Conhecido por seu trabalho irreverente, importando o estilo grunge para as passarelas, o estilista Marc Jacobs celebra este ano o aniversário de 40 anos de sua carreira.
Visionário, Marc Jacobs foi um dos primeiros a adotar práticas que hoje são comuns, como a colaboração entre moda e arte. Ele trabalhou com artistas renomados como Stephen Sprouse, Yayoi Kusama e Richard Prince, estabelecendo uma conexão entre o mundo exclusivo da arte contemporânea e o mainstream. Seus produtos, ainda altamente desejados, se tornaram itens de colecionador.
As parcerias de Jacobs também se estenderam ao universo pop, envolvendo celebridades do cinema e da música como Kanye West e Pharrell Williams, que atualmente é diretor criativo da divisão masculina da maison francesa.
Trajetória
Nascido e criado em Nova York, o estilista teve uma infância conturbada. Após a morte de seu pai, quando tinha 7 anos, o convívio com sua mãe, que tinha transtorno bipolar, era um desafio diário para o jovem. Assumindo a responsabilidade por seus dois irmãos mais novos, Marc já afirmou em entrevistas que foi um período bastante turbulento e traumático.
Quando Jacobs entrou na adolescência, foi morar com sua avó paterna, e seus dois irmãos foram para um orfanato. Com a mudança de casa, a vida do jovem prodígio começou a melhorar. Sua avó foi uma das principais incentivadoras de sua paixão pela moda e dizia que Marc seria um estilista famoso e talentoso um dia.
Forçado a crescer precocemente por conta das responsabilidades que assumia, o estilista se formou na High School of Art and Design aos 18 anos e logo depois trilhou seu caminho na renomada Parsons School of Design, que contou com seu projeto final de três suéteres oversized, feitos em conjunto com a sua avó.
Não demorou muito para que Jacobs começasse a ganhar destaque no mundo da moda. Com seu projeto final, foi considerado o jovem talento do ano e reconhecido por premiações como a Chester Weinberg e o Perry Ellis Award de “New Fashion Talent” pela CFDA (Council of Fashion Designers of America). Neste último, foi a pessoa mais jovem a receber o prêmio.

No final dos anos 80, o nova-iorquino passou a ser responsável pela marca Perry Ellis como coordenador da área feminina de vestuário. Na época, Jacobs teve Tom Ford como assistente - nome que se tornaria, anos depois, um dos estilistas mais renomados no mundo, ao lado de seu inicialmente superior.
Controvérsias
A trajetória de Marc Jacobs na Perry Ellis não durou muito. Em 1992, o estilista apresentou a “Grunge Collection”, coleção inspirada na cena musical que surgia nas ruas de Seattle. A criação é considerada, até hoje, um de seus trabalhos mais controversos e polêmicos. Com uma grande parte da crítica dividida, na Perry Ellis, as opiniões sobre a coleção apresentada foram ainda mais duras, justamente pelo fracasso comercial.

A coleção passaria anos depois a ser um vislumbre e uma antecipação do fato de que a moda de luxo ficaria obcecada pelo grunge, que serviu de inspiração para a estética dos anos 90. Com tal polêmica cercando a marca e sem uma visão do que viria acontecer, Perry Ellis demitiu Jacobs. No mesmo ano, o estilista ganhou seu segundo prêmio CFDA e deu início a seu projeto de nome homônimo.
A sua marca chegou a ter 280 lojas em mais de 50 países. Em 2015, encerrou a sua linha popular Marc by Marc Jacobs, que tinha como objetivo atrair um público mais jovem com peças mais acessíveis.
De 1997 a 2013, Marc Jacobs modernizou a Louis Vuitton ao assumir o cargo de diretor criativo da maison. Durante o período, o estilista ajudou a transformar a marca tradicionalmente conhecida por malas e baús de viagem de luxo numa grife de moda contemporânea. Essa mudança se deu principalmente pelas bolsas e estampas icônicas que o estilista criou para a marca fazendo parcerias com diversos artistas, entre eles, Takashi Murakami, responsável pelo logo colorido da LV que se tornou um item atemporal com a bolsa “Monogram Multicolor”.

Em 2020, Jacobs lançou a Heaven, uma etiqueta dedicada à Geração Z, em parceria com a jovem designer Ava Nirui. A coleção, segundo o próprio estilista, é uma linha “polissexual”, feita para “meninas que são meninos e meninos que são meninas, além daqueles que são nenhum, são o espaço negativo, a euforia suburbana de personagens multifacetados".

