Indústria aposta em preço e modelagem para manter a demanda
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Larissa Pereira José
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26/11/2025 - 12h

 

O jeans continua entre as peças mais consumidas no Brasil e mantém relevância estratégica para a indústria têxtil e para o varejo de moda. Mesmo após mudanças no comportamento do consumidor nos últimos anos, o denim permanece como um dos principais motores de vendas do setor.

Segundo levantamento do IEMI – Inteligência de Mercado, o Brasil produziu cerca de 280 milhões de peças de jeans em 2023. O faturamento do segmento chegou a aproximadamente R$14,7 bilhões no mesmo período. O estudo “Comportamento do Consumidor de Jeanswear no Brasil”, desenvolvido pelo IEMI em parceria com a Vicunha Têxtil, aponta que o jeans responde por cerca de 10% de todo o volume comercializado no mercado de vestuário nacional.

Uma pesquisa divulgada pela Vicunha Têxtil mostra que 80% dos brasileiros consideram o jeans uma peça obrigatória no guarda-roupa. O dado ajuda a explicar a presença constante do produto nas vitrines, campanhas promocionais e estratégias comerciais das grandes redes.

Para Diego Amaral, gerente comercial de uma grande varejista nacional, o desempenho do jeans segue consistente. “O jeans é um dos pilares do faturamento. Ele traz fluxo de clientes para a loja e influencia o desempenho de outras categorias. Quando o jeans performa bem, o restante da coleção tende a acompanhar”, afirma.

Ele explica que o consumo segue forte porque o produto atende diferentes perfis de consumidores. “Vendemos desde modelos clássicos até modelagens mais amplas, como wide leg e cargo. O jovem busca tendência, enquanto o cliente mais velho procura modelos tradicionais. O jeans atravessa gerações”, diz.

De acordo com o IEMI, o comércio eletrônico já representa mais de 5% das vendas de jeans no Brasil, com crescimento contínuo desde 2020. Apesar desse avanço, a loja física segue decisiva na jornada de compra. “O cliente pesquisa online, compara preço, avalia fotos e comentários. Mas o provador ainda define a compra de jeans”, afirma Amaral.

Outro estudo do IEMI, em parceria com o Guia Jeanswear, mostra que preço, caimento e exposição na vitrine são os principais fatores de decisão de compra. A mesma pesquisa aponta que 43% dos consumidores não se lembram da marca do jeans adquirido, o que reforça o peso da experiência no ponto de venda.

“O cliente entra pela promoção, olha a vitrine e decide pelo conforto. Se a peça veste bem, a marca passa a ser secundária”, explica o gerente comercial. Ele afirma que, embora o tíquete médio do jeans seja maior do que o de outras categorias, o consumidor aceita pagar mais quando percebe a durabilidade da peça. “O cliente pensa no custo por uso. Uma calça que dura mais tempo é vista como investimento”, diz.

O consumo de jeans enfrenta pressão ambiental crescente. Estudos da Water Footprint Network indicam que a produção de uma calça jeans pode consumir milhares de litros de água ao longo de toda a cadeia produtiva. Parte desse impacto está concentrada nos processos de lavanderia industrial e acabamento do tecido.

Esse relatório sobre polos de produção de jeans no Brasil aponta desafios no descarte de resíduos têxteis e no uso de produtos químicos, especialmente em regiões com forte concentração de lavanderias industriais, como o agreste pernambucano. O tema passou a ganhar espaço em debates setoriais e em políticas de sustentabilidade nos últimos anos.

Segundo Amaral, essa pauta já chegou ao consumidor final. “O cliente pergunta de onde vem o algodão e se a loja trabalha com práticas sustentáveis. Ainda não é a maioria, mas cresce todo ano”, afirma. Ele diz que a varejista passou a priorizar fornecedores com tecnologias de redução do consumo hídrico e processos menos agressivos ao meio ambiente.

A cadeia têxtil brasileira movimenta cerca de R$ 190 bilhões por ano, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). Dentro desse cenário, o jeanswear segue como um dos segmentos mais sólidos do setor, com demanda contínua e forte presença no cotidiano do consumidor brasileiro.

Para o gerente comercial, o principal desafio agora é equilibrar preço, velocidade e responsabilidade. “O consumidor quer novidades, quer preço acessível e quer entender o impacto do produto. O jeans continua forte, mas o jeito de vender mudou”, conclui.

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Consumidores exigem práticas responsáveis e mercado responde com economia circular, inovação de materiais e inclusão social
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Larissa Pereira
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21/10/2025 - 12h

 

A moda sustentável deixou de ser nicho e passou a ocupar espaço central nas escolhas de consumo. A pesquisa de 2023 do Instituto Akatu em parceria com a consultoria GlobeScan mostrou que 87,5% dos brasileiros preferem comprar roupas de marcas que adotam práticas sustentáveis. A tendência se confirma em levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que apontou que nove em cada dez consumidores se sentem desconfortáveis ao adquirir produtos que prejudicam o meio ambiente.

Esse movimento já se reflete no mercado. Segundo a consultoria Research and Markets, o setor de moda sustentável no Brasil foi avaliado em 200,7 milhões de dólares em 2022, com crescimento médio de 3,7% ao ano desde 2017. Projeções indicam que a moda circular, baseada em brechós, aluguel de roupas e reaproveitamento de tecidos, deve crescer entre 15% e 20% ao ano até 2030.

O impacto ambiental da moda, no entanto, continua elevado. Dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) revelam que o país gera cerca de 4 milhões de toneladas de resíduos têxteis por ano, sendo que 85% desse volume acaba em aterros. Em escala global, a ONU Meio Ambiente estima que a moda é responsável por 10% das emissões de carbono e ocupa a posição de segundo maior poluidor de água doce. A produção anual chega a 80 bilhões de peças, mas menos de 1% desse total é reciclado.

