No Dia da Independência do Brasil, manifestantes de extrema-direita saúdam, na Av. Paulista, em SP. os Estados Unidos e Israel
por
Thaís de Matos
Rafael Pessoa
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12/09/2025 - 12h

Permeada por ofensas ao STF, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo constante apelo por anistia aos réus do 8 de janeiro, o ato bolsonarista do dia 7 de setembro, na Avenida Paulista, em São Paulo, reuniu cerca de 42 mil pessoas. A estimativa é do Monitor do debate político do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a ONG More in Common.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o pastor Silas Malafaia e a esposa do ex-presidente e ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro, discursaram exaltando Bolsonaro e seus filhos. Embora o público – composto majoritariamente por idosos e famílias com crianças pequenas – se defina como “patriota”, bandeiras dos Estados Unidos e de Israel eram vendidas massivamente e envolviam os corpos dos manifestantes, para além dos tradicionais estandartes nacionais.

Uma mulher no Metrô Trianon Masp com uma camisa da seleção brasileira com uma bandeira dos Estados Unidos por cima / Foto: Rafael Pessoa
Mulher vestida de verde e amarelo se cobre com a bandeira dos Estados Unidos / Foto: Rafael Pessoa
Vendedores mostrando seus bonés onde se vê um do “MAGA” e diversos bonés com aparência militar / Foto: Rafael Pessoa
Lojinha Bolsonarista vendia de bonés militares a importados / Foto: Rafael Pessoa
Uma criança em meio a manifestação que segurava e balançava sua bandeira em cima de seu pai / Foto: Rafael Pessoa
Criança observava e repetia o que dizia a multidão, na Av. Paulista / Foto: Rafael Pessoa
Manifestantes vestindo suas bandeiras e mais a frente um pai segurando sua filha / Foto: Rafael Pessoa
Mulher usa imagem de Bolsonaro no centro de uma bandeira verde e amarela; mais a frente, pai e filha participam do protesto / Foto: Rafael Pessoa
Manifestantes tentando passar para o outro lado da faixa contra o ministro Alexandre de Moraes que tem seus olhos vermelhos / Foto: Rafael Pessoa
Alexandre de Moraes aparece em bandeira como figura "demoníaca"; gritos de 'Fora Lula e Moraes' eram constantes / Foto: Rafael Pessoa
Uma manifestante que junto a família gritava e empunhava sua faixa em meio aos discursos / Foto: Rafael Pessoa
Mulher faz coro com manifestantes que pedem "Fora Moraes!" / Foto: Rafael Pessoa
Um menino em cima de seu pai que gritava com a camisa do neymar e o boné da campanha do presidente Donald Trump / Foto: Rafael Pessoa
Nos ombros do pai, criança participa da manifestação com camiseta do Neymar e boné dos Estados Unidos / Foto: Rafael Pessoa
Manifestante que tinha o rosto pintado com as bandeiras de Israel, Estados Unidos e Brasil com uma bandeira do brasil em seu ombro e “Anistia Já” escrito em seu peito / Foto: Rafael Pessoa
Com “Anistia Já” escrito em seu peito, homem com bandeiras do EUA e de Israel pintadas no rosto pedia ajuda de Trump / Foto: Rafael Pessoa
Ambulante vendendo faixas de “Anistia Já!” na frente da estação Trianon Masp / Foto: Thaís de Matos
Protesto contou com diversos vendedores ambulantes, que vendiam todos os tipos de adereços com as cores da bandeira/ Foto: Thaís de Matos
Perfil de uma senhora patriota / Foto: Thaís de Matos
Manifestantes eram criativos nos adereços, sempre caprichando no verde e amarelo / Foto: Thaís de Matos
À moda do “Make America Great Again” (MAGA), é levantado o “Make Brasil Great Again” / Foto: Thaís de Matos
“Make Brasil Great Again” parafraseia “Make America Great Again” (MAGA), lema de Trump / Foto: Thaís de Matos
Estátua não identificada pedindo Anistia / Foto: Thaís de Matos
Com fantasia de estátua não-identificada, homem virou atração. Manifestantes paravam para tirar fotos com ele / Foto: Thaís de Matos
O pai de família / Foto: Thaís de Matos
Protesto contou majoritariamente com pessoas da terceira idade e famílias com crianças pequenas / Foto: Thaís de Matos
O patriota do MAGA / Foto: Thaís de Matos
Entre os "patriotas", lema "MAGA" foi usado com frequência / Foto: Thaís de Matos
A bandeira que jamais será vermelha / Foto: Thaís de Matos
Manifestante posa para foto com a bandeira do Brasil no meio do protesto / Foto: Thaís de Matos
Mais um dos protestos de “Fora Moraes” / Foto: Thaís de Matos
No vão do Masp, multidão entoa “Fora Moraes” / Foto: Thaís de Matos
Patriota dos óculos “thug life” / Foto: Thaís de Matos
Óculos pixelados "thug life" foram associados a Bolsonaro no começo de seu mandato, em 2018, por conta de memes nas redes sociais / Foto: Thaís de Matos
Tarcísio sendo assistido enquanto discursa no palanque da Paulista / Foto: Thaís de Matos
Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas foi o primeiro a discursar a favor de anistia no palanque / Foto: Thaís de Matos
De boné branco, Michelle Bolsonaro, de boné verde, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, e centralizado de azul / Foto: Thaís de Matos
Após Tarcísio, o pastor Silas Malafaia foi o segundo a discursar no palanque da Av. Paulista / Foto: Thaís de Matos
Ao fundo na esquerda, Malafaia, e no centro, Michelle Bolsonaro discursando no palanque / Foto: Thaís de Matos
Ex-primeira dama Michelle Bolsonaro foi a última a discursar no palanque / Foto: Thaís de Matos
Na lateral esquerda, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e no centro para a direita, Michelle e Malafaia orando no palanque / Foto: Thaís de Matos
Na lateral esquerda, o presidente do PL Valdemar Costa Neto e do centro para a direita, Michelle e Malafaia oram após discurso / Foto: Thaís de Matos