A Heaven é como um refresco e uma diversão a em meio ao mundo da moda atualmente, que se perde em micro-trends e fast fashion. A marca conversa com as particularidades dos adolescentes de hoje em dia, que cada vez mais estão se redescobrindo, assim como Jacobs no passado. O olhar do designer segue atemporal e jovem, Marc parece nunca perder seu espírito juvenil e colorido.
Aos 60 anos, Marc Jacobs acumula prêmios CFDA e tem uma estrela na Calçada da Fama da Moda em Nova York. Seu impacto como influenciador é tão notável quanto sua carreira de designer, evidenciado pelos 2 milhões de seguidores no Instagram. Jacobs demonstra, mais uma vez, que é e sempre será uma figura influente no mundo pop.
Em 2024, comemoramos o centenário do movimento surrealista, corrente artística que surgiu no início do século XX. Lançado oficialmente em Paris, por André Breton, Yvan Goll, Marcel Alland e Guillaume Apollinaire, o Manifesto Surrealista emergiu entre a primeira e segunda guerra mundial, quando diversos países europeus estavam imersos em uma crise econômica. A vanguarda nasceu para abandonar a realidade crítica e explorar o inconsciente.
O movimento é construído por diversas áreas da arte, mas predominantemente vinculado às vertentes visuais. Elabora imagens remanescentes da psicanálise, do inconsciente e concretiza o fim do racionalismo. Com uma maior liberdade criativa e ambientalista, rompia com o tradicional e buscava uma renovação artística.
A ideia era promover a compreensão do ser humano em suas múltiplas facetas, explorando o rompimento das correntes das limitações entre razão e lógica. Salvador Dalí (1904-1989), pintor espanhol, tornou-se uma das referências através da exibição da capacidade plástica e visão pautada dos sonhos. Joan Miró (1893-1983), também pintor espanhol, elaborava elementos coloridos e formas biomórficas.

Dentre tantos outros artistas da época, a arte era experimentada de uma forma suavizada e crítica, com duas ou mais dimensões, e colagens que desafiavam a percepção convencional. No Brasil, não houve especificamente um movimento surrealista, porém durante o modernismo brasileiro, Cícero Dias (1907-2003) e Tarsila do Amaral (1886-1973) foram fortemente influenciados pelas características dessa vanguarda.

Proporcionando uma intersecção entre artes e diversas outras áreas, a moda aderiu ao movimento com o objetivo de desenvolver estéticas que desafiavam as convenções e os limites do que podia representar. O surrealismo trouxe para a moda uma nova linguagem visual, onde o inesperado, o absurdo e o fantástico se tornaram as principais ferramentas. O movimento introduziu a ideia de que a moda não precisa ser apenas prática ou decorativa, mas também um meio de expressar a complexidade do ser humano.
O legado de Elsa Schiaparelli
No século XX, o surrealismo encontrou uma expressão única dentro da moda nas criações de Elsa Schiaparelli. Nascida em Roma, em 1890, Schiaparelli mudou-se para Paris na década de 1920, onde estabeleceu sua maison e começou a desafiar as convenções da alta-costura. Sua abordagem inovadora fez com que ficasse conhecida por ser a estilista mais audaciosa da época, transformando a moda em uma forma de arte. Ela era conhecida pela ousadia em transformar o ordinário em extraordinário, utilizando tecidos metálicos, plásticos e até mesmo papel em suas criações.
Além de revolucionar o cenário da moda, ela pode trazer collabs icônicas para o seu portfólio . Fazendo jus ao surrealismo, Schiaparelli fez algumas colaborações com Salvador Dalí, como "Lobster", em 1937. A obra foi um dos maiores sucessos da artista, que capturava o espírito lúdico e provocador do movimento.

Durante sua trajetória, a estilista usou e abusou de materiais e formas inusitadas, como botões em formato de insetos, zíperes expostos e silhuetas que desafiam a anatomia tradicional. Também foi pioneira em cores vibrantes, sendo lembrada pelo "rosa choque", que se tornou uma assinatura própria. Suas coleções eram frequentemente inspiradas por temas lúdicos e surrealistas, como a astrologia e a fantasia, refletindo uma visão de moda que transcendia a simples funcionalidade e se tornava uma forma de arte e expressão pessoal. A capacidade de Schiaparelli de unir o humor com a alta-costura fez que suas peças se tornassem verdadeiras obras de arte, celebradas pela originalidade e impacto no cenário da época, rompendo uma rigidez até então presente.

