Para Mércia Cristina, a ausência do celular trará um aproveitamento melhor dos conteúdos educacionais
por
Laila Santos
Tamara Ferreira
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09/06/2025 - 12h

Em 13 de janeiro deste ano, foi sancionada a lei nº 15.100/2025 pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que limita o uso de celulares em escolas das redes pública e privada. O objetivo é diminuir os impactos negativos deste aparelho, como o vício em tecnologia, a falta de concentração e os prejuízos à saúde mental dos jovens. Não está proibido portar os dispositivos eletrônicos nas classes, mas sua utilização é apenas para emergências, necessidades de saúde e atividades pedagógicas que necessitam deles. Tudo fica sempre sob supervisão do professor. Essa 'brecha' tem levado muitos alunos a tentar burlar as regras, afirma Mércia Cristina de Freitas Andrade, inspetora de alunos em uma escola da rede pública, em entrevista à AGEMT. 

Com foco em diminuir o cyberbullying, que causa dificuldades nas relações interpessoais e no desempenho escolar, além dos problemas de sono e das questões psicológicas, as instituições de ensino tiveram que definir as estratégias de implementação da lei, inclusive em recreios e intervalos entre as aulas.   

Estudante com um celular em sala de aula
Estudante com um celular em sala de aula. Foto/Agência de Notícias Yonhap

Com a dependência em inteligências artificiais (IAs) atualmente, a funcionária do Educandário comentou se notou alguma diferença na aprendizagem dos alunos com a utilização desenfreada da internet e o acesso à inteligência artificial: "O uso de celulares e a utilização da IA, de certa forma, fez com que os alunos fizessem o uso demasiado de respostas e pesquisas prontas. Dessa forma, a aprendizagem e o aprimoramento da bagagem cultural foram seriamente comprometidos", ressalta. 

São Paulo foi o primeiro estado a adotar a medida, antes mesmo da criação da lei federal. Os regulamentos mais detalhados da implementação da legislação ficaram ao cargo do CNE (Conselho Nacional de Educação), órgão consultivo do Ministério da Educação (MEC), que decidiu dar autonomia aos colégios na maneira de armazenar e lidar com os aparelhos. Para Mércia, a proibição foi uma medida tardia, mas necessária e, com isso, os estudantes poderão fazer melhor uso do tempo e se concentrar melhor nos estudos. Ela cita: “Notei uma ligeira melhora nas relações humanas. Uma atenção mais direcionada às disciplinas, mas ainda uma resistência à proibição…" 

A entrevistada: Mércia Cristina
A entrevistada: Mércia Cristina de Freitas Andrade. Foto/Arquivo Pessoal

Essa atitude reflete um relacionamento não saudável com um dispositivo que era, praticamente, parte do material escolar e que está cada vez mais presente na vida social. Quando foi proibido, causou uma onda de irritação nos jovens, relata a inspetora.   

A partir de 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) começou a reconhecer a dependência do celular e em outros meios digitais como um transtorno chamado nomofobia. Um estudo da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) diz que cerca de 25% dos adolescentes brasileiros são viciados na internet. Além disso, a Opinion Box traz os dados de que 95% das crianças do país, entre 10 e 12 anos, têm acesso a pelo menos um smartphone.  Com essa medida, espera-se que a escola volte a ser um ambiente de interação, que os estudantes voltem a ter uma aprendizagem mais fluida e que desenvolvam uma relação mais equilibrada com a tecnologia. 

Apontada como uma ferramenta no combate às mudanças climáticas, a nuclearização envolve questões colaterais complexas
por
Vítor Nhoatto
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30/05/2025 - 12h

O setor de energia respondeu em 2024 por 68% de toda a emissão de CO2 no mundo, segundo relatório da United Nations Environment Programme (UNEP). O gás é o principal causador do aquecimento global e precisa diminuir drasticamente nos próximos anos, apontando para a necessidade da chamada transição energética e descarbonização. Mudar a forma como se produz energia é um desafio, e a nuclearização ressurge como uma possível resposta.

A produção de energia a partir de material nuclear é antiga, e de forma simplificada funciona em algumas etapas. O combustível radioativo (urânio) tem seus átomos divididos no processo de fissão, liberando uma grande quantidade de energia que aquece a água em torno do reator e o vapor gerado acaba movimentando turbinas na usina que geram a energia. 

O que chama a atenção para a modalidade é a produção de grandes quantidades de energia com pouco material e baixa pegada de carbono em comparação aos combustíveis fósseis. De acordo com dados de 2020 da German Environment Agency levantados pela organização holandesa fundada em 1978, World Information Service on Energy (WISE), para cada Kwh gerado por usinas nucleares, cerca de 117 gramas de CO2 são emitidos. No caso do carvão e do gás natural as médias giram em torno de 950 e 440 gramas respectivamente. 

Cláudio Geraldo Schön, doutor em Ciências Naturais pela Universität de Dortmund, mestre em Engenharia Metalúrgica pela Universidade de São Paulo (USP) e professor titular na instituição destaca o potencial e a evolução nuclear com o passar dos anos. "Expandi-la poderia substituir as usinas termelétricas, diminuindo a geração de gases de efeito estufa [...] “o processo é continuamente atualizado, e resulta em avanços mesmo sendo uma tecnologia consolidada”.

Foi na extinta União Soviética que a primeira usina nuclear para uso doméstico começou a funcionar para contextualização, a Obninsk em 1954. Em seguida vieram outras, como a de Calder Hall no Reino Unido em 1956 e Shippingport nos Estados Unidos da América (EUA) em 1957. No Brasil, a usina Angra I foi a pioneira, com operações iniciadas em 1985.

Cinza e não verde

No entanto, o cinzento urânio traz um efeito não tão expressivo. Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), se a capacidade de produção nuclear triplicasse, a redução na emissão de CO2 do setor de energia seria cerca de apenas 6% devido principalmente à grande quantidade de carbono liberada na construção de reatores e usinas, que exigem grandes quantidades de recursos e décadas até começarem a funcionar, e para a mineração do urânio também. 

Além disso, a pegada de carbono das principais fontes renováveis de produção de energia são bem mais baixas que a nuclear. Ainda de acordo com o levantamento de 2020 da German Environment Agency, no caso da solar, cada Kwh emite algo em torno de 30 gramas de CO2, para a eólica a cifra é inferior a 10 e para a hidrelétrica de apenas 4 aproximadamente. 

Para o especialista sênior em energia nuclear e integrante da WISE International, Jan Haverkamp, a energia nuclear não é efetiva e nem tem a emergência climática como foco. “O uso do argumento climático é uma cobertura para outros interesses [...] os países com uso tradicional de energia nuclear não a desenvolveram devido às alterações climáticas, o fator inicial foi militar como EUA, China, Rússia e Brasil. Já para outros países era um sinal de importância, como no caso da Romênia, Bulgária e Coreia do Sul. Ou ainda visando a redução da dependência do petróleo como na Alemanha e Reino Unido, ou ainda uma tentativa fracassada de desenvolver uma fonte barata de energia como na Suécia e Canadá”.