Diversos projetos mostram caminhos de transformação. A rede Justa Trama reúne agricultores, fiadoras, tecelãs e costureiras em cinco estados na produção de algodão agroecológico cooperado, com renda distribuída de forma justa. Na Amazônia, iniciativas como Selvática, que reaproveita retalhos de estofados, e Yara Couro, que cria materiais a partir de pigmentos vegetais, demonstram o potencial da economia criativa aliada à preservação ambiental.

Entre as grandes redes do varejo brasileiro, C&A, Renner e Riachuelo começaram a adotar iniciativas relacionadas ao uso de algodão sustentável, coleções com fibras recicladas e programas de logística reversa. Essas medidas ainda representam uma fração pequena da produção total, mas indicam que a pressão dos consumidores começa a influenciar também o fast fashion.

Apesar dos avanços, trazer produtos sustentáveis para as lojas de departamento não é tarefa simples. Em entrevista exclusiva para a AGEMT, Luiz Gustavo Freitas da Rosa, dono e criador da marca sustentável Tairú, conta que a iniciativa nasceu em 2023 a partir do contato com um projeto experimental de calçados em Tyvek e de uma pesquisa sobre cânhamo, fibra natural com propriedades ambientais superiores ao algodão. “Desenvolvi protótipos, apresentei amostras na Europa e, ao retornar ao Brasil, lançamos uma primeira coleção com seis modelos de tênis e mais de 40 variações, além de camisetas em algodão orgânico e tingimento natural”, relata.

Luiz Gustavo aponta barreiras importantes: o cânhamo não pode ser cultivado legalmente no Brasil para uso têxtil, o que obriga a importação; fábricas nacionais nem sempre estão preparadas para materiais alternativos como couro vegetal à base de milho; e o algodão orgânico tem custo superior ao convencional, encurtando margens e alongando a cadeia produtiva. “Produzir de forma sustentável ainda é mais caro. Trabalhamos com pequenas tiragens, fornecedores especializados e processos que incluem inclusão social, o que eleva o preço final”, explica.

Sobre a competição com as grandes magazines, ele afirma que a estratégia da Tairú não é disputar preço, mas oferecer uma alternativa de valor: “O consumidor da nossa marca compra conforto, design e propósito; não apenas um produto barato.” Para furar a bolha dos consumidores já engajados, a Tairú se posiciona como marca de lifestyle urbano e investe em ativações culturais, collabs e na Casa Tairú, espaços que atraem público pela música e pela cultura e só depois revelam os atributos sustentáveis dos produtos.

Na comunicação, Luiz Gustavo destaca a transparência como prática contra o greenwashing: a marca revela a origem dos materiais, mostra quem produz as peças e admite limitações. Ele cita exemplos concretos, como fábricas compostas por mulheres, ecobags produzidas por ex-detentos e etiquetas fornecidas por cooperativas que empregam pessoas com deficiência. “Não romantizamos nem prometemos perfeição; mostramos passos concretos e os desafios que ainda temos”, afirma.

Segundo ele, o maior obstáculo é transformar a consciência em hábito de compra. Para que a sustentabilidade deixe de ser exceção e se torne regra, Luiz Gustavo defende investimento em comunicação clara e aumento da escala produtiva para reduzir preços, além de mudanças estruturais na cadeia têxtil.

O debate avança em escala internacional. O relatório Fashion Transparency Index 2024, da Fashion Revolution, mostrou que a maior parte das grandes marcas ainda não divulga informações completas sobre suas cadeias de fornecimento. Já o State of Fashion 2024, da McKinsey em parceria com o Business of Fashion, destaca que a pressão regulatória tende a tornar mais rígidos os critérios de produção e comercialização, principalmente na Europa e nos Estados Unidos.

A combinação de dados, iniciativas e mudanças de comportamento mostra que a moda sustentável não é apenas uma promessa. Ela se consolida como exigência de mercado e como caminho inevitável para reduzir o impacto de uma das indústrias mais poluentes do mundo.

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Minimalismo, funcionalidade e inovação refletem mudanças econômicas e sociais
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Luana Marinho
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18/09/2025 - 12h

A moda, frequentemente apontada como um espelho dos tempos, volta seus olhos para tempos de escassez. Em meio à instabilidade econômica global, marcada por inflação persistente e crises políticas ao redor do mundo, ganha força o chamado “Recessioncore” (estética da recessão), que traduz, de forma visual, a precariedade e o desânimo de uma geração.

“Quando falamos de recessões, de crises econômicas, dá para ver esse reflexo diretamente na moda. Hoje, vivemos uma grande incerteza econômica, e muitas marcas de luxo começaram a lançar campanhas desperdiçando comida, baguetes sendo amassadas, frutas jogadas no chão da feira, alimentos destruídos”, afirma Audry Mary, especialista em marketing de moda e influenciadora digital. “É uma forma de comunicação: enquanto a base está sofrendo com a falta, quem consome a marca pode esbanjar. E isso é extremamente político”, acrescenta Audry.

Se nos anos de crescimento econômico os desfiles explodem em cores vibrantes, brilhos e ostentação, em momentos de incerteza o figurino muda: tons neutros, silhuetas sóbrias e peças utilitárias assumem o protagonismo. É o que se vê agora com a ascensão da estética “clean girl”, termo popularizado no TikTok e em outras redes sociais que descreve um estilo minimalista, com peças básicas, cores neutras e cortes discretos 

"Elas são mais acessíveis, carregam pouca informação de moda e seguem um estilo mais recatado, mais doméstico”, diz Audry sobre as roupas identificadas com o estilo. “É conservador, e as marcas estão apostando muito nisso”, explica.

