Por Danilo Zelic
Segundo estudo do INCA (Instituto Nacional de Câncer), Risco de iniciação ao tabagismo com o uso de cigarros eletrônicos: revisão sistemática a mete-análise, publicado na revista Ciência & Saúde Coletiva, da Associação Brasileira de Saúde Coletiva, a utilização do cigarro eletrônica (e-cigarette) aumenta em mais de três vezes o risco de experimentação e mais de quatro vezes o risco de uso, ambos de cigarro convencional.
Esse resultado vai na contramão do que geralmente se escuta atualmente, principalmente pelos mais jovens: a afirmação de que o cigarro eletrônico ajuda a largar o vício do cigarro convencional, substituindo ou funcionando como um tipo de redução de danos, por aparentar menor dano à saúde.
Segundo a Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), em 2020, o porcentual de fumantes com 18 anos ou mais, idade permitida legalmente para o uso da substância no Brasil, é de 9,5%, sendo 11,7% entre homens e 7,6% entre mulheres. Em relação a população abaixo dos 18 anos, a PeNSE (Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar) de 2019, realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e Ministério da Saúde, com apoio do Ministério da Educação, revelou que a porcentagem de jovens estudantes de 13 a 17 anos que fumam é de 6,8%, sendo maior a quantidade de meninos que fazem o uso do tabaco, 7,1%, em comparação às meninas, 6,5%.

Com relação ao cigarro eletrônico, o mesmo estudo demostrou que a prevalência de estudantes que experimentaram o cigarro eletrônico é maior na rede privada do que na rede pública. No Brasil, 16,6% dos estudantes entre 13 e 17 anos da rede público experimentaram o cigarro eletrônico, contra 18% da rede privada. Segundo pesquisa do DataFolha, em parceria com a ACT (Aliança de Controle do Tabagismo) Promoção da Saúde, lançada esse ano, 3% da população acima de 18 anos faz uso diário ou ocasional do cigarro eletrônico, ou DEFs (Dispositivos Eletrônicos para Fumar).
A ideia passada inicialmente pelas fabricantes do dispositivo, era de ser menos nocivo ao cigarro convencional, sendo assim, seguindo a lógica das empresas, uma ótima alternativa para tabagistas substituírem o cigarro convencional pelo eletrônico. Porém, segundo a médica epidemiologista Liz Almeida, coordenadora de Prevenção e Vigilância do Inca, não é bem isso que a ciência tem demonstrado. “Com o tempo, a gente foi vendo que ele não era tão bonzinho assim. Tem riscos porque tem substâncias que também são cancerígenas”, disse à Agência Brasil.

Quando estudos mais robustos começaram a demonstrar que o DEFs causa danos à saúde, como o cigarro convencional, a lógica por trás do marketing das empresas passou a ser outra: visar um público mais jovem. Além de conter nicotina, o dispositivo passou a ter um diferencial, sabores artificiais que imitam frutas e doces. Essa lógica, que visa o público jovem a consumir um produto exclusivo para adultos já era conhecida no ramo da industrial do tabaco, com a produção de cigarros com o sabor de menta, cereja ou cravo.
Em reportagem da Folha de S.Paulo, Diogo Alves, consultor nacional da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), comenta sobre a lógica por trás das variedades dos sabores, ressaltando que são produtos para crianças e adolescentes. “Não são sabores para quem fuma, são claramente voltados para a iniciação [do jovem], para mascarar a aspereza da nicotina. A indústria fala em redução de danos para adultos, mas quem faz uso desses produtos são crianças, adolescentes”.

Irregular no País desde 2009, segundo determinação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o comércio de cigarros eletrônicos segue firme e se estabilizando. Reportagem produzida este ano, pelo portal de notícias Poder 360, percorreu a Feira dos Importados, localizada em Brasília, mostrando que, dos 46 corredores da feira, 14 eram tabacarias, sendo que só duas não vendiam o dispositivo e dez delas vendem exclusivamente os DEFs.
