Por Júlia Sayuri Takahashi
Com o fortalecimento das tecnologias, após a Terceira Revolução Industrial, a sociedade passou a depender gradativamente das máquinas, da Internet e das redes sociais. Consequência da intensificação do processo econômico, político e cultural: a globalização. Tornando os veículos de comunicação e informação cada vez mais aperfeiçoados, o advento das redes sociais criou um ambiente provocador de muitos debates e possibilitou maiores conexões virtuais.
O professor do Instituto Federal do Tocantins, graduado e licenciado em ciências sociais pela Universidade de São Paulo, Paulo André Kulsar, comenta sobre como a sociedade se comporta nesses diálogos:
“As redes sociais têm potencial para um diálogo saudável, mas isso depende da força de vontade de quem está dialogando. Pois esse contato, mediado pela tecnologia, pode gerar uma sensação de proteção, então as pessoas eliminam o filtro do risco de ser bem compreendidas [...] Outro problema são os algoritmos, as empresas que controlam as redes sociais, estão preocupadas em gerar engajamento, esse é o foco, não é a relação pessoal; tendem a fortalecer as questões mais polêmicas, mais radicalizadas, isso prejudica o diálogo saudável, quando se intensifica a polêmica atrapalha o diálogo".
Pensadores acreditam que as relações sociais passaram a ser mais superficiais, devido à impaciência que a sociedade passou a ter. Somada a cultura criada, devido a instabilidade econômica mundial vivida durante a Terceira Revolução Industrial e o surgimento das novas tecnologias, focada no consumo, ambiciosa pelo dinheiro e o trabalho, consequentemente menos tempo para construir uma relação duradoura.
A principal obra de Zygmunt Bauman, Modernidade Líquida, questiona essas transformações sociais que foram trazidas pelo capitalismo globalizado.
"Fluidez é a qualidade de líquidos e gases. (...) Os líquidos, diferentemente dos sólidos, não mantêm sua forma com facilidade. (...) Os fluidos se movem facilmente. Eles “fluem”, “escorrem”, “esvaem-se”, “respingam”, “transbordam”, “vazam”, “inundam” (…) Essas são razões para considerar “fluidez” ou “liquidez” como metáforas adequadas quando queremos captar a natureza da presente frase (...) na história da modernidade".
Com essa superficialidade das relações, a sociedade acaba criando um Admirável Mundo Novo dentro dessas redes, da qual todos devem seguir um padrão de beleza, inteligência, felicidade e liberdade. As pessoas criam um ideal do “perfeito” sobre um dos usuários que encaixam na maioria dos padrões ou então que transmitem isso pelas redes sociais e acabam colocando-os como espelhos.
Porém, quando a expectativa sobre o perfeito não é atingida, o usuário entra no processo da cultura do cancelamento, ou seja, por uma atitude de ódio ou às vezes mal interpretada, a pessoa não mais se encaixa no ideal de perfeito, portanto, não deve ocupar o lugar de espelho, anulado-a desse pódio.
Ademais, a vida das pessoas ficam cada vez mais expostas na internet, dando abertura para qualquer comentário, opinião e preconceito. Não significa que o comportamento esteja eticamente correto, porém devido à construção da cultura do cancelamento, criou-se também uma "liberdade utópica", da qual se vêem no direito de fazer o que quiserem por trás de um dispositivo.
“As pessoas são canceladas não por aquilo que elas representam socialmente, mas por uma declaração infeliz, muitas vezes. As pessoas criam uma expectativa de que aquela figura vai te atender, esse que é o mote das redes sociais [...] você nunca vai achar uma pessoa que vai pensar igual a você, querem cancelar todos que pensam diferente, logo se encontra em uma bolha tão restrita que não entenderá o que está acontecendo no mundo, você restringe a própria comunicação entre as pessoas, a própria relação com sociedade da qual não é homogênea, aí entramos em uma sociedade que se aproxima do fascismo, obriga o pensamento igual de todo mundo, se não você vai ser cancelado”, comenta o professor.
Nesse fascismo das redes sociais, a sociedade se encontra rodeada de pessoas que se aproximam quanto a certos pensamentos e opiniões, assim, tendem a entrar em um monólogo e acabam não buscando o aprofundamento em diferentes assuntos.
