Temáticas são abordadas desde os anos 60 no Japão e continuam exploradas até hoje
por
LUCCA CANTARIM DOS SANTOS
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16/06/2025 - 12h

“O sonífero”, projeto criado por Lucca Cantarim, estudante de jornalismo na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) , tem por objetivo combater a visão reacionária a respeito de temas de gênero no entretenimento.

Trazendo a história da presença de personagens de diversas sexualidades e gêneros nos mangás e animes dentro da mídia japonesa, o autor trás uma reflexão leve, descontraída, porém importante a respeito de uma representatividade tão importante.

Os sete artigos que compõem o projeto estão disponíveis para serem lidos no site “Medium”, no perfil autoral de Lucca. Os textos contém entrevistas com pesquisadores, fãs e até mesmo leitores de dentro da comunidade LGBT que se identificam e se abrem sobre a importância da representatividade para eles.

Disponível em: https://medium.com/@luccacantarim/list/o-sonifero-d19af775653e

 

Um lugar onde a leitura também é um gesto de resistência
por
Nicole Domingos
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16/06/2025 - 12h

A literatura sempre foi um território de disputa simbólica, um espaço onde narrativas dominantes se impõem, mas também onde vozes dissidentes encontram brechas para existir. No caso da literatura LGBTQIAPN+, essas brechas são preciosas. O site palavras em trânsito, feito por Nicole Domingos, trata exatamente disso, desses pequenos espaços que já existiram e que existem hoje. É um lugar dedicado ao estudo, à crítica e à celebração da literatura LGBTQIAPN+.

Ao longo do site, vamos tratar especialmente sobre os corajosos que escrivam e gritavam dentro de deus próprios livros, ainda que estivessem dentro dos períodos de repressão, como a ditadura militar brasileira — esses autores utilizaram a palavra como forma de resistência.

A literatura não apenas narra experiências — ela reescreve a história a partir de corpos e afetos antes excluídos. Ela cura feridas simbólicas, questiona heranças opressoras e cria novos imaginários de existência. Ao nos colocar diante de personagens que amam, sofrem, resistem e sonham fora da norma, ela nos lembra de algo fundamental: toda existência merece ser narrada. E lida.

Para acessar esse mundo, basta clicar no link abaixo:

https://literatura-lgbt.my.canva.site/

 

 

Alunas da UFABC e USP compartilharam suas vivências e desafios na luta por inclusão e equidade no meio acadêmico
por
Pedro da Silva Menezes
Maria Dantas Macedo
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09/06/2025 - 12h

No mês do Orgulho, podcast investiga as cotas trans nas universidades brasileiras a partir de relatos de duas estudantes trans: a Gabriela, aluna de Letras na USP,  e a Ellie, gestora do Centro acadêmico de Humanidades da UFABC, faculdade que aderiu as cotas trans em 2019. Elas expõem dificuldades, lutas e avanços, revelando por que essa política de cotas é urgente para garantir inclusão e respeito.

Influenciadora é chamada de "homem" por espectadora; confusão gerou vaias, atraso no espetáculo e intervenção policial
por
Carolina Zaterka
Manoella Marinho
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15/04/2025 - 12h

 

Malévola Alves, influenciadora digital e mulher trans, denunciou ter sido vítima de transfobia no Teatro Renault, em São Paulo, no dia 26 de março de 2025, ao ser tratada pelo pronome masculino e chamada de “homem” por uma espectadora. O incidente ocorreu antes do início do musical “Wicked”. Malévola, com mais de 840 mil seguidores, publicou trechos do episódio em suas redes, que rapidamente viralizaram.

Segundo relatos de testemunhas e da própria vítima, a confusão começou quando Malévola esperava uma nota fiscal e a mulher atrás dela mostrou impaciência. As duas trocaram palavras e, ao se afastar, a mulher teria gritado "isso é homem ou mulher?" em sua direção. A vítima então se sentiu ofendida e levou a denúncia à plateia, apontando a espectadora como autora do ataque transfóbico, causando um tumulto que paralisou a plateia.

