Indústria aposta em preço e modelagem para manter a demanda
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Larissa Pereira José
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26/11/2025 - 12h

 

O jeans continua entre as peças mais consumidas no Brasil e mantém relevância estratégica para a indústria têxtil e para o varejo de moda. Mesmo após mudanças no comportamento do consumidor nos últimos anos, o denim permanece como um dos principais motores de vendas do setor.

Segundo levantamento do IEMI – Inteligência de Mercado, o Brasil produziu cerca de 280 milhões de peças de jeans em 2023. O faturamento do segmento chegou a aproximadamente R$14,7 bilhões no mesmo período. O estudo “Comportamento do Consumidor de Jeanswear no Brasil”, desenvolvido pelo IEMI em parceria com a Vicunha Têxtil, aponta que o jeans responde por cerca de 10% de todo o volume comercializado no mercado de vestuário nacional.

Uma pesquisa divulgada pela Vicunha Têxtil mostra que 80% dos brasileiros consideram o jeans uma peça obrigatória no guarda-roupa. O dado ajuda a explicar a presença constante do produto nas vitrines, campanhas promocionais e estratégias comerciais das grandes redes.

Para Diego Amaral, gerente comercial de uma grande varejista nacional, o desempenho do jeans segue consistente. “O jeans é um dos pilares do faturamento. Ele traz fluxo de clientes para a loja e influencia o desempenho de outras categorias. Quando o jeans performa bem, o restante da coleção tende a acompanhar”, afirma.

Ele explica que o consumo segue forte porque o produto atende diferentes perfis de consumidores. “Vendemos desde modelos clássicos até modelagens mais amplas, como wide leg e cargo. O jovem busca tendência, enquanto o cliente mais velho procura modelos tradicionais. O jeans atravessa gerações”, diz.

De acordo com o IEMI, o comércio eletrônico já representa mais de 5% das vendas de jeans no Brasil, com crescimento contínuo desde 2020. Apesar desse avanço, a loja física segue decisiva na jornada de compra. “O cliente pesquisa online, compara preço, avalia fotos e comentários. Mas o provador ainda define a compra de jeans”, afirma Amaral.

Outro estudo do IEMI, em parceria com o Guia Jeanswear, mostra que preço, caimento e exposição na vitrine são os principais fatores de decisão de compra. A mesma pesquisa aponta que 43% dos consumidores não se lembram da marca do jeans adquirido, o que reforça o peso da experiência no ponto de venda.

“O cliente entra pela promoção, olha a vitrine e decide pelo conforto. Se a peça veste bem, a marca passa a ser secundária”, explica o gerente comercial. Ele afirma que, embora o tíquete médio do jeans seja maior do que o de outras categorias, o consumidor aceita pagar mais quando percebe a durabilidade da peça. “O cliente pensa no custo por uso. Uma calça que dura mais tempo é vista como investimento”, diz.

O consumo de jeans enfrenta pressão ambiental crescente. Estudos da Water Footprint Network indicam que a produção de uma calça jeans pode consumir milhares de litros de água ao longo de toda a cadeia produtiva. Parte desse impacto está concentrada nos processos de lavanderia industrial e acabamento do tecido.

Esse relatório sobre polos de produção de jeans no Brasil aponta desafios no descarte de resíduos têxteis e no uso de produtos químicos, especialmente em regiões com forte concentração de lavanderias industriais, como o agreste pernambucano. O tema passou a ganhar espaço em debates setoriais e em políticas de sustentabilidade nos últimos anos.

Segundo Amaral, essa pauta já chegou ao consumidor final. “O cliente pergunta de onde vem o algodão e se a loja trabalha com práticas sustentáveis. Ainda não é a maioria, mas cresce todo ano”, afirma. Ele diz que a varejista passou a priorizar fornecedores com tecnologias de redução do consumo hídrico e processos menos agressivos ao meio ambiente.

A cadeia têxtil brasileira movimenta cerca de R$ 190 bilhões por ano, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). Dentro desse cenário, o jeanswear segue como um dos segmentos mais sólidos do setor, com demanda contínua e forte presença no cotidiano do consumidor brasileiro.

Para o gerente comercial, o principal desafio agora é equilibrar preço, velocidade e responsabilidade. “O consumidor quer novidades, quer preço acessível e quer entender o impacto do produto. O jeans continua forte, mas o jeito de vender mudou”, conclui.

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Consumidores exigem práticas responsáveis e mercado responde com economia circular, inovação de materiais e inclusão social
por
Larissa Pereira
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21/10/2025 - 12h

 

A moda sustentável deixou de ser nicho e passou a ocupar espaço central nas escolhas de consumo. A pesquisa de 2023 do Instituto Akatu em parceria com a consultoria GlobeScan mostrou que 87,5% dos brasileiros preferem comprar roupas de marcas que adotam práticas sustentáveis. A tendência se confirma em levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que apontou que nove em cada dez consumidores se sentem desconfortáveis ao adquirir produtos que prejudicam o meio ambiente.

Esse movimento já se reflete no mercado. Segundo a consultoria Research and Markets, o setor de moda sustentável no Brasil foi avaliado em 200,7 milhões de dólares em 2022, com crescimento médio de 3,7% ao ano desde 2017. Projeções indicam que a moda circular, baseada em brechós, aluguel de roupas e reaproveitamento de tecidos, deve crescer entre 15% e 20% ao ano até 2030.

O impacto ambiental da moda, no entanto, continua elevado. Dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) revelam que o país gera cerca de 4 milhões de toneladas de resíduos têxteis por ano, sendo que 85% desse volume acaba em aterros. Em escala global, a ONU Meio Ambiente estima que a moda é responsável por 10% das emissões de carbono e ocupa a posição de segundo maior poluidor de água doce. A produção anual chega a 80 bilhões de peças, mas menos de 1% desse total é reciclado.

