Cientistas brasileiros deixam o País em busca de melhores oportunidades no mercado científico
por
Brenda Martins
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19/11/2024 - 12h

Por Brenda Costa Martins

 

Enquanto nossos melhores pesquisadores são acolhidos por laboratórios estrangeiros e embarcam em direção aos países que valorizam a academia e a ciência, ficamos à margem das grandes inovações e descobertas científicas, como espectadores de um progresso que poderíamos estar liderando. A formação de cientistas no Brasil enfrenta uma crise profunda, marcada não por apenas dificuldades estruturais como a escassez de equipamentos em Universidades e laboratórios, mas também pela falta de incentivo à estudantes para que sigam na área acadêmica de pesquisas, além das oportunidades limitadas desse marcado no país. Nos últimos anos, temos assistido a uma crescente “fuga de cérebros” — fenômeno em que profissionais qualificados, principalmente cientistas e pesquisadores, optam por desenvolver suas carreiras no exterior, sendo atraídos por melhores condições de trabalho e valorização profissional. Fuga que tem sido alimentada pela escassez de investimentos no campo da ciência e da tecnologia no país.

Desde 2015, cortes orçamentários intensos afetaram diretamente a manutenção de bolsas de estudo, o financiamento de projetos de pesquisa, bem como a continuidade de programas de pós-graduação em diversas áreas. Com menos verbas, muitos laboratórios foram fechados e projetos interrompidos, situação que acabou por criar um ambiente de insegurança e instabilidade para jovens pesquisadores que desejam contribuir com o avanço científico no país.

Nos centros de excelência, como a Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e a Universidade Federal do ABC (UFABC) doutores e mestres formados com alto nível de competência se deparam com um mercado de trabalho retraído. Apesar de contar com instituições de ensino que formam profissionais altamente capacitados, os cortes e as limitações severas no mercado de trabalho continua a fazer com que esses cérebros embarquem para o exterior buscando oportunidades de maior rentabilidade e visibilidade pois para muitos desses cientistas, o ambiente brasileiro se mostra inviável para o desenvolvimento de suas carreiras.  Mesmo entre os profissionais que conseguem uma colocação, as condições de trabalho são frequentemente limitadas, com infraestrutura insuficiente e salários que não condizem com o nível de formação e as exigências da carreira científica.

Esse êxodo de cientistas gera impactos econômicos e sociais observados em longo prazo. Ao investir na formação desses profissionais e, em seguida, vê-los partir para outros países, o Brasil perde o retorno desse investimento, bem como a possibilidade de desenvolver inovações e avanços tecnológicos que poderiam impulsionar setores como saúde, agronegócio e tecnologia. Fato que evidencia outro problema: Não é preciso investir apenas na educação básica e incentivo aos jovens cientista se, no futuro, eles não terão um lugar nas grandes corporações, já que as poucas que existem no país continuam não oferecendo benefícios tão competitivos quantos os de vagas alocadas no exterior, sedes dessas empresas.

Para cientistas como Paula Rezende, doutora em Biomedicina, a decisão de deixar o Brasil é dolorosa, mas necessária. Após anos lidando com infraestrutura insuficiente e atrasos em recursos para pesquisa, ela aceitou uma proposta de trabalho na Alemanha, onde encontrou o ambiente ideal para continuar seu trabalho. Casos como o de Paula são cada vez mais comuns, o que ilustra como o cenário nacional tem se tornado um impeditivo para o progresso da ciência e da carreira dos profissionais brasileiros. A falta de oportunidades no Brasil também gera uma lacuna na academia e nas universidades, onde a quantidade de concursos e oportunidades para docentes e pesquisadores é insuficiente para absorver os doutores formados a cada ano. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que cerca de 25% dos doutores no Brasil ficam fora do mercado de trabalho adequado à sua formação, o que leva muitos a buscar alternativas no exterior, onde há mais estabilidade e reconhecimento.

Elisabeth Balbachevsky, professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e coordenadora científica do Núcleo de Pesquisa de Políticas Públicas (NUPPs) da USP, tem outra visão. A professora tenta analisar um lado positivo desse fenômeno da "fuga de cérebros", as mentes que vão embora do Brasil buscando melhores oportunidades podem "se inserir em redes de pesquisa internacionais, o que poderá ter um impacto extremamente positivo, porque irão se tornar lideranças brasileiras e, uma vez de volta ao Brasil, trarão novas expertises e abordagens para o País", diz a pesquisadora. Uma vez que esses cientistas brasileiros conseguem cada vez mais se estabelecer nas gigantes da tecnologia, por exemplo, o país indiretamente está ganhando reconhecimento, o que pode fazer com que os olhos dessas grandes corporações se voltem ao Brasil. Ainda que a "fuga" desses pesquisadores seja prejudicial no início, com mais profissionais produzindo ciência de qualidade em um ambiente no exterior que comporta suas necessidades, podemos colher frutos no futuro. Afinal, para que grandes corporações se desenvolvam no país, é preciso ver que a população tem capacidade de produzir recursos que possibilite sua expansão.

Outro fator que importante ser destacado é a busca pelo incentivo ao empreendedorismo desses jovens cientistas. Grandes empresas como o Facebook e a Amazon surgiram de um pequeno projeto de seus fundadores enquanto ainda eram estudantes, desenvolvendo uma start-up na garagem de suas casas. É claro que, a qualidade de ensino de ciências nas Universidades americanas possibilitam que seus alunos desenvolvam o pensamento empreendedor, enquanto no Brasil, os alunos são incentivados a bucar emprego fora, em empresas já estabelecidas, fator resultado do cenário de instabilidade não apenas do mercado científico, mas também do empreendedorismo. Algumas escolas de redes particulares no país contam com matérias de empreendedorismo e educação financeira, por outro lado, escolas da rede pública e estaduais se encontram em um cenário totalmente diferente. Ainda há um grande caminho a trilhar para que o acesso à uma educação de qualidade seja uma realidade igualitária entre todos os estudantes do país.

Propostas como a criação de um fundo nacional para Ciência e Tecnologia, que garanta recursos contínuos para a pesquisa, são defendidas por entidades como a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Outra alternativa é fortalecer as parcerias entre universidades e empresas, criando oportunidades de inovação e desenvolvimento em conjunto com o setor privado, o que poderia abrir novas frentes de trabalho para cientistas dentro do Brasil.

Enquanto não houver um comprometimento estrutural e financeiro com a ciência, o Brasil permanece vulnerável à saída de seus talentos. A fuga de cérebros se torna um símbolo das dificuldades enfrentadas pela ciência brasileira, limitando o potencial de avanço científico e tecnológico do país. A valorização da ciência e o investimento em condições de trabalho são essenciais para que o Brasil não apenas forme cientistas, mas também consiga retê-los e fortalecer sua base científica para o desenvolvimento nacional e reconhecimento internacional.

Produzir orgânicos é um desafio que envolve altos custos, manejo artesanal e um compromisso com a sustentabilidade.
por
NINA JANUZZI DA GLORIA
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12/11/2024 - 12h

Por Nina J. da Glória

 

No coração de uma pequena fazenda nos arredores de São Paulo, a paisagem exibe fileiras simétricas de verduras, um campo verde que mais parece um quadro pintado com paciência e precisão. Cada folha simboliza uma promessa livre de químicos, cultivada à mão, mas também testemunha de um trabalho árduo, invisível ao consumidor final. Esse é o cotidiano de Mariana Silva, uma agricultora que decidiu, há quase uma década, abandonar a produção convencional para dedicar-se ao orgânico. No início, acreditava que seria um retorno ao básico, uma reconexão com a natureza. Mas a realidade mostrou-se mais densa e complexa do que o imaginado. O solo, como um organismo vivo, exigia constantes cuidados e uma compreensão que ia além dos métodos tradicionais. Cada semente carregava uma incerteza, e cada colheita trazia consigo os riscos de uma produtividade menor, vulnerável a pragas e intempéries. "O solo não aceita pressa", sua frase parece pairar na atmosfera ao redor das hortas, impregnada de paciência e resignação.

