Influenciadora é chamada de "homem" por espectadora; confusão gerou vaias, atraso no espetáculo e intervenção policial
por
Carolina Zaterka
Manoella Marinho
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15/04/2025 - 12h

 

Malévola Alves, influenciadora digital e mulher trans, denunciou ter sido vítima de transfobia no Teatro Renault, em São Paulo, no dia 26 de março de 2025, ao ser tratada pelo pronome masculino e chamada de “homem” por uma espectadora. O incidente ocorreu antes do início do musical “Wicked”. Malévola, com mais de 840 mil seguidores, publicou trechos do episódio em suas redes, que rapidamente viralizaram.

Segundo relatos de testemunhas e da própria vítima, a confusão começou quando Malévola esperava uma nota fiscal e a mulher atrás dela mostrou impaciência. As duas trocaram palavras e, ao se afastar, a mulher teria gritado "isso é homem ou mulher?" em sua direção. A vítima então se sentiu ofendida e levou a denúncia à plateia, apontando a espectadora como autora do ataque transfóbico, causando um tumulto que paralisou a plateia.

A reação do público foi de imediato apoio a Malévola, com vaias à agressora e pedidos para que ela fosse retirada do teatro. “A gente não vai começar a assistir a um espetáculo que é extremamente representativo para a diversidade com uma mulher dessa aqui. Não faz o menor sentido”, afirmou um dos espectadores durante o protesto.

Diante da pressão da plateia, a apresentação atrasou cerca de 30 minutos. A mulher acusada acabou saindo do teatro sob escolta policial, levada à  delegacia para realizar um boletim de ocorrência, recebendo aplausos e vaias dos demais presentes. Miguel Filpi, presente no evento, celebrou nas redes sociais: “Justiça foi feita!! Obrigado a todo mundo nessa plateia que fez a união para que isso acontecesse.”

Carlos Cavalcanti, presidente do Instituto Artium (Produtor do musical), pediu desculpas pelo ocorrido antes de dar início ao espetáculo: “Peço desculpas por esse acontecimento e por esse atraso. Tudo o que a gente pode admitir, é bom que a gente admita na vida, mas transfobia em Wicked, não dá”. A atriz Fabi Bang, também se manifestou durante e após o espetáculo: “Transfobia jamais” - uma improvisação durante a música “Popular”.

 

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Fabi Bang, atriz que interpreta Glinda, em apresentação do musical. Foto: Blog Arcanjo/Reprodução

Viviane Milano, identificada como a espectadora acusada, negou as acusações em um pronunciamento, alegando que a confusão na fila da bombonière não foi sobre identidade de gênero, mas sobre uma tentativa de furar fila. Ela afirmou: “Perguntei em voz alta: ‘Era o homem ou a mulher que estava na fila?’”, dizendo que sua pergunta foi mal interpretada.

A produção de Wicked e membros do elenco reiteraram seu compromisso com a diversidade e repudiaram o incidente. A nota oficial da produção destacou: “Nosso espetáculo é e continuará sendo um espaço seguro para todas as pessoas, independentemente de identidade de gênero ou orientação sexual.”

Após dinâmica pedagógica, docente da rede municipal do Mato Grosso do Sul sofre ataques de grupos conservadores
por
Amanda Ródio Mores
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11/03/2025 - 12h

 

Postagem publicada por Nikolas Ferreira em seu perfil do Instagram/REPRODUÇÃO: @nikolasferreiradm (Instagram)

Na terça-feira (25), a professora Emy Matheus dos Santos, de 25 anos, revelou que pediu licença da escola municipal onde atuava em Campo Grande (MS). 

Com graduação em dança e teatro, Emy se identifica como travesti e foi integrada à rede de educação municipal após aprovação em concurso público. Após dias de planejamento pedagógico, a coordenação da Escola Municipal Irmã Irma Zorzi propôs uma recepção dos professores aos alunos mais novos no primeiro dia de aula com uma dinâmica interativa, vestindo fantasias. A atividade teve o aval da Secretaria Municipal De Educação de Campo Grande. Em nota ao portal G1, a pasta afirma que “o uso de fantasias e caracterizações é um recurso pedagógico adotado por professores”. O propósito de divertir as crianças, mais tarde acabou se tornando um problema para Emy. Ela foi vestida de Barbie, com uma peruca rosa, saia e botas de cano alto. Em entrevista exclusiva para a AGEMT, Emy diz que “as crianças gostaram e se divertiram com a fantasia”. Por isso, na noite de segunda-feira (10), ela compartilhou um vídeo em sua rede social mostrando essa interação.

No dia seguinte, uma parte do vídeo foi editada para remover seu contexto pedagógico, e acabou viralizando em diversos grupos conservadores da cidade e até mesmo entre os pais dos alunos. A professora, que já vinha recebendo ataques, revelou em entrevista que a situação piorou na quarta-feira (12), após uma postagem do deputado federal Nikolas Ferreira do PL de Minas Gerais. Nikolas publicou em seu Instagram um story com um corte do vídeo de Emy, com as frases “Porque nunca em asilos? Ou para doentes? Ou sem teto? Porque é sempre pra crianças?”.