Elsa Schiaparelli apresentou um novo conceito de fazer moda como um meio de expressão pessoal e artística, se opondo ao conservadorismo e abrindo caminho para futuras gerações de estilistas. Sua visão inovadora continua a inspirar a moda contemporânea, mantendo seu legado vivo em coleções que celebram a ousadia, a criatividade e o inesperado e com referências ao movimento artístico.
Referência ao movimento no Brasil
Não só na Europa podemos ver o surrealismo presente nas passarelas. Em 2021, o estilista brasileiro Leandro Di Tomazoni brilhou nas passarelas, no desfile de sua marca Chapelle, com uma coleção que abusava das referências às obras de Salvador Dalí. Apresentado na CASACOR Paraná, o desfile contou com 40 peças e 21 looks completos, e aconteceu dentro de uma piscina, reforçando o compromisso em explorar a moda como uma expressão artística, honrando o legado do surrealismo.


O surrealismo influenciou um movimento revolucionário na moda, abrindo caminho para que estilistas pudessem explorar o imaginário sem limitações e transformar o vestuário em verdadeiras obras de arte. Graças à ousadia de pioneiros, como Elsa Schiaparelli, Jean Cocteau, Leonor Fini, Alberto Giacometti e outros, hoje os designers têm a liberdade de brincar com estampas arrojadas e formas lúdicas, trazendo à tona criações que vão além do funcional e tornam-se expressões artísticas. Os desfiles surrealistas desafiaram as normas do conservadorismo e expandiram os horizontes da moda, permitindo que a criatividade e o conceito superem as convenções tradicionais, impulsionando uma evolução constante no mundo da alta-costura.
Neste mês de agosto, o lendário estilista Yves Saint Laurent completaria 88 anos de idade. Nascido no primeiro dia do mês, em 1936, na cidade de Orã, na Argélia, Yves Henri Donat Mathieu-Saint-Laurent posteriormente se tornou um dos nomes mais influentes da moda do século XX. Sua marca homônima, fundada em 1961 ao lado do parceiro Pierre Bergé, revolucionou a alta-costura, trazendo uma visão inovadora e ousada que permanece relevante até hoje.
Yves Saint Laurent começou sua carreira aos 17 anos, quando se mudou para Paris e foi descoberto por outro grande nome da indústria, Christian Dior. Aos 21 anos, após a morte de seu mentor, foi nomeado diretor criativo da Maison Dior, tornando-se o mais jovem estilista a liderar uma casa de alta-costura, destacando sua nova visão de design, com uma silhueta em trapézio.
Depois de assinar seis coleções de sucesso para a Christian Dior, Yves Saint Laurent foi convocado para lutar na guerra de independência argelina, em 1959. Este período foi marcado por diversas dificuldades em sua vida pessoal, tendo sofrido com depressão, ansiedade e com sua demissão da casa de alta-costura Dior. Porém, seu sócio e futuro marido, o empresário Pierre Bergé, consegue trazer Saint Laurent de volta à França. Juntos, fundaram a própria marca em 1961: Yves Saint Laurent, que rapidamente conquistou o mundo da moda com sua abordagem vanguardista.
A Yves Saint Laurent é amplamente reconhecida por introduzir o smoking feminino Le Smoking, lançado em 1966. A peça desafiou normas de gênero e se tornou um símbolo de empoderamento feminino.

Esse espírito inovador do estilista refletiu também em suas colaborações. Entre as mais notáveis, destaca-se a parceria com o artista Piet Mondrian, que resultou no icônico vestido Mondrian, um marco na integração entre moda e arte.
Mas a relação do estilista com a arte não parou por aí, já que Laurent teve inspirações baseadas nas obras de Andy Warhol, Henri Matisse, Picasso e Van Gogh em suas criações.

Além disso, Yves Saint Laurent foi um dos primeiros estilistas a estabelecer colaborações estratégicas com outras marcas. Seu trabalho com a L'Oréal ajudou a expandir a presença da marca no mercado de cosméticos, consolidando o nome YSL em um universo mais amplo de produtos de luxo. Saint Laurent também vestiu celebridades e figuras influentes da cultura pop, como Catherine Deneuve – amiga pessoal do estilista, aclamada pelo próprio como sua musa - , reforçando a ligação da marca com a indústria da sétima arte.