 

Brasilidade estampada em drinques autorais e petiscos cheios de identidade
por
Mohara Ogando Cherubin
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09/09/2025 - 12h

O primeiro bar da cozinheira-empresária Manuelle Ferraz, também dona do restaurante “A Baianeira”, localizado no MASP, foi aberto em abril de 2024. O “Boteco de Manu” está situado onde as ruas se cruzam na Barra Funda, mais precisamente na Rua Lavradio, 235, em meio à intensa Avenida Pacaembu. A forte identidade do bar já é percebida em seu nome. O “de” Manu faz jus ao modo de falar no Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais, bem perto da Bahia, local onde a chef nasceu.

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O bar funciona de quarta a sexta das 18h à 00h, aos sábados das 13h à 00h e aos domingos das 12h às 18h. O local dispõe de mesas vermelhas do lado de fora, além do balcão no salão e um quintal na parte de trás do bar. Foto: Mohara Cherubin 

 

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“Foi em um boteco que eu te conheci”. A frase foi inspirada no trecho “Foi no Risca Faca que eu te conheci”, do forró “Risca Faca”, do cantor Pepe Moreno. A expressão "risca-faca", comum no Nordeste, traz a ideia de um ambiente divertido, com música alta, rodeado de liberdade e alegria. Foto: Mohara Cherubin
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A cozinha do boteco oferece uma variedade de pratos, como fritos, caldos e sanduíches. Entre as criações do cardápio, destacam-se a carne de sol com mandioca, o sanduíche de linguiça com queijo e a coxinha de camarão. Já as bebidas favoritas do local são o goró de mainha e o mel de cupuaçu, drink com vodka, infusão de cupuaçu e melado de cana. Foto: Mohara Cherubin 
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Com um globo espelhado e quadros decorando as paredes, o salão relembra a definição de “risca-faca”. Foto: Mohara Cherubin.
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A parede ao lado esquerdo do salão é decorada com a série “Meninas do Rio”, da artista Ana Stewart, que retrata mulheres de comunidades do subúrbio do Rio de Janeiro com um intervalo de 10 anos, revelando a partir de um ensaio íntimo as mudanças nos lares e nas vidas dessas mulheres. Foto: Mohara Cherubin
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Ainda no lado esquerdo do balcão, o cliente tem acesso aos banheiros e ao quintal do boteco, que fica na parte de trás do local. Foto: Mohara Cherubin
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Se não conseguir lugar nas mesas espalhadas no espaço externo do boteco, o cliente pode se servir no balcão do salão ou no quintal. Foto: Mohara Cherubin
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Aos domingos o boteco apresenta o famoso “tecladinho”. O cantor John Batista agita o bar com muita sofrência e bregas antigos, do jeito que o público gosta. Também aos domingo é servida a feijoada de domingo. Foto: Mohara Cherubin
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O balcão fica em frente ao bar e à entrada da cozinha. Garrafas com as frases “A beleza de ser um eterno aprendiz” e “Viva lá vinho” também decoram o espaço. No balcão, o cliente pode comer, beber e curtir o ambiente do boteco. Foto: Mohara Cherubin
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Carne de sol com mandioca, um dos pratos mais pedidos do Boteco de Manu, acompanha muito sabor, pimenta da casa e manteiga derretida se o cliente desejar. Foto: Mohara Cherubin
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Goró de mainha, o favorito do Boteco de Manu, é uma bebida vinda diretamente da Baianeira a base de gengibre, abacaxi, rapadura, limão e segredos da chef Manu. A frase “doses de amor” estampa o rótulo do goró. Foto: Mohara Cherubin
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O Boteco de Manu conquista os clientes com seu ambiente vibrante e energia única. Visite a esquina mais bonita da Barra Funda e aproveite. Foto: Mohara Cherubin

 

Como um autodidata ousado desafiou a lógica e transformou a cidade de pedra
por
Catharina Morais
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06/12/2024 - 12h

A Rua Maranhão, em Higienópolis, é como um refúgio dentro de São Paulo, cheia de histórias para contar em cada esquina. Com suas árvores sombrias e prédios de tirar o fôlego, como o icônico Vila Penteado da FAU-USP, a rua já foi endereço de gente famosa, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. É  só chegar na esquina com a Rua Sabará que tudo muda: o Edifício Cinderela simplesmente rouba a cena.

 

Edifício Cinderela, inaugurado em 1956 - por Catharina Morais
Edifício Cinderela, inaugurado em 1956 - por Catharina Morais

 

De longe, ele parece uma obra única, e é. Em uma São Paulo historicamente cinzenta e funcional, o Cinderela é uma explosão de cores, criatividade e formas. Não é um simples prédio construído para abrigar pessoas - só a beleza de sua arquitetura que chama atenção; há algo mais ali - características visionárias que antecipavam o futuro da vida urbana. Era um sonho do "American way of life", ajustado à realidade brasileira.

Mas quem ousaria conceber um prédio tão peculiar? Conhecido como o "arquiteto maldito", João Artacho Jurado era uma figura à margem da elite arquitetônica. Nascido em 1907, no bairro do Brás, filho de imigrantes espanhois, ele começou a carreira como letrista, desenhando cartazes e estandes para feiras industriais. Apesar de nunca ter cursado arquitetura, Jurado demonstrava um talento inato para transformar ideias em construções. 