A publicação fez o caso sair de Campo Grande e se espalhar pelo Brasil todo. Veículos de mídia do país inteiro repercutiram o vídeo, sem explicação alguma do contexto pedagógico da dinâmica, da qual todos os professores participaram. Emy rapidamente virou alvo de ameaças. Parlamentares a atacaram nos plenários da Câmara Municipal, referindo-se a ela no masculino e falsamente a acusando de “violar a inocência infantil”.

Emy revelou que não pode mais sair de casa por segurança. Apesar dela ter registrado as ameaças na polícia e a Secretaria Municipal de Educação de Campo Grande ter defendido o uso de fantasias como recurso pedagógico, a narrativa transfóbica rapidamente ganhou força e sobressaiu-se, reforçando a vulnerabilidade de pessoas transgênero nos espaços de trabalho.

Ela também conta que já sofreu outros casos de transfobia no âmbito escolar. A professora comenta que no ano passado, foi perseguida por uma professora religiosa, que desrespeitava seus pronomes em sala de aula e proferia “palavras de Deus” contra ela. Emy também diz que coordenadoras da escola constantemente se referiam a ela no masculino. 

Nikolas Ferreira (PL-MG), apontado por Emy como o causador do estopim para a maior parte dos ataques transfóbicos, já tem um histórico de divulgação e exposição de pessoas trans a ataques de ódio e violência. O deputado é réu em processo por exposição de uma adolescente trans nas redes sociais. Nikolas também já foi alvo de uma representação no conselho de ética por uma fala transfóbica no plenário, além de ter sido processado pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP) pelo mesmo motivo.
 

 

 

 

Participante do BBB23, Fred Nicácio, reconhecido por seu engajamento em questões de saúde pública e direitos humanos, apesar de usar categorias, ela expressa inclusão e visibilidade
por
Rainha Matos
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28/06/2024 - 12h

A expansão da sigla no movimento LGBTQIA+ pode até causar confusão, mas não para Fred Nicácio, médico brasileiro reconhecido por seu engajamento em questões de saúde pública e direitos humanos. Ele defende que, "embora o ideal fosse não categorizar, a nomenclatura atual é crucial para inclusão e visibilidade". Fred enfatiza que esse reconhecimento não deveria ser necessário no futuro, quando esperamos que todos sejam vistos simplesmente como pessoas.

Ele apontou avanços na representação LGBTQIA+ na mídia, mas também criticou "o persistente tabu que limita a aceitação de atores LGBT em papéis principais, por medo de repercussões na carreira". Ele sublinha a importância de valorizar o talento e personalidade das pessoas, independentemente de sua orientação sexual.

Nem tudo é otimismo. Fred Nicácio destacou a gravidade dos índices de LGBTfobia e mencionou sua própria experiência com testemunhos de violência. Ele ressalta a necessidade de políticas públicas e leis rigorosas para proteger a comunidade e reduzir esses crimes.

Como figura pública, o médico precisa lidar com críticas, e por isso adotou uma postura de positividade, aceitando críticas construtivas apenas daqueles que têm algo construtivo a oferecer. Ele enfatizou a importância de uma crítica fundamentada em realizações pessoais e ignorou críticas vazias e infundadas.

Além de sua atuação na saúde e na visibilidade LGBTQIA+, Fred ganhou destaque nacional ao participar do reality show "Big Brother Brasil 23" (BBB23), ampliando sua plataforma para discutir questões de grande relevância social. Sua voz continua sendo uma importante influência tanto na esfera pública quanto nas redes sociais, onde ele continua a promover o debate e a conscientização sobre direitos e igualdade.

A omissão da representatividade de sáfica nas grandes mídias perpetua um vazio cultural que exclui e invisibiliza milhões de experiências autênticas.
por
Emily de Matos
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21/06/2024 - 12h

Em um cenário midiático predominantemente heteronormativo, vozes como a de Elizabeth Matos, de 19 anos, estudante e mulher bissexual, ressoam com uma perspectiva vital: a necessidade da representatividade sáfica fiel e positiva. "A caixa onde a indústria prende elas é bastante cruel, já que muitas são usadas para material fetichista ou apenas jogadas de escanteio em filmes e séries onde estão atuando, não tendo espaço para brilharem e se destacarem como alguma atriz heterossexual, por exemplo" afirma a jovem.

Nos últimos anos, o termo “Bury Your Gays” (Enterre seus gays) emergiu como um símbolo da escassa e muitas vezes prejudicial representação da comunidade LGBT+ na cultura pop. Esta trope, originada na televisão, descreve a tendência de narrativas que retratam personagens gays apenas para dá-los um destino trágico. Esta prática não apenas nega à comunidade de ter oportunidade de ver suas experiências representadas com precisão, mas também perpetua estereótipos e marginalização.  

Essas representações problemáticas não passam despercebidas pela comunidade LGBTQ+, que muitas vezes se manifesta por meio de protestos online e campanhas de conscientização. Um exemplo notável foi a reação dos fãs à morte de Lexa em "The 100". Após a exibição do episódio em que a personagem foi morta repentinamente, os fãs expressaram indignação e desapontamento nas redes sociais, destacando não apenas a falta de representatividade lésbica nas mídias, mas também a maneira como personagens LGBTQ+ são frequentemente tratados de forma descuidada e desrespeitosa. 

