Entenda como funciona a manipulação da extrema-direita que reacende sinal de alerta para 2026
por
Oliver de Souza Santiago
Rafael Pessoa
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15/04/2025 - 12h

O cenário político brasileiro tem apresentado um rumo preocupante nestes últimos anos. O aumento dos lobbies de outsiders como Elon Musk e Luciano Hang, somados com a polarização e diversas linhas ideológicas dos partidos nas redes sociais, tem alertado o Legislativo, Judiciário e o Executivo. O discurso de mudanças e urgências, baseado em instigar emoções como ódio, medo e esperança, tem fortalecido o crescimento de políticas extremistas.

No dia 6 de março, o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros políticos de sua base, como Tarcísio de Freitas (Republicanos/SP), Eduardo Bolsonaro (PL/SP) e entre outros,  reuniram-se em Copacabana,  para manifestar o apoio à anistia para os crimes cometidos no atentado do dia 8 de janeiro de 2023. O evento teve a participação de 18,3 mil apoiadores, e apesar da derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022, a presença do poder de controle e manipulação do bolsonarismo se mantém presente. Afirmações sobre uma suposta manipulação do pleito eleitoral de 2022 e apoio à anistia para Bolsonaro, que está sendo investigado por envolvimento na trama golpista, foi um dos temas mais comentados.

A imagem acima retrata uma charge do ex-presidente Jair Bolsonaro no ato pró-Anistia, realizado em Copacabana
Charge sobre o protesto sobre o ato pró-Anistia para presos do 8 de janeiro em Copacabana. Foto/Reprodução: Rafael Pessoa (Agemt)

O que começou com o Movimento Passe Livre em 2013, para o atentado de 08 de janeiro de 2023, evidencia o uso de mecanismos de manipulação das massas na mídia ocidental. Veículos de comunicação como Jovem Pan, Brasil Paralelo e Revista Oeste, destacam-se por sua linguagem fácil para todos os públicos, alcance midiático e por propagação de fake news. Além do surgimento de figuras como o ex-presidente, Jair Bolsonaro, a ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro, o deputado federal, Nikolas Ferreira, o vereador Lucas Pavanato e a vereadora Zoe Martinez, com todos sendo do mesmo partido: o Partido Liberal (PL). Os parlamentares são conhecidos nas redes sociais por sua comunicação intensiva com seus apoiadores e grande parte do eleitorado brasileiro.

Da esquerda para a direita: a vereadora, Zoe Martinez, o ex-presidente, Jair Bolsonaro, a ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro e o vereador, Lucas Pavanato (Foto/Reprodução: instagram @zoebmartinez, instagram @lucaspavanato)
Da esquerda para a direita: a vereadora, Zoe Martinez, o ex-presidente, Jair Bolsonaro, a ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro e o vereador, Lucas Pavanato (Foto/Reprodução: instagram @zoebmartinez, instagram @lucaspavanato)

Em entrevista exclusiva para a AGEMT, o influencer político Henrique Lopes, 25 anos, mestrando em Ciências Sociais na USP, explicou quais são os métodos utilizados em maioria pela extrema-direita. “[..] Dentro do universo das redes sociais hoje, principalmente quando você trabalha com política, é praticamente impossível fugir da questão emocional. Toda influência que você tem, e faz conteúdo, para poder influenciar alguma pessoa, tratando-se aqui no Brasil, somos um povo em que a emoção é mais aflorada. Há uma necessidade muito grande de comover alguém a ter algum sentimento. A extrema-direita consegue convencer facilmente com sentimentos negativos.”

“Gerando ódio nas pessoas, deixando elas assustadas, e trabalhando narrativas que se montam em cima desses sentimentos, é fácil conseguir que aquele que está te assistindo tenha a reação que o criador de conteúdo queira passar para o consumidor.”

 

Henrique relembrou sobre o caso da suposta taxação do pix, divulgada amplamente pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL), e apresentou quais argumentos são mais utilizados na propagação destes conteúdos: “Não é sobre defender a família, é colocar um temor na população de caso o outro lado ganhe, ele é inimigo. você precisa ter medo dele, porque senão a sua família vai ser destruída. Que a sua família vai acabar, não ter mais dinheiro para se manter, que todos vão passar fome e o Brasil virar uma Venezuela.”

“A questão do Pix, era o medo de ser vigiado e o governo pegar as suas informações e forçar o povo a pagar mais imposto. De onde ele (Nikolas) tirou essas informações? Ele inventou. O vídeo foi convincente o suficiente para ter 300 milhões de visualizações e muita gente acreditou. Então, são pautas delicadas. As pessoas têm um certo amor por aquilo. Amam a família delas, querem ter condições de comprar o que quiserem, morar no Brasil, e ter a liberdade de expressão. E aí, se eu ataco tudo isso de que o ‘outro lado’ irá destruir tudo o que você gosta, é bem substancial!”

Henrique também respondeu sobre os principais objetivos dos outsiders brasileiros e internacionais: priorizar o lucro próprio ou apoiar a ideologia que estão investindo. Seja por interesse próprio, ou às vezes, de alguém que está financiando aquilo.

Um desses que está super em alta agora, não é brasileiro, mas é um nome forte, é o Elon Musk. Ele faz toda aquela articulação em cima das políticas que acredita, porque ele tem interesses secundários. Um dos ataques ao Brasil que o bilionário fez, por exemplo, é porque uma mina de lítio, que ele tinha interesse, foi leiloada para a China.

Gesto de Elon Musk para apoiadores de Trump durante o desfile inaugural dentro da Capitol One Arena, em Washington, DC - ANGELA WEISS / AFP
Gesto de Elon Musk para apoiadores de Trump durante o desfile inaugural dentro da Capitol One Arena, em Washington, DC - ANGELA WEISS / AFP

Henrique também citou sobre o lobby político do agro, onde o representante desta indústria recebe o dinheiro, e beneficia este mercado no Legislativo, além de manter uma relação mútua onde ambos podem “sair felizes”.

Sobre os possíveis resultados desta manipulação, Henrique ressalta: “Hoje em dia, de um jeito bem grosso, parece que a esquerda eram ‘os caras legais’. Os anti-sistemas. O discurso foi tomado pela direita e extrema-direita, que hoje domina majoritariamente a internet.”

Relatório mostra a fatalidade das intervenções beirando o cotidiano dos jovens
por
Leticia Falaschi
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11/04/2025 - 12h

Na última quinta-feira (3) foi publicada a segunda edição do relatório As câmeras corporais na Polícia Militar no estado de São Paulo: Mudanças na política e impacto nas mortes de adolescentes, realizado pela Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). O que se destacou no documento foi o aumento no número de vítimas fatais das intervenções policiais entre crianças e adolescentes: de 2022 para 2024 houve um salto de 120%. O estudo buscou explorar a origem desse salto e analisar sua relação com atual gestão do estado.  

O que mudou nos últimos dois anos, nos órgãos de segurança, foi o aumento de ataques aos programas de contenção de risco. Essas ofensivas tiveram força e apoio pois foram oriundas de representantes de altos cargos, como o atual governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Guilherme Derrite, secretário de Segurança Pública. A primeira edição do relatório, realizada em 2022, conseguiu acompanhar os números antes e depois da implementação das câmeras corporais nos policiais militares do estado. Os resultados foram esclarecedores: comparando dados de 2017 e 2022, houve uma queda de 66,3% nas mortes na faixa etária de 10 a 19 anos por autoria da polícia militar. Na publicação, a queda foi atribuída ao Programa Olho Vivo adotado pela PMESP e pela Secretaria de Segurança Pública no segundo semestre de 2020. 

gráfico de mortes causadas por intervenção policial em São Paulo de 2001 a 2024
Fonte: Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo; Fórum Brasileiro de Segurança Pública. 