Diversos projetos mostram caminhos de transformação. A rede Justa Trama reúne agricultores, fiadoras, tecelãs e costureiras em cinco estados na produção de algodão agroecológico cooperado, com renda distribuída de forma justa. Na Amazônia, iniciativas como Selvática, que reaproveita retalhos de estofados, e Yara Couro, que cria materiais a partir de pigmentos vegetais, demonstram o potencial da economia criativa aliada à preservação ambiental.

Entre as grandes redes do varejo brasileiro, C&A, Renner e Riachuelo começaram a adotar iniciativas relacionadas ao uso de algodão sustentável, coleções com fibras recicladas e programas de logística reversa. Essas medidas ainda representam uma fração pequena da produção total, mas indicam que a pressão dos consumidores começa a influenciar também o fast fashion.

Apesar dos avanços, trazer produtos sustentáveis para as lojas de departamento não é tarefa simples. Em entrevista exclusiva para a AGEMT, Luiz Gustavo Freitas da Rosa, dono e criador da marca sustentável Tairú, conta que a iniciativa nasceu em 2023 a partir do contato com um projeto experimental de calçados em Tyvek e de uma pesquisa sobre cânhamo, fibra natural com propriedades ambientais superiores ao algodão. “Desenvolvi protótipos, apresentei amostras na Europa e, ao retornar ao Brasil, lançamos uma primeira coleção com seis modelos de tênis e mais de 40 variações, além de camisetas em algodão orgânico e tingimento natural”, relata.

Luiz Gustavo aponta barreiras importantes: o cânhamo não pode ser cultivado legalmente no Brasil para uso têxtil, o que obriga a importação; fábricas nacionais nem sempre estão preparadas para materiais alternativos como couro vegetal à base de milho; e o algodão orgânico tem custo superior ao convencional, encurtando margens e alongando a cadeia produtiva. “Produzir de forma sustentável ainda é mais caro. Trabalhamos com pequenas tiragens, fornecedores especializados e processos que incluem inclusão social, o que eleva o preço final”, explica.

Sobre a competição com as grandes magazines, ele afirma que a estratégia da Tairú não é disputar preço, mas oferecer uma alternativa de valor: “O consumidor da nossa marca compra conforto, design e propósito; não apenas um produto barato.” Para furar a bolha dos consumidores já engajados, a Tairú se posiciona como marca de lifestyle urbano e investe em ativações culturais, collabs e na Casa Tairú, espaços que atraem público pela música e pela cultura e só depois revelam os atributos sustentáveis dos produtos.

Na comunicação, Luiz Gustavo destaca a transparência como prática contra o greenwashing: a marca revela a origem dos materiais, mostra quem produz as peças e admite limitações. Ele cita exemplos concretos, como fábricas compostas por mulheres, ecobags produzidas por ex-detentos e etiquetas fornecidas por cooperativas que empregam pessoas com deficiência. “Não romantizamos nem prometemos perfeição; mostramos passos concretos e os desafios que ainda temos”, afirma.

Segundo ele, o maior obstáculo é transformar a consciência em hábito de compra. Para que a sustentabilidade deixe de ser exceção e se torne regra, Luiz Gustavo defende investimento em comunicação clara e aumento da escala produtiva para reduzir preços, além de mudanças estruturais na cadeia têxtil.

O debate avança em escala internacional. O relatório Fashion Transparency Index 2024, da Fashion Revolution, mostrou que a maior parte das grandes marcas ainda não divulga informações completas sobre suas cadeias de fornecimento. Já o State of Fashion 2024, da McKinsey em parceria com o Business of Fashion, destaca que a pressão regulatória tende a tornar mais rígidos os critérios de produção e comercialização, principalmente na Europa e nos Estados Unidos.

A combinação de dados, iniciativas e mudanças de comportamento mostra que a moda sustentável não é apenas uma promessa. Ela se consolida como exigência de mercado e como caminho inevitável para reduzir o impacto de uma das indústrias mais poluentes do mundo.

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Minimalismo, funcionalidade e inovação refletem mudanças econômicas e sociais
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Luana Marinho
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18/09/2025 - 12h

A moda, frequentemente apontada como um espelho dos tempos, volta seus olhos para tempos de escassez. Em meio à instabilidade econômica global, marcada por inflação persistente e crises políticas ao redor do mundo, ganha força o chamado “Recessioncore” (estética da recessão), que traduz, de forma visual, a precariedade e o desânimo de uma geração.

“Quando falamos de recessões, de crises econômicas, dá para ver esse reflexo diretamente na moda. Hoje, vivemos uma grande incerteza econômica, e muitas marcas de luxo começaram a lançar campanhas desperdiçando comida, baguetes sendo amassadas, frutas jogadas no chão da feira, alimentos destruídos”, afirma Audry Mary, especialista em marketing de moda e influenciadora digital. “É uma forma de comunicação: enquanto a base está sofrendo com a falta, quem consome a marca pode esbanjar. E isso é extremamente político”, acrescenta Audry.

Se nos anos de crescimento econômico os desfiles explodem em cores vibrantes, brilhos e ostentação, em momentos de incerteza o figurino muda: tons neutros, silhuetas sóbrias e peças utilitárias assumem o protagonismo. É o que se vê agora com a ascensão da estética “clean girl”, termo popularizado no TikTok e em outras redes sociais que descreve um estilo minimalista, com peças básicas, cores neutras e cortes discretos 

"Elas são mais acessíveis, carregam pouca informação de moda e seguem um estilo mais recatado, mais doméstico”, diz Audry sobre as roupas identificadas com o estilo. “É conservador, e as marcas estão apostando muito nisso”, explica.