 

Edifício Parque das Hortênsias na Avenida Angélica - por Catharina Morais
Edifício Parque das Hortênsias na Avenida Angélica - por Catharina Morais

 

Na São Paulo das décadas de 1940 e 1950, dominada pelo rigor do modernismo — com suas linhas retas, geometrias simples e desprezo por adornos —, Artacho parecia um transgressor. Seus prédios eram uma celebração do que se recusava a ser discreto. Inspirados pelo glamour de Hollywood e pela opulência europeia, eles misturavam o clássico e o kitsch, sem medo de causar estranhamento.

 

Edifício Viadutos localizado no bairro Bela Vista - por Catharina Morais
Edifício Viadutos localizado no bairro Bela Vista - por Catharina Morais

 

Edifícios como o Bretagne, o Viadutos, o Louvre, o Planalto e, claro, o Cinderela se tornaram símbolos dessa visão. Vibrantes, ornamentados e quase teatrais, eles destoavam do rigor técnico da arquitetura predominante. Não à toa, sua obra era amada pelo público, mas odiada por muitos arquitetos da época.  

A controvérsia em torno de Artacho ia além do estilo. Por ser autodidata, ele não tinha licença para assinar seus projetos, dependendo de engenheiros formados para legitimar suas obras. Esse fato era visto como uma afronta pela elite acadêmica, que o apelidou de "arquiteto maldito".  

 

Fachada do Edifício Piauí construído entre 1948 e 1952 - por Catharina Morais
Fachada do Edifício Piauí construído entre 1948 e 1952 - por Catharina Morais

 

Além disso, seus prédios eram frequentemente criticados como "bregas" e "excessivos". Contudo, essas críticas pouco afetaram Artacho, que usava sua visão como combustível para inovar. Ele fazia de suas inaugurações verdadeiros espetáculos, com bandas, celebridades e políticos. Eram eventos tão grandiosos quanto os edifícios que celebravam.  

Artacho não só projetava prédios; ele os desenhava por completo, dos cobogós aos gradis, dos lustres à tipografia das fachadas. Cada detalhe era pensado para oferecer uma experiência que ia além da funcionalidade. Ele também foi pioneiro em incluir áreas comuns de lazer, como piscinas e salões de festa, em uma época em que essas comodidades eram raras.  Seu público-alvo, a classe média emergente, via nos edifícios de Artacho um sonho acessível. Eram mais que lares; eram convites para uma vida moderna e comunitária.  

 

Edifício Bretagne, um marco arquitetônico com sua planta em ‘L’- por Catharina Morais
Edifício Bretagne, um marco arquitetônico com sua planta em ‘L’- por Catharina Morais

 

Apesar das críticas em vida, o trabalho de Artacho foi reavaliado nas décadas seguintes, sendo hoje considerado um marco do modernismo tropical. Seus edifícios, antes tidos como aberrações, tornaram-se símbolos de uma São Paulo mais vibrante e humanizada.  

O Edifício Cinderela, com sua paleta de cores e seu charme cinematográfico, continua a ser um lembrete do que Artacho buscava: romper padrões, acolher o inesperado e dar à cidade algo que ela não sabia que precisava. 

Mais do que o “arquiteto maldito”, Artacho Jurado foi um visionário que se recusou a ser limitado pela lógica ou pelas convenções. Sua obra é um testemunho da coragem de colorir o cinza e de transformar o banal em extraordinário.

 

Edifício Louvre no bairro da República, tombado desde 1992 pelo Conpresp - por Catharina Morais
Edifício Louvre no bairro da República, tombado desde 1992 pelo Conpresp - por Catharina Morais

 

Importante área de preservação e pesquisa ambiental é também um lugar a se visitar e descobrir em São Paulo
por
Pedro Bairon
João Pedro Stracieri
Vítor Nhoatto
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28/11/2024 - 12h

Localizado na zona sul da capital paulista, entre os portões 6 e 7 do Parque Ibirapuera, eis um berço da vida. Criado formalmente em 1928 após a transferência do bairro Água Branca para onde está até hoje, o Viveiro Manequinho Lopes é um dos três administrados pela cidade e o maior deles. São ali produzidas milhares de espécies para a cidade e também a todos os interessados em arborizar suas propriedades. 

Seu nome faz alusão ao diretor da então recém-criada Divisão de Matas, Parques e Jardins, Manoel Lopes de Oliveira Filho, conhecido como Manequinho Lopes. A homenagem foi dada após ele plantar eucaliptos na região até então pantanosa e aos seus esforços contínuos para manter o viveiro de pé após o pedido de remoção em 1933 para a construção do parque. 

A reivindicação da prefeitura na época não foi para frente também pela necessidade cada vez maior de produção de mudas para a cidade, e foi Manequinho um dos responsáveis por essa mudança de perspectiva. Após a sua morte em 1938 o viveiro municipal enfim recebeu o seu nome atual, e segue hoje sendo de extrema importância para a cidade e meio ambiente, apesar de pouco conhecido e divulgado.