As crianças e adolescentes vítimas da ação truculenta da PM, registradas no ano passado, superaram o dobro do que foi contabilizado em 2022: saindo de 35 mortes para 77, entre elas, as negras são 3,7 vezes mais atingidas em intervenções letais. Segundo o relatório, a maioria das alterações no modo operante da PM diz respeito ao controle de força e punição dos responsáveis. Apesar do número de câmeras a disposição não ter diminuído, o uso não está sendo cumprido, e a quantidade de arquivos a serem consultados estão mais escassos. Além disso, a acessibilidade desses arquivos foi burocratizada: “Um levantamento da Defensoria Pública do Estado de São Paulo, baseado em 457 solicitações de ocorrências entre julho e novembro de 2024, mostrou que a PMESP não forneceu resposta para 48,3% dos casos. No caso das ocorrências respondidas, em apenas 100 casos foi possível realizar a análise.” diz um trecho do estudo. 

O afrouxamento da Corregedoria da PMESP também foi fortemente sinalizado no relatório. Isso, somado às declarações de representantes do governo questionando a efetividade das câmeras parece ter encorajado os oficiais a abandonarem o uso. A Corregedoria também teve sua autonomia reduzida: agora, para realizar o afastamento de um oficial, a decisão será submetida à solicitação do um subcomandante geral. 

O governo assinou, em setembro de 2024, um contrato com a empresa Motorola para a compra de 12 mil novas câmeras, que substituirão as atuais. Porém, esse novo modelo apresenta alterações sensíveis: além das gravações não serem ininterruptas, o seu acionamento depende da decisão do policial que a usa. As inflexões do programa Olho Vivo são protagonistas nos resultados que assombram a juventude paulista. Apesar de representar apenas 0,6% do orçamento da Secretaria de Segurança, ao longo de 2023 o programa sofreu 37% de cortes do valor inicial de investimento. 

Tabela de princiais mudanças na gestão da Polícia Militar de SP - 2024 para 2025
Fonte: Unicef

No panorama geral, o relatório é alarmante para as crianças paulistas. As reformas questionáveis que insistem em ser realizadas pelos gestores, mesmo diante a eficiência das câmeras se traduzem em letalidade para os jovens do estado. “É importante destacar que 30,1% das mortes de crianças e adolescentes nos últimos oito anos foram provocadas por policiais militares durante a folga desses agentes, o que soma mais 316 vítimas. Em 2024, 1 em cada 4 mortes de adolescentes pela PMESP foi causada pela ação de policiais militares de folga, em ocorrências que não foram classificadas como homicídio doloso.”, expõe a investigação. 

Motoboys articularam-se em cidades por todo o Brasil exigindo melhores condições de trabalho
por
Leticia Falaschi
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07/04/2025 - 12h

Na última segunda-feira (31) motociclistas articulados pela Anea (Aliança Nacional dos Entregadores por Aplicativo) e outras associações, realizaram uma paralisação dos serviços como forma de protesto. O objetivo era reivindicar ajustes nas taxas e na remuneração, limites de distância para entregas feitas com bicicletas, conciliação do tempo diário de operação, entre outras demandas de trabalho. Com destaque para o ato na cidade de São Paulo, os manifestantes expuseram seu descontentamento com a desvalorização da categoria, que, principalmente na pandemia, foi vital para o funcionamento da vida nas cidades. A paralisação começou em frente ao estádio do Pacaembu, durante a manhã, seguiu para a Avenida Paulista e, ao final, se concentrou em frente à sede do IFood na cidade de Osasco, na zona oeste da região metropolitana. 

Entregadores no movimento na Av. Dos Autonomistas na cidade de Osasco, São Paulo.
Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil 

Uma das principais exigências levantadas pelos motoboys foi o aumento da taxa das corridas, que hoje é de R$ 6,50. O que revolta muitos dos trabalhadores são os valores baixos oferecidos para um serviço de imensa demanda. Quando se trata do trabalho autônomo, a segurança e a saúde para exercer os serviços estão intrinsecamente ligados a remuneração. No Brasil, só no ano de 2024, foram 483 mortes no trânsito envolvendo motociclistas, segundo dados do DETRAN (Departamento Estadual de Trânsito). A realidade de boa parte dos motoqueiros, infelizmente, é escolher entre pagar as contas ou fazer a ajustes em suas motocicletas, o que acaba precarizando os trajetos do trabalhador e colocando sua segurança em risco.  

Em 2023, o Ministério do Trabalho criou um GT (grupo de trabalho) para discutir a regulamentação do trabalho por aplicativo, mas os termos propostos foram muito desvantajosos, segundo os motociclistas. Os motoristas de aplicativo (que levam passageiros, como os serviços oferecidos pela Uber), porém, aderiram às medidas, o que, segundo os motoboys, enfraqueceu o movimento. Desde então, o órgão prometeu um relatório com uma resposta aos motociclistas da categoria, o que nunca aconteceu: a discussão segue estagnada. Os breques acontecem desde 2020, e os resultados oferecidos até então pelo IFood (empresa que controla, hoje, cerca de 80% do mercado brasileiro de delivery) foi a alteração da taxa de R$ 6,00 para R$ 6,50 em 2022, depois disso não houve mais reajustes. Apesar de necessárias para impor as reivindicações de trabalho, as paralisações são difíceis de serem realizadas pois significam um dia a menos de captação para os motoboys. 

Manifestantes em frente à sede do IFood em Osasco, São Paulo
Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil 

Entre os outros pedidos, estavam o aumento de R$ 1,50 para R$ 2,50 no pagamento por quilômetro percorrido nas corridas, limite de 3 quilômetros para entregas feitas por bicicletas e o pagamento de taxas separados por número de entregas, e não pelo número de corridas.  

Quando os manifestantes se concentraram em frente à sede do IFood, exigiram que o João Sabino, diretor de Políticas Públicas da empresa, saísse do estabelecimento para negociar com os líderes do movimento publicamente. O pedido foi negado, e diante a pressão, a empresa convocou nove representantes para entrarem e discutirem as demandas, mas nenhuma delas foi atendida. Como resultado, os motociclistas se dispersaram em clima de descontentamento. A paralisação seguiu por 48h. 

Supremo Tribunal Federal julga altos oficiais e políticos, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro
por
Manoella Marinho
Carolina Zaterka
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05/04/2025 - 12h

Nas eleições de 2022, o cenário político brasileiro foi marcado pela vitória de Luiz Inácio Lula da Silva sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro. Em meio a esse contexto, a Procuradoria-Geral da República apresentou uma denúncia fundamentada em uma ampla gama de evidências, que vão desde manuscritos e arquivos digitais até planilhas e trocas de mensagens, acusando um esquema destinado a manter Bolsonaro no poder. De acordo com a acusação, tal grupo teria se empenhado em adotar medidas que minassem os pilares do Estado Democrático de Direito, configurando uma possível trama golpista.

No cerne do processo, o STF analisa a participação de um núcleo de altos oficiais militares e políticos, conhecido informalmente como “Núcleo 1’’. Entre os denunciados estão: Jair Bolsonaro, Almir Garnier Santos, Alexandre Ramagem, Anderson Torres, Mauro Cid, Paulo Sérgio Nogueira, Augusto Heleno e Walter Braga Netto.