Segundo a especialista, a estética “clean girl” não surge isoladamente: é resultado direto de um contexto econômico instável, no qual o crescimento do "quiet luxury" (luxo silencioso) e de coleções minimalistas indica que as marcas buscam transmitir segurança e sobriedade. Historicamente, períodos de recessão geraram mudanças semelhantes. Durante a Grande Depressão, cortes retos e tecidos duráveis se tornaram padrão, enquanto a crise de 2008 reforçou o consumo de fast fashion e peças de baixo custo, ainda que de qualidade inferior.

O impacto econômico também se reflete no crescimento do mercado de roupas de segunda mão, que se tornou um indicativo claro das mudanças no comportamento de consumo. Nos Estados Unidos, o mercado de moda de segunda mão alcançou US$ 50 bilhões em 2024, com projeção de crescimento para US$ 73 bilhões até 2028, impulsionado principalmente por millennials e pela geração Z, nascidos entre 1981 e 2010, que buscam alternativas mais acessíveis e responsáveis. Esse movimento transforma o mercado de segunda mão em uma tendência não apenas econômica, mas também cultural, refletindo valores de sustentabilidade e consumo consciente.

No Brasil, a ascensão dos brechós segue a mesma lógica: adaptação à crise econômica, respeito às prioridades financeiras e resposta às incertezas sociais. Segundo dados do Sebrae, o país contava com mais de 118 mil brechós ativos em 2023, representando um aumento de 30,97% em relação aos cinco anos anteriores. Além disso, o mercado de brechós no Brasil deve movimentar cerca de R$ 24 bilhões até 2025, superando o mercado de “fast fashion” até 2030, conforme projeções da Folha de São Paulo.

O crescimento do mercado de brechós também é impulsionado por plataformas digitais. O Enjoei, com mais de 1 milhão de compradores e 2 milhões de vendedores ativos, abriu recentemente sua primeira loja física no Rio de Janeiro e adquiriu a Gringa, plataforma de revenda de artigos de luxo de segunda mão, por R$ 14 milhões, evidenciando a demanda crescente por itens de alto valor.

Esse movimento também pressiona a indústria tradicional, que já responde com novas estratégias. O aumento dos custos de produção deve acelerar o uso de matérias-primas alternativas, como tecidos reciclados e fibras de origem vegetal, além de experimentos com couro vegetal e biotêxteis. Ao mesmo tempo, cresce a exigência por transparência nas cadeias de produção: passaportes digitais de produtos, rastreabilidade de origem e relatórios de impacto ambiental podem deixar de ser tendência para se tornar padrão da indústria.

Olhando para o futuro, a moda deve consolidar caminhos cada vez mais funcionais, atendendo à demanda de consumidores impactados pela instabilidade econômica, que priorizam praticidade e durabilidade. Segundo Audry, essa tendência deve se intensificar. “Acredito que vamos ver cada vez mais peças utilitárias, roupas multiuso e tecidos resistentes ganhando protagonismo, porque o consumidor está buscando longevidade e funcionalidade em tudo o que veste”, afirma.

O minimalismo, já consolidado, deve permanecer central, mas com variações sutis. “Minha aposta é que tons terrosos, cortes amplos e peças que permitam personalização vão se tornar ainda mais comuns, enquanto pequenos revivals dos anos 2000 e 2010 reinterpretam itens básicos para novas gerações”, diz a influenciadora, que também projeta expansão de modelos híbridos, que combinam venda de peças novas, revenda, aluguel e customização, fortalecendo a economia circular como resposta prática às restrições financeiras. 

A tecnologia surge ainda como aliada estratégica, com inteligência artificial e provadores digitais ajudando marcas a reduzir desperdícios e aproximar consumidor e produto. “A inovação permite que a indústria transforme limitações econômicas em oportunidades criativas”, conclui Audry, reforçando que, para o futuro, a moda funcionará como um laboratório de soluções, mais do que apenas reflexo de crise.

 

 

 

A semana de moda americana deu start na temporada internacional que marca o mês de Setembro
por
Felipe Volpi Botter
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15/09/2025 - 12h

De 11 a 16 de setembro, a cidade de Nova Iorque abre espaço em sua frenética rotina para as passarelas apresentarem as novidade da Primavera/Verão 2026 e abrilhantar os olhos dos fãs de moda.

No dia de ontem, 14, Manhattan foi banhada por looks com mistura de texturas entre tecidos fluidos, bordados, transparências. Além de um protagonismo para uma alfaiataria reformulada, com cortes ousados e proporções exageradas.

Cores neutras mescladas com pontos de cores vibrantes de (vermelho, laranja e estampas arriscadas), marcaram o quarto dia de evento, que integra o calendário das chamadas "Big Four" ao lado de Paris, Milão e Londres.

O street style acompanhou essa atmosfera de contrastes: looks mais sóbrios recebendo toques fortes com a adesão de acessórios chamativos, sobreposições e cortes assimétricos.

A beleza esteve com foco em peles naturais, "menos pesado”, valorizando textura natural da pele, evidenciando seu brilho sutil.

Alguns desfiles se ressaltaram na mídia pela forte identidade visual, seja pelas temáticas ou pela presença de celebridades, como Oprah Winfrey, Lizzo, Natasha Lyonne e outros.

Kai Schreiber, filha trans de Naomi Watts e Liev Schreiber, abriu o desfile de Jason Wu. O show homenageou o artista Robert Rauschenberg, mesclando arte e moda fortemente influenciadas pelo seu legado.
 

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A modelo Kai Schreiber abrindo o desfile de Jason Wu (Foto:©Launchmetrics/spotlight/FashionNetwork)

 

O designer Christian Siriano apresentou uma coleção primavera/verão 2026 com inspiração no velho glamour de Hollywood; houve vestidos longos, looks dramáticos, mistura de masculinidade e feminilidade com peças ousadas, além de chapéus impactantes.
 