A reação do público foi de imediato apoio a Malévola, com vaias à agressora e pedidos para que ela fosse retirada do teatro. “A gente não vai começar a assistir a um espetáculo que é extremamente representativo para a diversidade com uma mulher dessa aqui. Não faz o menor sentido”, afirmou um dos espectadores durante o protesto.

Diante da pressão da plateia, a apresentação atrasou cerca de 30 minutos. A mulher acusada acabou saindo do teatro sob escolta policial, levada à  delegacia para realizar um boletim de ocorrência, recebendo aplausos e vaias dos demais presentes. Miguel Filpi, presente no evento, celebrou nas redes sociais: “Justiça foi feita!! Obrigado a todo mundo nessa plateia que fez a união para que isso acontecesse.”

Carlos Cavalcanti, presidente do Instituto Artium (Produtor do musical), pediu desculpas pelo ocorrido antes de dar início ao espetáculo: “Peço desculpas por esse acontecimento e por esse atraso. Tudo o que a gente pode admitir, é bom que a gente admita na vida, mas transfobia em Wicked, não dá”. A atriz Fabi Bang, também se manifestou durante e após o espetáculo: “Transfobia jamais” - uma improvisação durante a música “Popular”.

 

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Fabi Bang, atriz que interpreta Glinda, em apresentação do musical. Foto: Blog Arcanjo/Reprodução

Viviane Milano, identificada como a espectadora acusada, negou as acusações em um pronunciamento, alegando que a confusão na fila da bombonière não foi sobre identidade de gênero, mas sobre uma tentativa de furar fila. Ela afirmou: “Perguntei em voz alta: ‘Era o homem ou a mulher que estava na fila?’”, dizendo que sua pergunta foi mal interpretada.

A produção de Wicked e membros do elenco reiteraram seu compromisso com a diversidade e repudiaram o incidente. A nota oficial da produção destacou: “Nosso espetáculo é e continuará sendo um espaço seguro para todas as pessoas, independentemente de identidade de gênero ou orientação sexual.”

Participante do BBB23, Fred Nicácio, reconhecido por seu engajamento em questões de saúde pública e direitos humanos, apesar de usar categorias, ela expressa inclusão e visibilidade
por
Rainha Matos
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28/06/2024 - 12h

A expansão da sigla no movimento LGBTQIA+ pode até causar confusão, mas não para Fred Nicácio, médico brasileiro reconhecido por seu engajamento em questões de saúde pública e direitos humanos. Ele defende que, "embora o ideal fosse não categorizar, a nomenclatura atual é crucial para inclusão e visibilidade". Fred enfatiza que esse reconhecimento não deveria ser necessário no futuro, quando esperamos que todos sejam vistos simplesmente como pessoas.

Ele apontou avanços na representação LGBTQIA+ na mídia, mas também criticou "o persistente tabu que limita a aceitação de atores LGBT em papéis principais, por medo de repercussões na carreira". Ele sublinha a importância de valorizar o talento e personalidade das pessoas, independentemente de sua orientação sexual.

Nem tudo é otimismo. Fred Nicácio destacou a gravidade dos índices de LGBTfobia e mencionou sua própria experiência com testemunhos de violência. Ele ressalta a necessidade de políticas públicas e leis rigorosas para proteger a comunidade e reduzir esses crimes.

Como figura pública, o médico precisa lidar com críticas, e por isso adotou uma postura de positividade, aceitando críticas construtivas apenas daqueles que têm algo construtivo a oferecer. Ele enfatizou a importância de uma crítica fundamentada em realizações pessoais e ignorou críticas vazias e infundadas.

Além de sua atuação na saúde e na visibilidade LGBTQIA+, Fred ganhou destaque nacional ao participar do reality show "Big Brother Brasil 23" (BBB23), ampliando sua plataforma para discutir questões de grande relevância social. Sua voz continua sendo uma importante influência tanto na esfera pública quanto nas redes sociais, onde ele continua a promover o debate e a conscientização sobre direitos e igualdade.