O ex-comandante da Marinha na gestão Bolsonaro, Almir Garnier, responde a seríssimas acusações devido a uma suposta conspiração de golpe de Estado. Ele foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República e está incluído no “inquérito do golpe”, instaurado após a pressão pública das eleições de 2022. A acusação afirmou que o então comandante da Marinha vinha discutindo com outros generais da reserva a elaboração de um plano de golpe, cujo cotidiano previa a execução de um atentado contra altas autoridades. Nesse plano, nos seus próprios termos, Garnier enfrentava a missão de assassinato do presidente eleito, do vice-presidente e de um ministro do Supremo Tribunal Federal.

Ex-comandante da Marinha, almirante da reserva Almir Garnier Santos, durante programa A Voz do Brasil
Ex-comandante da Marinha, almirante da reserva Almir Garnier Santos, durante programa A Voz do Brasil/ Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil 

Em uma reunião realizada com Jair Bolsonaro, pouco após a derrota eleitoral, Garnier teria supostamente afirmado que suas tropas estavam prontas para agir, enquanto outros comandos militares haviam se recusado a aderir ao plano. Conversas interceptadas pela Polícia Federal mostram que Garnier estava disposto a mobilizar recursos militares e, assim, foi o único chefe das Forças Armadas a se opor, pela força, à posse do presidente eleito.

Em 26 de março de 2025, a Primeira Turma do STF admitiu a denúncia contra Garnier e seus corréus, tornando-o réu em um processo no qual, se condenado, cumprirá mais de 30 anos de prisão. Antes disso, sua carreira no Exército não foi marcada por escândalos especiais; no entanto, seu nome foi associado a investigações de organizações golpistas, e o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos atos de 8 de janeiro definiu motivos para acreditar que Garnier cometeu três crimes relacionados à intenção golpista. Outra notícia em torno do ex-comandante foi a contínua ocupação de um apartamento da Marinha após sua aposentadoria, o que levou a especulações e suspeitas sobre sua ação durante a transição.

No entanto, no mérito, a defesa de Garnier, encampada pelo advogado Demóstenes Torres, anteviu “nulidade absoluta” do processo, por ausência de justa causa, e “frágil prova” – classificando a denúncia como uma “grande mentira”. O que foi voto vencido na Corte no julgamento deste caso. Contudo, com base na manifestação do relator, ministro Alexandre de Moraes, os ministros da Suprema Corte entenderam que todos os elementos, relatos, mensagens e depoimentos autorizavam o prosseguimento, sobretudo mantendo a validade dos depoimentos da delação premiada de Mauro Cid.

Portanto, o processo vai agora para a fase de instrução, com as oitivas das testemunhas e a produção de novas provas. Nota-se, dessa forma, um julgamento de impacto político e institucional, o primeiro contra um ex-comandante militar desde a reabertura da redemocratização, por tentativa de ruptura democrática.

Posteriormente, Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro no início do mandato (2019–2022) e atualmente delator dos criminosos nas maiores acusações, atua como réu nas denúncias. Na medida em que a acusação o incluiu no “núcleo decisório” da conspiração, ele foi envolvido nas mesmas narrativas de crime organizado por armamento e atentado contra a ordem democrática, dentre outros. Em 2 de março de 2025, o STF também aceitou denúncia contra o acusado, consolidando-o como réu no processo do golpe.

Após defesa de Bolsonaro pedir a nulidade da delação, o advogado de Cid reforçou a integridade    do acordo.    Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil
Após defesa de Bolsonaro pedir a nulidade da delação, o advogado de Cid reforçou a integridade do acordo/ Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil 

Além da acusação de participar da tentativa de golpe, Mauro Cid está sob investigação por outros crimes graves. Uma das principais acusações diz respeito à fraude em cartões de vacinação da Covid-19. Ele foi preso pela Polícia Federal em maio de 2023 na Operação Venire, que investigava a fraude nos dados inseridos no sistema de vacinação do Ministério da Saúde. Cid está sendo acusado de liderar um grupo que falsificou os certificados de vacinação do próprio Bolsonaro, de sua filha e de outros assessores que, em seguida, foram utilizados para driblar as exigências sanitárias impostas a viajantes internacionais.

Outro crime investigado foi a comercialização de joias e presentes de alto valor roubados em feiras clandestinas de Cid, apreendidos de sua posse, que ele alega ter ganhado do ex-presidente da República, subtraídos do acervo presidencial de bens, com valor total em torno de 86 mil dólares.

Historicamente, Mauro Cid era visto como um fiel executor das ordens do ex-presidente. Ele havia ganhado a confiança do círculo bolsonarista e era chamado de “faz-tudo”. Apesar disso, assim que o governo caiu, seu nome passou a ser envolvido em uma série de esquemas controversos, que vão desde a participação em reuniões para discutir a invasão das urnas eletrônicas até os ilícitos envolvendo vacinação e patrimônio.

Em setembro de 2023, após alguns meses de investigação, ele fechou um acordo de delação premiada. Em seus depoimentos, Cid levou provas documentais e fez de sua fala um relato de base factual que traçou, procedimento a procedimento, cada passo que garantia a conexão de Bolsonaro com os crimes, incluindo a ordem para fazer cartões de vacina com mais doses do que a real e o envolvimento em tratativas para vender presentes oficiais dados ao presidente brasileiro.

Em seu primeiro dia de julgamento, Bolsonaro  acompanha julgamento no STF na primeira fila   Reprodução - TV Justiça
Em seu primeiro dia de julgamento, Bolsonaro  acompanha julgamento no STF na primeira fila./ Reprodução: TV Justiça

Seu papel como colaborador, apesar de resultar em benefícios da perspectiva do processo, foi cercado por dificuldades, exemplificadas pela referida prisão em março de 2024, após vazamento de áudios que implicavam sua coação para incriminar Bolsonaro. Enquanto isso, sua colaboração foi retida, mantendo-o uma peça vital do conjunto maior das investigações, que abrangem não apenas o golpe, mas também o falso processo de vacinação e a corrupção patrimonial.

Essa interposição peculiar, réu e testemunha ao mesmo tempo, intensifica os efeitos explosivos de suas apresentações, que quebraram o véu de segredo e jogaram luz nos detalhes das atividades ilícitas por trás do governo, além de acentuar a pressão legal abrangente sobre o ex-presidente e seus associados.

Além disso, o Supremo Tribunal Federal (STF) avança nos julgamentos de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, também acusado de envolvimento no caso de golpe de Estado.

Anderson Torres responde a três crimes principais: Omissão nos atos de 8 de janeiro de 2023, posse de Minuta de Decreto para Estado de Defesa e disseminação de Conteúdo Golpista.

O advogado Eumar Roberto Novacki, defensor do réu, apresentou argumentos afirmando que não poderiam julgar Torres pelo atentado do dia 8 de janeiro pelo fato de ele não estar em território nacional no período do ocorrido. Além disso, afirmou que as provas encontradas em sua residência não comprovaram sua participação ativa no plano golpista, além de reiterar a desconsideração de mensagens que deveriam ser privadas e não necessariamente demonstrariam uma intenção criminosa.

A Procuradoria-Geral da República sustenta que a soma de elementos, aliada à postura passiva diante do golpe, à presença de um documento com teor anticonstitucional em sua casa e o incentivo a discursos antidemocráticos, revela uma justificativa de sua responsabilização penal.

Já o outro acusado, Paulo Sérgio Nogueira, também envolvido nos recentes atos, é acusado dos seguintes crimes: Participação em reuniões para planejar um golpe e pressão sobre comandantes militares.