Kulsar acrescenta “o aprofundamento até existe, mas há o viés de confirmação, que o indivíduo tenta justificar suas ideias a partir das ideias dos outros. Não estão em busca de novas informações, apenas justificar suas ideias. Então, acabam se aproximando de pessoas que monologam com você, esse viés que vai consolidar sua crença, mesmo que esteja errada. E assim entramos no pensamento da Fake News. O aprofundamento existe, mas é enviesado, as pessoas não querem ampliar as fontes de informação, a tendência é restringi-las ."
Ao mesmo tempo em que a tecnologia facilitou a comunicação e os laços sociais, ela acabou isolando as pessoas do físico. Influenciando cada vez mais a maneira de pensar, agir e sentir, afundando-nos a esse consumo insistente das redes a todo momento.
Por Ana Gabriela Piva Campanella
A relação entre meio ambiente, saneamento básico e o coronavírus é mais simples do que se imagina. A falta de estrutura afeta diretamente a transmissão do vírus, que pode ser encontrado no ar e na água. No Brasil, deve-se acrescentar outra relação: a pobreza.
Durante a pandemia, a desigualdade social ganhou ainda mais evidência. De acordo com dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o número de brasileiros em extrema pobreza triplicou entre agosto de 2020 e fevereiro de 2021: o país saltou de 9,5 milhões para 27 milhões de pessoas.
Para essa população, seguir as recomendações convencionais de prevenção à COVID-19 não é tarefa fácil. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), 10% das casas têm falta de água, pelo menos, uma vez por semana. O acesso à água potável é uma das instalações de saneamento básico.
Raul Santiago, morador do Complexo do Alemão, criou a hashtag #diáriodeumfaveladonapandemia poucos dias após a Organização Mundial da Saúde decretar a pandemia em março de 2020. Na ocasião, o morador e ativista social na ONG Papo Reto estava sem água em casa havia 3 dias.
Nas redes sociais, Raul ensina os moradores a lavarem as mãos com a menor quantidade de água. Em um tweet de abril de 2020, explicou como ele e a família costumam encher baldes e outros recipientes para estocar água em casa.
Com as dificuldades governamentais da pandemia, como falta de auxílio emergencial justo, muitos moradores não conseguem cumprir as medidas de isolamento social. Em entrevista à matéria, o médico infectologista da Sociedade Brasileira de Infectologia Renato Grinbaum falou como a estrutura local afeta o saneamento: “Em geral, a falta de saneamento vem acompanhada de domicílios com muitos moradores e falta de ventilação”, explicou.
O projeto "Estação de Tratamento de Efluentes Sustentáveis do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia", da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), confirmou a presença do vírus Sars-Cov-2 em esgotos perto dos hospitais da cidade. Isso facilita a possibilidade de infecção pelo contato com a água não tratada - o vírus resiste até 10 dias nesses locais.
Em entrevista ao Contraponto Digital, o médico infectologista, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia e professor na faculdade de medicina do ABC, Munir Aiub, apontou que o esgoto rastreia o coronavírus nos bairros. “O vírus é excretado pelas fezes e pela urina. Com a coleta de amostras de esgoto, podemos inferir como está a distribuição da doença em determinada região”, afirmou.
Aiub comentou sobre projetos não concluídos de tratamento de esgoto e criticou o Estado por não investir o suficiente no saneamento básico. Para o infectologista, o governo pode melhorar a situação ao investir o dinheiro das "coletas de impostos e arrecadação pela União” nos serviços de esgoto.
O infectologista afirmou que o ciclo de doenças e internações continuarão existindo caso o governo federal, municipal ou estadual não olhe para o saneamento básico. Em 2018, dados do Trata Brasil registraram 233.880 internações e 2.180 óbitos por doenças causadas em função do contato com esgoto.
Por Ana Gabriela Piva Campanella
Era só mais um dia comum da semana no meio da pandemia. Terminei de trabalhar e decidi navegar pelo streaming - dentro de tantas opções em canais como Disney+, HBO Max, Globoplay ou Amazon, escolhi a série documental “This Is Pop”, da Netflix. O seriado, como o próprio nome diz, fala de algo que me interessa muito: música. Com o título “auto-tune”, o segundo episódio lembrou da vez em que fiz um curso sobre mercado da música no Mundo Pensante e estudei como a tecnologia caminha lado a lado com a música. Era sobre isso que o capítulo dois tratava: tecnologia do auto-tune.