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Com uma área de 4,8 hectares e uma imensidão de plantas o Viveiro Manequinho Lopes pertence ao Parque do Ibirapuera, e seu acesso pode ser feito direto do parque pelo portão 7, ou pelo portão 6 - Foto: Vítor Nhoatto
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Adentrando no complexo com certeza muitas espécies serão familiares, afinal, o local é responsável por fornecer as mudas que são plantadas pela cidade como esta, conhecida popularmente como Coração Magoado - Foto: Vítor Nhoatto
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São ao todo 10 estufas (casas de vegetação), 97 estufins (canteiros suspensos), 3 telados como o da foto (estruturas cobertas com tela de sombreamento) e 39 quadras (mudas envasadas) - Foto: Vítor Nhoatto
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O Viveiro ainda é um laboratório da flora, onde são feitas pesquisas para o aprimoramento e desenvolvimento de novas variações de plantas como na estufa 5 na imagem - Foto: Vítor Nhoatto
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Cada lote de plantas possui a sua identificação científica, quantidade, data de cultivo e um técnico responsável, que rega e anota diariamente a temperatura máxima e mínima atingida em cada estufa - Foto: Vítor Nhoatto
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A instituição também é um importante centro de preservação de espécies nativas, pela reprodução e manutenção de exemplares como este no meio do Viveiro - Foto: João Pedro Stracieri
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Para além de todas as descobertas sobre a flora, muitos pássaros frequentam o viveiro, tal qual esse Sabiá Laranjeira, a ave símbolo do Brasil - Foto: João Pedro Stracieri
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Espécies que requerem mais cuidados como as orquídeas, exóticas como as suculentas e variações menos comuns como esta da foto também são produzidas no Viveiro - Foto: Vítor Nhoatto
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Tal qual um parque, o Viveiro possui áreas de convivência, bebedouros e lixeiras para os seus visitantes, sempre com entrada gratuita, apenas pets nao sao permitidos devido ao cuidado exigido com as mudas - Foto: Vítor Nhoatto
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São disponibilizados ao longo do caminho mapas, avisos sobre os cuidados exigidos e placas informativas sobre a função e funcionamento das estruturas - Foto: Vítor Nhoatto
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Apesar de ficarem na maior parte do tempo fechadas para visitação, pelo menos duas vezes ao dia os técnicos abrem para rega e checagem, possibilitando a apreciação dos visitantes sortudos - Foto: Vítor Nhoatto
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E para os que quiserem é possível agendar visitas guiadas pelo número do Viveiro entre às 7h e 16h de segunda a sexta e até mesmo adquirir mudas mediante solicitação no portal 156 da prefeitura - Foto: Vítor Nhoatto

 

Situado no histórico bairro de Higienópolis, o lugar é testemunho vivo da evolução da cidade
por
Leticia Alcântara
Sophia Razel
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28/11/2024 - 12h

Localizado no coração do bairro de Higienópolis, o Parque Buenos Aires é um refúgio no meio da rotina agitada de São Paulo. Construído em 1913, com a finalidade de ser um espaço de lazer para elite paulistana, o local foi inspirado nos parques europeus. O terreno, que inicialmente foi projetado para ser um loteamento residencial de casas de alto padrão, hoje é símbolo de tranquilidade e calmaria para os moradores da região.  

Antigo mirante do parque
Mirante da Praça Buenos Ayres, com a vista do Vale do Pacaembu - Reprodução / Acervo /  Estadão Conteúdo / Laboratório Buenos Ayres 

 

Pessoas passeando no parque
Família caminhando em pequena trilha do Parque Buenos Aires - Foto: Letícia Alcântara
Pessoas a anos atrás tirando fotos no parque
1919, pessoas diante da obra Anfritite e Tritão. Foto: Reprodução / Facebook/ São Paulo Antiga
Fonte no Parque Buenos Aires atualmente, um dos destaques do espaço - Foto: Leticia Alcântara
Fonte no Parque Buenos Aires atualmente, um dos destaques do espaço - Foto: Leticia Alcântara

Tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo em 1992, o Parque Buenos Aires foi projetado pelo arquiteto paisagista francês Bouvard. Com o passar do tempo, o local foi se transformando e modernizando. Atualmente o parque possui cerca de 22 mil metros quadrados, repletos de muita vegetação e áreas de lazer, com espaço para pets e parquinho para as crianças. 

Área para animais de estimação
Cercado para cães próximo a entrada do Parque, localizado na Av. Angélica - Foto: Letícia Alcântara
Área para crianças
Crianças brincando no playground, cercado pela vegetação do Parque Buenos Aires - Foto: Sophia Razel
Crianças brincando na fonte no passado
Vista da Praça Buenos Aires, no bairro de Higienópolis em 1958 - Reprodução / Folhapress / Gazeta SP 

O local também dialoga com a arte e possui algumas esculturas emblemáticas, como “O Tango”, de Roberto Vivas, em bronze e granito, 'Mãe' de Caetano Fraccaroli, esculpida num só bloco de mármore, além de uma cópia em bronze da escultura “Emigrantes”, de Lasar Segall. 

Monumento do parque
Escultura, em bronze, “Emigrantes”, de Lasar Segall - Foto: Sophia Razel  

Mesmo com as inegáveis raízes alicerçadas em um contexto de elitização, a importância cultural e histórica do local é inegável. Sua existência é um símbolo da memória urbana que deve ser preservada, entretanto, tendo em vista a necessidade da democratização do espaço, que permanece cheio de memórias e significado ao longo das décadas. 

Estatua do parque
Estátua 'Mãe' de Caetano Fraccaroli, localizada no Parque Buenos Aires, simboliza proteção e acolhimento, homenageando a maternidade - Foto: Letícia Alcântara

Com sua localização privilegiada e ambiente sereno, o Parque Buenos Aires é um dos grandes patrimônios verdes da cidade, oferecendo aos paulistanos uma verdadeira pausa no cotidiano urbano.