Homens Trans precisam lidar com a menstruação, além disto, muitos são afetados pela pobreza menstrual.
por
Laís Bonfim Carnelosso
Sophia Dolores
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17/05/2022 - 12h

Pobreza menstrual é conceituada como a falta de cuidados adequados com a menstruação causada pela dificuldade de acesso a insumos de saúde, tais como: absorventes internos e externos, artigos pessoais de higiene pessoal, além de acesso a saneamento básico e informação de qualidade sobre o assunto.

                                       

Pilares da pobreza menstrual

 

O ginecologista e professor Vitor Henrique de Oliveira, em entrevista para o Jornal Agemt, aponta que as pessoas afetadas por esse fenômeno habitualmente encontram-se em vulnerabilidade social e econômica. Além disto, o médico acrescenta que trans masculinos são afetados por diversos fatores sócio-culturais, dentre eles: a situação de violência e vulnerabilidade em domicílios, a alta taxa de desemprego e a disforia de gênero, que seria um sofrimento psíquico significativo importante, que afeta alguns homens trans.

Por conta da vulnerabilidade, transfobia e violência dentro dos lares, muitos trans masculinos são expulsos de casa. Como prova desta situação, o censo levantado entre Outubro e Dezembro de 2021 sobre a população de rua da cidade de São Paulo, revelou que homens e mulheres trans, travestis, pessoas agêneros ou não binários representam 3% da amostra total. Os dados demonstram a importância de instituições de acolhimento como a “Casa1”, que cuida mensalmente de aproximadamente 3.500 pessoas trans em situação de rua.

Além disso, os números também são reflexo da alta taxa de desemprego. De acordo com a pesquisa da plataforma #VoteLGBT, em parceria com a Box1824, no ano de 2021, a taxa de desemprego das pessoas trans no Brasil foi de 20,47%; com a perda de renda na pandemia esse percentual subiu para 56,82%. A pesquisa ouviu entre 28 de abril e 23 de maio de 2021, mais de 7000 pessoas LGBT+. 

Salvo os problemas expostos, o ginecologista ainda aborda sobre como a disforia de gênero contribui para a pobreza menstrual: “Pacientes que têm disforia de gênero podem ter uma relação muito ruim com a menstruação, inclusive negar a existência da menstruação, às vezes, o sofrimento psíquico é tão grande que tudo que se relaciona com a menstruação é negado, incluindo a higiene básica”. Isso ocorre por conta da ligação que a menstruação tem com o gênero feminino, frases populares como “virou mocinha" fomentam esse vínculo. 

O médico ainda acrescenta que o nível de incômodo e auto aceitação varia de paciente para paciente. “[...]  às vezes existe uma expectativa de ter um corpo, mas a realidade que a gente consegue através dos tratamentos estéticos não consegue atingir o esperado, então percebemos que essa é uma dor que existe na população trans, mas que é uma dor da população em geral, cis, trans, não binára, independente. Em relação a menstruação, especificamente, a principal queixa varia muito de paciente para paciente, tem paciente que lida muito bem com a própria menstruação e tem paciente que não lida bem, vai depender do grau de incômodo e do grau de disforia.”

Segundo o professor e ginecologista: “A comunidade médica não está preparada para lidar com essa situação porque quando se trata de transexualidade, transgênero ou transvertigeneri , o conhecimento está se aprimorando e desenvolvendo muito nos últimos anos. Até pouco tempo, a transexualidade era considerada um distúrbio psiquiátrico e constava no Código Internacional de Doenças Mentais, então, é muito recente;  nós sabemos que  toda cultura leva um tempo para se transformar.”

Ele aponta também que a atual geração de médicos é mais preparada para lidar com esses pacientes de maneira empática, resolutiva e jurídica. Entretanto, alega que eles representam uma pequena parte da comunidade médica, sendo assim, é necessário haver uma campanha para transformar a educação médica e trazer essas pautas para o ensino da profissão.

Em matéria veiculada pela Folha de S. Paulo, intitulada “Preconceito é determinante para pobreza menstrual em homens trans” é apontado, por Luca Scarpelli, a necessidade de desvincular a menstruação da biologia das identidades de gênero. O publicitário e dono do Canal Transdiário enfatiza em seus vídeos e redes sociais sobre menstruação em linguagem que engloba todos os gêneros.