 

 Reprodução: Lexa (Alycia Debnam-Carey) em ‘The 100’. 
 Reprodução: Lexa (Alycia Debnam-Carey) em ‘The 100’. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Um exemplo claro desse descuido é a obra cinematográfica “Azul é a Cor Mais Quente”, dirigida por Abdellatif Kechiche, que foi marcada não apenas por seu impacto no cinema, mas também por relatos de condições difíceis no set de filmagem. Em uma entrevista ao jornal The Guardian em 2013, a atriz Léa Seydoux, que interpretou uma das protagonistas, relatou a experiência como 'extremamente difícil' e mencionou a exaustão física e emocional enfrentada durante as gravações. Seydoux também destacou a intensidade das cenas de sexo, descrevendo-as como “ultrajantes” e afirmando que se sentiu “um pouco como uma prostituta” durante as filmagens. Esses relatos lançaram luz sobre as condições muitas vezes desumanas enfrentadas por atrizes em produções que exploram temas sensíveis, como a sexualidade feminina, questionando não apenas a ética por trás das representações, mas também as práticas dentro da indústria cinematográfica. 

 Reprodução: Adèle (Adèle Exarchopoulos) e Emma (Léa Seydoux) em ‘Azul é a cor mais quente’. 
 Reprodução: Adèle (Adèle Exarchopoulos) e Emma (Léa Seydoux) em ‘Azul é a cor mais quente’. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ao retratar personagens LGBTQIA+, a sensibilidade e o cuidado são essenciais. Como afirmado por Elizabeth “Leitura sensível, uma sala de roteiro deveria ter pessoas especializadas para atender qualquer demanda de personagens que não estão dentro do conhecimento total de quem trabalha na obra. Apenas quem vive na pele sabe o que realmente é necessário e o que passa longe de uma representatividade válida”. 

Movimento em apoio à comunidade LGBTQIAP+ coleciona conquistas pela diversidade na PUC-SP
por
Ana Julia Mira
Maria Eduarda Cepeda
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20/06/2024 - 12h

O coletivo Glamour celebra 10 anos de história na PUC-SP com uma trajetória de lutas, marcada pela criação da Biblioteca LGBTQIAP+ e a retificação dos nomes de alunas e alunos nas plataformas digitais da universidade.

O Glamour  se consolidou como um espaço seguro e de acolhimento para os alunos na universidade, como uma rede de apoio aos estudantes, além do intuito fortalecer uma resistência contra as violências físicas, psicológicas nos ambientes de convivência fora e dentro do campus.  

Bandeira com as cores LGBTQIAPN+ com um triângulo invertido composto pelas cores da bandeira trans
Design utilizado pelo coletivo de 2014 a 2017 . Reprodução: Facebook / Coletivo Glamour PUC-SP

A abordagem desses temas são  necessárias no ambiente universitário, a acolhida de alunos LGBTQIA + nas universidades é crucial para criar um ambiente acadêmico inclusivo.

Conquistaram espaços e direitos para as pessoas da comunidade. Mesmo durante a pandemia, o coletivo reivindicava causas de suma importância, como a retificação do nome social nas plataformas de ensino digitais. 

Na época, mesmo os estudantes transexuais que já haviam retificado seus nomes na Secretaria da universidade, tiveram seus nomes civis expostos no novo modelo de ensino que estava sendo aplicado. 

Foi, então, realizado um ofício com a colaboração do Centro Acadêmico 22 de Agosto (do curso de Direito) solicitando tal mudança em prol do respeito para com as pessoas afetadas. 

Ofício realizado para retificação do nome de pessoas trans e travestis nas plataformas digitais da universidade
Ofício realizado pela retificação dos nomes de alunos transexuais e travestis nas plataformas virtuais. Reprodução: Facebook / Coletivo Glamour

 

Em 2017, o grupo passou por mudanças adotando o nome Glamour. O nome foi escolhido em homenagem a uma das primeiras alunas assumidamente transsexual a  estudar na PUC-SP no curso de Artes do Corpo em 2013,  a atriz Glamour Garcia. 

Pelas redes sociais, o coletivo promove integrações entre os estudantes por meio de eventos e reuniões, sempre tendo como foco a representatividade daqueles que estão inseridos na comunidade e dando voz às suas experiências.

Design de convite para palestra "Transvivências: a relação das identidades de gênero no meio social". Na parte de baixo do design estão os 4 palestrantes que participaram do evento.
Evento promovido pelo coletivo em 2023. Reprodução: Instagram / @glamourpuc

 

Alinhados com as causas sociais, se mostrou ativo em questões sobre diversidade de gênero e orientação sexual, trazendo visibilidade e empoderamento, criando um ambiente amplo e disposto à troca de ideias e vivências com incentivo de debates, levando essas conversas para além da PUC-SP.  

