Os impactos das mudanças no dia-a-dia dos pacientes e profissionais de saúde
por
Bianca Novais
Maria Eduarda Camargo
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20/11/2023 - 12h

Por Bianca Novais (texto) e Maria Eduarda Camargo (audiovisual)

 

Em um mundo pós-pandemia de Covid-19, os cuidados com a saúde deixaram de fazer parte de uma seção especial dos jornais e passaram a figurar entre os assuntos principais do cotidiano. Com a popularização dos nomes e marcas das indústrias farmacêuticas que desenvolveram e comercializam vacinas contra o coronavírus, a população passou a ficar mais atenta a outras informações sobre os produtos de saúde que consomem, em especial, medicamentos.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) publicou em 12 de dezembro de 2022 a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 768, que estabelece novas regras para rotulagem de remédios. Kim Gonçalves, coordenador de Assuntos Regulatório de uma multinacional farmacêutica, nos conta como tem sido o processo de atualização.

 

 

Apesar da Covid-19 ter trazido mais foco para a indústria da saúde e sua regulamentação, a atualização da rotulagem era uma pauta da ANVISA há muitos anos e foi justamente a pandemia que atrasou esse processo.

 

 

 

Uma das novidades que pode ser mais perceptível ao consumidor é a "substituição" da bula de papel pelo código bidimensional: um tipo de código de barras que possui capacidade melhor de armazenar dados, inclusive dados maiores, do que códigos lineares - algo como o CPF de cada unidade do medicamento, um número de identificação próprio -, que poderá ser acessado pelo paciente através da internet.

Este é um ponto de atenção para Kim, uma vez que o acesso às tecnologias digitais no Brasil está longe do ideal. Apesar disso, a substituição é viável para a estrutura informacional que temos no país hoje:

 

 

Outro legado da pandemia, infelizmente, é o uso incorreto de medicamentos e a automedicação. Para além dos conflitos políticos e ideológicos travados durante o período da doença, que vitimou mais de 700 mil brasileiros até a redação desta reportagem, segundo o DataSUS, o perigo do mal uso de remédios não se limita ao indivíduo, mas a toda sua comunidade. A atualização das rotulagens de medicamentos também ajuda pacientes e profissionais da saúde - médicos, farmacêuticos, enfermeiros, cuidadores, psicólogos e muitos outros - a combaterem os efeitos desta outra pandemia - a de desinformação.

 

 

 

 

Na rotina do Instituto para Cegos cada som, toque e aroma ganham vida como conexões sensoriais
por
Sophia Dolores
Mariana Melo Castilho
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20/11/2023 - 12h

Ser capaz de reconhecer o som de cada carro estacionando e já esperar a visita no portão de braços abertos. O Seu Chizu e o Zé Carlos fazem isso diariamente. O Tunico e o Mathias sabem qual é, exatamente, sem errar nenhum ingrediente, o almoço que será servido no dia, antes mesmo de ser servido. A Ana e o Olavo acertam o nome da pessoa para quem dá a mão sem antes vê-la. Esses são os seis moradores do Instituto para Cegos Santa Luzia.

Instituto
Seu Zé Carlos (Foto: Mariana Melo Castilho)

Eles acordam entre 6h30min e 7h00min da manhã, tomam um café coado com bolinho de fubá, e partem para ginástica, localizada no pátio central, que fica entre a “casa dos quartos” e a “casa geral". Durante a prática da atividade física, cada um obedece seu próprio ritmo, com uma música de fundo e muita animação, a professora Dayane, fala o nome de cada exercício e descreve como executar, apesar de todos já conhecerem de cabo a rabo a sequência passada todas as segundas, quartas e sextas.

Após a prática dentro dos muros, chega a hora de caminhar pelas ruas da cidade de Araçatuba. Tonico diz que não vai sair "nesse sol". Ele afirma que está cego mas não está doido. O restante segue rumo à Avenida Pompeu de Toledo. Ao longo do trajeto, as mãos esquerdas vão apoiadas na parede, guiados pela voz da instrutora e por seus conhecimentos da área, prestam atenção a cada som, e percebendo cada desnível da calçada, o silêncio só é interrompido pela falação eterna do Zé Carlos, sempre com alguma piada pronta ou comentário pensado.

Voltando para a habitação é chegado o momento do almoço. A essa hora, todos já conseguiram sentir o cheiro do que foi preparado e sabem o menu, cada um pega seu prato de plástico para serem servidos pela Patrícia, cozinheira do Instituto. As mesas de madeira são compridas com espaço para todos sentarem juntos.

Instituto
Seu Chizu (Foto: Mariana Melo Castilho)

Um por um eles se levam e seguem para o quarto, saindo da “casa geral”, a qual abriga a cozinha, o refeitório, a sala de visitas e uma segunda sala para a parte administrativa, com computador e telefone, passam pelo pátio e vão a caminho da “casa dos quartos”, com oito quartos individuais. Para a organização do tráfego, a direita é ida e a esquerda é a volta, assim evitam acidentes de colisão na via de duas mão que é o longo e largo corredor no centro da morada.

            O descanso sagrado tem fim quando a professora de braille aparece para a aula. Como rotina, todas as terça e quintas-feiras, acontecem as classes pela parte da tarde, algumas vezes, outros deficientes visuais vão ao a entidade aprender também. Os que fazem as leituras com maestria utilizam o tempo para ajudar os outros e conhecer novos livros e histórias.

Terminando a lição, depois de um dia todo juntos, Seu Chizu conta do seu tempo como ajudante de seus pais na feira, como ia para chacará ajudar seu pai a colher o que seria vendido no dia seguinte e como não teve a escolaridade completa por não terem a assistência de que ele precisava quando criança, hoje em dia sua irmã insiste para o levar para morarem juntos em outra cidade, “com tudo do bom e do melhor” mas ele nega por já ter uma casa com tudo que precisa.