Alinhada com a luta pelo reconhecimento desta pauta, a vereadora Erika Hilton ( PSOL) requereu a mudança no texto da lei que cria o programa municipal de distribuição de absorventes para que não faça referências apenas ao gênero feminino. Por conta disso, no dia 13 de maio de 2022, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) determinou que estudantes trans masculinos sejam incluídos no programa.

 

O mercado e produtos para pessoas trans

 

A inclusão de pessoas trans no mercado de consumo está cada vez mais próxima de ser concretizada devido às marcas idealizarem produtos que vão além do que já se conhece. É o caso da marca “Pantys”, conhecida no universo feminino e que  lançou uma cueca absorvente voltada para homens trans e pessoas não binárias. O produto tem como objetivo atender a necessidade de todos que não se identificam com produtos menstruais femininos. Maria Eduarda Camargo, sócia  da marca, em entrevista para a Revista Vogue, conta que é um processo de inclusão e acolhimento na sociedade. “Queremos que todos se sintam acolhidos durante a menstruação. Hoje, os produtos menstruais disponíveis no mercado são feitos para mulheres e reforçam a comunicação pensada para um público feminino, porém essa é uma questão séria para os homens que menstruam.” 

É importante reconhecer a ampliação da visibilidade trans e o seu crescimento no espaço comercial. A conscientização, principalmente das marcas dedicadas as pessoas trans, estimula o desenvolvimento de produtos mais acessíveis para este mercado, É o caso da “T Boy”, grife brasileira com foco no desenvolvimento de produtos para esse nicho. Pr Idealizada pelo gaúcho David Zimmerman, homem trans, a loja surgiu da necessidade de produtos especializados para esse público. A menstruação não possui gênero e é de extrema importância promover a saúde e inclusão para todas as pessoas que menstruam.

 

Luta transsexual
Fonte: Jota


 

A falta de representatividade no mercado e na mídia. 

 

Ser uma pessoa transexual no Brasil é uma luta por sobrevivência em vários quesitos. A exclusão social marca todas as etapas da vida dessas pessoas em diferentes grupos e ambientes, sejam eles família, escola e no mercado de trabalho. No ano 2021, o programa Fantástico, da TV Globo, exibiu uma reportagem sobre pobreza menstrual que tratava sobre a falta de informações e recursos para o acesso a produtos básicos durante o período da menstruação. Durante a exibição da reportagem, os jornalistas descreveram a menstruação como “um processo natural da biologia do corpo feminino”.

Em entrevista ao jornal “Ponte”, o jornalista Caê Vasconcelos, homem trans, cita que em pleno 2021 ainda há transfobia no jornalismo. “É a terceira vez que falo sobre o assunto e recebo ataques. É assustador porque agente ficou tanto tempo invisibilizado..., as pessoas não sabendo o que é um homem trans, não sabendo sobre a existência dos nossos corpos e agora que podemos usar a internet para falar um pouquinho sobre as nossas vivências, a galera não quer aprender”, desabafa. Frases como “nasceu no corpo errado”, “era menina e virou menino”, “gravidez é coisa de mulher” acabam fazendo parte do dia a dia de um homem trans. 

Em carta manuscrita em espanhol, Papa Francisco afirma que “Deus é Pai e não renega nenhum de seus filhos”.
por
João Curi
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13/05/2022 - 12h

Na segunda-feira, 9/05, o padre jesuíta James Martín publicou em seu site “Outreach” uma breve entrevista com Papa Francisco a respeito de algumas perguntas comuns de fiéis católicos LGBTQIA+. O Santo Padre respondeu por meio de uma carta manuscrita, em espanhol, afirmando que “Deus é Pai e não renega nenhum de seus filhos. E o ‘estilo’ de Deus é a ‘proximidade, misericórdia e ternura’. Ao longo deste caminho vocês encontrarão Deus”. 

