Ministério da Saúde confirmou, nesta quinta-feira (09), 24 casos e cinco mortes na capital paulista
por
Juliana Bertini de Paula
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09/10/2025 - 12h

Desde o dia 18 de setembro, diversos quadros de intoxicação por metanol têm sido relatados por hospitais de diferentes estados. Nesta quinta-feira (09), o Ministério da Saúde divulgou um novo balanço, com 5 mortes e 24 casos confirmados em tratamento. Outros 235 são investigações apenas na cidade de São Paulo. Outros casos também despontaram em diversos estados do Brasil, bem como em São Bernardo do Campo e outras cidades da Grande São Paulo.

A intoxicação é provocada pela ingestão de metanol em bebidas adulteradas. Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Piauí, Espírito Santo, Goiás, Acre, Paraíba e Rondônia também investigam casos de intoxicação. Paraná e Rio Grande do Sul confirmaram ocorrências.

Entre as mortes confirmadas estão Ricardo Lopes Mira, de 54 anos, Marcos Antônio Jorge Júnior, de 46 anos e Marcelo Lombardi, de 45 anos, moradores de São Paulo, além de Bruna Araújo, de 30 anos, de São Bernardo do Campo, e Daniel Antonio Francisco Ferreira, 23 anos, de Osasco.

Na capital paulista, em 30 de setembro, 7 locais foram alvo de investigação da vigilância sanitária. Em dois deles foram encontradas bebidas com metanol. Mais 11 estabelecimentos foram interditados. O bar Ministrão, na Alameda Lorena, nos Jardins, e o bar Torres, na Mooca, foram fechados temporariamente. Seis distribuidoras e um bar em São Bernardo do Campo também foram interditados.

Bar Ministrão, nos Jardins. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Bar Ministrão, nos Jardins. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

O que dizem as autoridades?

Nesta segunda-feira (06), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), realizou uma coletiva de imprensa, junto com representantes das secretárias de Saúde, Segurança Pública, Justiça e Cidadania, Desenvolvimento Econômico, Fazenda e Planejamento. Além deles, estavam presentes representantes do ramo de bebidas, que auxiliaram no treinamento de agentes públicos e comerciantes para a identificação de falsificações.

Durante a entrevista, o governador contrariou as declarações do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e descartou a possibilidade de envolvimento de facções criminosas na adulteração de bebidas, sem revelar qual a hipótese que está sendo seguida pela polícia paulista. Tarcísio foi criticado por brincar com a situação dizendo que “quando falsificarem Coca-Cola, vou me preocupar”. No dia seguinte, em suas redes sociais, Freitas publicou um vídeo no qual pedia desculpas pela afirmação.

Em fevereiro deste ano, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) divulgou que 13 bilhões de litros de bebidas adulteradas são comercializados ilegalmente todos os anos, com perdas fiscais que podem chegar a R$ 72 bilhões, sendo a segunda maior fonte de renda das facções de crime organizado, que perde apenas para combustíveis adulterados.

O Fórum destaca ainda a prática ilegal conhecida como refil, quando há reutilização de garrafas para envasamento de bebidas falsificadas. Só em 2023 foram apreendidas 1,3 milhão de garrafas do tipo. Há também anúncios online de venda de garrafas vazias com rótulos das bebidas. Além disso, em 2016, durante o governo de Michel Temer, o Sistema de Controle de Produção de Bebidas, o Sicobe, foi suspenso sob alegação de altos custos de manutenção (R$ 1,4 bilhão ao ano), o que tornou a fiscalização federal inexistente e realizada por meio de autodeclaração dos bares.

Em nota para a AGEMT, a Secretária Municipal de Saúde de São Paulo disse que “as ações da Vigilância Sanitária do município são constantes, com fiscalizações em comércios varejistas (restaurantes, bares, adegas, lanchonetes, entre outros) e distribuidores/atacadistas de bebidas, na verificação da procedência da bebida: se há nota fiscal de aquisição, lacre de segurança, integridade e legibilidade da rotulagem, se apresenta todas as informações obrigatórias (dados do fabricante/importador, lote, registro no órgão oficial), bem como a manipulação. A pasta está intensificando ações em comércios junto à vigilância estadual e à Secretaria de Segurança Pública.”

A Secretaria de Segurança Pública não se pronunciou para a AGEMT. O espaço segue aberto.

Sintomas e tratamentos

Em entrevista à AGEMT, o farmacologista e toxicologista Maurício Yonamine conta que a rapidez para o atendimento médico é o fator mais crítico para a chance de recuperação em caso de intoxicação por metanol. “O prognóstico é melhor quanto mais rápido for o diagnóstico e o início do tratamento, pois o tempo é o que permite que os subprodutos tóxicos (principalmente o ácido fórmico) se acumulem e causem danos irreversíveis.”

Maurício Yonamine, toxicologista formado pela USP. Foto: Reprodução/RevSALUS
Maurício Yonamine, toxicologista formado pela USP. Foto: Reprodução/RevSALUS

 

Maurício conta que o principal problema do metanol é que ele deixa o sangue extremamente ácido e, após ser metabolizado pelo fígado, gera subprodutos extremamente tóxicos, principalmente o formaldeído e o ácido fórmico. “O acúmulo desses metabólitos, especialmente o ácido, interfere na função celular, ataca nervos e órgãos.”

