O campus Perdizes, da PUC-SP, disponibilizou um acervo de 56 obras curadas por docente de Gênero e Sexualidade
por
João Curi
Luísa Ayres
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26/03/2024 - 12h

O Núcleo Diversas T e o Coletivo Glamour anunciaram a inauguração da Biblioteca LGBTQIAPN+ da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), idealizada em parceria com a Comissão da Diversidade da Associação de Pós-Graduandos (APG PUC-SP) da universidade.

A partir da divulgação do catálogo oficial pelo Núcleo Diversas T, os estudantes puderam conhecer melhor os 56 livros já disponíveis no campus Perdizes, que podem ser transferidos conforme necessidade de empréstimo para os outros polos puquianos. Além dos títulos, é possível acessar breves resumos acerca do conteúdo de cada obra, debruçando-se também sobre seus autores.

A curadoria do projeto foi assinada por Lucas Dantas, doutorande em Educação que também atua como professore de Gênero e Sexualidade no Instituto Singularidades. Já a docente Carla Cristina Garcia, mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP e especialista em estudos de gênero e feminismo, também pôde colaborar com a sugestão das obras. 

De acordo com Lucas, a curadoria do acervo buscou mesclar obras teóricas, de ficção e poesia; bem como resgatar autorias trans e travestis, e selecionar produções contemporâneas para tratar dos temas de gênero e sexualidade de forma mais atualizada. 
 

capa de livro
"A centralização de pesquisas LGBTQIPA+ enriquece o debate acadêmico (...)", diz a docente. / Reprodução: Amazon

Títulos como “Transfeminismo”, da autora Letícia Nascimento; “Crianças Trans: Infâncias Possíveis”, de Sofia Favero; e “Ética bixa: proclamações libertárias para uma militância LGBTQ”, de Paco Vidarte; compõem a lista. As temáticas dos textos abordam diversas camadas da comunidade, em diferentes críticas, épocas e realidades, enriquecendo o repertório dedicado ao movimento. 

 

Carla ainda acredita que disponibilizar esse tipo de conteúdo à população é uma grande ferramenta no combate à desinformação e ao preconceito, incentivando a produção de novas pesquisas, o empoderamento e a autoafirmação da comunidade LGBTQIAPN+. “Um acervo dedicado à pesquisa LGBTQIPA+ torna essa comunidade mais visível no ambiente universitário, combatendo a invisibilidade histórica e promovendo o reconhecimento da sua importância e contribuições para a sociedade”, explica a mestra.

 

Vale lembrar que, desde 2021, a PUC-SP já abarcava bibliotecas temáticas negra e indígena, e que o processo de criar uma coleção que reunisse temas da comunidade LGBTQIAPN+ começou no ano passado. Segundo a analista de biblioteca Lúcia Maria dos Santos Araújo, o acervo especializado é de suma importância justamente por registrar a atualização “de todo o contexto social, tudo que envolve pessoas e as diferenças, de como é visto ou de quem se esconde atrás do preconceito”, descreve.

 

Para Mandy Candy, influenciadora digital, plataformas proporcionam "voz global", mas provocam cyberbullying
por
Pedro José de Oliveira Zolési
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22/11/2023 - 12h

A comunidade LGBTQIA+ sofre com graves preconceitos no mundo online. Mesmo com uma sociedade em constante evolução, ataques cibernéticos homofóbicos continuam frequentes e cada vez mais perigosos afetando muito o psicológico das vítimas. Esses atentados online ocorrem muita das vezes por uma parte da sociedade que não aceita a ascensão dessas organizações, ou até mesmo por uma medo embutido no agressor.

As redes sociais e plataformas digitais tornaram-se essenciais para  expressão e conexão da comunidade LGBTQIA+. Centenas de influenciadores partilham as suas experiências sobre como o mundo online pode ser um terreno fértil para  visibilidade e capacitação. As comunidades utilizam estas ferramentas para desafiar estereótipos, disseminar informações e construir redes de apoio.

Amanda Guimarães, mais conhecida como Mandy Candy, influenciadora digital e membro ativo da comunidade LGBTQIA+, compartilha suas experiências sobre como as redes sociais desempenham um papel fundamental na promoção da visibilidade: "As plataformas digitais nos proporcionam uma voz global. Podemos compartilhar nossas histórias, enfrentar estigmas e conectar pessoas de todos os cantos do mundo."

O ambiente aparentemente livre das mídias sociais também é permeado por preconceitos e discriminação. Casos de cyberbullying e discurso de ódio online afetam membros da comunidade LGBTQIA+, criando um ambiente hostil em plataformas que deveriam ser espaços de expressão segura.  

O impacto do cyberbullying vai além da esfera digital, deixando cicatrizes psicológicas e emocionais. A constante exposição a mensagens negativas e discriminatórias contribui para altos índices de ansiedade, depressão e outros problemas de saúde mental entre os membros da comunidade LGBTQIA+.