Por Danilo Zelic
A Lei 11.340, mais conhecida como a Lei Maria da Penha, sancionada em 2006, completou 15 anos. Importante marco da luta social no combate à violência contra a mulher, enfatizando que o Estado pode intervir sobre o que se passa no ambiente privado, ainda mais quando uma pessoa corre risco de vida. Com a chegada da Internet e a facilidade que ela trouxe, novas formas de enfrentamento surgiram para além das denúncias via telefone ou no ambiente presencial, como aplicativos para celulares e canais de denúncia que podem ser acessados pelos navegadores da web.
METE A COLHER
A partir de um áudio de WhatsApp ter sido compartilhado em um grupo com diversas mulheres do Brasil, que captava o momento exato em que o marido batia em sua esposa, a jornalista e uma das idealizadoras do projeto, Rede Mete a Colher – nome que faz alusão a infeliz frase popularmente conhecida, “em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher” – Renata Albretim, que participava de um evento de tecnologia e inovação, junto com outras mulheres, decidiu criar alguma ferramenta para auxiliar mulheres vítimas de violência a compreender a situação que estão passando e como podem sair daquela situação sem sofrerem mais violência. Foi assim que surgiu o Mete a Colher. Em detalhes, Albetrim conta no programa Comutah, da TV Fórum, como foi o processo de criação do aplicativo.
"Ninguém sabia muito bem o que fazer diante daquela situação, ou seja, essa mulher não conseguiu ser muito bem ajudada, orientada, auxiliada. A nossa equipe se juntou, começou a refletir e a se aprofundar mais sobre o problema”. Em sua fala no programa Comutah, ela explica os pontos chaves que o aplicativo forneceu para ajudar a mulher em algum caso de violência. “Elas entrariam nesse aplicativo, uma mulher que estava ali disposta a ajudar de forma voluntária, seja porque ela é advogada, psicóloga, ou porque ela tem conhecimento ou já teve essa experiência entra também”, explica.

Albetrim enfatiza que a ideia do aplicativo, para além de escutar os relatos de mulheres que sofreram algum tipo de violência, o que o coletivo tenta fazer é “dar um encaminhamento que na nossa visão é o ideal”. “Toda a nossa ajuda, para além da empatia, de acolher, reafirmar as experiências e as dores delas, a gente encaminha essa mulher para ela ser assistida, para ela ser atendida pela rede pública de enfrentamento à violência contra a mulher”, diz a jornalista.
Por problemas financeiros, o aplicativo Mete a Colher saiu do ar no começo de 2020, porém a Rede Mete a Colher criou algo semelhante, voltado para o ambiente de trabalho. Desenvolveram o “Tina ajuda me”, aplicativo nos moldes do “Mete a Colher”, que orienta mulheres no mercado de trabalho, prestando serviços para empresas, possibilitando que as funcionárias das empresas utilizem o aplicativo caso passem por uma situação de violência doméstica ou no trabalho.
PENHAS
Desenvolvido pela jornalista e ativista feminista, MaríliaTaufic, e logo em seguida, idealizado em parceria com a revista digital AzMina, o “PenhaS” – nome que faz menção ao sobrenome da mulher que deu origem a Lei, Maria da Penha – é um aplicativo surgido em 2019 que nasceu sob o mesmo argumento do “Mete a Colher”, “fazer um enfrentamento mais direto, mais efetivo” em relação ao combate à violência contra mulher, como conta Thais Folego, jornalista e co-diretora da revista, no episódio “Azmina e o aplicativo Penhas”, do programa de podcast Olhares.

"É uma forma muito efetiva realmente de como essa atuação online se dá nesse mundo offline, nesse mundo prático no dia a dia de mulheres que estão vivendo um relacionamento abusivo ou uma situação de violência de fato”, diz Folego. A jornalista elenca três pilares que o aplicativo possui: trazer informação; a possibilidade de acolhimento; e o pedido de ajuda e denúncia.