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Última usina nuclear na Alemanha começou a ser demolida em 2023, mas novo governo de extrema-direita avalia reativar a base; “resumindo, para alguns é geopolítica” comenta Jan Haverkamp - Foto: Thomas Frey / DPA / Picture Alliance

Atualmente existem 437 reatores nucleares em funcionamento no mundo, que representam 14% de toda a energia gerada no mundo, de acordo com a World Nuclear Association (WNA). Os EUA ocupam a primeira posição do ranking com 96 unidades, com França, China e Rússia em seguida com 56, 55 e 37 cada, respectivamente. O país asiático tem planos inclusive de se tornar uma potência nuclear, e até 2035 ter o dobro da capacidade atual dos EUA. 

No caso do Brasil, a geração nuclear responde por apenas 2% da matriz energética, produzidos nas usinas Angra I e Angra II. Ambas fazem parte da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, ao lado da Angra III, ainda em obras, e o complexo começou a ser construído durante a ditadura militar no país.  

Aquilino Senra Martinez, doutor em Ciências da Engenharia Nuclear pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e ex-membro do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia da Presidência da República explica as nuances da modalidade: “O seu uso para geração de eletricidade depende do contexto de cada país. Em lugares com alta demanda e poucos recursos renováveis, a sua expansão pode ser estratégica. No cenário das mudanças climáticas, ela não pode ser descartada, mas também não deve ser tratada como solução única".

Com dimensões continentais e clima tropical, o Brasil se destaca no cenário mundial justamente pelo seu potencial de produção energética renovável, e hoje é referência no quesito. O Balanço Energético Nacional (BEN) de 2024, feito pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) em parceria com Ministério de Minas e Energia (MME), constatou que foi de 49% o índice de energia proveniente de fontes renováveis. 

Mesmo assim, no fim do ano passado a usina Angra I teve seu licenciamento para operação renovado por mais 20 anos pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), órgão do Governo Federal, e demandará investimento de R$3,2 bilhões nos próximos 3 anos. A continuação das obras de Angra III seguem em análise, mesmo com a administradora das usinas, a empresa de capital misto Eletronuclear, tendo uma dívida de R$6,3 bilhões com a Caixa e o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES). 

As operações no terceiro reator foram paralisadas em 2015 e voltaram somente em 2022 após reajuste do orçamento, com 65% das obras concluídas. Isso demandou um investimento até então de R$7,8 bilhões, e apesar da conclusão não ter sido incluída no novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) anunciado em 2023, estima-se cerca de R$20 bilhões necessários para tal.

Para Rárisson Sampaio, porta-voz da Frente de Transição Energética do Greenpeace Brasil, essas cifras revelam como a nuclearização desvia dinheiro necessário das fontes renováveis e ameaça um desenvolvimento sustentável e acessível. “O investimento em usinas nucleares não se conecta com a realidade do país, que poderia direcionar tais recursos para outras áreas, fortalecendo políticas como o Luz para Todos, que garante acesso a fontes de energia limpa, segura e barata, combatendo a pobreza energética e alinhando-se aos ODS da Agenda 2030”, diz Sampaio. 

Criado em 2003, o programa do Governo federal tem como intuito universalizar o acesso à energia no país, especialmente em áreas afastadas e periféricas e já impactou 17,5 milhões de pessoas. Para essa nova fase, uma das frentes é justamente possibilitar a instalação de placas solares em domicílios de baixa renda. 

Jan Haverkamp, da WISE, defende como em muitos países o investimento na energia nuclear desvia efetivamente o foco e dinheiro para medidas concretas no combate às mudanças climáticas, o que não é verídico: “As fontes de energia renováveis ​​produzem atualmente mais energia do que a nuclear em todo o mundo, e essa quantidade continua aumentando. A geração nuclear está mais ou menos estável há 3 décadas. A Finlândia, por exemplo, está atrasada na implementação de energia eólica desde que decidiu construir a usina Olkiluoto 3, que sofreu um atraso significativo”.

Segurança x planejamento

De acordo com estimativas de 2024 da Agência Internacional de Energia, a demanda energética global aumentará 4% ao ano entre 2024 e 2025, cifra bem maior que os 2,5% registrados em 2023. Os principais impulsionadores serão o maior uso de ar-condicionado devido justamente às mudanças climáticas, a progressiva eletrificação da frota de veículos, imprescindível na descarbonização do setor, e pelo avanço das Inteligências Artificiais (IA). 

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Demanda por energia pelas big techs só cresce, tal qual o uso de água potável para resfriamento dos computadores, o que aponta para uma necessidade de consciência ao usar IAs e a internet -  Foto: Microsoft / Divulgação

Os data centers deverão mais que duplicar as suas necessidades de energia até 2030 segundo a AIE, ultrapassando em alguns anos a energia consumida pelo Japão. Corroborando com esses indicativos, o Ministério de Minas e Energias realizou um estudo que aponta para um aumento de 25% na necessidade de produção energética brasileira até 2034. Nesse cenário, uma questão levantada na transição energética é a segurança e expansão necessárias para a manutenção sadia da sociedade.

Carlos Schön argumenta sobre o papel da energia nuclear, portanto, e as questões em relação ao clima: “Nós produzimos muita energia, mas ainda é pouco considerando o tamanho do país [...] a energia nuclear é a principal aliada das fontes renováveis, justamente porque essas dependem de fatores extrínsecos (sol na geração fotovoltaica, vento na geração eólica) que por sua própria natureza são flutuantes”.

Uma vez extraído do solo, o urânio pode abastecer por décadas uma usina nuclear, as quais em média podem funcionar por 40 anos, com a possibilidade de extensão, como no caso de Angra I, em funcionamento desde 1985 e renovada até 2044. Tudo isso acontece também sem depender de fatores externos como o vento, que pode danificar as hélices das turbinas eólicas, as nuvens que afetam a produção solar e a variação dos reservatórios que impactam as hidrelétricas. 

Contudo, Ana Fabiola Leite Almeida, professora do Departamento de Engenharia Mecânica e Produção da Universidade Federal do Ceará (UFC) e Mestre em Química pela instituição, destaca que o problema reside no planejamento energético. Mesmo que a produção diminua, é algo manejável com vontade. “O risco não está nas renováveis em si, mas na falta de planejamento. Em cenários críticos, pode haver queda média de 20 a 40% na produção energética dependendo da região, mas com previsibilidade climática, diversificação geográfica e sistemas híbridos conseguimos mitigar esses efeitos”, explica Almeida.

Em períodos como de ondas de calor em que a demanda energética aumenta, fontes como as termelétricas passam a ter maior participação na produção de energia, e como são mais caras que as hidrelétricas, a conta de luz pressiona o bolso da população. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no acumulado de 2023 o aumento na tarifa foi de 9,52%, bem acima da inflação, de 4,62% no mesmo período. 

Relatório de 2024 do Tribunal de Contas da União (TCU) em parceria com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a Empresa de Pesquisa Energética aponta que a nuclearização não resolveria justamente essa questão. A energia nuclear produzida em Angra III aumentará em 2,9% a conta de luz por ano e custará à população até 77 bilhões em despesas na contratação se a obra for concluída.