Nas redondezas, em outra propriedade de São Roque, Paulo Mendes compartilha a mesma visão, mas com uma trajetória que o levou ao orgânico por caminhos distintos. Ao contrário de Mariana, ele vem de uma família que cultivava com agroquímicos, mas sempre sentiu a necessidade de transformar as práticas de cultivo. Para ele, o orgânico é como um resgate da essência da terra, uma escolha que exige mais do que habilidades tradicionais. É um compromisso com o solo, com o ciclo de nutrientes e com o futuro. Paulo vê o campo como um delicado organismo, onde a compostagem e a rotação de culturas são essenciais, mas também um desafio financeiro. Cada safra se transforma em uma experiência quase artesanal, onde a eficácia do manejo natural precisa competir com a tentação das facilidades químicas. Esse processo, para ele, é como uma dança cuidadosa com a natureza, em que observar e respeitar o ritmo das estações torna-se tão vital quanto qualquer técnica de plantio.

                                                            Comunidade de pessoas que trabalham juntas na agricultura para cultivar alimentos

Para Mariana e Paulo, a colheita orgânica traz consigo um custo invisível ao olhar do consumidor. A vulnerabilidade às pragas, por exemplo, é uma preocupação constante. Sem pesticidas convencionais cada infestação é uma batalha natural que, muitas vezes, se perde. A introdução de insetos benéficos para conter pragas ou o uso de biofertilizantes representa um custo adicional, tornando a logística do manejo um quebra-cabeça financeiro. Além disso, há as certificações rigorosas exigidas para que o produto receba o selo de orgânico, que Mariana descreve como "um segundo trabalho", com visitas e inspeções que, embora necessárias, absorvem ainda mais recursos.

No centro dessa cadeia está Cláudia Ramos, proprietária de uma loja de produtos orgânicos em São Paulo. De seu ponto de vista privilegiado, ela percebe o esforço e as dificuldades de seus fornecedores, mas também o descompasso entre o preço desses produtos e a percepção dos consumidores. Em cada item das prateleiras, Cláudia vê um microcosmo de esforço e idealismo, mas, ao explicar as diferenças entre orgânico e convencional, enfrenta um público que ainda considera o orgânico um luxo. Ela afirma que cada produto é uma história de sacrifício, e explica que o custo mais alto representa a vulnerabilidade da produção orgânica, que exige cuidados permanentes e colheitas menos previsíveis.

                                                                                           Close-up de plantas verdes na estufa

A produção orgânica, então, emerge como uma complexa equação de valores, sacrifícios e riscos. Cada um dos envolvidos—do campo à prateleira—carrega uma parte dessa carga, como se fosse um ciclo contínuo de compromissos, onde o ideal e o real se encontram e se confrontam. A busca pela pureza e pelo cuidado no cultivo se mescla a um cotidiano cheio de dificuldades, e o produto final se transforma numa espécie de narrativa silenciosa sobre perseverança e dedicação ao que se acredita ser o melhor para o futuro do planeta e do ser humano.

A jornada dos entregadores não se limita ao trajeto, mas envolve obstáculos que vão da segurança no trânsito às incertezas de um dia de trabalho autônomo.
por |
12/11/2024 - 12h

Por Thais Oliveira 

 

Se antigamente era comum esperar dias ou semanas para que um pedido chegasse, hoje a demanda por rapidez e eficiência exige uma operação logística reforçada. O dia começa antes do sol nascer, com o medo e a ansiedade tomando conta de Joice Alves, mãe solteira de 50 anos que precisou se reinventar após um divórcio e o enfraquecimento das vendas em seu comércio de plantas. Seus cabelos longos e quase grisalhos carregam histórias de uma mulher forte que devido a gravidez, parou os estudos na quinta série. Tudo que aprendeu é resultado de suas vivências.

A tecnologia dominou o mundo e os seres humanos. Para Joice isso não passava de uma grande perda de tempo, até que tudo mudou em sua vida e a tecnologia virou sinônimo de estabilidade financeira e independência. Conseguir realizar uma entrega parece fácil aos olhos dos que recebem em casa. O suor do trabalho de prestadores de serviço das grandes empresas está presente em cada pacote entregue.

Os desafios começam à frente da seleção. Um aplicativo viabiliza para os entregadores os percursos disponíveis, juntamente ao valor a receber, e cada um seleciona o de sua preferência. Mas o número de prestadores é maior do que os de entregas e, às vezes é necessário passar horas olhando as atualizações no celular. Há dois meses o aparelho eletrônico, que não passava de uma ferramenta de comunicação com a família, amigos e clientes, se tornou o principal equipamento do trabalho de Joice. Foram semanas aprendendo a usar o mapa, abrir e fechar aplicativos, escrever mensagens mais rápidas e, principalmente, a contabilizar os resultados do seu novo emprego. No início de sua trajetória, Lucas, o filho mais velho, acompanhou a mãe em todos os percursos e assim, ela ganhou confiança para trabalhar sozinha. 

Desde a adolescência, Joice foi diagnosticada com TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizada) e comenta que essa logística piora os sintomas diariamente. O seu conforto é o chá de camomila colhido diretamente dos vasos sobrepostos na janela do sexto andar e do calmante recomendado pela cardiologista. Ao conseguir uma corrida, agradece a Deus pela oportunidade e pula o café da manhã, colocando tudo que precisa dentro de uma bolsa térmica. De acordo com o aplicativo fornecido pela empresa, cada percurso tem a duração de 4h e 6h e os valores são correspondentes a estes horários. Explica que foi acordado entre a empresa e os prestadores de serviço que todas as entregas contariam com, no máximo, 45 pacotes e 40 paradas. 

Ao chegar no Centro de Distribuição, Joice recebe a rota com 52 paradas, 65 pacotes amarelos e o medo de não conseguir finalizar dentro do prazo estipulado. É necessário entregar todas as mercadorias para receber os valores completos, independente da chuva, dos ventos de 100km/h, dos postes desligados e das ruas escuras. Joice sai de Mauá com o seu destino traçado em um papel com nomes de pessoas desconhecidas diretamente para a cidade de São Paulo. Na travessa da Avenida Vila Ema e nas mãos Joice, o primeiro pacote foi entregue para a Renata, uma mulher simpática que desejou um bom dia para a entregadora.

Dentro do carro, o estômago de Joice espera por um alimento desde às 9h00min, porém os donos dos 50 pacotes pendentes têm prioridade na fila e as refeições ficam em segundo plano, sendo necessário seguir o caminho ingerindo apenas uma banana. A falta de hidratação e de nutrientes causa cansaço excessivo, perda de cabelo e, consequentemente, ausência de vitaminas importantes para o funcionamento do corpo. Relata, que praticava uma rotina saudável, alimentando-se bem e correndo na rua todos os dias de manhã com os seus filhos, porém precisou abrir mão do estilo de vida para arcar com os novos custos, como por exemplo o aluguel. A infraestrutura básica é uma questão: nas cidades grandes, com quilômetros percorridos entre um ponto e outro, muitas vezes não há onde parar para descansar ou usar o banheiro. A cidade se torna um palco de correria constante, onde não há tempo ou lugar para uma pausa, justifica Joice, ao informar que não consegue ingerir ao menos 200ml de água durante a jornada de trabalho. 