Segundo a especialista, a estética “clean girl” não surge isoladamente: é resultado direto de um contexto econômico instável, no qual o crescimento do "quiet luxury" (luxo silencioso) e de coleções minimalistas indica que as marcas buscam transmitir segurança e sobriedade. Historicamente, períodos de recessão geraram mudanças semelhantes. Durante a Grande Depressão, cortes retos e tecidos duráveis se tornaram padrão, enquanto a crise de 2008 reforçou o consumo de fast fashion e peças de baixo custo, ainda que de qualidade inferior.

O impacto econômico também se reflete no crescimento do mercado de roupas de segunda mão, que se tornou um indicativo claro das mudanças no comportamento de consumo. Nos Estados Unidos, o mercado de moda de segunda mão alcançou US$ 50 bilhões em 2024, com projeção de crescimento para US$ 73 bilhões até 2028, impulsionado principalmente por millennials e pela geração Z, nascidos entre 1981 e 2010, que buscam alternativas mais acessíveis e responsáveis. Esse movimento transforma o mercado de segunda mão em uma tendência não apenas econômica, mas também cultural, refletindo valores de sustentabilidade e consumo consciente.

No Brasil, a ascensão dos brechós segue a mesma lógica: adaptação à crise econômica, respeito às prioridades financeiras e resposta às incertezas sociais. Segundo dados do Sebrae, o país contava com mais de 118 mil brechós ativos em 2023, representando um aumento de 30,97% em relação aos cinco anos anteriores. Além disso, o mercado de brechós no Brasil deve movimentar cerca de R$ 24 bilhões até 2025, superando o mercado de “fast fashion” até 2030, conforme projeções da Folha de São Paulo.

O crescimento do mercado de brechós também é impulsionado por plataformas digitais. O Enjoei, com mais de 1 milhão de compradores e 2 milhões de vendedores ativos, abriu recentemente sua primeira loja física no Rio de Janeiro e adquiriu a Gringa, plataforma de revenda de artigos de luxo de segunda mão, por R$ 14 milhões, evidenciando a demanda crescente por itens de alto valor.

Esse movimento também pressiona a indústria tradicional, que já responde com novas estratégias. O aumento dos custos de produção deve acelerar o uso de matérias-primas alternativas, como tecidos reciclados e fibras de origem vegetal, além de experimentos com couro vegetal e biotêxteis. Ao mesmo tempo, cresce a exigência por transparência nas cadeias de produção: passaportes digitais de produtos, rastreabilidade de origem e relatórios de impacto ambiental podem deixar de ser tendência para se tornar padrão da indústria.

Olhando para o futuro, a moda deve consolidar caminhos cada vez mais funcionais, atendendo à demanda de consumidores impactados pela instabilidade econômica, que priorizam praticidade e durabilidade. Segundo Audry, essa tendência deve se intensificar. “Acredito que vamos ver cada vez mais peças utilitárias, roupas multiuso e tecidos resistentes ganhando protagonismo, porque o consumidor está buscando longevidade e funcionalidade em tudo o que veste”, afirma.

O minimalismo, já consolidado, deve permanecer central, mas com variações sutis. “Minha aposta é que tons terrosos, cortes amplos e peças que permitam personalização vão se tornar ainda mais comuns, enquanto pequenos revivals dos anos 2000 e 2010 reinterpretam itens básicos para novas gerações”, diz a influenciadora, que também projeta expansão de modelos híbridos, que combinam venda de peças novas, revenda, aluguel e customização, fortalecendo a economia circular como resposta prática às restrições financeiras. 

A tecnologia surge ainda como aliada estratégica, com inteligência artificial e provadores digitais ajudando marcas a reduzir desperdícios e aproximar consumidor e produto. “A inovação permite que a indústria transforme limitações econômicas em oportunidades criativas”, conclui Audry, reforçando que, para o futuro, a moda funcionará como um laboratório de soluções, mais do que apenas reflexo de crise.

 

 

 

A semana de moda americana deu start na temporada internacional que marca o mês de Setembro
por
Felipe Volpi Botter
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15/09/2025 - 12h

De 11 a 16 de setembro, a cidade de Nova Iorque abre espaço em sua frenética rotina para as passarelas apresentarem as novidade da Primavera/Verão 2026 e abrilhantar os olhos dos fãs de moda.

No dia de ontem, 14, Manhattan foi banhada por looks com mistura de texturas entre tecidos fluidos, bordados, transparências. Além de um protagonismo para uma alfaiataria reformulada, com cortes ousados e proporções exageradas.

Cores neutras mescladas com pontos de cores vibrantes de (vermelho, laranja e estampas arriscadas), marcaram o quarto dia de evento, que integra o calendário das chamadas "Big Four" ao lado de Paris, Milão e Londres.

O street style acompanhou essa atmosfera de contrastes: looks mais sóbrios recebendo toques fortes com a adesão de acessórios chamativos, sobreposições e cortes assimétricos.

A beleza esteve com foco em peles naturais, "menos pesado”, valorizando textura natural da pele, evidenciando seu brilho sutil.

Alguns desfiles se ressaltaram na mídia pela forte identidade visual, seja pelas temáticas ou pela presença de celebridades, como Oprah Winfrey, Lizzo, Natasha Lyonne e outros.