Sobre o ponto de "trazer informação”, no Podcast "Folego" comenta que é mais em um sentido pedagógico, ou seja, de passar alguma informação adiante e ao mesmo tempo educar aquelas que tiveram acesso a ela. “A Lei Maria da Penha traz cinco tipos de violência contra a mulher, mas muitas mulheres acham que só quando a violência é física, que ela é, de fato, uma violência que pode ser denunciada. O App tem um quiz, para ajudar essa mulher a identificar se ela está em uma situação de violência ou não”. Lembra também da possibilidade que a usuária tem em acessar um mapa, onde pode se informar qual é o ponto de atendimento mais próximo, serviços públicos como delegacias, onde ela pode fazer uma denúncia, ou uma rede de acolhimento, caso não consiga uma medida protetiva que distancie o agressor do seu ambiente doméstico.
MARIA DA PENHA VIRTUAL
Mais voltado para a questão prática do que propriamente pedagógica, o Maria da Penha Virtual é um aplicativo desenvolvido por estudantes de direito e pesquisadores do Centro de Estudos de Direito e Tecnologia (CEDITEC) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com o intuito de agilizar pedidos de medidas protetivas de urgência das mulheres vítimas de violência no estado do Rio de Janeiro.
Rafael Wanderley, estudante de direito e pesquisador do CEDITEC, explica, na reportagem produzida pela TV ADUFRJ (Associação dos Docentes da Universidade Federal do Rio de Janeiro), o funcionamento do aplicativo online, que diferentemente do Mete a Colher e o PenhaS, pode ser utilizado em qualquer plataforma. “Ele é um webapp [aplicativo de web]. Para qualquer dispositivo eletrônico ele se ajusta, para celular, computador ou tablet”.

Além do seu funcionamento, o diferencial é a possibilidade que a vítima que sofreu a violência possui para gerar um pedido de medida protetiva. Na seção “Como funciona o processo?”, há uma explicação em três partes de como se dá o processo após o pedido de medida protetiva. O primeiro passo é, “a vítima responde nosso formulário com os dados que precisamos para gerar um pedido de medida protetiva”; o segundo passo, “nosso sistema gera um pedido de medida protetiva e envia para um(a) juiz(a), com segurança e sigilo”; e o terceiro passo, “o (a) juiz(a) irá avaliar o caso e julgar as medidas a serem tomadas para assegurar a proteção da vítima”.
O Analista do Ministério Público e Pesquisador do CEDITEC, Hassany Chave, na mesma reportagem da TV ADUFRJ, comenta o ponto principal do aplicativo. “Nosso foco é a efetividade e garantia do acesso à Justiça”.
Por Mayara Neudl
A nanotecnologia gera dispositivos cada vez menores, mais leves, mais baratos e com maior funcionalidade. Seu objeto de estudo, os nanomateriais, são invisíveis aos olhos, mil vezes menores do que células, dezenas de milhares de vezes menores do que a espessura de um fio de cabelo e bilhões de vezes menores do que uma formiga.
Aparelhos gerados a partir desses componentes reduzem o consumo de energia, ao mesmo tempo em que melhoram sua velocidade de resposta e performance. Um exemplo disso são os smartphones, que nada mais são do que os gigantescos computadores antigos transformados em objetos leves, compactos e com muitas mais funcionalidades.
Hoje existem duas técnicas para a produção de nanoestruturas. A top-down, mais utilizada na indústria, que produz os micro e nanochips dos dispositivos tecnológicos atuais. E a bottom-up que é voltada para ensaios químicos e biológicos que precisam de alto controle.