O futuro do setor aponta para uma integração cada vez maior entre tecnologia e logística, com inovações que prometem transformar ainda mais a experiência de compra e aproximar o e-commerce dos consumidores. Embora a constante evolução esteja dominando o cenário, não há direitos trabalhistas ou benefícios assegurados, como convênio médico ou seguro de saúde. Se houver algum acidente ou emergência, o entregador precisa arcar com os custos e lidar com as consequências sozinho. 

Dentro do aplicativo de entregas é possível saber que, dependendo do nível, o entregador terá acesso a mais pedidos, melhores comissões e suporte especializado. A grande corporação criou um sistema de níveis que funciona como uma espécie de escada, onde cada degrau alcançado representa mais oportunidades, e consequentemente, mais pressão. Estar em um nível mais alto pode significar, por exemplo, maior acesso a entregas em horários de pico ou de longa distância, que pagam melhor. Joice é prata, mas conta que demorou meses para alcançar a nomenclatura, afinal qualquer queda no desempenho pode significar uma descida de nível. Cancelamentos, avaliações ruins ou atrasos podem rebaixar o entregador, retirando seus, quase que invisíveis, benefícios. 

Joice conseguiu dois percursos no mesmo dia, isso significa que a corrida contra o tempo é primordial para finalizar o primeiro, voltar ao Centro de Distribuição e recolher as próximas encomendas. Ao sair, os clientes recebem notificações de que o produto está a caminho, causando ansiedade e desconfiança dos que aguardam em suas casas. Durante a noite as entregas são realizadas das 18h00 às 22h00 e Matheus, o filho mais novo, auxilia a mãe ligando para os clientes e entregando os pacotes enquanto ela separa os próximos. Em meio à movimentação, Matheus recebe uma mensagem de uma mulher que estava aguardando o produto há 30 minutos e precisava dormir. Era sexta-feira, 19h39min, quando os insultos começaram e mudaram a rota da família. Cada pacote recebe uma numeração de envio, o itinerário e os dados relevantes do consumidor, em consequência das mudanças Matheus e Joice aumentam a duração do percurso e os quilômetros rodados no carro. A quantidade de remessas no período da noite é majoritariamente maior, entretanto os consumidores não sentem confiança em recebê-las e, frequentemente, rejeitam a tão esperada aquisição. 

As embalagens amarelas recusadas devem atravessar a cidade e voltar à corporação até às 23h00min, horário de finalização dos serviços diários. Joice retorna com o peso da consciência de classe descendo em seus cabelos, refletindo sobre o comportamento interpessoal dos consumidores, do egoísmo e da falta de empatia. O mundo não é mais o mesmo e as pessoas estão preocupadas com as futilidades expostas nas prateleiras invisíveis dos comércios online. Não se importam se a voz que clama do lado de fora da residência está enfrentando a maior chuva do ano na cidade ou se está com um prazo apertado, o importante é aconchego e a novela das 21h00min. 

Após 15 horas, Joice finalmente chega em casa, sentindo-se cansada, fraca e estressada. O dia foi longo, repleto de entregas que exigiam rapidez, atenção e resistência. Cada pedido, cada quilômetro percorrido, parecia se arrastar em meio à chuva, ao trânsito caótico e à pressão por cumprir os prazos apertados. Como muitos entregadores, Joice não tem garantia de descanso ou segurança no trabalho, e mesmo ao chegar em casa, a sensação de que poderia ter feito mais, ou o medo de não atingir o número de entregas esperado, a acompanha. Mas para Joice, o trabalho nunca termina realmente. Ela reflete sobre o que poderia ter feito para ser mais rápida, ou se valeu a pena o esforço de correr contra o relógio. Em sua mente, os desafios que ela enfrentou ao longo do dia continuam vivos, a insegurança nas ruas, o risco de acidentes, a exaustão física e emocional. Mas amanhã, o caminho se repete, enfrentando as mesmas dificuldades em nome de um dia melhor, ou, quem sabe, uma coroa de ouro na guerra contra a logística desumana.

Os chamados cibercrimes são considerados um tipo de violência contra o idoso, e a campanha Junho Violeta busca conscientizar à população sobre a violência patrimonial
por
Alice Di Biase
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11/11/2024 - 12h

Por Alice di Biase

 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a população acima de 60 anos no Brasil deve crescer em ritmo acelerado, quase triplicando até 2050. Dados como esse expõem o crescente aumento da população idosa, além de um novo perfil de envelhecimento que requer atenção especial em políticas públicas. Adriana Horvath, diretora voluntária de captação de recursos da Casa Ondina Lobo, relata que a principal queixa dos residentes da Casa é a invisibilidade, a visão estereotipada do “vovozinho” de cabelo branco e ingênuo, e adiciona que os idosos querem ser vistos como seres humanos que ainda tem muito a oferecer.

A Casa de Repouso Ondina Lobo é uma instituição de longa permanência para idosos em situação de vulnerabilidade social, o projeto é sustentado por doações filantrópicas. A missão da organização é promover o bem-estar e a integração do idoso na sociedade, por meio de atividades plurais. Ela relata que muitos dos idosos residentes da Casa já passaram por alguma violência ou situação de preconceito e atribui isso a forma como a sociedade olha os idosos, relacionando-o com a finitude da vida. E adiciona que é preciso entender que a velhice é apenas mais uma fase. Além disso, ela também cita a importância de campanhas de conscientização contra a violência ao idoso, como o Junho Violeta.

Existem vários tipos de violências direcionadas aos idosos, uma delas é a violência patrimonial. Com o avanço tecnológico, os mais velhos se tornaram mais vulneráveis para a violência patrimonial, por meio dos chamados golpes. O Disque 100, do governo federal, registrou, nos cinco primeiros meses de 2023 mais de 15 mil denúncias de violações financeiras ou materiais contra idosos; 73% a mais do que no mesmo período de 2022. Cada vez mais conectada, a terceira idade tem sido um dos principais alvos de quadrilhas especializadas em crimes cibernéticos que comprometem o patrimônio da vítima.

Ondina Lobo e Image Magica

“Mãe, mudei de número, salva esse contato aqui”, assim começa uma das formas mais comuns de fraudes financeiras contra os idosos, a foto de perfil é a mesma que o filho utiliza no seu número próprio e logo em seguida são solicitadas as transferências. Cláudia, aposentada de 66 anos relata como caiu no phishing - tipo de golpe realizado por e-mails, redes sociais e sites que utilizam uma “isca” para fazer a vítima fornecer informações pessoais. Uma loja conhecida com descontos extravagantes, a propaganda era feita por celebridades como Gisele Bündchen e a apresentadora Angélica que recomendavam a promoção. Tudo feito com inteligência artificial. O valor perdido não foi alto, como conta Claúdia, com alívio, no entanto, a sensação de ter sido enganado com facilidade pelos golpistas causa constrangimento.

O constrangimento também é um dos motivos que leva os idosos a se tornarem um alvo fácil dos golpistas. Envergonhados de demonstrar a fragilidade e, de certo modo, alimentar os estereótipos de ingenuidade que a sociedade cria em relação a faixa etária, muitos idosos não contam aos familiares a situação e deixam o ciclo de golpes se estender. Em 2024, a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos já recebeu mais de 21 mil denúncias de violações deste tipo contra idosos, destes 80% dos casos são denunciados por terceiros, e não pela própria vítima.