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“Existe todo um investimento que pode ser perdido, mas não justifica a continuidade de Angra III. É o resultado do  mal planejamento e desalinhamento com a política energética aponta Rarisson do Greenpeace - Foto: Eletrobras / Divulgação

O mesmo estudo do TCU destaca que as despesas com a obra “parada” chegam a R$2 bilhões por ano e uma desistência definitiva custaria cerca de R$13 bilhões, menos que o montante necessário para conclusão. Países como Áustria, Portugal e Dinamarca não classificam a energia nuclear como uma fonte limpa, e Itália e mais recentemente Alemanha, desativaram seus reatores ainda em funcionamento.

No caso do Brasil em relação ao setor de energias, as renováveis se destacam em várias frentes. Segundo o “Atlas Eólico” de 2022 do governo do Espírito Santo em parceria com a Embaixada Alemã, o potencial de geração pelo vento somente no estado é de 160 GWh, quase um terço da demanda anual do país hoje.

A energia solar também é outro enorme potencial, levando em consideração que o Brasil é o país que mais recebe irradiação solar no mundo, até então desperdiçado. Em 2023 a companhia de consultoria BloombergNEF apontou que se as políticas de incentivo à modalidade permanecerem iguais, em 2050 a capacidade de geração será de 121 GW por ano. Na ocasião, o presidente da Associação Brasileira de Energia Solar (Absolar), Ronaldo Koloszuk, defendeu que isso pode acontecer ainda em 2040 com apoio e expansão do setor. 

Ana Fabiola destaca: "O Brasil tem um dos maiores potenciais renováveis do mundo, mas para isso precisamos investir em inovação, infraestrutura de rede, armazenamento e educação técnica [...] é preciso ter suporte de armazenamento, interligação entre regiões e tecnologias de resposta à demanda. As fontes renováveis podem sim suprir a demanda crescente se houver vontade política e investimento contínuo", afirma. 

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Maior parque solar do mundo fica em Minas Gerais e foi inaugurado em 2023, fazendo com que a capacidade do estado chegue a 8 GW por ano - Foto: Solatio / Divulgação

Potencial radioativo denso

Falando em demandas futuras e recursos para sanar problemas sem gerar mais, uma outra implicação da energia nuclear gira em torno dos resíduos perigosos da atividade. A World Nuclear Association aponta que o resíduo nuclear equivalente à demanda de uma pessoa por um ano é do tamanho de um tijolo. Pode não parecer tanto de início, mas o problema está na radioatividade do material. 

A meia vida do urânio 235, o tempo que o material leva para se desintegrar e deixar de ser extremamente radioativo, gira em torno de 700 milhões de anos. Durante esse tempo as substâncias líquidas e sólidas precisam ficar armazenadas e isoladas do mundo, seja em reservatórios subterrâneos, piscinas gigantes ou toneis de chumbo. Não existe hoje uma solução para esse material, e como os primeiros usos são do século passado apenas, respostas sobre o comportamento dele também não foram encontradas. 

Isso em si já acende um alerta pois relega uma questão das gerações passadas às futuras, e a possível fuga de material radioativo das usinas pode colocar em risco a segurança nacional com a produção de bombas. Mas olhando para a história mais uma vez, a situação se complica. Em 1986 ocorreu na atual Ucrânia o famigerado desastre nuclear de Chernobyl, zona até hoje inabitável. A explosão da usina contaminou uma área de milhares de quilômetros ao seu redor, causou milhares de mortes e adoeceu os que resistiram. Um caso mais recente foi em Fukushima no Japão em 2011, que apesar de menor e diferente, reforça o cuidado exigido. 

Aquilino Senra afirma que a questão é muito relevante no debate atual, mas avanços foram feitos e que não deve ser a única levada em consideração: “É essencial que seja considerado dentro de um contexto histórico e tecnológico, à luz dos avanços obtidos nas décadas subsequentes e da comparação com outras fontes de geração de energia, como as fontes fósseis, que também provocam milhares de mortes anuais em decorrência da poluição atmosférica”.

A Organização das Nações Unidas estima que por ano a poluição atmosférica mata entre 7 e 8 milhões de pessoas ao redor do mundo. Somente no ano de 2021, 8,1 milhões de pessoas morreram, além do fator contribuir decisivamente para o desenvolvimento de câncer de pulmão e doenças respiratórias. 

Fazendas de turbinas eólicas, sítios de placas solares e usinas hidrelétricas também estão sujeitas a acidentes e impactam o meio ambiente, mas em um grau muito menor. Além dos grandes desastres, existe a possibilidade de vazamento de material radioativo. No Brasil, por exemplo, a Comissão Nacional de Energia Nuclear constatou um caso em 2022 na unidade de Angra I, no qual a água contaminada chegou ao mar. Na ocasião, a Eletronuclear foi multada em mais de R$2 milhões de reais pelo órgão

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ONG fez protestos em frente a usina de Angra I e relembrou o desejo ilegal de milhões de litros de água contaminada pela usina em 1986 - Foto: Greenpeace Brasil / Divulgação

Rárisson do Greenpeace destaca: “a energia nuclear não tem lugar em um futuro seguro, limpo e sustentável. A energia nuclear é cara e perigosa. Apesar de oferecer energia não intermitente, há outras soluções no país que podem ser mais eficientes, seguras e baratas [...] só porque a poluição nuclear é invisível não significa que seja limpa, nessa conta toda, a energia nuclear é inexpressiva”.

Mesmo assim, nos últimos anos empresas e nomes do vale do silício floresceram no cenário da nuclearização em defesa dos chamados Small Modular Reactors (SMR), em tradução livre, pequenos reatores modulares. Segundo a Agência Internacional de Energia, as unidades menores podem ser uma solução para a demanda crescente por energia dos data centers, e por serem menores, construídos em uma fábrica e depois enviados ao local de destino, podem baratear os custos.

Com um tempo de construção diminuído para cerca de 5 anos em comparação aos reatores convencionais e cinco vezes menores em tamanho, o primeiro SMR instalado no mundo data de 2023 na China, o Linglong One. A capacidade do reator será de 1 GW quando entrar em operação regular segundo a Corporação Nacional de Energia Nuclear da China. Mesmo assim, de acordo um estudo independente da Universidade de Stanford que avaliou os dados preliminares da empresa norte-americana NuScale Power, mais lixo radiativo é gerado e há maior dispersão de energia no interior dos SMRs.

Os principais projetos na área ainda vão levar tempo também, com expectativa de começarem a operar em meados da próxima década apenas, como o da britânica Rolls Royce. Ainda existe a startup de Bill Gates, Terra Power, com expectativa que o seu reator em Wyoming, o estado menos populoso do país, entre em operação no começo de 2030. No entanto, nessa data as emissões de CO2 na atmosfera já deverão ter caído 42% para que o aquecimento fique em 1,5 graus celsius de acordo com o relatório de 2024 da United Nations Environment Programme.

 “Não é surpresa que tecno-oligarcas como Gates, Musk, Zuckerberg e Bezos sejam especialmente atraídos pelas ideias por trás de pequenos reatores nucleares modulares. Mas eles não percebem que essas tecnologias são fundamentalmente diferentes da internet ou mesmo das estruturas de energia renovável, incluindo armazenamento, com custos mais elevados em comparação com sistemas totalmente renováveis, tempos de desenvolvimento muito mais longos e sérios riscos”, alerta Jan Haverkamp da WISE International.