Além de mais sustentáveis tecnologicamente - por gerar dispositivos que economizam energia -, há também pesquisas voltadas para o contexto ambiental que envolvem o uso de nanomateriais, como remediação ou prevenção de poluição, onde são usados como catalisadores para mutação de substâncias nocivas em inócuas; ou então na extração de poluentes de água contaminada, por exemplo. Este é o tema de uma das pesquisas recentes de Lucas Bitencourt Theodoroviez, mestrando em ciência e tecnologia espacial, com ênfase em química de materiais pelo ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), bacharel em química pelo Instituto de Química da UNESP, pesquisador com foco em materiais com aplicações elétricas e eletroquímicas, materiais porosos e nanotecnologia, com especialização em química inorgânica e de coordenação, e, também, em caracterização de materiais.
Lucas conta que uma das grandes preocupações acerca destes materiais é relacionada, também, ao seu tamanho. Como são partículas extremamente pequenas, sua separação de outros meios possui complicações, e, dessa forma, se não controladas e instauradas de maneira correta, podem gerar resíduos tóxicos ao ambiente e aos seres vivos. “Já é conhecido que, tais materiais em contato com a circulação sanguínea, podem desencadear uma reação inflamatória como mecanismo de defesa do organismo, uma agregação pode gerar embolia, tanto na corrente sanguínea, quanto nos alvéolos pulmonares. Além disso, podem interagir com proteínas e impedir a atividade de enzimas ou até mesmo resultar na produção de radicais altamente reativos gerando danos no DNA.”.
Numerosos estudos têm mostrado que as interações biológicas entre materiais e alvos biológicos dependem da composição química, propriedade de superfície, tamanho e morfologia das partículas. Esses nanomateriais podem apresentar diferentes níveis de toxicidade (aguda, sub-crônica e crônica) e os fatores de risco em humanos são governados pelo nível de exposição, tamanho de partícula, reatividade e biodistribuição. Cabe ressaltar que os impactos estão associados ao tipo de exposição do nanomaterial (oral, dérmico, intravenoso e inalação), sendo o tamanho de partícula o principal ponto a se observar.
Lucas também afirma que, em contrapartida, existe também o impacto positivo das nanopartículas para a saúde: “Podendo-se citar, imageamento celular in-vitro ou in -vivo, nas sondas biológicas fluorescentes, entrega de drogas (fármacos), terapias de câncer, bactérias, entre outros.”.
Por fim, o pesquisador nos conta como está o desenvolvimento industrial da aplicação de nanomateriais no Brasil em relação ao mundo, “No Brasil, ainda estamos em um contexto de desenvolvimento de indústria técnica nessa área, apesar de termos muitos pesquisadores e cientistas capacitados com elevado grau de conhecimento no tema. No entanto, esse conhecimento ainda é mais difundido no meio acadêmico em detrimento do industrial. A nanotecnologia presente no nosso país é, basicamente, provinda de importações, enquanto que as do meio acadêmico são em maior parte voltadas ao setor biotecnológico.”.
Há diversas indústrias atualmente que trabalham com nanotecnologia e nanociência como as de biotecnologia, mecânica, cosmética, farmacêutico, luminescência, eletrônica, forense, aeroespacial, automotiva, materiais térmicos, tintas, e muitas mais. É uma das áreas científicas que mais tende a crescer.
Por Mário Gandini
Quem um dia iria imaginar que teríamos todos os aparelhos da sua casa conectados em uma rede integrada, onde você pode ter controle de tudo na palma da mão, como por exemplo, o seu relógio de cabeceira, torradeira, cafeteira, lâmpada...etc. A ideia principal por trás da Internet das Coisas é a de facilitar a vida dos usuários, tornando o uso de certos elementos mais simples e até permitindo a automação de tarefas. Nos dias de hoje já podemos aplicar esse conceito em escalas muitos maiores como por exemplo no meio rural.