Zé Carlos relata seu acidente de moto que aconteceu depois de um dia de trabalho no escritório de contabilidade, e fala das várias cirurgias falhas para tentar recuperar sua visão, com 26 anos, preferiu ir viver no Instituto de Cegos, longe de sua família, para ter uma vida ajustada a suas necessidades “sem atrapalhar ninguém" . Seu Olavo ensina que a diabetes é uma das causas para a cegueira, e sobre como isso é comum, Ana, sua esposa, também passou pela mesma situação e hoje tem lar na fundação.

Instituto
Instituto para Cegos Santa Luzia (Foto: Mariana Melo Castilho)

Nesse momento o lanche da tarde fica pronto e eles vão comer, provavelmente depois da comida tem mais tempo livre até o jantar e antes das 19h00min estão deitados para dormir e assim, no dia seguinte, a rotina continua como na semana anterior, e a próxima será como esta, e assim, passei quase um dia todo observando com os olhos e sendo observada pela voz, pelo toque, pela força das passas, me encantei pela calma da vida levada com tempo para estar presente e, pela primeira vez, passei horas sem escutar nenhuma reclamação, tirando a parte do sol, estava muito quente mesmo.

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Experiência de família com filho autista de 12 anos reacende o debate sobre a inclusão de pessoas no Transtorno do Espectro Autista.
por
Thiago Pereira
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14/11/2023 - 12h

Nos últimos meses, ganhou espaço na mídia o fato de um casal que teve sua entrada no estádio do Mangueirão para assistir a partida entre Remo e Corinthians barrada. O evento aconteceu na quarta-feira, dia 12/04 e, na ocasião, Luíza Flores e Amário Fernandes estavam com seu filho: Daniel, de 12 anos e autista.

 

Segundo Amaro, foram comprados três ingressos de visitantes no valor de R$200,00 cada, porém, devido à grande excitação dos torcedores em torno do jogo, uma confusão foi formada nos arredores do estádio e, por isso, a diretoria do Clube do Remo decidiu fechar os portões e impedir a entrada de mais torcedores, inclusive aqueles que apresentavam ingresso. Em nota, a diretoria do clube negou as acusações e afirma que registrou um boletim de ocorrência para apurar o caso e encontrar os responsáveis, que devem “responder dentro dos limites da lei”.

 

"Compramos três ingressos de visitantes, cada um por R$ 200,00, e não vamos poder assistir ao jogo porque o Clube do Remo fechou o estádio e ninguém entra mais. Meu filho, que tem Autismo, não vai poder ver o jogo do Corinthians, não vai poder ver o time dele. Ele passou a semana inteira falando que ia ver o Corinthians, mas não vai poder por determinação do Clube do Remo, é isso que está acontecendo hoje no Mangueirão", desabafou Amário.

 

O autismo:

 

Na ocasião relatada, mais pessoas tiveram suas entradas barradas no estádio, porém, os prejuízos e consequências que isso pode trazer para uma criança autista podem ser muito maiores devido à alguns fatores relacionados ao transtorno.

 

O Transtorno do Espectro Autista é uma condição neurológica que afeta a comunicação, o comportamento social, a percepção dos sentidos e pode resultar em interesses restritos e repetitivos. Para crianças autistas, a rotina e a previsibilidade são fundamentais e desempenham um papel significativo em suas vidas, como se fossem uma fonte de conforto e estímulo.

 

Dentro dessa condição, existem diferentes níveis de suporte. Significa dizer que um autista nunca será igual ao outro e sempre terá habilidades, dificuldades e características únicas. Mesmo assim, é muito comum que eventos onde ocorra quebra de expectativas sejam muito estressantes.

 

É o caso de Daniel, que esperava ansiosamente para ver seu time de coração em campo e teve um profundo impacto ao ser barrado. Nesses casos, a carga emocional pode ser tão grande a ponto de gerar crises de agressividade e desligamento.

 

A sala sensorial:

 

O Mangueirão, palco da polêmica, possui em seu interior uma sala destinada ao uso exclusivo de pessoas que estão no espectro autista. O local, denominado “espaço TEA” e mantido pela Cepa (Coordenação Estadual de Políticas para o Autismo do Pará), tem como objetivo ser um lugar onde crianças, jovens e adultos possam se sentir confortáveis e se regular sensorial e emocionalmente, já que o ambiente da arquibancada e da torcida é muito estimulante e pessoas dentro do espectro podem ser mais sensíveis a esses estímulos.

 

Ao passo que algumas pessoas nas redes sociais começaram a apontar uma suposta incoerência no ocorrido e cobrar uma posição do órgão, Nay Barbalho, coordenadora de Políticas Públicas Para o Autismo, fez um posicionamento sugerindo que o governo não tem responsabilidade sobre o caso, uma vez que é responsável apenas pelo funcionamento do 'espaço TEA', do lado interno do Mangueirão.

 

"É importante que a gente coloque as responsabilidades de cada um nessa problemática. A Secretaria de Saúde, por meio da Coordenação Estadual de Políticas para o Autismo, é responsável pelo 'espaço TEA', tanto do lado A, quanto do lado B. Lá, vão ter acesso pessoas que já estão dentro do estádio. O ingresso que elas comprarem, onde elas comprarem, do time que elas comprarem - isso não nos cabe. Nos cabe receber as pessoas lá dentro e dar todo o atendimento, acolhimento, tecnologias assistivas para que pessoas autistas possam estar dentro daquele espaço".

 

As problemáticas:

 

Deixando de lado a responsabilidade pelo acontecido, temos um fato: Daniel, um menino autista de 12 anos, foi afetado e prejudicado pelo que ocorreu. Alegações dos pais e dos que saíram em defesa do menino afirmam que era de se esperar que os funcionários de um local que conta com um espaço destinado especificamente ao TEA tivessem o mínimo conhecimento sobre a condição e, dessa forma, proporcionassem um tratamento diferenciado a ele.

