação e preconceito, demonstra não temer uma experiência provocativa e que leve seu público à reflexão. A segunda temporada do seriado está em estágio de produção, com uma terceira confirmada pela Marvel Studios.

Pabllo Vittar celebra suas raízes no tecnobrega e forró ao resgatar hinos que fizeram parte da sua formação musical.
por
Pedro da Silva Menezes
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11/04/2024 - 12h

Na tarde desta terça-feira (09) Pabllo Vittar realizou uma listening party para mais de 300 pessoas, em parceria com a Apple Music, para iniciar a divulgação de “Batidão Tropical Vol. 2”, novo álbum da artista. Ingressos foram distribuídos através da sua central no X para os fãs ouvirem o álbum horas antes do lançamento oficial no Cinema Marquise junto a Drag Queen.

Fãs com Pabllo Vittar no cinema após a audição do álbum.
Fãs com Pabllo Vittar após a audição do álbum. FOTO: Divulgação /Central Pabllo Vittar

O álbum é a sequência do “Batidão Tropical”, obra lançada durante a pandemia, que surpreendeu os fãs ao trazer músicas com características das sonoridades do norte e nordeste do país. Estão presentes ritmos como o tecnobrega com a energética “Triste com T” e regravações de canções de bandas locais, como a de “Zap Zum” da Companhia do Calypso. Música que viralizou durante as Olimpíadas de Tóquio em 2021 através de vídeos feitos pelo jogador Douglas Souza do time brasileiro de vôlei, chegando até a tocar durante um dos jogos da seleção.

Eleito um dos melhores álbuns de 2021 pela APCA, o disco agradou público e crítica e iniciou um movimento nas redes pedindo sua continuação. Após dois anos do lançamento do original, o volume dois chegou e os vittarlovers conferiram as 11 faixas, incluindo duas já conhecidas pelo público, “Pede Pra Eu Ficar (Listen To Your Heart)” e “Ai Ai Ai Mega Príncipe”, uma inédita, “Idiota” e a gravação ainda conta com 3 músicas bloqueadas.

Na audição Vittar se mostrou alegre com resultado dos vídeos que ilustram a atmosfera construída pela sonoridade e resgata visuais dos anos 2000, época em que as composições repaginadas no volume dois se popularizaram. A Queen afirmou, em uma rodada de perguntas dos fãs durante o evento, que as 3 canções bloqueadas são colaborações. O cantor Nattanzinho já confirmou por meio de seu Instagram que irá lançar algo com a drag gerando expectativas sobre sua participação em uma das canções. Além disso, ela disse que seu visualizer favorito de gravar foi “Me Usa”, originalmente da Banda Magníficos.

O ponto alto do álbum é a nova “Idiota”. Em entrevista ao Papel Pop, Pabllo conta que a faixa está pronta a dois anos, contudo, a produção inicialmente era um sertanejo, mas teve um trecho vazado a um ano atrás. O que foi sua motivação para mudar o ritmo e transformá-la em um melancólico e ao mesmo tempo energético forró que fez todos os ouvintes levantarem de suas poltronas durante a audição no cinema para apreciar finalmente - e oficialmente - o que os fãs chamaram de hino.

A artista demonstra sua originalidade e visão em “Não Desligue o Telefone”, originalmente de Tony Guerra. Na sua versão, ela não se limita em reproduzir o original e imprime sua identidade fundindo suas referências pop eletrônicas com o forró. Uma excelente regravação que evoca os trabalhos de Charli XCX, se esta tivesse nascido no Maranhão nos anos 90, assim como a cantora pop brasileira.

O “Batidão Tropical vol. 2” cumpre uma função cultural ao preservar ritmos populares brasileiros e composições que já foram regravadas anteriormente. Como é o caso de “Rubi”, da Banda Ravelly que ficou famosa em todo Brasil na voz da Banda Djavu e agora ressurge para uma nova geração pela voz de Pabllo Vittar. Com o álbum, Vittar mantém viva a memória sem abdicar da sua assinatura pessoal, mostrando seu poder ao reinventar clássicos, seja em suas performances vibrantes, sonoridades únicas ou clipes inovadores.