Poder 360 Gustavo Moreno Sustentação oral do advogado de Paulo Sérgio Nogueira, Andrew Fernandes Farias (esq.), em julgamento da denúncia.
Sustentação oral do advogado de Paulo Sérgio Nogueira, Andrew Fernandes Farias (esq.), em julgamento da denúncia./ Foto: Gustavo Moreno/Poder 360

Porém, seu advogado de defesa, no momento do julgamento, afirmou que o réu teria sido um dos que se opuseram a um golpe de Estado e que apenas participou de reuniões onde se debatiam diferentes cenários políticos, baseando-se na delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que citou Paulo Sérgio como um dos militares contrários à tentativa de golpe. Andréa Fernandes Farias afirmou:

A aceitação das denúncias contra Anderson Torres, Paulo Sérgio Nogueira, Almir Garnier e Mauro Cid pelo STF representa um avanço na responsabilização de agentes que, direta ou indiretamente, contribuíram para o agravamento da crise democrática no Brasil, principalmente no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

O caso reflete a tensão entre setores militares e a política institucional. Enquanto parte da cúpula das Forças Armadas tentou se distanciar dos acontecimentos, há registros de que militares de diferentes patentes se envolveram nos atos antidemocráticos. O STF está avaliando cada caso e os julgados aguardam resultado.

 

 

 

 

135 anos após o fim dos reis no Brasil, articuladores trazem pauta
por
Marcelo Barbosa Prado Filho
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26/03/2025 - 12h

A Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Congresso Nacional colocou em pauta uma proposta inusitada: a realização de um plebiscito para substituir o atual sistema presidencialista por uma monarquia parlamentarista.

A monarquia foi abolida no Brasil em 1889, quando Dom Pedro II foi deposto por um golpe militar liderado pelo Marechal Deodoro da Fonseca. Sob intensa pressão política, Deodoro comandou a transição para a República, encerrando o período imperial.

Atualmente, os descendentes da antiga família real brasileira formam a chamada Casa Imperial do Brasil, que reúne os herdeiros de Dom Pedro II e tem raízes nas Casas de Bragança e Órleans. O atual chefe da Casa Imperial é o príncipe Bertrand de Órleans e Bragança.

Curiosamente, um dos entusiastas do tema dentro do Congresso é Luiz Philippe de Órleans e Bragança, tetraneto de Dom Pedro II e integrante do partido de Jair Bolsonaro, um ex-militar. A proposta, porém, não especifica quem assumiria o trono caso a monarquia fosse restaurada, nem detalha como funcionaria a estrutura desse governo.

Iniciativas semelhantes já ocorreram no Brasil. Em abril de 1993, um plebiscito decidiu entre presidencialismo, parlamentarismo e monarquia, resultando na manutenção do atual sistema presidencialista.

Apesar de estar em discussão no Senado, a proposta não partiu de parlamentares, mas sim da sociedade civil. Uma petição reuniu 29 mil assinaturas e foi encaminhada à CDH em 2024 por um cidadão identificado como "Ilgner A.", segundo apuração do jornal O Estado de S. Paulo.

A senadora Damares Alves (Republicanos-DF), ex-ministra de Jair Bolsonaro e atual presidente da CDH, foi a responsável por dar andamento ao tema. Segundo ela, a proposta estava paralisada até sua chegada à comissão. Em entrevista ao Estadão, Damares defendeu o debate:

"Uma iniciativa vinda da sociedade não pode ficar na gaveta. Nem que seja um 'não' bonito, tem que ser apreciado. Não é o presidente de uma comissão que decide o que deve ser discutido, é o plenário. Vamos colocar o assunto em debate. Por que não?"

Enquanto isso, pesquisas indicam que a principal preocupação dos brasileiros está voltada para temas como economia, saúde e segurança pública. Sob a óptica da professora de história da PUC-SP Yvone Dias Avelino, "não é possível a volta de uma monarquia. Os parlamentares da câmara preferem uma democracia e Damares não é um exemplo de uma política forte para conduzir essa ideia. A Europa, por exemplo, demonstra que as monarquias estão desaparecendo. No Brasil, não se ouviram os cidadãos brasileiros, não se ouviu o STF, não se ouviram os jornais, não se ouviram a câmara e o Senado. Ou seja, as instâncias políticas, jurídicas e sociais não foram consultadas. Os gastos ainda poderiam ser enormes.” Então, essa é uma pauta que eu acredito que não vai pra frente.” Segundo um levantamento da Quaest, a volta de uma monarquia poderia significar custos elevados para o país, a exemplo do Reino Unido, onde a manutenção da família real custou mais de 102 milhões de libras (aproximadamente R$ 650 milhões) aos cofres públicos apenas em 2021.

Caso a CDH aprove a proposta, ela seguirá para votação no Senado e, posteriormente, na Câmara dos Deputados. Se aprovada em ambas as casas, ainda dependerá da sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


 

Nascidos após 1996 e redes sociais prometem definir o cenário político americano
por
Pietra Nelli Nóbrega Monteagudo Laravia
Catharina Morais
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17/09/2024 - 12h

 

À medida que se aproxima o dia das eleições nos Estados Unidos, a atenção se volta para um grupo de eleitores que promete desempenhar um papel crucial no resultado das urnas: a geração Z. 

Nascidos entre 1996 e 2010, esses jovens representam cerca de 40 milhões de eleitores potenciais — quase um quinto do total. Em 2024, a influência da geração Z promete ser tão marcante quanto em 2020, quando o comparecimento deles às urnas bateu recordes históricos. 

Segundo o Centro de Informação e Pesquisa sobre Aprendizagem e Engajamento Cívico da Universidade de Nova York, a participação dos jovens de 18 a 29 anos na eleição presidencial de 2020 alcançou 50%, um salto impressionante de 11 pontos em relação a 2016. Essa é uma das maiores taxas de participação jovem desde que o voto foi reduzido para 18 anos. 

No entanto, este fenômeno não é apenas uma curiosidade eleitoral, reflete mudanças significativas nas prioridades e preocupações dos jovens. Enquanto as questões econômicas dominam a agenda dos eleitores republicanos, temas como direitos ao aborto e políticas de imigração são centrais para os democratas. A diferença nas preocupações e no engajamento entre esses grupos mostra como a geração Z pode influenciar decisivamente a direção política do país.

Uma pesquisa recente do instituto Gallup, que trabalha com pesquisa de opinião do país, revelou uma reviravolta interessante na inclinação política dos jovens americanos. Historicamente, os democratas contaram com o apoio majoritário dos eleitores de 18 a 29 anos, mas em 2023, essa vantagem parece estar diminuindo. O apoio caiu para 47%, o menor índice já registrado.

Em contraponto, o apoio aos republicanos nessa faixa etária cresceu de forma expressiva, subindo sete pontos percentuais desde 2017. Atualmente, 48% dos jovens declaram preferência pelo Partido Republicano, um aumento de 13 pontos em oito anos, impulsionado principalmente pelos homens jovens. 

Essas mudanças se refletem nas prioridades eleitorais dos jovens. Conforme aponta uma pesquisa do Wall Street Journal, enquanto a economia é a principal preocupação para ambos os gêneros, as mulheres jovens estão especialmente focadas na questão do direito ao aborto, revogado em nível nacional pela Suprema Corte em 2022. Em contraste, os eleitores homens dessa faixa etária demonstram maior apoio a políticas migratórias mais rigorosas, como as propostas por Trump.

A Geração Z desempenha um papel crucial, especialmente nos estados-pêndulos. Na Geórgia, onde 22% da população é composta por jovens, cerca de três quartos dos eleitores registrados pertencem a essa faixa etária. Na Pensilvânia, um estado com grande peso eleitoral, os jovens têm mostrado um engajamento acima da média nas últimas três eleições, consolidando-se como um grupo decisivo na disputa pelo Colégio Eleitoral.