Quadrado rosa com círculo branco no meio e um trângulo invertido rosa centralizado.
Design do coletivo desde 2017. Reprodução: Facebook / Coletivo Glamour

 

Acompanhando o posicionamento firme da comunidade participante do Glamour junto ao “Núcleo Diversas T”, foi realizada a 1ª “Pesquisa Oficial sobre a situação des alunes LGBTQIAPN+ da PUC-SP” em outubro de 2023. O núcleo, por sua vez, é formado por pessoas transsexuais. 

A iniciativa tinha por objetivo de identificar os desafios enfrentados dentro do ambiente acadêmico, visto que são alvo de preconceitos e violências, havendo denúncias de situações assim expostas nas redes sociais do Coletivo Glamour.

Em 2019, uma delas foi feita em uma publicação de sua página no Facebook. Denunciava falas transfóbicas de um professor de Direito Penal em sala de aula, levando à público o caso e manifestando-se contra o docente, organizando protestos silenciosos.

Sala de aula com cartazes em oposição às falas do professor
Imagem do protesto silencioso contra falas transfóbicas de professor. Reprodução: Facebook / Coletivo Glamour

 

Por trazer à tona situações de transfobia e homofobia sofridas por pessoas na PUC-SP, atacadas por docentes e estudantes, o Coletivo possui papel ativo no combate ao preconceito na Universidade.

Sobre a razão de sua existência, em publicação no afirma: “Infelizmente, nos tempos atuais, ainda existe uma forte violência contra a comunidade LGBTQIA+, que é, muitas vezes, submetida a agressões, hostilização, crimes de ódio, além da exclusão e precarização do local de trabalho”.

Com uma longa história de luta pelos seus direitos, o Coletivo Glamour conquistou espaço na Instituição, inclusive nas bibliotecas, ao reivindicarem e serem atendidos com a inauguração do acervo bibliográfico de temáticas e autorias LGBTQIAP+, no início deste ano. O acervo conta com mais de 64 títulos, trazendo autoria de pessoas da comunidade, aprovados pelo CONSAD. 

Após o acontecimento em fevereiro, não houveram mais atualizações nas redes sociais e o Coletivo passa por uma aparente pausa em suas atividades. Nós procuramos entrar em contato com os participantes, mas não obtivemos resposta.

Tifanny Pereira, primeira mulher transexual a disputar uma partida do campeonato da Superliga, é um dos destaques no esporte
por
Júlia Polito
Luiza Zequim
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13/06/2024 - 12h

"Com preconceito não tem jogo”, diz a campanha realizada pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) em apoio à causa LGBTQ+, procurando combater as diversas formas de discriminação no voleibol. As ações foram realizadas nos jogos femininos da Liga das Nações, e em vídeos publicados nas redes sociais oficiais, tendo início no dia 17 de maio, considerado Dia Internacional da Luta contra a LGBTfobia, e se estendendo até o final da semana seguinte. 

As atletas Nyeme e Natinha, jogadoras da posição de líbero, entraram na quadra do Maracanãzinho com camisetas comemorativas que traziam bandeiras diversas da luta LGBTQIAPN+. Além delas, outra importante figura do vôlei brasileiro também participou da campanha: a antiga oposta Sheilla Castro, bicampeã olímpica, entrou ao lado da capitã Gabi, levando o ginásio carioca à loucura.  

 

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Apresentação do jogo em que Tifanny quebrou o recorde de maior pontos na Superliga em 2017 (Foto/Reprodução: Globo Esporte)

 

O voleibol, um dos esportes mais populares do mundo, tem mostrado avanços significativos em termos de inclusão e representatividade dessa comunidade. No cenário global e nacional, atletas, técnicos e torcedores têm se unido para promover um ambiente mais acolhedor e seguro para todos, independentemente da orientação sexual ou identidade de gênero.

Tifanny Pereira é uma das maiores celebridades do vôlei atual. Nascida em Goiás, a estrela quebrou todas as barreiras e se tornou a primeira mulher transexual a disputar uma partida do campeonato da Superliga de Vôlei.

Tifanny começou na carreira profissionalmente em Portugal, jogando nos times da categoria masculina. Após sua cirurgia de transição de gênero e debates e atualizações nas regras, ela voltou a competir, agora na categoria feminina, em 2017, se tornando a primeira mulher trans da divisão.  A conquista da atleta abriu portas para diversas outras personalidades, além de mostrar uma nova face mais inclusiva do esporte.

 

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Apresentação do jogo em que Tifanny quebrou o recorde de maior pontos na Superliga em 2017 (Foto/Reprodução: Globo Esporte)

 

Mesmo após tantos anos como atleta e vitórias em campeonatos no bolso, Tifanny contou ao site SportBuzz como lida com as constantes críticas e invalidações que continua recebendo: “Transfobia é crime no Brasil e é equiparado a crime de racismo. A pessoa pode ser contra eu jogar, mas ela não tem o direito de me difamar, de me chamar de ‘homem’ e não tem o direito de me rebaixar como pessoa. E o que eu faço? Eu evito ver os comentários. Não vai adiantar bater boca com uma máquina, porque quem está por trás dessa máquina é uma pessoa sem coração e sem visibilidade, que em muitas vezes estão querendo atenção”.  A jogadora, aos 39 anos, segue atuando no ramo e sendo uma inspiração diária de superação e conquista da comunidade LGBTQIAPN+ nos esportes. 