 

Histórica Paróquia da zona norte de São Paulo já foi incendiada, mas ainda possui traços da arquitetura original
por
Nathalia de Moura
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10/06/2024 - 12h

A Paróquia Nossa Senhora da Expectação, localizada na Freguesia do Ó, um dos bairros mais antigos de São Paulo, carrega consigo uma história interessante. Surgiu como capela entre 1610 e 1615 a partir da vontade do bandeirante Manuel Preto, que havia fundado o bairro em 1580, de não querer se locomover até a Sé para fazer suas orações. Também é conhecida por Paróquia Nossa Senhora do Ó, em razão dos versículos cantados a santa que o bandeirante português era devoto, Nossa Senhora da Expectação, iniciadas com o vocativo “Ó”. 

Em 1796, a capela passou por uma reforma, pois já apresentava deterioração e sua estrutura aumentou, tornando-se Matriz da paróquia criada recentemente. Após um incêndio acidental, em 1896, uma comissão de moradores se juntou para construí-la novamente e em 1901, a igreja que existe atualmente, foi inaugurada. 

O templo, que é um símbolo do bairro da zona norte, é muito querido pelos moradores da região e uma das paróquias mais antigas da capital paulista. 

As missas acontecem de segunda-feira, às 15h; Terça, quarta e sexta-feira, às 07h e 19h30; Quinta-feira, às 07h; Sábado, às 16h e aos Domingos, às 07h, 09h, 11h e 18h.

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Representação da primeira capela da Freguesia do Ó, dedicada a Nossa Senhora da Esperança (Expectação), pelo pintor e artista plástico Salvador Ligabue. - Foto: Acervo Portal do Ó 
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A segunda igreja permaneceu em pé por cerca de 100 anos, antes de ser acidentalmente incendiada por um sacristão, que tentava queimar uma colmeia de abelhas que estava na porta do local, destruindo o templo completamente. - Foto: Acervo Portal do Ó 
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Há 123 anos, a atual paróquia foi inaugurada. - Foto: Acervo Portal do Ó
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Mapa atual exemplifica a distância de 8,5km entre a Paróquia Nossa Senhora do Ó e a Catedral da Sé, motivo pelo qual Manuel Preto criou a Igreja na região. Foto: Google Maps
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Atualmente, a Igreja mantém sua estrutura histórica, pois desde 1992 é tombada pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp). - Foto: Nathalia de Moura
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Os vitrais, sinos, as imagens de santos e as passagens bíblicas no interior da Igreja chamam a atenção dos fiéis que comparecem às missas. - Foto: Nathalia de Moura
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Nos últimos anos, a Paróquia contou com restaurações na parte interna, que seguem agora para a parte externa, resgatando aspectos da arquitetura original. - Foto: Nathalia de Moura
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Os fundos da Igreja, que também acomoda embaixo, o salão em que acontecem as aulas de Catequese. - Foto: Nathalia de Moura

 

Antes, uma antiga povoação indígena, agora uma cidade industrializada, repleta de moradores e diversidade cultural.
por
Victória da Silva
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10/06/2024 - 12h

Tendo adotado o nome “Cidade Natureza” em 1985 devido sua vasta quantidade de arborização na cidade, Arujá cresceu ao redor da Igreja Senhor Bom Jesus. O nome tem origem Tupi e como todo o Brasil, teve o seu território habitado pelos povos originários. Contudo, por causa da exploração de ouro e madeira, os indígenas foram conduzidos a novas áreas ou usados na formação da energia industrial que servia como fonte para a capital São Paulo.

De acordo com a Prefeitura de Arujá, a atual cidade foi primeiro um distrito de Mogi das Cruzes e em seguida transferida para Santa Isabel. Depois de anos de devastação vegetal decorrente da plantação de café e açúcar, houve o início da construção de algumas moradias, provocando então a urbanização da região. A partir de 1959, Arujá se tornou oficialmente um município e desde então não parou de crescer.

Hoje, Arujá compreende um centro comercial muito valorizado e visitado não apenas por moradores da região. A avenida Amazonas, por exemplo, concentra vários food trucks, quadras de esporte (vôlei, futebol e basquete) e espaços para convivência, sendo uma parte muito apreciada e frequentada.

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A Igreja Senhor Bom Jesus em processo de construção. Teve início em 1781 por José de Carvalho Pinto e concluída pelo seu irmão João de Carvalho Pinto. Foto: Acervo Prefeitura de Arujá
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Atualmente a Igreja está ativa e acolhe fiéis de Arujá e região, além de ser um importante marco arquitetônico para a cidade. Foto: Victória da Silva
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Arujá é cortada pela rodovia Presidente Dutra que liga dois importantes centros metropolitanos do Brasil, as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. Foto: Acervo Prefeitura de Arujá
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Em vários lugares da cidade, letreiros coloridos enaltecem constantemente a região, como na Avenida Amazonas que concentra um centro comercial com várias atividades diferentes. Foto: Victória da Silva
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Nos finais de semana, as crianças podem se divertir nos playgrounds que estão na Avenida e as famílias conseguem curtir os espaços. Foto: Victória da Silva 
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Antigamente, as estradas da cidade eram feitas de terra e a modernização ainda não havia chegado. Foto: Acervo Prefeitura de Arujá
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Devido a urbanização as ruas se desenvolveram para os famosos paralelepípedos que se mantiveram durante muitos anos. Foto: Acervo Prefeitura de Arujá
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Atualmente, a pavimentação é essencial e não se vê ruas sem asfalto. Contudo, algumas calçadas mantêm o padrão de paralelepípedos de anteriormente. Foto: Victória da Silva
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Em 2024 as ruas, casas, praças, prédios, carros e demais elementos da cidade estão modernizados, designando o grande centro urbano que a cidade se tornou. Foto: Victória da Silva

 

A 28° parada do orgulho LGBTQIAPN+ na Av. Paulista
por
Mayara Pereira
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04/06/2024 - 12h

Desde 1997, a Parada do Orgulho LGBTQIAPN+ é o maior evento da comunidade e é considerada uma das maiores do mundo. Este ano, a estimativa foi de 3 milhões de pessoas , segundo a organização do evento, maior público de todas as edições anteriores. A comemoração abordou questões políticas para inclusão e inserção desse grupo da comunidade na sociedade, doenças sexualmente transmissíveis, como o HIV, violência psicológica e física, racismo, machismo e entre outras. 

