Em São Paulo, a rotina de um motorista de aplicativo revela como o trabalho passou a ser guiado por notificações, cansaço digital e um cotidiano moldado pelo brilho constante do celular
por
Carolina Hernandez
|
24/11/2025 - 12h

 

Por Carolina Hernandez 

O celular vibra antes que qualquer clarão toque os prédios da Mooca, e essa vibração curta, metálica e insistente desperta Jonas de um sono leve, como se fosse uma convocação, um chamado que não permite adiamentos. Ele estende a mão ainda no escuro, alcança o aparelho, observa a luz que se espalha pelo quarto e lê a notificação do aplicativo que já anuncia alta demanda, fluxo intenso, oportunidade. Nos últimos anos, aprendeu a acordar assim, preso ao brilho do celular antes mesmo de sentir o chão frio sob os pés. O trabalho começa na tela, e não na rua.

No carro, um sedan prata que carrega o desgaste dos dias longos, Jonas encaixa o celular no suporte. O gesto é tão automático que parece parte do ritual de ligar o motor, como se o carro só funcionasse plenamente depois que o aplicativo estivesse ativo. A tela mostra a cidade em azul e amarelo, um mapa vivo onde cada área fervilha com informações que determinam para onde ele deve ir, quanto irá ganhar, quanto tempo deve esperar. O aplicativo calcula rotas, horários, riscos e recompensas, e Jonas respira fundo antes de seguir, como quem aceita que o destino do dia será guiado por aquele retângulo luminoso.

A primeira corrida aparece em menos de quinze segundos. Ele aceita. O carro avança devagar pelas ruas que ainda não despertaram, e Jonas observa o céu sem forma, as luzes dos postes refletidas no capô, o reflexo da tela pressionando seus olhos desde a madrugada. Logo, o trânsito cresce, e a cidade parece surgir inteira de dentro dos celulares dos próprios motoristas, porque ninguém conduz apenas pelas ruas, todos conduzem pelos mapas, pelas notificações, pelas coordenadas enviadas de longe.

A dependência da tela dita o ritmo. Jonas percebe isso a cada minuto. Ignorar uma notificação pode significar perder corridas, perder pontos, perder visibilidade diante do algoritmo. Ele sabe que o sistema registra cada movimento, cada segundo parado, cada mudança de rota, cada hesitação. Uma espécie de patrão silencioso observa sua velocidade, suas notas, seus cancelamentos, suas escolhas. Não há voz, não há rosto, mas há controle. Ele comenta que antes achava que dirigia para pessoas, e hoje sente que dirige para um conjunto de cálculos invisíveis.

O cansaço começa sempre pelos olhos. A luz azulada se infiltra pelas pálpebras como um grão de areia persistente. Mesmo nos poucos minutos de pausa, ele sente o celular vibrar no bolso, chamando de volta, lembrando que há demandas próximas. A Pesquisa TIC Domicílios mostra que o celular tornou-se o principal dispositivo de acesso à internet para a maioria dos brasileiros, mas, para motoristas de aplicativo, é mais que isso, é ferramenta, ponte, segurança, salário e vigilância. Jonas passa mais tempo olhando para a tela do que para qualquer rosto durante o dia.

Os passageiros entram no carro sempre com pressa, sempre conectados a outra conversa que não está ali. Há estudantes que assistem aulas no banco traseiro, executivos que participam de reuniões por vídeo, mães que equilibram sacolas e chamadas, jovens que respondem mensagens durante trajetos de poucas quadras. O carro se transforma em cápsula de passagens breves, onde cada um leva sua própria tela, e Jonas conduz tantas luzes simultâneas que, às vezes, o interior do carro parece mais iluminado durante a noite do que durante o dia.

Ele já ouviu histórias que não estavam destinadas a ele, conversas que vazavam das telas para o espaço do carro, lágrimas silenciosas de quem lia mensagens difíceis, risadas altas de grupos que relembravam memórias por vídeos compartilhados. Jonas sempre percebe que as pessoas falam menos com ele e mais com seus celulares, que olham menos pela janela e mais para notificações. Nos raros momentos de silêncio, apenas as telas respiram, emitindo luzes diferentes em intervalos variados.

No fim da tarde, quando o corpo já pesa, o aplicativo avisa aumento de demanda. Jonas pensa em parar, mas o aviso insiste, promete ganhos extras, sinaliza movimento crescente. Ele encosta em um posto para comprar um café, tenta alongar as costas, tenta piscar devagar para aliviar a ardência nos olhos. O celular vibra antes da primeira golada. Ele volta para o volante. Recusar seria uma escolha, mas uma escolha com consequências. Descanso e trabalho, na lógica do aplicativo, nunca estão em equilíbrio.

A madrugada avança e a cidade se torna uma paisagem de luzes espaçadas, com corredores vazios e poucos ruídos. Jonas leva um jovem que saiu do trabalho no shopping, e o rapaz passa o trajeto inteiro olhando para o celular enquanto mensagens surgem em sequência. Jonas também observa o seu próprio aparelho, que marca a rota até o destino. O carro segue pelas avenidas escuras com apenas as duas telas iluminando o interior, criando um silêncio que parece suspenso no ar.

Quando chega em casa, Jonas desliga o carro, depois o aplicativo, e por fim o celular, que insiste em vibrar com atualizações e resumos do dia. A sala escura o acolhe em um silêncio que chega a parecer estranho, como se o mundo tivesse diminuído de volume. Ele se recosta no sofá e sente o peso acumulado do dia, não apenas o peso físico, mas o peso da luz constante, da atenção exigida, da vigilância permanente que o acompanha desde o amanhecer. O corpo quer descanso, mas a mente ainda repassa rotas, mensagens, barulhos de notificação que permanecem mesmo após a tela apagar.

Amanhã, muito antes de a luz do sol tocar a janela, o celular irá vibrar novamente, e Jonas atenderá, não por escolha, mas por necessidade. Ainda assim, enquanto respira profundamente, sente uma dúvida surgir devagar, como quem desperta de um sonho longo. Ele se pergunta se ainda guia o carro, se ainda conduz o trajeto, ou se apenas segue o ritmo imposto pela tela que nunca dorme. E essa pergunta, ele sabe, continuará voltando. Porque, na madrugada das grandes cidades, o trabalho e a vida estão cada vez mais presos ao mesmo brilho.

Com o avanço do sistema de pedágio eletrônico nas rodovias paulistas, motoristas vivem a combinação entre fluidez no trânsito e incertezas sobre tarifas, prazos e adaptação ao novo modelo.
por
Inaiá Misnerovicz
|
25/11/2025 - 12h

Por Inaiá Misnerovicz

 

Dirigir pelas rodovias da Grande São Paulo já não é mais como antes. Com a chegada do sistema free-flow - o pedágio eletrônico sem cancelas -, muitos motoristas sentem que atravessam uma fronteira invisível: não há mais a cancela para frear o carro, mas também não há a certeza imediata de quanto vão pagar. Para Jerônimo, motorista de carro, morador da zona leste de São Paulo que faz quase todos os dias o trajeto até Guararema a trabalho, essa sensação de fluxo e incerteza convive em cada viagem.