O lançamento, porém, gerou um tabu: virou segredo na mão de muitos produtores. A música “Believe”, da cantora Cher, é um exemplo disso. No topo das paradas da Billboard Hot 100 em 1999, ninguém entendia o som “alienígena” que explodia no refrão.: o auto-tune. é possível perceber o efeito com 44 segundos de música, por exemplo. Depois de muito questionamento, os produtores britânicos Brian Rawling e Mark Taylor reveleram a nova ferramenta. Virou uma febre entre os artistas.
No entanto, o rapper T-Pain foi quem recebeu mais crítica por isso - e um dos que mais usou o auto-tune. Inseguro de mostrar a própria voz e não se destacar no meio, procurou novas formas de se diferenciar dos outros músicos e produtores. Foi quando encontrou, no começo do século, a criação de Hildebrand. Ele recebeu tanta crítica que chegou a sofrer com depressão. Principalmente, quando o também artista e seu amigo Usher disse para T-Pain que ele “havia estragado a música” para “cantores de verdade”. No entanto, em 2021, é raro encontrar quem não use auto-tune.
Pensando nisso, creio que Usher disse para T-Pain que ele havia estragado a música por duas razões: a primeira, por não ver o futuro; a segunda, por competição e inveja. Apesar de ganhar respeito apenas quando cantou no Tiny Desk, um programa de música acústica e ao vivo, o rapper ajudou a espalhar o uso da nova tecnologia e marcar uma geração inteira. O que prova que o auto-tune veio para crescer com o mercado — e ficar.
Como o músico independente Gabriel Buchmann define, auto-tune é “um software proprietário de correção” de som. Já voltaremos a falar dele. Criado pelo engenheiro Andy Hildebrand, especializado em processamento de dados sísmicos, a técnica foi inventada quando uma cantora pediu para ele criar uma “caixa que afinasse sua voz”. O artista conta ainda que a ferramenta tecnológica “deixou de ser uma muleta para os músicos”. Como a própria Folha de S. Paulo menciona, “virou instrumento musical” por se tornar padrão para qualquer tipo de produção atualmente. “Não usar [auto-tune] acaba sendo mais uma escolha estética e artística do que ao contrário”, pontua. “Atualmente, é muito mais usado como uma finalização de som — é uma forma de deixar tudo muito coeso”, explica.
Para ele, muitas pessoas criticam o auto-tune “sem saber o que é direito”, quando muitos artistas usam a ferramenta para causar efeito musical. Exemplo disso é o último disco da Billie Eilish, “Happier Than Ever”, que traz distorções sonoras em faixas como “NDA” - outro hit da Billboard. “Acho que tem essa ideia de que você está escondendo algo [ao usar auto-tune] quando, na verdade, essa correção é realmente um pente fino”, finaliza.

Buchmann também costuma usar o autotune em suas canções. No final de outubro de 2022, lançou o disco de estreia de sua carreira, ‘Planaltos e Abismos’, em que podemos reparar nos efeitos sonoros em canções como ‘De Novo’ – a partir do 15º segundo.
Antes do novo trabalho, o músico criava vídeos covers com o uso de autotune. É possível reparar nas distorções sonoras na canção “Delicate”, de Taylor Swift, na versão de Buchmann. Assim que começa, ouvimos a voz do cantor com uma espécie de eco – é, justamente, o efeito musical do qual estamos falando. Em outro cover, como de “Bury A Friend”, da Billie Eilish, o artista também exibe seu conhecimento tecnológico ao começar a cantar.
A grande questão a ser respondida é que, ao contrário do que Usher disse à T-Pain, o autotune não é inimigo dos músicos, mas amigo. É uma ferramenta que, como qualquer outra, pode ser utilizada para um fim: seja afinar a voz, causar efeitos sonoros ou estabilizar algum som. De acordo com Rick Manzano, “a música e a tecnologia caminham juntas”. Para que, então, demonizar um meio que se tornou instrumento musical na mão de muitos artistas e abriu novas possibilidades para a indústria?
Por Marcela Foresti
A pandemia certamente mudou a vida e os hábitos de consumo de todos. Marcas precisaram modificar sua abordagem e até seus produtos, para se adaptar às novas necessidades vindas com este período.
No mundo da moda, o modo virtual, uma tendência que começou antes da pandemia e era pouco conhecida, ganhou forças nesse contexto e se tornou favorita de muitos que ainda queriam ter novos looks mesmo sem sair de casa.

A tendência é inspirada nos videogames e os modelos são feitos em softwares específicos e vendidos a preço de looks normais chegando a custar R$1.000. Algumas marcas proporcionam até desfiles virtuais para apresentar as novas criações.