Em meio a toda essa festa de pertencimento, as cores verde a amarela também estavam presentes, ressignificando o orgulho de vestir a camiseta e ser brasileiro. Esse conceito quase foi sequestrado pelos bolsonaristas "patriotas" nas eleições presidenciais de 2018, mas desde o show da Madonna, em Copacabana no Rio de Janeiro, está em pauta. A festa contou com muita diversidade, cultura, reflexão, conscientização, animação, 16 trios elétricos, políticos, cantores e influencers.  

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Amigos caminhando com a bandeira que os representa. Foto: Mayara Pereira 

 

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Miss Gay de São Paulo- Convidada especial do trio elétrico. Foto: Mayara Pereira 
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Militantes incentivando as pessoas a votarem em candidatos LGBTQIAPN+. Foto: Mayara Pereira
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Vista de cima do trio elétrico- trio da imprensa Terra. Foto: Mayara Pereira 
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Pessoas passando a mensagem que Jesus ama todos. Foto: Mayara Pereira 
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Guilherme Boulos e Erika Hilton palestrando pró direitos LGBT+. Foto: Mayara Pereira 
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Grupo de amigos retomando a camisa do Brasil na Avenida Paulista. Foto: Mayara Pereira 
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Casal escondendo o nome do Neymar. Foto: Mayara Pereira 
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Jovem com leque, símbolo da comunidade. Foto: Mayara Pereira 
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Casal Trans na Parada LGBT+. Foto: Mayara Pereira 
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Senhor LGBT+ esbanjando sua bandeira. Foto: Mayara Pereira 
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Amigos dançando na parada. Foto: Mayara Pereira 
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Grupo de amigos curtindo em frente ao prédio da Fiesp. Foto: Mayara Pereira 

 

Décadas se passaram e mudanças profundas ao longo do tempo mudaram o automóvel no Brasil
por
Vitor Nhoatto
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10/06/2024 - 12h

Símbolo da modernidade, o carro é meio de transporte para muitos, objeto de desejo e envolto de paixão para outros além de representação política e econômica. Em um primeiro momento todos importados e depois nacionalizados a força, déficits e reviravoltas marcam a trajetória desse importante setor, hoje em plena efervescência e quase irreconhecível quando comparado ao passado.

Inicialmente mercado de nicho, a partir dos anos 50 com a implementação do rodoviarismo o cenário começa a mudar e os primeiros modelos nacionais são lançados. Na ditadura militar, no entanto, o protecionismo econômico fez o o mercado, ainda muito dependente da importação, encarar um déficit de décadas entre os modelos comercializados no Brasil e no mundo, com adaptações de gerações descontinuadas sendo vendidas como novas.

A partir de 1990 com a abertura comercial, novas marcas e modelos bem mais equipados chegam. Nos anos 2000 a indústria nacional começa a reagir e projetos exclusivos são desenvolvidos, apesar de ainda baseados em plataformas antigas ou de baixo custo. No início dos anos 2010 o Brasil era o quarto maior mercado do mundo e a defasagem diminuiu consideravelmente, com a modernização das instalações e casos de lançamentos simultâneos com o mundo.

A crise econômica e o cenário político impactam mais uma vez, e o início da atual década foi marcado pela retração. Porém, nos últimos dois anos, a chegada de marcas chinesas e a retomada econômica agitaram o setor, moldando seus rumos em consonância aos desafios ambientais. Hoje ao se observar ruas e lojas, releituras de clássicos, símbolos novos em meio a faróis de LED, câmeras e sensores pela carroceria, e às vezes sem ruídos, mostram o atual capítulo dos carros e da sociedade.

 

Volkswagen
Na década de 1960 as avenidas de São Paulo eram compostas pela Kombi e o Fusca, primeiros carros nacionais da Volkswagen, mas importados de marcas, hoje ausentes no país, como Buick, Opel e Cadillac disputavam o asfalto também - Foto: Arquivo Nacional

 

Volkswagen
Hoje, o showroom das lojas da empresa alemã contam majoritariamente com SUVs como a Tiguan branca à esquerda, o Taos ao fundo e o T-Cross prata à direita. Esse é o segmento que mais cresce no país e no mundo entre a preferência do público, atrás ainda apenas dos hatches do segmento B, como o Mini Cooper verde elétrico - Foto: Vitor Nhoatto

 

Fiat
A italiana Fiat foi a marca mais vendida no país em 2023, e sua linha conta com produtos mais robustos como a Strada vermelha ao fundo, de apelo esportivo como o Pulse Abarth ao centro, e um modelo totalmente elétrico de inspiração clássica, o 500e, branco à direita - Foto: Vitor Nhoatto

 

BYD
Com planos de se tornar a primeira fabricante de elétricos no Brasil, atual nona mais vendida no país, a ambiciosa chinesa BYD adquiriu a antiga instalação da Ford em Camaçari e promete investir 5,5 bilhões de reais nos próximos anos para produzir seus modelos na Bahia já no final deste ano - Foto: Vitor Nhoatto

 

Ford
Responsável pela primeira linha de montagem no Brasil. em 1919. a Ford agora comercializa apenas veículos importados, após o fechamento de suas atividades nacionais em 2021. A pipcape híbrida Maverick, azul, e a releitura elétrica em formato |SUV do esportivo Mustang, à direita, são destaques - Foto: Vitor Nhoatto

