O Software da Poda quer monitorar as condições das árvores pelos bairros de São Paulo
por
Julia Sena
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03/11/2025 - 12h

Por Julia Sena

 

No bairro da Vila dos Remédios, na zona oeste de São Paulo, seu Francisco, de 68 anos, já se acostumou com o barulho de galhos batendo contra os fios de energia nos dias de vento forte. Diz que na rua, quando chove, já sabe que vai faltar luz. Ele já fez inúmeros pedidos de poda à prefeitura, mas as respostas, quando vêm, demoram meses. A cena se repete em muitos bairros da cidade, árvores plantadas há décadas, sem planejamento e monitoramento. Além de crescidas demais, raízes que invadem calçadas, rompem fios e danificam tubulações. A falta de gestão eficiente da arborização urbana torna-se ao mesmo tempo um problema de segurança e um desafio ambiental. Foi diante desse cenário que um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo desenvolveu o projeto Poda, uma iniciativa que usa inteligência artificial e softwares de modelagem ecológica para apoiar o poder público na tomada de decisões sobre o manejo de árvores nas cidades.

A iniciativa nasceu dentro do Instituto de Biociências da USP, sob coordenação do professor Marcos Buckeridge, especialista em fisiologia vegetal e diretor do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (INCT Bioetanol). A ideia surgiu de uma pergunta simples sobre se seria possível usar dados científicos para prever quais árvores precisam de poda antes que se tornem um risco. Para ele, o manejo das árvores urbanas ainda é muito reativo, a poda acontece depois que o problema aparece. O que se pretende é criar um sistema preventivo, capaz de indicar quando e onde agir, usando informações sobre o crescimento das espécies, o clima e as condições do solo.

O sistema desenvolvido pela equipe combina imagens de satélite, modelos de crescimento vegetal e dados climáticos locais. A partir disso, os pesquisadores conseguem estimar o ritmo de desenvolvimento das árvores e identificar áreas de risco, como regiões onde há alta densidade de copas próximas à rede elétrica.

Um dos diferenciais do projeto é a criação de modelos preditivos que consideram o impacto das mudanças climáticas no comportamento das árvores. Com o aumento das temperaturas e das chuvas intensas, algumas espécies têm crescido mais rápido e de forma desordenada, o que aumenta a chance de quedas e rompimentos. O software já permite prever o comportamento das árvores ao longo do tempo. Isso ajuda o poder público a planejar melhor as podas e reduzir custos com emergências.

A proposta da Poda é tornar a arborização urbana mais sustentável e integrada à rotina das prefeituras. O sistema já foi testado em áreas piloto de São Paulo e pode, futuramente, ser adaptado a outras cidades brasileiras. E o objetivo não é apenas tecnológico, mas também social,. pois o que está em jogo quando se pensa em árvores é preciso considerar sombras, em conforto térmico, em qualidade do ar. Mas se não houver manejo, esses benefícios se perdem.

De volta à Vila dos Remédios, seu Francisco ouve falar do projeto com esperança. Ele considera que se tiver um jeito de a Prefeitura saber antes que a árvore vai cair, já ajuda muito, porque esperar cair em cima do carro ninguém quer.

A equipe da USP também trabalha em uma interface pública, que permitirá aos cidadãos acompanhar o mapeamento das árvores de suas regiões e reportar problemas diretamente pelo sistema. Assim, o ciclo se completa: da denúncia à prevenção, com base em dados e participação popular. “Cuidar das árvores é cuidar das pessoas”, resume Buckeridge. E agora, com a ajuda da ciência é possível fazer isso de maneira mais inteligente.



 

Invenção desenvolvida por cientistas da Universidade Estadual da Paraíba identifica, em segundos, a presença da substância tóxica usada em bebidas adulteradas
por
Inaiá Fernandes Misnerovicz
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27/10/2025 - 12h

Por Inaiá Misnerovicz

 

Pesquisadores da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) desenvolveram um canudo descartável que muda de cor ao detectar metanol em bebidas. O dispositivo  biodegradável é capaz de identificar, em poucos segundos, a presença do álcool tóxico responsável por graves casos de intoxicação no País. A proposta é permitir que qualquer pessoa reconheça o risco antes de consumir uma bebida adulterada, sem precisar de equipamentos ou conhecimentos técnicos.

O projeto é coordenado por David Douglas, professor e pesquisador do Departamento de Química da UEPB. A ideia surgiu a partir da preocupação com o aumento dos casos de envenenamento por bebidas falsificadas, muitas vezes vendidas em festas, bares e eventos. O grupo buscava uma solução acessível, de baixo custo e uso imediato. Assim nasceu o canudo que muda de cor ao entrar em contato com o metanol.

O metanol é um tipo de produto que oferece um risco silencioso. À primeira vista, parece inofensivo: é incolor, tem cheiro fraco e se mistura facilmente ao etanol, o álcool comum das bebidas. Mas é altamente tóxico. Mesmo em pequenas quantidades, pode causar cegueira, coma e morte. Usado na indústria como solvente e combustível, o metanol jamais deveria estar presente em bebidas alcoólicas. Quando ingerido, o corpo o transforma em substâncias que atacam o sistema nervoso e os olhos, provocando danos irreversíveis.

Douglas explica que o canudo foi projetado para ser usado de maneira simples e intuitiva. . Em seu interior, há uma fita com reagentes químicos sensíveis ao metanol que, ao entrar em contato com a bebida, provoca uma reação capaz de alterar a cor do canudo, geralmente do amarelo para o vermelho. O processo é rápido, dura apenas alguns segundos e dispensa o uso de qualquer aparelho complementar. A ideia central é permitir que qualquer pessoa possa testar a bebida antes de consumi-la, sem precisar ter conhecimento técnico.

Segundo o pesquisador, o objetivo principal é oferecer um produto barato e eficaz. A equipe estima que cada unidade custe menos de dois reais, o que permitiria sua distribuição em larga escala. O canudo foi pensado para ser usado em bares, festas e eventos, mas também por órgãos de fiscalização e vigilância sanitária. Os testes vêm sendo realizados com diferentes tipos de bebidas, como cachaças, vodcas e licores artesanais, para garantir que a reação funcione em todas as composições.

O projeto começou em 2023, nos laboratórios da UEPB, em Campina Grande, e desde então tem recebido apoio de estudantes de graduação e pós-graduação. O grupo trabalha agora na padronização dos resultados, no registro de patente e na busca por parceiros que viabilizem a produção em escala comercial. Paralelamente, a universidade pretende promover campanhas de conscientização sobre os riscos do metanol, incentivando o consumo responsável e a compra de produtos de origem confiável.

O consumo de bebidas adulteradas é um problema de saúde pública no Brasil. O metanol, por ser mais barato que o etanol, é usado ilegalmente na fabricação clandestina. Essa prática ainda causa tragédias em várias regiões do país. Em 2025, surtos de intoxicação foram registrados em estados do Nordeste e do Sul, com dezenas de vítimas. A ausência de métodos simples de detecção e a dificuldade de fiscalização contribuem para o aumento dos casos.

Para David, o canudo funciona como uma ferramenta de prevenção e alerta. Ele não substitui a análise laboratorial, mas serve como um primeiro passo para evitar o consumo da bebida contaminada e estimular denúncias às autoridades. O pesquisador destaca que o ideal seria que ninguém precisasse recorrer a esse tipo de recurso, mas que, diante da realidade do mercado informal, oferecer um meio de defesa à população se torna essencial.

Os sintomas de envenenamento por metanol podem aparecer entre meia hora e doze horas após a ingestão. Entre os mais comuns estão visão turva, dor de cabeça, tontura, náuseas, dificuldade para respirar e, em casos graves, convulsões e coma. O tratamento precisa ser feito rapidamente em ambiente hospitalar. 