A psicóloga e psicanalista Moema Sarmento compartilha suas perspectivas sobre a saúde mental na terceira idade, ela argumenta que a falta de respeito e os maus tratos podem levar ao isolamento e depressão, o que faz que muitos idosos que sofrem esses abusos patrimoniais não procurem ajuda, assim os casos só chegam aos familiares e autoridades quando já estão em estágios alarmantes.

Com o intuito de alterar esse cenário, a Casa Ondina Lobo em pareceria com a ONG Image Mágica, levou o Circuito Cultura e Inclusão para as mulheres da Casa. As aulas de inclusão digital e fotografia buscam conscientizar os moradores a respeito dos golpes digitais, resgate da autoestima e criar intimidade com o meio tecnológico.
 

Ondina Lobo e Image MagicaOndina Lobo e Image Magica

Como comenta Horvath, a velhice é só mais uma fase da vida que envolve atenção e deve ser aproveitada com qualidade de vida e isso envolve a liberdade de consumir a Internet com segurança.

Entre ícones do passado, referências do presente e caminhos para o futuro, veja como foi a edição deste ano
por
Vítor Nhoatto
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22/10/2024 - 12h

Ocorrido entre os dias 14 e 20 de outubro na capital francesa, o Mondial de l'Auto contou com mais de 500 mil visitantes, além de recados importantes para a indústria automobilística. As donas da casa — Alpine, Peugeot, Renault e Citroen — estiveram presentes, mas, mesmo assim, a presença chinesa continuou e chamou a atenção do público, das autoridades e das rivais. A DS, da Stellantis, foi a única francesa que não compareceu ao evento. 

Temas como sustentabilidade, acessibilidade e segurança no trânsito foram amplamente abordados nas coletivas de imprensa, e traduzidos em parte nos lançamentos. Ao todo, 41 fabricantes de automóveis participaram do evento, o qual trouxe o brilho de volta à Bienal, tal qual como no Salão de Munique, em 2023.

Eletrificação em diferentes níveis

Antenado às ânsias do público e da indústria, houveram lançamentos de vários modelos eletrificados, em diferentes níveis e formatos. Nos últimos meses, as vendas de elétricos oscilaram negativamente na Europa, por conta de uma série de fatores, como altos custos de aquisição e o fim de incentivos governamentais. 

Com isso, marcas como Volkswagen, Ford e mesmo Volvo, reviram seus planos de eletrificação total — apesar da meta da União Europeia de banir os modelos movidos a combustão, já em 2035. O conglomerado Stellantis, por exemplo, investe em plataformas multi-energéticas, capazes de produzirem tanto híbridos, quanto elétricos, e apresentou seus últimos modelos em Paris. 

Construído sobre a e-CMP, — mesma base dos recém lançados no Brasil, Peugeot 2008 e 208 — o Alfa Romeo Junior Ibrida fez sua estreia ao público. Com a mesma motorização dos irmãos, motor 1.2 PureTech em conjunto a uma bateria de 48V, gerando 136 cavalos, o modelo complementa a linha do SUV urbano, disponível como 100% elétrico desde o começo do ano. 

Na Peugeot, as novidades foram maiores, apesar de nenhum modelo totalmente novo, diferente das compatriotas Alpine, Citroen e Renault. Em Paris, foi lançado o novo E-408, versão 100% elétrica do crossover baseado no 308. Sob a plataforma EMP2, compartilha o conjunto mecânico com o hatch, tanto nas versões a combustão quanto na novidade elétrica, e não muda visualmente. Além disso, foram apresentadas as versões Long Range dos E-3008 e E-5008. As autonomias passam de cerca de 500 km para 700 km, segundo o ciclo WLTP.

Em uma abordagem diferente, focada em modelos elétricos separados dos seus semelhantes a combustão, a Volkswagen apresentou o novo Tayron. Com expectativa de ser vendido no Brasil, é a versão Allspace do novo Tiguan, mas agora com nome próprio. O SUV de sete lugares estará disponível em duas versões diesel, gasolina, e híbridas plug-in, além de uma híbrida leve.

Volkswagen Tyron de frente branco ao lado de um Tayron de trás roxo
O Tayron é o sexto SUV a combustão da Volkswagen na Europa, entre Tiguan e Touareg. Foto: Divulgação/Volkswagen

As motorizações são as mesmas do Tiguan de nova geração, construído sobre a MQB evo. Isso se reflete em uma autonomia combinada de até 850 km nas versões plug-in, além de uma autonomia em modo 100% elétrico de cerca de 100 km, graças a uma bateria de 19.7 kWh.

Em uma abordagem semelhante em alguns aspectos a Volks, a britânica de coração, mas de propriedade alemã, a Mini, apresentou os seus novos JCW elétricos. Os primeiros modelos da divisão de desempenho da marca serão o Cooper, um hatch de três portas, e o crossover Aceman. Ambos são construídos sobre a plataforma desenvolvida em conjunto com a chinesa GWM, e prometem a emoção de um esportivo com seus mais de 250 cavalos, mas sem emissão de CO2.  

Mais uma ofensiva chinesa 

Sobre as construtoras chinesas, o Paris Expo Porte de Versailles foi novamente o palco para a estreia de modelos do país asiático, e até marcas inteiras. A GWM não compareceu desta vez, como era de se esperar após o anúncio de reestruturação europeia e fechamento do escritório na Alemanha em agosto deste ano. 

No entanto, a sua principal rival, a Build Your Dreams, brilhou, repetindo a estratégia de 2022. Seu estande contava, desta vez, com modelos já conhecidos do público, como Dolphin e Seal, mas também com o totalmente novo, Sealion 7, apresentado ao mercado europeu, e com um vislumbre da versão que será vendida no Brasil em breve.

Segundo a vice-presidente da marca, Stella Li, o novo SUV cupê do segmento D, reflete em como a BYD reage e escuta às demandas dos seus consumidores europeus, prometendo design, performance e autonomia de ponta.

E com uma estratégia ousada, que busca rapidamente conquistar o mundo, a Leapmotor debutou em Versailles. Com o amparo da Stellantis, — com quem fechou uma parceria bilionária pela administração global da marca — apresentou quatro elétricos. Carlos Tavares, CEO do conglomerado até 2026, esteve no evento e comentou que as montadoras têm mais a ganhar com a estratégia de se aliar às chinesas, ao invés de brigar com elas. Antes disso, ele visitou o estande da BYD, chamando a atenção da imprensa.  

O primeiro deles é um hatch subcompacto vendido por menos de 20 mil euros, o T03, o segundo é o C10, um SUV médio, por cerca de 36 mil euros. Ambos modelos com condução semi autônoma de nível 2 e confirmados para o Brasil. A versão de sete lugares, C16 também esteve no evento, ao lado do inédito B10, revelado no evento. O SUV do segmento C tem como rivais BYD Atto 3 (Yuan Plus no Brasil) e Volvo EX40, e estará disponível já no próximo ano na Europa.

Estande da Leapmotor rodeado de pessoas
Os modelos C16 (roxo), B10 (azul), C10 (verde) e T03 (turquesa) prometem agitar o mercado. Foto: Divulgação/LeapMotor

Para além das duas marcas, a Seres (com operações paralisadas no Brasil até então), a Xpeng, o grupo GAC e a Hongqi ocuparam o complexo de exposições francês. A última chamou a atenção com a estreia do sedã de luxo Guoya, rival dos alemães Classe S, Série 7 e A8. Enquanto isso, a GAC optou por uma abordagem mais demonstrativa de suas tecnologias, sem pretensões diretas de venda no continente. 