"Lidar com ataques homofóbicos não é fácil. No começo, eu ficava muito abalada, mas ao longo do tempo aprendi a focar nas mensagens positivas e no apoio da comunidade. No entanto, é difícil negar que esses ataques têm um impacto emocional e mental." expressou Amanda.

Apesar destes desafios, a comunidade LGBTQIA+ está a demonstrar resiliência online. Movimentos de resistência, hashtags e campanhas como #LoveIsLove e #Pride amplificaram as vozes LGBTQIA+, promoveram mensagens positivas e criaram comunidades virtuais de apoio.

Por fim Amanda disse que os ataques não devem apagar o brilho de ninguém e que membros da comunidade LGBTQIA+ sempre se apoiaram: "Quero dizer aos meus seguidores e à comunidade LGBTQ+ que não estão sozinhos. Juntos, somos mais fortes. Não deixem que o ódio alheio apague a luz da autenticidade de vocês. Continuem sendo quem são, porque cada um de nós contribui para a diversidade que enriquece o mundo.".

Medida adotada nos últimos anos ganha força e muda cara da cena da música eletrônica paulistana
por
Danilo Belluzzo
Rodrigo Lozano
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09/11/2023 - 12h

As festas paulistas de música eletrônica, que por vezes atingem um público de 8 mil pessoas em uma noite, têm se empenhado em tornar o público de seus eventos mais diverso, disponibilizando entrada gratuita para pessoas transsexuais e não binárias. A medida, que funciona através de uma lista, tem servido como ferramenta de inclusão e de afirmação política nas noites.

A idealizadora da lista trans foi a artista e produtora musical pernambucana Ana Gisele, conhecida como Transälien, que já a tinha implementado nas festas de Recife, através do coletivo de artistas negros da cena eletrônica Coletividade Namíbia, criado por Misael Franco. A iniciativa foi bem recebida pelo público e logo foi adotada por outras festas.

A Mamba Negra, que comemorou seu aniversário de 10 anos em maio de 2023, através de um festival, bateu recordes tanto de público, quanto de ingressos gratuitos distribuídos. A festa recebeu 8 mil pessoas, das quais aproximadamente 800 não pagaram pelo ingresso. Ela também foi uma das primeiras a implementar a lista trans em São Paulo, em 2017.

A medida surtiu efeito e o público nas pistas mudou. A presença de pessoas trans aumentou significativamente com a lista, o que no início não passavam de 200 pedidos, hoje ultrapassam mil. A lista também atraiu um público periférico que não pode arcar com os ingressos, como também um público LGBTQIAPN+ que pode pagar e agora encontra um espaço de acolhimento, afastando da cena os preconceitos, que é reiteradamente advertido que não será tolerado. O cenário está mudando e a cena eletrônica em São Paulo, hoje, tem maior representatividade.

Os movimentos de inclusão não se restringem apenas à entrada gratuita. Hoje, as festas e o público colhem frutos da diversidade, com maior número de vagas para pessoas trans trabalharem nos bastidores, contratadas para administrar a lista nos eventos, como também mais DJ’s trans espalhando sua música e performers dançando nos palcos.

Esta é outra maneira que as festas encontram de se afirmar politicamente. Através da criação de personas, que normalmente possuem um aspecto bizarro e de gênero fluído, diversas artistas trans e travestis utilizam figurinos altamente elaborados para se apresentarem em pequenos palcos no meio da pista de dança, mudando o clima da festa e tornando um ambiente de culto não apenas à música, mas também às artes plásticas e cênicas.

As festas que possuem tais atrações, a lista trans/nb e as performances, normalmente são aquelas de música tech e house como a ODD, a festa Batekoo, criada em 2014 e destinada desde sempre ao público negro e LGBTQIAPN+, Pista Quente, Blum, Versa, Zig, Gop Tun e a CAPSLOCK, porém a inciativa tem ganho as noites e muitas outras festas tem adotado a medida.

Escritora Giovana de Souza Carvalho percebe que histórias já consideradas tabu hoje são aceitas
por
Raissa Santos Cerqueira
Ana Clara Farias
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24/08/2023 - 12h

"Sinto que finalmente as histórias estão podendo ser contadas de diversas maneiras, fugindo um pouco do que antes era estereotipado ou tratado com desprezo" ressalta Giovana de Souza Carvalho (23) autora da duologia “Código 121”  sobre a crescente no consumo de livros com temáticas LGBTQIAP+, nos últimos anos. As histórias que um dia foram tabu e que hoje são abraçadas pelo público e aclamadas pela crítica, ganharam notória visibilidade durante o período da pandemia do COVID-19. Quando forçados a ficar em casa, os jovens leitores se viram com pouco mais a fazer além de assistir vídeos de indicação de livros no recém-criado BookTok. “As pessoas começaram a ficar mais tempo em casa e precisavam encontrar novas formas de se entreter.” Afirma a escritora.