Na carta, o Papa Francisco também recomenda a leitura do livro Atos dos Apóstolos, o qual, segundo ele, representa “a imagem da Igreja viva”. Em resposta mais cuidadosa direcionada aos católicos LGBTQIA+ que se sentiram rejeitados pela instituição religiosa, o Santo Padre destaca o papel da Igreja em reunir todos os seus filhos e cita a parábola do Grande Banquete [Mateus 22:1-14 e Lucas 14:15-24]. “Uma Igreja ‘seletiva’, de ‘puro sangue’, não é a Santa Madre Igreja, mas sim uma seita”, conclui. 

Não foi a primeira vez que James Martín recebeu uma carta do Papa. Em junho de 2021, o Pontífice reconheceu seu trabalho pastoral dedicado à comunidade LGBTQIA+,com uma carta manuscrita que encorajava o ministério do presbítero jesuíta. “Você é um sacerdote para todos e todas, como Deus é Pai de todos e de todas. Rezo por você para que possa continuar assim, sendo próximo, compassivo e com muita ternura”. 

Padre James Martin, presbítero jesuíta e assessor do Vaticano.
James Martín, presbítero jesuíta. (Reprodução/Outreach)

Em 2017, Papa Francisco nomeou o sacerdote James Martín como consultor da Secretaria de Comunicações do Vaticano. 

A série estreou com sucesso de audiência e repercutiu também nas vendas da graphic novel que inspirou a trama.
por
João Curi
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11/05/2022 - 12h

A série original da Netflix “Heartstopper” estreou no dia 22 de abril de 2022. O enredo é uma adaptação da graphic novel (romance gráfico) homônima, além de outras tramas da escritora e ilustradora inglesa Alice Oseman, que atuou como produtora executiva e roteirista. 

Alice Oseman, com sua série de graphic novels.
Alice Oseman e sua série de graphic novels. (Reprodução/Pinterest).

Com direção de Euros Lyn, a produção LGBTQIA+ apresenta um romance, recheado de autodescobertas e aceitação, vivenciado por dois garotos durante o ensino médio. Charlie Spring (Kit Connor) e Nick Nelson (Joe Locke) são protagonistas do título que agradou fãs e críticos já nas primeiras semanas de exibição.  

O elenco ainda conta com a atriz Olivia Colman, que já ganhou três vezes o Oscar, e com a atriz britânica de apenas 18 anos, Yasmin Finney, que interpreta a Elle. “Uma garota trans, preta, que está na escola – ela sou eu, basicamente”, respondeu a jovem à Variety. “Foi uma sensação de ‘essa é a minha vez’. Essa é a vez da comunidade trans de ter alguém com quem se identificar na mídia”. 

Com apenas oito episódios, a série já alcançou 100% de aprovação da crítica especializada no Rotten Tomatoes e, atualmente, detém 98% na pontuação média da audiência. O sucesso da produção desencadeou, outra vez, o “efeito Netflix” no mercado literário. Assim como ocorreu com Bridgerton, lançada em dezembro de 2020, os três livros adaptados pela série alcançaram, já na semana de estreia da primeira temporada, o topo das listas brasileiras de mais vendidos na categoria infantojuvenil, segundo levantamento da Publish News.  

Entre 18 e 24 de abril, as graphic novels “Dois garotos, um encontro” (volume 1), “Um passo adiante” (volume 3) e “Minha pessoa favorita” (volume 2) estiveram entre os 15 livros mais vendidos na categoria geral, ocupando a quarta, décima e décima-primeira posições, respectivamente. Com apenas uma semana de lançamento da produção no streaming, o número de exemplares vendidos duplicou, somando mais de 6.500 unidades no total e elevando os dois primeiros volumes à segunda e à terceira posições do ranking geral. 

Enquanto isso, entre os dias 25 de abril e 1º de maio, “Heartstopper” acumulou quase 24 milhões de horas em visualizações no streaming, segundo números divulgados pela Netflix em suas redes sociais. 

Ainda, aproveitando o sucesso da série e, consequentemente, dos livros aqui no Brasil, a Editora Seguinte anunciou o lançamento do quarto volume do romance gráfico. Intitulada “Heartstopper: De mãos dadas”, a sequência chegará às lojas brasileiras ainda em junho deste ano. 