O desenvolvimento da pesquisa também mostra a força da ciência feita em universidades públicas regionais. Para o pesquisador, o projeto demonstra que é possível criar soluções inovadoras e de impacto social fora dos grandes centros de pesquisa. Ele destaca que o trabalho coletivo, envolvendo alunos e técnicos, é o que torna o resultado possível. O grupo já estuda novas aplicações para a tecnologia, como o desenvolvimento de palitos, adesivos e fitas reagentes capazes de identificar outros tipos de adulterantes, como solventes e corantes ilegais.

Douglas lembra que, em outros países, iniciativas parecidas ainda são raras e muitas vezes caras. O diferencial da equipe paraibana está no foco na simplicidade. O canudo é barato, descartável e usa materiais que não agridem o meio ambiente. É uma tecnologia pensada para o cotidiano, para chegar a quem mais precisa. A pesquisa tem despertado o interesse de instituições de ensino e de agências de fomento científico. O grupo da UEPB já foi convidado a apresentar os resultados preliminares em eventos acadêmicos e feiras de inovação. A expectativa é que, até o final de 2026, o produto esteja disponível comercialmente, após os testes de segurança e a aprovação dos órgãos reguladores.

Além da inovação química, o canudo também levanta um debate sobre educação científica e cidadania. O pesquisador acredita que a disseminação da informação é essencial para reduzir o número de casos de intoxicação e para valorizar o papel da ciência pública no enfrentamento de problemas sociais. A equipe planeja, junto à Pró-Reitoria de Extensão da UEPB, criar oficinas educativas em escolas e comunidades, unindo ciência, saúde e responsabilidade social.

Casos de intoxicação por metanol têm sido recorrentes no mundo todo. Em 2022, um surto na Índia matou mais de 40 pessoas após o consumo de uma bebida clandestina. No México, dezenas foram hospitalizadas em festas locais. No Brasil, os registros se multiplicam, especialmente em períodos de festas populares. Apesar disso, são raros os métodos de detecção acessíveis ao público. O canudo criado na Paraíba surge como uma inovação com potencial global, justamente por unir simplicidade, baixo custo e impacto social.

Enquanto o produto não chega ao mercado, os pesquisadores reforçam a importância de comprar bebidas apenas de fontes confiáveis, com rótulo e registro. Preços muito baixos e embalagens improvisadas são sinais de alerta. O pesquisador também destaca que as autoridades precisam intensificar a fiscalização, especialmente em períodos de festas populares e feriados prolongados.

O Brasil é pioneiro na criação de um medicamento que regenere a medula óssea de pacientes
por
manuela schenk scussiato
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03/11/2025 - 12h

Por Manuela Schenk

 

Não fora uma sexta-feira qualquer para Júlia. A caminho do ponto de ônibus para voltar para sua casa após um dia de aula na faculdade um motorista embriagado atropelou-a e fugiu sem prestar socorro que mudou sua vida para sempre quando tinha apenas 19 anos. Júlia teve lesões nas vértebras T8, T9 e T10 que a deixaram paraplégica depois de cinco dias em coma quando recebeu a notícia de que jamais andaria novamente.

Hoje Júlia tem 22 anos e teve que reaprender a viver. Coisas que jamais imaginou ter dificuldades agora são grandes conquistas, como quando conseguiu tomar banho sozinha pela primeira vez ou quando pode se deitar na própria cama sem auxílio. Escadas se tornaram rampas, seu restaurante favorito virou delivery, já que não possui acessibilidade para que ela consiga entrar na cadeira de rodas. As festas que frequentava semanalmente agora são eventos anuais, pois a locomoção dentro de uma balada é quase impossível para alguém que não consegue usar as próprias pernas.

No início se adaptar parecia impossível, noites mal dormidas quando chorava no travesseiro até seus olhos cederem. Depois de receber alta do hospital ela foi encaminhada para terapia, consultas três vezes por semana que depois de dois anos se tornaram duas. A fisioterapia que antes era uma tortura aos poucos se tornou um momento divertido.

Nos anos que se passaram Júlia conheceu mais pessoas na mesma situação que ela e de pouco a pouco sua nova vida se tornou mais tolerável, mas mesmo depois de quase 4 anos do acidente ela ainda tem dias ruins, sua autoestima nunca mais foi a mesma já que por muito tempo não conseguia se arrumar como antes. Júlia conta que o momento mais difícil da vida dela foi descobrir que seu caso não tinha cura. Sem possibilidade de tratamento ou cirurgia, uma menina que antes era ativa, amava se exercitar, sair com suas amigas, passear com sua cachorrinha, agora se vê forçada a reaprender a viver.   

É possível perceber as dificuldades que marcam a vida das pessoas que são afetadas pela paraplegia. Infelizmente muitos casos não são reversíveis, mas graças a estudos de um grupo da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), o mundo pode estar mais próximo de encontrar uma cura para uma deficiência que interrompe a vida de tantas pessoas.

A pesquisa, desenvolvida no Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, representa um marco para a medicina brasileira. O medicamento experimental chamado Polilaminina foi criado a partir de uma proteína natural da placenta humana, capaz de estimular a regeneração das células nervosas. Em estudos com animais, especialmente cães que haviam perdido os movimentos, o tratamento apresentou resultados impressionantes: alguns conseguiram voltar a andar mesmo após anos de paralisia. Esse avanço chamou a atenção da comunidade científica internacional e fez com que o Ministério da Saúde e a Anvisa classificassem o estudo como de prioridade absoluta no País.

A equipe liderada por Tatiana Sampaio começou o estudo da eficiência polilaminina para promover a regeneração de fibras nervosas/axônios e reconectar áreas lesadas da medula espinhal começou em 2007, embasado em outro estudo da faculdade que iniciou em 1998. São quase três décadas de trabalho árduo que trouxeram a equipe ao sucesso que é exposto para o mundo hoje, com seis dos oito pacientes humanos recuperando, parcial ou completamente, os movimentos que lhes foram tomados. 

Além dos testes clínicos em andamento, o projeto da UFRJ tem recebido apoio de instituições públicas e privadas, como o Laboratório Cristália, que colabora na etapa de desenvolvimento farmacêutico e produção em larga escala da substância. O próximo passo dos pesquisadores é a realização de estudos em uma quantidade maior de voluntários, o que permitirá avaliar com mais precisão a segurança e a eficácia do medicamento. Caso os resultados se confirmem, o Brasil poderá ser o primeiro país a oferecer um tratamento realmente regenerativo para lesões medulares, uma conquista inédita na história da ciência.

Para Júlia e milhares de pessoas que convivem com a paraplegia, essa descoberta reacende uma esperança que parecia perdida. Mesmo que o caminho até a cura ainda seja longo, cada passo da pesquisa representa uma vitória contra a limitação imposta pela lesão medular. A história de Júlia mostra a força de quem se reinventa diante da adversidade. O que a ciência da UFRJ faz agora é provar que o impossível pode estar mais perto do que se imagina. Aquilo que antes era apenas sonho, agora começa a ganhar forma nas mãos de pesquisadores brasileiros dedicados a devolver o movimento e com ele a liberdade a tantas vidas interrompidas.

Consumo consciente e busca por saúde impulsionam a produção nacional
por
Chloé Dana
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30/09/2025 - 12h

Por Chloé Dana

 

Em meados de 2025, pesquisas agronômicas da Embrapa e da Organis, apontam que a produção de orgânicos no País aumentaram em 12%, visando um consumo mais saudável e consciente. O crescimento aponta à prioridade por produtos sem agrotóxicos e ao fortalecimento de políticas públicas voltadas à agricultura ecológica. 

Porém, é preciso entender como esse aumento surge, en que se diferencia de outras nações por suas profundas raízes em movimentos sociais e agroecológicos, em vez de ser impulsionada exclusivamente por lógicas de mercado. Mais do que apenas um método de cultivo, a agricultura orgânica é definida por um sistema de produção agropecuária que utiliza técnicas particulares com a finalidade de aprimorar a utilização dos recursos naturais e socioeconômicos à disposição, preservando a integridade cultural das comunidades do campo. Seus fundamentos incluem a sustentabilidade econômica e ambiental, a maximização de vantagens sociais, a redução da dependência de fontes de energia não-renováveis e a adoção de métodos biológicos e mecânicos em lugar de organismos que foram geneticamente alterados.