O número de vendas de exemplares em março de 2021 foi 38,38% maior do que em março de 2020, de acordo com dados do Painel do Varejo de Livro, divulgados pelo Sindicato Nacional de Editores de Livros (Snel). Ultimamente, tem havido uma crescente no consumo de livros cujos protagonistas fossem personagens abertamente LGBT’s. Títulos como Heartstopper de Alice Oseman (2019), Os Sete Maridos de Evelyn Hugo de Taylor Jenkins (2017) e Vermelho Branco e Sangue Azul de Casey McQuiston (2019) se tornaram cada vez mais presentes em estantes por todo o mundo, principalmente o Brasil. Em meio a esse mercado emergente, editoras que buscavam seu lucro, sempre se adequando ao interesse de seu público, foram em busca de autores que já escreviam histórias desse nicho a muito tempo. Ao mesmo tempo, autores independentes, que se limitavam a escrever apenas em plataformas digitais como Wattpad ou Spirit Fanfics, viram nesse novo mercado a chance de publicar seus livros sem precisar do apoio de uma grande editora. 

Durante anos, o mundo das fanfics foi refúgio de muitos autores quando a temática LGBT+ ainda era evitada pelas grandes editoras. O conteúdo que era consumido em pequenas quantidades no mundo literário tomado por livros com representatividade nula era abertamente consumido nas plataformas onde os fãs faziam o que queriam das histórias e davam a elas o seu “toque especial". “As fanfics tornaram-se uma forma de remodelar a mídia tradicional. Pois através delas nós fãs encontramos uma maneira de ter representatividade em universos que tanto gostávamos” Afirmou Deborah de Castro Soares (28) mestra em economia e escritora de romances LGBT+ nas horas vagas. 

Foram as fanfics que levaram Deborah, ou Debs como ela é chamada por seus leitores no X e no Wattpad, às histórias com temáticas LGBT+, e, impulsionada pelas pessoas que acompanhavam suas histórias na plataforma, publicou em 2022 o romance aquiliano Servante: Fogo & Obediência de forma independente. Servante foi um dos diversos livros com relacionamentos homoafetivos publicados entre 2020 e 2022 no Brasil. Durante esse período, a demanda para que as histórias que estavam nas plataformas digitais se tornassem livros físicos foi tanta que foram fundadas editoras especializadas no assunto, como as editoras Violeta e Euphoria, que publicaram apenas livros com casais LGBT+ desde que foram fundadas. 

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Foto: Layza Kawany de Oliveira 

Com o crescimento do consumo dessas obras, muitos jovens passaram a se identificar com as histórias narradas por esses autores e a encontrar conforto nelas. Giovana relata que suas histórias trouxeram leitores que se espelharam nos personagens e na trama, e fala sobre o fato dessas histórias terem a chance de serem contadas livres de preconceito: “A recepção tem sido calorosa e acolhedora, o que permite que muitos autores se sintam mais confortáveis para falar sobre temas que antes não eram bem recebidos no mercado.” Seus livros foram todos publicados de forma independente, financiados por ela mesma e sem a ajuda de grandes editoras. A escritora buscou inspirações por meio de conversas com pessoas que fazem parte da comunidade LGBT, além de consumir conteúdos com esse tema para conseguir se aprofundar mais no assunto.  

Sabendo que a questão LGBT+ no Brasil é muito sensível devido ao pensamento que foi difundido durante anos no país, os autores de livros que abordam tal assunto reconhecem que precisam tomar um cuidado especial ao publicarem histórias com personagens desse grupo. “É importante estudar e se manter atualizado quanto ao movimento político e social, mas acima de tudo ter uma escuta empática e um olhar observador para as singularidades de cada indivíduo”, diz Deborah. Unido ao cuidado com a história, os autores também precisam ter cautela ao pensar na estética do livro, pois grande parte dos consumidores são adolescentes vivendo sob o teto de pais conservadores. “Muitos leitores meus tinham receio que seus pais ou familiares soubessem que estavam consumindo uma história com conteúdo LGBTQIA+ e me pediam para que a capa e a sinopse fossem discretas.” conta Giovana sobre uma das dificuldades que enfrentou ao publicar os seus livros.

 

Estudantes da PUC-SP organizaram roda de conversa sobre a presença da comunidade trans na universidade, no mercado de trabalho e nas políticas públicas
por
Beatriz Barboza
Giuliana Zanin
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15/11/2023 - 12h

No final de outubro, a XXIII Semana Acadêmica de Ciências Sociais da  PUC-SP apresentou a palestra “Transvivências: a relação das identidades de gênero no meio social”. O evento foi mediado por estudantes do curso, que receberam a jornalista Dani Avelar, o escritor Jonas Maria e o multiartista Dante Olivier. As pautas discutidas perpassaram a presença da comunidade trans nas instituições de ensino, a adoção de banheiros sem a marcação de gênero e a vivência trans no ambiente digital.