 

Quando se fala de inclusão, é necessário que os envolvidos conheçam as características daqueles que pretendem incluir.

 

As individualidades:

 

O autismo se manifesta de maneira singular em cada indivíduo!

 

 

Já para Douglas, pai de Dudu e frequentador assíduo das quadras de futsal com seu filho, a condição dele não afeta a ida aos jogos.

 

 

 

Foto: Dudu em partida do seu time do coração, o Magnus. / Arquivo Pessoal
Foto: Dudu em partida do seu time do coração, o Magnus. / Arquivo Pessoal

 

“O Dudu ama ir aos jogos comigo. Hoje em dia, ele até pede. Grita, vibra, comemora os gols e não liga para o barulho da torcida. Quando eu o levei pela primeira vez, estava apreensivo, mas a experiência foi ótima e o esporte se tornou um grande interesse para ele”.

 

A experiência de Daniel e seus pais no estádio do Mangueirão ressalta a importância da sociedade estudar e entender o Transtorno do Espectro Autista (TEA). A negação de entrada ao garoto de 12 anos, mesmo diante da existência de um espaço dedicado ao TEA no estádio, evidencia lacunas na compreensão e implementação de práticas inclusivas.

 

É importante que a conscientização e o treinamento se estendam não apenas aos profissionais diretamente ligados ao "espaço TEA", mas também aos funcionários que operam nos diferentes setores do estádio. A singularidade do autismo requer uma abordagem sensível e personalizada, e a falta de entendimento sobre ele pode resultar em situações muito prejudiciais, como demonstrado no caso de Daniel.

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Uma realidade socioambiental que luta contra o descuido de alimentos
por
Khadijah Calil
Lais Romagnoli
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20/11/2023 - 12h

Por Laís Romagnoli e Khadijah Calil

 

Apontado como um dos principais produtores mundiais de alimentos e colocado em décimo lugar no ranking de países que mais desperdiçam comida, o Brasil  tem a fome como um de seus maiores desafios. Hoje, milhões de brasileiros sofrem algum grau de insegurança alimentar ou passam fome diariamente e, enquanto isso, 46 milhões de toneladas de alimentos  são perdidas por ano no país. Isso significa que é desperdiçada 8 vezes a quantidade necessária de comida para alimentar 33 milhões de pessoas.  Somado à desigualdade, pobreza, negligência e falta de políticas públicas, o descuido alimentício causa a fome avassaladora no Brasil e no mundo, agonizando famílias diariamente.

Na linha de frente dessa luta contra a fome, está José Luiz Santos, de 56 anos. É em toda feira livre de terça-feira, na rua Ministro de Godói, que encontra-se  José. Esse homem, que tem mais rugas na pele do que anos de idade, vive com a preocupação de um pai que tem  quatro filhos para criar. Desempregado, José conta que perdeu seu emprego na época da pandemia e, desde então, sobrevive de “bicos”, contentando-se com um dinheiro apertado para sustentar sua família. José adquiriu assim a tática de chegar  perto do fim das feiras livres  dos bairros próximos a sua casa, para conseguir um preço mais baixo. Ele  fica até a chamada “xepa” da feira e salva as verduras e frutas que seriam jogadas fora. É com alívio que José conta os resultados de sua prática semanal, a qual ajuda na alimentação de sua família. Assim como ele, muitas pessoas são vistas pedindo para os feirantes  os alimentos que seriam descartados, ou também, já vão logo recolhendo do chão aquilo que se perdeu, que não é pouco, visto que a problemática do desperdício acontece  principalmente na fase de produção e colheita, e na indústria, ceasas e Ceagesp. 

Com o propósito de combater  esse descuido com os alimentos, a ONG Banco de Alimentos (OBA) nasceu. Fundada em 1998, pela economista Luciana Chinaglia Quintão, a ONG trabalha para distribuir  alimentos que perderam o valor de prateleira, mas que ainda são adequados para o consumo e extremamente valiosos para todos  aqueles que  necessitam. O que é coletado  em supermercados, indústrias e produtores rurais é enviado, cuidadosamente, às entidades cadastradas no projeto social. Por trás desses processos, Diana Jalonetsky, da área de sustentabilidade da ONG e atuante  no Projeto Inteligência Social, afirma  que todo o esforço do OBA possui um bom retorno, já que em  25 anos, a instituição distribuiu mais de 10 milhões de quilos de alimentos, alcançando mais de 1,45 milhão de pessoas em situação de vulnerabilidade. Apenas o processo de Colheita Urbana, fez com que a comida  coletada chegasse ao prato de 25 mil pessoas, atendidas por 57 entidades mobilizadas. Com orgulho, Diana diz que vale a pena todo tempo dedicado a atrair colaboradores sociais, utilizando assim, a comunicação e o marketing digital para expandir o propósito da ONG. 

Entretanto, a popularidade da causa mostra os verdadeiros inimigos da missão fundamental do OBA. Indagada sobre os obstáculos em seu trabalho, Diana destaca com ênfase a falta de senso sobre a sustentabilidade. Além  da  fome avassaladora, cada 1 kg de alimento jogado no lixo, 400 gramas de gás metano é gerado, mostra Diana, ao apontar  o impacto ambiental do desperdício de alimento. Para o começo de uma consciência social sustentável,  o aproveitamento integral dos alimentos é incentivado ao  invés do descarte  de partes nutritivas dos alimentos como talos, sementes e cascas, pois é possível transformá-las em receitas  nutritivas, balanceadas e saborosas. Diana ainda enfatiza com seriedade o papel de restaurantes e serviços alimentícios, que devem  garantir um planejamento eficaz das compras, para evitar perdas.  No caso de sobra de alimentos em condições adequadas para o consumo, é importante que os estabelecimentos tenham um processo regular de doação.  Por isso, a ONG Banco de Alimentos  fornece também educação nutricional às entidades sociais assistidas, por meio de atividades de nutrição totalmente personalizadas, disseminando boas práticas de manipulação e armazenamento. A colaboradora da OBA comenta ainda sobre os convênios com faculdades de nutrição, em que mais de 500 estagiários já passaram pela ONG  entregando resultados extremamente positivos.