O surgimento da agricultura orgânica no Brasil remonta a meados da década de 1970, impulsionado por uma reação ao avanço da Revolução Verde, que propunha uma modernização da agricultura em prol do melhoramento genético, uso de insumos e agrotóxicos. Nessa época, a comercialização de produtos ocorria de maneira direta, baseado em um simples sistema de confiança entre quem produzia e quem comprava. 

O mercado inicial consistia em um "segmento natural" oferecendo entregas semanais de cestas contendo frutas, verduras e legumes na casa dos clientes. A presença de lagartas e bichinhos no alimento, era percebida pelos primeiros clientes como uma sinalização de qualidade, indicando que os alimentos tinham sido cultivados sem o uso de produtos químicos. A valorização dos produtos orgânicos não se baseava em certificações formais, mas sim na confiança entre as partes e na evidência concreta da falta de químicos, o que destaca que as origens do movimento no Brasil são fundamentadas em princípios agroecológicos e filosóficos, e não apenas comerciais. 

O produtor de orgânicos e feirante na Vila Madalena Carlos Nascimento explica alguns motivos de porque optou pelo orgânico ao invés do convencional. Nascimento afirma que sua decisão surgiu de um desejo de produzir de maneira mais consciente pois ao observar a prática convencional, notou os efeitos negativos do uso incessante de pesticidas e fertilizantes químicos. O solo se tornava exaurido, a biodiversidade se perdia e a saúde das pessoas que lidavam frequentemente com esses produtos era comprometida. 

Outro fator que influenciou sua escolha foi a valorização crescente do mercado de produtos orgânicos. O agricultor percebe que esse segmento possui um grande potencial de crescimento, impulsionado por consumidores mais conscientes e prontos para apoiar práticas sustentáveis. Apesar do notável crescimento e das conquistas legislativas, o setor orgânico no Brasil enfrenta desafios estruturais que representam obstáculos significativos ao seu desenvolvimento pleno, e isso implica em tempo e políticas públicas para o setor.

Quando discute o amanhã, o produtor demonstra uma visão otimista, porém fundamentada na realidade. Ele enxerga um grande potencial para o crescimento da agricultura orgânica no Brasil, especialmente devido à mudança na conscientização dos consumidores. Cada vez mais, famílias estão em busca de alimentos que não contenham agrotóxicos, valorizando a origem dos produtos que adquirem e desejando apoiar práticas sustentáveis. Para ele, esse movimento representa não uma moda passageira, mas uma tendência crescente que deve se intensificar nos anos vindouros, alinhando-se à preocupação global com a saúde e o meio ambiente.

Outro aspecto que ele enfatiza é a urgência de aumentar o acesso. Atualmente, os produtos orgânicos ainda alcançam uma fração reduzida da população, frequentemente restrita às grandes áreas urbanas e a consumidores com maior capacidade financeira. Para o futuro, ele aspirar por um cenário em que os orgânicos se tornem mais disponíveis, integrando-se a feiras comunitárias, merendas escolares e até programas de abastecimento público, garantindo que alimentos saudáveis deixem de ser um privilégio e se tornem um direito.

O mercado de orgânicos no Brasil encontra-se em uma fase de crescimento explosivo, impulsionado por uma mudança no perfil do consumidor e políticas de fomento. No entanto, o setor enfrenta desafios estruturais significativos, como o desequilíbrio entre oferta e demanda, a fragmentação dos dados oficiais e as barreiras de entrada para os pequenos produtores. A superação desses gargalos, especialmente a questão da certificação e o fortalecimento da logística e da cadeia de valor, é crucial. Ao abordar essas questões de forma estratégica, o Brasil tem a oportunidade de não apenas manter sua liderança na América Latina, mas de se consolidar como um dos principais players globais, alinhando seu potencial de produção com o vigor de seu mercado consumidor.

Maior evento europeu do setor continua na rota por novidades eletricas e mais concorrência a cada ano
por
Vítor Nhoatto
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22/09/2025 - 12h

Ocorrido entre os dias 9 e 14 de setembro, o IAA Mobility recebeu mais de 500 mil visitantes, superando a sua última edição em 2023. Estiveram presentes as germânicas Audi, BMW, Mercedes, Opel, Porsche e Volkswagen, mas Fiat, Peugeot e nenhuma japonesa compareceu. Com isso, mais uma vez uma grande parte de Munique foi palco para as chinesas se consolidarem e expandirem.

Com o lema “It’s all About Mobility”, em tradução livre, “É Tudo Sobre Mobilidade”, o foco da mostra se manteve em soluções inteligentes e inovadoras. Startups como a Linktour com  seus micro carros elétricos, e marcas de bicicletas e motocicletas elétricas estavam por todos os lados do München Expo Center. E repetindo o formato aplicado desde 2021, com o chamado “Open Space”, uma área de experiências interativas gratuitas ao ar livre, os visitantes podiam experimentar tudo isso.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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 Além disso, a inovação tecnológica foi tema de muitos debates e coletivas de imprensa com representantes da indústria. Fornecedoras como a Bosch, Aisin e Revolt, além de empresas de carregadores como a Charge X e E-Mobilio e a gigante de baterias CATL foram só alguns dos mais de 750 expositores presentes. 

Setor premium atento

Falando em eletricidade, ela estava no centro das atenções de todas as marcas, apesar das vendas de carros elétricos (BEV) terem sido prejudicada na Europa no ano passado. O fim ou diminuição de subsídios governamentais e metas de descarbonização estagnadas na União Europeia foram os principais motivos segundo o Global EV Outlook 2025 da International Energy Agency (IEA). No entanto, as projeções para esse ano e os próximos são de crescimento.

De olho nisso a BMW lançou o novo iX3, modelo mais importante em anos ao inaugurar uma nova era para a alemã. A segunda geração do modelo estreia uma plataforma sob medida e exclusiva para elétricos de nova geração, chamada de Neue Klasse. O destaque fica com a nova bateria de 108.7kWh de capacidade integrada ao chassi, compatível com carregamento ultrarrápido de até 800V - ganha 372km em apenas dez minutos - e autonomia de 805km em uma carga segundo o ciclo WLTP. 

No quesito design a ruptura com o passado é ainda mais evidente, com uma nova linguagem visual, inspirado nos modelos da BMW dos anos 80. No interior foi inaugurado o Panoramic iDrive, com o painel de instrumentos correndo ao longo de todo o para-brisa, um novo volante de quatro raios e um multimídia com inteligência artificial de 17,5 polegadas. “A Neue Klasse é o nosso maior projeto futuro e marca um grande salto em termos de tecnologias, experiência de condução e design”, frisou o presidente do conselho de administração da marca, Oliver Zipse.

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Alemã aproveitou o evento para apresentar o futuro Sedan i3, que seguirá o capítulo iniciado pelo SUV iX3,  irmão de plataforma. Foto: BMW Group / Divulgação 

Do outro lado do pavilhão, a Mercedes-Benz fez um movimento parecido, lançando a segunda geração do GLC elétrico. O modelo foi o primeiro elétrico da marca, ainda em 2018 como EQC. Mas pelas vendas baixas havia sido descontinuado no ano passado, e agora retorna com o nome “GLC With EQ Technology”, para evidenciar as mudanças. Rival direto do iX3, segue a linguagem de design inaugurada no novo CLA no ano passado, aqui com uma grade iluminada e enormemente proeminente.

Construído sob a inédita plataforma elétrica MB.EA Medium, independente do GLC, a combustão portanto, possui carregamento de até 800V e uma bateria de 94kWh, traduzidos em 713 km de autonomia. No interior, o SUV inaugura o “Hyperscreen”, transformando o painel inteiro em uma tela de 39.1 polegadas. O interior pode ser todo vegano e certificado, e a comunicação Car-to-X - que coleta e envia dados para comunicar outros veículos - se destaca no quesito segurança. O preço inicial deve girar em €60 mil quando chegar às lojas ainda esse ano, tal qual o rival.