Esclarecendo dúvidas sobre os riscos em uma conversa com Luiz Padulla
por
Clara Dell'Armelina
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05/05/2025 - 12h

O mundo está farto de plástico. Estão presentes em utensílios, móveis, roupas e, agora, também nos alimentos, mas não para por aí, estudos recentes, como o feito por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), comprovam a existência de plástico acumulado no corpo humano. Estamos falando de microplásticos, pequenas partículas de plástico com dimensões inferiores a 5 milímetros causadoras de danos tóxicos aos seres vivos. 

A presença de plástico nos oceanos foi detectada pela primeira vez na década de 70 e só em 2004, com o pesquisador Richard Thompson, que tivemos o conhecimento dos "microplásticos". Entre 2010 e 2020 foi quando  identificaram a presença de microplástico em toda a cadeia alimentar, mas só a partir de 2023 que as pesquisas se voltaram para mapear seus impactos na saúde humana. O professor, biólogo, doutor e autor do blog "Biólogo Socialista", Luiz Fernando Padulla, conversa sobre o assunto com a repórter da AGEMT. Confira!

Pressão do governo Trump sobre instituições de ensino provoca medo sobre fuga de cientistas
por
João Paulo Moura
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05/05/2025 - 12h

Instabilidade é um rótulo que nenhuma nação deseja carregar. Seja na economia ou na educação, viver em um lugar de incertezas gera apreensão a todos. E, embora Donald Trump tenha recém completado 100 dias no cargo de presidente, graças às medidas adotadas, os cientistas se encontram em um mar de insegurança nunca vivido nestas últimas décadas. Columbia, Princeton e a Universidade da Pensilvânia sofreram com os cortes e ameaças de Donald Trump. Columbia teve US$ 400 milhões em subsídios federais suspensos devido à casos de assédio a estudantes judeus. Harvard foi uma das universidades que negou as demandas da Casa Branca.

Em consequência, no dia 14 de março, o Departamento de Educação anunciou o congelamento de US$ 2,3 bilhões em subsídios para a instituição. "Uma das grandes vantagens comparativas que os EUA tinha era sua capacidade de atração e fixação de cérebros de pesquisadores de outros países, principalmente do Sul Geopolítico”, diz Cristina Pecequilo, doutora em ciência política pela USP e professora de relações internacionais da UNIFESP. Assim, se os EUA deixarem de ser atrativos, os pesquisadores se moverão a outras nações, e com isso haverá uma perda de conhecimento de ponta”, ressalta Pecequilo em entrevista à AGEMT.    

As ações tomadas pelo governo Trump provocaram um temor generalizado entre os cientistas com medo de uma possível fuga de cérebros. O termo se refere ao processo de migração de pesquisadores, cientistas e profissionais altamente qualificados. Em pesquisa realizada pela revista Nature, dos 2000 pesquisadores consultados no levantamento, 75% consideram sair do país nos próximos anos. Desde que assumiu a presidência dos Estados Unidos no dia 20 de janeiro e, em seu primeiro dia de mandato, revogou 78 ordens executivas do governo anterior, retirou o país da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do acordo de Paris. Durante os três meses seguintes, as ações tomadas pelo governo se intensificaram, principalmente no setor econômico.  

Donald Trump segurando decreto no salão oval da casa branca
Donald Trump exibe decreto assinado no dia 20 de janeiro. Foto: Anna Moneymaker/Getty Images 

No dia 2 de abril, intitulado pelos republicanos como o “dia da libertação”, iniciou-se uma guerra comercial entre os EUA e o mundo. Com a meta de corrigir o déficit comercial internacional do país, o governo norte-americano impôs taxas a 185 países. As altas porcentagens geraram respostas das nações, principalmente por parte da China que revidou com um grande pacote de alíquotas sobre as commodities americanas. Mas as medidas não pararam somente no setor econômico. Dentro das universidades do país, o temor do corte de financiamento e da fiscalização do conteúdo dos cursos aumentou.

A tensão entre o governo Trump e as instituições de ensino superior se elevou a partir do mês de março. Investigações de programas de diversidade e inclusão foram abertas em 45 universidades, com exigências sobre a auditoria de conteúdos e as condutas de alunos em favor da Palestina. Em resposta a esse cenário, instituições e países ao redor do mundo começaram a se movimentar para atrair os cientistas que se encontram nos EUA. A Universidade de Aix-Marselha, localizada na França, lançou uma iniciativa chamada Safe Place for Science, que investirá 15 milhões de euros para apoiar 15 pesquisadores. A União Europeia lançou a campanha Choose Europe for Science, como um refúgio para a liberdade acadêmica. Bélgica, Holanda e países nórdicos vêm oferecendo bolsas e infraestrutura de ponta para pesquisadores norte-americanos. 

Além das universidades europeias, China e Índia se consolidam como potenciais concorrentes dos pesquisadores estadunidenses. “Eu destacaria a China como uma potencial concorrente, até porque basta lembrar que todos estes outros países, principalmente a França tem problemas com forças políticas conservadoras anticiência. Além dela, mencionaria igualmente a Índia, que tem investido pesadamente em ciência e tecnologia”, completa Pecequilo. 

Nos últimos anos, a China despontou como a líder mundial em número de artigos científicos publicados. Segundo Ministério de Ciência e Tecnologia da China, em 2024, o país destinou mais de US$ 496 bilhões para pesquisa e desenvolvimento. Esse valor corresponde a 2,68% do Produto Interno Bruto (PIB) chinês, sendo o segundo maior investidor mundial em pesquisas, atrás apenas dos Estados Unidos. 

A Índia também tem se destacado como uma potência emergente em ciência e tecnologia, apesar de ainda apresentar desafios estruturais. O país investe 0,64% de seu PIB em pesquisa e desenvolvimento. Entretanto, esse investimento tem crescido de forma constante, dobrando na última década. O governo indiano é o principal financiador, respondendo por mais da metade do total, com destaque para agências como o DRDO (Defesa), o Departamento de Espaço e o Departamento de Energia Atômica. 

Apesar das incertezas internas e das ameaças que pairam sobre o sistema científico dos Estados Unidos, a ciência mundial está encontrando novos centros. Essa reconfiguração global do conhecimento pode redefinir o papel dos EUA como epicentro da inovação e da produção científica.

Documentário I’m Not a Robot instiga o telespectador a refletir sobre a evolução das máquinas
por
Vítor Nhoatto
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08/04/2025 - 12h

Não sou um robô, uma etapa de checagem comum ao navegar na internet e uma sentença obviamente verdadeira, ou talvez não. O curta-metragem de co-produção holandesa e belga de mesmo nome, problematiza o chamado teste Captcha, quando a protagonista Lara (Ellen Parren, produtora musical, entra em uma crise existencial ao não conseguir provar sua humanidade.