Outro exemplo de ferramenta  é o Food To Save, criado na luta contra o desperdício de alimentos no Brasil e na América Latina. O App funciona  com estabelecimentos que selecionam  itens excedentes para montagem da Sacola Surpresa, disponibilizando para resgate na plataforma, com até 70% de desconto. Os preços são variados e você escolhe salvar uma Sacola Surpresa Doce, Salgada ou Mista. Na retirada, tem a opção de receber seu pedido via delivery, ou retirar a sua Sacola Surpresa no próprio estabelecimento onde realizou a compra. O ideal do app gera uma reflexão da forma como consumimos alimentos hoje, já que esses estabelecimentos participam com produtos perto da validade e repensam hábitos que contribuam para um futuro mais sustentável e humano.

Com isso, é inegável que nos deparamos  com um atraso socioambiental: a mudança climática, a perda da natureza, a poluição e principalmente, os milhões de pessoas em situação delicada com a fome. Essa realidade exige, desesperadamente, que empresas, governos e cidadãos de todo o mundo reduzam o desperdício de alimentos e desenvolvam uma cultura sustentável.

 

 

 

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“Acredito que não tenho problemas, resolvo todos eles. Sou muito grata por tudo e todos que tenho na minha vida. “
por
NINA JANUZZI DA GLORIA
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06/11/2023 - 12h

Júlia Viana de Sousa Silva. "Não fiquei com medo, estava animada!" disse ela com brilho nos olhos. O motivo de sua partida? A falta de emprego em Piripiri, cidade do interior do Piauí, há 34 anos atrás. Julia era o tipo de pessoa que não se deixava abater pelas dificuldades, e quando uma porta se fechava, ela estava sempre pronta para abrir outra. A piauiense saiu de sua cidade natal,  aos 20 anos, com um filho, buscando novas oportunidades.

Cidade de Piripiri- Fonte: Tripadvisor

Casou com seu marido aos 16 anos. Em 1989, seu esposo saiu da cidade do interior do Piauí e foi para Piracicaba, no estado de São Paulo, buscando oportunidades de trabalho. Três meses se passaram, até que ele conseguiu um emprego, em seguida Júlia pega seu filho e vai para um novo estado, uma nova cidade, encontrar com ele e começar uma nova vida.

“Para mim a parte mais difícil foi o clima, fazia muito frio em Piracicaba, mas de resto a gente deu um jeito” afirmou ela, reclamando da diferença entre as estações e temperaturas das cidades. “Quando um problema ou desafio aparece, eu resolvo e dou um jeito neles, estando com minha família o resto a gente corre atrás” disse ela com a voz determinada, passando resiliência e força.

Conseguiu seu primeiro emprego em uma empresa de alumínio da cidade. “Foi o emprego que consegui, a parte mais difícil foi deixar meu filho, que na época tinha 9 meses”, relata Julia. A família começou morando em uma casa alugada, na Paulicéia, bairro antigo e grande de Piracicaba.

Depois de um tempo, a família Silva conquista o sonho de se mudar para a casa própria. Porém novos desafios vieram pela frente. O bairro onde a família começou a construir seu novo lar, era em um bairro afastado da cidade, onde não havia creches para seu filho, o que fez com que ela deixasse o emprego.

Três anos se passaram, e Júlia voltou a trabalhar, mas dessa vez como doméstica. “Trabalhei em duas casas, com famílias que eram muito especiais, vi os filhos de algumas delas crescendodisse ela, relembrando com carinho das pessoas que conviveu.

A piauiense acorda todos os dias às cinco e meia da manhã, prepara o café e às sete e meia já pega o ônibus para ir trabalhar. Ela trabalha em três empregos, “Só volto para casa de noite, perto das nove e meia, e no outro dia começa tudo de novo. Mesmo a rotina sendo cansativa, gosto de todos os empregos que tenho, vou sempre trabalhar feliz porque faço algo que me deixa bem e que me deixa conviver com pessoas que gosto”.

Minha experiência mais difícil:

Aos vinte e seis anos, a piauiense teve seu segundo filho, Mateus. “Quando ele era mais novo, sofreu um acidente que mexeu muito comigo. Ele foi atropelado e quebrou várias partes do corpo, também machucou a cabeça. Ficou 21 dias na UTI, até pediram para que eu autorizasse que desligassem os aparelhos, pedi a Deus que devolvesse meu menino, mas só se ele pudesse fazer e ser quem era antes. No mesmo dia fui falar com ele, que reconheceu minha voz, perguntei: “Você sabe quem tá falando com você”, e ele murmurou. Depois disso nem os médicos acreditaram, consideraram ele um milagre, hoje ele está bem, estudando para dar aula.”

Hoje, os dois filhos trabalham, e Julia ainda ganhou uma neta, que considera uma de suas maiores bênçãos e hoje tem dez anos.

 Meu maior sonho:

Julia e seu marido depois de um tempo que se mudaram, começaram a construir a tão sonhada casa própria. A moradia é um sobrado, que por dentro foi finalizado, porém por fora ainda não é rebocada. “Meu maior sonho agora é trabalhar bastante para que eu possa finalizar por completo minha casa, que por fora ainda não está pronta” afirma ela com tom perseverante e animado.

“Acredito que se a gente correr atrás, batalhar e ter fé, acreditando nos caminhos que aparecem pra gente, podemos dar conta de qualquer problema.” conta ela, dizendo que vir para Piracicaba foi um dos maiores presentes que teve em sua vida, lugar onde ela construiu sua família e realizou suas conquistas.