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Faróis possuem tecnologia Matrix, e sob o capô há um espaço de 128 litros para bagagens. Foto: Mercedes-Benz / Reprodução

Mas nem só de SUVs o mercado premium é formado, e a Polestar compareceu a Munique para o lançamento mundial do seu novo modelo de topo, o sedã 5. A marca do grupo Geely, divisão de performance da Volvo até 2017, aposta em sustentabilidade e alta performance, estreando a nova plataforma PPA do grupo. São 872 cavalos, tração integral, aceleração de 0 a 100 em 3,2 segundos e ausência de janela traseira, tal qual no crossover 4.

Um presente e futuro elétrico

Nas duas últimas edições do Salão de Munique, ambientalistas protestaram em frente ao evento em defesa de uma mudança sistêmica da indústria, o que se repetiu. As ONGs Extinction Rebellion e Attac levaram placas pedindo por mais investimento em transporte público e justiça social, jogando atenção para uma mentalidade individualista e o preço dos elétricos. 

Em relação a essa questão, um estudo da empresa de consultoria, Gartner, mostra que até 2027 os BEVs serão mais baratos de produzir que os carros a combustão (ICEVs), e o Grupo Volkswagen promete preços competitivos para sua nova geração de elétricos. 

Foram revelados no evento quatro modelos para o segmento B baseados na plataforma MEB Entry do conglomerado. O principal deles foi o ID.Polo da Volkswagen, com previsão de início de vendas em maio na casa dos € 25 mil. Como o seu nome sugere, é a versão elétrica do hatch Polo, e contará com baterias de 38 e 56 kWh, com uma autonomia de 350 e 450 km respectivamente. Uma versão GTI do modelo será também comercializada, com 223 cavalos.

Continuando o apelo esportivo que a versão encurtada da plataforma em que os modelos do segmento C, ID.3 e ID.4, são construídos, a espanhola Cupra mostrou a versão de produção do Raval. Com dimensões e motorizações basicamente iguais às do ID.Polo, promete continuar a expansão da nova marca do grupo, antigamente uma divisão de performance da Seat.

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Cupra Raval, ID.Polo e ID.Polo GTI  (direita) serão lançados em março do ano que vem, enquanto os SUVs Epiq e ID.Cross (esquerda) chegarão no segundo semestre. Foto: Volkswagen AG / Divulgação

Como era de se esperar pela relação do Polo com o T-Cross, sua versão SUV, o conceito ID.Cross foi mostrado. Com o mesmo tamanho do modelo que substituirá em 2026, integra o segmento disputado dos B-SUV elétricos, formado por nomes como Peugeot e-2008, Renault 4 e Volvo EX30. Focando em espaço e ergonomia, marca a volta de botões físicos no volante e do ar condicionado, além de um maior uso de materiais reciclados. 

Por fim, a Skoda apresentou a sua versão do SUV, denominada Epiq. Tal qual os irmãos de plataforma, será construído em Pamplona, na Espanha, e contará com a capacidade de carregar dispositivos externos como eletrodomésticos (V2L). A velocidade de carregamento é de até 125 kW, indo de 10% a 80% em 20 minutos, e o modelo estreará uma nova identidade visual para a tcheca no ano que vem.

Ascensão chinesa continua 

Aprofundando essa questão dos preços, são as marcas chinesas que se destacam globalmente, como destaca a IEA. Com grandes reservas dos minérios utilizados nas baterias, as fábricas para construí-las e anos de investimento estatal na tecnologia, seguiram com sua expansão em solo alemão. 

A BYD, maior marca chinesa em números, marcou presença com o recém lançado Dolphin Surf - a versão europeia do Dolphin Mini. Avaliado com cinco estrelas pelo Euro NCAP, é um dos BEVs mais baratos hoje à venda na Europa, custando cerca de € 20 mil. No campo dos híbridos plug-in (PHEV) a Station Wagon do segmento D, Sealion 06, foi lançada, focada em conforto e tecnologia com até 1.092 km de autonomia combinada.

Outra marca com novidades foi a Leapmotor, que já vende o hatch subcompacto T03 e o D-SUV C10 no continente, de lançamento marcado para o Brasil ainda em 2025. Pertencendo 20% à Stellantis, que controla a sua operação internacional, apresentou o inédito hatch B05, rival de Volkswagen ID.3 e BYD Dolphin. Sob a mesma plataforma do C-SUV B10, terá cerca de 400 km de autonomia e início de vendas para o ano que vem por cerca de € 30 mil.

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"O B05 (direita) reflete nosso compromisso com a inovação, acessibilidade e a capacitação da próxima geração de motoristas em toda a Europa e além", declarou o CEO global da marca, Zhu Jiangming. Foto: Leapmotor / Divulgação

Munique foi para além de um lugar de novos modelos, mais uma vez o palco de marcas inteiras debutando em solo europeu. A marca AITO, do grupo Seres, que usa a tecnologia da Huawei, se lançou no mercado internacional com os SUVs 9, 7 e 5. Mirando as marcas premium alemãs nos segmentos E e D, podem ser tanto BEVs ou elétricos com extensor de autonomia (REEV), repetindo a abordagem da Leapmotor com o C10.

O grupo Changan Auto iniciou as operações da sua marca Deepal com os SUVs de apelo jovem e esportivo S05 e S07, ambos com opções de serem elétricos ou PHEVs. No campo de luxo, a marca Avatr da gigante chinesa mostrou seu primeiro concept car, o Xpectra, além dos modelos 06, 07 e 12, já comercializados em alguns países europeus e com planos de chegarem a 50 mercados em breve.

A premium Hongqi esteve presente e revelou o C-SUV elétrico EHS5, além de anunciar planos de expansão com 15 modelos e 200 pontos de venda pela Europa nos próximos anos. E aumentando a sua aposta no evento, a Xpeng teve um stand dentro do pavilhão e apresentou a nova geração do P7, sedã que começou a ser comercializado na Europa no IAA Mobility 2023.

Além disso, a recém chegada ao Brasil, GAC, estreou no velho continente levando cinco modelos para a mostra. Seguindo com o “European Plan Market” anunciado no ano passado, lançou como modelos de topo o novo GS7, um SUV grande híbrido plug-in, e a MPV híbrida (HEV) E9. Mas os destaques da marca foram o hatch AION UT, rival de BYD Dolphin, e o D-SUV rival de Tesla Model Y, o AION V.

O primeiro possui bateria de 60 kW/h com 430 km de autonomia e previsão de início da comercialização em 2026 na casa dos € 30 mil. Já para o segundo, comercializado no Brasil por R$214.990, o preço de € 35.990 foi anunciado, muito competitivo para o segmento. Com 510km de autonomia e cinco estrelas no teste do Euro NCAP - com mais ADAS que o brasileiro - será o primeiro a chegar às lojas, já em setembro em mercados como Portugal, Finlândia e Polônia. O plano é que a marca venda em todos os países europeus até 2028.

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Estava ainda em Munique o carro elétrico voador GOVI AirCab (ao fundo) buscando mostrar os avanços da indústria chinesa, segundo a empresa. Foto: GAC Group / Divulgação

Eletrificação em todos os níveis 

Para além das novatas, ícones do mercado aproveitaram os holofotes da feira para se renovarem completamente. Esse foi o caso da única francesa presente, a Renault, que lançou a sexta geração do hatch Clio, o segundo carro mais vendido no continente em 2024.

Construído sob a mesma plataforma que o seu predecessor, mantém o motor 1.2 TCe e uma opção movida a GPL, mas as semelhanças acabam por aqui. No powertrain, estreia um novo sistema full-hybrid (HEV) formado por um motor 1.8 e dois elétricos, resultando em 160 cavalos e modo de condução elétrico na cidade. Conforme a estratégia da marca, o Clio não terá versão elétrica, papel delegado ao hatch de estilo retrô, o 5.