Os sintomas de intoxicação por metanol nas primeiras horas podem ser confundidos com uma ressaca forte, náuseas, dor abdominal, tontura e dor de cabeça. Muitas vezes, os sintomas são leves, o que atrasa a procura por atendimento médico. “Os sintomas iniciais podem ser traiçoeiros”, diz Yonamine.

Depois, começam aparecer os sintomas mais fortes, resultado do ácido fórmico que tem uma afinidade particular pelas células do nervo óptico. Entre eles estão a visão turva, a fotofobia e a aparição de pontos luminosos. Além disso, o sangue ácido causa respiração acelerada, fraqueza, confusão mental e sobrecarga no coração e nos pulmões.

Se não tratado com urgência, o quadro evolui para complicações graves em até 48 horas. O ácido atinge o sistema nervoso central, podendo causar convulsões, rebaixamento de consciência, coma e arritmias cardíacas. A partir disto, os danos passam a ser sistêmicos: coração, pulmões e rins entram em colapso progressivo, consequência direta da acidose metabólica (sangue ácido) severa e da sobrecarga tóxica. É nesse momento que o risco de morte se torna elevado e, mesmo com tratamento, as chances de cura caem drasticamente. 

No sábado (05), o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou a compra de 2,6 mil antídotos para a ingestão de metanol durante uma coletiva de imprensa em Teresina. O medicamento chamado fomepizol não possui registro no Brasil e foi comprado de maneira emergencial, juntamente com a Organização Panamericana de Saúde, de um fabricante japonês, Daiichi Sankyo. 

 

 

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Ativo desde 2011, canal produzia conteúdos sobre a Universidade de forma educativa, contava com mais de 100 mil inscritos e ficou 12 dias fora do ar
por
Khauan Wood
Victória da Silva
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01/10/2025 - 12h

Perfil da TV PUC, canal Universitário da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) no YouTube foi reativado pela plataforma na tarde desta quarta-feira (01) após ter sido retirado do ar sem aviso prévio ou justificativa no último dia 19 de setembro.

A conta tem um importante e extenso acervo histórico e cultural da instituição. 

Em publicação realizada em seu Instagram oficial, a Fundação São Paulo (Fundasp), mantenedora da PUC-SP, denunciou no dia 30 de outubro que o canal havia sido simplesmente retirado da grade da plataforma repentinamente.

Ainda na publicação, a instituição informou que a empresa, que é ligada ao Google, enviou apenas um e-mail informando que a retirada seria causada por descumprimento das regras e diretrizes da plataforma, sem detalhar de que se tratava, acrescentando que as políticas de spam, práticas enganosas e golpes não teriam sido seguidas.

A Universidade abriu uma contestação dentro da plataforma, em que constava um prazo de 48 horas para o retorno. Após o prazo, uma nova mensagem enviada dizia que uma nova resposta seria dada dentro de 24 horas. Mas esses prazos não foram respeitados, o que motivou a denúncia nas redes sociais que mobilizou a comunidade acadêmica.

O time da TV PUC afirmou à Agemt que tudo começou quando um dos integrantes da equipe tentou gerar um link para uma live, mas a página não abria corretamente. Em seguida, eles receberam uma notificação de que o perfil havia sido retirado do ar.

Também em entrevista à Agemt, Julio Wainer, professor da PUC-SP e diretor da TV PUC, relata que em anos de canal, nunca receberam sequer uma advertência. O diretor contou que houve avisos pontuais sobre conteúdos com direitos autorais, que foram retirados imediatamente.

Ainda segundo ele, a equipe jurídica da Fundasp esteve em contato direto com a plataforma durante todo o período de inatividade para tentar reaver o canal. 

De acordo com a Fundasp, a TV PUC existe desde 2007, mas publica vídeos regularmente desde 2011. O canal contava com mais de 5 mil publicações e já ultrapassara o número de 100 mil inscritos.

Ao publicar novamente o canal, a plataforma enviou mensagem à TV PUC desculpando-se pelo ocorrido. Os responsáveis pelo canal ainda avaliam se todo o conteúdo e os seguidores da página foram mantidos.

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A TV PUC produz conteúdos ativamente há 14 anos. Foto: Victória da Silva

O conteúdo do canal universitário é diverso e produzido por professores e alunos. Sobre isso, o diretor da TV PUC afirma que o canal possui “de tudo um pouco”, já que conta com trabalhos institucionais de alunos e professores sobre temas variados, além de lives e programas. 

“Tudo que nós produzimos, nós colocamos lá como repositório para ir acumulando visualizações e as pessoas ficarem sabendo”, contou. O canal tem como missão promover os assuntos debatidos na universidade, mostrando o que é feito para diferentes cursos e com o que os alunos têm engajado na rotina universitária.

A TV PUC também acompanha palestras e outros acontecimentos da universidade e publica os eventos na íntegra, além de resumi-los em outros vídeos com depoimentos dos participantes. A recepção de calouros, que acontece todos os anos e recebe figuras importantes no Tucarena para a abertura do semestre, é um exemplo dos vários registros que o canal tinha antes da retirada.