Por trás dessas mudanças no cenário político dos jovens americanos, há uma série de realidades que estão moldando suas perspectivas. No ambiente das universidades dos EUA, por exemplo, as mulheres dominam, ocupando 60% das vagas, segundo o Education Data Initiative. Além disso, o Pew Research Center aponta que, na década de 1970, 98% dos homens com diploma de ensino médio estavam empregados, enquanto menos de 50% das mulheres nessa mesma situação tinham um emprego. Hoje, o quadro mudou completamente, com a taxa de empregabilidade masculina caindo para 87%, enquanto a das mulheres subiu para 69%.

Essa diminuição na participação dos jovens homens no mercado de trabalho não é um fenômeno recente, e suas raízes vão além das questões frequentemente associadas, como políticas de imigração e iniciativas de diversidade, equidade e inclusão (DEI). Entre os fatores que contribuem para essa queda estão a falta de atratividade das vagas para aqueles sem diploma universitário, altos índices de encarceramento e a crise dos opióides, que afeta desproporcionalmente os homens.

Então, a realidade do país tem gerado um ressentimento crescente entre jovens homens brancos, especialmente aqueles que enfrentam dificuldades para acessar tal educação superior. É justamente esse descontentamento que tem sido explorado pela extrema direita, em grande parte sob a liderança de Donald Trump e seu grupo dentro do Partido Republicano. A frustração e a sensação de marginalização desses jovens estão se refletindo em um apoio crescente a ideias e figuras que prometem desafiar o status quo.

Redes sociais e engajamento político jovem 

As redes sociais têm se consolidado como uma ferramenta poderosa na formação da opinião política, especialmente entre a Geração Z, cuja interação com essas plataformas é quase constante. Essas redes não apenas permitem que os jovens se conectem e compartilhem informações, mas também oferecem uma plataforma para a criação e disseminação de movimentos e campanhas políticas. 

A capacidade de viralizar mensagens e mobilizar rapidamente grandes grupos de pessoas tem transformado o cenário político, permitindo que questões emergentes e reivindicações específicas ganhem atenção nacional em questão de horas.

Além disso, algoritmos das redes sociais tendem a personalizar o conteúdo com base nos interesses e interações dos usuários, o que pode amplificar tanto informações corretas quanto desinformação. Isso cria um ambiente onde debates políticos podem ser influenciados por uma combinação de evidências e emoções, tornando a participação política mais dinâmica e, ao mesmo tempo, polarizada. Essa influência pode ser determinante para o resultado das eleições. 

Desde o início de suas campanhas, tanto Donald Trump quanto Kamala Harris têm explorado as redes sociais de maneira estratégica para atrair a Geração Z, cuja influência política tem crescido significativamente. A campanha de Kamala Harris investiu em uma abordagem de comunicação visual e interativa, utilizando memes e emojis, como o coco e o coqueiro, para criar uma conexão mais pessoal e envolvente com os eleitores jovens. 

Esses elementos visuais ajudam a viralizar a mensagem e a promover discussões nas redes sociais, facilitando o engajamento e também permite que a mensagem da candidata seja compartilhada de maneira orgânica entre os usuários das redes sociais.  

Donald Trump não tem um emoji específico associado a ele. No entanto, o emoji mais comumente usado para representar Trump nas redes sociais é o do rosto com a boca aberta ou o rosto de um homem careca, devido à sua aparência característica.

Conhecido por sua presença forte e provocativa no X, adaptou sua estratégia ao criar conteúdos virais e retóricas polêmicas que, apesar de controversas, têm sido eficazes em mobilizar e energizar sua base de apoio, incluindo os jovens que buscam uma abordagem direta e desafiadora.

Ex-coach tenta emplacar candidatura após tentativas frustradas de disputar eleição em 2022
por
Beatriz Barboza
Luenir Gomes Batista
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14/09/2024 - 12h

 

Foto: Reprodução Facebook / @PabloMarcall

Na cobertura eleitoral da disputa à prefeitura de São Paulo, a AGEMT fará reportagens com o perfil dos principais candidatos. Como critério, foram considerados os candidatos que pontuaram acima de 5% nas pesquisas de intenção de votos registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Nesta reportagem, será apresentado o perfil do candidato Pablo Marçal, do PRTB.

No dia 4 de agosto, o Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB) oficializou o nome de Pablo Marçal na disputa à Prefeitura da cidade de São Paulo. De acordo com o candidato, o partido foi o único que aceitou colocá-lo na corrida eleitoral

O evento de lançamento da campanha aconteceu na Max Arena, localizada no bairro da Mooca, na zona leste da capital. O local escolhido para sediar a convenção se propõe moderno, tecnológico e possui uma decoração futurista, que reflete as propostas do novo candidato. “Vamos levar São Paulo para 2050”, afirmou em seu discurso de abertura, sugerindo que o local é o que ele pretende colocar em prática no seu governo, se eleito. 

Marçal anunciou Antônia de Jesus (PRTB) como candidata à vice-prefeita. O empresário afirmou que sempre buscou uma mulher para compor a chapa e que a vice escolhida compartilha de suas causas e que, assim como ele, “acredita no povo”. 

Jesus é policial militar, natural da Bahia, mas reside no bairro de Pirituba, na zona norte de São Paulo, há 22 anos. A militar, única candidata negra na disputa, teve suas características destacadas por seu parceiro de chapa que a apresentou como “policial, católica, negra e nordestina”. 

 

Quem é Pablo Marçal? 

Nascido em Goiás (GO), em 18 de abril de 1987, Pablo Henrique Marçal tem 37 anos e é filho de uma empregada doméstica com um funcionário público. Sua carreira profissional teve início aos 18 anos, com o cargo de atendente de call center na antiga Brasil Telecom, onde atuou por sete anos até deixar a empresa como líder de Recursos Humanos (RH).

Com mais de 12 milhões de seguidores no Instagram, o empresário é conhecido por ministrar palestras motivacionais e cursos sobre como ganhar dinheiro. O influenciador se diz cristão, é casado com Ana Carolina Marçal, pai de quatro filhos, e expõe sua rotina de “homem bem-sucedido e conservador” nas redes sociais. 

Foto: Reprodução/Instagram

O ex-coach é o candidato mais rico na disputa pela chefia executiva de São Paulo. Segundo a plataforma de Divulgação de Candidaturas e Contas Eleitorais (Divulgacand), do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), seu patrimônio é avaliado em cerca de R$169,5 milhões, divididos em aplicações, investimentos e participações societárias, além da posse de um terreno e imóveis em Goiás e São Paulo. 

 

Controvérsias de Marçal 

Em 2022, com discursos pautados no ultraconservadorismo neoliberal, Marçal se candidatou à presidência pelo Partido Republicano da Ordem Social (PROS). O candidato encontrou resistência dentro do próprio partido, dividido entre o apoio à oficialização de seu nome na disputa, e o apoio ao candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

As divisões internas e a falta de apoio inviabilizaram a disputa da corrida presidencial, que mais tarde foi indeferida pelo TSE. O partido integrou a Coligação Brasil da Esperança, em apoio ao atual presidente, Lula da Silva (PT), e Marçal declarou apoio à reeleição de Jair Bolsonaro (PL). 

O empresário chegou a doar R$100 mil para campanha do ex-presidente e participou de reuniões com sua equipe para ajudar com estratégias da campanha digital. 

 

Foto: Reprodução/Instagram

 

Ainda filiado ao PROS, Marçal se candidatou a deputado federal pela capital paulista. Em setembro, dois meses antes das eleições, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) rejeitou o registro de sua candidatura devido à falta de documentos. 