A história não se compra

Frente à concorrência cada vez maior das chinesas, eis o contra-ataque europeu, baseado amplamente no legado das marcas, algo com o qual as novatas não podem competir. No último Salão de Munique, o CEO do Grupo Volkswagen, Oliver Blume, destacou que o histórico estilístico das marcas é algo que não pode ser adquirido nem comprado, e será a principal chave para o público comprar os modelos europeus. 

Dito isso, nomes como BMW e Renault também vêm investindo em uma abordagem retrô futurista. Em relação à alemã premium, os conceitos Neue Klasse sedã e SUV foram apresentados pela primeira vez juntos. Com designs que remetem aos modelos dos anos 80, preveem a nova geração de elétricos da marca, esperados para 2025 e 2026.

Porém, foi no estande da Renault que a vibe passado e futuro, misturado com o charme e a funcionalidade, atraiu mais os olhares. Após o lançamento do aguardado R5, um hatch elétrico inspirado no icônico R5 dos anos 90, foi a vez do novo R4 voltar à vida.

Novo Renault 4 E-Tech azul em um fundo colorido
O novo Renault 4 E-Tech continua investido no passado da marca como diferencial. Foto: Divulgação/Renault

Construído sob a plataforma AmpR Small, é a versão SUV do R5, com quem compartilha a motorização e equipamentos. Com 4.14 metros de comprimento, funcionará como a versão 100% elétrica do Captur, contando com uma autonomia de mais de 400km no ciclo WLTP, carregamento rápido, todos os assistentes à condução modernos e muitas referências ao R4 dos anos 70. 

Construído na França, atraiu até mesmo os olhares do presidente francês, Emmanuel Macron. O político esteve no evento no dia de abertura ao público (15), e causou um leve tumulto ao fechar o estande em que visitava. Ele cumprimentou os executivos da marca e entrou no novo modelo, esse com expectativas de custar na casa dos 30 mil euros. 

Na ideia da ofensiva irreverente e estilosa, bem ao estilo francês, o protótipo do novo Renault Twingo esteve no evento. Agendado para ser lançado em 2026 (possivelmente no próximo Salão de Paris), promete tornar a mobilidade elétrica realmente acessível, com um preço na casa dos 20 mil euros no formato de um subcompacto, uma espécie em extinção.

Uma mobilidade de fato acessível?

Mas, ao se tratar de acessibilidade e democratização da eletricidade, outras marcas têm mais a dizer e entregar. Dentro do Grupo Renault, é a romena Dacia a representante de baixo custo. Se o nome da empresa não é conhecido aos brasileiros, com certeza seus modelos são. A fabricante de Sandero, Logan e Duster, vendidos sob o nome da Renault na América Latina e Turquia, apresentou em Paris o mais novo Bigster.  

O SUV é a aposta da marca para conquistar o segmento C, com 4.57 metros de comprimento e preços menores de 30 mil euros, cifra que hatches do segmento B atualmente custam. Baseado na mesma plataforma de Clio e Duster, a CMF-B, contará com opções a micro-híbridas de 48V, híbridas convencionais com baterias de 1.4 kWh, e versões movidas a GPL, populares em países como Espanha e Itália. 

Do outro lado do muro, a resposta da Stellantis ao sucesso da Dacia, — dona do modelo mais vendido da Europa em Julho deste ano na Europa, o Sandero — é a Citroën. A marca que já passou por muitas fases, desde o luxo e conforto do DS original, até a originalidade do Xsara e C4 Cactus, por exemplo, agora investirá no mercado de acesso. 

Estiveram no evento os novos C3 e C3 Aircross, bem diferentes das versões vendidas no Brasil, mas ainda na casa dos 20 mil euros. A reestilização do quadriciclo Ami foi apresentada, uma opção de locomoção elétrica por menos de 8 mil euros. E fechando os facelifts, os remodelados C4 e C4X (versão sedã do hatch compacto) foram lançados em Paris, agora com a nova identidade visual da marca.

Estande da Citroën rodeado de pessoas
A Citroën se reinventou com novos C3, C3 Aircross, C4, C4X e o protótipo verde do C5 Aircross 2026. Foto: Divulgação/Citroën

Além disso, o protótipo da nova geração do Citroën C5 Aircross foi revelado. Segundo a empresa, o modelo de produção será 95% igual ao conceito. No quesito motorização, será construído sobre a nova plataforma STLA Medium, que estreou com o novo 3008, e servirá de base para o novo Compass também. Suas principais vantagens incluem a possibilidade de versões híbridas e elétricas, com maior eficiência e autonomia de até 700 km, além de menores custos de produção pela sua modularidade.

Atendendo às demandas do mercado

Uma das principais ânsias da indústria é a diminuição dos custos na fabricação de elétricos, principalmente após a chegada das chinesas. No entanto, nem só de  grandes grupos é formado o setor, e parcerias são mais bem vindas que nunca. A Ford, por exemplo, se uniu à Volkswagen para produzir seus elétricos para a Europa, se prevenindo da taxação que Tesla, Volvo e Mini tentam evitar  com a fabricação dos seus modelos na China.

A americana/britânica apresentou ao público pela primeira vez o novo Capri, um SUV coupe construído sobre a plataforma MEB dos Volkswagen ID.3 e ID.4. O modelo continua o resgate de nomenclaturas clássicas da marca, como Puma e Mustang Mach-E, além da transmutação desses em SUVs, o que agrada ao mercado em geral, mas não tem a mesma reação aos mais saudosistas.

Do outro lado do globo, a sul-coreana Kia também busca conquistar o mercado europeu dos elétricos, sem dividir os custos com várias marcas. O mais novo lançamento do grupo Hyundai-Kia é o SUV urbano EV3, rival do Jeep Avenger, Peugeot e-2008 e Renault 4. 

Novo Kia EV3 verde de frente em um fundo branco
O EV3 é a aposta elétrica da Kia para o segmento B, o maior em vendas na Europa. Foto: Reprodução/InsideEVs

Os preços devem começar na casa dos 30 mil euros, o que não é barato para um carro do segmento B, mas é compatível aos rivais citados. O chamariz da marca, para além dos sete anos de garantia, é a tecnologia, refinamento e comodidade do modelo, quase como uma versão menor do SUV grande EV9, indicado ao prêmio Carro do Ano Europeu em 2024.

E em um segmento acima, mas em uma faixa de preço parecida, a checa Skoda, — essa sim de um grande conglomerado, a Volkswagen — apresentou o novo Elroq. Rival de modelos como BMW iX1 e Ford Explorer, começara na casa dos 33 mil euros, com uma autonomia de 560 km no ciclo WLTP.

Tentativas e erros

Paris ainda foi o palco para marcas menores, ou com menor relevância na Europa. No primeiro caso, a francesa Alpine que tomou os holofotes com o concept car A390 Beta, que antecipa o segundo modelo independente da Renault. 

Com um design agressivo, inspirado nos alpes, e com referências aos modelos de competição da empresa, será um crossover 100% elétrico construído sobre a plataforma do Nissan Aryia. Mesmo assim, a dinamicidade e performance única da marca, que hoje vende apenas o cupê A110, será mantida no carro de produção, anunciado para o ano que vem. 

Em meio aos europeus e chineses, ainda houve espaço para as estadunidenses Tesla e Cadillac. A empresa de Elon Musk deixou a desejar, sem um estande propriamente dito, ou sequer um tapete e divisórias entre seus modelos. Já no quesito novidade, nada de concreto. A picape Cybertruck foi apresentada oficialmente em solo europeu, mas nenhuma conformação de sua comercialização, ou lançamento do esperado Model Y remodelado e do táxi autônomo Cybercab, revelado três dias antes.