Falas de personalidades históricas, professores e intelectuais foram derrubadas após a retirada do canal do ar, além de documentários relevantes e outros materiais importantes para a história da PUC-SP apagados pela plataforma ainda sem justificativa.

A TV PUC também tenta trazer os estudantes para as telas e enxergar a PUC-SP a partir do olhar deles. Para isso, as matérias sempre contam com entrevistas e conversas com os alunos que se envolvem nas diferentes atividades que ocorrem durante o ano. Os vídeos são informativos e promovem pautas científicas, culturais e políticas.

O professor do curso de jornalismo, Aldo Quiroga, destacou em um vídeo em seu perfil no Instagram que a Roda de Conversa com os vencedores do Prêmio Vladimir Herzog, em que os jornalista contam como as reportagens vencedoras foram realizadas, também é um dos exemplos dos conteúdos “sequestrados pelo Youtube”, na derrubada do canal. É a TV PUC quem faz a transmissão anual da Roda de Conversa Vladimir Herzog e do Prêmio que também leva o nome do jornalista morto pela ditadura militar.

No vídeo, Quiroga também ressalta a influência das Big Techs sobre o Congresso Nacional para impedir a regulamentação dessas empresas pela sociedade civil, que se encontra refém de decisões como essa.

Em nota enviada à Agemt, o Google afirmou que está apurando o motivo do encerramento do canal e que retornaria em breve. O espaço segue aberto.

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Embora sem data definida, a bandeira chinesa estará no mercado ainda esse ano
por
Lucca Cantarim dos Santos
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03/10/2025 - 12h

Por Lucca Cantarim

 

Os cartões da bandeira de pagamentos chinesa UnionPay chegam ao Brasil em 2025. Detendo cerca de 40% do mercado global em transações com cartões, o que é mais do que as norte-americanas Mastercard e Visa juntas, a empresa oferece uma alternativa para os Brasileiros. Segundo o financista José Kobori, a iniciativa representa uma oportunidade de “descolonizar” o mercado financeiro, justamente por diversificar o setor no País, essa discussão ganha mais potência com as recentes taxações e tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, essa tensão levantou questionamentos sobre o grau de dependência do mercado financeiro brasileiro nos estadunidenses.

Kobori, o responsável pela vinda desta forma de pagamento tem uma história que se relaciona diretamente com sua movimentação atual. O economista era conhecido por ter uma visão neoliberal de mercado, principalmente, diz ele, por estar inserido nesse setor. Em entrevista ao podcast "Market Makers", o financista conta os motivos que o fizeram mudar completamente sua visão de mercado, e por consequência, abandonar o neoliberalismo. 

O economista alega que sempre gostou de se informar e procurar pensadores com opiniões diferentes das que ele tinha, e como naquele momento era possível dedicar mais tempo a isso, ele começou a ler cada vez mais autores diversos, como autores Keynesianos.

No entanto, o maior ponto de ruptura do financista com o neoliberalismo, foi o momento em que ele começou a sair na rua e perceber com olhos mais atentos a desigualdade. Ele conta aos entrevistadores a história do dia em que saiu para almoçar, e de dentro do carro, viu um jovem comendo lixo na rua, essa experiência o levou às lágrimas, e fez com que Kobori começasse a se questionar de como era possível existir um sistema que funcionasse tão bem para ele, mas não para as outras pessoas.

Diferencial da UnionPay

Um dos diferenciais da UnionPay, é o fato de seus cartões operarem fora do sistema “SWIFT”, sigla para “Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication”, ou Sociedade para Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais, em português.

O SWIFT é um sistema de transações internacionais que permitem o envio de dinheiro de um país para outro, em síntese, cada banco tem um código em seu respectivo país. O problema é, que por ser gerenciado majoritariamente pelos Estados Unidos, em caso de sanções ou remoção de um banco do sistema, vários brasileiros seriam afetados.

E é justamente por operar fora do SWIFT, que a UnionPay dá à população brasileira mais opções para transferências internacionais, permitindo que sejam feitas e recebidas mesmo que em um possível cenário de sanções ou tensões geopolíticas, como afirma Cristina Helena, professora de economia na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). Ou seja, em um cenário onde os conflitos com Trump se agravem e o Brasil acabe sancionado, usuários do cartão Union Pay não seriam afetados, e poderiam continuar recebendo e enviando dinheiro livremente para outros países.

Outro diferencial que chama a atenção, e pode ser crucial para a competitividade da bandeira no mercado é a possibilidade de redistribuição de receita, segundo informações da Contec, será possível reverter parte das taxas cobradas nas transações para causas sociais escolhidas pelo usuário. Taxas essas, que no caso de cartões de crédito de bandeiras norte-americanas, como American Express; Visa e Mastercard são taxas de câmbio, que vão diretamente para os Estados Unidos.

Os Desafios

O maior desafio enfrentado pela empresa é a aceitação ampla, segundo Cristina, além da compatibilidade com as fintechs e bancos digitais e de lojistas habilitarem essa forma de pagamento, a ideia de um cartão chinês no país ainda levanta muita suspeita e desconfiança entre os brasileiros, embora a China seja um dos maiores parceiros comerciais do Brasil na atualidade, levando em consideração sua presença no BRICS.