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Desfile Christian Siriano (Foto:©Launchmetrics/spotlight/FashionNetwork)

 

Sergio Hudson mostrou uma coleção vibrante, com ternos trabalhados, uso de estampas e bordados com inspiração africana, foco em alfaiataria refinada.

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Desfile Sergio Hudson, com inspiração no glamour da moda africana (Foto:©Launchmetrics/spotlight/FashionNetwork)

 

Momentos de street style e aparições de celebridades: muita gente do mundo artístico presente nos desfiles e eventos de moda, com looks chamativos, acessórios fortes, e aquele mix de elegância + ousadia.

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Celebridades presentes no evento, como Katie Holmes e Whoopi Goldberg (Foto:©Launchmetrics/spotlight/FashionNetwork)



Vivian Wilson (filha de Elon Musk) fez sua estreia em passarela, desfilando para Alexis Bittar. O desfile abordou uma temática social/política, misturando teatralidade e crítica em sua estética.

 

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Vivian Wilson no desfile da Alexis Bittar (Foto:©Launchmetrics/spotlight/FashionNetwork)

 

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Setor têxtil cresce com foco em bem-estar, tecnologia e sustentabilidade
por
Larissa Pereira José
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05/09/2025 - 12h

 

Gradualmente, a busca pelo bem-estar deixou de ser apenas mais uma tendência momentânea e se consolidou como um dos principais motores da moda. No Brasil, de acordo com o Sebrae Paraná, o setor fitness movimenta cerca de R$ 8 bilhões por ano e cresce em média 8,2% ao ano, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O país ocupa a segunda posição no ranking mundial, atrás apenas dos Estados Unidos, e atrai investimentos que unem estilo, performance e consciência ambiental.

O fenômeno é reforçado pelo enclothed cognition, conceito que descreve como as roupas influenciam o comportamento. Vestir roupas esportivas aumenta a disposição para a prática de exercícios, unindo moda e psicologia. No Brasil, casos de sucesso confirmam o potencial. A marca catarinense Live! cresce cerca de 45% ao ano e já exporta para Ásia e Oriente Médio, consolidando a vocação nacional para o segmento.

Em entrevista exclusiva para a AGEMT, a estilista Dafne Setton, especialista em moda fitness, defende que esse cenário reflete uma transformação no comportamento do consumidor. “Hoje as pessoas querem se sentir bem durante todo o dia. A roupa precisa ter conforto, permitir mobilidade e, ao mesmo tempo, transmitir estilo. É por isso que o athleisure se tornou um símbolo de estilo de vida. Ele expressa disciplina e descontração”, afirma.

As novas preferências apontam para silhuetas mais amplas, como calças cargo e trackpants oversized, em substituição às leggings ajustadas ao corpo. Ao mesmo tempo, cresce a exigência por sustentabilidade, reforçando o protagonismo de tecidos tecnológicos que unem compressão, respirabilidade e fibras recicladas. “Tecido ecológico não é mais um diferencial e sim um requisito. O consumidor jovem exige isso”, explica Dafne. O mercado de luxo também se aproxima desse movimento, criando um fenômeno conhecido como cardio couture — tradução livre “alta costura do cardio”, expressão usada para definir treinos ou práticas esportivas que incorporam estética e sofisticação típicas da moda de luxo, transformando o exercício físico em experiência de estilo. Grifes como Louis Vuitton e Prada lançaram acessórios esportivos sofisticados, transformando o athleisure em um item de estilo de vida.

O clima tropical brasileiro também favorece o uso cotidiano de roupas leves, que transitam facilmente entre o ambiente de treino e o lazer. Além disso, a forte cultura de praia e a valorização da estética corporal ajudam a consolidar um estilo de vida em que o bem-estar é parte do cotidiano. Esse contexto cria um mercado interno robusto e uma vitrine atraente para a exportação de marcas nacionais.

Outro ponto de destaque é a crescente adesão das academias e estúdios de bem-estar a estratégias de branding ligadas à moda. Muitas oferecem coleções próprias de roupas e acessórios, transformando a experiência do aluno em um pacote completo, que vai do exercício ao consumo de estilo. Essa convergência entre saúde, moda e consumo reforça o wellness como um setor multifacetado, em constante expansão e com impacto cultural direto no modo de vestir dos brasileiros.

As redes sociais também impulsionam o processo. Plataformas como TikTok e Instagram transformaram a estética wellness em repertório visual que mistura treino, alimentação saudável e moda esportiva. “As pessoas não compram só a roupa, compram a ideia de vida equilibrada — e isso é altamente compartilhado online”, observa a estilista. Para ela, o futuro da moda fitness estará ligado à tecnologia, personalização e monitoramento em tempo real. Tecidos inteligentes capazes de acompanhar sinais vitais já estão em desenvolvimento e devem ganhar espaço. “Wellness é uma nova forma de viver. Quem entender isso estará à frente do mercado”, conclui.

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O último dia da semana de moda nova-iorquina foi marcado pela desapego da estética neutra, com o renascer do colorido
por
Isabelle Rodrigues
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17/09/2024 - 12h

 

O dia de encerramento da NYFW não deixou nem pouco a desejar. As marcas escolhidas para o dia deixaram a sensação de que todos os estilos se juntaram para a bagunça de cores mais linda possível.

Segundo rumores, a era das roupas estampadas morreu após 2006, mas os designers parecem pensar o contrário e a aposta da vez em trazer de volta o estampado foi um acerto sem igual. É inegável que as estampas mais escandalosas como zebra, cobra e onça são coisa do passado. Neste dia final, ficou perceptível que a nova moda para 2025 será o floral. Todas as marcas parecem estar sedentas pela possibilidade de revolucionar o estilo.

Talvez possamos considerar esse retorno como uma consequência da estética clean, que no início do ano era tendência entre famosos e anônimos. Contrário ao esperado pela crítica, muitas pessoas ainda adotam este estilo, com algumas ressalvas e padrões.