Best-seller de Carla Madeira tornou-se um dos livros de ficção mais vendidos do país
por
Bruna Quirino Alves
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14/11/2023 - 12h

“Tudo é rio” é o romance de estreia de Carla Madeira. Publicado pela editora Record, está na seleta lista dos livros brasileiros de ficção mais vendidos. Em 2021 e 2022, a obra vem dividindo com Torto Arado, de Itamar Vieira Junior (o mais vendido da categoria no Brasil), a atenção de leitores e críticos. Também pela Record, a autora lançou Véspera (2021), o terceiro e inédito romance, e relançou A Natureza da Mordida (2022), o segundo, que havia sido publicado em 2018.

Tudo é rio de Carla Madeira é um livro sobre transbordamento, como a própria autora define. O processo de leitura te leva em uma montanha-russa onde o amor, o ódio e o perdão se misturam em um rio de sentimentos, os quais não se pode controlar.

A história traz três personagens principais: Lucy, prostituta da cidade, e o casal Dalva e Venâncio. Eles, até então muito apaixonados, tiveram o casamento marcado por uma tragédia, que mudou completamente a dinâmica entre eles, a partir desse momento Lucy atravessa a história dos dois e é atravessada por eles com a mesma intensidade.

Carla Madeira constrói camadas sem uma régua moral e seus personagens apresentam complexidade e profundidade, enquanto fogem de maniqueísmos. Ao longo do livro, o leitor se vê em uma posição de confusão constante e a autora provoca essa sensação intencionalmente, e com excelência.

Inventivo na forma, o romance organiza-se por capítulos que desobedecem a ordem cronológica e vão e voltam, tal como uma série televisiva em que a câmera muda a cada cena. O tema do amor e da tragédia não tem nada de original, mas o grande trunfo de Carla Madeira é a forma pela qual sua linguagem poética, suave, nos conta essa história.

A obra é questionadora e provocante em uma essência, mas o principal questionamento gira em torno do perdão: Como perdoar o imperdoável e lidar com o amor que permanece?

Carla não se atém à superficialidade ao narrar detalhadamente o quão excruciante é a dor que Dalva, a personagem principal, vivencia em sua jornada pelo luto, até o perdão. A escolha de repetir certas cenas durante a narrativa é proposital e enfatiza como a dor pode ser paralisante, se manter em um ciclo destrutivo parece ser a única escolha.

A violência doméstica é retratada a partir de uma perspectiva diferente. A autora se afasta do julgamento e demonstra empatia com as mulheres que não conseguem sair desse tipo de situação, o que pode ser visto no seguinte trecho da obra:

“Dalva poderia tantas coisas se pudesse. Mas só pôde o que fez. Quem vê de fora faz arranjos melhores, mas é dentro, bem no lugar que a gente não vê, que o não dar conta ocupa tudo.”

Após receber críticas por “romantizar” a agressão, a autora afirma que o intuito nunca foi esse. Ela explora a sua própria curiosidade que permeia as motivações que levam uma mulher violentada à escolher ficar.

Tudo é rio é uma investigação sobre a água, ou seja, sobre tudo aquilo que é tão potente que não se pode limitar à qualquer coisa além de seguir o próprio fluxo. O amor, o ódio, a raiva, são sentimentos que, quando represados, tensionam o sujeito que sente e acabam transbordando. Aqui temos uma obra que permanece ressonando no leitor, mas não em sua mente racional, mas nesse intangível lugar onde mora aquilo que não conseguimos traduzir em palavras, só sentir.