O vínculo entre criador e musa começou timidamente em 1965, quando a atriz adquiriu um vestido do estilista para um evento em Londres com a presença da rainha. No ano seguinte, Saint Laurent e Deneuve colaboraram no filme “A Bela da Tarde” de Luis Buñuel, marcando o início de uma parceria duradoura. Em uma era dominada pela minissaia, o personagem de Deneuve, Séverine, usava a peça um pouco acima do joelho, resultando em um visual sofisticado e perene. Para garantir que suas criações transcendem o tempo, Saint Laurent optou por não seguir as tendências da moda efêmera.
Décadas após sua estreia, o legado de Yves Saint Laurent continua a influenciar e inspirar o mundo da moda. Sua habilidade em fundir a tradição com a modernidade, através de criações que transcendem as tendências momentâneas, estabeleceu uma nova referência para a elegância e o poder feminino.
Mesmo após sua aposentadoria e subsequente falecimento em 2008, a grife Saint Laurent permanece com fonte na inovação, mantendo uma proposta que equilibra a sofisticação com uma ousadia inconfundível. Destacando uma alfaiataria inovadora, silhuetas sedutoras e estampas exóticas que traduzem uma elegância audaciosa e original.
Nesta terça-feira (06), ocorreu a estreia do designer brasileiro na semana de moda de Copenhague. A coleção ‘Roadtrip’, de primavera/verão 2025, faz parte de uma extensão que foi apresentada no último São Paulo Fashion Week, em 2023
O estilista João Maraschin é gaúcho, natural de Caxias do Sul. Ele se mudou para Londres, onde mora há mais de seis anos, após trabalhar como assistente do designer Ronaldo Fraga. Durante sua estadia, adquiriu experiência trabalhando com marcas renomadas como JW Anderson, Gucci e Alexander McQueen. Em 2020, fundou sua marca homônima .
Sustentabilidade pode ser a palavra-chave para definir suas criações, que envolvem o trabalho de muitas artesãs, tecendo o que nenhuma máquina, nem a mais tecnológica do mercado, poderia fazer. Por esse motivo, a etiqueta estreou na semana de moda de Copenhague, que é inteiramente dedicada a marcas que têm a responsabilidade ambiental como um pilar fundamental.
A semana de moda de Copenhague teve sua primeira edição em 2006. Em 2010, começou a se destacar no cenário global por firmar um compromisso com a sustentabilidade, assim como a própria cidade já era conhecida por sua abordagem avant-garde (termo que designa caráter vanguardista e inovador), em relação ao meio ambiente. Isso impulsionou significativamente o evento, que veio a adotar práticas mais ecológicas em suas apresentações. Em 2012, a organização começou a implementar iniciativas para reduzir seu impacto ambiental, incluindo o uso de materiais reciclados. Em 2020, o comitê da CPFW estabeleceu metas ambiciosas para reduzir as emissões de carbono, cujo objetivo final era promover o desperdício zero até 2023 e continuar fomentando a moda circular.
Para a revista Harper 's BAZAAR, João explicou o motivo pelo qual escolheu continuar apresentando a coleção 'Roadtrip' neste evento e afirmou: '’Não há mentoria ou dinheiro, mas um acompanhamento para seguir planos de transformar o impacto negativo em positivo. É uma prática muito única na indústria, onde a sustentabilidade é usada como ferramenta de marketing e greenwashing. Esta é a semana que mais condiz com meus valores e com o que a marca significa’’.
O estilista executou uma coleção extremamente sofisticada, sem deixar de lado o trabalho manual, que é o protagonista de todas as suas criações. A partir disso, o streetwear ganhou uma nova roupagem, com novas texturas, cores e transparências.
Há quem diga que moletons não são bem o que se espera quando falamos em moda de verão, especialmente em um país tropical. No entanto, o trabalho de João Maraschin se diferencia ao permitir que a brasilidade das peças floresça na delicadeza dos detalhes, como na presença das rendas, dos crochês e do macramê.
Esta coleção ainda passará por Paris e Milão, retornando para São Paulo em outubro para a edição N58 da São Paulo Fashion Week, encerrando este ciclo.