Algumas das marcas que se destacaram no evento foram:

 

Lost pattern 

A marca apostou, principalmente, em tons como branco e bege com sutis toques coloridos, como padrões e estampas, principalmente florais, que são sua marca registrada. O destaque fica para a leveza apresentada por cada peça, sendo em sua maioria similares a roupas praianas.

A estética clean, citada antes, faz seu retorno principalmente por ser um estilo querido pela marca, que tem diversas coleções focadas nesse visual.

Vestido floral rosa de cetim com gola alta
Vestido floral rosa com gola alta
Foto/Reprodução por Cristian Paez/Instagram

 

African fashion council 

Investindo em padrões e cores fortes, as peças da coleção trazem diversos tons de vermelho, laranja e marrons. Todo o conjunto possui cortes e aberturas que aumentam o movimento das peças de forma fenomenal, valorizando os diferentes biotipos apresentados.

É necessário dar destaque para as composições feitas, diversos acessórios como colares grandes e brincos maiores ainda chamam a atenção de qualquer espectador, montando um produto final de tirar o fôlego, e culturalmente muito significativo.

A música usada no desfile também mereceu destaque, a trilha escolhida complementa perfeitamente o tom escolhido para o desfile, sendo em alguns momentos possível sincronizar o andar das modelos com seu toque.

Melitta Baumeister

 

A marca apostou em diferentes formas, testando os limites da criatividade da Designer, o estilo extremamente oversized também é uma das características mais marcantes, além de ser uma coleção focada no estilo esportivo não casual . Vale ressaltar que a marca segue o modelo de desfile criativo, suas peças não tem pretensão de funcionar fora da passarela ou de serem necessariamente confortáveis.

Casaco de couro oversized, sob conjunto de moletom
Casaco de couro oversized, sob conjunto de moletom
Foto/ Reprodução por Isidiore Montag/Vogue

 

Kallmeyer

A coleção, tem em sua totalidade peças elegantes e com uma tabela de cores relativamente neutras, focando em jeitos de renovar o que já temos como elegante, a variação de caimentos e tecidos torna o produto final um refresco para o estilo. É visto que a marca já tem um histórico de manter suas coleções com elementos da estética clean e a dita Old Money, que consiste em demonstrar poder aquisitivo familiar, o estilo ficou bem popular por famosas como Sofia Richie e Julia Roberts.

 Vestido de seda bege, fluido Foto/ Reprodução por Filippo Flores/Vogue
Vestido de seda bege, fluido
Foto/ Reprodução por Filippo Flores/Vogue

 

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Primeiro dia de desfiles da Semana de Moda destaca a produção feminina e a sustentabilidade do Brasil
por
Beatriz Vasconcelos
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16/09/2024 - 12h

A segunda edição do "Brazil: Creating Fashion for Tomorrow" (BCFT) abriu o calendário da London Fashion Week 2024 com uma exposição na embaixada do Brasil em Londres. O evento, realizado antes do início oficial da semana de moda, destacou o papel das mulheres na indústria da moda, com a mostra “A Chain of Women”, que apresentou marcas brasileiras lideradas por mulheres focadas em sustentabilidade e empoderamento feminino.

Marcas brasileiras celebram papel das mulheres na moda na London Fashion Week — Foto: Divulgação
Marcas brasileiras celebram papel das mulheres na moda na London Fashion Week — Foto: Divulgação

Com curadoria de Camila Villas, Lilian Pacce e Marília Biasi, a exposição celebrou o uso de materiais sustentáveis e o artesanato tradicional do Brasil, mostrando iniciativas que conectam mulheres de diferentes comunidades. Entre as marcas participantes estavam Catarina Mina, com comunidades do Ceará; Farm Rio, em colaboração com as artesãs indígenas Yawanawá; Lenny Niemeyer, em parceria com artesãs do Maranhão e PatBo, com sua escola de bordadeiras, todas promovendo moda consciente e colaborativa. Também estavam presentes marcas como Malwee, Renata Brenha e Flavia Aranha, todas com foco em práticas de produção sustentáveis e inclusivas.

Além das coleções exibidas, o BCFT ofereceu painéis e workshops que abordam temas essenciais para o futuro da moda, como inovação sustentável e inclusão. O evento destacou a importância da solidariedade entre as mulheres na indústria, reforçando o compromisso da moda brasileira com a criatividade e responsabilidade social.

Flavia Aranha é uma das marcas brasileiras que integrou a exposição - Foto: Divulgação
Flavia Aranha é uma das marcas brasileiras que integrou a exposição - Foto: Divulgação

Os 40 anos da Semana de Moda de Londres

A Semana de Moda de Londres há muito tempo compete por atenção ao lado dos prestigiados eventos em Paris, Milão e Nova York. No entanto, ao longo de seus 40 anos de história, ela conquistou um espaço único, sendo reconhecida por sua ousadia criativa e energia rebelde. Diferente de suas contrapartes, a cena da moda em Londres prospera ao romper barreiras e abraçar o não convencional, oferecendo uma experiência distintamente própria.

A primeira semana, realizada em 1984 em um estacionamento na Kensington High Street, foi organizada por Lynne Franks, personalidade importante no campo  das relações públicas. Durante a recepção em Downing Street para celebrar o evento inaugural, a designer Katharine Hamnett chamou a atenção ao se encontrar com a primeira-ministra Margaret Thatcher usando uma camiseta de protesto com o slogan "58% Não Querem Pershing", em oposição às armas nucleares. Esse momento deu o tom para as muitas declarações ousadas e disruptivas que a Semana de Moda de Londres passaria a ser conhecida.