Kai Schreiber, filha trans de Naomi Watts e Liev Schreiber, abriu o desfile de Jason Wu. O show homenageou o artista Robert Rauschenberg, mesclando arte e moda fortemente influenciadas pelo seu legado.
 

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A modelo Kai Schreiber abrindo o desfile de Jason Wu (Foto:©Launchmetrics/spotlight/FashionNetwork)

 

O designer Christian Siriano apresentou uma coleção primavera/verão 2026 com inspiração no velho glamour de Hollywood; houve vestidos longos, looks dramáticos, mistura de masculinidade e feminilidade com peças ousadas, além de chapéus impactantes.
 

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Desfile Christian Siriano (Foto:©Launchmetrics/spotlight/FashionNetwork)

 

Sergio Hudson mostrou uma coleção vibrante, com ternos trabalhados, uso de estampas e bordados com inspiração africana, foco em alfaiataria refinada.

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Desfile Sergio Hudson, com inspiração no glamour da moda africana (Foto:©Launchmetrics/spotlight/FashionNetwork)

 

Momentos de street style e aparições de celebridades: muita gente do mundo artístico presente nos desfiles e eventos de moda, com looks chamativos, acessórios fortes, e aquele mix de elegância + ousadia.

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Celebridades presentes no evento, como Katie Holmes e Whoopi Goldberg (Foto:©Launchmetrics/spotlight/FashionNetwork)



Vivian Wilson (filha de Elon Musk) fez sua estreia em passarela, desfilando para Alexis Bittar. O desfile abordou uma temática social/política, misturando teatralidade e crítica em sua estética.

 

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Vivian Wilson no desfile da Alexis Bittar (Foto:©Launchmetrics/spotlight/FashionNetwork)

 

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Setor têxtil cresce com foco em bem-estar, tecnologia e sustentabilidade
por
Larissa Pereira José
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05/09/2025 - 12h

 

Gradualmente, a busca pelo bem-estar deixou de ser apenas mais uma tendência momentânea e se consolidou como um dos principais motores da moda. No Brasil, de acordo com o Sebrae Paraná, o setor fitness movimenta cerca de R$ 8 bilhões por ano e cresce em média 8,2% ao ano, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O país ocupa a segunda posição no ranking mundial, atrás apenas dos Estados Unidos, e atrai investimentos que unem estilo, performance e consciência ambiental.

O fenômeno é reforçado pelo enclothed cognition, conceito que descreve como as roupas influenciam o comportamento. Vestir roupas esportivas aumenta a disposição para a prática de exercícios, unindo moda e psicologia. No Brasil, casos de sucesso confirmam o potencial. A marca catarinense Live! cresce cerca de 45% ao ano e já exporta para Ásia e Oriente Médio, consolidando a vocação nacional para o segmento.

Em entrevista exclusiva para a AGEMT, a estilista Dafne Setton, especialista em moda fitness, defende que esse cenário reflete uma transformação no comportamento do consumidor. “Hoje as pessoas querem se sentir bem durante todo o dia. A roupa precisa ter conforto, permitir mobilidade e, ao mesmo tempo, transmitir estilo. É por isso que o athleisure se tornou um símbolo de estilo de vida. Ele expressa disciplina e descontração”, afirma.

As novas preferências apontam para silhuetas mais amplas, como calças cargo e trackpants oversized, em substituição às leggings ajustadas ao corpo. Ao mesmo tempo, cresce a exigência por sustentabilidade, reforçando o protagonismo de tecidos tecnológicos que unem compressão, respirabilidade e fibras recicladas. “Tecido ecológico não é mais um diferencial e sim um requisito. O consumidor jovem exige isso”, explica Dafne. O mercado de luxo também se aproxima desse movimento, criando um fenômeno conhecido como cardio couture — tradução livre “alta costura do cardio”, expressão usada para definir treinos ou práticas esportivas que incorporam estética e sofisticação típicas da moda de luxo, transformando o exercício físico em experiência de estilo. Grifes como Louis Vuitton e Prada lançaram acessórios esportivos sofisticados, transformando o athleisure em um item de estilo de vida.

O clima tropical brasileiro também favorece o uso cotidiano de roupas leves, que transitam facilmente entre o ambiente de treino e o lazer. Além disso, a forte cultura de praia e a valorização da estética corporal ajudam a consolidar um estilo de vida em que o bem-estar é parte do cotidiano. Esse contexto cria um mercado interno robusto e uma vitrine atraente para a exportação de marcas nacionais.

Outro ponto de destaque é a crescente adesão das academias e estúdios de bem-estar a estratégias de branding ligadas à moda. Muitas oferecem coleções próprias de roupas e acessórios, transformando a experiência do aluno em um pacote completo, que vai do exercício ao consumo de estilo. Essa convergência entre saúde, moda e consumo reforça o wellness como um setor multifacetado, em constante expansão e com impacto cultural direto no modo de vestir dos brasileiros.

As redes sociais também impulsionam o processo. Plataformas como TikTok e Instagram transformaram a estética wellness em repertório visual que mistura treino, alimentação saudável e moda esportiva. “As pessoas não compram só a roupa, compram a ideia de vida equilibrada — e isso é altamente compartilhado online”, observa a estilista. Para ela, o futuro da moda fitness estará ligado à tecnologia, personalização e monitoramento em tempo real. Tecidos inteligentes capazes de acompanhar sinais vitais já estão em desenvolvimento e devem ganhar espaço. “Wellness é uma nova forma de viver. Quem entender isso estará à frente do mercado”, conclui.