Reunidos em frente ao local, participantes contestaram medida judicial que fechou o Museu e adiou abertura de exposição
por
Danilo Zelic
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05/05/2022 - 12h

No sábado passado (30) por volta das 15h, funcionários do Museu da Diversidade Sexual e movimentos LGBTQIA+ se reuniram em frente ao seu espaço localizado na estação do metrô República, no centro de São Paulo, para protestar contra o fechamento do equipamento e o adiamento da nova exposição que seria inaugurada no mesmo dia, Duo Drag, mostra que reúne 50 fotografias de Drag Queens presentes na cena paulistana no final da década de 80. O projeto conta com o trabalho do fotógrafo Paulo Vitale e tem curadoria de Leonardo Birche.

Segundo nota divulgada pelo Museu, seria realizado no evento o lançamento do livro com retratos produzidos por Vitale e a exibição de um vídeo composto de entrevistas com as protagonistas da exposição. Por conta do adiamento da mostra, o público interessado tem acesso aos trabalhos exibidos na exposição no site do projeto, como os ensaios fotográficos e a série de depoimentos das Drag Queens.

Cartazes colados na manifestação contra o fechamento do Museu - Foto: Danilo Zelic
Cartazes colocados durante a manifestação contra o fechamento do Museu - Foto: Danilo Zelic

O fechamento do espaço foi realizado após o questionamento feito pelo Deputado Estadual Gil Diniz (PL), conhecido como “Carteiro Reaça”, integrante da base bolsonarista na capital paulista.

No dia 8 de abril, Diniz protocolou uma denúncia envolvendo possíveis irregularidades administrativas cometidas pela Organização Social que mantêm o Museu, Instituto Odeon, questionando o repasse executado pelo Governo do Estado no valor de R$30 milhões destinados a OS, incluídos R$ 9 milhões para a ampliação e manutenção do espaço. Na sexta (29), dia anterior a abertura da exposição, a justiça determinou a suspensão do contrato entre a Secretaria de Cultura do Estado e o Instituto Odeon.

Não é a primeira vez que a OS é alvo de ações judiciais sobre possíveis atos de uma má administração. Anteriormente, teve o contrato rompido quando era responsável pelo Theatro Municipal, que segundo reportagem do site Carta Capital, “foi devido à ausência do repasse de R$ 600 mil em valores de bilheteria, que teria sido apropriado indevidamente por empresa terceirizada”.

Coovereadora Carolina Iana (Psol), discursando na manifestação - Foto: Danilo Zelic
Covereadora Carolina Iana (Psol), discursando na manifestação - Foto: Danilo Zelic

Presente na manifestação, a vereadora e integrante da Bancada Feminista do PSOL, Carolina Iara, relatou à reportagem que a decisão tomada pelo poder judiciário “foi sim LGBTfóbica” e ação efetuada por Diniz “é algo que está no sentido de perseguir às pessoas LGBTQIA+”, citando outras situações que visam a comunidade, como foi o caso da proibição em escolas e documentos oficiais de linguagem neutra no estado de Mato Grosso do Sul.

De acordo com Iara, os editais são fundamentais para a movimentação e gestão de espaços culturais públicos, avaliando que há dois problemas quando se trata do funcionamento dos centros de cultura: “o problema de estatização e a falta de dinheiro dos serviços públicos de cultura”.

Em nota publicada pelo Instagram, a Parada do Orgulho LGBT de SP, ONG responsável pelo evento na cidade, analisa que a decisão tomada pela justiça foi um “ato administrativo ilícito”, se referindo como inadequada a escolha da Secretaria da Cultura e Economia Criativa do Estado de permitir que a Odeon administrasse o Museu.

“As verdadeiras culpadas por todo esse processo que culminou com o fechamento do Museu são a Secretaria de Cultura do Estado e a Odeon, organização que foi escolhida para administrar o Museu e que possui pendências com a justiça”, afirma a nota.

Observando a partir de uma perspectiva jurídica, Danilo Cavalcante, estudante de Arte: História, Crítica e Curadoria da PUC-SP e Direito da USP e integrante do Núcleo de Direito à Cultura da instituição, em entrevista à AGEMT, entende que o poder judiciário “pode ser usado como um instrumento de poder, um instrumento unilateral de tomada de decisões”.