Antes da implantação do free-flow, Jerônimo parava em praças de pedágio, esperava, conferia o valor, calculava se valia a pena seguir por um trecho ou desviar. Hoje, ao cruzar os pórticos da Via Dutra ou de outras rodovias, ele simplesmente segue adiante. Só depois, no no aplicativo, descobre quanto foi cobrado, isso quando ele lembra de conferir a fatura. Para quem tem TAG, o débito cai automaticamente, mas para quem não tem, o sistema registra a placa e envia a cobrança que deve ser paga em até 30 dias, sob pena de multa, como prevê a regulamentação da CCR RioSP.

Esse modelo evita paradas e acelera o tráfego, especialmente nas pistas expressas. Segundo a concessionária Motiva/RioSP, quem trafega pelas marginais da Via Dutra (sem acessar a via expressa) não é tarifado. Mas Jerônimo ressalta que essa economia de tempo nem sempre vem acompanhada de previsibilidade de custo: “só sabendo depois quanto foi cobrado, ainda dependo de consultar o site para ver se registrou todas as passagens”, ele diz. A tarifa depende do horário e do dia da semana, pode variar, e para quem usa TAG há desconto de 5%. 

Para tornar essa transição mais suave, a RioSP intensificou ações de orientação nas margens da rodovia e em pontos públicos de Guarulhos. Na capital, promotores usam realidade virtual para explicar como os pórticos funcionam, há vídeos e atendimentos nos postos de serviço. Mais de 500 pessoas já participaram de eventos para esclarecer dúvidas sobre o funcionamento, formas de pagamento e salto entre pistas expressas e marginais.

As novas tarifas também entraram em vigor recentemente: desde 1º de setembro de 2025, os valores para veículos leves nas praças da Via Dutra foram reajustados pela ANTT, e nos pórticos do free-flow os preços também foram atualizados. No caso das rodovias geridas pela Concessionária Novo Litoral - especificamente a SP-088 (Mogi-Dutra), SP-098 (Mogi-Bertioga) e SP-055 (Padre Manoel da Nóbrega) - os valores por pórtico variam de R$ 0,57 a R$ 6,95 para veículos de passeio, dependendo do trecho.

Essa lógica de cobrança por trecho, sem a presença física de praças, exige do motorista algo além de atenção na pista: exige educação para se entender onde entrou, onde passou e quanto isso custou. Para Jerônimo, isso é mais difícil do que simplesmente parar e pagar. Ele admite que, apesar da melhoria no fluxo, teme que algum pórtico não tenha sido registrado, ou que haja diferença entre o que ele acredita ter passado e o que vai aparecer na fatura.

Além disso, há risco real para quem não paga no prazo. A CCR RioSP adverte que a não quitação da tarifa em até 30 dias configura evasão de pedágio, o que pode gerar infração de trânsito, multa fixada e até pontos na carteira. Para muitos, essa penalidade ainda parece pesada diante da novidade e da complexidade do sistema.

Por outro lado, o free-flow traz ganhos concretos para a mobilidade: ao eliminar paradas bruscas nas praças, reduz o risco de acidentes por frenagem repentina e melhora o desempenho das rodovias. A tecnologia permite modernizar a gestão do tráfego, e os pórticos com sensores garantem identificação precisa por TAG ou leitura de placa. Ainda assim, a transformação não se resume à pista. Ela repercute no cotidiano de quem vive dessa estrada, como Jerônimo, e também na forma como a concessionária se relaciona com os motoristas. A campanha de orientação mostra que há consciência de que nem todos se adaptarão imediatamente. As ações de atendimento por WhatsApp, aplicativo, site, totens e até no posto de serviço reforçam a aposta na transparência. 

Há também a perspectiva de que esse modelo se torne cada vez mais comum. Segundo planejamento de concessões futuras, mais pórticos free-flow poderão ser instalados nas rodovias paulistas até 2030, o que tornaria esse tipo de cobrança mais frequente para usuários regulares da malha estadual. Mas para que ele seja efetivamente equitativo, será preciso manter a educação viária, oferecer canais de pagamento amplos e garantir que os motoristas não sejam penalizados por simples falhas de entendimento.

Para Jerônimo, a estrada continua sendo um espaço de tensão e de liberdade. Ele ganha tempo, mas precisa vigiar sua fatura. Ele cruza Guararema, volta para São Paulo, e vive uma experiência nova: a de rodar e pagar depois, sem parar, mas sempre com a incerteza de que quanto passou pode não ser exatamente quanto será cobrado. A cancela desapareceu, mas o pedágio segue presente, só que disfarçado em números, e não em uma barreira física. 

Colunista Marcelo Leite revela que a área perde cada vez mais influência no país
por
Giovanna Britto
|
24/11/2025 - 12h

 

Durante a pandemia de Covid-19, o Brasil se reinventou em assuntos a respeito de hábitos higiênicos, debates sobre saúde mental e destacou a importância do jornalismo científico, área  responsável por comunicar à população a respeito das vacinas, o avanço ao combate do vírus e outros assuntos de saúde pública. Entretanto, três anos após o fim do estado emergencial causado pela pandemia, a falta de adesão do público à ciência tem ameaçado o trabalho dos jornalistas desse segmento.

Entre 2020 e 2022, os profissionais da mídia foram expostos ao desafio de comunicar a incerteza científica, traduzir termos e conscientizar a sociedade sobre a pandemia. Muitos jornalistas já eram especializados na área, outros aprenderam a falar sobre ciência devido a alta demanda de notícias para divulgar. A pandemia serviu como ponto de virada para o jornalismo científico - que já existia no Brasil, mas ganhou repercussão graças à necessidade de dar foco ao assunto que ditou o estilo de vida de um mundo inteiro.

Nomes como Atila Iamarino, Natália Pasternak e Álvaro Pereira Júnior se destacaram como grandes vozes da divulgação do jornalismo de ciência. Em entrevista à AGEMT, Marcelo Leite, jornalista e colunista da Folha de São Paulo especializado na área de ciência e ambiente, comenta sobre esse período: “Nunca se valorizou tanto do ponto de vista de espaço, de tempo, de audiência, a divulgação de informações científicas de base para entender o que estava acontecendo.” Hoje, o espaço de fala e a repercussão em temas científicos são menores, uma vez que as pessoas estão cada vez menos interessadas em saber de que forma isso implica em suas vidas pessoais.

Jornalista Marcelo Leite posando para câmera
Formado em jornalismo pela USP, Marcelo também atuou na Revista Piauí e é autor do livro “Psiconautas: Viagens com a Ciência Psicodélica Brasileira”. Foto: Divulgação/Unicamp.

 

Marcelo relembra que o jornalismo científico já sofria com ameaças à sua credibilidade, com falsos especialistas, médicos sem conduta ética e  com o presidente da época, Jair Bolsonaro, reproduzindo falas que levantavam mais dúvidas e ondas de ódio. “Foi um período terrível, e talvez a parte principal, que me deixa mais frustrado, é que o público se dividiu em dois. Uma parte passou  a desconsiderar as informações que a gente, do jornalismo científico, se esforçava por apresentar como informações objetivas, fundadas em dados, com a qualidade que se espera da ciência ", completa.