Jão reúne 12 mil fãs em uma audição exclusiva do seu novo álbum que busca referências oitentistas e exalta sua versatilidade.
por
Romulo Santana
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15/08/2023 - 12h

Depois de “Lobos” representando a terra, “Anti-Herói” o ar e “Pirata” a água, chega a vez de “Super”: o álbum de fogo. João Vitor Romania Balbino (28), mais conhecido como Jão, começou sua carreira com o lançamento de covers na internet, enquanto era graduando de publicidade e propaganda na USP. Com 5 anos de carreira, ele se tornou um nome em ascensão no cenário do pop nacional. Sua última turnê “Pirata”, contou com 40 apresentações — sendo 6 dessas esgotadas no Espaço das Américas. Já a “Super Turnê”, seu novo projeto, começa no dia 10 de Janeiro de 2024, no Allianz Parque, com a proposta de ser uma tour de estádios e arenas. Antes disso, Jão se apresenta no festival The Town no dia 2 de Setembro. “Coisas gigantes estarão presentes”, disse ele durante a audição exclusiva do álbum “Super”.

Um homem branco de cabelos platinados veste uma regata branca e uma calça jeans azul e está sentado em cima de uma cerca de madeira
Tracklist do álbum "Super". Imagem: Gabriel Vorbon. Reprodução Instagram

 

Seu novo lançamento tem referências oitentistas aparentes em sua sonoridade, trazendo novas histórias de amor nas composições inéditas, que também exploram a vida amorosa do cantor. No “lado a”, o disco busca ser mais leve, com instrumentais mais animados, como forma de revisitar sua juventude no interior, mas também suas histórias na atualidade, finalizando com a sétima faixa “Julho” – sendo também o lado mais comercial do disco.  Os destaques deste lado do projeto ficam para “Escorpião”, que cria uma atmosfera intensa que permeia a gravação e “Gameboy”, quando o cantor exibe sua autoestima dentro de um relacionamento e como toda aquela situação parece um jogo que ele está disposto a jogar. Já o “lado b”, abraça composições mais sóbrias e sombrias – como por exemplo sua mudança do interior para a cidade de São Paulo em 2015 – além de muitas referências aos seus lançamentos anteriores. Destaca-se “Eu posso ser como você”, com outro ponto de vista da história da faixa anterior “Julho” e também uma resposta faixa “Eu quero ser como você”, do seu disco de estreia.


 

Na imagem há um banner vermelho com os dizeres "Jão Super, audição" à frente do Ginásio do Ibirapuera
Entrada da audição exclusiva no Ginásio do Ibirapuera. Imagem: Romulo Santana

 

O artista disse que já escolheu o single que iniciará a divulgação do álbum, mas que o clipe ainda não foi gravado. A audição exclusiva do “Super” ocorreu no dia 13/08, no Ginásio do Ibirapuera – com 12 mil ingressos distribuídos de forma gratuita pelo cantor. O evento foi apresentado pela jornalista Valentina Pulgarin, amiga pessoal do cantor. Ao fim da apresentação do trailer do disco, a apresentadora iniciou uma contagem regressiva para a 1ª audição do material inédito com vizualizers. Após a escuta do material, o artista agradeceu emocionado a recepção dos fãs e foi entrevistado por Pulgarin. Jão diz não ter tido férias após a última turnê e que “Super” foi sua prioridade, uma vez que o trabalho só faz sentido quando chega à seus fãs. Seu novo trabalho chegou às plataformas digitais na última Segunda (14).

Em um telão, Jão, um homem branco de cabelos platinados secando os olhos
Jão emocionado, após a audição de "Super". Imagem: Romulo Santana

 

Em coletiva, Aroeira comenta a função da charge e o seu impacto visual
por
Carlos Gonçalves
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15/05/2021 - 12h

     Por mais que há a tendência em associar as charges com os traços humorísticos, devemos compreender que a sua função vai além de qualquer piada banal. Temos que observar o peso crítico que nela está envolvido e todo o enredo crítico criado pelo artista. Além do traço, do movimento ou da narrativa, o artista quer mostrar ao leitor que a expressão demonstrada em sua arte serve como ponte para uma reflexão crítica: a função do chargista é plantar o incômodo no leitor, gerar a dúvida, fazendo-o questionar o ambiente em que ele vive. Nada que é colocado em uma charge é irrelevante: o sorriso malicioso do personagem que age na má-fé, o gesto brusco de frustração, a inocência de quem está sendo enganado, são algumas formas que não só servem para mostrar os comportamentos sociais dos brasileiros, como também servem para retratar os nossos pensamentos ou como reagimos em certos momentos. A charge é a sátira ao comportamento social, é questionar as nossas fragilidades e dores; por isso, se ao ler uma charge você sentir vergonha, não se desespere, ela só está cumprindo a sua função de mostrar o quão cruel (ou ignorante) uma sociedade pode ser.

