A coleção MASP RENNER reúne, pela primeira vez, as peças criadas por artistas e estilistas contemporâneos brasileiros especialmente para o acervo do MASP. O projeto durou três temporadas, entre 2017 e 2022, e envolveu 26 duplas de artistas e designers de moda, resultando em 78 trabalhos que compõem a exposição.

“A coleção foi pensada para exclusivamente para o museu, não sendo comercializada", afirma Leandro Muniz, curador-assistente da exposição. Ele explica, ainda, que existem diversos pontos de encontro entre moda e arte, como a técnica e o conceito por trás das obras. A exposição tem o objetivo de destacar estes pontos de encontro, aproximando a moda e arte aos olhos do público.
A relação do MASP com a moda, no entanto, nasceu de um projeto anterior, que serviu de inspiração para a parceria do museu com seu patrocinador: a Renner. A coleção MASP Rhodia produziu 79 looks na década de 1960, que foram doados ao museu em 1972. O objetivo da coleção era continuar divulgando as ideias da indústria química Rhodia, que realizava desfiles no país para promover seus tecidos sintéticos e encomendava as peças aos seus criados, refletindo as tendências da arte e da moda.
Já na vez da coleção MASP RENNER, foram artistas e estilistas que atuam no cenário atual para colaborarem com a produção. Tendo em mente uma variedade de temas que abrangem questões de gênero, sexualidade, religiosidade, sustentabilidade e a pandemia da Covid-19.

Quatro modos de operar são destacados no trabalho dos designers: aqueles que traduzem a sua marca pessoal nas peças, os que brincam com modelagens e a estrutura das roupas, outros que usam a moda como um meio de expressão política e social, e os que desafiam o conceito e os limites da moda. Todas estas ideias apresentam o mesmo ponto de encontro e o mesmo incentivador: o MASP.
Segundo Leandro Muniz, “Alguns estilistas optaram por representar resistência e focaram no quesito social. Enquanto outros representaram o corpo, a técnica e a escultura das peças”. Para o curador-assistente, três palavras resumem a exposição: Memória, narrativa e corpo.

Para acompanhar a cobertura da exposição, acesse o link do vídeo
lA noite de sábado, 13 de abril, foi marcada por visuais que vislumbravam a ideia de futuro que a Forca Studio desejou transmitir, e já na abertura tivemos a atriz e modelo Vitória Strada com um drone ao seu lado. O desfile foi marcado por três blocos: Office - com foco em peças corporativas, de alfaiataria; Sport - uma colaboração com a marca esportiva italiana Kappa, com a presença de camisas de time, bonés e chuteiras, totalmente focada no streetwear; e Noite - com roupas festivas, de paetês e peças de couro. Cada uma dessas fases era acompanhada de um pequeno vídeo antes dos modelos entrarem na passarela.
A marca nasceu em 2022, oriunda da amizade da estilista Vivi Rivaben e do DJ Silvio de Marchi, conhecido por agitar as noites paulistanas. O nome surgiu dos próprios criadores como uma forma de retratar as minorias da sociedade. Para a revista L’Officiel, eles disseram ‘’sempre fomos mandados para a forca por ser quem somos. Decidimos tomar e virar essa forca para o outro lado.”
O ator Pedro Novaes, filho dos atores Letícia Spiller e Marcello Novaes, fez sua estreia na passarela da SPFW, e contou para o portal Elas no Tapete Vermelho, que sempre teve vontade de modelar, mas tinha a sensação que nunca era o momento ideal, e que naquele dia, conseguia se sentir preparado para o novo ofício, não só fisicamente como também mentalmente. A atriz, modelo e ex-BBB, Yasmin Brunet, retornou após 12 anos fora desse universo, e disse que apesar de sua vasta experiência, ficou nervosa. Sua mãe, também modelo, Luiza Brunet, já lhe deu diversos conselhos, como beber água e descansar bastante, e ela revela que não segue-os à risca da maneira como deveria! Já, Vitória Strada, estava há oito anos fora, mas ainda sim, mantinha uma boa relação com a marca, então, quando surgiu o convite, não pensou duas vezes.



A principal proposta da grife foi evocar uma ideia de como eles imaginam que será o futuro. Além do drone, teve também a inclusão de um cão-robô que desfilou junto de um modelo. E pode parecer apenas uma excentricidade passageira, mas na verdade, foi uma simulação de um lembrete perturbador do que realmente está em jogo. Será que, no futuro, veremos os animais, de uma maneira geral, sendo substituídos por máquinas? Se sim, que tipo de mundo estamos construindo? Um onde a natureza é reduzida a uma mera conveniência tecnológica? E a realidade não está tão distante; temas que o evento não tratou neste ano.