Dani Avelar, formada em Relações Internacionais pela USP e mestre em Jornalismo pelo programa Erasmus Mundus, é a primeira jornalista trans da Folha de S. Paulo. Dani se sente solitária no jornalismo em razão da ausência de pessoas trans e travestis dentro das redações. “Reviso trabalhos para apontar incoerências porque não existe um preparo, dentro das faculdades de jornalismo e das redações, de como os repórteres devem se referir às pessoas trans”, relata.  

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“Precisamos de um jornalismo que fale sobre a realidade das pessoas trans com dignidade", declarou Dani Avelar, a primeira jornalista trans da Folha de S. Paulo. (Foto: Giuliana Zanin)

A jornalista cobre especialmente guerras e conflitos, mas também se dedica às pautas que corroboram para a construção de um “jornalismo trans e travesti”. Quanto à presença da comunidade no mercado de trabalho, Dani ressalta que “nenhuma mudança acontece porque as instituições estão interessadas, mas porque existe uma pressão organizada por pessoas do movimento que reivindicam que pessoas trans também sejam contempladas nas políticas de ações afirmativas”.

Jonas Maria, formado em letras pela UFSJ (Universidade Federal de São João Del-Rei), é criador de conteúdo na internet e se dedica a um curso de pós-graduação em Mídia, Informação e Cultura pela USP.  Há cerca de dez anos, criou um blog para documentar sua transição e relatar a dificuldade de conseguir suporte médico. Hoje, Jonas apresenta o podcast “Degenerados” e faz análises, em seu canal no YouTube, sobre a transexualidade representada na mídia.

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“Fazemos parte da vida social. O que atravessa a comunidade trans também atravessa outras pessoas”, ressalta Jonas Maria, escritor e criador de conteúdo na internet. (Foto: Giuliana Zanin)

Sobre sua experiência na internet, Jonas desabafou: “Eu recebo trabalhos por ser trans. Se você tem um conteúdo extremamente militante, as suas chances de conseguir um job diminuem. É comum que comunicadores trans falem sobre a transsexualidade com vídeos de humor, não com um conteúdo extremamente político. Caso contrário, você só consegue trabalho em janeiro [mês da visibilidade trans] ou em junho [mês da visibilidade LGBTQIAPN+]".

Dante Olivier é natural de Recife, mas reside em São Paulo. Atualmente, trabalha na produção de conteúdo para a internet, mas já exerceu outras atividades. Ele se define como “multiartista” e faz vídeos de humor sobre assuntos cotidianos da comunidade LGBTQIAPN+. Dante relembrou o momento histórico de ver a primeira travesti na Ordem dos Advogados do Brasil, Márcia Rocha, em 2017.  “É muito louco pensar que estamos em 2023 e, somente em 2017, eu vi uma pessoa trans ocupando esse espaço. Por que a gente não existe nesses lugares? Estamos evoluindo a passos pequenos”, afirma.

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“Quero existir, quero que saibam que eu existo e, quem sabe, ajudar outras pessoas”, afirmou Dante Olivier, criador de conteúdo na internet. (Foto: Giuliana Zanin)

 

PRESENÇA TRANS NA UNIVERSIDADE

"Qual o motivo da ausência de pessoas trans na universidade?”, questionou Flora, uma das organizadoras e mediadora do evento. A pergunta introduziu a discussão sobre o acesso da comunidade trans à educação. 

Segundo dados da ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), 56% das pessoas trans não possuem o ensino fundamental completo, 28% completaram o ensino médio e apenas 0,02% estão no ensino superior.

Jonas Maria destacou que existem poucos dados sobre as pessoas trans no Brasil. Apenas ONGs têm se organizado para coletar números sobre a comunidade. O escritor ressaltou que, no último censo (2022), foi a primeira vez que o Instituto de Geografia e Estatística (IBGE) perguntou sobre identidade de gênero e sexualidade.

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Palestra “Transvivências: a relação das identidades de gênero no meio social” (Foto: Giuliana Zanin)

 

Dani acrescenta a importância de incentivar a pesquisa dos índices sociais sobre pessoas transsexuais e travestis. “As ações afirmativas voltadas à comunidade trans não podem ser um copia e cola das soluções propostas pelo movimento negro. Existem particularidades na nossa comunidade, justamente por isso, é fundamental que exista a produção de dados sobre nós”.

Estudantes do curso aproveitaram o momento para alavancar reivindicações sobre banheiros unissex e cotas trans na PUC-SP. “Nome social, adoção de banheiro sem marcação de gênero e programa de cotas são elementos que incentivam pessoas trans a seguirem na educação, acessarem o ensino superior e se firmarem no mercado de trabalho", demarca Jonas. "São estímulos para que as suas vivências não sejam determinadas pela falta de acesso à educação, que ainda é uma forma de ascensão social no Brasil”, conclui.

 

ADOÇÃO DE BANHEIROS SEM MARCAÇÃO DE GÊNERO

Os estudantes manifestaram suas reivindicações a favor da adoção de banheiros sem a marcação de gênero pela instituição. Jonas Maria afirmou que a presença mais ou menos expressiva da comunidade trans dentro de um espaço não deve ser critério para a implementação. “Não se trata de números. Se tem poucas pessoas trans, o problema não é banheiro, mas sim a ausência da comunidade”, ressalta o escritor. 