Por: Nina Januzzi da Gloria

 

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Segundo economista e professor de economia da PUC-SP, o cenário é desafiador e é necessário haver espaço fiscal
por
Letícia Coimbra
Luan Leão
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29/10/2022 - 12h

Neste mês o Resumo AGEMT completou 1 ano no ar, sempre com muita informação, análise e os fatos importantes do Brasil e do mundo para você. Em comemoração ao nosso primeiro ano, estreamos hoje uma série de entrevistas para pensar o futuro do Brasil ao final da nona eleição para a presidência depois da redemocratização.

Para falar sobre os desafios da política econômica no próximo governo, convidamos André Piva, economista e professor de economia da PUC-SP.

 

Do ponto de vista fiscal, depois das ações neste ano de 2022, o que podemos esperar de 2023?

De fato, o cenário para 2023 é bem desafiador. Têm estudos que mostram que precisaríamos de um espaço fiscal adicional próximo de R$400 bilhões para garantir várias medidas que precisarão ser implementadas, inclusive a manutenção e prorrogação do Auxílio Brasil no montante de R$600. Para 2023, teremos um desafio de conseguir definir esse espaço fiscal e não só definir esse espaço fiscal, mas também repactuar as regras fiscais, as restrições fiscais. A parte do teto de gastos, que não foi cumprido pelo atual governo e, dessa forma, vai precisar ser repensado, já é uma restrição fiscal que não foi atendida. 

(...) A gente tem a questão da meta de resultado primário e também a parte da regra de ouro, então essas restrições terão que ser reavaliadas e redefinidas.

 

Quais os caminhos para o combate à extrema pobreza e a fome, que voltou a ser realidade no país? 

Nós precisamos da manutenção do Auxílio Brasil, de R$600, para que a população tenha o mínimo pra conseguir se alimentar e adquirir itens de subsistência, bem como ampliar medidas econômicas para gerar emprego e renda, como, por exemplo, investimentos públicos. A gente tem muitas obras paradas e tem um potencial muito grande de gerar crescimento econômico, emprego e renda.

 

Na sua avaliação, quais pautas econômicas devem ser tratadas com urgência pelo próximo presidente? 

Para o próximo governo, as medidas que devem estar presentes no debate, como eu já coloquei, seria a parte de um debate mais intenso sobre as questões fiscais, principalmente sobre o teto de gastos novamente, bem como uma reforma tributária. O avanço da reforma tributária é muito relevante para voltar para o debate público e também para o debate na esfera executiva e legislativa. 

 

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Resumo Especial sobre sobre relação entre os congressistas eleitos e o próximo presidente da República, pesquisa Datafolha mostra Bolsonaro com 43% e Lula com 49%, Governo de São Paulo anuncia passe livre para ônibus, trens e Metrô no segundo turno.
por
Letícia Coimbra
Luan Leão
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27/10/2022 - 12h

Resumo AGEMT Especial Eleições 2022 - Quinta, 27 de outubro 

  • Especial AGEMT Eleições: relação entre os congressistas eleitos neste ano e o próximo presidente;

  • Datafolha: Bolsonaro oscila um ponto para baixo, pontuando 44% e Lula 49%;

  • Governo de SP libera passe livre para ônibus, trens e Metrô no segundo turno das eleições

 

Neste mês o Resumo AGEMT completou 1 ano no ar, sempre com muita informação, análise e os fatos importantes do Brasil e do mundo para você. Em comemoração ao nosso primeiro ano, estreamos hoje uma série de entrevistas para pensar o futuro do Brasil ao final da nona eleição para a presidência depois da redemocratização.

Para falar sobre os desafios na relação entre o próximo presidente da República e os deputados e senadores eleitos neste ano, convidamos Vitor Peixoto, cientista político e professor de ciência política na Universidade Estadual do Norte Fluminense.

 

Que tipo de Congresso/Senado podemos esperar no próximo governo?

Existem duas características marcantes do Congresso (Câmara dos Deputados e Senado) que saíram das urnas. Há uma menor fragmentação partidária advinda, sobretudo, da reforma eleitoral que proibiu as coligações eleitorais e um fortalecimento dos partidos que compõem o conhecido Centrão, efeito basicamente da força dos recursos das emendas de relator (chamado popularmente de orçamento secreto). Em resumo, emergiu um Congresso mais concentrado e mais conservador.

 

Em um eventual governo Lula, como você avalia que será a possível relação dele com o Centrão? 

Em caso de vitória do Lula, exigirá mais esforço do poder executivo em construir uma coalizão de governo estável. Não é impossível, mas será mais custoso do que seria para um possível segundo governo Bolsonaro. Em ambos os casos é inegável que o poder legislativo ganhou proeminencia nos últimos anos e será muito difícil a Presidência da República resgatar o poder de agenda que já teve com FHC e Lula, por exemplo.  

 

Na sua avaliação, quais pautas políticas devem ser tratadas com urgência pelo próximo presidente? 

Dependerá de qual governo seja eleito. Lula terá o desafio de reconstruir as relações institucionais democráticas que foram erodidas nos últimos anos. Será obrigado a reconstruir, por exemplo, as relações com o poder judiciário e com os entes federados (estados e municípios). Bolsonaro, caso reeleito, terá um poder muito concentrado dado dois fatores: o Congresso mais coadunado ideologicamente e uma espécie de "autorização" das urnas para investir contra o STF (seja provocando impeachment de ministros seja aumentando o número de cadeiras na Suprema Corte). 

O fato é que o país esta absolutamente dividido e não há solução simples para a superação dessa rachadura social independentemente de quem seja eleito. A extrema direita é uma realidade e o conflito permanente faz parte da sua forma de agir e se retroalimentar. Isso impede qualquer possibilidade de emergência de um projeto de reconstrução nacional minimamente consensual.