Já em relação a Cadillac, que tentou engatar nas vendas na União Europeia algumas vezes, as coisas foram diferentes. Desta vez focada na eletrificação, a empresa do Grupo General Motors trouxe o SUV de luxo Lyriq, além de lançar o Optiq, um pouco menor e com design menos extravagante na traseira. 

Novo Cadillac Optiq vermelho de frente no estamde da marca
Cadillac mira o Tesla Model Y com o novo Optiq, um SUV do segmento D com 4.82 metros. Foto: Reprodução/GM Authority

O Paris Motor Show 2024 certamente ficará para a história centenária do evento como um recálculo necessário e exitoso de rota. Marcas voltaram à mostra, lançamentos importantes ocorreram e o público compareceu. Além disso, mais uma vez o rumo que a indústria se encaminha foi destacado, um cenário crítico de reinvenção e reajustes.

Em entrevista à AGEMT, médico sanitarista se preocupa com o recuo na adesão aos imunizantes do PNI e cobra mais ações públicas
por
Daniel Seiti
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05/11/2021 - 12h

Por Daniel Seiti

24 de outubro foi o Dia Mundial de Combate à Poliomielite. Causada pela transmissão do Poliovírus, a doença foi erradicada no Brasil em 1989 por meio de uma campanha nacional de vacinação eficaz – incluindo o imunizante ao PNI (Programa Nacional de Imunização) – fato que resultou na adesão em massa da população à vacina. Entretanto, a sequência recente de quedas anuais na taxa de imunização dos brasileiros chama atenção de especialistas, que temem o desencadeamento de um novo surto da doença no País.

Levantamento do Ministério da Saúde aponta que, entre os anos de 2015 e 2020, houve uma redução no número da população vacinada. De acordo com dados divulgados pela Pasta, nesse período, o índice de imunizações contra a poliomielite caiu de 97% para 76%. O valor não atinge o mínimo recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), que orienta a taxa de imunização deve permanecer em 95%.

Esse recuo soa um alerta para especialistas, que temem a volta de doenças controladas ou erradicadas pelos imunizantes, como a poliomielite - a possibilidade de situação semelhante a volta do sarampo, que havia sido erradicado e, com a queda nas taxas vacinais, voltou a ter casos registrados no Brasil em 2019. Em entrevista à AGEMT, o médico sanitarista e ex-presidente da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Gonzalo Vecina, expõe os riscos que essa queda pode desencadear.

“Temos que lembrar sempre que a vacinação não é um ato individual, mas um ato coletivo. Não adianta proteger somente alguns se todos não se protegerem, porque haverá a circulação do agente causal daquela doença e isso poderá acometer a todos. A nossa preocupação é que, como o vírus da paralisia infantil ainda circula no nosso meio, podemos ter o reaparecimento de casos. Isso precisa ser devidamente difundido e o que em faltado são campanhas de vacinação”, explica o médico sanitarista.

Gonzalo Vecina em entrevista à AGEMT
Dr. Gonzalo Vecina em entrevista à AGEMT

A diminuição na cobertura vacinal entre os brasileiros se estende a todas as integrantes do PNI. A BCG, contra a tuberculose, chegou a 73,8%, a menor cobertura em 27 anos, enquanto a tríplice viral, contra o sarampo, a caxumba e a rubéola, caiu para 79%, um decréscimo de 33 pontos percentuais nos últimos seis anos.

Para Vecina, a diminuição do número de vacinados no Brasil não é afetada principalmente por movimentos negacionistas – como acontece nos Estados Unidos e em certos países europeus –, mas pela falta de incentivos e estratégias governamentais.

“A vacinação é uma atividade desenvolvida pela estrutura pública de saúde e que no Brasil é responsabilidade do PNI. Na minha opinião, no atual momento, nós temos uma desmobilização do Ministério da Saúde que não conseguiu ser substituída por estados e municípios – os estados têm a responsabilidade da logística e os municípios da aplicação das vacinas”, pondera.

De acordo com o sanitarista, entre incentivos financeiros, restrições e até a possibilidade da implementação de um passaporte de vacinas do PNI, o fortalecimento de campanhas públicas de vacinação segue como a melhor solução para incentivar a população a se proteger e aumentar as taxas de imunização para índices adequados.

“Existem diferentes formas de incentivarmos a vacinação e elas devem ser utilizadas. No Bolsa Família, por exemplo, o adulto só pode receber o benefício se o filho dele está com a carteira de vacinação em dia. A permissão da matrícula escolar acontece somente para crianças imunizadas. Mas ainda acho que o componente mais importante em um plano nacional de imunizações é a presença do Estado. Nesse momento, no governo Bolsonaro, o Estado se retirou do PNI”, afirma.

Novas tecnologias criam consumo de conteúdos nunca antes vistos mudando o perfil do consumidor e da plataforma.
por |
05/11/2021 - 12h

Por Gabriel Aragão

Os avanços tecnológicos possibilitam novas formas de comunicação que, por sua vez, devem sempre se reinventar. Especialmente a publicidade, área da comunicação cujo principal objetivo é sempre chamar atenção, atrair o público para algo que está tentando ser vendido e, consequentemente, vencer a competição.

Para manter a criatividade que as marcas necessitam para seguirem nos mercados de consumo a tecnologia se torna fundamental para as agências de propaganda, como detalha Luiz Fernando Musa, o chefe executivo do Grupo Ogilvy Brasil. Saber como utilizar dados pessoais (os ativos digitais) para a criação de experiências é o principal foco, afinal os dados facilitam a análise de competição.

Com isso, é possível dizer que quanto melhor for a gestão de dados por uma agência, melhor será seu desempenho. Segundo Musa, para uma melhor utilização desses ativos digitais, é importante que os departamentos estejam integrados. "Quando falamos de departamentos, esses são todos que fazem parte de uma peça publicitária, desde Planejamento, Criação, Mídia, BI (Business Intelligence na tradução literal, Inteligência de Negócios) e Social/Content (Conteúdo)", explica.

Considerando, portanto, a importância dos dados, a tecnologia se faz presente atualmente na publicidade através de serviços da Web e da interface de programação de aplicações (conjunto de padrões de programação de aplicativos). Como afirma Musa: “a evolução da propaganda passa por nossos canais e entregas de IoT (Internet of Things, ou Internet das Coisas) e muita IA (Inteligência Artificial)”. Vale enfatizar, IA aparece como forma de otimizar as campanhas.

Musa ressalta ainda que entende como fundamental a mudança de cultura dentro das agências para, justamente, a maior utilização de novas tecnologias. O avanço tecnológico ultrapassa a própria criação de uma peça publicitária em si. O consumidor passou a ter uma enorme variedade de formas para se entreter e informar, qualquer que seja seu propósito. Não depende mais somente de jornais ou revistas impressas, rádio ou televisão. O consumo nos celulares e computadores afeta diretamente o pensamento das marcas de como investir e das agências contratadas na forma de se comunicar em cada plataforma. “A penetração de 90% de celular/smartphones no Brasil expõe este fato, consumindo suas marcas nas redes sociais, conteúdos exclusivos em plataformas de streaming e podcasts. Você tem que projetar a construção de uma marca para diversos canais, cada qual tem seus valores de entrega e posicionamento, para diferentes alvos em diferentes pontos de contato”, considera.

As próprias plataformas tão diferentes obrigam as marcas a pensarem em onde e como investir, já que na Internet, por exemplo, existem formas diferentes de consumir conteúdo. Seja streaming de séries ou filmes, seja vídeos curtos, seja pay-per-view, cada qual tem sua maneira de vender espaço de propaganda. Pensando em como vender e comprar espaço, além de como fazer, a publicidade como área da comunicação tem sua evolução firmemente ligada com a tecnologia e suas inovações, explorando suas novas possibilidades.