Na fase posterior à pandemia, após o declarado fim do período emergencial do coronavírus em 5 de maio de 2023, foi possível observar as consequências e heranças que a abundância de informações equivocadas, negacionistas e falsas deixaram na rede de informação, seja online ou offline. Os movimentos anti vacinas, impulsionados durante o Covid, emitiram um alerta para a Organização Mundial de Saúde. Dados divulgados pelo jornal Humanista da UFRGS evidenciam que a cobertura de vacinas contra poliomielite, HPV e sarampo estão em constante queda e sequer atingem a meta em lugares como Norte e Nordeste. 

No anuário de Vacinas de 2025 da Unicef, os dados indicam que até 14 de julho de 2025, a cobertura vacinal dos grupos prioritários permanecia abaixo da meta de 90%: crianças de seis meses a seis anos com 39,5%, idosos com 53,2% e gestantes com 29,8%, correspondendo a menos da metade do público-alvo.

A questão ambiental também é desconsiderada por muitas pessoas. Marcelo afirma que há muitos temas pelos quais o jornalismo científico lutou pelo progresso e que atualmente são banalizados. “se houve alguma dúvida no passado, há 20, 30 anos atrás, hoje não há mais nenhuma dúvida sobre os impactos que estão vindo e virão da mudança climática, cada vez mais sérios. Mas ainda tem gente que questiona.”

Recentemente, casos de metanol que alertaram a população em outubro deste ano, trouxeram uma onda de informações falsas que prejudicaram profissionais da área jornalística e médica, motivando o pronunciamento deles a respeito. Vídeos tentando realizar testes caseiros para identificar a presença da substância nas bebidas, sem comprovação científica, viralizaram nas redes sociais.

Essa situação se assemelha com as polêmicas envolvendo o uso da cloroquina na pandemia. Um levantamento realizado por pesquisadores do Centro de Estudos e Pesquisas de Direito Sanitário da USP (Cepedisa) em colaboração com a Conectas Direitos Humanos, mostra que, entre março de 2020 e janeiro de 2021 houve pelo menos quatro medidas federais promovendo diretamente ou facilitando a prescrição do medicamento. Jair Bolsonaro foi um dos maiores promotores da cloroquina na época e quem motivou o uso para a população. Apesar de ter sido associada no combate ao Covid, a cloroquina é um medicamento que atua contra doenças inflamatórias crônicas e no combate a parasitas e cuja eficácia de uso para o coronavírus não é comprovada.

O estudo que deu início a essa ideia foi inicialmente publicado na revista científica International Journal of Antimicrobial Agents e assinado por mais de 10 profissionais. Hoje, a editora da revista, Elsevier, anunciou a retratação deste artigo após uma pesquisa aprofundada, com o apoio de um “especialista imparcial que atua como consultor independente em ética editorial”.

Os profissionais continuam exercendo seu trabalho com excelência, alguns optando pela mídia tradicional, outros inovando nas redes através de vídeos curtos. Mas é inegável a forma com que o jornalismo científico perdeu a influência e como falta apoio em todas as áreas. “É muito triste, porque eu dediquei minha vida inteira ao jornalismo científico, para ver isso acontecer no fim da minha carreira” conclui o jornalista.

Após sete anos, evento volta ao calendário impulsionado pelo avanço dos carros eletrificados
por
Fábio Pinheiro
Vítor Nhoatto
|
22/11/2025 - 12h

O Salão Internacional do Automóvel de São Paulo, um dos eventos mais tradicionais do setor automotivo brasileiro, está de volta após um hiato de sete anos. A edição de 2025 acontece entre os dias 22 e 30 de novembro, em um contexto de profundas transformações na indústria e impulsionada pela expansão de veículos eletrificados, entrada de novas marcas no país e a necessidade das montadoras de reconectar consumidores às experiências presenciais.

De acordo com a RX Eventos, organizadora da mostra bienal, a volta acontece em razão da reestruturação e aquecimento do mercado. A última edição havia sido realizada em 2018 e contou com cerca de 740 mil visitantes, mas devido a pandemia de COVID-19 o Salão de 2020 foi cancelado. Nos anos seguintes, a volta do evento ficou só na especulação. Segundo a Associação Nacional de Fabricantes Automotores (Anfavea), a pausa também pode ser atribuída à crise de matéria-prima, à retração econômica deste então e ao formato caro para as montadoras que estavam distantes do público.

Embora as duas últimas edições tenham sido no São Paulo Expo, esta acontece no Complexo do Anhembi, casa oficial do evento desde 1970. A mudança foi celebrada por expositores e pelo público, já que o Anhembi permite maior fluxo de visitantes, oferece áreas amplas para test-drive e atividades externas, recuperando a identidade histórica do salão. O retorno também faz parte da estratégia de reposicionar o evento como uma grande vitrine de experiências automotivas, com pistas, ativações e zonas imersivas distribuídas pelo pavilhão.

1
Renault anuncia o seu novo carro “Niagara” - Foto: Fábio Pinheiro

Entre as montadoras que vão expor, estão nomes de peso que apostam na ocasião para apresentar novidades ao consumidor brasileiro. A BYD leva ao Salão uma linha reforçada de elétricos e híbridos, aproveitando o crescimento expressivo da marca no Brasil, além de lançar no evento a marca de luxo do grupo, Denza. A rival chinesa GWM também estará presente, com o facelift do SUV H6, o jipe Tank 700 e a minivam Wey 09.

Em relação às marcas tradicionais, a Stellantis vai em peso para o Anhembi. A Fiat, apesar de não ter apresentado nenhum modelo novo, trará o Abarth 600, um SUV elétrico esportivo. A Peugeot terá os 208 e 2008 eletrificados e, principalmente, o lançamento da nova geração do 3008 para o mercado nacional, equipado com o tradicional motor THP. 

Enquanto isso, a Toyota investe na divulgação de novidades híbridas flex, com a chegada do Yaris Cross para brigar com o recém-lançado HR-V, e os líderes Hyundai Creta e Chevrolet Tracker. Juntas, as marcas representam parte do movimento de transformação do mercado brasileiro, que tem apostado cada vez mais na eletrificação e em tecnologias avançadas para rivalizar com a expansão chinesa.

O Salão 2025 também será palco de novas marcas como a Leapmotor, parte do grupo Stellantis. O SUV C10 será o primeiro modelo a chegar às ruas, ainda neste ano, e conta com a versão elétrica (R$189.990) e com extensor de autonomia (R$199.990). O segundo modelo será e o C-SUV elétrico B10, por R$172.990, 60 mil a menos que o rival BYD Yuan Plus, e mais recheado de tecnologia, como teto panorâmico, nível 2 de condução semi autônoma, câmera de monitoramento do motorista e airbag central.