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Afeto, design e estética entre linhas
por
Gabriela Jacometto
Helena Haddad
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19/09/2024 - 12h


  Conhecido por seus looks “handmade” - "feito à mão" em português -  o projeto Ponto Firme surgiu em 2015 a partir da iniciativa voluntária de seu criador Gustavo Silvestre, ao fazer um workshop de crochê na Penitenciária II Desembargador Adriano Marrey localizada em Guarulhos.  A penitenciária é apenas masculina, o que fez  Gustavo se surpreender com o interesse dos detentos. 

   O estilista, que buscava por técnicas contrárias ao fast fashion, encontrou no crochê exatamente o que queria. A técnica envolve o slow fashion e o artesanal, conceitos e aspectos de moda que Silvestre sempre trouxe em suas criações. 

    Na penitenciária, alguns dos detentos já sabiam fazer crochê, porém tinham pouco repertório para desenvolver as peças, mas isso não foi problema para Gustavo e nem para os detentos. Conforme o projeto foi crescendo, mais e mais alunos foram entrando na oficina e aprendendo.

 

     O processo de criação das peças é feito inteiramente dentro da penitenciária, contando com a ajuda de ex -detentos, que, agora em liberdade, ajudam o projeto.  E claro, é fundamental que todos os participantes do Ponto Firme tenham a oportunidade de ver o resultado final. Por isso, Gustavo organiza um desfile dentro da penitenciária, completo com modelos, maquiagens, passarela e com as famílias dos detentos como convidados.

    Após chegarem a um acordo, os participantes da iniciativa  decidiram que o lucro das peças seria dividido igualmente entre os membros do projeto que já estão em liberdade. 

     A estreia do projeto foi em grande estilo na passarela do SPFW de 2018, suas peças emocionaram os presentes. A maestria no trabalho de crochê enriqueceu o evento, destacando a importância contínua de valorizar o feito à mão. O trabalho artesanal, aliado à precisão de cada look desfilado, trouxe ainda mais força ao universo da moda, fazendo com que em 2020 o projeto participasse novamente do evento.

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Imagem: Gustavo Silvestre Brasil

     

 Cruzando fronteiras, o projeto chegou a apresentar um desfile em Nova York. E fez parceria com a marca do designer sueco GERMANIER no desfile SS23. 

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Imagem: Gustavo Silvestre Brasil

     São Paulo Fashion Week N58

   A 58 edição da SPFW será realizada nos dias 14 a 21 de outubro. A semana é considerada a maior da moda da América Latina e contará com 40 coleções. Com o tema “Jóias da Rainha”, homenagem para a jornalista Regina Guerreiro, busca uma forma de “destacar o valor da memória como um instrumento para as novas gerações da moda brasileira”.

  O Projeto Ponto Firme, diferente de outras marcas, terá um desfile externo no Museu do Ipiranga, será a segunda marca a desfilar, fechando o primeiro dia da semana de moda brasileira. Conhecido pelo crochê, podemos esperar originalidade nos looks artesanais. Gustavo Silvestre, coordenador da marca, preza pela beleza da ancestralidade do crochê, casando perfeitamente com o tema da edição. A última coleção apresentada contou com roupas de paetês, feitas por crochê à mão, com certeza o novo acervo a ser apresentado irá marcar a moda brasileira novamente.

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O movimento brasileiro retorna à 58ª edição do São Paulo Fashion Week com uma coleção que celebra a diversidade do algodão, destacando a importância das fibras naturais em um mercado dominado por sintéticos.
por
Liz Ortiz Fratucci
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19/09/2024 - 12h

 

  Falta menos de um mês para a 58º edição do São Paulo Fashion Week (SPFW), que acontecerá de 16 a 21 de outubro, no Pavilhão das Artes, no Parque Ibirapuera e no Shopping Iguatemi São Paulo, além de outras locações onde acontecerão desfiles externos. Neste ano, o evento homenageará a primeira editora de moda do Brasil, Regina Guerreiro. Além das marcas tradicionais, o calendário da SPFW incluirá projetos e movimentos sociais, como o Sou de Algodão que irá apresentar sua coleção dia 18 de outubro às 19h30.

 Muitas vezes confundida como uma marca de roupas devido seus desfiles, a Sou de Algodão é na verdade uma iniciativa nacional que foi lançada em 2016, cujo objetivo é promover o consumo consciente da fibra e fortalecer a união de todos os elos da cadeia do algodão. O movimento tem como objetivo conscientizar o consumidor sobre a importância do uso de fibras naturais, em vez de fibras sintéticas, já que essas apresentam diversos impactos ambientais negativos.

 O primeiro desfile que o projeto apresentou na semana de moda de São Paulo, foi em 2022 e contou com a colaboração de 18 estilistas brasileiros. A produção ficou a cargo de Paulo Borges, idealizador do SPFW e embaixador da iniciativa, enquanto o styling foi assinado por Paulo Martinez, renomado editor de moda. A proposta da apresentação da coleção foi provocar uma reflexão sobre a moda sustentável e mostrar a versatilidade do algodão e como ele pode ser explorado além do estilo básico. A coleção contou com alfaiataria, aplicações manuais e uma diversidade de tipos de tecido feitos do material têxtil natural, como: malha, tricoline, jacquard, sarja, gaze e denim.

Modelos na passarela do desfile de 2022 da Sou de Algodão
Foto: Marcelo Soubhia/ @agfotosite

 

Na edição de 2023, o Sou de Algodão voltou a marcar presença no SPFW, novamente com a colaboração de Paulo Borges e Paulo Martinez. Desta vez, o foco foi no denim, com nove designers explorando sua versatilidade em peças desconstruídas, bordadas, com silhuetas marcantes e utilizando a técnica de patchwork.