O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) estreou o uniforme que será usado pela delegação durante as Olimpíadas deste ano, sediada em Paris. O design do uniforme utilizado na cerimônia de abertura foi criado pela Riachuelo, uma das maiores redes varejistas do país.
As roupas consistem em blusas listradas, verdes e amarelas, calças brancas para os homens e saias abaixo do joelho para as mulheres, além de jaquetas jeans personalizadas por bordadeiras de Timbaúba dos Batistas, no Rio Grande do Norte.

Segundo o COB, as roupas foram pensadas e produzidas a partir de um processo de confecção sustentável e artesanal, tendo em mente o conceito de moda circular e a valorização da biodiversidade brasileira.
Porém, a modelagem das roupas não atendeu às expectativas do público (nem de alguns atletas), que chegou a demandar que os uniformes fossem refeitos por outras marcas. Estilistas renomados no país, como Weider Silverio e Mayara Jubini, pontuaram que a simplicidade e a modéstia que as peças apresentam não refletem a cultura brasileira, além da falta de representação indígena nos modelos, que é uma das maiores heranças do país.
Os uniformes apresentados por delegações de outros países evidenciam a falta de identidade brasileira nas peças nacionais. Os trajes de outras equipes trouxeram, além de referências culturais notórias, autenticidade e elegância na estética - se destacando na mídia.
O modelo que mais chamou a atenção nas redes sociais foi o da Mongólia. As peças foram assinadas pela grife de luxo Michel & Amanzoka, das irmãs e designers Michel Choigaalaa e Amazonka Choigaalaa. A modelagem foi inspirada nas vestimentas tradicionais do país: túnicas e mangas longas. Conta com bordados de símbolos relevantes na cultura mongol, como o Sol e a Lua, e um falcão — como símbolo de força e resiliência. Também possuem homenagens às Olimpíadas, com a tocha e o emblema dos Jogos de Paris presentes nos bordados.

Paulo Wanderley, presidente do Comitê, conversou com jornalistas na base do Time Brasil na França e rebateu as críticas ao uniforme afirmando: “'Não é Paris Fashion Week, são os Jogos Olímpicos”. Outros executivos do comitê opinaram de acordo com o presidente, dizendo que ainda escolheriam o mesmo uniforme – que supostamente apresenta “elementos da moda parisiense”.
Alguns fatores podem ter passado despercebidos nessa discussão: o fato de Paris ser a sede olímpica e um dos berços da moda aumentou as expectativas do público quanto à estética das roupas, principalmente pela exposição que os Jogos trazem para os países e para as marcas que produzem os uniformes.
Além disso, dar a entender que moda e esporte não se misturam é um contrassenso, principalmente quando as últimas décadas da história da moda provam o contrário.
Muitas grifes renomadas começaram suas produções com um propósito voltado para o esporte, como a Lacoste por exemplo, que desenvolveu a camisa polo para ser usada durante partidas de tênis, com o propósito de facilitar a mobilidade dos jogadores. O famoso tênis All Star, da marca Converse, foi idealizado para jogadores de basquete e foi utilizado no esporte por anos.
Nos dias de hoje, o sportwear é uma dos segmentos mais relevantes da moda e atletas também são reconhecidos por sua relação com a moda, além do âmbito esportivo.
Lewis Hamilton, piloto de Fórmula 1, se consolidou como um ícone fashion, dentro e fora das pistas. O piloto deixa claro sua afeição pela moda e suas escolhas de look chamam atenção pelas estampas chamativas e o uso de formas e cortes ousados.

Nas Olimpíadas, Sha’Carri Richardson é uma atleta que vai roubar os holofotes. A atual campeã mundial dos 100 metros rasos mantém sua autenticidade durante as provas de atletismo.
Sha’Carri esbanja o maximalismo em acessórios e seus diferentes tipos de penteados, desde laces coloridas até tranças, porém sua marca registrada são as suas unhas. A velocista usa unhas longas, coloridas e em diversos formatos enfeitadas com pedrarias.
Em entrevista para a revista KSL Sports, a atleta estadunidense afirma querer trazer beleza para as pistas de atletismo.
Sha’Carri quer se sentir bonita nas competições, assim como fora delas e suas unhas, segundo ela, além de aumentarem sua autoestima, também melhoram sua aparência enquanto compete.
Moda e esporte nunca andaram tão juntos quanto agora.