Logo de cara o enredo de Victoria Warmerdam, também diretora da obra,  pode parecer apenas cômico, e a interpretação de Parren colabora para essa atmosfera. Os diálogos curtos e a indignação diante de uma suposta certeza de Lara prendem a atenção do telespectador ao fazer com que haja identificação com a situação. Provavelmente todos nós já erramos um destes testes simples em algum momento.

A história com pouco mais de 20 minutos continua com a indicação que a personagem tem a chance de ser 87% um robô, segundo um quiz online, e a essência incômoda da ficção científica começa a reluzir. Conversas entre humano e máquina existem há cerca de 60 anos, com a criação do chatbot Eliza, e com o avançar dos anos é cada vez mais comum, de fato.

Seja aquele número para marcar consultas ou o serviço de atendimento ao cliente das operadoras, a Inteligência Artificial rodeia as esferas da vida cotidiana e vem evoluindo rapidamente. Tome como exemplo o robô humanoide que já foi capa de revista e é considerada cidadã saudita, Sophia, da Hanson Robotics desenvolvido em 2015. Ou ainda os influencers virtuais com milhões de seguidores do Instagram hoje como a carismática Lu da empresa de varejo brasileira, Magazine Luiza.

Robô Sophia
Sophia foi inclusive ao Talk Show do apresentador norte-americano Jimmy Fallon - Foto: Hanson Robotics / Divulgação

Parece que a barreira entre o físico e digital, natural e artificial vem sendo quebrada, como aborda a obra de Margareth Boarini, “Dos humanos aos humanos digitais e os não humanos”, lançada em julho do ano passado pela editora Estação das Letras e Cores. O primeiro livro da doutora em tecnologias da inteligência e mestre em comunicação se aprofunda nesses casos de coexistência entre robôs e pessoas, porém, até onde se sabe as diferenças entre máquinas e humanos são perceptíveis, ainda. 

Mas como uma boa teoria de ficção científica, o documentário explora justamente um possível futuro da humanidade, em que máquinas e humanos serão indistinguíveis, A saga de Lara por respostas acaba com a revelação de que Daniël (Henry van Loon), marido da personagem, a encomendou sob medida há alguns anos, como se faz com uma roupa hoje.

Suas memórias, sentimentos e até mesmo relações com outras pessoas, ou robôs, são todas fabricadas, como uma versão muito mais avançada do robô Sophia. A comédia permeia a narrativa um tanto quanto impensável aos olhos de hoje, mas curiosa. A seriedade da executiva da empresa que fabricou Lara, Pam (Thekla Reuten) cria uma atmosfera cômica ao assunto, completada pela tranquilidade que Daniël fala sobre sua “aquisição”.

Parren entrega uma atuação que transborda indignação, e o trabalho cinematográfico é inteligente, com cortes que acompanham a visão de Lara. Sobre o ambiente que o filme se passa, todas as gravações foram no CBR Building em Bruxelas, e a ambientação feita com cores vibrantes e apenas carros de época no estacionamento propõe um contraste entre antigo e moderno, frio e robótico, quente e humano. 

O desfecho se dá com o desejo da protagonista de ser dona do próprio destino, relegando o fato de não poder morrer antes de seu “dono”. Isso pode ser visto talvez como uma negação em aceitar a única coisa que a diferencia de um humano, ou como uma mensagem da autora da obra sobre uma rebelião das máquinas.

Fato é que Lara se joga do topo do prédio, em um take muito inteligente por parte da direção ao filmar de cima, e que apesar de pesado e grotesco consegue ser engraçado e não desagradável aos olhos. Tal qual uma morte comum, há muito sangue saindo do corpo, as necessidades fisiológicas também são como de humanos, mas após alguns instantes a robô volta à vida.

Lara e Daniel em um Volkswagen Fusca azul
Com cinematografia cativante e enredo inesperado, é um Sci-Fi cômico e dramático - Foto: Indie Shorts Mag / Reprodução

Incômodo e perspicaz são boas palavras para definir a quinta produção de Warmerdam, que a fez faturar uma série de prêmios internacionais incluindo o Oscar de Melhor Curta-metragem deste ano. Sua produção também se destaca por ser carbono neutro, com o plantio de uma agrofloresta na Holanda para compensar as emissões de gás carbônico (CO2) da obra.

I’m Not a Robot está disponível de forma gratuita no YouTube desde o dia 15 de novembro de 2025 no canal The New Yorker, com legendas apenas em inglês ou holandês. Mesmo com essa barreira linguística, o choque final é inevitável, e a reflexão provavelmente também, se o seu cérebro não estiver se perguntando se você pode ser também um robô.

As operadoras Claro, Vivo e Tim arremataram três lotes na faixa de 3,5 GHz (gigahertz), considerada a principal do leilão.
por
Letícia Coimbra
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04/11/2021 - 12h

Na manhã desta quinta-feira 04/10, a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) iniciou a sessão destinada ao leilão de quatro frequências do 5G, a nova geração de internet móvel. Quinze empresas estão disputando lotes da tecnologia. O leilão acontece com a análise das propostas de quatro frequências (700 MHz (megahertz); 2,3 GHz (gigahertz); 3,5 GHz; e 26 GHz) divididas em blocos nacionais e regionais. Além disso, cada faixa tem uma finalidade específica.

As operadoras Claro, Vivo e Tim arremataram as principais faixas, ficando com as frequências de 3,5 GHz (gigahertz), que permite uma velocidade 100 vezes mais rápida que o 4G, porque trabalha com ondas mais curtas e rápidas, levando maior quantidade de dados. A Claro conseguiu o primeiro lote (B1) por R$ 338 milhões, a Vivo adquiriu o segundo lote (B2) por R$ 420 milhões e a Tim arrematou o terceiro lote (B3) por R$ 351 milhões. Não houve proposta para o quarto lote.

A Winity II Telecom Ltda , associada ao Fundo Pátria, ganhou a disputa pelo primeiro lote da faixa de 700 MHz (megahertz), que possibilita o oferecimento do serviço em todo o território nacional. Desse modo, o Brasil contará com uma nova operadora de serviço móvel autorizada a oferecer serviço em todo o país. De acordo com as obrigações previstas no edital, ela terá que levar internet a 31 quilômetros de rodovias federais e aos locais que não tem 4G.

Outra nova operadora é a Brisanet, que levou o lote C4 do Nordeste de 3,5 GHz por R$ 1,25 bilhão e o lote C5 por R$ 105 milhões. Com isso, ela se compromete a levar o 5G a todos os municípios com menos de 30 mil habitantes nos nove estados do Nordeste.

Com a ação, o governo espera levantar cerca de R$ 49,7 bilhões, sendo que do total, R$ 3,06 bilhões vão para o pagamento de outorgas, R$ 7,57 serão destinados a garantia de internet nas escolas básicas e o restante deverá ser utilizado nas demais obrigações de investimento do edital.

 

Agência Brasil - Marcello Casal Jr
Foto: Marcello Casal Jr -  Agência Brasil

O que muda com essa tecnologia?

  • O 5G promete conexão extremamente rápida, estabilidade e tempo de resposta ágil. Isso porque trabalha com ondas mais curtas e rápidas, levando maior quantidade de dados. Porém o fato de serem curtas traz a necessidade de haver mais antenas instaladas.