Modelo desfilando look jeans na SPFW de 2023
Foto: Ze Takahashi/ @agfotosite

 

Para este ano, é esperado pelo público mais uma coleção colaborativa com estilistas brasileiros, possivelmente incluindo nomes já parceiros, como: Amapô, Dendezeiro, Heloísa Faria, Korshi 01, Ronaldo Silvestre e Thear.

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O penúltimo dia da semana de moda britânica trouxe para suas passarelas ancestralidade, romantismo e relembrou estilos dos anos 90 de forma inovadora.
por
NINA JANUZZI DA GLORIA
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18/09/2024 - 12h

O London Fashion Week é conhecido por ser a mais excêntrica e descolada entre as semanas de moda europeias.  No dia 15 de setembro, alguns dos destaques vieram de grandes nomes e propostas ousadas tanto na moda quanto na beleza. Entre os designers que passaram pela passarela nesse dia, se destacaram Simone Rocha, Ahluwalia e KNWLS. 

Simone Rocha

A designer de moda irlandesa, Simone Rocha, mais uma vez trouxe para suas criações uma abordagem romântica, apresentando uma coleção inspirada em casamentos, com foco em silhuetas volumosas, florais e exageradas, acompanhadas de grandes laços. A estilista apresentou suas criações em um cenário delicado, utilizando uma beleza discreta, que destacava o natural e suave, complementado por tecidos leves e tons pasteis.

Vestido da Designer Simone Rocha  Foto: Filippo Fior/Gorunway.com

Simone ainda incorporou toques artísticos nas roupas, inspirados pela natureza e tradições familiares, que foram trazidos por ela a partir de detalhes rendados, os quais refletem sua estética única de misturar moda e arte. Outro detalhe que chamou a atenção durante seu desfile, foram as aplicações de pétalas nos rostos das modelos.

Aplicação de pétalas no rosto   Foto: Getty Images

KNWLS

A marca KNWLS, dos designers Charlotte Knowles e Alexandre Arsenault, também se destacaram durante os desfiles do dia 15. A coleção da grife britânica apresentou a estética "quiet grunge"- estilo inspirado na moda grunge dos anos 1990 - explorando maquiagens de tons terrosos e neutros, com sobrancelhas raspadas​. Essa beleza exibida durante o show, foi marcada por um estilo cru e desarrumado, destacando a partir da maquiagem, o aspecto vivido e natural que se misturava combinando com a estética rebelde das roupas repletas de corsets e rendas, remetendo fortemente o estilo dos anos 1980. 

Peça que desfilou pela grife KNWLS  Foto: Daniele Oberrauch/Gorunway.com

Ahluwalia

Passou pela passarela ainda nesse dia, a marca Ahluwalia, da designer Priya Ahluwalia. Sua coleção intitulada "Home Sweet Home”, era focada na ancestralidade e pertencimento, influenciada por raízes culturais e referências pessoais, utilizando tecidos texturizados e cores vibrantes. 

Criação da marca Ahluwalia apresentada no desfile  Foto: Umberto Fratini/Gorunway.com

Priya procurou dar ênfase em elementos como os tapetes persas e indianos, utilizados no cenário. A beleza utilizada no desfile incluía perucas trançadas e maquiagens em tons terrosos, além de unhas que eram trabalhadas em designs inspirados pela ancestraliade. 

Os desfiles dessas marcas, durante o London Fashion Week, não apenas trouxeram inovação para a passarela em termos de design, mas também ressaltaram o poder da maquiagem e da beleza, como penteados, para contar por meio visual, histórias. 

 

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O estilista, com mais de 30 anos de carreira, é amplamente conhecido por sua excentricidade e criatividade, que se renova a cada nova coleção
por
Giovanna Montanhan
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18/09/2024 - 12h

Walério Araújo, um dos nomes mais emblemáticos da moda brasileira, está nos preparativos para lançar sua mais nova leva de peças no domingo (22/10), penúltimo dia da maior semana de moda da América Latina, a São Paulo Fashion Week Sempre se espera que ele entregue ousadia, irreverência e peças únicas, como só ele consegue criar.

Nesta edição do evento, serão 40 desfiles ao total, e terá como palco principal o Pavilhão das Culturas Brasileiras, localizado dentro do Parque Ibirapuera, além de locações externas como o Shopping Iguatemi, o Museu do Ipiranga e o Pavilhão Japonês. O tema, ‘As Joias da Rainha’, retrata uma forma grandiosa de homenagear a jornalista Regina Guerreiro - a mulher que ditou regras e deu uma nova roupagem ao jornalismo de moda brasileiro.

Trajetória de Walério Araújo

Com uma carreira que transcende décadas, Walério Araújo é celebrado por romper barreiras e trazer uma nova narrativa ao mundo da moda. Nascido nos anos 1970 na cidade pernambucana de Lajedo, Walério cresceu em uma família de costureiras e bordadeiras, e iniciou sua carreira na moda em 1987, após realizar um curso por correspondência. Mesmo sem uma formação acadêmica convencional em moda, seu talento se consolidou rapidamente.

Sua habilidade prática se evidenciou quando transformou um abadá da marca de cerveja Devassa em um vestido bordado com cristais Swarovski para a socialite americana Paris Hilton. A peça que se tornou um dos figurinos mais comentados do carnaval de 2010.

 

paris hilton
Reprodução: PurePeople

No ano seguinte, ele viajou para São Paulo pela primeira vez para fazer um curso presencial de desenho de moda. Em 1990, retornou à sua cidade natal e foi contratado por uma loja de tecidos na Bahia, onde trabalhou por dois anos em Paulo Afonso e Salvador. Em 1992, mudou-se definitivamente para a capital paulista, começando a trabalhar na Rua das Noivas e, posteriormente, na 25 de Março, como desenhista em lojas de tecidos.