2
Presidente da Stellantis para a América do Sul, Herlander Zola, anunciou os planos para o grupo - Foto: Stellantis / Divulgação

Já a britânica MG Motor, propriedade da chinesa SAIC, investirá em esportividade elétrica, além de custo-benefício. O modelo de maior volume de vendas deve ser o SUV S5, rival de Yaun Plus, e igualmente equipado ao B10. Em seguida, o MG 4 chega para rivalizar com Golf GTI e Corolla GR, com mais de 400 cavalos, tração integral, pacote de ADAS completo, e pela metade do preço dos rivais. Por fim, o Roadster será o chamariz de atenção no estande, com portas de lamborghini e em homenagem à tradição da marca. 

O grupo CAOA também fará a estreia da nova marca que trará ao Brasil a Changan, com a chegada prevista para 2026 com os modelos de super-luxo elétricos Avatr 11 e 12, além do SUV UNI-T, rival do Compass e Corolla Cross. 

O pavilhão do Anhembi contará com pistas de test-drive, áreas dedicadas a modelos clássicos como o McLaren de Senna, e até mesmo uma área do CARDE Museu. No Dream Lounge estarão presentes super carros como Ferrari e Lamborghini, além da Racing Game Zone para os amantes de videogame e simuladores de corrida. 

3
Área externa do Anhembi terá pista de slalom, frenagem e test-drive de dezenas de modelos - Foto: Salão do Automóvel / Divulgação

Apesar da ausência de marcas como Chevrolet, Ford, Mercedes, Volvo e Volkswagen, 2520 montadoras estarão presentes, incluindo Chery, Hyundai, Mitsubishi e Renault. O Salão espera receber cerca de 700 mil visitantes e a edição 2027 já está confirmada. Os ingressos custam a partir de R$63 (meia-entrada) nos dias de semana.

Projeto aprovado pelo Congresso libera R$ 22 milhões do Fundo de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT)
por
Helena Barra
|
17/11/2025 - 12h

Por Helena Barra

 

No dia 4 de agosto de 2025, o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou o Projeto de Lei 847/2025. O plano, aprovado pelo Congresso brasileiro, regulamenta o uso dos recursos do Fundo de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), liberando o valor de R$ 22 bilhões para investimentos nas áreas da ciência e tecnologia.  O FNDCT é o principal instrumento de financiamento público da ciência, tecnologia e inovação no Brasil. Ele apoia pesquisas científicas, a formação de recursos humanos qualificados, a inovação tecnológica nas empresas, a infraestrutura de pesquisa e o desenvolvimento de projetos estratégicos nacionais.

A professora de economia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Norma Cristina Brasil Casseb, explica que fundos como o FNDCT possuem legislação própria. No caso do FNDCT, segundo dados da FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos), os recursos são provenientes de diversas fontes. A composição deles evidencia o importante papel do Estado tanto no direcionamento de incentivos diretos do orçamento público e do tesouro, quanto na garantia de que parte dos lucros obtidos pelas empresas do setor detentor e gerador de tecnologia retorne para a sociedade e permita que ela se desenvolva de forma mais igualitária.

Nas redes sociais, o presidente Lula, afirmou que a medida visa fortalecer a base industrial brasileira. “Com essa medida, vamos fortalecer a inovação nas seis missões da Nova Indústria Brasil e nas Instituições Científicas e Tecnológicas, levando infraestrutura, redes de pesquisa e oportunidades para todos os territórios do país. Investir em pesquisa e inovação é investir no futuro do Brasil”, comentou na divulgação.  Além disso, o projeto também tem como objetivo estimular o emprego qualificado em pesquisa e desenvolvimento, de maneira a ampliar o número de doutores em empresas, startups, parques tecnológicos e instituições de ensino. 

Para Norma Casseb, em um país como o Brasil, com alta desigualdade social e elevada concentração de renda, a liberação deste recurso é importante, não só para a sociedade, mas como para a economia nacional. “Neste contexto, o investimento em tecnologia e inovação, combinado a uma estratégia voltada para a industrialização do país, tem uma alta capacidade de geração de empregos de qualidade especialmente no setor produtivo, permitindo elevação na renda da população e, por consequência, maior expansão econômica”, informa a doutoranda. 

Segundo a Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), representante das instituições financeiras de fomento habilitadas a operar os recursos do fundo, a nova lei marca uma mudança de postura em relação ao uso dos fundos públicos voltados à inovação. Ao garantir previsibilidade e autonomia na aplicação dos recursos, o Brasil se alinha a boas práticas internacionais de apoio à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico. 

Em entrevista à Agência Brasil, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, destacou que, apesar de o FNDCT ter sido criado em 1969, o fundo ganhou maior relevância nos governos do presidente Lula, inclusive no atual mandato. De acordo com o governo, nos últimos dois anos, os investimentos em ciência, tecnologia e inovação por meio do FNDCT aumentaram seis vezes. Saíram de R$ 2 bilhões, em 2021, para R$ 12 bilhões, em 2024. A previsão para 2025 é de cerca de R$ 14 bilhões.

A professora também reforça que o investimento em ciência e tecnologia é um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento econômico e social de uma nação. Eles permitem adicionar valor agregado aos produtos brasileiros, além de elevar a produtividade e a competitividade da economia nacional, permitindo que sejam cada vez mais competitivos no comércio internacional.  Além disso, investimentos como o FNDCT podem tornar o País mais que um exportador de produtos de maior valor agregado, mas também um exportador de tecnologia para outros países, que muitas das vezes não possuem capacidade financeira ou de infraestrutura para desenvolverem suas próprias tecnologias.


 

 





 

Como profissionais estão perdendo seu local de fala para influenciadores e as redes sociais se tornaram um ambiente perigoso para a verdade
por
Rafaela Correa de Freitas
|
16/11/2021 - 12h

Por Rafaela Correia de Freitas

A tecnologia de fato vem se tornando um meio para todos os fins de grande parte da população, desde o despertador até mesmo a rotina de sono de uma pessoa podem depender de um dispositivo como um celular ou tablet. A função “Bed Time” do Iphone te mostra o quanto você tem dormido ultimamente, quanto tempo de sono você teria dormindo no horário atual e até mesmo controla suas notificações 1 hora antes de se deitar e 1 hora depois que acorda. Entre hábitos e equilíbrio, a tecnologia é considerada uma aliada à nossa rotina, mas que pode virar um problema bem mais rápido do que se tornou uma solução, especialmente com a existência das redes sociais.


De acordo com dados divulgados pela HootSuite e WeAreSocials, mundialmente existiam 4,55 Bilhões de usuários ativos em Redes Sociais em Outubro de 2021, a mesma pesquisa revela que dentre a população brasileira, são cerca de 164 Milhões, 77%. Os problemas nessas plataformas começaram cedo, logo com a criação dos primeiros nomes como MSN, Orkut, Yahoo e muito mais, sendo iniciado no Cyberbullying, algo que preocupa orgãos como a Unicef até hoje. Também lidamos com outros problemas modernos que surgiram com a inserção cada vez mais prematura de crianças na internet e até mesmo com a chegada da pandemia. Com todos dentro de casa, as redes se tornaram um escape da realidade, uma forma de se conectar com outras pessoas e até de se informar. Muitos jornais e canais de notícias, que já estavam em migração para plataformas como Instagram, Facebook e Twitter, tiveram que se esforçar para tornar o conteúdo nas Social Medias uma de suas principais formas de divulgação e tráfego para seus canais principais depois da pandemia de Covid-19.