 

GM
Apesar da maioria da sua linha de modelos ser produzida no Brasil, o Tracker, cinza ao centro, tem projeto chinês e aguarda atualização após 4 anos de mercado, tal qual o Onix. Os projetos da marca ainda envolvem o lançamento de importados, incluindo o novo Equinox e a reinterpretação da Blazer, ambos elétricos - Foto: Vitor Nhoatto

 

Chevrolet
As montadoras na época da ditadura, no entanto, mantiveram modelos por décadas em comercialização, como a Chevrolet com o Opala, vendido entre 1968 e 1992, atrasando a estagnada indústria brasileira pela falta de rivais importados e consequente falta de necessidade de melhorias constantes - Foto: General Motors/Divulgação

 

GWM
Atualmente, cada vez mais a o mercado recebe novatas, em destaque as chinesas como também é a GWM, com SUVs híbridos e o hatch elétrico Ora 03 azul ao fundo, todos com condução semi-autônoma nível 2 de série como sugere a enorme câmera no topo do parabrisa do H6 GT cinza - Foto: Vitor Nhoatto

 

Jeep
Devido ao sucesso dos SUVs, a Jeep não parou de crescer nos últimos 10 anos, saltando de marca de nicho para a sexta mais vendida em 2023, devido ao lançamento de produtos chave. Renegade em 2015 (azul à esquerda), Compass em 2016 e Commander em 2021 (branco ao centro), fabricados em Goiás - Foto: Vitor Nhoatto

 

Jac
Operando desde 2011 no Brasil, a chinesa JAC vendia modelos à combustão e manuais, com foco nos baixos preços. No entanto, a estratégia não funcionou, e em 2021 a marca passou por uma reestruturação completa, se tornando 100% elétrica seguindo as tendências do mercado - Foto: Vitor Nhoatto

 

Transito
Foi-se a época em que os congestionamentos se limitavam a meia dúzia de marcas e motores barulhentos. Os tempos na esfera social são outros, e na frota também. Apesar de ainda existir diferenças consideráveis de equipamentos entre modelos vendidos no Brasil e na Europa principalmente, os veículos estão mais atualizados, globalizados e preocupados com a segurança e o meio ambiente - Foto: Vitor Nhoatto

 

Manifestantes e familiares de mortos por violência de Estado fizeram atos simbólicos em São Paulo no aniversário de 60 anos do golpe militar no Brasil
por
Sophia Linares
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28/05/2024 - 12h

A força de segurança brasileira passa ser formada em 1827 com a chegada de Dom João VI, para equivaler a Guarda Real de Polícia de Lisboa no Rio de Janeiro. Ao longo do tempo se estabeleceram no resto do país. Nos seus mais de 190 anos, foi “organizada e reinventada diversas vezes” como diz a linha do tempo disponibilizada no site da Polícia Militar, com a criação de ramificações que compuseram e compõe a estrutura da instituição como o Corpo Policial Permanente, o Corpo de Bombeiros, a Radiopatrulha Aérea, Guarda Civil, Força Expedicionária Brasileira, entre outros.

Quando houve a queda do sistema escravista em 1888, no mesmo ano, é criado o 1º Batalhão de Polícia de Choque. “Abolição da escravidão. A partir de agora o Brasil tem um só povo em plena igualdade de direitos. O efetivo da Polícia Militar é triplicado nesse ano, chegando a 1480 homens.” 

Em 1906, o governo do Estado de São Paulo convida militares franceses para modernizar as práticas “aliando a estética militar ao serviço de policiamento ostensivo voltado para as necessidades comunitárias” e diz que o conjunto de ideais estabelecidos “liberdade, igualdade e fraternidade que se traduzem no respeito à dignidade da pessoa humana e na defesa intransigente dos direitos humanos, persiste nos dias atuais, mantendo na Polícia Militar uma visão humanista, voltada para a formação moral e patriótica do policial militar, com dedicação incansável à instrução, para bem servir à comunidade paulista e brasileira.” 

No ano de 1932 civis armados lutaram "ao lado das tropas regulares do Exército e da milícia paulista” contra o governo de Getúlio Vargas. 

A polícia ainda nomeada Força Pública em 1964, há 60 anos tinha o dever “garantir a ordem pública e a estabilidade da nação” sob o comando do eleito governador de São Paulo Adhemar de Barros, deposto dois anos depois pelo governo militar por desejar o fim do período de ausência democrática. A partir do AI-5 em 1968 “coube à Força Pública garantir a paz social e proteger a sociedade paulista”. 1969: é construído o edifício que sediou o departamento de repressão vinculado ao governo militar, DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna), para perseguir integrantes de guerrilhas armadas, pessoas que poderiam ter pouca ou muita vinculação a movimentos comunistas e aqueles que se opunham ao regime.

Em 1970, a Polícia Militar é formalizada a partir da união da Guarda Civil e Força Pública. 

Instaurada em 2012, a Comissão da Verdade instituída em países que passaram por supressão de direitos individuais democráticos, investigou crimes cometidos pelo Estado brasileiro durante o período militar e identificou mais de 8 mil indígenas mortos e pelo menos 434 mortos e desaparecidos políticos. Um estudo de 2019 da Human Rights Watch calculou 20.000 pessoas torturadas. E a pesquisa publicada neste ano de Gilney Viana, pesquisador colaborador da UnB desvelou mais de 1.600 camponeses mortos e desaparecidos nos 21 anos que perdurou a ditadura civil-militar.