O empresário, no entanto, concorreu sub judice e foi um dos 20 candidatos mais votados em todo o Brasil, com 243.037 votos. Marçal foi eleito, mas Ricardo Lewandowski, então ministro do TSE, indeferiu sua candidatura, o que o impediu de assumir sua cadeira no Congresso Nacional. 

 

Os processos de Marçal 

Durante a campanha, Marçal tem sido alvo dos adversários por causa de supostas ligações entre integrantes do PRTB e a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). No início de agosto, a “Folha de S. Paulo” revelou áudios em que Leonardo Avalanche, presidente do partido, afirma ter ligação com o PCC.

Na gravação, Avalanche afirma ter sido responsável pela soltura de André do Rap, um dos chefes da organização, preso por gerenciar o envio de grandes remessas de cocaína à Europa. O traficante foi solto em 2020, depois de ter um habeas corpus concedido pelo ministro do supremo tribunal ( STF) Marco Aurélio Mello. Pablo Marçal, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, negou as suspeitas de ligação de seu partido à facção.

O influenciador também já foi condenado por participar de uma quadrilha de golpes. Segundo registros do processo na 11ª Vara Federal de Goiânia, Marçal foi temporariamente detido em 2005, com 18 anos, por participar de uma quadrilha que realizava fraudes bancárias.

Em 2010, ele recebeu uma sentença de quatro anos e cinco meses de prisão por furto qualificado (conforme o artigo 155 do Código Penal) da Justiça Federal. Somente em 2018, um recurso foi avaliado pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1).

Devido à demora do tribunal em analisar o caso, ocorreu a prescrição da pena, o que significa que Marçal, mesmo considerado culpado, não precisou cumprir a sentença.

Em junho de 2023, um seguidor de 26 anos morreu após uma maratona de 42km organizada por um grupo empresarial de Pablo Marçal, em Alphaville, São Paulo. Em uma publicação nas redes sociais, o ex-coach alegou que não participou da promoção da corrida e reforçou o diagnóstico de uma doença pré-existente. O caso foi levado para o 2° DP de Barueri que registrou o caso como “morte suspeita".

Marçal tornou-se conhecido por um ”evento de superação e desafios extremos”, realizado em 2022. Na ocasião, o ex-coach levou um grupo de 60 seguidores, sem preparo físico, ao pico da Montanha dos Marins, em São Paulo, em condições climáticas adversas, com neblina e chuva intensa. 

Apesar dos riscos, o influenciador insistiu em continuar a subida, e alguns membros do grupo relataram momentos de pânico. “Eu não mandei ninguém subir! E fui na frente, subi e resolvi”, disse Marçal, em entrevista ao Domingo Espetacular, na Record.

O grupo não conseguiu finalizar a expedição e precisou ser resgatado pelo Corpo de Bombeiros. Paulo Roberto, chefe da operação de resgate, afirmou ao G1 que “essa foi a pior ação já feita no Pico dos Marins”. A subida da montanha é recomendada apenas nos períodos de estiagem, com guia e equipamentos de segurança.

 

Cortes do Marçal 

Desde as eleições de 2022, Marçal oferece pagamentos a seus seguidores pela replicação de vídeos nas redes sociais, com cortes de suas falas em debates e entrevistas, com o objetivo de impulsionar sua campanha na web. 

A estratégia do influenciador, conhecida como “Cortes do Marçal”, foi questionada pela Justiça Eleitoral por suposto financiamento de postagens com recursos não contabilizados. Este ano, as redes sociais do candidato foram temporariamente derrubadas pelo uso indevido destes vídeos, utilizados em ataques a adversários.

“Eu pago 200 pau toda semana e vai aumentando, pelas visualizações. Não sou eu quem impulsiona, eu ensino os caras a cortar. Taí nos stories, quem estiver assistindo pode ir lá no Pablo Marçal e fazer 10 mil por mês, 20. Tem moleque fazendo 400 mil por mês com os meus cortes", disse o candidato em postagens do TikTok.

No site oficial do TSE, o extrato de prestação de  contas eleitorais de Pablo Marçal aponta que o investimento em pesquisas ou testes eleitorais é de R$40 mil, enquanto as despesas para o impulsionamento de conteúdos online são de R$82 milhões. 

O alcance e engajamento do candidato do PRTB nas redes sociais é superior aos números atingidos pelos demais concorrentes, podendo compensar a falta de estrutura política em sua campanha.

Após uma ação movida pelo PSB, em agosto de 2024, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), suspendeu temporariamente as redes do candidato. 

Na decisão do magistrado Antônio Maria Patiño Zorz, da 1ª Zona Eleitoral do TRE-SP, a determinação suspendia apenas as redes sociais que “buscaram a monetização dos ‘cortes’ por meio de terceiros interessados”. A sentença proibiu que Marçal remunere pessoas que compartilhem seus vídeos editados. O descumprimento da decisão resultaria em multa diária de R$10 mil. 

 

Pablo Marçal (PRTB) em caminhada na rua 25 de março no primeiro dia de campanha em São Paulo - Foto: Bruno Santos/Folhapress

 

Principais propostas 

Em seu programa de governo, o candidato do PRTB propõe o aumento do efetivo da Guarda Civil Metropolitana (GCM), com maior investimento em inteligência e tecnologia, além de criar programas de segurança local, como a "guarda no bairro". 

Uma das propostas da chapa para a mobilidade é a criação de uma rede de teleféricos para melhorar o transporte público e a construção de "bolsões de estacionamento" para facilitar o fluxo de veículos na cidade. 

"A ideia é criar esse cinturão de teleféricos, que não é a solução para o trânsito na cidade, mas para honrar o povo da comunidade”, afirmou ao UOL. O trajeto proposto por Marçal ligaria a Brasilândia, na zona noroeste, a Vila União, zona leste, e o Capão Redondo, na zona sul. 

Segundo seu plano de governo, Medellín, na Colômbia, e La Paz, na Bolívia, que possuem uma rede de bondes aéreos, inspiraram o projeto. No entanto, diferente da configuração de São Paulo, as duas cidades possuem terreno acidentado e estão a mais de mil metros do nível do mar, com morros que o metrô subterrâneo não alcançaria. 

Além disso, o candidato pretende construir o maior prédio do mundo, com 1 km de altura, como símbolo de inovação e progresso, buscando posicionar São Paulo como um centro global de negócios e cultura.

A última versão da Lei de Zoneamento, no entanto, aprovada em dezembro do ano passado, determinou que a altura máxima dos prédios em zonas centrais é de 48 metros, enquanto nas demais regiões, o limite é de 42 metros. A proposta de Marçal exigiria a alteração do Plano Diretor da cidade. 

Durante a sabatina UOL/Folha, jornalistas questionaram Pablo Marçal sobre a viabilidade de suas propostas e o candidato assumiu não poder cumpri-las em quatro anos. 

“Não dá pra fazer em quatro anos. O  problema é que todo mundo quer fazer em quatro anos, vai embora e o outro larga. A gente só tem política eleitoreira. Não dá para resolver nenhum plano de governo dentro de quatro anos”, afirmou Marçal.

O representante do MDB, apoiado por Jair Bolsonaro, prioriza o aumento da militarização na cidade e o reforço do ensino integral no ensino público desde a creche
por
Giuliana Barrios Zanin
Juliana Sousa
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13/09/2024 - 12h

Na cobertura eleitoral da disputa à prefeitura de São Paulo, a AGEMT fará reportagens com perfis dos principais candidatos. Como critério, foram considerados os candidatos que marcaram acima de 10% nas pesquisas de intenção de votos registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Nesta reportagem, será apresentado o candidato Ricardo Nunes, do MDB.