A partir de 1994, sua carreira ganhou força ao participar do Mercado Mundo Mix -  evento alternativo que destacava novos talentos e tendências no cenário da moda nacional. Foi por meio dessa plataforma que Walério chamou a atenção de Paulo Borges, idealizador e diretor executivo da São Paulo Fashion Week. Convidado a integrar o time de estilistas do extinto evento Amni Hot Spot, Walério apresentou cinco edições de suas coleções irreverentes e criativas, com temáticas ousadas.

Desde então, ele conquistou um espaço único na indústria da moda brasileira. Seu estilo reflete suas raízes, combinando elementos da cultura pop e da cena underground. Walério sempre foi apaixonado por criar peças que contam histórias e provocam sensações. Seu talento para misturar texturas, cores vibrantes e cortes arrojados o tornou uma figura icônica, desejada por celebridades como Glória Maria, Sabrina Sato, Ivete Sangalo, Elke Maravilha, Elza Soares, Rita Lee, Dercy Gonçalves e até mesmo Hailey Bieber, firmando sua posição como um dos grandes mestres do glamour brasileiro.

 

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A jornalista Glória Maria veste Walério Araújo para o Baile da Vogue - Reprodução: Instagram

 

 

 

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A apresentadora Sabrina Sato veste um look carnavalesco por Walério Araújo - Reprodução: Instagram

 

 

 

 

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A cantora Ivete Sangalo veste uma jaqueta jeans bordada de Walério Araújo - Reprodução: Instagram

 

 

 

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A modelo Ehlke Maravikha com um adorno de cabeça repleto de perólas criado por Walério Araújo - Reprodução: Instagram

 

 

 

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A cantora Elza Soares com um visual montado por Walério Araújo - Reprodução: Instagram

 

 

 

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A cantora Rita Lee usa um acessório de cabeça feito por Walério Araújo - Reprodução: Instagram

 

 

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A humorista Dercy Gonçalves usa um look de Walério Araújo - Reprodução: Instagram

 

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A modelo Hailey Bieber com look Walério Araújo - Reprodução: Instagram

 

Momentos memoráveis no SPFW

Walério Araújo tem uma longa história com o SPFW, e a cada edição desafia o público e a crítica com coleções que são verdadeiras obras de arte.

Para quem acha que o estilista só cria roupas multicoloridas, o desfile da edição 54, em 2022, provou o contrário. Naquele ano, o gótico dominou as passarelas com tons de preto e roxo, mas sem perder seu DNA de excentricidade. Correntes prateadas, caveiras, cruzes e assimetrias, junto a ornamentos inspirados no movimento barroco, deram vida à coleção, que foi também marcada por experiências pessoais de Walério. Ele comentou, em entrevista à Vogue Brasil, que já havia feito uma coleção com estética dark há 15 anos, mas que essa tinha um peso especial.

 

walerio araujo
Reprodução: Agência Foto Site/ Zé Takahashi

 

 

gotico walerio
Reprodução: Agência Foto Site/ Zé Takahashi

 

 

 

wa
Reprodução: Agência Foto Site/ Zé Takahashi

 

 

gotico wa
Reprodução: Agência Foto Site/ Zé Takahashi

 

Na edição 55, em 2023, a homenageada foi Elke Maravilha. Inspirado pela extravagância e liberdade de sua musa, Walério criou um desfile que trouxe à cena toda a expressividade que ambos compartilhavam. Em entrevista ao Gshow, o estilista comentou que escolheu elementos do cotidiano de Elke, que, embora não fossem minimalistas, eram mais usáveis. Assim, recriou um look feminino criado há 16 anos, complementado por uma peruca. O desfile foi marcado por excessos, como era típico de Elke, com túnicas, vestidos, capas e acessórios de cabeça, além de referências às cores da bandeira LGBTQIAP+ e muito paetê.

 

ehllke walerio
Reprodução: Agência Foto Site/ Zé Takahashi

 

 

 

walerio araujo ehlke
Reprodução: Agência Foto Site/ Zé Takahashi

 

 

ehlke
Reprodução: Agência Foto Site/ Zé Takahashi

 

 

ehlke
Reprodução: Agência Foto Site/ Zé Takahashi

 

A coleção "Signos", apresentada na edição 56, em 2023, celebrou a astrologia de forma criativa. Walério interpretou os doze signos do zodíaco com looks cheios de metáforas visuais e uma estética maximalista. O estilista, que se autodefine como "lúdico", relatou à Vogue que mergulhou nos signos e no universo do cosplay para criar a coleção.

 

gemeos
A representação do signo de Gêmeos - Reprodução: Agência Foto Site/ Zé Takahashi

 

 

LIBRA
A representação do signo de Libra - Reprodução: Agência Foto Site/ Zé Takahashi

 

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A representação do signo de Áries - Reprodução: Agência Foto Site/ Zé Takahashi

 

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A reprodução do signo de Leão - Reprodução: Agência Foto Site/ Zé Takahashi

 

E em 2024, na edição 57, Walério homenageou sua mãe, Maria do Carmo, carinhosamente chamada de Dona Neném, de 94 anos. A coleção trouxe referências nostálgicas da infância do estilista, como estampas de ovo frito e porquinhos, além de molduras com fotos de família e balões coloridos adornando as peças. Um vestido amarelo opulente representava o cuscuz, um prato tradicional nordestino. Nos bastidores, Walério contou ao portal Elas no Tapete Vermelho que seu maior objetivo era retratar os hobbies de sua mãe e mostrar seu orgulho das raízes pernambucanas.