Apesar de não ser algo novo, as próteses incorporaram tecnologias para dar mais conforto aos usuários..
por
Rafael Monteiro Teixeira
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19/11/2021 - 12h

Por Rafael Monteiro

A prótese dentária não se trata de uma invenção atual, pois em 2016, uma escavação arqueológica, na região da Toscana na Itália, foi descoberta o que seria a prótese mais antiga que se tem registro, até porque a estimativa é de que ela tenha sido feita nos séculos XIV ou XVII. Além disso há indícios mostrando que na antiguidade a perda de um ou mais dentes já era um grande motivo de desconforto.

Com o passar dos anos, obviamente, foi ocorrendo uma evolução por parte das próteses. Seja para ajudar em problemas de mastigação, fala ou até mesmo por questões estéticas, a necessidade das próteses ainda não foi totalmente eliminada, por mais que tenha ocorrido grandes avanços no quesito de tratamentos dentários.

Hoje em dia as próteses dentárias podem ser divididas em 5 tipos: A totalmente removível ou dentadura, parcialmente removível, parcialmente fixa, flexível e os implantes dentários (que podem ser considerados próteses também).

A totalmente removível ou dentadura, é para o uso de que perdeu todos os dentes. Os dentes são feitos de resina, que como o aprimoramento de novas tecnologias se torna cada vez mais parecido com dentes de verdade, em relação a seu formato, cor e tamanho, mas bem mais resistentes.

A parcialmente removível é utilizada por pessoas que possuem uma certa quantidade de dentes ainda, o que acabam servindo de apoio para ela. Nela deve ser levado em consideração a saúde dos dentes naturais de quem for implantada, pois é usada uma estrutura metálica feita de cobalto e cromo para prender ela aos dentes naturais.

A parcialmente fixa também utiliza dos dentes naturais como apoio, então ela é bem parecida com a parcialmente removível, o que muda entre as duas é mais em sua estrutura, pois ela é feita de metal e porcelana, porém hoje já é possível dela ser confeccionada por estruturas não metálicas como a zicrônia (pedras sintéticas produzidas em laboratórios, porém ela também pode ser encontrada na forma natural).

prótese dentária
Estrutura da prótese dentária (Imagem: Google imagens)

A flexível é uma alternativa para quem tem receio de usar a parcialmente removível, por conta de todos os cuidados que têm que ser tomadas com ela. Ela é feita de uma resina mais flexível e não necessita da utilização de uma estrutura para se prender nos dentes naturais da pessoa que irá utilizá-la.

Os implantes dentários são presos diretamente no osso do maxilar ou da mandíbula, funcionando como suporte para a prótese, sendo essa fixa, então ela é cimentada ou parafusada na estrutura presa ao osso, mas ela pode ser removida também, se ela for encaixada sobre retentores parafusados aos implantes.

“Algumas próteses possuem contraindicações, uma delas é o bruxismo que deve ser tratado com a eliminação da causa do mesmo (estresse, ansiedade etc) utilizando uma placa miorrelaxante e realizando os tratamentos corretamente antes de utilizar a prótese.” diz Julia Livia Teixeira Paiva, estudante de odontologia da Universidade municipal de São Caetano (USCS).

Para cada prótese tem que tomar um cuidado específico. “Para a parcial Fixa não existem muitas contra-indicações, desde que o cirurgião dentista saiba fazer todos os ajustes corretamente de acordo com a mordida do paciente para que não gere complicações na ATM, por exemplo” diz Paiva.

Já em relação à totalmente removível e a parcialmente removível os cuidados devem ser maiores diz a estudante de odontologia. “A higienização da prótese todos os dias é essencial; o paciente não deve, de maneira alguma, dormir com a prótese caso a mesma esteja larga, pois existe um grande risco de asfixia; a prótese não deve ser utilizada por mais de 5 anos, pois pode causar inchaço na mucosa, grande desgaste nos dentes, disfunções e lesões; caso a prótese esteja mal adaptada, pode trazer ao paciente problemas periodontais, cárie, disfunção na ATM, trinca nos dentes, etc.”

E por fim têm os implantes que apesar de ser a alternativa que mais se assemelha aos dentes naturais e oferece mais segurança aos pacientes, quem sofre de doenças sistêmicas deve ter cuidado redobrado durante o tratamento. Males como diabetes, HIV, osteoporose e a hipertensão podem prejudicar o processo de coagulação e cicatrização e deixam o corpo mais exposto a infecções.

Custos

Segundo o IBGE, em 2017, 39 milhões de brasileiros utilizavam algum tipo de prótese dentária. Atualmente, o número de brasileiros que vivem sem nenhum dente na boca é de 16 milhões (11% da população adulta). Entre as pessoas com mais de 60 anos, 41,5% já perderam todos os dentes.

Os preços de uma prótese podem variar bastante dependendo do tipo e número de próteses, os materiais utilizados e o tratamento escolhido. Para um paciente que fará uma prótese suportada pelo osso, por exemplo, normalmente os custos são maiores pela instalação dos implantes, ainda mais se for necessário realizar procedimentos prévios, como o enxerto ósseo.

De modo geral, o preço médio unitário de uma prótese provisória varia entre R$600 e R$1.300. Quanto à prótese definitiva, é aquela utilizada na conclusão do tratamento, para proporcionar o resultado desejado pelo paciente e geralmente ela tem um valor entre R$ 1.300 e R$ 1.600. A Prótese Protocolo (sobre 6 implantes) custa R$ 6.500,00, a Overdenture (dentadura de encaixe sobre implantes): R$ 2.200,00, a Prótese Parcial Removível Provisória: R$ 631,00 e a Prótese Parcial Removível com Grampos PPR (Esquelética): R$ 1.341,00 ", afirma.

Julia Livia Teixeira Paiva
Julia Livia Teixeira Paiva (Imagem: acervo pessoal)

No Brasil, já existem tecnologias digitais para a confecção das próteses, porém, a tecnologia mais utilizada ainda é o processamento laboratorial convencional. “Normalmente utilizamos modelo de gesso e articulador para a moldagem das próteses; os dentes (coroas) são confeccionados em resina ou porcelana, a porcelana mais utilizada hoje em dia é a EMAX, por ser mais fina e aderente, exigindo menos preparação do dente e dispensando a remoção profunda da estrutura dentária, apesar de terem tido uma grande evolução tecnológica. Com a descoberta de novos materiais estéticos, em alguns casos, é possível confeccioná-las com estruturas não metálicas como as da zircônia. No caso das próteses sobre implante, os parafusos normalmente utilizados são de titânio", finaliza.

O avanço da tecnologia facilitou muitos processos da humanidade, mas o seu uso excessivo desde cedo está afetando as crianças e adolescentes
por
Maria Luiza Oliveira
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05/11/2021 - 12h

Por Maria Luiza Oliveira

O ex-editor da revista Wired, Chris Anderson, afirmou em uma entrevista para o jornal The New York Times que a tecnologia se aproxima mais da cocaína do que de um doce para as crianças e adolescentes. Um discurso distinto de outros profissionais da mídia, que vendem a ideia de que a tecnologia está sendo transformadora para a geração dos chamados “nativos digitais”, sendo eles mais espertos e melhores do que pessoas mais velhas.

De acordo com o livro “A Fábrica de Cretinos Digitais: os perigos das telas para as nossas crianças”, escrito pelo neurocientista Michel Desmurget, há um uso excessivo da tecnologia: até os 18 anos estimasse que as crianças e adolescentes tenham ficado o equivalente a 30 anos letivos ou a 15 anos de um emprego em tempo integral em frente às telas.