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Nunes está ativo na política há mais de 20 anos. Foto: Edson Lopes Jr/Secom

O atual prefeito da capital está concorrendo à reeleição da maior cidade do país com os mesmos passos dos últimos quatro anos.  Nunes afirma, em uma das sabatinas realizadas pela imprensa durante a campanha, que o seu plano de governo é “dar continuidade nas periferias sem tirar o olho do desenvolvimento econômico". Apesar de ser discreto, o candidato é alvo de críticas por envolvimento com desvio de verba para creches, violência doméstica e fechamento do Hospital Cachoeirinha, único de referência para aborto legal no estado.

 

QUEM É RICARDO NUNES? 

Filho de Maria do Céu Reis Nunes e Luiz Nunes Regina Carnovale Nunes, Ricardo Luis Reis Nunes decidiu fazer Direito na FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas), mas não concluiu por endividamento. Antes de concorrer na política, Nunes investiu no mercado de controle de pragas. Atualmente é dono da empresa Nikkey, fundador da Abrafit (Associação Brasileira das Empresas de Tratamento Fitossanitário) e assumiu o cargo de diretor na AESUL (Associação Empresarial da Região Sul de São Paulo).

 

CARREIRA POLÍTICA

Filiado ao MDB desde os 18 anos, concorreu à vice-prefeitura nas eleições de 2020. Porém, com a morte do prefeito Bruno Covas (PSDB), vítima de câncer, ele assumiu o governo municipal no ano seguinte. Antes disso, atuou como vereador por dois mandatos seguidos.

Foi relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias e do Orçamento da capital e  esteve presente nas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) – Sonegação Tributária, Dívida Ativa, Theatro Municipal e Evasão Fiscal durante a atividade legislativa.

 

VICE É EX- COMANDANTE DA ROTA

Coronel Mello, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e pelo governador Tarcísio de Freitas, é confirmado como braço direito de Ricardo Nunes. O oficial de reserva da Polícia Militar é conhecido por ter “colocado ordem” na época em que presidia a Ceagesp, em 2020, no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. De acordo com acusações detalhadas no Ministério Público, foi acusado de extorquir funcionários e uso abusivo da militarização dentro do estabelecimento. 
 

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Da direita para a esquerda, o governador do estado, Tarcísio de Freitas, o ex-presidente, Jair Bolsonaro, o candidato Ricardo Nunes e seu vice, Coronel Mello. Foto: CNN.

Também coordenou uma das forças armadas mais violentas na história do Brasil nos anos 70 em 2017. A ROTA (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) era um grupo policial de choque que perseguiu militantes e contrários à força militar. Em uma entrevista ao Canal Aberto, há sete anos atrás, quando foi promovido a comandante, ele afirmou que a ROTA é a sua casa desde quando entrou nessa divisão e ficou quatro anos e que “é o sonho de quem gosta de fazer polícia e combater o crime”. 

 

“CAMINHO SEGURO PRA SÃO PAULO”

Lema da coligação dos partidos MDB, PL, PSD, Republicanos, Solidariedade, Podemos, Avante, PRD, Agir, Mobiliza e União Brasil, a estratégia para os próximos anos é aumentar a capacidade armamentista para as polícias ao redor da cidade, principalmente no centro, onde a taxa de insegurança é uma das maiores. No último ano, dados da própria prefeitura afirma que a Secretaria de Segurança Pública investiu em R$1.272.585,343, sendo o quarto de 33 órgãos com mais despesas do município. 

As estratégias de Nunes se mantém ao que o seu governo espalhou nos últimos três anos. 

Além de mais polícia na rua, ele quer aumentar a presença da Guarda Civil Metropolitana, (GCM) em horários e locais estratégicos, como escolas, fazendo a ronda escolar e nas periferias. 

O candidato à reeleição quer implementar 100% do ensino integral na educação infantil ao fundamental e zerar a fila nas creches para os bebês. O plano de Nunes também reforça a valorização dos educadores e o objetivo de alfabetizar os jovens na idade certa.

Os planos para a Secretaria da Saúde de Nunes são expandir o serviço público com acessibilidade aos procedimentos e tratamentos pela ampliação de de UBSs (Unidades Básicas de Saúde), o mantimento do Hospital do Servidor Público e especialização de centros para pessoas com TEA (Transtorno Espectro Autista).

 Para o serviço de transporte e mobilidade, ele propõe a ampliação das ações de engenharia de tráfego com foco na educação de trânsito. Além da continuidade na conclusão de 8 novos corredores de ônibus e BRTs e iniciará obras em mais 6 novos corredores da mesma modalidade. 

 

Os candidatos tentam as representações de todos os cantos, com o apoio de presidentes, prefeitos e antigos políticos
por
Artur Maciel
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13/09/2024 - 12h

 

 

Na cobertura eleitoral da disputa às prefeituras das capitais da região de Osasco,, a AGEMT fará reportagem com perfis dos principais candidatos. Como critério, foram considerados os candidatos que marcaram acima de 10% nas pesquisas de intenção de votos registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE)

 

Ao passar em frente à Catedral de Santo Antônio, no centro de Osasco, um pode-se ver frente ao alto pé direito do prédio, admirar a renovação  feita na década de 90. Ou ainda, o prefeito Rogério Lins gravando um de seus posts no Instagram. Isso não é surpresa: o atual prefeito de Osasco usa as redes sociais para se comunicar com todos que quiserem ouvir, sendo narrador frequente de postagens no popular perfil "Notícias Osasco". De acordo com a Paraná Pesquisas, Lins tem quase 80% de popularidade entre os osasquenses. Sua indicação é que manda e desmanda nas atuais eleições municipais da cidade. Osasco tem uma população de 756.952 pessoas, segundo os dados do IBGE de 2024. A eleição vai mudar a cidade com o sétimo maior PIB do Brasil e o segundo maior do estado. 

 

O Cunhado do prefeito

 

Gerson Pessoa (à esquerda) e o seu cunhado o prefeito Rogério Lins(a direita). Foto: Visão Oeste
Gerson Pessoa (à esquerda) e o seu cunhado o prefeito Rogério Lins(a direita). Foto: Visão Oeste

  


 

Lins indicou seu cunhado, Gerson Pessoa(PODE), para a prefeitura de Osasco. Gerson formou-se em Análise de Sistemas em 2004 e passou vinte anos como consultor de tecnologia para diferentes empresas, incluindo associações de advocacia, arquitetura, mas principalmente em empresas de propaganda e publicidade. Em seu site, ele menciona ser sócio de duas empresas de comunicação do grupo Newcomm, sem especificar quais. Inclusive não fala de seu casamento com a irmã de Aline Lins, atual primeira-dama de Osasco. Mas sim da “Relação de mais de 30 anos de amizade com Rogério Lins, [...]contribuiu para uma mudança de rota na sua vida”

Uma dessas mudanças foi a entrada na política. Com a indicação de Lins, Gerson iniciou como secretário da de Desenvolvimento Econômico e Inovação no final de 2021. Seis meses depois, ele começa sua candidatura para deputado estadual. Com o apoio do prefeito, ele se torna o mais votado de Osasco.

Seu vice é Lau Alencar. Político que foi presidente do PDT de Osasco por mais de 13 anos. O filho dele, Lau Alencar Filho, concorre para vereador. Gerson e Lau têm um plano de governo tecnocrata que inclui a Implantação de Tecnologias para a Saúde de Osasco (Chatbot, aplicativos e telemedicina). A construção de “Escolas do Futuro” e até mesmo implantar a moeda virtual “Osascoin”.