No entanto, as operações da UnionPay serão supervisionadas pelo Banco Central, segundo confirmado pelo Ibrachina, a bandeira deverá cumprir normas de operação, submeter-se à fiscalização do BC e precisará de autorização regulatória, assim como toda e qualquer bandeira em operação dentro do território nacional.

Outro ponto a se levar em consideração, é se a entrada de um sistema novo no mercado de crédito, principalmente em meio à tensões e conflitos geopolíticos com os Estados Unidos, não poderia significar uma troca de monopólio. A professora Cristina acredita que não, devido à robustez do sistema financeiro brasileiro, mas também alerta que caso essa integração não seja diversificada e balanceada, o Brasil corre o risco de se manter dependente de uma potência estrangeira.

Os cartões não têm data definida para serem completamente integrados no mercado financeiro brasileiro, embora esteja confirmada para chegar ainda em 2025. Mas já são aceitos em grandes centros turísticos, como Salvador, Rio e São Paulo através de terminais parceiros (Rede e Stone), além disso, como comparação, a bandeira tem alta taxa de aceitação nos Estados Unidos, somando 80% dos estabelecimentos e 90% dos caixas eletrônicos brasileiros.

 

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Estúdios acusam a plataforma de IA de violar direitos autorais ao permitir a criação de imagens com personagens protegidos.
por
Lucca Andreoli
Henrique Baptista
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17/06/2025 - 12h
Logo da Midjourney
Logo do serviço de IA Midjourney. Reprodução

A Walt Disney Company e a Universal Corporation, dois dos maiores estúdios de Hollywood, abriram no dia 11 de junho um processo conjunto contra o Midjourney — um serviço de inteligência artificial criado e desenvolvido pelo laboratório de pesquisa independente, Midjourney, Inc. —  na U.S. District Court for the Central District of California. O serviço de inteligência artificial está sendo acusado de utilizar propriedade intelectual dos estúdios sem autorização.

Segundo a ação, o Midjourney usou de forma “intencional e calculada” obras protegidas — como personagens de Star Wars (Darth Vader, Yoda), Frozen (Elsa), The Simpsons, Marvel (Homem-Aranha, Homem de Ferro), Minions, Shrek e O Poderoso Chefinho — para treinar seus modelos e permitir a geração de imagens derivadas altamente similares.

 

Disney e Universal afirmam que já haviam solicitado que a plataforma bloqueasse ou filtrasse esse tipo de conteúdo, mas não foram atendidas. Para a vice-presidente jurídica da NBCUniversal, Kim Harris, “roubo é roubo, independentemente da tecnologia usada”.

A petição descreve o Midjourney como um “poço sem fundo de plágio”. Estima-se que a plataforma tenha gerado cerca de 300 milhões de dólares em receita em 2024, contando com mais de 21 milhões de usuários.

Os estúdios pedem uma liminar para impedir novas infrações e uma compensação financeira — que pode ultrapassar os 20 milhões de dólares. Horacio Gutierrez, diretor jurídico da Disney, declarou: “Pirataria é pirataria — o fato de ser feita por uma IA não a torna menos ilegal”.
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Além disso, a ação se insere em um cenário crescente de disputas semelhantes — como os casos envolvendo a Stability AI, a OpenAI e o New York Times. Também aponta para a criação de um serviço de vídeo de IA que em breve poderá criar clipes animados com materiais não autorizados, ampliando ainda mais os riscos à propriedade intelectual e ao controle de suas criações. O processo reforça a pressão por regulamentações mais claras que protejam a criatividade humana frente ao avanço da IA.

A preocupação no meio artístico a respeito das inteligências artificiais é um tema crescente que já gerou polêmicas anteriormente, como a questão das fotos “estilo estúdio Ghibli” no início deste ano. 

O processo representa um marco legal na relação entre Hollywood e a inteligência artificial. É o primeiro grande embate judicial do tipo envolvendo empresas de entretenimento, e pode abrir precedente para que outras companhias exijam licenciamento prévio ou filtros automáticos em ferramentas de geração de imagens.

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Banda faz uma pausa na carreira, suspende shows em novembro e apresentação na COP30
por
Lucca Andreoli
João Pedro Lindolfo
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26/05/2025 - 12h
Foto do show em Manchester, 3 de junho de 2023 Imagem: Raph_PH
Foto do show em Manchester, 3 de junho de 2023
Imagem: Raph_PH

A banda Coldplay cancelou a turnê que faria no Brasil em novembro deste ano, que incluiria cerca de dez apresentações. De acordo com o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, o grupo decidiu fazer uma pausa na carreira e, por isso, suspendeu toda a agenda na América do Sul. 

No entanto, não houve pronunciamento ou qualquer confirmação oficial até agora. A banda era aguardada para uma apresentação na COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Belém (PA). 

Em 2022 a banda passou pelo festival Rock in Rio e em 2023 esteve no Brasil pela última vez para 11 shows. A apresentação na COP30 seria a primeira vez da banda no Pará, algo que Chris Martin, vocalista do grupo, já demonstrava interesse. 