E quanto aos seres humanos? Será que estamos caminhando para um cenário digno de "Metropolis" (filme de 1927, dirigido pelo cineasta alemão Fritz Lang), onde os seres humanos são subjugados ao papel de servos de uma tecnologia dominante? A moda está intrinsecamente ligada aos valores e as aspirações de uma sociedade, podendo, por vezes, acidentalmente, apresentar uma visão de um futuro distópico. No entanto, a realidade é que essa visão pode se concretizar em um amanhã que mora logo ali. E por fim, pode-se dizer que nem mesmo a mais eficiente das ciganas seria capaz de desvendar o curso dos acontecimentos da contemporaneidade.
A semente é um elemento em potencial que germina e vira flor - símbolo associado à vida, às cores, ao feminino em diversas culturas. Neste sentido, a 'Florescer Imagem', idealizada pela carioca Lara Larrubia, 24 anos, busca conectar temas como autoconhecimento, construções identitárias e até abordagens terapêuticas ao estilo pessoal de suas clientes. O propósito, é guiar um público (majoritariamente feminino) à construção de um estilo pessoal - que vai muito além da visão clássica de moda que 'dita' tendências. A consultoria "nasceu do processo de me encontrar profissionalmente, reformulando a minha (até então) trajetória no curso de Nanotecnologia na UFRJ", conta Lara.
Escute o bate-papo sobre carreira, empreendedorismo feminino e a âncora que expressar-se (através do vestuário!) pode representar em nível individual e cultural. O 'Florescer' de identidades, origens e símbolos com orgulho é, ao contrário da imagem da flor associada à fragilidade, sinônimo de força.



O domingo (14), último dia do evento, foi aberto com o comeback da marca Glória Coelho às passarelas. A coleção apresentada relembrou os anos 60, sem deixar seu lado futurista de fora, com roupas metálicas e um robô como modelo. Entre as outras roupas desfiladas, foi notório o uso do branco e do preto, do tule, rendas, paetês e até mesmo franjas.
O resultado foi uma coleção de espírito futurista romântico. Glória, conhecida por manter vivo o vínculo com o passado, proporcionou um desfile de peças com um apelo comercial muito positivo, que fideliza seus clientes, sem deixar de chamar atenção de novos olhares para sua criação.

Para o segundo desfile do dia, João Pimenta apresenta uma coleção cheia de streetwear, alfaiataria e muitas camadas.
A marca que tem como carro-chefe a alfaiataria, misturou calças cargos, camisetas, jaquetas, casacos com o seu estilo principal e, para surpreender mais, utilizou tie-dye, tons pastéis e preto na coleção. O ponto alto do desfile foi a homenagem aos 100 anos do Edifício Martinelli em forma de peças como, o próprio prédio estampado ou com os nomes “Martinelli” e “Anhagabaú” escritos.
O novo acervo apresentado pelo estilista traz algo nunca visto antes em suas criações, o especialista em alfaiataria colaborou com a Oakley na escolha dos acessórios e calçados, dando uma identidade única para o desfile.

E finalizando a edição, Amapô traz um show de diversidade e muita performance para as passarelas. Comemorando seus 20 anos, a marca retorna a fashion week com muito jeans e peças misturadas.
A dupla de estilistas, Carô Gold e Pitty Taliani, reuniu pessoas importantes para a Amapô e junto de artistas, misturaram suas criações antigas com peças inéditas. O desfile-performance trouxe um lado artístico para encerrar o dia, contou com a presença de muito brilho, cor, mix de estampas e acessórios únicos, além das performances e interações com o público. A marca mostrou seu diferencial trazendo uma festa para as passarelas.
O desfile mostra como a moda também é, e sempre foi, um ato de arte. Desde o começo da marca nos anos 2000, a Amapô traz espetáculos únicos e dessa vez, fizeram um show de upcycling, encerraram a edição mostrando seu amor pela moda e pela criação.

O dia de fechamento da São Paulo Fashion Week N57 foi marcado com inovações e surpresas. Cada marca desfilada teve um destaque singular com suas peças.
Roberto Cavalli nasceu em Florença, Itália, no ano de 1940. Em entrevista para Luke Leitch em 2011, Cavalli reconta os impactos psicológicos causados em sua vida após seu pai, um ativista antifascista, receber um tiro de soldados nazistas quando o estilista tinha apenas três anos. Aos 17 anos, começou a trabalhar como costureiro ao lado da mãe para ajudar financeiramente a família. Estudou Arte e Arquitetura no Instituto de Arte de Florença, onde conheceu sua primeira esposa, Silvanella Giannoni.

Na década de 1970, fundou sua própria marca e lançou sua primeira coleção no Palácio Pitti, em Milão. De estreia, logo apresentou uma técnica única, desenvolvida por ele mesmo, na qual foi possível realizar estampagem em várias peças de couro. A coleção foi extremamente bem aclamada pela crítica e sua técnica passou a ser cobiçada por casas consolidadas como a Hermès e a Maison Valentino que queriam adquirir seus direitos de exclusividade e autorais. Contudo, foi só em 1994 que Cavalli passou a ser consagrado na Milan Fashion Week
Mais tarde, outra inovação do estilista viraria febre aqui no Brasil e no mundo todo: a elastização das calças jeans. Este evento culminou na abertura de sua segunda marca, Cavalli Jeans, nos anos 2000s. Suas peças eram muito disputadas e uma certeza do público é que ao menos uma celebridade seria fotografada usando Roberto Cavalli. Dentre elas: Madonna, Lenny Kravitz, Cindy Crawford, Priscilla Presley, Devon Aoki, Britney Spears, Alessandra Ambrosio, Beyoncé e Zendaya, eram os principais modelos propaganda do estilista.

A notícia do falecimento de Roberto Cavalli veio por meio de comunicado postado no Instagram de sua própria marca: “Hoje nos despedimos com profunda tristeza do nosso querido fundador, Roberto Cavalli”. Sua saída deixa um vazio irreparável no mundo da moda, onde seu nome se tornou sinônimo de ousadia e elegância.
Roberto Cavalli revolucionou a indústria com sua visão distinta e suas técnicas inovadoras. Seu legado é imortalizado pelas icônicas estampas de animais, pela exuberância do couro e pela celebração do maximalismo.