Tendo em vista a necessidade das notícias rápidas e curtas, muitos jornalistas e comunicólogos passaram a desistir das hospedagens em sites e canais e passaram a informar seu público no local onde ele dispunha a maior parte do seu tempo: as redes sociais. Uma solução para os problemas dos espectadores e leitores, logo se tornou um imenso problema para o jornalismo no geral. As Fake News, já conhecidas antes da pandemia, aumentaram consideravelmente em 2020 e 2021, especialmente aquelas se tratando do vírus. Vistas por todas as partes, até mesmo em propagandas de governo, as notícias falsas eram disseminadas principalmente através das redes sociais, em destaque para os jovens, o Twitter.

Uma rede de compartilhamento de pequenos textos e troca de informações rápidas se tornou um dos maiores meios de informação e desinformação. Em 2017 o Twitter liberou uma pesquisa que dizia que 74% dos seus usuários utilizavam a plataforma para saberem das notícias, visto que há o facilitador da aba “Trending Topics”, Tópicos do Momento, e a possibilidade de receber as notícias em tempo real. Contudo, em 2020, isso começou a ser um problema. Os usuários compartilhavam links de notícias dentro de tweets tendenciosos, algo que poderia ser desmentido ou amenizado se apenas quem recebesse clicasse nos links que acompanhavam o conteúdo, contudo, a necessidade da rapidez impedia que isso acontecesse e, hoje, a plataforma conta com uma inteligência que alerta o usuário prestes a retweetar (compartilhar) um link sem tê-lo aberto primeiro.

Print do aviso do twitter na página de retweet que pergunta se o usuário deseja ler o artigo antes
Tradução: “Deseja ler o artigo primeiro?”

Infelizmente, a medida não impediu que Fake News continuassem a ser disseminadas no aplicativo. No dia 04 de outubro deste ano, as redes sociais da atual empresa Meta incluindo Whatsapp, Facebook e Instagram sofreram instabilidade, ficando fora do ar. Os usuários, em pânico, buscaram o Twitter para se informarem sobre o ocorrido e as notícias falsas sobre o que havia acontecido geraram pânico nos internautas e não demoraram a se espalhar.

Um exemplo veio de um “portal de notícias” com mais de 620 mil seguidores que dizia estar apurando e acompanhando de perto a situação com fontes confiáveis, mas que levou inverdades no intuito de ganhar seguidores, conhecido na plataforma como “Bait”.

Apesar de óbvio para alguns levando o tom sensacionalista e absurdidades, muitos foram pegos pela “brincadeira”, incluindo a influencer @alexandrimos que divulgou prints em seu TikTok.

“Segundo essa página do Twitter [...] Como que vai ser isso? Parece um ataque à internet, a tudo o que a gente vive.”

O jornalista Igor Tarcísio, 22, analista de comunicação e redator do PSB (Partido Socialista Brasileiro) e criador de um dossiê explicativo e informativo sobre as fake news criadas acerca da pandemia de Covid-19, reflete sobre as consequências disso e o porquê das Fake News serem tão apetitosas e fáceis de acreditar “Quando a gente tem um período de tensionamento político a gente tende a acreditar em algumas coisas que estão alinhadas àquele político que queremos votar” comenta ao discutirmos sobre como as pessoas se sentem atraídas por mentiras apenas por quererem que seja verdade. “Às vezes é sobre eu confiar em algo que eu quero muito acreditar [...] A Fake News elas se tornam apetitosas pra gente, elas se tornam palpáveis, à partir do momento em que ela toca nas nossas crenças.”

Em contrapartida, comumente pensa-se que para facilmente combater uma notícia falsa, isto é, a desinformação, deve-se usar a verdade (a informação), mas na prática, jornalistas enfrentam um grande problema, que é atingir não só as telas dos smartphones e computadores de quem lê e repassa esse conteúdo, mas também, de alcançar o reconhecimento dessa parcela de pessoas. Afinal, o consumo da desinformação não vem somente de usuários com anseio de acreditar naquilo que querem, mas também da ingenuidade de se receber algo de alguém considerado confiável e não checar antes de compartilhar ou, até mesmo, de uma informação repassada tantas vezes acompanhada de uma opinião que perde a sua essência. A abordagem para se impactar essas pessoas é diferente e, por mais que correta, nem sempre é eficaz.

“Eu acho que já tem uma estratégia muito forte”, comenta Igor sobre as agências de checagem como Lupa, “talvez ter uma presença maior nas redes sociais (de jornalistas), onde é um ambiente que mais acontece o compartilhamento e a produção das Fake News [...] colocar pessoas especializadas naquilo pra de certa forma ter uma comunicação mais orgânica [...] mas eu acredito que as Fake News elas não têm uma solução em sua completude, é um problema que tá relacionado muito à cultura de uma sociedade, acreditar em informações de acordo com vivências e duvidar de informações que são atestadas cientificamente. Tem que exigir um trabalho não só nas redes sociais mas também uma campanha de conscientização em escolas e em ambientes que são responsáveis pela educação…”

Somado a isso, o jornalismo bem como quem o acompanha também virou refém do imediatismo e dos algoritmos, grandes estopins para as notícias falsas. Apesar de ainda existirem, os jornais impressos e telejornais estão cedendo cada vez mais seu espaço, a preocupação com a venda de cópias e telespectadores se transforma em uma publicação onde seu público precisa engajar e seguir certas regras para que a informação alcance mais pessoas. Muitos perderam seus lugares para quem tem o título mais chamativo ou maior polêmica envolvida, fazendo com que grandes veículos jornalísticos cedessem ao sensacionalismo e títulos tendenciosos.

 

Tweet da matéria da folha com a chamada "Com braço amputado por vacina mal aplicada atleta vai à Tóquio vacinada contra a covid-19"
Na foto, chamada da Folha para notícia sobre atleta que perdeu um membro aos 3 meses de idade. Internautas criticaram o título que parecia querer atrair clicks através do pânico em cima das vacinas em um período de pandemia. A repercussão fez com que o veículo mudasse o título para "Atleta Supera Trauma de infância e vai a Tóquio vacinada contra a covid-19"

 

Além de matérias que disputam a atenção dos usuários, outro método utilizado para obter views e que pode causar problemas é a concorrência de quem posta a informação antes. O imediatismo que as redes sociais trazem àqueles que buscam se informar é um dos problemas que resulta em notícias falsas provindas do mal apuramento (no caso de jornalistas) ou compartilhamento de uma informação já digerida por outra pessoa (no caso do público geral). Como quando alguém opina sobre uma informação e esta é compartilhada no lugar da íntegra, o receptor toma o lugar do emissor nesse ciclo e permite que suas crenças e interpretação façam parte da informação original, deixando de lado o compromisso com a objetividade e recortando seus interesses do todo, criando assim, um novo braço para o tema que pode ter escassez de informações ou interpretação.