 

O advogado de lula

Emídio de Souza(PT) na Alesp. foto: Reprodução Alesp
Emídio de Souza(PT) na Alesp. Foto: Reprodução Alesp

 

 

 

 

Emídio de Souza é um nome familiar a quem acompanhou a prisão de Luís Inácio da Silva. Ele foi um dos advogados que negociaram as medidas de prisão do ex-presidente. Foi Emídio quem comunicou os termos de prisão propostos por Lula e sua equipe. Além disso, o ex-prefeito de Osasco é citado no título do quarto capítulo da biografia de Lula, escrita por Fernando Morais: “Emídio descobre que não tem um ou dois espiões, mas vários filmando tudo que acontece no sindicato” 

Ele se filiou ao Partido dos Trabalhadores (PT) logo no início de sua fundação. Graças a isso, em 1988, foi eleito vereador de Osasco pelo PT, sendo reeleito pelos próximos oito anos. Há 22 anos, Emídio tornou-se deputado estadual, posição que ocupou por outros dois mandatos consecutivos. Essa é a quarta tentativa dele de se tornar prefeito de Osasco. Falhou em 2000, e depois sucedeu consecutivamente em 2004 e 2008. De lá pra cá, foi Presidente do PT paulista, advogado de Lula e depois voltou a ser deputado estadual, se reelegendo no cargo. Entrando no site do candidato tem frases e elogios de políticos. Inclusive uma citação assinada pelo presidente Lula: “Tive o prazer e a honra de acompanhar de perto sua trajetória de luta.”

Marilu Rodrigues, sua vice, é a atual presidente do Psol na cidade. Ela é cientista política formada pela Uninter, e foi professora de língua portuguesa por duas décadas. O plano de governo é seguir os planos dos governos passados de Emídio, “O que eu fiz” é a entrada para seu plano de governo, ou o que ele pretende fazer novamente. Projetos como o “Bolsa Aluguel”, ou o “Poupatempo da Saúde”



 

O doutor dos olhos

Dr Elissandro Lindoso em seu consultório em Osasco Foto: Reprodução/Redes Sociais.
Dr Elissandro Lindoso em seu consultório em Osasco Foto: Reprodução/Redes Sociais. 

 

Dr Elissandro Lindoso(NOVO) usa a seguinte frase no seu site de campanha eleitoral: “Antes de decidir ser médico estudei Direito e Administração de Empresas, mas meu destino, mesmo, era ser Doutor de olhos.”A frase, um tanto contraditória, reflete o percurso do médico político. Maranhense, veio para São Paulo fazer sua especialização em Sorocaba e depois o doutorado na UNIFESP. Nos últimos 16 anos ele foi oftalmologista no Instituto de Visão de Osasco. Inclusive, enquanto era vereador pela cidade em 2016, e depois quando falhou em ser prefeito em 2020. 

Em suas redes sociais, Dr. Elissandro transita entre o médico de família tradicional e o candidato do NOVO. Algumas semanas atrás, ele apareceu com uma camisa xadrez e um jaleco falando da importância de Equipamento de proteção individual para “proteger os olhinhos durante o trabalho” Semanas depois ele aparece abraçado com Pablo Marçal, candidato para prefeitura do estado de São Paulo. O Dr virou o personagem sobre as regras de participação dos debates municipais. Sendo que até Emídio de Souza, seu adversário na eleição, defendeu sua presença no debate do G1, na rede globo. O doutor, por sua vez, pediu que repensarem a decisão em um post.

Seguindo a tendência da direita Brasileira, seu vice é um coronel. Jairton Lucena Ribeiro, entrou na Polícia Militar em 1988 e de acordo com a Associação Policial de Assistência Social (APAS) ele possui “Vasta experiência em policiamento ostensivo, preventivo e repressivo”. O Plano de governo dos dois, até o momento,se baseia em: marcar exame médicos pelo Celular, cortar as secretarias pela metade e fazer convênios com o estado.

Entenda as propostas do apresentador de televisão e agora candidato pelo PSDB
por
Helena Barra e Fernanda Querne
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13/09/2024 - 12h

Na cobertura eleitoral da disputa à prefeitura de São Paulo, a AGEMT fará reportagens com perfis dos principais candidatos. Como critério, foram considerados os candidatos que marcaram acima de 10% nas pesquisas de intenção de votos registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Nesta reportagem, será apresentado o perfil do candidato José Luiz Datena, do PSDB.

 

Quem é Datena? 

 Datena está na disputa pela prefeitura pela segunda vez/Foto: Luis Blanco/Wikimedia Commons

José Luiz Datena é apresentador, jornalista, radialista, locutor esportivo e político, formado na Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Ficou conhecido por apresentar o programa policial Brasil Urgente, na TV Band, do qual de licença não remunerada para focar na campanha.

Iniciou sua carreira em campanhas políticas em 2015, quando o Partido Progressista o anunciou como pré-candidato à prefeitura de São Paulo nas eleições municipais de 2016, mas ele acabou desistindo. Atualmente, Datena está no PSDB, filiado desde abril de 2024.
 

Desistências eleitorais

Datena já teve quatro desistências em eleições entre 2016 e 2022. Em 2016, anunciou que sairia do PP, após um ano de filiação, alegando que não poderia permanecer no partido por causa da denúncia de um esquema corrupção na época da Lava Jato.

Foi filiado ao PT por 23 anos, mas abandonou o partido em 2015. Antes de se filiar ao seu partido atual (PSDB), passou pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) no qual ficou por apenas quatro meses. O apresentador também tem passagem pelo Democratas, MDB, União Brasil, entre outros. Ao todo, já passou por 11 partidos filiados.

Em 2022, se lançou ao Senado pelo Partido Social Cristão (PSC), mas desistiu, afirmando que a política não era seu espaço natural.

O apresentador já havia sido pré-candidato ao senado em 2018, mas não deu continuidade afirmando que foi aconselhado por amigos e família a desistir. Em 2020, se candidatou para vice-prefeito de São Paulo, mas novamente não deu continuidade, alegando que havia recebido um pedido para continuar no seu programa, o programa policial Brasil Urgente.

E o vice? 

Saiba quem é José Aníbal, suplente que assume lugar de Serra no Senado

Legenda: José Aníbal em uma coletiva/ Foto: Poder360

 

Presidente do diretório municipal do PSDB em São Paulo, José Aníbal foi o escolhido como vice na chapa. Nascido em Rondônia e com 76 anos, é um nome conhecido por sua trajetória política na capital paulista. Por cinco mandatos, foi deputado federal pelo estado de São Paulo, além disso, também foi senador por São Paulo e vereador da capital.

Aníbal se exilou no Chile e depois na França, durante a ditadura militar, onde concluiu seus estudos em Economia na Universidade Sorbonne. Além de seu histórico legislativo, teve uma atuação relevante na política brasileira, como a criação de Comitês pela Anistia no Brasil.
 

Principais Propostas

Em parceria com a PM, Datena promete coibir furtos de celulares. Assim, destacando esse objetivo na Operação Delegada, mesmo que o plano de governo não detalhe a execução. Na área da saúde, o peessedebista promete aumentar o horário de funcionamento das Unidades Básicas de Saúde (UBS) até às 21h e ampliar o número de UBS’s 24 horas.

O candidato tucano também pretende expandir a telemedicina, facilitando consultas online com especialistas. Datena fala em reforçar o programa Remédio em Casa, que entrega medicamentos diretamente à população, visando melhorar o acesso à saúde em São Paulo.

Sobre a área de habitação, o jornalista diz que o setor privado teria incentivos fiscais para construir casas na periferia. Em relação à educação, o candidato do PSDB propõe atividades nas escolas do município em período integral, como: ensino de idiomas, aulas de reforço e formação técnica e profissional.