Bolsonaro e Lula frente à frente
Foto: Lucas Gomes

Pesquisa Datafolha para presidente

Nesta quinta-feira (27) foi divulgado o resultado da pesquisa eleitoral realizada pelo Datafolha, no qual o ex-presidente Lula (PT) tem 49% das intenções de votos, mantendo a mesma pontuação da última pesquisa, que foi divulgada no dia 19 de outubro. Já o presidente Jair Bolsonaro (PL) pontuou 44%, oscilando um ponto para baixo e aumentando para cinco pontos percentuais a diferença entre ele e o petista. 

Os indecisos são 2%, e brancos e nulos somam 5%. Quando feita a contagem dos votos válidos, o petista tem 53% e Bolsonaro 47%. Nesta modalidade, são excluídos os nulos e brancos na urna eletrônica, e os indecisos na pesquisa, mesmo procedimento usado pela Justiça Eleitoral para divulgar o resultado oficial da eleição.

Na pesquisa espontânea, quando os entrevistadores não apresentam previamente o nome dos candidatos, Lula pontuou 47% e Bolsonaro, 42%. Os indecisos são 5%, e brancos e nulos somam 4%.

A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

As entrevistas foram feitas nos dias 25 e 27 de outubro e contaram com 4.580 entrevistados, em 252 municípios. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo BR-04208/2022.

 

Passe livre

Nesta quinta-feira (27) foi divulgado pelo Governo de São Paulo que não serão cobradas passagens no Metrô, CPTM, EMTU e ônibus intermunicipais de todo o estado neste domingo (30), data marcada para o segundo turno das eleições.

A gratuidade foi definida após o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) aprovar medida liminar à ação popular proposta pela deputada estadual Professora Bebel (PT). De acordo com o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), a decisão do governador Rodrigo Garcia foi tomada após análise dos impactos financeiros da medida para o Estado. 

“Domingo é o dia da democracia, por isso é justo que todos tenham acesso ao transporte público e possam votar com igualdade de condições. Portanto, catraca livre”, informou.


 

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Resumo Especial sobre sobre combate à desinformação, Ministro Alexandre de Moraes nega pedido da campanha de Bolsonaro sobre inserções em rádios e papa Francisco pede que o povo brasileiro se livre do ódio, intolerância e violência
por
Letícia Coimbra
Luan Leão
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27/10/2022 - 12h

Quarta-feira, 26 de outubro de 2022, veja os destaques do resumo AGEMT:

  • Resumo Especial Eleições: combate a fake news;

  • Moraes nega pedido da campanha de Bolsonaro sobre inserções em rádios;

  • Papa Francisco diz que pede à Nossa Senhora que livre o povo brasileiro “do ódio, da intolerância e da violência”.

 

Neste mês o Resumo AGEMT completou 1 ano no ar, sempre com muita informação, análise e os fatos importantes do Brasil e do mundo para você. Em comemoração ao nosso primeiro ano, estreamos hoje uma série de entrevistas para pensar o futuro do Brasil ao final da nona eleição para a presidência depois da redemocratização.

Para falar sobre os desafios no combate a fake news, convidamos Vilson Junior Santi, professor da Universidade Federal de Roraima, formado em ciência da comunicação.

 

Quais serão os desafios do próximo presidente no combate a fake news ?

Os desafios do próximo presidente em relação ao fenômeno da fake news devem passar necessariamente por uma palavra-chave que se chama “regulamentação”. Não há mais condições de sobrevivermos nesse ecossistema de mídia e comunicação contaminado do jeito que está e de uma forma  tão abrangente, tão contundente, por desinformação e fake news. (…) O desafio de qualquer um dos pretendentes ao próximo mandato enquanto presidente passa pela regulamentação do setor, pela regulamentação da circulação de informações, principalmente nas plataformas digitais de mídia digital que é praticamente inexistente ainda no contexto brasileiro

 

Como o senhor avalia a atuação das notícias falsas nesta eleição ? 

Nós temos percebido ao longo dos últimos tempos que a disseminação, a produção e disseminação intencional de notícias falsas, de desinformação. Tem sido parte constitutiva das estratégias eleitorais de algumas plataformas, de alguns partidos políticos e de alguns políticos. Essa é uma escolha consciente, feita por esses dirigentes, por esses representantes. Se optou já - isso não é um fenômeno novo - de incorporar a produção e disseminação de desinformação como parte da estratégia eleitoral. Nessas eleições no Brasil, de novo a gente vê se repetir essa estratégia, principalmente por uma das candidaturas: a do atual presidente, que a todo custo tenta se manter no mandato que foi construído a partir da mentira.

(...) A gente não pode negar que, inclusive nesse pleito, as notícias falsas têm produzido um efeito colateral e ajudado as pessoas a decidir o seu voto. Quando a gente decide qualquer coisa da nossa vida baseada em pressupostos mentirosos e equivocados, a gente corre um risco muito grande de fazer bobagem. 

(...) É óbvio que das candidaturas que estamos no segundo turno, existe uma mais próxima, intrinsecamente ligada a essa estratégia de produção, de falsos fatos  e de falsas narrativas e outra um pouco menos, talvez, mas também não inocente.

 

De que forma os jornalistas e a sociedade como um todo podem colaborar para uma diminuição desse tipo de conteúdo ? 

Eu tenho ponderado nos últimos tempos que não adianta ao jornalismo, e consequentemente a sociedade, se preocupar apenas em combater a desinformação, em checar a informação falsa.  (...)  Dá muito trabalho  e custa muito caro fazer checagem de informação e fazer combate à desinformação depois que a informação falsa está circulando. Então  a nossa estratégia e a convocação que eu faço para os jornalistas, para os cursos de jornalismo, para os profissionais da informação e para a sociedade, é a gente qualificar o processo primário de produção da informação jornalística. 