Igor comenta sobre o fenômeno do imediatismo que não está somente em quem recebe a notícia, mas também, no veículo ou jornalista que a transmite. A necessidade de repassar informações no formato rápido buscado pelo receptor interfere na boa apuração e revisão de um texto. “Eu vou chegar em uma rede social e vou ver mil informações, como eu vou conseguir filtrar aquilo? Como vou conseguir ler todas aquelas matérias e decidir qual é mais importante, ou qual é mais verdadeira? A gente tem um fluxo muito grande de informações o tempo todo! [...] É exatamente aí que a Fake News ela entra, porque é muito mais fácil eu conseguir acreditar em algum veículo que entre de acordo com o que eu penso do que eu ir atrás e pesquisar em mil veículos aquela mesma informação. A gente (jornalista)  precisa encontrar o equilíbrio entre dar uma notícia importante na hora mas também não ter um fluxo gigantesco de informações onde as pessoas não vão conseguir acompanhar [...] O Hard News ele precisa dar uma freada, tem que ter o imediatismo de certa forma, mas também precisa ter informação apurada. Não adianta querer correr atrás de um furo e soltar uma informação que não é completamente apurada e no fim ter que soltar uma nota de correção. Uma informação mal verificada é uma fake news.”

E ainda comenta sobre personalidades que compartilham informações e são mais bem recebidas do que a fonte jornalística: “O Twitter tem muito disso, devido as pessoas terem muitos seguidores, terem o verificado, geram essa sensação de confiança. Isso cria uma reação em cadeia gigantesca. O problema não tá só no veículo, mas também naqueles influencers que se acham detentores de algum conhecimento.” Coisa que ele chama de “Monstros de Opinião”, pessoas que compartilham seus pensamentos pessoais transvestidos de verdades e informação jornalística. Esse fenômeno criado pelas redes sociais, onde pessoas relevantes se sentem no direito de informar as pessoas e exercer o papel do jornalista é algo que preocupa profissionais de comunicação e representa grande perigo para a verdade, afinal, não se faz mais necessário a presença de um diploma para desempenhar a função de um jornalista, logo, erros que descredibilizam a profissão serão cada vez mais comuns.

Um exemplo disso foi quando as apresentadoras do podcast “PodCats” Camila Loures e Virginia Fonseca em uma “gafe” perguntam ao humorista Whindersson Nunes se ele pretendia ter filhos logo depois do falecimento de seu bebê nascido prematuro, a fala de Camila gerou certo desconforto no entrevistado que respondeu que ele sim, tinha um filho. A parceira Virginia decide replicar Whindersson com “Old” uma expressão nascida no Twitter que se refere a algo óbvio.

“As pessoas gostam de deter o poder da informação. As pessoas por trás desses perfis, por exemplo, elas acreditam muito em deter o poder da informação onde, ‘Olha, eu tenho um perfil com mais de 40 mil seguidores e sou verificado, logo a informação que eu der aqui tem um valor muito grande’ Um caso que eu critiquei foi, por exemplo, o Felipe Neto virar colunista. Eu entendo que as opiniões dele são importantes nesse período, mas quem é o Felipe Neto para eu dar uma coluna pra ele? Quem é o Felipe Neto para propagar informações com propriedade? Qual a formação dele? [...] Mas e as pessoas que são estudadas, que são especialistas? Que tiveram todo um processo de começar uma graduação, de terminar, de se especializar? Essas pessoas deveriam ser ouvidas?” Igor completa.

Muitos outros fatores colaboram para a criação de Fake News e destes braços antiéticos do jornalismo, porém, a importância dessa profissão é vista quando esse ambiente já está criado: quando notícias falsas já estão sendo propagadas ou quando internautas se deparam com o problema que uma entrevista mal encaminhada por leigos resultou.

É papel do jornalista desmentir essas desinformações e repassar a verdade no fim, bem como de explicar a problemática por trás de influenciadores e outros detentores de engajamento exercendo a profissão erroneamente. Porém, é necessário, antes, reconhecer a raíz do problema e deixar que profissionais façam seu trabalho, mas que também saibam reconhecer e exercer seu compromisso com a verdade e democracia acima do engajamento.

Grupos de pessoas com os mesmos interesses ajudam a recuperar perdas no mercado editorial e incentivam uma rotina mais saudável com a leitura
por
Rafaela Correa de Freitas
|
16/11/2021 - 12h

Por Rafaela Correa de Freitas

Desde a invenção dos Ebooks, o mercado de livros voltou a estagnar e não viu mais seus dias de glória como quando os leitores bombaram com a ideia dos livros digitais. A chegada da pandemia intensificou a crise que já estava ocorrendo no setor, com a sua quase monopolização pela empresa Amazon vendendo livros físicos por menos da metade do preço e tornando seu E-reader o mais procurado do mercado, junto com a crise das MegaStores que fez com que grandes nomes falissem e fechassem suas livrarias no Brasil inteiro, culminou em mais um período turbulento para o setor.

Contudo, 2021 chegou, e apesar do vírus ainda estar circulando, o mercado por fim conseguiu respirar. O que houve foi que com as pessoas em casa, todos passaram a procurar na Internet o que poderiam fazer, e a resposta estava não só nos serviços de streaming ou jogos, mas também nas redes sociais que se tornaram verdadeiras aliadas quando, por exemplo, pessoas comuns passaram a divulgar sua rotina de leituras junto com os seus títulos favoritos e até mesmo memes. O TikTok foi uma delas, o próprio aplicativo bombou durante a pandemia mas os leitores criaram uma # dentro do app, formando uma comunidade efetivamente deles e criando verdadeiros influenciadores que levaram livros viralizados na plataforma ao topo de vendas e listas do The New York Times Best Sellers.

Um exemplo disso foi o livro “Mentirosos” da autora E. Lockhart que viralizou na plataforma e hoje não sai da lista de mais vendidos ou da seção de destaques de livrarias no mundo inteiro. A página em inglês do livro na Amazon até mesmo ganhou um novo título: “We Were Liars: The award-winning YA book TikTok can’t stop talking about!” (Mentirosos: O premiado livro jovem-adulto que o TikTok não consegue parar de falar!)

Afinal, quem são essas pessoas que estão por trás do sucesso de tantos livros e a alta de 48,5% da venda de livros no primeiro semestre de 2021? A resposta é que eles sempre estiveram ali, começaram nos blogs e se tornaram mais famosos no Youtube, conhecidos como Booktubers, mas também estiveram no Instagram (sim, os bookstagramers) e agora, com o Booktok e a Twitch (aplicativo e site para fazer vídeos ao-vivo) eles finalmente começaram a conquistar mais reconhecimento, trazendo benefícios não só para o mercado mas também para os leitores. Sejam as lives de “sprint” onde o influenciador lê algo ao vivo com seus seguidores incentivando um “clube do livro à distância” ou com as já conhecidas “resenhas” onde as pessoas dão uma nota junto com sua opinião sobre o livro, eles conquistaram espaço e criaram uma comunidade que se incentiva e apoia, trazendo temas importantes à tona como os gatilhos emocionais, classificação indicativa, problemáticas e representatividade nos livros.