O tempo que militares estavam no poder, acabou em 1985. A instituição permanece realizando a fiscalização de uma ordem na sociedade, e de lá acumulou histórico de ocasiões que marcaram o país, relembre algumas delas: 

SP 1992, Massacre do Carandirú

111 detentos mortos

RJ 1993, Chacina da Candelária

8 crianças e adolescentes mortos

Um mês depois, o caso de assassinato de 4 policiais na Praça Catolé do Rocha, resultou na morte de 21 civis inocentes.

RJ 1998, Duque de Caxias

24 mortos

RJ 2005, Chacina da Baixada

Depois depois da troca de comandante do batalhão, policiais saíram em direção ao município de Queimados, atiraram indiscriminadamente o que resultou na morte de 29 civis. 11 policiais foram denunciados, 5 deles liberados.

SP 2006, Crimes de Maio

505 pessoas mortas pela polícia depois que o Primeiro Comando da Capital (PCC) chacinou 59 pessoas.

RJ 2007, Complexo do Alemão

24 civis mortos

RJ 2021, Chacina do Jacarezinho

Após 1 policial ser morto,

28 civis foram mortos.

SP 2023-2024, Operação Verão

56 civis mortos. Entre pessoas do crime organizado e aquelas que segundo relatórios da PM teriam entrado em confronto com os agentes, estão: uma cabeleireira, mãe de seis crianças; dois vizinhos que conversavam na rua, um deles de muleta; dois jovens no interior de uma casa onde familiares tomavam café na sala, um deles era deficiente visual e possuía um dos olhos com 20% da visão e o outro cego.

Outros eventos ocasionaram mortes decorrentes de confrontos com a força pública de segurança, que resultaram cicatrizes em muitas famílias. Em comparação com 2022, os dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostraram que em 2023 a letalidade policial cresceu 18% no estado de São Paulo e chegou a 313 civis mortos, também cresceu em 63% a taxa de policiais militares que tiraram a própria vida, foram 31 suicídios de agentes enquanto 16 morreram em confronto, segundo dados obtidos através da LAI (Lei de Acesso à Informação) pela Ponte.

A virada de março para abril deste ano, marcou 60 anos do dia que os cidadãos brasileiros perderam durante 21 anos seus direitos democráticos. Grupos da sociedade fizeram atos em São Paulo, pela memória das pessoas mortas e desaparecidas por ação de forças do Estado brasileiro durante a ditadura até os dias atuais. Familiares e amigos seguraram os corpos em forma de cartazes e caminharam pelas ruas da cidade. 

 

Escada interna de onde funcionou o aparelho de repressão militar DOI-Codi (1970-1976) em São Paulo.
Escada interna da construção onde funcionou o aparelho de repressão militar DOI-Codi (1970-1976) em São Paulo, aos fundos do 36° Distrito Policial na Vila Mariana que na porta, manifestantes da 4ª Caminhada do Silêncio se concentraram para ir em direção ao Monumento aos Mortos e Desaparecidos Políticos - Foto: Sophia Linares

 

Portas: à esquerda entrada para uma das salas de tortura e à direita uma das celas.
DOI-Codi: à esquerda entrada para uma das salas de tortura e à direita uma das celas - Foto: Sophia Linares

 

DOI-Codi: sala de tortura localizada no segundo andar
DOI-Codi: sala de tortura localizada no segundo andar, a menor onde não há porta, é o local que o hoje jornalista e escritor Ivan Seixas, preso quando tinha 16 anos, após ter sido tirado do pau-de-arara pode ter visto seu pai na cadeira do dragão — poltrona com condução elétrica para choque em todo o corpo — e que foi morto durante uma das sessões de tortura. Os gritos podiam ser ouvidos dia e noite em todas as celas, assim como na vizinhança - Foto: Sophia Linares

 

Emilio Ivo Ulrich, ex-preso político no DOI-Codi e autor do livro “Tortura não tem fim”
Emilio Ivo Ulrich, ex-preso político no DOI-Codi e autor do livro “Tortura não tem fim” - Foto: Sophia Linares

 

Familiares seguram cartazes de parentes na 4a Caminhada do Silêncio
Familiares seguram cartazes de parentes na 4ª Caminhada do Silêncio - Foto: Sophia Linares

 

Mulher caminha em direção ao Monumento aos Mortos e Desaparecidos Políticos
Foto: Sophia Linares

 

Na Avenida Brasil, manifestante mostra cartazes para carros parados no semáforo próximo ao Monumento aos Mortos e Desaparecidos
Na Avenida Brasil, manifestante mostra cartazes para carros parados em semáforo próximo ao Monumento aos Mortos e Desaparecidos - Foto: Sophia Linares

 

Mães e familiares de pessoas mortas durante os Crimes de Maio em caminhada do Cordão da Mentira
Mães e familiares de pessoas mortas durante os Crimes de Maio no Cordão da Mentira, passeata que saiu do Centro Maria Antonia, na Consolação, e seguiu para o antigo DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) que hoje abriga o Memorial da Resistência - Foto: Sophia Linares

 

Participante vestida de morte salta caçambas com entulho em ato Cordão da Mentira.
Pessoa vestida de morte acompanhou policiais que realizaram a fiscalização da passeata Cordão da Mentira - Fotos: Sophia Linares

 

Performance artística no Cordão da Mentira
Performance artística no Cordão da Mentira - Foto: Sophia Linares

 

Participantes de ato pela memória dos mortos e desparecidos da ditadura civil-militar que ocorria à frente, na entrada da Universidade de Direito da USP no Largo São Francisco
Participantes de ato pela "defesa da democracia e por aqueles que lutaram contra a ditadura militar no Brasil" que ocorria em frente, na entrada da Faculdade de Direito da USP no Largo São Francisco - Foto: Sophia Linares