Primeira-ministra Margaret Thatcher e a designer Katharine Hamnett - Crédito: Reprodução/ Internet
Primeira-ministra Margaret Thatcher e a designer Katharine Hamnett - Crédito: Reprodução/ Internet

Desde a presença da Princesa Diana em uma recepção para designers em seus primeiros anos até a rainha sentada ao lado de Anna Wintour em um desfile de Richard Quinn, a Semana de Moda de Londres proporcionou inúmeros momentos icônicos. Shalom Harlow sendo pintada por robôs em um desfile de Alexander McQueen e Posh Spice desfilando com shorts de cetim são apenas alguns exemplos das cenas inesquecíveis que fazem deste evento tudo, menos discreto.

Harris Reed

No primeiro dia da edição celebratória de 2024, além da presença de marcas brasileiras, Londres também foi tomada pelos designs marcantes de Harris Reed. Para a primavera/verão 2025 no Tate Modern, ele apresentou uma coleção com silhuetas maximalistas e tecidos pouco convencionais. Utilizou materiais como uma toalha de renda italiana de 200 anos, que encontrou após meses pesquisando plataformas como eBay e sites de tecidos vintage. Esses tecidos históricos foram transformados em peças artísticas e detalhadas, com elementos como corsets, estruturas de gaiola, leques, apliques e golas altas. A coleção exalava uma elegância britânica do Velho Mundo, mas evitava exageros ou ornamentos excessivos. 

Harris Reed primavera/verão 2025 - Crédito: Divulgação
Harris Reed primavera/verão 2025 - Crédito: Divulgação

Por muitos anos, a Semana de Moda de Londres não foi fortemente associada à alta-costura, até a chegada de Harris Reed. Um designer de moda fluido, conhecido por suas silhuetas dramáticas e sensibilidade em relação à forma feminina, Reed rapidamente ganhou destaque com suas criações ousadas e repletas de estrelas. Seu trabalho já apareceu em grandes tapetes vermelhos quando o designer vestiu artistas importantes como Harry Styles, Nicola Coughlan, Ashley Graham, Demi Moore e Lily Collins. Os desfiles de Reed se tornaram uma marca registrada da London Fashion Week, trazendo a habilidade artesanal da alta-costura para o centro do evento.

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Os momentos mais marcantes e as principais apostas que marcaram presença nos desfiles do décimo dia da Semana de Moda de Nova York
por
Pietra Nelli Nóbrega Monteagudo Laravia
Kiara Elias
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12/09/2024 - 12h

 

 

COS

O desfile da COS, marca do conglomerado de moda H&M, aconteceu no Brooklyn na manhã do dia 10. A diretora criativa, Karin Gustafsson, usou como inspiração para a coleção o trabalho da coreógrafa  Tina Bausch, usando as ideias de movimento e fluidez para incorporar em seus looks.

O resultado foi uma coleção de peças no estilo "quiet luxury", refletindo um espírito minimalista. Seguindo as tendências da estação, a linha inclui agasalhos de lã drapeados e alfaiataria de alta qualidade, além de jaquetas de couro oversized, calças amplas, vestidos longos e blusas com gola amarrada. As camadas transparentes e as malhas finas também se destacaram. A designer ainda elevou a aposta nos trajes de noite, apresentando um deslumbrante vestido preto de corte enviesado, com costas dramaticamente baixas amarradas por duas fitas, e uma cauda marfim impressionante.

Reprodução: Vogue

Michael Kors

A Michael Kors também apresentou sua coleção de Primavera/Verão 2025 nesta terça, Camila Coelho, a cantora Mary J. Blige, e as atrizes Lindsay Lohan, Kerry Washington, Mindy Kaling, Olivia Wilde, Suki Waterhouse e Shailene Woodley foram algumas das celebridades presentes nas primeiras fileiras do evento. 

Os destaques foram os elementos artesanais, tanto nas roupas como nos acessórios fazendo referência aos 35 anos de parceria da Michael Kors com ateliês de Florença. Essa estética é evidenciada pelo uso de rendas e texturas florais, que vão além das estampas e se transformam em apliques, conferindo um volume romântico a saias e casacos (com brilho, ou sem). Os plissados também marcaram presença nesta coleção, confirmando uma das tendências para o verão de 2025. A coleção inclui saias, vestidos e transparências, além de propostas utilitárias, com destaque para os trench coats, e uma alfaiataria descontraída em branco, azul-marinho, preto e uma paleta de tons neutros, que trazem elegância atemporal para o verão.

Reprodução: Vogue

 PatBo

A única marca brasileira a integrar o calendário oficial do CFDA (Council of Fashion Designers of America), a PatBo, apresentou sua nova coleção “Ethereal” durante a Semana de Moda de Nova York (NYFW).

A coleção é uma verdadeira jornada visual que explora o conceito de leveza, delicadeza e transformação, qualidades ligadas à borboleta, símbolo bastante utilizado nas peças). Mergulhando no significado emocional da metamorfose, a PatBO captura a essência da mudança e da evolução, traduzindo esses temas através de silhuetas e tecidos leves e etéreos, como chiffon, tafetá e tricoline bordada, adornados com franjas em degradê e lycra. A paleta suave inclui tons de rosa, marrom, vinho e off-white, combinados com detalhes metalizados em prata e dourado, que proporcionam um brilho extraordinário. Além disso, os paetês, inspirados nas escamas das borboletas, acrescentam um toque mágico e luxuoso à coleção.

O evento teve parcerias exclusivas, com patrocínio do C6 Bank, beleza a cargo da Eudora, bolsas da marca brasileira Nannacay, calçados da Schutz, joias da Diamond Design e cuidados corporais da Sol de Janeiro. Além disso, contou com um time espetacular de modelos, incluindo Camila Queiroz, Alessandra Ambrósio, Emily Nunes e Bruna Tenório na passarela, enquanto o styling foi assinado por Rita Lazzarotti.