TchaKa, Drag Queen presente nos retratos da exposição - Foto: Danilo Zelic
TchaKa, Drag Queen presente nos retratos da exposição - Foto: Danilo Zelic

 

“Demonstra como nós podemos julgar concretamente o governo federal e o governo estadual, como promotores de ações contrárias a uma minoria política específica, que no caso a minoria LGBTQIA+”, diz Cavalcante.

Prestes a completar 10 anos, a expansão do local significaria um salto para exposições mais elaboradas e a possibilidade de receber um público maior. Falando sobre o significado desse projeto, o estudante, que também é membro do Coletivo LGBTQIA+ da PUC-SP, aponta que é “fundamental nesse ponto de alcançar mais público para um questionamento de quais são as políticas LGBTs acontecendo nesse momento”.

“Que a gente tenha cada vez mais pessoas, cada vez um público maior e diverso, tendo contato com curadorias que tragam objetos LGBTs, que tragam a história e a resistência LGBT”, continua. Na mesma direção da vereadora, o estudante ressalta que a finalidade do museu pode ser “repensar as políticas de desmonte da inclusão LGBT em diversos setores da sociedade, em um presente que a gente tem, principalmente, um governo genocida, contra essa população”.

Em nota divulgada, a Secretaria de Cultura do Estado diz que “a seleção da organização social responsável pela gestão do Museu da Diversidade Sexual seguiu a legislação vigente e todas as normas de convocação pública. Ela aconteceu entre outubro e dezembro de 2021 e a organização social escolhida apresentou toda a documentação necessária”.

 

O longa de Chloé Zhao venceu um dos principais prêmios da categoria no GLAAD Media, neste sábado , 02/04.
por
João Curi
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07/04/2022 - 12h

Apesar da baixa aprovação da crítica, a produção dos Estúdios Marvel “Eternos” (2021) arrecadou o prêmio de “Filme Marcante” na edição deste ano do GLAAD Media, apresentada neste sábado, 02/04. A premiação tem por objetivo reconhecer a importância da representatividade LGBTQIA+ em diferentes ramos da mídia.  

O longa, dirigido por Chloé Zhao, foi o primeiro da categoria de super-heróis da Marvel a apresentar uma cena de beijo entre duas pessoas do mesmo gênero. Depois de mais de vinte lançamentos assinados pelo estúdio, o herói Phastos (Brian Tyree Henry) e seu marido, Ben (Haaz Sleiman), foram introduzidos como o primeiro casal gay assumido do Universo Cinematográfico da Marvel. 

Em contrapartida, em março deste ano, a Disney esteve envolvida em uma polêmica sobre o mesmo tema. Após denúncias de funcionários da Pixar, publicadas em comunicado pela Variety, foi revelado que a companhia exigiu a edição de “quase todos os momentos de afeto abertamente gay”, apesar da manifestação contrária de equipes criativas. 

No mesmo mês, o CEO da Disney, Bob Chapek, declarou seu posicionamento diante das doações direcionadas a políticos favoráveis a um projeto de cunho LGBTQIAfóbico que circula nos Estados Unidos. A lei HB 1557, apelidada “Don’t Say Gay”, foi recentemente aprovada no estado da Flórida e visa proibir o reconhecimento de pessoas LGBTQIA+ por escolas e professores, além de impor a exposição de alunos “abertamente” queer aos pais e responsáveis. 

Chapek respondeu, em comunicado, que a companhia “trabalhava nos bastidores” para conseguir vetar a lei e que compreende que “a abordagem original, mesmo bem-intencionada, não cumpriu sua função”. Segundo a Deadline, o CEO ainda prometeu doar US$5 milhões à causa LGBTQIA+ e anunciou interesse em se reunir com o governador da Flórida, Ron DeSantis, para tratar melhor a questão. 

No final de março, a conversação entre Chapek e DeSantis parece não ter avançado, ao que o governador deu uma declaração contrária às expectativas da companhia. “Este estado é governado pelos interesses da população da Flórida. Não é baseado nas demandas de corporações executivas da Califórnia. Eles não comandam este estado”.