No ano de 2021, em uma postagem no X (antigo twitter) sobre ações climáticas, o cantor mencionou o governador do Pará, Helder Barbalho, convidando-o para assistir ao show deles no Global Citizen.

Durante a passagem da banda no Brasil em 2023, os integrantes tiveram um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em que o convite para a COP30 foi feito.

Lula, Chris Martin e Janja reunidos em 2023— Foto: Ricardo Stuckert/Reprodução
Lula, Chris Martin e Janja reunidos em 2023 — Foto: Ricardo Stuckert/Reprodução

De acordo com o colunista, a apresentação em Belém ainda deve acontecer, informação garantida pelo governo paraense. A dúvida que resta é se Chris Martin estará sozinho ou acompanhado pelo grupo.

por
Pedro Almeida Premero
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23/10/2023 - 12h
Café da manhã tradicional brasileiro, pão na chapa e café

 

Na esquina da Avenida Mário Andrade com a Praça Doutor Osmar de Oliveira, debaixo de uma grande, ou do lado do ponto que passa o ônibus 175P-10 sentido Ana Rosa. Com sua mesinha, vendendo café, lanches e bolos, Gabriel passa suas manhãs conquistando sua renda mensal pelo trabalho informal há mais de 11 anos. Mas nem sempre foi assim.

Antes de começar a trabalhar nesse ramo, Gabriel trabalhava em uma gráfica, recebendo apenas doze reais por dia. Pelo trabalho que exercia, o salário era muito baixo. Incomodado, já estava pensando em deixar o emprego, por isso, foi conversar com seu chefe. Ele conseguiu um aumento, porém foi de apenas dez reais. Com isso, pediu demissão.

A entrada para esse mundo das vendas veio de um homem que vendia bolo perto de sua casa, região de Casa Verde. Ele ensinou tudo para o Gabriel, postura, como vender, estoque, até as receitas dos bolos. Mas o principal de todos, como tratar um cliente. Já sua mãe deu a ele aulas de despesas, economia e gastos.

Sempre com um sorriso no rosto, tratando os clientes como amigos. Quando alguém se aproxima ele fala “Bom dia”, “Bom dia meu anjo” e “Bom dia, patrão”. Ele também tem outra forma de ganhar o cliente “Se o cliente fala que o bolo tá sem açúcar eu não vou falar que ele está errado, eu deixo ele pegar outro e que na próxima vai estar certo”. Gabriel também teve ajuda do homem dos bolos para auto promovê-lo, sempre dizendo que passaria o ponto para ele, assim os clientes teriam a confiabilidade de continuar comprando no local.

O começo não foi fácil, além de ser um negócio que não dá uma certa estabilidade, tem a parte da timidez, da vergonha “Parecia que eu estava pedindo esmola”. Uma parede importante de se quebrar, porém difícil.

Perguntei a ele se já vivenciou alguma situação de desigualdade, e me contou a única que vinha a cabeça no momento.

Sua mãe havia guardado dinheiro para Gabriel e sua irmã para pagar a faculdade e coisas de seus interesses. Com uma boa quantia em mãos ele logo pensou em comprar um carro. Foi em uma primeira concessionária, mas a recepção não foi uma das melhores. O vendedor foi seco na explicação dos componentes do carro e para tirar dúvidas, ele não o via como comprador.

Ainda na tentativa de ter um carro, foi a uma segunda concessionária. Dessa vez, porém, o tratamento foi totalmente diferente. O vendedor foi muito atencioso, quase convencendo o Gabriel a comprar uma Mercedes, mas acabou ficando com um carro mais popular. Porém o veículo começou a apresentar problemas, assim, tendo que voltar à concessionária. Chegando lá, falou todos os defeitos que o carro tinha, o vendedor começou a falar os custos que ele teria, porém ele já tinha gastado todo o dinheiro com o carro. Com isso, mais uma vez, a abordagem mudou. No fim Gabriel conseguiu que o carro fosse pra revisão, por conta da rapidez que o automóvel apresentou problemas. Dessa experiência Gabriel ganhou maturidade e começou a se atentar sobre a responsabilidade financeira.

Essa decisão de comprar ou não a Mercedes poderia ter mudado completamente rumo da vida de Gabriel. Sua esposa, Bianca, e sua irmã tiveram uma briga que acabou em tapas, enquanto ele lavava a louça. Seus pais saíram de Minas para São Paulo após essa briga, azedando o pé do frango para o seu lado. Toda essa situação resultou na expulsão de Bianca da casa, e Gabriel foi junto, pois não podia abandoná-la. Eles foram expulsos da casa que haviam construído, na parte de cima da antiga casa dos pais, e sua irmã vivia em baixo.

Teve que viver de favor por um ano na casa da sogra, enquanto pagava a construção da casa, na qual demorou três meses para levantar. Na tentativa de ter algum lucro e de quitar uma dívida, Gabriel colocou a sua casa para alugar, e conseguiu! Porém a pessoa que alugou só trouxe prejuízo, não pagando o aluguel e quebrando os móveis da casa.