  • A latência, que causa atraso em videochamadas, irá diminuir, uma vez que a informação percorrerá a rede mais rápido.

  • Conexão entre vários dispositivos ao mesmo tempo, pets com coleira conectadas, semáforos, drones, relógios, etc, pois o 5G suporta mais dispositivos ligados juntos

  • Possibilita a operação de carros autônomos e linhas de produção automatizadas, além do avanço da telemedicina devido a menor quantidade de atrasos na transmissão de dados

 

Os malefícios das telas para as crianças podem ser muito maiores que os benefícios pensados pelo consenso geral.
por
Julia Nogueira
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05/11/2021 - 12h

Por Julia Nogueira

Entre os virais da Internet desse ano surgiu uma menina de menos de 2 anos, Alice, que ficou conhecida por “falar palavras difíceis”. Em entrevista à BBC Brasil, sua mãe, Morgana Secco, afirma: “ela não vê nada de televisão e nem usa nada de celular, ela nem sabe que isso existe.” Mariana Fraga, estudiosa no assunto sobre o impacto das telas na vida das crianças, conta que percebeu que “as crianças estavam perdendo sua infância”, e a preocupação resultou na sua atuação como profissional ajudando famílias com o problema da dependência de telas enfrentado por muitos.

Pela visão da maioria, o cenário atual, com os chamados Nativos Digitais (crianças que já nasceram imersas nesse mundo conectado), criou-se uma lenda de que essas crianças seriam como ninjas digitais e os pontos positivos representados pelas telas seriam muito maiores que os malefícios, ideia que contraria a maioria dos estudos que vêm sendo realizados constatando os problemas de desenvolvimento infantil, como problemas na fala, no sono, emocionais, cognitivos, entre outros.

Em 2020, a Sociedade Brasileira de Pediatria atualizou as recomendações do uso de telas na infância, para crianças de 0 a 2 anos, por exemplo, a recomendação é de que não devem ser usadas. Mariana afirma que “não há nada que substitua a interação humana, as telas representam uma relação passiva, unilateral”. Ela ainda alerta sobre “o uso de telas como babá, que faz com que a criança perca a oportunidade de se desenvolver emocionalmente.”

Dados mostram que nos países ocidentais, entre 2 e 8 anos de idade, a média em frente às telas é de 2h45min diariamente; entre 13 e 18 anos, essa média chega perto de 7h15min. Fraga ainda avisa que o propósito não é demonizar as telas, elas existem e deve-se saber lidar com isso. O grande problema está em como elas são utilizadas. “Quem apresentou as telas para as crianças foi um adulto”, atenta ela, “e cabe a esse mesmo adulto tornar o brincar interessante também”, avalia.

Essa relação passiva com as telas traz outro problema: “Todo momento de criação certamente foi precedido pelo tédio. Ele é importante para a criança observar seu entorno, inventar, imaginar e usar a criatividade”, assegura a especialista em telas. A maior parte do conteúdo virtual consumido pelas crianças é ‘pronto’, se até adultos sofrem com o vício em telas, a criança com o cérebro em formação não consegue perceber esses problemas, como tem alertado os estudos.

Para além disso, mesmo com a supervisão dos pais, muitas crianças acessam conteúdos inapropriados nas plataformas que costumam utilizar. Mesmo o Youtube Kids recomenda vídeos que aparentam inofensivos, mas o algoritmo não percebe que é um conteúdo adulto. Cada vez mais os estudiosos vêm afirmando que quanto mais tempo puder afastar as telas das crianças, melhor. Afinal, ela terá muito tempo quando for adulta para lidar com elas.

Mariana também sustenta a importância do diálogo, e que a criança deve entender que o celular ou o computador é uma ferramenta para o adulto, que não deve ser entendido como forma de punição ela não ter esse acesso. E que o tempo fora das telas, dos pais com a criança, deve ser aproveitado ao máximo, como relembra ela do isolamento social causado pela Covid-19: “A pandemia veio para piorar uma situação que já não estava boa”, afirma. A falta de rede de apoio na quarentena, sem avós ou tios, com as famílias trabalhando em home office só acabou aumentando a demanda dos eletrônicos para as crianças.

Fraga também ressalta que “não existe uma idade em consenso de quando uma criança pode ter um celular, existe se o cuidador está ou não preparado para orientar o filho a ter um celular”, e que a dependência infantil das telas “é reversível, mas os pais precisam querer mudar”, apesar das sequelas no desenvolvimento, tratadas pelos estudos, serem um mistério para o futuro adiante. “Uma criança sem telas é até mais feliz, eu diria”, reflete.  

Como os avanços da ciência e um ato de solidariedade mudaram a vida de um jovem professor.
por
Dayres Vitoria
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05/11/2021 - 12h

Alisson Godói, professor de inglês de Taguatinga (DF), há 38 anos nunca pode enxergar com plenitude a vivacidade das cores à sua volta. Diagnosticado cedo como um caso de daltonismo - distúrbio da visão que interfere na percepção das cores causada por uma alteração no pigmento dos cones, ou a ausência dessas células fotorreceptoras - ele já havia perdido as esperanças de que algum dia enxergaria o mundo verdadeiramente como ele é.  Entretanto, tudo mudou em sua vida quando foi surpreendido em junho deste ano por um ex-aluno seu. 

Leo Vieira, ex-aluno de Alisson, que atualmente reside nos Estados Unidos, aproveitou sua vinda ao Brasil para presentear seu ex-professor com nada menos que um óculos especial que possibilita as pessoas com daltonismo, como é o caso de Alisson, de enxergarem as cores. A história do professor de inglês marcou tanto a vida do estudante que ele foi pessoalmente à Brasília entregar o presente e o encontro com o educador, depois de alguns anos sem se verem, foi só emoção.   

“Parecia que eu tinha um filtro da rede social do Instagram nos olhos. A camiseta dele (do ex-aluno), a cor do carro, o tronco da árvore, o marrom, o verde... (...) Do lado da minha casa tem uma creche que o portão dela é todo colorido, o chão é colorido...sério, me arrepio”, descreve o professor ao utilizar pela primeira vez o acessório ainda na presença de Leo.     

A visão de um daltônico  

Para entender melhor como funciona a visibilidade de um daltônico, quadro que Alisson apresenta, é necessário compreender a funcionalidade dos cones.  São essas células que possibilitam a percepção de cores.  Cada uma delas é responsável por uma das cores primárias (azul, verde e vermelho). São estes cones que apresentam deficiência para os daltônicos e, por isso, ocorre a falta de percepção das cores. Apesar dos avanços conquistados, o daltonismo ainda não tem cura, contudo, desde que o portador esteja ciente de sua condição e saiba respeitar suas limitações, ele poderá viver   sem muitas conturbações. 