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Hatch cresceu 6 centímetros em comprimento, evocando uma silhueta mais esportiva e afilada. Foto: Renault Group / Divulgação

No quesito design, o carro rompe por inteiro com a geração anterior, o oposto do que havia acontecido com a quinta geração em relação à quarta. A frente ostenta uma nova assinatura em DRL, que forma o símbolo da Renault, e a traseira possui lanternas duplas, nunca vistas em um Clio. O interior é todo novo também em relação ao antecessor, mas com o mesmo layout e sistema operacional do Google do irmão elétrico 5.

A Volkswagen foi outra que debutou no IAA uma nova geração de um best-seller, o T-Roc. Em sua segunda encarnação, também não terá versões elétricas, sendo o último novo carro a combustão desenvolvido pela marca. Haverão pela primeira vez no SUV opções micro-híbridas (MHEV), já conhecidas dos irmãos de plataforma como o Golf e A3, além de um novo sistema HEV, com 134 e 168 cavalos. Não haverá, pelo menos por ora, versões PHEV, sendo o único modelo sob a MEB Evo sem essa possibilidade, no entanto.

Seu exterior é uma evolução da primeira geração, mantendo linhas semelhantes e o seu apelo descolado, descrito pela marca. As dimensões aumentaram, 12 centímetros em comprimento, chegando a 4.37 metros, o colocando alinhado a rivais como o Toyota CH-R e Mazda CX-30. Por dentro a abordagem continua, com telas maiores e mais itens de conectividade e segurança assistida, mas com uma disposição de elementos clássica, vista nos últimos Golf e Tiguan.

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Modelo construído em Portugal foi o quinto carro mais vendido na Europa no ano passado. Foto: Volkswagen Group / Divulgação

Concorrência de todos os lados

Além das chinesas em franca expansão nos últimos anos no continente, outras concorrentes vêm se destacando na corrida pelos elétricos principalmente. A coreana Kia compareceu ao evento e mostrou ao público os novos integrantes da família EV, o EV4 e o EV5. 

O primeiro é um hatch do segmento C, acompanhado de uma variante sedã. Já o último se trata de um modelo lançado em 2023 - inclusive a venda no Brasil desde o ano passado - mas que chega só agora à União Europeia como a versão elétrica do Sportage. Sua conterrânea e marca irmã também esteve em Munique com o Concept 3, prevendo o futuro Hyundai Ioniq 3, equivalente do EV4.

Mas nem só da Ásia as novidades chegam, com a primeira marca turca de automóveis elétricos, a Togg, debutando em solo alemão a sua ofensiva no continente europeu. Fundada em 2018 e com a primeira fábrica inaugurada em 2022, apresentou o C-SUV T10X e o sedã T10F ao público. A pré-venda dos modelos começará em 29 de setembro na Alemanha, e no ano que vem a empresa pretende iniciar seus trabalhos na França e Itália, com meta de ter até 2030 um milhão de veículos em toda a Europa.

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Preços ainda não foram divulgados, mas devem ficar em torno de € 40 mil tomando como base as cifras no mercado turco. Foto: Togg / Divulgação

Construídos sob uma plataforma elétrica, ambos receberam nota máxima no Euro NCAP recentemente, com mais de 9% de proteção para adultos e 80% nos ADAS. A respeito do desempenho, a bateria possui 88.5 kWh de capacidade, e autonomias de até 500 e 600 km para o SUV e o sedã respectivamente. 

“Nossos modelos proporcionam uma experiência de mobilidade voltada para o usuário e voltada para o futuro”, comentou Gürcan Karakaş, CEO da marca durante o evento. A marca anunciou ainda que trabalha no terceiro de cinco modelos que irá lançar até o fim da década, o B-SUV T8X. Karakaş finalizou destacando que prepara para introduzir baterias de pirofosfato de lítio (LFP), e que a indústria deve estar preparada para as mudanças e maior concorrência.

Após o assassinato da jovem iraniana a Internet se uniu na busca por justiça dela e de muitas outras mulheres que morreram nessa luta
por
Beatriz Vasconcelos
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22/11/2022 - 12h

Por Beatriz Camargo Vasconcelos

 

No dia 13 de setembro, a jovem de 22 anos, Mahsa Amini foi detida pela polícia acusada de usar o hijab de maneira imprópria deixando o cabelo aparecer, assim desrespeitando o código de vestimenta feminina implementado pelo governo iraniano. Três dias depois, 16 de setembro, Amini foi espancada até a morte sob custódia da polícia. O governo iraniano insistiu que a  morte foi causada por um ataque cardíaco, mas relatos indicam que ela sofreu uma fratura no crânio devido a fortes pancadas na cabeça. Após a morte da jovem, protestos de rua se espalharam por todo o Irã e o caso se transformou em um símbolo de revolta no país. Com o slogan “mulheres, vida, liberdade”, mulheres de todo o país estão lutando pelos direitos humanos. Como forma de conter os protestos o governo vem agindo com muita violência e rigidez. De acordo com a ONG Iran Human Rights, até a última segunda-feira (7), haviam morrido 304 pessoas, sendo elas pelo menos 41 crianças e 24 mulheres.

Mulheres cortam o próprio cabelo em protestoOs protestos se propagaram pela Internet através de vídeos das manifestações de rua no Irã que viralizaram. Mulheres de todos os países começaram a cortar o próprio cabelo em suas redes sociais como forma de apoio. A hashtag #mahsaamini, atualmente tem 1,5 bilhões de visualizações no Tik Tok e 1,2 milhões de publicações no Instagram. As publicações variam de vídeos de apoio aos protestos a vídeos informativos contando o caso da jovem e mostrando imagens dos protestos para aqueles que estão alheios à situação.

Em um mundo movido pela tecnologia e pelas redes sociais, essa forma de apoio é cada vez mais recorrente, porém em um país tão rígido e conservador como o Irã, esse tipo de amparo realmente ajuda? “Não penso que atrapalhe. Esse movimento é uma revolução das mulheres contra um regime de apartheid de gênero. Se os protestos tomaram essas proporções, é porque estamos diante de algo que fere a humanidade como um todo. É a dignidade sendo tirada de milhares de filhas, mães e avós. Infelizmente é algo que não é recente, e sim enraizado. A agressão e rigidez do governo foi desde o começo dos protestos explicitamente violenta. O que contribui para que essa brutalidade continue por anos e mais anos é o abafamento.” conta a estudante de direito e criminologia Helena Grani.

Em entrevista, o professor, jornalista e escritor José Arbex Jr. opina sobre o tema: "Se por exemplo elas (manifestações nas redes sociais) estimularem um processo de manifestação de rua, combinado com a pressão internacional de outros governos sobre o regime iraniano, talvez resulte em alguma coisa, mas não me parece o caso. O Irã tem um regime muito forte que é capaz de aguentar pressões muito grandes, e eu não acho que nós estejamos em um ponto que o regime vai ser obrigado a alterar alguma coisa em função desses atos que estão acontecendo agora. Nós já tivemos manifestações bem mais fortes no Irã em outras circunstâncias que não resultaram em grande mudança.”

professor e jornalista José Arbex Jr.O jornalista também explica que o Irã se encontra em uma situação de crise que não diz respeito apenas a esse evento em si, mas a uma crise social e financeira, que é provocada por pressões dos Estados Unidos e é resultado de uma situação muito mais complicada que diz respeito ao equilíbrio geopolítico do Oriente Médio. “Então é óbvio que uma  manifestação de rua provocada pelo assassinato da moça pode sim ser como acender um palito de fósforo num depósito de pólvora.”

Além de ser estudante, Grani também cria conteúdo nas redes sociais e participou do movimento de apoio aos protestos. “Quando posto esse tipo de conteúdo, procuro aos poucos trazer a atenção para problemas maiores, geralmente estruturais. A desinformação mata, nós vemos isso no dia a dia. Pessoas protestando sem fundamentos, a polarização política, e até mesmo o desconhecimento da lei. Prefiro gastar alguns minutos informando, e se conseguir fazer com que pelo menos uma pessoa pare o que está fazendo e fique a par de uma situação de violência estrutural que afeta não só as mulheres iranianas, mas o mundo como um todo, já vou estar feliz. Imagino que num mundo onde as pessoas esquecem as coisas rápido, quanto mais interação elas tiverem com a informação maior será a chance de lembrarem daquilo depois.” disse.