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Jonas Maria, localizado à direita da imagem, conta o seu relato de ser um homem trans na internet   (Foto: Giuliana Zanin)

Os convidados se posicionaram contrários ao discurso que coloca os possíveis casos de violência como objeção à ação afirmativa. “Pessoas trans são vistas como uma ameaça, como as geradoras da violência dentro dos banheiros e a realidade, na prática, é que a comunidade trans é o alvo desses ataques”, alerta Dani Avelar. 

A jornalista ainda relata que, em uma balada, já foi agredida e expulsa por um segurança por usar o banheiro feminino. “Ele alegou que ‘aquele toilet não era para mim’, sob o pretexto de impedir que um ‘homem’ acessasse um espaço exclusivo para mulheres e cometesse alguma agressão. Isso foi, justamente, o que aconteceu: um homem agrediu uma mulher”. 

"Eu sempre faço um cálculo de segurança para acessar os lugares, sobretudo os banheiros", revela Dani Avelar. "Em qual local eu corro menos risco de sofrer uma agressão? Se eu usar um banheiro feminino, posso sofrer uma agressão verbal, se eu usar um banheiro masculino, posso sofrer uma agressão física”. 

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Alunes do curso de Ciências Sociais reivindicam cotas trans e banheiros unissex. (Foto: Natália Perez)

Os relatos são carregados de dúvidas. “Eu entendo a importância de reivindicar esses espaços para que pessoas trans se sintam seguras, mas prefiro lutar para ocuparmos um espaço que é deles e que é nosso também, sem que fomente essa ‘separação’, e sem que eu precise usar um toilet distante e isolado", declara Dante Olivier. "Estamos falando sobre usar um banheiro com dignidade”. 

LUTA COMPARTILHADA 

A roda de conversa contribuiu para explicitar que as vivências trans tangenciam as demais no meio social, portanto, merecem a atenção não só do Estado, como garantidor de acessos e políticas públicas, mas também dos simpatizantes à comunidade LGBTQIAPN+. Dante destacou que as pessoas cis aliadas devem manifestar seu apoio a partir da utilização de suas vozes e seus espaços para reivindicarem a presença de pessoas trans, seja na universidade, no mercado de trabalho, nas pautas jornalísticas ou nas ações afirmativas.

"Transfobia não se dirige apenas às pessoas trans. Pessoas cis também têm sua identidade de gênero moldada a partir de uma violência transfóbica. É essencial que essas pessoas também se engajem na luta contra a transfobia porque ela delimita o que é aceitável, em termos de expressão de gênero, não só para pessoas trans, mas também para pessoas cis, dentro ou fora da comunidade LGBT”, finalizou a jornalista. 

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A roda de conversa promoveu as reivindicações da comunidade de estudantes trans da universidade. (Foto: Rômulo Santana)

 

Estudantes das principais universidades do estado se juntam para lutar contra a homofobia e reafirmar suas posições na sociedade
por
Lucas Allabi
Artur dos Santos
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08/09/2022 - 12h

“Queremos nos tornar referência em questões LGBTQIAP+ e estudantis dentro e fora da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH). ” Afirmou o perfil do Instagram do Coletivo Madame Satã, da EFLCH da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

O coletivo se organizou em torno das pautas LGBTQIA + em novembro de 2021. Os alunos não heteronormativos sentiam a necessidade de se reunir para defender seus direitos, pois recentemente o clima de preconceito vêm se aprofundando nas universidades. Um exemplo é o caso dos ataques na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) contra alunos homossexuais por serem supostos portadores da varíola do macaco.

“A comunidade é afetada como um todo e individualmente. O fato de existir uma rede de apoio presente e ativa torna a existência mais segura e proporciona um sentimento de pertencimento extremamente precário hoje em dia”, segue o perfil na rede social. Essa rede de apoio não pertence apenas à Unifesp.

Os coletivos que reivindicam direitos dos LGBTQIA + existem em quase todas as grandes universidades de São Paulo. Na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, por exemplo, existe o coletivo Glamour que também luta pelos direitos LGBTQIA + e ajuda na integração de alunos e alunas desses gêneros dentro das faculdades, visando criar uma conexão entre eles.

Além de garantir direitos, os coletivos desse gênero buscam criar uma ação política ativa, como um partido que luta pelos seus ideais. Essa ação se cristaliza no estatuto do Madame Satã.

Nele, a organização fica clara e prevê conselho, comissões variadas, assembleias gerais e eleições anuais, além de mecanismos para expulsão de membros que descumpram o estatuto.