Representatividade e identificação

Em entrevista realizada à Agência Maurício-Tragtenberg (AGEMT), uma jogadora de vôlei do clube Ipiranga, pertencente ao grupo LGTBQIAPN+, que preferiu não ser identificada, compartilhou sobre sua experiência individual sendo pansexual no ramo esportivo, e abordou diversos aspectos. “Comigo nunca ocorreu, mas confesso que tive medo de me expor, por medo de julgamento, além de que, o time é todo feminino, então achei que iriam olhar torto, mas nada disso aconteceu.” 

A atleta comenta sobre crescer no ramo vendo outros competidores como imagem a seguir: “Tem diversas atletas, não só dentro do vôlei mas dentro de outros esportes, que eu tenho assim como imagem e respeito, tenho muito apreço pela Carolana da seleção, pela Kisy, a Amanda (namorada da Kisy) que joga pelo Osasco. E outras atletas que são assumidamente LGBT e estão na luta pelas pautas.”. Ela também conta que a admiração pelas jogadoras vai além das quadras, impactando no seu cotidiano e na visibilidade direta do esporte. 

Chappell Roan, além de conquistar seu lugar nos charts mundiais, está conquistando a atenção da comunidade LGBT+
por
Wanessa Celina
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07/06/2024 - 12h

 

Chappell Roan, dona do hit Good Luck, Babe!, que debutou em 77 lugar no Billboard Hot 100 nos Estados Unidos, é cantora e compositora norte americana do interior do Mississipi, Com suas músicas festivas e com referências drags, vem dominando as redes sociais como Tiktok e X (antigo Twitter), tornando-se umas das ícones Queer da atualidade.

A artista, que se identifica como uma mulher queer, vivencia em suas músicas temas recorrentes da comunidade LGBT+.

Ser do interior também impacta em sua carreira e estética musical. Em entrevista para revista americana Paper, Chappel fala sobre a importância de referenciar o lugar onde nasceu, usando chapéus de cowboys nos shows para lembrar a todos que existem pessoas LGBT+ em todos os lugares, só não possuem espaços como aquelas que moram em grandes cidades.

Chappel Roan (imagem: instagram/ @chappellroan)
Chappel Roan (imagem: instagram/ @chappellroan) 

 

Seu álbum de estreia, The Rise and Fall of a Midwest Princess, que chegou ao Top 2 no chart de álbuns pop no Apple Music, atrás apenas do novo disco da Taylor Swift, The Tortured Poets Department, conta com 14 faixas, entre elas  Femininomenon, Red White Supernova, Hot To Go! e Casual. Com sua maquiagem no estilo drag e seus cachos ruivos à solta, Chappell Roan traz o gênero Pop cada vez mais extravagante, recorrendo a letras que remetem ao relacionamento sáfico - relacionamento entre duas mulheres. 

Capa de The Rise and Fall of a Midwest Princess (Reprodução/ foto por Ryan Clemens)
Capa de The Rise and Fall of a Midwest Princess (Reprodução/ foto por Ryan Clemens)

 

Good Luck, Babe!,  lançado em abril de 2024, impressionou o público e a comunidade LGBT+ ao explicitar a heterossexualidade compulsória —  a pressão social que levam pessoas da comunidade LGBT, especialmente mulheres lésbicas, a negarem sua orientação sexual e viverem à custa do que é esperado conforme as normas sociais. 

Na letra, a americana canta “Você pode beijar cem homens nos bares / bebidas atrás de bebida, só para parar o sentimento”, explicitando uma ação comum entre mulheres sáficas, que, assim como a personagem narrada na música, forçam um relacionamento heteronormativo a fim de serem “nada além de suas esposas”, como canta Chappell Roan durante bridge de Good Luck, Babe.

Capa do Single Good Luck, Babe! (reprodução/foto por Ryan Clemens)
Capa do Single Good Luck, Babe! (reprodução/foto por Ryan Clemens)

A heterossexualidade compulsória é, antes de tudo, uma opressão política, como explica a intelectual norte-americana Adrienne Rich, no artigo  “A heterosexualidade compulsória e a experiência lésbica”. Segundo ela, o “compulsória”  é mostrado como uma “obrigação” para que as mulheres desejem ser héteros ou então para que pensem que só serão alguém quando estiverem ao lado de um homem. Rich afirma que essa é uma questão de controles dos corpos femininos.

Em entrevista à AGEMT, Fernanda Almeida,  27 anos, lésbica e  formada em psicologia, relata como a pressão de estar em  relacionamento heterossexual ainda impacta o seu cotidiano, apesar de já ter bem trabalhado consigo sua autoaceitação lésbica. “Sou lembrada diariamente das coisas que eu não posso ter e não vou ter, ou das coisas que eu deveria ser e fazer.” diz ela 

Fernanda comenta que, antes de se entender como uma mulher lésbica, agia da forma como Chappell Roan descreve em suas músicas. “Inventar uma nova desculpa, outro motivo idiota", relembra de uma parte do hit Good Luck, Babe!, “é o que acontecia comigo: eu tentava dar chances a garotos, e também inventava desculpas para mim mesma, com motivos idiotas para explicar as situações dentro da minha cabeça.”, explica. 