Reprodução: Instagram/ Patricia Bonaldi

Elena Velez 

Na Semana de Moda de Nova York, Elena Velez apresentou sua coleção Primavera/Verão 2025, intitulada “La Pucelle”, uma homenagem às mulheres icônicas e revolucionárias da história. A estilista, conhecida por seu estilo provocativo, desenhou a coleção com inspirações que vão desde Jeanne d’Arc até Calamity Jane, visando desafiar as normas sociais e criar uma visão disruptiva de feminilidade.

A coleção destaca-se por suas silhuetas ousadas, incluindo vestidos rendados e rasgados, peças de couro marcantes, e roupas com slogans impactantes. Destaque especial para os vestidos de baile retrabalhados, como o usado pela cantora Tinashe durante o desfile. A proposta de Velez para a temporada se alinha com uma exploração das mulheres como figuras sombrias e complexas, evidenciada na colaboração com a plataforma UGG New Heights e o OnlyFans.

A designer, finalista do prêmio LVMH, continua a sua jornada de subversão das convenções da moda com uma abordagem que mistura anarquia feminina com sofisticação material. Seus desfiles anteriores, como o de Primavera/Verão 2024, já haviam gerado grande controvérsia ao incorporar elementos provocativos, como modelos se arrastando em lama. Velez busca estabelecer um espaço único para o estilo punk na moda americana, desafiando instituições e a tendência de categorizar seu trabalho em nichos específicos.

Reprodução: Instagram/ Elena Velez

Cynthia Rowley 

Na mais recente edição da Semana de Moda de Nova York, Cynthia Rowley ofereceu uma homenagem à sua cidade natal com uma apresentação singular. Em vez de um desfile tradicional, Rowley produziu um curta-metragem ambientado em diversos restaurantes icônicos de Nova York, capturando a resiliência dos nova-iorquinos em tempos desafiadores. O filme, que será exibido na nova plataforma RUNWAY360 do CFDA em 16 de setembro, transforma esses estabelecimentos em cenários para uma homenagem fashion à cidade.

A coleção Primavera/Verão 2024 de Rowley, composta por 20 looks inovadores, combina estilos que atravessam as estações, refletindo a evolução da marca em direção a um modelo atemporal. A linha inclui tanques e suéteres delicados em algodão e cashmere, moletons adaptados com vestidos clássicos e calças "ligadas", uma fusão de peças esportivas e formais. A coleção também destaca trajes de mergulho e natação com designs criativos, bem como lenços de seda em novas estampas e óculos com lentes rosa. Entre as novidades, estão os tênis de cano baixo e alto da marca, oferecendo um toque de conforto elevado. Com uma entrega mais ágil, a nova coleção estará disponível para compra no mesmo mês de sua apresentação, celebrando a cidade de Nova York com um estilo inovador e acessível.

Reprodução: Instagram/ Cynthia Rowley

Luar

A Luar, uma das marcas de maior destaque na moda americana contemporânea, consolidou sua presença na Semana de Moda de Nova York (NYFW) com um desfile notável. O evento ganhou ainda mais notoriedade com a presença de ícones como Beyoncé no desfile anterior e Madonna na mais recente edição. Raul Lopez, o designer por trás da Luar e cofundador da Hood by Air, recebeu o prêmio de Designer de Acessórios do Ano pelo CFDA em 2022 e, no ano seguinte, foi premiado como Marca do Ano no Latin American Fashion Awards. Com raízes dominicanas e baseado em Williamsburg, Lopez traz para suas coleções uma perspectiva única que reflete sua experiência como jovem latino e LGBTQIAP+ em Nova York, começando sua trajetória ao criar roupas para a vibrante cena de voguing da cidade.

No desfile da Luar para a coleção Primavera 2025, realizado durante a NYFW, Madonna fez uma aparição marcante na primeira fila. A icônica cantora e estilista, conhecida por seu estilo inovador, estava acompanhada por outras celebridades, como Ice Spice. Madonna optou por um vestido-casaco em tom camel com ombros exagerados e estruturados, complementado por meias arrastão pretas e botas de cano alto, evidenciando um toque de glamour pop old-school que refletiu a estética audaciosa da Luar.

 

Reprodução: Instagram/ Luar

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O quinto dia da semana de moda nova-iorquina foi marcado pelo esporte e pela elegância na passarela, confira os melhores momentos.
por
Helena Costa Haddad
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12/09/2024 - 12h

 

Carolina Herrera

A marca homônima criada nos anos 80 pela estilista venezuelana, atualmente comandada por Wes Gordon, é notória  pela sofisticação e elegância. A nova coleção primavera/verão 2025, retomou essa estética com a decisão de Gordon em honrar as coleções antigas e trazer elementos marcantes da grife, como o uso demasiado da estampa de poá. 

Vestido de tricô com estampa poá, nyfw. Foto/reprodução: Daniele Oberrauch / Gorunway
Vestido de tricô com estampa poá, nyfw. Foto/reprodução: Daniele Oberrauch / Gorunway

 

O desfile contou com peças de tricô e vestidos com babados. Já para um visual  mais noturno, foi apresentado mangas bufantes, tecidos longos e aplicações de flores extravagantes. Para encerrar, o  tom forte de amarelo, relembrando a primeira fragrância de Carolina Herrera, lançada em 1988, se fez presença indispensável nas peças

A coleção celebra muito bem as criações da idealizadora da grife, mas, não deixa de ser atual com o toque do diretor criativo.

 Backstage do desfile. Foto/Reprodução: Hunter Abrams/Vogue Runway
Backstage do desfile. Foto/Reprodução: Hunter Abrams/Vogue Runway.

 

Coach

Conversando com a geração Z, a nova coleção de verão da Coach é espontânea, divertida e sustentável. Stuart Vevers, diretor criativo da marca, trouxe o clássico modelo americano para a atualidade.

Na passarela, Vevers mistura o clássico com o atual, o uso de referências ao estilo skatista, com peças largas e bonés em um casamento harmonioso com a moda tradicional, apostando em blazers e no cetim.