Pensando em sair das vendas, sua esposa ficou grávida, então decidiu continuar. Vendo como contornar a situação, procurou outro ponto de vendas, e encontrou, próximo a saída C do terminal Barra Funda, tendo sua virada de chave a partir desse momento, as coisas começaram a se estabilizar. Conseguiu voltar pra casa, deixando o orgulho de lado. “Imagina essa situação se eu tivesse comprado a Mercedes”

Hoje, Gabriel vive com Bianca e suas duas filhas e não pensa ficar apenas nas vendas “Minha mulher está fazendo faculdade, também penso em fazer, mas ainda não decidi qual curso”. E mesmo sem nenhuma graduação ele diz não ficar atrás na inteligência “Ela pode estar na faculdade, mas eu não fico atrás na inteligência não”, brinca Gabriel com seus 11 anos de experiência no mundo das vendas.

 

Um passo à frente

Fazer essa reportagem foi um grande desafio para mim, pois eu tinha que entrevistar uma pessoa que eu não conheço e cara a cara. Todas as outras entrevistas que eu tinha feito foram por e-mail, então eu nunca tinha vivido essa experiência.

Um dos principais motivos para querer fazer esse texto foi por conta do título, que eu achei sensacional. Modéstia à parte, me acho muito bom fazendo títulos. Minha ideia inicial era conversar com crianças que vendem doces na rua, mas seria muito trabalhoso e complicado. Então tentei encontrar algo relacionado a essa área.

Como sou do Tatuapé, sempre pego a linha vermelha para ir até a Barra Funda e, desde que entrei na PUC, eu via alguém vendendo café da manhã no terminal. Às vezes era um homem, às vezes era uma mulher. Então, a partir dessa ideia, eu tinha uma pauta.

Eu teria conseguido a entrevista antes? Talvez. Mas estava me faltando coragem para conversar sobre o trabalho. Passou segunda e terça, e eu não movi um pé pra conversar. Como eu teria mais tempo na quinta, quarta feira era meu deadline.

Então fui conversar com a moça, só que eu não sabia como abordar, tanto é que eu fiquei a rodear a mesa, na espera de que ela me notasse. No fim, uma senhora que estava comendo deu um toque para ela, indicando que eu queria falar. Creio que falei muito atrapalhado, pois estava muito nervoso e com vergonha. Bom, ela também. Ela disse: “Você não quer conversar com meu irmão, eu sou muito tímida e ele com certeza tem mais histórias interessantes”. Concordei, agradeci, e fui esperar o ônibus chegar. Ainda sinto que eu não abordei a situação direito, talvez eu pudesse insistir um pouco mais, mas só queria alguém para entrevistar para fazer o trabalho.

Então, no dia seguinte, com pouca vontade de ir. Fui. Com o pensamento de que valeria a pena. E a mesma cena se repetiu. Sentei-me no murinho, rodeei a mesa, e alguém deu um toque para o vendedor. Comprei um lanche, a única forma que encontrei de falar com ele, também porque eu esqueci de fazer meu lanche em casa.

Foi uma conversa muito boa, porque enquanto conversava com o Gabriel, eu via um pouco do seu dia a dia. Sempre muito simpático, de olho para ver se aparecia algum cliente. Parava a conversa para atender, tirava dúvida de locação. Até eu ajudei uma moça que perguntou onde passava o ônibus 175P. No fim das perguntas padrões a conversa fluiu melhor, algumas histórias que não cabiam nessa reportagem, mostrou foto de suas filhas. Me tratou como um amigo, assim como ele faz com todos os seus clientes

Um ponto importante é que, da próxima vez, é melhor gravar a conversa do que ficar anotando em um caderninho, porque não dá para pegar toda a essência da conversa, e provavelmente eu deixei escapar muita coisa. Por isso que eu acho que eu não contei a história direito, talvez esteja muito superficial, talvez falte um detalhe importante, mas tudo serve como aprendizado.

O mais importante de tudo isso foi o passo que eu dei para quebrar essa minha timidez, e quando eu comentei com o Gabriel, ele também me contou sua experiência, que nunca é fácil, mas sempre tem um começo para a mudança.

Para quem pegar a linha vermelha, a mesa de café da manhã vai estar ou com o Gabriel ou com sua irmã, creio que eles revezam. Deem uma passada lá, jogar uma conversa fora, comprar um lanchinho, um bolo, um cafezinho.

Obrigado pelo lanche Gabriel, estava muito gostoso.

Esta reportagem foi produzida como atividade extensionista do curso de Jornalismo da PUC-SP

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A Comissão Eleitoral anunciou, neste sábado (26), o resultado das eleições por meio de comunicado que esclareceu os impasses da apuração
por
Artur dos Santos
João Curi
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29/09/2023 - 12h

A chapa “CACS é pra brilhar” venceu as eleições do Centro Acadêmico de Ciências Sociais (CACS) após tumulto na apuração dos votos e pressão de estudantes sobre a Comissão Eleitoral. A chapa recebeu 63 votos, do total de 156, e se reelegeu para um novo mandato, com duração de um ano. 