     Renato Aroeira é um dos artistas que se debruçam sobre a arte crítica. Como ferramenta, ele utiliza o traço marcante do nanquim para expor expressões energéticas, somada com a sutileza da aquarela para dar volume e vivacidade a suas artes. Para ele, além da arte em si, o enredo da charge precisa ser bem contextualizado, seguindo uma estrutura. Durante o seu processo de criação, o artista chegou a achar que o humor crítico poderia ser simplificado, porém percebeu que em certos assuntos a simplificação acaba levando a interpretações errôneas, pois pode acabar expressando uma visão sobre algo que não pretendia concluir daquela forma. Então, ele começou a complicar as charges para ser bem compreendido, mesmo que a charge se torne difícil de ser entendida em certos aspectos. Simplificar a charge pode acarretar diversos preconceitos, que acabam trazendo até um sorriso mais fácil, e é por isso que atualmente o chargista toma cuidado com a construção do humor.

 

“O papel da charge é um dos processos para a construção social, serve para informar, impactar. Mas quem transforma o mundo é o coletivo social, apontado para o lado certo, e fazer parte disso de alguma forma é bom demais! É bacana fazer parte dessa confraria, não sou humilde, mas entendo o papel da charge dentro da mídia e os seus limites.

  – Renato Aroeira

 

     O processo de criação artístico de quem trabalha diariamente com o leitor não é algo simples de ser conquistado, requer décadas de aperfeiçoamento. Diferente, por exemplo, dos artistas plásticos, que expressam a sua visão pessoal do mundo e não se preocupam tanto (ou nada) em mostrar de forma categórica o que foi exposto em sua arte, cabendo ao observador buscar as respostas em outros meios para compreendê-la. Já o chargista precisa expor os caminhos do seu pensamento ao leitor, para que ele ache de alguma forma o caminho na própria charge. Entre as dificuldades da profissão, há também a seleção de qual tema abordar; por ser um trabalho constante, o artista tem que estar sempre se atualizando das notícias que mais lhe chamam a atenção e quais servem como inspiração para serem adaptadas em forma de charge. Podendo ser um tema que está em voga ou algo polêmico que ocorreu naquele exato momento. No início da profissão, Aroeira diz que não sabia exatamente o que queria dizer ao público, tendo que buscar inspiração nos jornais, hoje ele já tem uma ideia do que ele quer expressar quando faz a sua arte.

     Mesmo que o papel da charge tenha um limite de influência, Aroeira gosta da função de ser crítico social. Consciente, ele diz que o papel da charge é só um braço entre tantos que há na mídia informativa; cabendo a todos os meios da comunicação unirem-se para criar dispositivos que irão mostrar as inquietações que movem o comportamento social. O grande revés, segundo o artista, é o aumento da perda de função e interesse pelas charges. Para ele, a charge está ficando de lado, não sendo valorizada da forma correta.

 

“Que se divirtam com a charge, mas também olhem para o que estou apontando, para a crítica. Que gostem, que gostem de mim, mas que também entendam que além de fazer rir, ela tem uma trava amarga, ela tem um gosto amargo no geral, pois estou falando de um genocida, de uma estupidez etc. Mas eu não espero que uma charge resolva nenhum problema, que gere uma revolução ou qualquer coisa do tipo. Eu tento desenhar para que as pessoas entendam o que está acontecendo e assim tomem uma decisão melhor, uma eleição bem votada por exemplo. Nosso papel na comunicação é informar da melhor forma possível.”

– Renato Aroeira