Gabriela Rangel, dona do perfil artt.books no Instagram conta que teve a ideia no intuito de encontrar mais pessoas que compartilhassem do gosto pela leitura, mas encontrou muito mais: “Foi um espaço pensado para me dar liberdade de conversar com pessoas que gostavam das mesmas coisas. Acredito que quem me inspirou e me deu todo apoio do mundo foi meu pai, fico muito grata por ter ele ao meu lado!”, o perfil cresceu rápido, nasceu depois de um mês da criação de seu blog que conta com o mesmo nome, e hoje Gabriela se encontra na Twitch, onde faz lives, Youtube e Instagram.

Gabriela está segurando dois livros e sorrindo
Foto: @artt.books no Instagram

As comunidades de leitores formaram laços e conquistaram a atenção para um mercado há muito esquecido, mas como todas as outras, também trouxe discussões acaloradas sobre o que consideram melhor ou pior, criando até mesmo tribos dentro das redes com os que preferem gênero x acima do y e que entram em conflito constantemente. Com sua influência, tornou-se papel desses creators também servir como mediadores em discussões e até mesmo fazerem parte da construção de um coletivo mais saudável: “Acredito que o influenciador é importante para suprir a falta de investimento do Brasil no meio literário. Podemos observar o grande crescimento das páginas literárias no tiktok e sua grande influência no aumento da compra de livros. Além disso, acho importante o espaço deles nas redes sociais mostrando que existem outros gêneros literários e que precisamos respeitar a diferença de gostos em relação aos livros, opiniões e gostos sempre podem divergir e está tudo bem!” conta Gabriela.

Ela nos mostra um lado incomum disso tudo: não como o influenciador mudou a vida dos leitores, mas como a comunidade e seus perfis mudaram a dele: “Acredito que minha página abriu portas que eu nunca poderia ter imaginado. Comecei a me envolver bastante com redes sociais (algo que nunca gostei muito), criei laços maravilhosos com pessoas incríveis e, além disso, consegui me inserir bastante no meio editorial, hoje tenho parceria com 6 editoras fixas. Em mais de dois anos de trabalho, percebi muitas mudanças como: o profissionalismo, a melhora no conteúdo, a forma de demonstrar minhas opiniões e minha relação com o público. Acabei amadurecendo ao vivenciar as dificuldades de trabalhar nas mídias.” E com isso, a creator também cita o lado ruim de trabalhar com as redes sociais.

“Saber lidar com o público é um dos maiores desafios sempre, temos que ter muito cuidado com o que falamos na internet, principalmente nas bookredes. Acredito que a internet traz uma confiança que não temos na vida real, então é muito fácil ser machucado por comentários maldosos. Além disso, ter uma constância de conteúdo é bem difícil, sempre podemos enfrentar um bloqueio criativo”

Apesar de seus altos e baixos, essas comunidades foram em grande parte responsáveis pelos mais de 28 milhões de livros vendidos no início de 2021, onde a cultura se provou resistir mesmo em seus tempos mais tenebrosos.

 

A ciência ajuda os treinadores na tomada de decisão, escolhendo os melhores atletas para cada partida em função dos dados coletados nos jogos e treinamentos
por
Guilherme Lima Alavase
|
18/11/2021 - 12h

Por Guilherme Lima Alavase

 

Para os jovens que gostam de futebol, assistir um jogo dos anos 70 ou 80 do século passado se torna um exercício de paciência. Eles acham lentos os jogadores do passado, tão idolatrado por seus pais e avós. Quando se estuda os treinamentos realizados naquela época, percebe que o máximo que os jogadores faziam nos treinamentos eram alguns exercícios bem simples, como corridas, polichinelos e flexões. Nos jogos era a famosa frase “jogar e deixar jogar”. Não havia a aceleração de hoje com a ocupação dos espaços por muitos jogadores, onde quase todos estão na faixa do campo em que a bola está sendo disputada. No passado o requisito básico para ter sucesso no futebol era ser driblador, ter domínio da bola e visão de jogo.

 

O futebol, chamado arte, foi se adaptando à modernidade, ganhando velocidade e força, com a utilização de padrões táticos rigorosos. O treinador passou a ser tão importante quanto o craque do time.

A mudança de atitude dos times não aconteceu ao acaso. Foi fruto da observação dos melhores times do mundo com os resultados alcançados em campo. O primeiro grande time que começou a utilizar a ciência no futebol, conforme entrevista concedida à revista Galileu, pelo médico e jogador de futebol Tostão, onde diz que a seleção brasileira de 1970 soube colocar em prática o conhecimento da ciência a favor do desempenho dos atletas. Aliou ao futebol arte de jogadores geniais como Pelé, Gerson, Rivelino, Carlos Alberto, Jairzinho, entre tantos outros, com métodos científicos de preparação física. Com o grande sucesso dos brasileiros, muitos times mundo afora, começaram a investir fortemente na preparação física, criando estruturas tecnológicas para preparar os jogadores fisicamente. Muitos fracassaram, pois uma estrutura científica utilizada em jogadores medianos não garantia o sucesso em campo. Descobriram que o futebol não é um esporte em que o ensaio e o treinamento exaustivo de jogadas garantiam a vitória, pois um jogo de futebol é uma sequência de fatores exatos intercalados aos acasos e momentos de pura sorte. Observaram que os resultados positivos eram fortemente influenciados por jogadores criativos e talentosos que não tinham medo de tentar lances improváveis. O talento e a criatividade estão na base do futebol. Com a certeza de que não bastava apenas o estudo, a ciência e a disciplina, começaram a buscar os jovens talentos, sobretudo da América do Sul. Foi assim que contrataram Lionel Messi, com apenas treze anos de idade, para as categorias de base do Barcelona. Confiavam na ciência para transformar o jovem franzino, mas extremamente talentoso, em um grande jogador. Deu muito certo. O Barcelona ganhou muitos títulos e fãs no mundo todo e proporcionalmente aumentou as suas receitas. 
O esporte mais popular do mundo, com grande exposição na mídia, paga aos melhores jogadores do mundo altos valores e em contrapartida cobra desempenho em todas as partidas e resistência para suportar a maratona de competições e jogos. Para transformar os jogadores em máquinas de jogar futebol, os maiores clubes do mundo investiram milhões de dólares na criação de centros de excelência para garantir que seus atletas atinjam o seu desempenho máximo. Os departamentos de análise de dados observam a forma de respirar, de andar, de correr, os movimentos realizados nos treinamentos e nos jogos. Utilizam de recursos tecnológicos como um sensor colado ao corpo dos jogadores. O sensor faz todas as medições necessárias que são imediatamente passadas para o computador que analisa os dados e, sob a forma de gráficos, mapas de calor e diagramas mostra ao treinador os acertos e as falhas de cada movimento, para que ele tome as decisões necessárias para aumentar a eficiência do atleta. Outro fator importante para melhorar o desempenho dos times é a utilização de equipamentos e testes médicos que ajudam a melhorar a recuperação dos jogadores, chegando até a prever possíveis lesões devido ao esforço realizado.