Por conta das proporções que os protestos tomaram, o governo iraniano desligou a Internet em partes do Teerã e do Curdistão e chegou a bloquear plataformas de redes sociais. “Considero essa estratégia eficaz se estivermos falando de um retrocesso dos direitos humanos. Como cidadã de um país democrático, acredito que nenhum silenciamento é eficaz para combater conflitos.” comentou a estudante.

Levando em consideração outro ponto de vista, Arbex concorda parcialmente. “Nós sabemos que as tentativas de abafar a circulação de informações pelas redes sociais são eficazes até certo ponto. Sempre é possível driblar a censura porque os provedores das redes sociais estão situados em várias partes do mundo e é impossível o país bloquear completamente as redes, até porque grande parte dos serviços da burocracia estatal, das comunicações, hoje são feitas via internet. Então é impossível manter completamente bloqueado. Eu acho que numa certa medida eles são eficazes, mas não 100%.”

Os protestos se espalharam pelas universidades, mesmo com o movimento estudantil paralisado nos últimos anos, por conta da forte repressão governamental. Após todos esses anos os campi voltam a ser um ambiente primordial para os protestos. De acordo com o Iran Human Rights, o governo tem entrado nas universidades para prender os estudantes de forma violenta. Também existem evidências de que, além das forças armadas, forças à paisana, que também estavam armadas, se passaram por estudantes e atacaram e sequestraram estudantes da universidade. Condenando todas essas ações, no dia 30 de outubro, a ONG utilizou da Internet, por meio de seu site, para publicar uma nota pedindo que outras universidades e instituições acadêmicas do mundo repudiem o ocorrido como forma de apoio.

“A internet evolui um pouco a cada dia. Não há muito tempo, sua única função era fazer e receber ligações, enviar e-mails. Eu sinto que a nternet é um lugar perigoso. Na medida que os aplicativos nos possibilitaram expor nossas opiniões e circular conteúdos, de forma democrática e muitas vezes anônima, os usuários puderam usufruir dela de acordo com suas intenções. Não é à toa que mais da metade dos crimes ocorrem por trás das telas. A tecnologia inova, as possibilidades de infração também. Entretanto, existe um lado da Internet muito bonito. É o lado digital do direito, que se utiliza da rede mundial como ferramenta de justiça. Como sabemos, o sistema penal é falho. Uns casos têm mais atenção que outros, devido a desigualdades e preconceitos sociais, de raça, gênero... O uso da internet para a veiculação, conhecimento e conscientização da criminalidade e onde ela ocorre é um grande passo para uma sociedade mais atenta, empática e justa.” adiciona Grani.

Na luta conjunta pela justiça, todos querem ajudar de alguma forma, mesmo que seja do outro lado do mundo. “Compartilhar, comentar, e ajudar o conteúdo a engajar nas redes sociais. Pesquisar de que outras formas você pode ajudar mesmo remotamente. Mas antes disso, tomar muito cuidado com a fonte e a veracidade das informações. Quem não questiona apenas contribui para a propagação do ódio e das fake news.” conclui Helena.

 

 

A Startup Onkos reinventa os exames oncológicos trazendo resultados mais precisos e um tratamento menos agressivo para pacientes
por
Beatriz Vasconcelos
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17/11/2022 - 12h

Por Beatriz Camargo Vasconcelos

Todo ano no Brasil cerca de 700 mil pessoas recebem o diagnóstico de câncer e 225 mil morrem por conta da doença, conforme aponta um levantamento feito pelo Instituto Oncoguia, em 2020. Um dos principais procedimentos para o diagnóstico do câncer, as biópsias, tiveram uma redução de 39,11%, quando comparados os meses de março a dezembro de 2019 e 2020. Esses números em situações comuns no Brasil já são baixos, considerando que o país tem uma alta taxa de diagnósticos tardios, porém com a condição atípica mundial, a pandemia da COVID-19, esses números tendem a diminuir. 

A startup Onkos, criada em 2015 em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, torna este processo de diagnósticos mais simples e eficiente. “O laboratório foi criado com o intuito de minimizar ou evitar terapias, procedimentos e cirurgias desnecessárias. ” diz Mirela Prates, Analista Pleno de Laboratório.  Em parceria com o Hospital de Câncer de Barretos, diversos laboratórios e universidades como UNICAMP, USP, UNESP, a Onkos utiliza de uma plataforma tecnológica para evitar que pacientes com neoplasias passem por tratamentos agressivos. 

Os exames realizados são feitos por sistemas de computador que aprendem à medida que recebem novas informações e criam escalas de risco baseadas no material genético das células que sofreram as mutações. “Todos os exames são desenvolvidos a partir de uma plataforma tecnológica proprietária chamada de Gene Expression Profiling, unindo o conhecimento de técnicas de Biologia Molecular com sofisticadas análises de Inteligência Artificial. Esta plataforma visa identificar assinaturas genéticas específicas e personalizadas que respondam com maior acurácia e precisão dúvidas diagnósticas não solucionadas por completo pelas técnicas atuais. ” explica Prates.

infográfico sobre gene expression profile
Infográfico explicativo por: onkos

 

O objetivo desses testes é eliminar qualquer incerteza da classificação dos riscos que o paciente corre e evitar tratamentos agressivos desnecessários. Para isso, os pesquisadores investigam a atividade de moléculas chamadas microRNAs. Elas são como pequenos RNAs que não traduzem a informação do DNA em proteína com função específica, mas com capacidade de controlar a atividade do próprio RNA. Em alguns processos patológicos, como o câncer, essas moléculas reprimem ou desregulam uma expressão gênica para ter atividade oncogênica ou mesmo suprimi-la.

 

Nódulos da tireoide

O diagnóstico dos nódulos de tireoide é o principal trabalho realizado pela Onkos. A Analista, responsável técnica na realização e análise de todos os exames realizados pelo laboratório (mir-THYpe  full e mir-THYpe pre-op), conta como funciona o processo da realização dos exames por meio dessa plataforma tecnológica. “O exame de classificação molecular de nódulo de tireoide indeterminado é indicado para pacientes com nódulos de tireoide indeterminados, ou seja, que na análise citológica da(s) lâmina(s) de PAAF (Punção Aspirativa por Agulha Fina) tiveram classificação no Sistema de Bethesda categorias III ou IV e, em casos selecionados, V. [...] O exame analisa também um perfil de expressão de microRNAs e, através de um algoritmo, auxilia de forma acurada na classificação de nódulos de tireoide indeterminados avaliando o comportamento molecular da amostra para malignidade em “positivo” ou “negativo”. A performance do exame foi calculada com base em um estudo de validação que comparou os resultados obtidos pelo mir-THYpe utilizando o material genético extraído de amostras de lâminas de citologia de PAAF de pacientes com nódulos de tireoide indeterminados, com os resultados do exame histológico pós-cirúrgico dos mesmos nódulos. O exame também faz a análise isolada da expressão dos microRNAs miR-146b (biomarcador preditor de comportamento potencialmente mais agressivo em carcinoma papilífero) e miR-375 (biomarcador de carcinoma medular de tireoide). O teste possui 94% de sensibilidade e 81% de especificidade”.

infográfico sobre o funcionamento do teste molecular para nódulos de tireóide
Infográfico explicativo por: onkos

Antes da iniciativa da startup, os exames de diagnóstico para os nódulos de tireoide tinham uma significativa parte dos laudos com resultado indeterminado. “A classificação Bethesda III e Bethesda IV, são denominadas indeterminadas, isso significa que ela não conseguiu identificar se aquele nódulo é benigno ou maligno (câncer), uma prática geral é a de realizar cirurgia em casos de nódulos indeterminados, e é aí que nosso exame mir-THYpe® full é indicado. Utilizando a PAAF já coletada o teste molecular “reclassifica” o nódulo “benigno” ou “maligno” com uma alta precisão. Quando nosso teste reclassifica um nódulo, que era indeterminado em “benigno”, pode-se evitar uma cirurgia diagnóstica e manter a tireoide do paciente intacta!” explica a assessoria da empresa.