As peças são vendidas virtualmente e enviadas ao e-mail do consumidor, assim ele pode baixar o modelo e usar em suas fotos sem precisar ter a peça da forma convencional.
O conceito basicamente funciona assim: o consumidor manda fotos dele no e-mail da marca e esta faz o desenho da peça em cima das fotos. Os modelos são exclusivos e contam com roupas e sapatos que trazem os selos que comprovam a exclusividade.

As grandes marcas acreditam que este será o futuro da moda, já que para eles é um modo sustentável de manter a alta costura e ainda dá abertura para que a peça possa ser produzida depois para o consumidor na versão tradicional.
A estilista Suely dos Santos Galdino dona da marca Feira Moderna explica que esta forma de produzir moda já existia e era usada um tanto mais na Europa. “Isto cresceu com a pandemia, mas acredito que veio para ficar.”, conta.

Assim como ela, a também estilista Veruska dos Reis Conceição dona da marca Vená, acredita que este processo vai contra o fast fashion e ajuda na sustentabilidade, já que evita peças paradas no estoque. “Trabalhei muito tempo no bom retiro em SP e fico escandalizada com a quantidade de peças paradas no estoque, mas com a produção a todo vapor.”, conta.
Esta forma de produzir moda ainda está criando seu espaço e tende a crescer cada vez mais, afinal a moda se ajusta a todas as formas de tecnologia.
Por Rodrigo Mendonça
Recentemente a reitoria da PUC-SP autorizou a realização de alguns eventos presenciais em seu campus Monte Alegre sinalizando a volta parcial das atividades da universidade fora do ambiente digital. Para que isso fosse possível, a mantenedora da universidade a Fundação São Paulo contratou os serviços da consultoria do hospital Sírio-Libanês que é uma divisão da área de projetos do hospital desenvolvida em 2013 para desenvolver protocolos de saúde por exemplo. As medidas incluem o uso de máscaras durante a permanência no campus, o distanciamento de um metro e meio entre duas pessoas, a constante higienização das mãos e a maior ventilação dos ambientes evitando ao máximo o uso de ventiladores.
Foi organizado um extenso documento de apoio a retomada escrito pelos integrantes da consultoria do hospital detalhando todos esses protocolos. Além de tratar sobre cuidados individuais, o documento também detalha sobre como espaços de uso coletivo devem ser limpos e higienizados.
Somente as salas dos campi da PUC que permitirem a circulação adequada de ar e a distância de aproximadamente dois metros entre as carteiras poderá receber alunos e professores mas com uma lotação máxima reduzida e permanência máxima de quatro horas apenas e indo somente em até duas vezes na semana.
Para a elaboração desses protocolos primeiro foram consideradas as diretrizes municipais, no caso a Prefeitura de São Paulo e na possibilidade de falta dessas diretrizes total ou parcial prevalecerá o que foi adotado pelo governo estadual e em última instância, as boas práticas e diretrizes elaboradas e adotadas pela consultoria. Foi também levado em conta que a COVID-19 é uma doença nova e ainda sem muito conhecimento e que por esses motivos as diretrizes e protocolos podem ser revistos ao longo do tempo.
Segundo o Dr. André Osmo que coordena a elaboração dessas medidas, a decisão pela volta as atividades presenciais se deu pelo avanço notável da vacinação contra a COVID-19 no Brasil e mais especificamente no Estado de São Paulo.

No caso dos funcionários e professores da universidade, todos passarão pela medicina do trabalho que vai avaliar as condições de saúde desse funcionário ou professor para volta as atividades presenciais. Será considerado idade e/ou comorbidades existentes.
Segundo o Dr. Osmo pessoas com mais de 60 anos e/ou de qualquer idade acima de 18 anos que sejam imunodeprimidos por quaisquer motivos, tem uma proteção imunológica reduzida, o que reforça algumas medidas adotadas de vacinação principalmente com a dose de reforço para pessoas desses grupos, mas cada caso, segundo o Dr. Osmo deve ser avaliado individualmente com um médico.
Para que fosse liberado a volta as atividades presenciais tanto nos prédios de aulas nos campi da PUC quanto nos teatros TUCA e TUCA ARENA foi realizada uma vistoria de quais espaços estão aptos para receber a volta e onde foi aprovado, aconteceram modificações pra se adequar aos protocolos de saúde.