Foto/reprodução: Giovanni Giannoni/Getty Images.
Foto/reprodução: Giovanni Giannoni/Getty Images.

 

A famosa tee “I love New York” é usada em vários momentos do show, conversando de novo com os consumidores sucessores. Apesar disso, os pontos fortes da marca são mantidos na coleção, os casacos de couro são peças atemporais para a grife. 

As bolsas coach são um ponto forte também, vindo de variados tamanhos e cores, sempre chamando atenção, são acessórios divertidos e complementares. 

 

Foto/reprodução: Victor Virgile/Getty Images.
Foto/reprodução: Victor Virgile/Getty Images.

 

Tory Burch

Inspirada pelo espírito esportivo, Tory Burch desfila suas peças com um cenário aquático. 

Na nova coleção, a marca  manteve sua essência, mas não deixou de usar a natação como inspiração na passarela. Bodies remetendo maiôs, óculos retangulares, tecidos fluidos, abuso de transparências ordenaram a coleção. Na beleza, um visual mais clean com o cabelo molhado, são exemplos de como a diretora criativa brincou com a ideia aquática. 

Foto/reprodução: Giovanni Giannoni/Getty Images.
Foto/reprodução: Giovanni Giannoni/Getty Images.

 

Como de esperado, a marca também trouxe uma peça icônica de volta. A Reva, famosa sapatilha da grife nos anos 2000, retorna conversando com a atualidade, seja em forma de scarpin com um salto arqueado,ou até mesmo em formatos diferentes como de um biscoito da sorte chines. O famoso piercing usado no sapato retorna nas bolsas como um acessório de um acessório. Burch convida as mulheres a usar o sportswear e apostar em um visual mais descontraído nesse verão. 

Foto/reprodução: Giovanni Giannoni/Getty images.
Foto/reprodução: Giovanni Giannoni/Getty images.

 

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Uma portinha de 30m² abriga a nova casa do borogodó sustentável cearense.
por
Giovanna Montanhan
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11/09/2024 - 12h

O evento ocorreu na noite desta terça-feira (10) em um dos endereços de compras mais luxuosos da capital paulista, o Shopping Iguatemi JK, um dos maiores da América Latina. O coquetel de lançamento contou com a presença de Celina Hissa, fundadora e diretora criativa da marca, consumidoras já cativas, curiosos que passavam por acaso, jornalistas e parceiras que fizeram o sonho sair do papel. Uma curiosidade é que a marca é a primeira de moda autoral nordestina a desembarcar por lá.

fachada
Fachada da loja - Reprodução: @catarinamina / Instagram

 

Catarina Mina foi o nome escolhido pela dona em 2008, com o foco de expandir para todo o Brasil, a moda que nasceu no Ceará, na sua forma mais crua, composta por bordados, crochês, rendas de bilro (um município da região de Trairi que por causa desse trabalho emprega mais de cinco mil mulheres), labirinto (um tipo de renda muito detalhista e que está próxima de ser extinta), filé (uma espécie de bordado característico da cidade de Jaguaribe) e a tecelagem na palha da carnaúba (uma palmeira-símbolo que abrange os estados do Ceará, Piauí e Maranhão). 

loja
Algumas peças da marca - Reprodução: Giovanna Montanhan

 

A sustentabilidade é um pilar fundamental e indispensável para a grife, o que a levou a se consolidar como uma referência e, mais importante, a integrar o Pacto Global da ONU.

A etiqueta atualmente trabalha com 30 comunidades artesanais que envolvem cerca de 450 artesãs brasileiras, fornecendo não apenas uma fonte de renda estável para elas, mas também promovendo uma verdadeira cadeia sustentável, que têm como princípio valorizar a cultura e a mão de obra local, gerando cada vez mais visibilidade e dignidade para o trabalho dessas mulheres. 

peças
Cores alegres que representam a marca. Reprodução: Giovanna Montanhan

 

A partir de 2019, todas as bolsas carregam um QR Code que redireciona o cliente para o contato da artesã que fez aquele produto, que além da foto, contém também de onde ela veio e sua história. 

 

bolsa catarina mina
Cartão que acompanha as bolsas - Reprodução: Catarina Mina/site oficial

 

qr code artesas
Uma das artesãs exibindo o QR Code - Reprodução: Catarina Mina/ site oficial

 

Em entrevista para a AGEMT, a fundadora da Catarina Mina, Celina, revelou que trazer a marca para um espaço de prestígio representa uma grande conquista. Ela enfatizou a relevância de valorizar o trabalho artesanal de quem as produz, afirmando que o verdadeiro luxo vem do fazer à mão. Para ela, isso conecta diferentes realidades, permitindo que a marca alcance novos públicos e perspectivas. 

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Uma arara repleta de tons crus. Reprodução: Giovanna Montanhan

 

A coleção, que está presente no Shopping JK, comercializa apenas as peças mais trabalhadas e com uma maior riqueza de detalhes, sendo elas muitas vezes vindas de desfiles, representando um status de exclusividade para os compradores, além dos drops de acessórios que poderão ser encontrados por lá. 

 

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Interior da loja - Reprodução: @catarinamina/Instagram

A abertura deste espaço é um marco significativo, não apenas pela expansão da moda nordestina em um local majoritariamente ocupado por grifes internacionais, mas também pela capacidade da marca cearense, focada no trabalho artesanal, de quebrar paradigmas impostos por esse cenário. A presença da Catarina Mina neste local ressignifica o conceito de luxo, tradicionalmente associado a marcas estrangeiras. Este feito não só destaca a força que a moda brasileira vem ganhando nos últimos tempos dentro do próprio país, mas também abre portas para uma nova forma de consumo, onde a sustentabilidade e o respeito pela ancestralidade brasileira ocupam o centro das atenções.

 

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