Para os membros do coletivo, essa ligação com a política é feita em prol da democracia dentro e fora da universidade, e da movimentação LGBTQIA + dentro dela: “Qualquer entidade estudantil é de suma importância para o funcionamento pleno de uma universidade, sobretudo no ensino público. A presença de minorias organizadas com um propósito em comum é o que mostra nossa democracia em movimento e possibilita que a mudança necessária aconteça. ”

O coletivo, entretanto, não chegou a esse nível organizacional e ideológico logo de cara, pois encontrou alguns percalços no seu início. Sobre eles, os membros do coletivo afirmaram que tiveram muitas: “Além de toda a estrutura administrativa e elaboração do Estatuto, levamos muito tempo para estabelecer nosso papel, nossa atuação e nossas diretrizes. Outro fator importante que levou algum tempo para se concretizar foi o engajamento dos estudantes. ”

A mobilização em torno desse tema se dá principalmente em eventos. Alguns deles são feitos pelo próprio coletivo, como uma palestra ocorrida no dia

13 de junho que discutia a importância da diversidade, da cidadania e das políticas públicas em torno da população LGBTQIA+.

“Promovemos eventos, ações de acolhimento, debates políticos e culturais. Também trabalhamos muito para criar ferramentas e conteúdos relevantes para a comunidade. ”

No lado de fora da universidade a preocupação também é grande. No dia 7 de agosto, os membros do coletivo Madame Satã e de outras organizações estudantis da EFLCH da Unifesp se uniram para debater os atos antidemocráticos que iriam acontecer no dia 11 do mesmo mês.

Em um espaço considerado homofóbico e excludente, fâs lutam por diversidade no futebol brasileiro
por
Helena Cardoso
Yasmin Solon
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01/09/2022 - 12h

As torcidas LGBTQIAP + aumentaram a presença nos estádios, com o apoio ou não dos clubes que representam. Ultrapassando a LGBTfobia, esses coletivos lutam por mais visibilidade, além do suporte dos outros torcedores. Nos anos 70, foram criadas as primeiras torcidas LGBTs, a Coligay (Grêmio) e a FlaGay (Flamengo), que não estão mais em atividade. Depois disso, só em 2013 outro coletivo foi criado, a Galo Queer (Atlético-MG), e inspirados por eles, muitos outros surgiram após esse ano. Eles surgem em contexto de afastamento dos LGBTs do esporte, por não se sentirem seguros em torcer para os seus times

A diretora da torcida LGBTricolor, Tainá Sena defende a importância da existência de coletivos e espaços diversificados.  Criada em 2019, a torcida LGBT do EC Bahia surgiu como “um movimento para tentar trazer e inserir mais o público LGBTQIAP + para dentro dos estádios de forma mais segura, fazendo-os se sentir abraçados”. Além da inclusão, Tainá explica que é relevante ter um espaço que aborde e dê voz ao público não normativo no esporte: “As pautas que muitas vezes não são pensadas pelo clube e outras torcidas, nós trazemos.” Ela acrescenta que o Bahia apoia a LGBTricolor e que “em algumas pautas, o time chega junto”, além de ter o acolhimento de outras torcidas, como a Triloucas, a Bamor e o Movimento Tricolor.

            Por mais que hoje seja natural, a diretora da torcida conta como era “muito difícil ver pessoas LGBTQIAP + se movimentando nos estádios, ainda mais juntas ou em grupos para frequentar os jogos”. Porque infelizmente “é uma coisa universal, a gente sabe que o ambiente esportivo ainda é muito hostil com o público LGBT. É uma luta constante contra alguns comportamentos que foram impregnados dentro dos estádios e que nossa torcida sempre tenta conscientizar de que é errado”. Tainá ainda conta que as pessoas estão entendendo que cânticos e piadas homofóbicas não têm mais espaço dentro dos estádios, e não só porque a torcida está presente, “mas também por entenderem que é um espaço de todos.” 

O Vasco da Gama é um exemplo desse apoio. O time lançou um uniforme em homenagem ao movimento LGBTQIAP + e pediu por mais respeito e diversidade no esporte brasileiro em carta contra a homofobia e transfobia. “Depois disso passamos a ver mais torcedores cobrando posicionamento dos seus times e vimos a própria Confederação Brasileira de Futebol (CBF) ser pressionada por mudanças e mais ações de combatividade nesse sentido”, disse Beatriz França, uma das fundadoras da Vasco LGBTQIAP +. Para o coletivo, Beatriz afirma que a importância vai além do lançamento, já que foram questionados e consultados durante todo o processo de criação e campanha de divulgação da camisa. “Ficamos orgulhosos de saber que a nossa luta se tornou a luta do Vasco”, completou a administradora.

Em contrapartida, ainda existem times que não contribuem com a luta. “Temos apoio de várias torcidas do Ceará e de outros times, mas não temos apoio oficial do clube”, disse Ana Beatriz Monteiro, administradora das redes sociais e cofundadora da Vozão Pride, torcida do Ceará Sporting Clube. “Recebemos vários comentários negativos da torcida e faltou apoio do clube”, complementa Ana.