O pofessor Thiago Ceretti, bacharel em Ciências e Tecnologias pela UFABC, integrou um grupo de pesquisa na FAPESP sobre robótica submarina e é grande fã de Internet das Coisas. “É como se você criasse uma rede onde objetos tecnológicos estão conectados e interligados e você pode ter controle sobre essas ações de uma maneira integrada, como, por exemplo, a ideia da casa inteligente e a Alexa, você pode integrar ações relacionadas ao dia a dia, como, a cafeteira liga na hora que o seu alarme toma, a luz acender com a sua presença, e até mesmo o uso da sua voz para fazer pergunta sobre o clima e o horário para ela te ajudar”. Thiago explica como ele enxerga essas inovações no mundo. “Da mesma forma que temos muita coisa para ser desenvolvida, já temos muitas inovações prontas esperando para serem usadas. No meu ver a Internet das Coisas me agrada mais quando está sujeita ao DIY(Do It. Yourself, faça você mesmo em Inglês) para incentivar o desenvolvimento da sua própria tecnologia. Por exemplo, você pode começar a aprender a programar, de forma básica, para automatizar o sistema de irrigação da sua horta, com uma mangueira e um relógio eletrônico”.
Em uma escala muito maior, a agricultura inteligente baseada nas tecnologias de IoT, já está se tornando realidade e está permitindo que agricultores reduzam o desperdício e aumentem a produtividade, tudo é monitorado, desde a quantidade de fertilizante utilizada até o número de viagens que os veículos agrícolas precisam executar. A Internet das coisas está modificando consideravelmente o modo que vivemos; indústria avançada, casas inteligentes, carros autônomos são apenas alguns avanços que essa tecnologia nos proporcionou.
Não é novidade que o Brasil é uma potência agro-ambiental no cenário mundial faz tempo como grandes produtores de soja. No início, as lavouras costumavam se concentrar no Sul do Brasil, mas desde o final da década de 1970 se espalharam para o Centro-Oeste, especialmente no Cerrado. A agricultura viveu avanços significativos nos últimos 50 anos. A modernização dos maquinários permitiu um ganho de escala e de produtividade. No mundo em que vivemos, onde tudo está conectado, o setor mais antigo do mundo precisa abraçar essa transformação digital impulsionada pela conectividade para dar um passo adiante.
No entanto, aplicar a IoT (abreviação Internet of Things) na agricultura é mais que uma tendência: é uma necessidade. Com esse uso, os sistemas são construídos para gerenciar de forma eficaz o campo de cultivo. Com o auxílio de sensores, é possível monitorar luz, umidade do ar, temperatura, umidade do solo etc. e automatizar o sistema de irrigação, por exemplo.
Por enquanto, o setor agrícola ainda é o menos digitalizado que outros. A tecnologia já existe e está disponível, mas há dois empecilhos. Em algumas regiões, falta infraestrutura de conectividade, e, onde ela já existe, os fazendeiros estão adotando lentamente essas novas tecnologias porque o impacto positivo delas ainda não foi suficientemente provado. Assim, os agricultores podem monitorar as condições de campo de qualquer lugar, além de ter um melhor gerenciamento dos recursos naturais. A agricultura inteligente baseada em IoT é altamente eficiente quando comparada com a abordagem convencional.
Uma das inovações que já foram implementadas em solo brasileiro além de maquinário autônomo, é a manutenção da umidade do solo, do quanto de água qual quadrante da plantação necessita de água, além da manutenção de nutrientes e quantidade de fertilizante.
Não podemos negar que tudo está caminhando para ser “smart”. Como citado antes do texto, essa mudança não é mais tendência, é uma necessidade de se reinventar, pois, devido ao aumento da dinâmica do mercado mundial se o setor da agricultura não se reinventar, não dará conta de abastecer o mercado. Com a chegada do 5G no Brasil, teremos uma impulsão para cada vez mais nos tornarmos uma sociedade conectada. Não podemos deixar de lado que o mundo não é um mar de rosas, por mais que essa modernização seja inevitável, ela não necessariamente vai seguir os planos de abastecimento de alimentos para a população. Os pequenos produtores podem acabar sendo os mais prejudicados nessa história, visto que terão que “ceder” terreno para as grandes fazendas produtoras de alimentos transgênicos.