Todo esse processo da realização dos exames para diagnósticos mais precisos são muito importantes na tomada de decisões do médico. Quando se trata de pacientes com tumores, essas escolhas feitas, seja por uma clínica ou pelo próprio médico são cruciais para a vida dessa pessoa. Por isso, para que o profissional possa deliberar com certeza e precisão, é preciso que os exames tenham muita acurácia e precisão. Nesse quesito a tecnologia é uma ajuda muito bem-vinda. “O exame pode ajudar a prevenir cirurgias desnecessárias através da reclassificação do nódulo indeterminados na tireoide em potencialmente negativo (benigno) ou positivo (maligno) para malignidade, facilitando a tomada de decisão do médico. ” conclui Prates.

            Os benefícios do teste não acabam por aí, a assessoria da Onkos conta mais alguns pontos positivos do exame. “[...]geralmente quando um nódulo é classificado como indeterminado isso causa muitas dúvidas, incertezas e medo para ao paciente e seus familiares e, ao usar o teste molecular para “reclassificar” o nódulo, o médico consegue diminuir esse sentimento de angústia e dúvida e proporcionar um diagnóstico mais preciso ao paciente. Para nódulos com indicação cirúrgica, a personalização da cirurgia que os teste moleculares proporcionam é muito vantajosa ao médico, pois economiza tempo, recursos, proporciona uma assertividade melhor na cirurgia além de trazer mais segurança ao paciente, pois indica se aquela cirurgia precisará ser urgente ou não. ”

            Atualmente a empresa está desenvolvendo um novo tipo de exame, ainda não disponível no mercado, “Nossa equipe de pesquisa e desenvolvimento em parceria com a FAPESP estão desenvolvendo um novo teste para identificação de origem tumoral para cânceres metastáticos de origem primária desconhecida será lançado em breve.[...] Nosso exame visa a partir de biomarcadores realizar a identificação do sítio primário do câncer para um tratamento mais adequado.” conta a assessoria.

            Testes moleculares como os disponibilizados pela Onkos trazem muitos benefícios tanto para os pacientes quanto para os médicos. “Além de serem pioneiros no país, nossos exames são validados com pacientes brasileiros e proporcionam inovação na área médica brasileira. A medicina de precisão é o futuro da área médica, pois consegue analisar paciente por paciente, diminuindo tratamentos generalistas e proporcionando mais acurácia nos diagnósticos.” conclui.

Com o crescimento de casos de crianças portadoras do Transtorno do Espectro Autista, muitos cientistas e pesquisadores passaram a estudar os benefícios da alimentação no tratamento
por
Nathalia Teixeira
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16/11/2022 - 12h

Por Nathalia Cristina Teixeira Bezerra

Nos últimos anos, os casos de crianças portadoras do Transtorno do Espectro Autista (TEA) aumentaram significativamente. Dados do Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) mostram que, em 1970 a proporção de crianças autistas era de uma a cada dez mil. Já em 1995 aumentou para uma a cada mil. Em 2018 os números começaram a ficar preocupantes: uma a cada 59 crianças eram portadoras desse transtorno de neurodesevolvimento. Em 2020 foi registrado um para cada 54 e agora, em 2022, uma a cada 44 crianças é autista.

Com a ascensão nos números de crianças neuroatípicas, cientistas do mundo inteiro passaram a estudar o que pode ter ocasionado esse boom do TEA. Apesar das pesquisas ainda estarem em um estágio inicial, profissionais da área se dividem em sugestões do que pode ser a explicação para o fenômeno. Uma das principais hipóteses envolve a alimentação e a quantidade de substâncias pesadas que os seres humanos passaram a ingerir nos últimos anos, como por exemplo os metais. No Brasil, a ingestão de metais pesados como mercúrio, chumbo, cádmio e outros, pode ter sido decorrente do acidente da Vale, que aconteceu em 2014. Outro ponto é a contaminação dos peixes, principalmente nas regiões ribeirinhas do Espírito Santo, que pode estar promovendo problemas de saúde diversos na população brasileira.

Ao relacionar autismo e nutrição há um outro aspecto que também é importante ressaltar. Após o diagnóstico, a alimentação passa a ser um fator determinante no tratamento. Isso porque portadores do TEA, principalmente crianças, possuem intolerância à glúten, lactose e outras restrições alimentares a depender de cada caso. Viviane de Oliveira, estudante de medicina e mãe de Luiz Filipe, um menino autista de cinco anos de idade, fala um pouco melhor sobre como descobriu que a alimentação de seu filho poderia influenciar no TEA: “após quatro meses de vida ele já começou a apresentar reações alergênicas. [...] Ele tomou muitos corticoides, antibióticos e outros remédios, pois sempre estava com rinite alérgica, sempre com problemas pulmonares que liberavam muito muco. Isso já foi um alerta para eu ter uma atenção especial à saúde dele”, relembrou a estudante. “Quando ele teve o diagnóstico de autismo, comecei a pesquisar sobre e descobri uma médica cujo filho é autista e que começou um tratamento de disbiose intestinal, que seria a desinflamação do intestino. Achei super interessante e vi que a primeira coisa que se fazia nesse tratamento era a retirada do glúten, que é um agente inflamatório pro intestino e o leite, que provocava toda essa mucosidade nele”, disse. A partir daí, ela contou que assim que retirou o leite percebeu que seu filho nunca mais teve problemas com mucosidade. Depois, ao retirar o glúten, as crises de dermatite acabaram e inicialmente a ideia era essa de que a retirada desses alimentos iria curar apenas as alergias.

A terapia alimentar é bastante eficiente para o tratamento de autistas. Estudos recentes apontam que, além de reduzir as alergias típicas do TEA, a restrição de certos alimentos para crianças autistas faz com que elas se desenvolvam mais rápido do que outros indivíduos com a mesma condição. No caso de Luiz Filipe de Oliveira, a terapia alimentar fez com que ele desenvolvesse a fala. Como contou Viviane, “com a retirada do glúten e do leite percebi uma grande melhora nele na questão da saúde mesmo. Só que aí eu e os médicos começamos a perceber que o Luiz passou a ter um avanço cognitivo. As terapeutas começaram a elogiar ele, alegando que estava mais atento, fazendo as atividades corretamente e com maior tempo de concentração. Foi aí que me deu mais força de continuar a seguir nesse padrão, juntamente com uma médica ortomolecular que ajudou a fazer uma suplementação específica para ele e com isso eu só tenho visto melhoras”, sendo uma dessas melhorias a questão da fala. Ela contou que, conversando com outras mães, elas afirmaram que ao aderir o tratamento, tiveram ganhos e avanços no tratamento dos filhos. “Não só sobre autismo, conheço mães com filhos com TDAH (Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade) e com TOD (Transtorno opositor desafiador), que ajuda muito também a criança a se acalmar, tranquilizar e prestar mais atenção nas atividades”, pontuou.

 

Seletividade alimentar

A nutricionista Patrícia Ferraz explicou que a terapia alimentar auxilia também na questão da seletividade alimentar. A seletividade é uma característica típica de crianças autistas, que vale ressaltar, também possuem transtorno comportamental. Basicamente, ela consiste na rejeição de certos alimentos, como por exemplo legumes e verduras, que pode prejudicar diretamente as vitaminas e os nutrientes necessários para a alimentação da criança.

Uma pesquisa realizada pela Universidade de Medicina de Massachusetts apontou que que crianças com TEA expuseram mais recusa alimentar do que as crianças com desenvolvimento típico, sendo representado cerca de 41%. Além disso, o repertório alimentar dos que participaram do estudo é bastante limitado: apenas 19% dos alimentos apresentados foram aceitos pelo grupo.