Nesta terça (26), a chapa comemorou a reeleição nas redes sociais com uma foto de integrantes da gestão, acompanhada de breve discurso sob o púlpito virtual. "Esta vitória não é apenas da chapa, mas de todos nós que acreditamos na importância das Ciências Sociais, da História e das Ciências Socioambientais", celebram. "Juntos, temos a oportunidade de fazer a diferença em nossa comunidade acadêmica, promovendo o diálogo, a inclusão e a busca pelo conhecimento".

"Acredito que termos ganhado demonstrou que a gente conseguiu fazer um bom trabalho", afirma o presidente da nova gestão do CACS, Felix Rodrigues. "E, sendo a segunda vez, a cobrança é muito maior".

A gestão composta por militantes do PT (Partido dos Trabalhadores) e estudantes autônomos foi declarada vencedora após um desentendimento na apuração dos votos. Em comunicado, a Comissão Eleitoral anunciou que nenhuma das chapas havia atingido o marco de 50% + 1 de votos válidos - porcentagem mínima necessária para a vitória em eleições com mais de uma chapa, com exceção de alguns pleitos, como o presidencial na Argentina - e decidiu por não anunciar o vencedor até que uma assembleia de curso fosse marcada para decidir se haveria ou não um segundo turno. Segundo a entidade, entretanto, o regulamento das eleições estava ambíguo quanto à necessidade ou não de uma eleição de dois turnos.

"Eu não acho que a Comissão Eleitoral errou em não ter dois sumos, ela errou quando propôs isso [segundo turno], sendo que já tinha acontecido uma assembleia para definir que não aconteceria o segundo turno", aponta Rodrigues. "Quando a gente tem três chapas, 50% mais um é quase impossível". O presidente eleito agradeceu aos votos, mais de uma vez, e espera que as próximas eleições não sofram os mesmos transtornos.

Em conversa com a Agemt, o coordenador do curso de Ciências Sociais e professor do departamento de antropologia da PUC-SP, José Paulo Florenzano, definiu como positiva a mobilização em torno do processo eleitoral, desde a maneira como as chapas se organizaram até o engajamento do movimento estudantil. “O processo é muito rico, e isso era algo que estava se perdendo dentro da eleição do centro acadêmico”, destaca. “A retomada da discussão, da contraposição de ideias, de chapas que forçam debate e o esclarecimento a respeito das questões que interessam ao estudante é de fundamental importância. Eu vejo como muito promissor o resultado do processo eleitoral, mais do que propriamente a definição da chapa que foi vencedora”.

As eleições do CACS envolvem os cursos de História e Ciências Socioambientais, que passam por precarização nos últimos semestres com fechamento de turmas de licenciatura em História e falta de estrutura. 

 

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A Rádio Cidadã, no Butantã, transmite diariamente um pedaço de São Paulo
por
Artur dos Santos
Kawan Novais
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14/11/2023 - 12h

Por Artur dos Santos (texto) e Kawan Novais (audiovisual

 

A antena de 30 metros com uma fundação de toneladas de cimento da Rádio Cidadã não há motivo para (e nem intenção de) cair. O que já foi uma antena leve de 20 metros com um dos pés amarrados em uma parede - arrancada com facilidade por uma chuva que Deus mandava enquanto os radialistas se abrigavam em um bar próximo - hoje seguraria até um avião.

 

Antena da Rádio Cidadã
Antena que distribui o sinal da Rádio Cidadã. Foto: Artur Santos.

 

O sinal varia, é circular, depende da topografia, no Butantã tem muito morro, e pode alcançar o estádio do Morumbi, mas não na avenida a menos de 2 quilômetros. 500 mil ouvintes são contemplados pela amplitude das ondas todo dia, bairros com mais densidade demográfica têm rádios com maior alcance de pessoas, consequentemente. A sintonia é FM 87.5, dial das rádios comunitárias (RC) legalizado pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) na cidade de São Paulo. “Entrando na Sola” e “Na Onda do Forró”, dois dos programas mais badalados da rádio, atingem ouvintes dos arredores de sua localidade, assim como suecos e tailandeses, via digital, mesmo que sem entender o idioma.

 

Cachorros guardando a entrada do estúdio.
Descida para o estúdio da Rádio Cidadã. Foto: Artur Santos.

 

Cachorros guardando a entrada do estúdio.
Ródio e Baguan na entrada do estúdio. Foto: Artur Santos.
Estúdio
Metade áudio, metade vídeo. Foto: Artur Santos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Assim como a antena sobe, por rampas ou escadas, a entrada para o estúdio desce, guardada por dois cachorros, um magro com focinho molhado e um velho, que ameaçam fugir do QG de Julio César, responsável pela Rádio Cidadã. “Não repare a bagunça” - diz qualquer dono de estúdio em qualquer lugar. As habilidades de Julio e seus anos de experiência como programador cortam os custos e a dor de cabeça de se manter uma rádio comunitária em pé. Os segredos nas tomadas e o raciocínio lógico de quem trabalha com a área de programação automatizam o funcionamento, e a rádio está no ar mesmo se ninguém estiver em casa.