Na opinião da estudante, que se assemelha com o público em geral das redes sociais, Chappell Roan faz um trabalho representativo para a comunidade sáfica e lésbica do mundo. Chappell trouxe, com toda sua qualidade performática e uma voz viciante, um novo olhar para a arte. “Quando eu tinha uns 16 anos, nunca imaginaria uma música assim existindo; e, hoje, quem tem seus 16, 17 ou  20 anos pode acabar achando identificação e compreensão nesse tipo de arte!”, comenta a jovem. 

Pensar em sexualidade como um fator não incluso das questões feministas é um dos erros do movimento. Dar menos espaço para que mulheres lésbicas mostrem suas experiências revela uma visão mais explícita da influência do patriarcado na vida das mulheres em geral, sejam elas héteros ou parte da comunidade LGBT+. O trabalho da Chappell Roan, e de outras artistas queers na indústria, é abraçar um público diverso e, como canta em suas músicas, estar cara a cara com um “Eu te avisei”. 


 

Com um forte embasamento político, o maior evento da diversidade do mundo convidou participantes a votarem conscientemente nas eleições deste ano
por
Victor Trovão
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04/06/2024 - 12h

      No último domingo (2/6), a cidade de São Paulo recebeu a 28ª edição da Parada do Orgulho LGBT+ tradicionalmente na Avenida Paulista. Sob o tema "Basta de Negligência e Retrocesso no Legislativo: Vote consciente pelos direitos da população LGBT!", o evento contou com uma mensagem política ao convidar os participantes a marcharem com vestimentas verde e amarelo com o propósito de ressignificar as cores da bandeira do país, uma vez que costumavam ser o dress code de protestos bolsonaristas. 

      Considerada a maior Parada LGBT+ do mundo, a organização APOLGBT-SP (Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo) é a responsável pela realização do evento. A Associação investiu na ideia das roupas verdes e amarelas junto às tradicionais camisetas da seleção após a popularização do dress-code no show da Madonna, sediado no Rio de Janeiro no último mês. Em companhia da drag queen Pabllo Vittar, a cantora americana usou as cores da bandeira no concerto junto a outros artistas. 

     A concentração do evento começou a partir das 10h e pela primeira vez a Parada correu por meio de um trajeto atípico devido a algumas obras que estão acontecendo na Paulista. Dessa forma, o caminho foi alterado para o lado ímpar bem como as entradas no evento foram organizadas por meio das ruas paralelas à avenida. 

Muito mais que a marcha 

     Além da Parada, a virada do mês foi agitada à medida que diversos eventos fizeram parte da programação. No dia 30 de maio, o Memorial da América Latina recebeu a “Feira Cultura da Diversidade LGBT+” com inúmeras palestras e stands no local. Nos dias seguintes (31/5 e 1/6 ), aconteceu o “Encontro Brasileiro de Organizações de Paradas LGBT+, bem como a “Corrida do Orgulho LGBT+” e a “7ª Marcha do Orgulho Trans da Cidade de São Paulo” ao longo do feriado de Corpus Christi. 

    Segundo o grupo “Monitor do Debate Político no Meio Digital” da Universidade de São Paulo (USP), o público da Parada do Orgulho foi estimado em mais de 73 mil pessoas durante o horário de pico de concentração do evento. Já a organização da marcha fala em cerca de 3 milhões de participantes ao total durante todo o dia.

    A multidão contou com a passagem de mais de 16 trios elétricos, com destaques para os shows de Pabllo Vittar, Glória Groove e Banda UÓ.

Vítimas da LGBTfobia

    A Parada do Orgulho é um evento político de extrema importância e também desafiador à medida que acontece no país mais LGBTfóbico do mundo. O Brasil é o país que mais mata seus próprios cidadãos apenas pelo direito de serem quem são. 

    De acordo com dados levantados em 2023 pelo GBB (Grupo Gay da Bahia),  273 pessoas LGBTQIA+ foram mortas de forma violenta por conta de sua orientação sexual. Desse número, 127 eram pessoas trans (travestis e transgêneros), 118 homens gays, 9 lésbicas e 3 seriam bissexuais. Ressalta-se que esses casos tendem a ser ainda maiores, dado que alguns dos crimes ainda estão sendo apurados pela ONG e que a subnotificação de crimes contra a comunidade ainda é uma realidade no país. 

    Ao mesmo tempo, dados e pesquisas como essas são fundamentais e devem ser levados ao Ministério dos Direitos Humanos a fim de que se pense na criação de políticas públicas que atuem em defesa da população não hétero, sobretudo após terem sofrido as mais violentas negligências ao longo dos quatro anos do governo Bolsonaro. Durante o mandato, em 2022, as ocorrências de homofobia ou transfobia subiram para 488, o que representa um aumento de 54% se comparado a 2021 (316). Foram registradas agressões a mais de 2,3 mil pessoas LGBTQIA+. Esses dados são do Fórum Brasileiro de Segurança Pública – FBSP. 