Por Rodrigo Mendonça
Nos dias 5 e 6 de novembro foi realizado o leilão do 5G no qual empresas de Internet e telefonia móveis puderam comprar concessões do governo federal por meio da ANATEL, Agência Nacional de Telecomunicações, para uso dos lotes da nova frequência 5G. O leilão funcionou dividido por faixas e frequências em blocos regionais e estaduais, ou seja, as empresas puderam comprar tanto para explorar o 5G em âmbito tanto somente estadual, um ou alguns estados, tanto quanto nacional, todo o território brasileiro.
Para a categoria da frequência de 2,3 GHz, as empresas interessadas no 5G disputaram um bloco regional de 50 MHz e outro de 40 MHz, com concessões válidas por 20 anos com possibilidades de renovação,na faixa de 26 GHz, houve duas rodadas. Na primeira, foram faixas de 400 MHz divididas entre três blocos regionais e cinco nacionais. O que não está certo ainda é como será a implantação dessa nova tecnologia na prática visto que o Brasil não terá um cenário muito favorável.
O que é o 5G?
5G é o padrão de tecnologia de quinta geração para redes móveis e de banda larga que já existe desde 2018 mas está começando a ser implantado no Brasil somente em 2021. O 5G vai substituir o padrão anterior, o 4G.
Como é feita a implantação do 5G?
Frequências de Internet como o 5G funcionam por meio de antenas que emitem ondas de rádio, a nova frequência dessas ondas que está na quinta geração vai ser emitida por antenas que serão acopladas a antenas que já emitem ondas na frequência de quarta geração, o 4G, fazendo uma mesma antena emir 4G e 5G simultaneamente, porém tudo na teoria.
Quais as dificuldades para implantar o 5G no Brasil?
Para analisar como o 5G será implantado de fato no Brasil vários fatores devem ser considerados, como por exemplo como está o uso de internet pelas famílias brasileiras atualmente.
No Art. 4º da lei Nº 12.965, de 23 de ABRIL de 2014 e sancionado pela então presidente Dilma Rousseff e dito que “A disciplina do uso da Internet no Brasil tem por objetivo a promoção:
I - do direito de acesso à Internet a todos” Porém na prática isso ainda está longe de acontecer.
Segundo uma pesquisa de 2020 promovida pelo Comitê Gestor da Internet do Brasil, o CGI, percebeu-se que naquele ano o Brasil chegou a 152 milhões de usuários da rede, o que significa que houve um aumento de 7% em relação a 2019 e por esse motivo, 81% da população com mais de 10 anos têm Internet em casa atualmente segundo a pesquisa.
O crescimento do total de domicílios com acesso à Internet ocorreu em todos os segmentos analisados nessa pesquisa. As residências da classe C com acesso à web passaram de 80% para 91% em um ano e na casas das classes D e E saltaram de 50% para 64% na pandemia. Porém, esse acesso ainda é desigual, visto que 90% das casas das classes D e E se conectam à rede exclusivamente pelo celular.
De acordo com o censo escolar de 2020, apenas 32% das escolas públicas do ensino fundamental e no caso de escolas públicas do Ensino Médio, essa porcentagem chega a 65%, porém o governo federal espera que isso se reverta com a chegada do 5G, prevendo que até 2029 todas as escolas em localidades com mais de 600 mil habitantes tenham acesso à internet de alta velocidade.
Outro entrave para que o 5G seja utilizado de fato no Brasil é a dificuldade imposta por leis municipais e estaduais que incluem a cobrança de altas taxas e, em certos casos, até criam restrições que proíbem as instalações de estações de rádio base (ERBs) onde ficam as antenas de Internet e redução do aparelho (small-cells) que permite ampliação da cobertura do sinal de dados em locais com maior demanda de sinal de Internet como as grandes cidades e as capitais.