“Bem tranquilo, apesar de parecer bagunçado. Tem uma parte aqui que você programa tudo que vai acontecer, toda a parte obrigatória, como prefixo, publicidades, tem que passar tem que falar a hora certa de hora… regras que você precisa seguir. Ele programa todas as playlists com parâmetros. Eu coloco a música que o menos tocou, então ele vai pegando sempre essa e separa por estilo também. Samba toca no meio-dia uma, de manhã um reggae, MPB… madrugada putaria toca.”

O estúdio da Cidadã mescla áudio e vídeo, tendência não muito escapável atualmente. Os programas transmitidos via FM 87.5 são, simultaneamente, veiculados no canal do YouTube e no site da rádio, possibilitando mais adesão do público aos programas no ar. Julio não sabe explicar o sucesso de um de seus programas, o Na Onda do Forró, apresentado por “Neguinho da Bahia”, que conversa com o público, faz piadas e realiza seus anúncios. As “tiradas” divertidas de Neguinho ser o motivo do encanto que faz a transmissão ao vivo atingirem 400 ouvintes, algo fora do comum na vida diária da rádio. Mesmo assim, foi impossível explicar como resulta em tanta audiência. Rádios comunitárias como a Rádio Cidadã estão sob as mesmas burocracias de rádios comerciais, com alguns adendos. Os radialistas de uma RC não podem anunciar os preços, a forma de pagamento de anunciantes, ou ao menos anunciar marcas que não tenham representação dentro do bairro. Mas, Neguinho da Bahia tem anunciantes de sobra.

Julio Cesar, responsável pela rádio Cidadã.
Julio trabalhou na Rádio Tupi e na Atual. Foto: Artur Santos

A lei n° 4133, de 2012, impedia as rádios comunitárias de se adequarem a qualquer tipo de financiamento público ou privado visando custear seus serviços ou melhorar as atividades a serem prestadas. Como apoio cultural, era permitido patrocínio, mas restrito apenas aos estabelecimentos situados na mesma área que o rádio estaria estabelecido. Neste ano, 2023, ao fim de agosto, a Câmara Municipal de São Paulo sediou o terceiro Congresso das Rádios Comunitárias de São Paulo, reunindo radialistas da cidade paulista e de outros estados, como do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Bahia. Autoridades federais que também participaram dos debates, expuseram os auxílios existentes para os radialistas e apresentaram as “novidades” que visam suprir as necessidades dos comunicadores.

O principal tema da reunião foi a criação de políticas públicas e a regulação de leis vigentes direcionada às rádios comunitárias. Para se tornar um radialista desta modalidade, o processo se inicia por meio do requerimento para a abertura de uma rádio comunitária através do Plano Nacional de Outorgas (PNO), que é a identificação e seleção de municípios que ainda não têm esta modalidade comunicadora, mas que manifestaram o interesse de tê-la. Após uma série de etapas, o processo resulta no funcionamento legal do veículo de transmissão por 10 anos, podendo ser renovado por outro processo no fim da década.

Julio apresentou seu documento, uma espécie de RG (Registro Geral), mas que não o identifica enquanto um cidadão, e sim enquanto um radialista comunitário legal perante a lei. Mas, no início da vida da Cidadã, quando ainda era caracterizada como uma rádio clandestina, o atual responsável por ela chegou a entrevistar dois ministros, a qual ele não tem mais acesso atualmente. Criada em 1994, era assim que tinha que ser. Clandestina ou regularizada, as Rádios Comunitárias servem uma função social nos bairros em que atuam.

Em 1970, as da Zona Leste eram caixas de som hasteadas em um pau nas esquinas, disseminando informação que se recusava a chegar nas periferias pelos meios tradicionais. A criatividade é a saída. As favelas oferecem um público muito mais engajado, mais do que qualquer outro. Até a transmissão da queima de fogos realizada aos finais de anos, apenas por áudio acontecia, e mesmo que sem a imagem, atraía público a rádio. Pessoas de outras regiões, inclusive mais nobres, paravam para observar em um local que já ocupava o triplo de pessoas de sua capacidade. Mesmo com todo o engajamento, não é suficiente para tornar a Cidadã autofinanciável. De acordo com a lei já citada, as rádios comunitárias, assim como as educativas, conseguem financiamento por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Trata-se de empréstimo realizado por este órgão com a finalidade de modernização, aquisição de equipamentos e instalação de sistemas radiantes.

Com um final de semana de sol, viajantes vem para se divertirem nas praias do Litoral Sul
por
Daniel Santana Delfino
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11/05/2023 - 12h
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Comissão técnica de um time feminino de Câmbio da Praia Grande 
 

 

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Partida de vôlei de um time de Praia Grande

 

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Time reunido no intervalo do jogo

 

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Menino com a bola indo para a praia 
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Família brincando no mar

 

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Pai e filho andando de bicicleta 
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Família reunida no quiosque 

 

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Os amigos na praia jogando uma biola
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Muitos benefícios para a saúde e qualidade de vida do seu cãozinho
por
Bianca Athaide
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05/05/2023 - 12h

Passeios e atividades ao ar livre podem melhorar o sono, diminuir o stress e a ansiedade do seu cachorro.  

Por serem naturalmente muitos ativos, essa espécie costuma sofrer quando trancados muito tempo em casa. Por isso, é fundamental que ele tenha momentos de lazer com o seu tutor.

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