O PorcoÍris, torcida LGBTQIAP + do Palmeiras, também sofre com a falta de apoio do clube. Carlos, que não quis ter seu sobrenome divulgado, membro responsável pelas redes sociais da torcida, disse: “temos um apoio relativamente grande de torcedores e de outros coletivos, mas com a diretoria nós não temos nenhum vínculo, por serem conservadores e reacionários, ainda mais após as eleições de 2018”, em razão dos posicionamentos do atual presidente, Jair Bolsonaro, torcedor do Palmeiras, que possui um discurso homofóbico. 

Mesmo com diferentes experiências, entrevistas mostram que a conexão é comum em grande parte dessa comunidade.
por
Lorrane de Santana Cruz
Marina Gonçalez de Figueiredo
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01/09/2022 - 12h

Pessoas trans que se identificam fora do espectro binário relatam como sua atração por todos os gêneros foi importante durante seu processo de descoberta da não-binariedade. Em entrevista para a Agência de Notícias Maurício Tragtenberg, a Agemt, três pessoas desse grupo contam sobre suas vivências. 

A. T., de 21 anos, foi designado para o gênero feminino quando nasceu, e sempre teve problemas para expressar feminilidade: “Sempre acharam que eu era lésbica, e como isso nunca me incomodou, eu achei que era mesmo”. Foi só quando descobriu que não era uma mulher que T. desatrelou sua sexualidade da forma como se portava, e começou a reparar na sua atração por pessoas do gênero masculino.

Já E. F., também de 21 anos, já se identificava como bissexual antes de se assumir pessoa não-binária. A reflexão em relação ao seu gênero só começou anos depois de se assumir bissexual, e, segundo ela, sua experiência prévia em relação à sexualidade lhe proporcionou um olhar mais atento às identidades de gênero que fogem do apenas masculino ou feminino. 

Por fim, M. L., de mesma idade, disse que sua percepção de gênero não mudou por quem ela se sentia atraída, mas sim como essa atração funcionava. Por mais que M. L. se sinta mais próxima do feminino do que do masculino, ela se considera uma pessoa não-binária, o que fez com que ela se sentisse mais confortável com a pansexualidade, e não com a bissexualidade, como antes pensava. 

Dados mostram como a população LGBTQIA + em geral representa uma parcela significativa da população. Em 2019, o IBGE divulgou que 1,1 milhão de pessoas, cerca de 0,7% da população, se afirmaram bissexuais. A FMB (Faculdade de Medicina Botucatu), divulgou um levantamento onde 2%, cerca de 3 milhões de da população adulta, são transgênero, binárias ou não. 

 

 

Após se assumir no podcast No Armário dos Vestiários, ex-jogador de futebol e atual comentarista se torna o primeiro não hétero na seleção brasileira
por
José Pedro M. dos Santos
Lucas Tomaz Lopes
Francisco Vecchia
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07/09/2022 - 12h

 
Fonte: Reprodução instagram/Richarlyson  Richarlyson jogando com a camisa da seleção
Fonte: Reprodução instagram/Richarlyson   Richarlyson jogando com a camisa da seleção brasileira

Richarlyson, ex-jogador, que jogou na série A do Brasileiro pelo São Paulo, Atlético Mineiro e na seleção brasileira, declarou no segundo episódio do podcast Nos Armários dos Vestiários, que é bissexual, se tornando o primeiro jogador masculino não hétero a atuar na primeira divisão do campeonato brasileiro e na seleção.

Além dele outros jogadores de outras ligas e do futebol feminino já se assumiram, como Jake Daniels, jogador do Blackpool, time que atualmente joga pela segunda divisão inglesa, que assumiu ser homossexual aos 17 anos em 1990, Marta, que já conquistou seis vezes o título de melhor futebolista do mundo seis vezes, sendo cinco consecutivas, Justin Fashanu, jogador inglês que é considerado o primeiro jogador a se assumir dentro do futebol, sendo capa do jornal The Sun após sua declaração. Fashanu jogou em diversos clubes da primeira divisão inglesa como West Ham e Manchester City, o jogador de futebol americano, Carl Nassib, que o primeiro atleta da NFL abertamente homossexual, além do ex-jogador da NBB (Novo Basquete Brasil), principal liga de basquete no país, Jefferson Campos, que falou sobre seu relacionamento com o humorista Joaquim Chicó em suas redes.

Um tempo depois Walter Casagrande, ex-jogador do Corinthians e comentarista esportivo para a Folha e UOL, comentou no podcast Café da Manhã, da Folha, sobre o caso, afirmando que Richarlyson é único e se assumiu por conta de não conseguir mais sem ser verdadeiro consigo mesmo e por isso se assumiu, mas que ele desacredita que outros jogadores farão o mesmo a curto prazo, pois o ambiente do futebol é muito conservador, machista, homofóbico e racista e que na opinião dele um jogador que se entende como membro da comunidade LGBTQIA+ será constrangido, dentro e fora de campo, além de esses jogadores não quererem ser “vidraças para levarem pedradas”.