Participações políticas

     Pensando na esfera política, apenas dois pré-candidatos ao cargo de prefeito de São Paulo estiveram presentes na Parada. Os deputados Guilherme Boulos (PSol) e Tabata Amaral (PSB) participaram do evento e comentaram sobre a marcha.

     Ao microfone, o deputado discursou sobre a importância do evento e das ações propiciadas por políticas públicas:“Já se foi o tempo onde as pessoas não podiam ser quem são. Obrigado aos organizadores da Parada por esse evento que já é parte indispensável da cultura da nossa cidade. Estamos aqui hoje por uma coisa muito simples, o que a gente quer é respeito e democracia. E essa parada é a expressão viva disso. Viva a diversidade. Preconceito nunca mais”. 

     Rodeada de eleitores e na companhia do ativista William Callegaro, Tabata também reconheceu a ocasião como pauta  fundamental e expressou seus sentimentos em participar da marcha. “Estou muito feliz de estar aqui em mais uma parada LGBT. Estamos aqui para reafirmar que esse evento que é a maior parada do mundo é para encher a gente de orgulho. Apesar de todas as barreiras e violência, a gente segue firme. Estou muito feliz por esse dia de celebração e de luta por direitos”, declarou em suas redes sociais. 

      O atual prefeito e pré-candidato à reeleição, Ricardo Nunes, não esteve presente na Parada e explicou o motivo de sua ausência - um retorno a um exame de endoscopia marcado na última semana. Ainda que não tenha participado, Nunes se pronunciou em suas redes sociais e comentou sobre a edição do evento: “São Paulo se orgulha de ser uma cidade que acolhe todas as pessoas sem distinção”. 

Projetos 

       Com um contrato e tema intrinsecamente ligados à política, em especial ao poder do voto consciente da população LGBT+, o evento é um marco ao passo que o governo Bolsonaro promoveu deliberadamente o sucateamento dos direitos da população. É visível e estatístico o retrocesso ao longo de seu mandato, que  promoveu o crescimento dos índices de violência e o sucateamento de diversas políticas públicas direcionadas à causa. Nesse sentido, a participação de apenas dois candidatos à prefeitura da maior cidade do país denota a falta de importância por grande parte dos candidatos, bem como a ausência de pautas em suas agendas e propostas políticas que se preocupem com a temática. 

 

Parada LGBT
Trios da parada LGBT+ iniciando trajeto na Av. Paulista às 10h00 próximo ao Trianon.  Foto por Victor Trovão 
Parada LGBT 3
Último trio da parada tematizado sobre política com cartaz de incentivo ao voto consciente da comunidade. Foto por Victor Trovão 
Parada LGBT 2
Participante da parada com cartaz em memória das vítimas da LGBTfobia. Por Victor Trovão 
A Parada do Orgulho LGBTQIAPN+ aconteceu no dia 2 de Junho e celebra o orgulho da luta da comunidade mundial e do Brasil.
por
Wanessa Celina
|
03/06/2024 - 12h

A primeira Parada LGBTQIAPN+ ocorreu em 28 de junho de 1970, nos Estados Unidos. O evento pioneiro aconteceu  um ano depois da Revolta de Stonewall, em um bar conhecido na região de Nova York como um “bar gay”, sofrendo uma violenta repressão  da polícia nova-iorquina. 

Com isso, a população LGBTQIAPN+ organizou manifestações em defesa aos direitos da comunidade e da libertação gay. Um ano depois, em memória daqueles que foram agredidos e presos no bar Stonewall Inn, 10 mil pessoas se juntaram para relembrar do acontecimento. Desde então, todo ano a comunidade LGBTQIAPN+ se reúne em diversas partes do Estados Unidos.

 

Homem segurando placa escrito ‘Dia da Libertação Gay de Christopher Street 1970’ na ruas de Nova York em 28 de junho de 1970. (Foto: Diana Davies / New York Public Library)
Homem segurando placa escrito ‘Dia da Libertação Gay de Christopher Street 1970’ na ruas de Nova York em 28 de junho de 1970. (Foto: Diana Davies / New York Public Library)

 

Já no Brasil, a história da Parada se inicia bem depois da norte-americana. Oficialmente em 28 de junho de 1997, o evento surge após anos de luta do Movimento Homossexual, como era chamado. Outras marchas com menor público já haviam acontecido anteriormente, demonstrando a resistência da Comunidade desde o início. 

Nos últimos anos da ditadura militar, no início da década de 80, ativistas da causa homossexual se juntaram para confrontar a censura imposta e a discriminação praticada contra a orientação sexual. 

O primeiro grupo militante foi criado em São Paulo, em 1978, o SOMOS. Com a presença de mulheres no movimento, ele foi importante para discussões sobre gênero e sexualidade no Brasil, como a luta contra a depreciação do termo “bichas” e “lésbicas”, as diferentes formas de relações entre os gêneros (a ideia de passivas/ativas, afeminados/masculinos), a monogamia,  e dentre outros. A partir de 1980, encontros entre grupos homossexuais são organizados e chegam a 200 pessoas reunidas só na primeira edição.