A condição ficou conhecida como tal devido a John Dalton (1766-1844), físico-químico inglês que apresentava a condição e descrevia seus próprios sintomas. De acordo com a OMS, a doença atinge 350 milhões de pessoas no mundo, somente no Brasil são 8 milhões. Em meios aos progressos da área, a mais famosa tecnologia atual talvez seja a dos óculos de marcas com Enchroma e Pilestone, como os que Godói recebeu. Contudo, os óculos não tornam a visão de um daltônico semelhante a visão de alguém que não apresente a condição. Além disso, esses acessórios não atendem igualmente os diferentes tipos de daltonismo, porém, não deixam de ser uma grande vitória para aqueles que não podem enxergar as cores com nitidez. 

Os avanços na área  

Os óculos especiais para daltônicos, como o que Alisson recebeu, possuem lentes com coloração especial, que ajudam uma pessoa com deficiência na visão das cores a enxergá-las mais nitidamente. Ainda que esse equipamento não “cure” o daltonismo, ele proporciona aos portadores a possibilidade de enxergarem as cores vibrantes ao menos enquanto estiverem fazendo uso dos óculos.  

Graças aos avanços da ciência associados com o alto desenvolvimento tecnológico, existem outras formas de inovações criadas e pensadas para que haja a inclusão dos daltônicos no meio digital também. Color Enhancer, é um grande exemplo.  Trata-se de uma extensão para o Google Chrome que permite que você ajuste as cores em todas as páginas para seu grau específico de dificuldade de percepção cromática. Desse modo, para quem tem dificuldades em diferenciar cores, essa extensão permite que todas as páginas acessadas via Chrome ganhem um filtro customizável de realce. O Dalton também é outra extensão que permite ajustar os níveis das cores de acordo com o tipo de daltonismo. O lema deles são:  "Ajudar as pessoas a ver o mundo colorido". 

Outros recursos criados para facilitar o cotidiano de quem apresenta o quadro de daltonismo inclui desde ferramentas de filtro de tela em sistemas operacionais como o Windows, que aumentam os contrastes de cores à aplicativos de celular sincronizados com os semáforos, que alertam sobre as mudanças.  Portanto, já existem soluções, e muitas ainda estão por vir, cujo objetivo é facilitar e promover a inclusão social dos daltônicos.   

A importância da solidariedade 

Mesmo com o desenvolvimento da ciência que busca cada vez mais melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, inclusive daqueles que apresentam algum quadro de anormalidade ou de deficiência em qualquer grau ou categoria que seja, a área de estudos do daltonismo continua necessitando de grandes investimentos e devido ao alto custo desses estudos, os produtos finais elaborados a partir dessas pesquisas não saem nada baratos. Por isso, seus valores acabam sendo altos e pouco acessíveis, como foi para o professor Alisson que necessitou ser presenteado com os óculos especiais por se tratar de um produto caro. Diante disso, atos de solidariedade, como o do ex-aluno Leo Vieira, fazem a diferença para aqueles que não possuem condições financeiras para bancarem suas necessidades especiais.    

Logo, são feitos assim, induzidos pela solidariedade e empatia, que podem transformar as histórias de diversas vidas e a maneira como percebem o mundo, seja na forma literal ou metafórica.  Como dizia Franz Kafka, um dos escritores mais influentes do século XX: “A solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana”.  

Algorítimos como RankBrain e conceitos como Machine Learning e Deep Learning colocam o futuro da espécie humana em questão.
por |
17/11/2021 - 12h

Por Maria Morales

O que há em comum entre as séries que o Netflix indica a um jovem espectador, um carro sem piloto que trafega veloz por uma rodovia no meio do deserto de Mojave, o mecanismo que busca reconhecer facialmente manifestantes nas ruas Hong Kong, a oferta de pizza que pisca no celular todo domingo ao final da rodada de futebol ou o ataque por drone contra alvo alegadamente terrorista em região inóspita do Oriente Médio? 
 
Inteligência é a resposta correta, mas não de qualquer tipo. Todos esses exemplos são aplicações da inteligência artificial, ou, mais simplesmente, IA, também conhecida como AI, do inglês Artificial Intelligence. Trata-se de um avanço tecnológico, que permite a sistemas simularem inteligência semelhante à humana, e tomar decisões independentes, precisas e apoiadas em dados digitais, de acordo com os estudiosos da área. Ela já afeta - e muito - a vida das pessoas.
 
Alguns avanços tecnológicos propiciaram esse protagonismo da inteligência artificial: grandes quantidades de dados e capacidade de analisá-los, também conhecidos como Big Data, são um deles. Outro, importantíssimo, também é conhecido por seu nome em inglês, machine learning, que traduz a crescente capacidade de computadores serem treinados para realizar tarefas pelo exemplo em vez da necessidade de serem programados por humanos. Quando as máquinas ficam ainda mais capazes de aprender, esse processo muda de status e passa a ser conhecido como deep learning.
 
As máquinas analisam grandes quantidades de dados, situações e hipóteses e chegam a suas próprias conclusões, ficando mais espertas com o tempo. É mais ou menos como se elas adquirissem a capacidade de aprender como crianças: o sistema absorve, analisa e organiza as informações (dados) de modo a entender e identificar o que são objetos, pessoas, padrões e reações de todos os tipos.
 
Ao mesmo tempo que trouxe  novas perspectivas de conforto, como poder usar um assistente de voz para acender as luzes ao escurecer, ligar o ar condicionado pouco antes da sua chegada em casa em dias de calor ou mesmo fazer análises sofisticadas e antes inimagináveis sobre a saúde de um paciente, existe um lado sobre máquinas inteligentes que assombra até mesmo grandes cientistas.
 
O renomado físico britânico Stephen Hawking (1942-2018) fez diversos alertas sobre os perigos do avanço fora de controle da inteligência das máquinas: "O desenvolvimento da inteligência artificial total poderia significar o fim da raça humana", afirmou. Ele próprio foi um usuário de avançados sistemas para lidar com sua dificuldade de comunicação decorrente de ser portador de esclerose lateral amiotrófica (ELA), uma severa doença degenerativa. Para Hawking, as formas primitivas de inteligência artificial desenvolvidas até então seriam úteis, mas ele manifestou seu temor em relação a elas.  Para ele, as máquinas serão capazes de avançar por conta própria e se reprojetar em ritmo sempre crescente. "Os humanos, limitados pela evolução biológica lenta, não conseguiriam competir e seriam desbancados."
 
Para além do cenário distópico, a inteligência artificial tem sua gênese na academia. Décadas atrás, em 1956, o professor John McCarthy em uma conferência de especialistas em Darmouth Colege, chamada “O Eros Eletrônico”, definiu como “a ciência e a engenharia de produzir máquinas inteligentes" (ver quadro abaixo). Essa ideia é a antecessora dos hoje onipresentes algoritmos, definidos de modo bastante simplificado como uma receita, ou uma sequência finita de ações, para executar uma tarefa ou resolver um problema. Do início até agora, essa tecnologia se encorpou bastante e hoje dá munição para os futurólogos de modo geral. Alguns deles já imaginam a quarta revolução industrial, marcada pela convergência de tecnologias digitais, físicas e biológicas, impulsionadas pela IA. 
 