Segundo a profissional, “as crianças que não se alimentam corretamente, chegam com queixa de dores e irritações que são decorrentes da má alimentação [...]. Cada caso é único e é preciso analisar o contexto em que o pequeno está inserido, para estudar qual o melhor tipo de alimentação e como superar a seletividade alimentar”, isso porque, como disse a nutricionista, não existe um tipo de alimento específico que seja benéfico para o autista. Cabe ao profissional estudar e entender o que funciona para aquele indivíduo e proporcionar um plano alimentar adequado ao paciente.

 

A eficácia da nutrição é comprovada pela ciência?

Atualmente o tratamento com maior índice de estudos dentro da questão do autismo está baseado em intervenções dietéticas e nutricionais, O objetivo é minimizar qualquer tipo de efeitos deletérios causados pela má metabolização de substâncias alimentares agravadoras do espectro, como por exemplo o glúten.

O que ocorre é que os estudos, por estarem em fase inicial, ainda são bastante controversos e contraditórios. Ainda não há uma ciência que comprove a efetiva  melhora ou não no quadro clínico da criança, por isso a necessidade da avaliação de casos individuais. Tudo que se sabe relacionado à autismo e nutrição é baseado em casos específicos e relatos de pessoas que vivem na pele as melhorias. Apesar de profissionais da saúde acompanharem - e até mesmo indicarem - esse tipo de tratamento, a grande problemática é que os cientistas não conseguiram comprovar a efetividade através das pesquisas.

Em suma, a nutrição dentro do autismo é um tema que vai demandar muito a ciência nos próximos anos. Tanto pelo aumento do número de casos, quanto pela complexidade do assunto, são diversos os fatores que ligam a nutrição e o Transtorno do Espectro Autista, sendo os principais a ingestão de substâncias maléficas para o corpo humano, que é o fator mais provável - de acordo com as pesquisas que saíram até o momento - que causou o aumento repentino de crianças autistas, a prevenção de alergias e mal estar à autistas e a luta contra a seletividade alimentar, aspecto comportamental que é potencializado neste grupo. 

 

O mercado de programação segue crescendo e cada vez mais abrindo portas no Brasil
por
João Pedro dos Santos Lindolfo
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15/11/2022 - 12h

Por João Pedro dos Santos Lindolfo

É quase impossível pensar em uma sociedade sem as tecnologias digitais hoje em dia, principalmente levando em conta de que praticamente tudo que fazemos e usamos no nosso dia a dia, é preciso uma plataforma, seja para pagar contas, jogar jogos eletrônicos e até fazer compras online. O que poucos pensam sobre o caso é de que todas essas tecnologias possuem alguém por trás, um alguém para criá-las e aperfeiçoá-las. Esses são chamados de programadores e eles fazem parte de uma profissão em constante crescente no mercado de trabalho atual.

     É até autoexplicativo o porquê desse crescimento em massa da procura de emprego no mercado de programação. Devido à alta procura por empregados, são mais ofertas de trabalho do que profissionais qualificados. Além disso, a boa remuneração é o que chama muitos a procurarem seguir carreira na programação, isso se deve a quantidade de empresas estrangeiras procurando jovens aqui no Brasil, o que causa na remuneração em moeda estrangeira e assim ganharem um bom dinheiro mesmo não possuindo um cargo tão alto. Outro caso é da facilidade de trabalhar em qualquer lugar em que esteja, com a presença de um notebook ou um smartphone, você trabalha onde bem entender.

      Alguns especialistas resumem a profissão de programador como democrática, visto que não importa questões como raça, gênero, cor, idade ou localização, apenas sua eficiência e produtividade vão te definir no mercado de trabalho de programação. Além disso, vários profissionais da área afirmam sua profissão como sendo nada monótona e com isso, aprendem muito enquanto trabalham, seja em áreas como design, cálculos, você em algum momento usará ferramentas que não possui nada de conhecimento e assim será forçado a aprender, podendo até agregar em algum trabalho no futuro.

     Algo que impulsionou o mercado de programação nos últimos anos foi a pandemia do COVID-19. Visto que a quarentena tomou conta do mundo, diversas pessoas não tinham escolha a não ser se adaptar ao estilo do home office e isso não foi diferente para os programadores, na verdade a pandemia não atrapalhou seu estilo de vida e trabalho e sim impulsionou, pois foi nesse período que começou a maior parte da procura pelo cargo de programação, seja de adolescentes que estavam sem nada o que fazer em casa até adultos que queriam de alguma forma ampliar seu conhecimento e acabaram levando a carreira adiante.

     Lucas Ribeiro, programador júnior explica que sua rotina em casa pós ensino médio e na pandemia era basicamente assistir vídeos e jogar videogame, porém para ele, essa vida estava monótona e sem frutos algum na sua vida depois do fim da escola. Começou a ter interesse em programação após ver alguns vídeos sobre o assunto e antes de começar a faculdade já começou a aprender sozinho como começar nessa área. Como uma forma de passar o tempo, Lucas achou sua profissão no meio desses vídeos. Ele explica que conforme foi conhecendo a área, percebeu que a profissão de programador de nada era monótona e que sim era muito ampla, visto que o mercado de trabalho hoje procura além de apenas programadores que ficam sentados na cadeira digitando e digitando. A grande procura veio também nas áreas mais mecânicas como a criação de softwares, computadores e diversos outros aparelhos. Lucas diz que nessa área, aprendeu que você, independente de quantos anos possui ou de sua experiência, você sempre será um aprendiz, porque é uma área que os conhecimentos são infinitos, a ponto de o tempo todo você estar aprendendo algo que nunca viu antes.

    O nosso mundo de hoje é impossível de ser visto sem essas tecnologias. Tudo que usamos, todos que contactamos é por meio da tecnologia e isso tende a apenas aumentar para o futuro. A carreira no mercado de programação tende a crescer junto. 

Fanático por esportes, Lucas Diaz de 21 anos, estudante de Publicidade e Propaganda, administra páginas de dicas de apostas nas redes Sociais
por
Gabriel Lourenço Schiavoni
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15/11/2022 - 12h

Por Gabriel Schiavoni

Cada vez mais em alta no Brasil, as apostas esportivas virtuais se tornam presentes nas vidas de milhares de brasileiros. Um desses casos é o de Lucas, estudante universitário que usa seu tempo livre para divulgar dicas de apostas pelas redes sociais. Lucas, que diariamente veste roupas de clubes de futebol de times de todo o mundo, conta em vídeo chamada sobre seu envolvimento com apostas: - “Desde pequeno assisto de forma exaustiva todos os jogos de futebol que consigo (..) minhas primeiras lembranças vêm da época do time do Guardiola, no Barcelona, quando era muito pequeno ainda, porém mesmo dessa forma, acompanhava religiosamente todas as partidas do time que passavam na televisão (...), hoje com a facilidade do acesso das partidas de futebol ao redor do mundo, assisto jogos o dia todo, todos os dias (...) por conta dessa minha paixão, um dia em meados de 2020, no auge da pandemia de covid-19, meu pai após ouvir histórias de pessoas que ganhavam a vida com recomendações de apostas esportivas na internet, me sugeriu de abrir uma página para divulgar apostas, visto meu conhecimento na área, e o meu habito prévia de colocar uma fezinha nos jogos que assistia”, conta.

Lucas lembra que semanas após isso criou uma conta no Instagram, da qual ele e seu pai divulgaram para seus amigos. Hoje 2 anos depois, a página conta com 3700 seguidores e um grupo fechado no Telegram.

Lucas diz que consegue obter sucesso nas apostas graças sua paixão pelo esporte: - “O primeiro passo para obter sucesso apostando é acompanhar frequentemente e conhecer os times em que você coloca seu dinheiro (...) além disso, é importante ser moderado em suas apostas, colocar valores baixos em cada aposta e fazer somente as apostas com mais chance de darem certo (...) normalmente recomendo somente duas apostas por dia, com odds próximas de 1,80”.

Entretanto Lucas conta que ao contrário da intenção o pai, as apostas são levados por ele somente como forma de divertimento, uma vez que em meses Lucas disse ter ganho quantias, mas em outros obtendo margens pequenas de retorno.