(...) Essa estratégia implica então na gente não tratar a doença - desinformação e fake news são a doença - e sim atuar na prevenção, ou seja, trabalhar na saúde do sistema ou para a saúde do sistema.  (...) A estratégia de ficar focado apenas no combate daquilo que já foi feito é uma estratégia falha, custosa e que não tem produzido um resultado tão transformador quanto a gente gostaria.

 

Carlos Moura/SCO/STF
Carlos Moura/SCO/STF

Sem base documental crível

Na noite desta quarta-feira (26), o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, negou o pedido da campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) para investigar relatos de irregularidades em inserções eleitorais por emissoras de rádios.

Segundo o magistrado, os dados apresentados pela campanha são inconsistentes e, na mesma decisão, afirma que ela esteja cometendo possível “crime eleitoral com a finalidade de tumultuar o segundo turno do pleito”, acionando assim o Procurador-Geral da República, Augusto Aras, para apurar. Além disso, enviou o caso para o Supremo Tribunal Federal, para compor investigação sobre atuação de uma milícia digital que fere a democracia.

Na segunda-feira (24), a campanha do presidente havia alegado que algumas inserções de sua propaganda haviam deixado de serem exibidas nas rádios. Em seguida, pediu investigação e que, para equivaler, propagandas do adversário, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não fossem exibidas.

"Não restam dúvidas de que os autores -- que deveriam ter realizado sua atribuição de fiscalizar as inserções de rádio e televisão de sua campanha -- apontaram uma suposta fraude eleitoral às vésperas do segundo turno do pleito sem base documental crível, ausente, portanto, qualquer indício mínimo de prova", escreveu Moraes.

 

Livres do ódio, intolerância e violência

Nesta quarta-feira (26), durante a tradicional audiência geral que acontece na Praça São Pedro, no Vaticano, o papa Francisco mencionou o Brasil e afirmou que pede à Nossa Senhora Aparecida que cuide e proteja o povo brasileiro, o livrando “do ódio, da intolerância e da violência”.

“Peço a Nossa Senhora Aparecida que proteja e cuide do povo brasileiro, que o livre do ódio, da intolerância e da violência”, afirmou Francisco.

Apesar de não ter falado diretamente das eleições brasileiras, a mensagem foi vista como uma referência à crescente violência neste período. No último dia 12, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) protagonizaram cenas de agressão a jornalistas e fiéis, interromperam missa com gritos de apoio ao presidente e vaiaram o arcebispo da diocese, Dom Orlando Brandes, quando este falou sobre a necessidade do Brasil combater a fome. No dia anterior a isso, a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) já havia divulgado uma nota criticando o que chamou de "intensificação da exploração da fé e da religião como caminho para angariar votos no segundo turno".

 

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Morre a jornalista Susana Naspolini; IPEC em SP mostra Haddad e Tarcísio tecnicamente empatados; Mendonça nega investigação de Bolsonaro por fala sobre meninas venezuelanas.
por
Letícia Coimbra
|
26/10/2022 - 12h

Terça-feira, 25 de outubro de 2022, veja os destaques do resumo AGEMT:

  • Morre a jornalista Susana Naspolini;

  • Ipec para governador em SP: Haddad e Tarcísio tecnicamente empatados;

  • Mendonça nega pedido de investigação de Bolsonaro por fala sobre meninas venezuelanas.

 

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Jornalismo em luto

Morreu nesta terça-feira (25) a jornalista Susana Naspolini, da TV Globo, aos 49 anos, em São Paulo. Ela estava em tratamento contra o câncer, internada há mais de uma semana. A jornalista foi diagnosticada com um câncer em fase de metástase no osso da bacia. Desde 2001 havia tratado outros quatro tipos de câncer.

A informação do falecimento foi confirmada no seu perfil no Instagram pela sua filha, Julia Naspolini, de 16 anos. 

"Oi, amigos, Julia aqui. É com o coração doendo que venho contar pra vocês que a mamãe não está mais com a gente. Ela lutou muito, nossa guerreira! Agradeço muito pelas orações, muito mesmo, muito obrigada, mas infelizmente não deu", escreveu a jovem.


 

Renato Pizzutto/Band/Divulgação
Foto:Renato Pizzutto/Band/Divulgação

Empate técnico em São Paulo

Nesta terça-feira (25) foi divulgado o resultado da pesquisa eleitoral realizada pelo Ipec, no qual o professor Fernando Haddad (PT) oscilou para 43% das intenções de votos, oscilando dois pontos para cima. Já o carioca Tarcísio de Freitas (Republicanos) pontuou 46%, mesmo número da última pesquisa realizada no dia 11 de outubro.  De acordo com o levantamento, os dois estão tecnicamente empatados dentro da margem de erro, que é de dois pontos percentuais. 

Os indecisos são 4%, e brancos e nulos somam 7%. Quando feita a contagem dos votos válidos, o republicano tem 52% e o petista 48%. Nesta modalidade, são excluídos os nulos e brancos na urna eletrônica, e os indecisos na pesquisa, mesmo procedimento usado pela Justiça Eleitoral para divulgar o resultado oficial da eleição.

Na pesquisa espontânea, quando os entrevistadores não apresentam previamente o nome dos candidatos, Tarcísio pontuou 35% e Haddad 32%. Os indecisos são 21%, e brancos e nulos somam 10%.

As entrevistas foram feitas nos dias 23 e 25 de outubro e contaram com 2.000 entrevistados, em 83 municípios paulistas. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo SP-06977/2022.
 

- Alan Santos - 2.dez.21/Divulgação Presidência
Foto: Alan Santos /Divulgação Presidência

Pedido de investigação negado

Nesta terça-feira (25), o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou cinco pedidos para investigar o presidente Jair Bolsonaro (PL) por falas sobre adolescentes venezuelanas. Mendonça, que foi indicado ao cargo pelo atual chefe do Executivo, afirmou não ver "elementos mínimos" para iniciar uma apuração, não havendo crime na conduta de Bolsonaro.