Segundo Gabriel Cordeiro, de 17 anos, estudante de jornalismo e corintiano, a importância do ato do comentarista está em inspirar outros jogadores e pessoas a também conseguirem se abrir sobre si mesmas e mostrar para o torcedor que o esporte é para todos e que outros jogadores possam se sentir a vontade de se abrirem neste meio machista. Giulia Cicirelli, também de 17 anos estudante de jornalismo e torcedora do Palmeiras, comentou que acredita que “o meio do esporte é um ambiente hostil para atletas que possuem opiniões, características ou posicionamentos que são considerados fora dos "padrões tradicionais”. Para ela, o medo e a insegurança do que pode acontecer após se assumirem cria um paralelo com a ideia de Casagrande sobre os atletas não querem se colocar como vidraças, visto que o ambiente fora do campo, tanto dentro do time como a torcida fazem os jogadores se retraíram e não se abrirem sobre o assunto. 

Apesar do padrão conservador, homofóbico, machista e racista no cenário do futebol brasileiro apresentado por Walter Casagrande, tanto Cordeiro como Cicirelli acreditam que a representação de figuras do esporte na comunidade LGBTQIA+ são de extrema importância para quebrar os preconceitos e avançar a luta pelos direitos desses grupos, pois sem essa representação tanto os jogadores quanto os torcedores são prejudicados, os primeiros por não poderem ser verdadeiros consigo mesmo, por medo de se prejudicarem e aos torcedores destas comunidades, que sentem que não pertencem aquele espaço e acabam cedendo para quem mantem essa estrutura conservadora dentro do esporte.

Com maior aparição de figuras do grupo, cresce o debate sobre a necessidade da presença nos desenhos animados e filmes
por
Davi Garcia
Pedro Lima
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07/09/2022 - 12h

A inclusão de personagens LGBTQIA+ nos desenhos animados é cada vez mais presente nas telas. Animações como She-Ra e as Princesas do Poder e Steven Universe fazem questão de abordar a situação de escolha de gênero com naturalidade e respeito, possibilitando que jovens se identifiquem com situações não heteronormativas. No primeiro exemplo, a Netflix, produtora do desenho, fez questão de modernizar na animação, roteiro, e, principalmente, na inclusão de personagens LGBTQIA+, incluindo a She-Ra, protagonizando um romance com a vilã do desenho. 

Além disso, a animação da Netflix é um reboot do desenho dos anos 80, em que She-Ra é a irmã gêmea de He-Man, e foi feita para ampliar o universo dos brinquedos da Mattel para as meninas.  

Por ser de fácil acesso e ter um visual atrativo, comparado aos desenhos da atualidade, o seriado teve altos índices de audiência, além de boas notas em sites de reviews, como a de Camila Sousa, do site Omelete, em que avaliou She-Ra e as Princesas do Poder como uma “uma encantadora história de amadurecimento, cheia de lições importantes e que combina muito bem com as novas gerações.” Com isso, jovens conseguiram se identificar com a representatividade racial, além da questão de gênero, caso de Mell Mengui (18), estudante de Relações Internacionais na FURG. 

Mengui comenta a importância do seriado para a escolha de gênero: “She-Ra para mim foi o primeiro desenho que eu assisti que eu realmente me vi representada em questão de sexualidade nos personagens, o desenho trata com a naturalidade que o assunto deve ser tratado, e não como um tabu”. Além disso, a universitária reafirma a necessidade do tratamento do assunto, “São personagens assim que colaboram para a criação de outros e assim vai ganhando mais espaço nas telas e ajuda que as próximas gerações não sejam tomadas por um preconceito que muitas pessoas se sintam representadas ao ponto de verem que sua sexualidade ou gênero não é algo errado” 

Porém, a abordagem nem sempre foi a mais adequada para a situação. Alguns desenhos estereotipavam os personagens de maneira que, sua única característica fosse sua sexualidade e nada mais, além de usar roupas completamente diferentes e ter uma voz na maioria das vezes engraçada e chamativa de maneira negativa, além de não terem relevância o suficiente e serem tratados como o alívio cômico da animação, esse tipo de "representatividade" na verdade apenas desfavorecia e prejudicava aquilo que deveria ser a verdadeira mensagem, felizmente, é algo que não acontece mais hoje em dia ou pelo menos acontece com baixa frequência. 

É curioso perceber a reação de algumas pessoas e usuários na internet em relação a representatividade LGBTQIA+ em desenhos e filmes animados. Apesar de ser algo que ajuda e influência as crianças e adolescentes de maneira positiva, muitas pessoas repudiam as cenas e personagens que fazem parte da comunidade.   Além do mais, qualquer demonstração de inclusão por parte de Hollywood é repudiada por aqueles que preferem o mais próximo à definição estereotipada do que é certo e moral. Como o filho de Clark Kent, o Superman, ser bissexual, um alarme na comunidade que se diz fã da empresa. Contudo, o cenário vem permitindo cada vez menos esses discursos, e abraçando a presença de todos, com cada vez menos intolerância e mais respeito.