O fato é que a revolução parece estar em curso e um de seus líderes é ele, o Google. Seus produtos empregam processos de machine learning. No Google Fotos, o usuário consegue encontrar objetos e situações específicos, como “abraços”, “gatos” e “cores”. O filtro de spam do Gmail é impulsionado por machine learning e a busca usa o algoritmo RankBrain para aprimorar o ranqueamento dos links. O Facebook também faz das suas. E, naturalmente, como vários processos movidos nos Estados Unidos e Europa contra os gigantes da tecnologia, nada parece indicar que elas contam tudo que fizeram no último verão. Ao cidadão e consumidor resta ficar bem atento e afiar as garras da inteligência, aquela, a tradicional, para não comprar gato por lebre.

 

Linha do tempo de grandes marcos da Inteligência Artificial


1956
O Dartmouth Summer Research Project on Artificial Intelligence cunhou o nome de uma novo campo de conhecimento, que busca desenvolver software inteligente como seres humanos.


1965
O primeiro chatbot é criado por Joseph Weizenbaum no MIT. Com o nome de Eliza, ela faz as vezes de psicoterapeuta.


1975
Meta-Dendral, um programa desenvolvido na Universidade de Stanford para interpretar análises químicas, levou a que as primeiras descobertas feitas por um computador fossem publicadas em uma publicação científica.


1987
Uma perua da Mercedes com duas câmeras e alguns computadores trafegou sem piloto por 20 quilômetros em uma pista rápida alemã a mais de 80 km por hora, em um projeto acadêmico liderado pelo engenheiro Ernst Dickmanns.


1997
O computador da IBM Deep Blue derrota o campeão mundial de xadrez Gary Kasparov.


2004
O Pentágono apresenta O Darpa Grand Challenge, uma corrida para carros robôs no Deserto Mojave Desert  que acelera a indústria dos carros autônomos.


2012
Pesquisadores de um campo denominado Deep Learning aceleram o interesse corporativo ao mostrar que suas ideias poderiam fazer o reconhecimento de discurso e imagem muito mais preciso.


2016
AlphaGo, criada pela unidade DeepMind, do Google, derrota um campeão mundial do jogo de tabuleiro Go.


(Fonte: Wired).

 

Referências para o texto: BBC, Tecnoblog e Wired.

Como as redes e os padrões da sociedade influenciam na construção do ser.
por
Júlia Takahashi
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01/11/2021 - 12h

Por Júlia Sayuri Takahashi

Com o fortalecimento das tecnologias, após a Terceira Revolução Industrial, a sociedade passou a depender gradativamente das máquinas, da Internet e das redes sociais. Consequência da intensificação do processo econômico, político e cultural: a globalização. Tornando os veículos de comunicação e informação cada vez mais aperfeiçoados, o advento das redes sociais criou um ambiente provocador de muitos debates e possibilitou maiores conexões virtuais.

O professor do Instituto Federal do Tocantins, graduado e licenciado em ciências sociais pela Universidade de São Paulo, Paulo André Kulsar, comenta sobre como a sociedade se comporta nesses diálogos:

“As redes sociais têm potencial para um diálogo saudável, mas isso depende da força de vontade de quem está dialogando. Pois esse contato, mediado pela tecnologia, pode gerar uma sensação de proteção, então as pessoas eliminam o filtro do risco de ser bem compreendidas [...] Outro problema são os algoritmos, as empresas que controlam as redes sociais, estão preocupadas em gerar engajamento, esse é o foco, não é a relação pessoal; tendem a fortalecer as questões mais polêmicas, mais radicalizadas, isso prejudica o diálogo saudável, quando se intensifica a polêmica atrapalha o diálogo".

Pensadores acreditam que as relações sociais passaram a ser mais superficiais, devido à impaciência que a sociedade passou a ter. Somada a cultura criada, devido a instabilidade econômica mundial vivida durante a Terceira Revolução Industrial e o surgimento das novas tecnologias, focada no consumo, ambiciosa pelo dinheiro e o trabalho, consequentemente menos tempo para construir uma relação duradoura.

A principal obra de Zygmunt Bauman, Modernidade Líquida, questiona essas transformações sociais que foram trazidas pelo capitalismo globalizado.

"Fluidez é a qualidade de líquidos e gases. (...) Os líquidos, diferentemente dos sólidos, não mantêm sua forma com facilidade. (...) Os fluidos se movem facilmente. Eles “fluem”, “escorrem”, “esvaem-se”, “respingam”, “transbordam”, “vazam”, “inundam” (…) Essas são razões para considerar “fluidez” ou “liquidez” como metáforas adequadas quando queremos captar a natureza da presente frase (...) na história da modernidade".

Com essa superficialidade das relações, a sociedade acaba criando um Admirável Mundo Novo dentro dessas redes, da qual todos devem seguir um padrão de beleza, inteligência, felicidade e liberdade. As pessoas criam um ideal do “perfeito” sobre um dos usuários que encaixam na maioria dos padrões ou então que transmitem isso pelas redes sociais e acabam colocando-os como espelhos.

Porém, quando a expectativa sobre o perfeito não é atingida, o usuário entra no processo da cultura do cancelamento, ou seja, por uma atitude de ódio ou às vezes mal interpretada, a pessoa não mais se encaixa no ideal de perfeito, portanto, não deve ocupar o lugar de espelho, anulado-a desse pódio.

Ademais, a vida das pessoas ficam cada vez mais expostas na internet, dando abertura para qualquer comentário, opinião e preconceito. Não significa que o comportamento esteja eticamente correto, porém devido à construção da cultura do cancelamento, criou-se também uma "liberdade utópica", da qual se vêem no direito de fazer o que quiserem por trás de um dispositivo.

“As pessoas são canceladas não por aquilo que elas representam socialmente, mas por uma declaração infeliz, muitas vezes. As pessoas criam uma expectativa de que aquela figura vai te atender, esse que é o mote das redes sociais [...] você nunca vai achar uma pessoa que vai pensar igual a você, querem cancelar todos que pensam diferente, logo se encontra em uma bolha tão restrita que não entenderá o que está acontecendo no mundo, você restringe a própria comunicação entre as pessoas, a própria relação com sociedade da qual não é homogênea, aí entramos em uma sociedade que se aproxima do fascismo, obriga o pensamento igual de todo mundo, se não você vai ser cancelado”, comenta o professor.

Nesse fascismo das redes sociais, a sociedade se encontra rodeada de pessoas que se aproximam quanto a certos pensamentos e opiniões, assim, tendem a entrar em um monólogo e acabam não buscando o aprofundamento em diferentes assuntos.

Kulsar acrescenta “o aprofundamento até existe, mas há o viés de confirmação, que o indivíduo tenta justificar suas ideias a partir das ideias dos outros. Não estão em busca de novas informações, apenas justificar suas ideias. Então, acabam se aproximando de pessoas que monologam com você, esse viés que vai consolidar sua crença, mesmo que esteja errada. E assim entramos no pensamento da Fake News. O aprofundamento existe, mas é enviesado, as pessoas não querem ampliar as fontes de informação, a tendência é restringi-las ."

Ao mesmo tempo em que a tecnologia facilitou a comunicação e os laços sociais, ela acabou isolando as pessoas do físico. Influenciando cada vez mais a maneira de pensar, agir e sentir, afundando-nos a esse consumo insistente das redes a todo momento.