A geração que mais está sendo afetada por isso é a que foi apelidada como “alfa”, que vai de 2010 até 2024, cuja primeira criança nasceu no ano de criação do IPad, elas correspondem a cerca de 30 milhões no Brasil. É um grupo que desde o nascimento já tem contato direto com o Youtube, por exemplo, recurso que está sendo utilizado como babás, evitando a interação física.

A questão que fica e precisa ser questionada é de como isso está afetando essa geração? Como a exposição desde cedo à tecnologia como celulares, tablets e computadores interfere no aprendizado e comportamento dos nativos digitais?

Existem muitos livros, estudos, como o Programme for International Student Assesment (PISA)  e documentários (“Geração Telas”) que traçam o perfil desse grupo: uma geração solitária, lenta, sem criatividade, inapta às experimentações e que não gostam do trabalhos coletivos. Além disso, mostram vários riscos à saúde psíquica deles, déficit de atenção, TDAH e qualidade do sono podem ser uma das consequências.

Foto de Jessica Lynn Lewis no Pexels
Foto de Jessica Lynn Lewis no Pexels

 

A psicopedagoga e neuropsicóloga Célia Beatriz (55), afirma que “a infância é uma época de mudanças significativas, na estrutura anatômica e nas conexões cerebrais. Uma maior exposição nas telas pode influenciar no comportamento e consequentemente na saúde mental das crianças e adolescentes". Contudo, isso pode ser diferente para cada pessoa.

Adriana Rafael (51), mãe de Theófilo Leite, de 9 anos, conta que percebe um comportamento irritado e agitado do filho quando ele está longe do vídeo game ou de qualquer outro tipo de tela. Além disso, percebe nele uma maior dificuldade para concentração.

Theófilo passa em média 6 horas por dia jogando vídeo game ou em ligação com os amigos – “para mim é divertido para passar o tempo, porque com a Covid-19 isso foi um alívio para eu não ficar com depressão”. Mas a mãe diz que se preocupa com isso “me incomoda muito, mas hoje é um grande aliado meu no sentido de cuidar, pois não tenho condições de pagar atividades extras para ele além da escola. Mas tento desassociar o uso da tecnologia com leitura e outras atividades.”

Célia explica que a tecnologia é programada para manter o usuário conectado por mais tempo possível. Os jogos e as redes sociais estimulam a dopamina no cérebro, um neurotransmissor que irá diminuir a ação da área cerebral responsável pelo autocontrole, decisões e julgamentos. Ela traz uma sensação de recompensa instantânea, estimulando o indivíduo a repetir aquele processo, o que pode gerar o vício.   

Não é à toa que os gurus da tecnologia do Vale do Silício têm regras bem claras em relação ao uso de celulares e tablets na educação de seus filhos: evitar ao máximo. Bill Gates, criador da Microsoft, só vai dar um smartphone ao filho quando ele completar 14 anos.

Bill Gates (Foto: Jamie McCarthy/Getty Images)
Bill Gates (Foto: Jamie McCarthy/Getty Images)

 

Em 2016, a Academia de Pediatras dos Estados Unidos fez algumas recomendações aos pais: não usar celulares ou similares antes dos 18 meses; entre 18 e 24 meses, uma hora por dia e a partir dos seis anos colocar limites coerentes na utilização. Uma pesquisa publicada em 2019 pela revista médica JAMA Pediatrics aponta que uma maior exposição às telas por crianças entre dois e três anos pode levar a um atraso no desenvolvimento. Contudo, a psicopedagoga faz um alerta: “os pais são grandes influências para os filhos, não adianta tentar falar para o filho diminuir, se os próprios não conseguem regular esse uso.”

Mas como famílias que precisam trabalhar e não tem condições de pagar atividades extras ou uma babá irá fazer esse controle em um mundo cada vez mais digital, que, inclusive, facilitou o cuidado?

Dados da pesquisa Commom Sence Media, que tem como objetivo “ajudar as crianças a se desenvolverem em um mundo de mídia e tecnologia”, mostram a grande diferença no uso entre as famílias de alta, média e baixa renda: as crianças de famílias de alta renda costumam passar 1h50 min por dia; já a de média 2h25 min e de baixa renda, uma média de 3h 39 min.

Ainda não existe uma conclusão exata para todas essas questões, de quão mal o excesso das telas podem fazer para o desenvolvimento humano, pois não existe pesquisas suficientes. Apesar disso, é necessário prestar atenção ao uso das telas, independentemente da idade. Viver fora do ambiente digital e respirar o mundo real é importante para o desenvolvimento de todos.

 

 

 

Imagem da capa: Foto de Amina Filkins no Pexels

Com um dos mercados mais promissores no Brasil, as empresas no ramo se multiplicam.
por
Leonardo Cavazana Nunez
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05/11/2021 - 12h

Por Leornardo Cavazana Nunes

A popularização das apostas online começou discretamente por desconfiança da população nesse mundo de jogos de azar. Mas com a sanção da “lei de apostas” em 2018, esses sites conquistaram multidões de adeptos no País, movimentando cerca de R$ 12 bi por ano, segundo o governo federal.

Considerado no exterior por muitos como um hobby os “apostadores” já são sinônimo de profissão. Os motivos para isso são vários: comodidade, praticidade, diversão e baixo custo de investimento inicial, que pode gerar ganho a longo prazo. O cadastro é feito de maneira remota. Requer um email e senha, além da declaração de ter mais de 18 anos, e as transações são feitas por cartão de crédito, boleto ou Pix. Atualmente, mais de 400 empresas atuam no Brasil, todas elas com sede no exterior.

Entre esses muitos apostadores está Jonathan Eike Harano, 20 anos, Estudante de engenharia de produção da UTFPR. Ele relata que aposta faz dois anos, e que gosta da adrenalina. “faço, pois, é um tipo de investimento de alto risco, gosto da adrenalina, a sensação de estar correndo risco e principalmente no final quando tenho um resultado positivo”, afirma.

Fonte: acervo pessoal do Jonathan Eike Harano (print do celular no site de apostas, bet365)

Fonte: acervo pessoal do Jonathan Eike Harano (print do celular no site de apostas, bet365) 

Segundo o estudante ele não está correndo risco de perder dinheiro e se viciar nesse mundo. “nunca perdi dinheiro em geral, uma vez em uma conta que eu entrei com 60 reais consegui retirar 1000, hoje em dia nesses últimos meses já ganhei uns 60 % do investimento inicial. Sobre o medo de se viciar, não tenho, pois, vejo como um emprego onde eu estudo e analiso minhas opostas, não faço nenhuma loucura”, garante.

Para aumentar suas chances nesse mercado em constante crescimento, os sites de apostas investem com vigor em patrocínio, principalmente no mundo do futebol, mas existem outros tipos de apostas como de basquete, entre outros esportes.

Harano diz como é o processo para apostar. “Entrando no mercado de apostas esportivas seja qual for, eu por exemplo uso o bet365, só por hobby será muito difícil você ganhar dinheiro a longo prazo, por isso eu não aposto com as minhas intuições e sim probabilidades obtidas por um grupo vip que assino por mês, eles possuem um lucro de +800% em 17 messes considerado hoje um dos melhores grupos de consultoria de apostas do Brasil”, conta.

O mesmo termina, alertando como apostar de maneira segura. “No campo das apostas, regras e fiscalização são essenciais. Com controle rígido e de forma ponderada, esse mercado pode ser muito bem explorado", considera.