 

ovo
Vestido ovo frito - Reprodução: Agência Foto Site/ Zé Takahashi

 

 

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Vestido longo com porta retratos - Reprodução: Agência Foto Site/ Zé Takahashi

 

 

porcos
T-shirt com estampa de porquinho - Reprodução:Andy Santana/Brazil News

 

baloes
Vestido com balões - Reprodução: Andy Santana/Brazil News

 

cuscuz
Vestido ''cuscuz'' - Reprodução: Andy Santana/Brazil News

 

E a conclusão a que se chega é que Walério Araújo nunca trilha caminhos previsíveis, e a edição N58 do SPFW será mais uma prova de sua capacidade de surpreender o público. A expectativa é sempre esperar pelo inesperado e audacioso.

 

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A maior semana de moda da América Latina vai acontecer entre os dias 14 e 21 de outubro e contará com a presença de grandes etiquetas da moda brasileira
por
Bianca Athaide
|
18/09/2024 - 12h

Era 1993, o Brasil tinha acabado de passar por uma crise política com o Impeachment do então presidente, Fernando Collor, e estava mergulhado em uma crise econômica feroz, cenário nem um pouco agradável para o florescimento de um movimento fashion brasileiro. Em contrapartida, nesse ambiente hostil, estava nascendo o embrião do que seria a maior semana de moda da América Latina.
 

O produtor Paulo Borges em conjunto com a empresária Cristiana Arcangeli, deram um grande passo para que a moda brasileira conquistasse espaço nos cenários nacionais e internacionais, quando criaram o Phytoervas Fashion - evento que em sua primeira edição contou com apenas nove desfiles, durante 3 dias, em um galpão na Vila Olímpia, zona oeste de São Paulo.

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Primeira edição Phytoervas Fashion, em 1993 - Foto: Jum Nakao/reprodução/site oficial Jum Nakao

 

Grandes nomes atuais da moda nacional usaram a primeira edição do evento como um espécie de incubadora, entre eles Fause Haten, Glória Coelho e Alexandre Herchcovitch - que apresentou pela primeira vez na passarela do Phytoervas sua clássica estampa de caveiras, hoje conhecida internacionalmente. 

Até aquele ano, não existia nenhuma semana de moda que expandisse a produção brasileira e grande parte do vestuário nacional como majoritário, dependendo diretamente de pequenas aparições no calendário europeu. O objetivo da empreitada de Borges e Arcangeli era fomentar as criações nacionais. O êxito foi tão grande que o Phytoervas Fashion se desdobrou em oito edições, sendo a última em 1996. 

Posteriormente, houve a cisão entre a dupla de idealizadores. Cristiana manteve o nome Phytoervas, enquanto Paulo, em parceria com o Morumbi Shopping, deu início ao Morumbi Fashion Week. 

Os dois eventos conviviam em perfeita harmonia. Enquanto o primogênito enveredou mais para o lado do entretenimento - em formato de competição, o Phytoervas Fashion Award, que premiava estilistas, publicitários, jornalistas e outros profissionais da área. A modelo Gisele Bündchen, por exemplo, ganhou o prêmio de melhor modelo em 1998 - o novato se manteve forte em seu caráter mercadológico e fortalecedor da indústria nacional e foi estabelecido como o calendário oficial da moda brasileira.

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Gisele Bündchen no SPFW para Triton (2000) — Foto: Getty Images
 

 

O final da década de 90 marcou o ápice do Morumbi Fashion Week com a presença de casas internacionais na semana, como Gucci, Chanel e Versace, que além de legitimarem o evento no calendário internacional, também projetaram mais confiança para investidores, fomentando assim, indiretamente, a indústria brasileira, cada vez mais.

SPFW no novo milênio

O ano de 2001 marca a reinvenção da semana de moda brasileira como a conhecemos até hoje. Junto com o novo batismo, de São Paulo Fashion Week, veio também a primeira transmissão ao vivo, pelo site oficial do evento, com a intenção de alcançar o Brasil todo e derrubar as barreiras da elite paulistana. 

A SPFW sempre carregou em seu DNA um caráter relacionado à identidade cultural nacional. Em sua primeira edição, o estilista Ronaldo Fraga produziu uma coleção em homenagem a Zuzu Angel, que ganhou fama ao questionar, em seus desfiles, as violências do período da Ditadura Militar no Brasil. No ano seguinte, o tema de uma das duas edições foi “Moda Brasileira por Brasileiros”. Pulando para 2009, o evento homenageou o centenário de Carmen Miranda. 

Assim, a semana conquistou renome e se consagrou como a quinta maior semana de moda do calendário, atrás apenas de Paris, Milão, Nova York e Londres. O impacto da SPFW na indústria da moda brasileira é imensurável e sempre renovando suas temáticas, colocando pautas sociais importantes em foco - agora alarmando para o lado sustentável, de preocupação com o consumo e com responsabilidade social - o evento se mantém concretizado no posto de maior semana de moda da América Latina.

O que esperar da edição n58?

A próxima edição acontecerá entre os dias 14 e 21 de outubro, no Parque Ibirapuera e no Shopping Iguatemi. Com um total de 39 desfiles, divididos entre as duas localidades, a edição de número 58 do SPFW contará com o retorno de Alexandre Herchcovitch ao calendário, a apresentação externa, no Museu do Ipiranga, do projeto social Ponto Firme e a celebração dos 70 anos do Pavilhão Japonês, com o desfile de Fernanda Yamamoto. 

A semana também será palco de estreias aguardadas no cenário da moda brasileira, como Normando e Dario Mittmann​​.

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