Em vídeo que circulou pelas redes sociais, o presidente falou que as jovens de 14 e 15 anos se arrumavam para fazer programa, chegando a afirmar que passou por uma casa onde estavam e  sentiu que “pintou um clima” e devido a isso entrou nela. Devido a isso, parlamentares e juristas acionaram o Supremo, pedindo investigações do caso. 

Em sua justificativa, o magistrado afirmou que “não pode ser instrumentalizado pelas disputas político-partidárias” ou “ideológicas”. 

"Mais uma vez, observo que o Poder Judiciário não pode ser instrumentalizado pelas disputas político-partidárias ou mesmo ideológicas, dando revestimento jurídico-processual ao que é puramente especulativo e destituído de bases mínimas de elementos aptos a configurar a necessária justa causa para a persecução penal", afirmou.

 

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Lula e Haddad no TUCA; Roberto Jefferson indiciado por homicídio; TSE monitora redes sociais de Carlos Bolsonaro e Janones; e mais.
por
Letícia Coimbra
|
25/10/2022 - 12h

Segunda-feira, 24 de outubro de 2022, veja os destaques do resumo AGEMT:

  • Lula e Haddad participam de evento no Tuca;

  • TSE decide monitorar contas de Carlos Bolsonaro e Janones nas redes sociais;

  • Roberto Jefferson é indiciado por 4 tentativas de homicídio;

  • Rishi Sunak é o novo primeiro-ministro no Reino Unido;

 

Foto: Tomzé Fonseca/Futura Press
Foto: Tomzé Fonseca/Futura Press

“Ato em defesa da democracia e do Brasil”

Nesta segunda-feira (24), o ex-presidente e candidato do PT à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva participou de um evento, intitulado “Ato em defesa da democracia e do Brasil”, com lideranças religiosas, artistas e intelectuais no Teatro da Universidade Católica (Tuca). 

Entre outros, participaram também o candidato do PT ao governo de São Paulo, Fernando Haddad, a deputada federal eleita Marina Silva (Rede), e o candidato a vice-presidente na chapa, Geraldo Alckmin.

Em discurso no teatro, Lula mencionou fala de Bolsonaro sobre jovens venezuelanas, o ataque de Roberto Jefferson (PTB) a agentes da Polícia Federal e contra a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), citou episódios de racismo contra o cantor Seu Jorge em Porto Alegre e contra o humorista Eddy Jr em São Paulo.

Perto do fim do evento, Simone Tebet (MDB), atual apoiadora de Lula, afirmou: “Agora não é hora de omissão, a omissão é um pecado capital contra o povo brasileiro”.

Depois do evento dentro do teatro, Lula e Haddad discursaram também na àrea externa, para a multidão que assistia das ruas e calçadas pelo telão.
 

TSE monitorando contas de Carlos Bolsonaro e Janones nas redes

Nesta segunda-feira (24), o corregedor-geral do Tribunal Superior Eleitoral decidiu diariamente, até 29 de outubro, as publicações de Carlos Bolsonaro (Republicanos) e André Janones (Avante) nas redes sociais. 

Segundo Gonçalves, o propósito é avaliar se os dois utilizam o mesmo padrão de disseminação de falsas informações.

“No atual estágio processual, prepondera a percepção de que o comportamento de André Janones e de Carlos Bolsonaro nas redes possuem muitos aspectos similares, seja no que diz respeito à legítima atividade de organização da militância, seja, por outro lado, na difusão de conteúdos falsos ou gravemente descontextualizados”, salienta.

 

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Indiciado por tentativa de homicídio

A Polícia Federal (PF) indiciou nesta segunda-feira (24), o ex-deputado bolsonarista Roberto Jefferson (PTB) por quatro tentativas de homicídio. Na tarde de domingo, ele havia lançado granadas e atirado em direção a agentes da corporação que foram à sua casa cumprir mandado de prisão emitido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

O indiciamento leva em consideração os dois agentes que foram feridos com estilhaços e outros dois que participaram da abordagem. 

Em sua casa, em Comendador Levy Gasparian (RJ), Jefferson gravou vídeos afirmando ter atirado contra os agentes. “Chegou a Polícia Federal aqui para me prender agora. As violências do Xandão. A minha raiz está plantada. […] Eu não vou me entregar, é um absurdo. Chega, me cansei”, alegou.

Mais tarde, porém, o ex-congressista negou ter reagido.  

Além de Jefferson, nas imagens aparecem o Padre Kelmon, candidato derrotado do PTB à Presidência. Foi ele quem entregou as armas do ex-deputado para a PF. Segundo o advogado do ex-deputado, Jefferson utilizou granadas de efeito moral.

Ainda no domingo, durante uma transmissão ao vivo, o presidente Jair Bolsonaro (PL) negou qualquer vínculo com seu apoiador declarado e afirmou não haver “uma foto” dos dois juntos. No entanto, pouco depois dessa afirmação, começaram a ser compartilhadas na internet diversas imagens dos dois juntos.


 

Foto: Twitter
Foto: Twitter

Novo primeiro-ministro no Reino Unido

Nesta segunda-feira (24), Rishi Sunak, ex-ministro das Finanças, foi o escolhido pelo Partido Conservador para suceder Liz Truss, que renunciou ao cargo de primeira-ministra no dia 20.

Sua adversária, Penny Mordaunt, desistiu da disputa, deixando Sunak assumir automaticamente. De acordo com The Guardian, já havia sido declarado o apoio de 182 deputados a ele, enquanto Mordaunt tinha apenas 27.

Antes de assumir de fato, Sunak precisará se encontrar com o rei Charles III, porém ainda não há previsão oficial para o encontro

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