 

Grupo SOMOS na passeata contra a violência policial da Ditadura em 1978 (Foto: Reprodução/A História do Movimento LGBT Brasileiro)
Grupo SOMOS na passeata contra a violência policial da Ditadura em 1978 (Foto: Reprodução/A História do Movimento LGBT Brasileiro)

 

Entretanto, com a forte e preocupante epidemia da Aids e a mistificação de que essa era uma “doença gay”, a força do Movimento Homossexual enfraqueceu. Foram anos de luta contra o preconceito vindo de uma sociedade homofóbica, que tentava de formas infundadas relacionar a questão da saúde pública com a orientação sexual dos indivíduos. 

Além disso, é apenas em 1990 que a Organização Mundial da Saúde, retira a homossexualidade da Classificação Estatística de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID), possibilitando que alguns passos à frente fossem dados pela comunidade LGBTQIAPN+.

Finalmente, em 1997,  no mesmo dia em que ocorreu a Parada do Orgulho nos Estados Unidos, 2 mil pessoas, entre eles gays, lésbicas e transsexuais, marcharam na Avenida Paulista lutando pelo direito de viver e na luta contra a Aids. 

A festividade política esteve repleta de maquiagens no estilo da arte drag, casais andando de mãos dadas e diversas bandeiras do Orgulho.

Primeira Parada do Orgulho na Avenida Paulista em 1997 (Foto: Reprodução/Gayblog)
Primeira Parada do Orgulho na Avenida Paulista em 1997 (Foto: Reprodução/Gayblog)

Essa data corrobora em memória de todos os principais militantes LGBTQIAPN+, como o jornal O Lampião da Esquina (1978-1981),Grupo Gay da Bahia (GGB) e o Grupo Dialogay em Sergipe,  que lutaram contra a repressão da ditadura, do ódio nos dias da redemocratização e contra o preconceito e mortes que continuam agindo sobre a população LGBTQIAPN+ ainda em 2024.

O campus Perdizes, da PUC-SP, disponibilizou um acervo de 56 obras curadas por docente de Gênero e Sexualidade
por
João Curi
Luísa Ayres
|
26/03/2024 - 12h

O Núcleo Diversas T e o Coletivo Glamour anunciaram a inauguração da Biblioteca LGBTQIAPN+ da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), idealizada em parceria com a Comissão da Diversidade da Associação de Pós-Graduandos (APG PUC-SP) da universidade.

A partir da divulgação do catálogo oficial pelo Núcleo Diversas T, os estudantes puderam conhecer melhor os 56 livros já disponíveis no campus Perdizes, que podem ser transferidos conforme necessidade de empréstimo para os outros polos puquianos. Além dos títulos, é possível acessar breves resumos acerca do conteúdo de cada obra, debruçando-se também sobre seus autores.

A curadoria do projeto foi assinada por Lucas Dantas, doutorande em Educação que também atua como professore de Gênero e Sexualidade no Instituto Singularidades. Já a docente Carla Cristina Garcia, mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP e especialista em estudos de gênero e feminismo, também pôde colaborar com a sugestão das obras. 

De acordo com Lucas, a curadoria do acervo buscou mesclar obras teóricas, de ficção e poesia; bem como resgatar autorias trans e travestis, e selecionar produções contemporâneas para tratar dos temas de gênero e sexualidade de forma mais atualizada. 
 

capa de livro
"A centralização de pesquisas LGBTQIPA+ enriquece o debate acadêmico (...)", diz a docente. / Reprodução: Amazon

Títulos como “Transfeminismo”, da autora Letícia Nascimento; “Crianças Trans: Infâncias Possíveis”, de Sofia Favero; e “Ética bixa: proclamações libertárias para uma militância LGBTQ”, de Paco Vidarte; compõem a lista. As temáticas dos textos abordam diversas camadas da comunidade, em diferentes críticas, épocas e realidades, enriquecendo o repertório dedicado ao movimento. 

 

Carla ainda acredita que disponibilizar esse tipo de conteúdo à população é uma grande ferramenta no combate à desinformação e ao preconceito, incentivando a produção de novas pesquisas, o empoderamento e a autoafirmação da comunidade LGBTQIAPN+. “Um acervo dedicado à pesquisa LGBTQIPA+ torna essa comunidade mais visível no ambiente universitário, combatendo a invisibilidade histórica e promovendo o reconhecimento da sua importância e contribuições para a sociedade”, explica a mestra.

 

Vale lembrar que, desde 2021, a PUC-SP já abarcava bibliotecas temáticas negra e indígena, e que o processo de criar uma coleção que reunisse temas da comunidade LGBTQIAPN+ começou no ano passado. Segundo a analista de biblioteca Lúcia Maria dos Santos Araújo, o acervo especializado é de suma importância justamente por registrar a atualização “de todo o contexto social, tudo que envolve pessoas e as diferenças, de como é visto ou de quem se esconde atrás do preconceito”, descreve.