O grande desafio dos clubes estruturados é manter os atletas em atividade, sem interrupções. Para os atletas não “estourar” a equipe médica coleta amostras de sangue dos jogadores medindo os índices bioquímicos e metabólicos. Através dos exames é possível verificar se os atletas estão se recuperando adequadamente, se há processos inflamatórios, se o desgaste muscular está prestes a entrar em colapso etc. A partir dos dados coletados, o treinador tem condições de tomar a decisão que ele julgar mais acertada em função dos próximos jogos.

Como numa espiral ascendente, times competitivos ganham muitos jogos, conquistam campeonatos e passam a ser admirados por milhões de torcedores, que se tornam consumidores, comprando as camisas originais e diversos produtos licenciados, ampliando ainda mais as receitas dos principais clubes do mundo. Hoje, Barcelona, Liverpool, Real Madrid etc. têm uma legião de fãs espalhados pelos cinco continentes e para cada produto vendido em qualquer país, uma parcela do valor é revertida ao clube. Não é à toa que as pré-temporadas dos principais times são realizadas em países distantes, buscando novos torcedores e consumidores.

Resumindo, o futebol é arte, raça, emoção, habilidade e técnica. Agora, se ele vier acompanhado da ciência, do comprometimento tático, do preparo físico e mental, aí sim, o time poderá sonhar alto, brigar por títulos e ser um negócio altamente rentável.

Nova tecnologia promete trazer mudanças significativas para os console de jogos
por
Pedro Alcantara da Silva Neto
|
15/11/2021 - 12h

Por Pedro Alcântara da Silva Neto

Uma nova geração de consoles sempre chega causando muito impacto e expectativa nos gamers. Além da resolução, evoluções sonoras e gráficos mais reais, novas tecnologias começam a ser lançadas prometendo melhorias. 

A empresa americana EA Sports, foi a responsável pela criação de uma nova tecnologia chamada Hypermotion, que está presente no novo jogo de futebol da empresa, o FIFA 22. Essa tecnologia é responsável pela captação dos movimentos dos atletas e tornou a gameplay, as animações e as movimentações em algo mais realista.

Antigamente, os atletas iam até um estúdio para a empresa realizar as capturas de movimento individualmente. Agora, essa captura é feita com 22 jogadores jogando uma partida.

O fato da captação ser realizada apenas uma vez é ótimo, pois, além dos movimentos, serem mais naturais, acaba se criando uma relação entre o jogador e a equipe. Vale lembrar que, a captação única, possibilitou a captação de movimentações táticas e de disputas de bola inéditas. 

A inteligência artificial tática, gerou uma inteligência bem maior dos jogadores, possibilitando um número de decisões por segundo seis vezes maior. 

O Hypermotion é muito recente, porém já tem uma aprovação gigantesca entre os gamers que o já testaram. Henrique Simonato, é um programador de jogos apaixonado por FIFA, que ficou muito contente com a nova tecnologia: 

“O Hypermotion é o futuro dos jogos de esporte! O FIFA 22 é um dos melhores dos últimos anos em todos os quesitos. Parece que deixou de ser um simulador e virou uma partida de verdade. O jogo deixa a gente criar situações com desfechos diferentes. Dribles novos, gols de longe e de bola desviada, faltas mais realistas… Sinto que era isso que faltava”

Ele ainda comenta que provavelmente outros jogos irão aderir à tecnologia:

“Além de estar muito realista, a gameplay me agrada muito. Eu não duvido nada os outros jogos da EA usarem isso… Provavelmente iremos ter essas melhorias nos outros jogos. Imagina o NBA e o NFL assim? Seria um espetáculo.”

Vale lembrar que essa tecnologia só é disponível para os consoles da nova geração (PS5 e XBOX Series X). Então, apesar de ter uma avaliação boa, ela não foi de todo público.

Até o momento, o Hypermotion está bem, mas, só vamos realmente saber se foi um sucesso em setembro de 2023, quando lançar o novo FIFA. O fato é que, essa tecnologia é uma virada de chave, não só para o jogo, mas para os games de esporte em geral.

Os jogos de esportes vivem de atualizações. Como são baseados em temporadas, as empresas sempre estão prontas para trazer inovações, já que possuem um público muito fiel que garante, no mínimo um jogo por ano.
 

Tudo começa no final dos anos 50, e hoje não precisamos nem apertar um interruptor apenas precisamos pedir.
por
Renan Silva de Mello
|
11/11/2021 - 12h

Por Renan Silva de Mello

Em 1956, dois Cientistas da Universidade Carnegie Mellon chamados, Herbert Simon e Allen Newell, criaram o primeiro laboratório de I.A (inteligência artificial). Os dois cientistas iniciaram o projeto com o objetivo de inventar novas criações. No ano 1959, McCarty e Marvin Minsky que iniciaram o MIT A.I. Lab. A inteligência artificial funciona como um banco de dados digitais e com algoritmos inteligentes, dessa forma ela pode ler padrões e interpretar conhecimentos, e assim aprender coisas novas, esse processo de aprendizagem se chama "machine learning".

Com o passar dos anos e com os avanços tecnológicos as I.As. se tornaram portáteis, as assistentes virtuais dos Smartphones, são exemplos da tecnologia que é levada dentro dos celulares atuais, as mais populares são; Google assistente que é encontrado nos celulares com os sistemas operacionais Android, e a Siri que pertence a Apple, e está nos seus aparelhos. Essas assistentes tem como função ajudar os usuários com buscas, ações nos Apps e no celular. Esse exemplo é o mais comum dentro da sociedade, mas existem outros exemplos de uso, como o da Alibaba. Eles utilizam o I.A. para recomendar produtos para os clientes comprarem, coletam os dados das últimas compras e tentam "prever" os desejos de compra dos consumidores.

Essa tecnologia tem algumas vantagens, mas como a maioria ela também possui desvantagens. Algumas das vantagens são; redução de falhas, otimização de processos e auxilio para escolhas nas empresas. Essa ajuda pode gerar aumento de lucro para a empresa, com a diminuição de tempo no processo de criação dos produtos que gera uma entrega mais rápida e com uma qualidade melhor para os clientes. As desvantagens da inteligência artificial são poucas, dentro delas a ética duvidosa e o aumento de desemprego. A parte ética é delicada porque a I.A. trabalha com armazenamento de dados digitais, e como no caso da Alibaba que guarda as informações das compras e desejos dos clientes. E o desemprego aumenta porque desde o início o objetivo dessa criação é poder exercer ações que pessoas podem fazer.

A cada ano que passa o número de I.As aumentam, o último sucesso com essa tecnologia foi a da Amazon com a Alexa e ainda tem muitas outras a caminho. Carla Ricchetti, official de Investimentos da International Finance Corporation (IFC), em entrevista a plataforma melhor RH, disse “Estamos na era da inteligência artificial e do machine learning e esse é um caminho sem volta”. O rumo que pegamos nos aponta para um futuro onde as I.As de filmes como "Homem de ferro" se tornaram uma realidade para nós, e já podemos ver isso com a Alexa que pode ter várias ações dentro de uma casa apenas com o comando de voz.